2. Devemos lembrar que a interação verbal é
o que nos diferencia das demais espécies e que
provavelmente foi ela a grande propulsora do
domínio humano sobre o planeta.
3. Espécie Datas
aproximadas
Características
linguísticas
Australopithecus 4,1 milhões de
anos
Gestos e
vocalizações
Homo habilis 2,4 milhões de
anos
Gestos e
vocalizações
Homo erectus 2 a 1 milhão de
anos
Expressões
vocais curtas
Home
neanderthalensis
300.000 a
30.000 anos
atrás
Sentenças
complexas, mas
não pronunciam
o [i], [a] e [u].
Homo sapiens 300.000 anos
atrás
Sentenças
complexas
4. A comunicação verbal possibilitou,
portanto, que as grandes migrações se
acentuassem, bem como construiu as bases
para as ocupações permanentes.
5. Depois da linguagem articulada o próximo
grande passo da humanidade foi a invenção da
escrita e, mais uma vez, isso é socialmente
determinante.
6. “A história da humanidade se divide em
duas imensas eras: antes e a partir da escrita.
Talvez venha o dia de uma terceira era que
será: depois da escrita.” (Charles Higounet)
7. “Houve uma época, vários séculos atrás,
em que escrever e ler eram atividades
profissionais e aqueles a elas destinados
aprendiam-nas como um ofício.”
(E. FERREIRO)
8. Nem sempre que escrevia era o mesmo que
lia;
Geralmente os que escreviam e liam não eram
os donos do discurso;
Os que escolhiam o ofício passavam por um
rigoroso treinamento e embora alguns
fracassassem não havia o conceito de
fracasso escolar.
Muitas vezes escrever significava ter o
domínio do suporte;
9. “Ler e escrever são construções sociais. Cada
época e cada circunstância histórica dão
novos sentidos a esses verbos.” (E. Ferreiro)
Alguns estudiosos sugerem que na
antiguidade a leitura era de domínio público,
mas a escrita restrita.
Hoje escrever não é mais uma profissão, mas
uma obrigação, e ler não é mais uma marca
de sabedoria, mas de cidadania.
17. “Tomada em seu todo, a linguagem é
multiforme e heteróclita; o cavaleiro de
diferentes domínios, ao mesmo tempo física,
fisiológica e psíquica, ela pertence além disso
ao domínio individual e ao domínio social;
não se deixa classificar em nenhuma
categoria de fatos humanos, pois não se sabe
como inferir sua unidade. “ (Saussure, p.17)
18. “A faculdade – natural ou não – de
articular palavras não se exerce senão com
ajuda de instrumento criado e fornecido pela
coletividade; não é, então, ilusório dizer que
é a língua que faz a unidade da linguagem.”
(Saussure, p. 18)
19.
20. Percebemos que Saussure salienta a origem
social da língua, colocando-a como centro da
linguagem humana. Partindo dessa
concepção, Evanildo Bechara diz que:
“A linguagem, entendida como
atividade humana de falar, apresenta cinco
dimensões universais: criatividade,
materialidade, semanticidade, alteridade e
historicidade.” (Bechara, 2001, p. 29)
21. “A linguagem, forma de cultura que é,
se manifesta como atividade livre e criadora,
ou „do espírito‟, isto é, como algo que vai
mais além do aprendido, que não
simplesmente repete o que já foi produzido.”
(p.29)
23. Cada forma linguística produz efeitos
de sentidos. Na linguagem tudo significa,
tudo é semântico.
Lembre-se: os sentidos
são construções
socioideológicas.
24. “Porque o significar é originalmente e
sempre um „ser com outros‟, próprio da
natureza político-social do homem, de
indivíduos que são homens juntos a outros e,
por exemplo, como falantes e ouvintes, são
sempre co-falantes e co-ouvintes.” (Bechara,
2001, p.29)
25. “A linguagem se apresenta sempre sob
a forma de língua” (Bechara, p. 29). Sendo
assim, não há a-historicidade, pois a língua é
sempre formada na/pela história.
26. “Em outras palavras, ao represente o
mundo pela linguagem não estamos apenas
espelhando a realidade social, mas também
contribuindo para a formação dessa realidade,
dando sentido e existência a ela.” (Iran F. de
Melo)
27. Podemos depreender no mínimo duas
acepções a partir da expressão, quais sejam:
◦ Que a comunicação tem sua origem na vida em
sociedade e
◦ Que a comunicação desempenha um papel
modificador na/da sociedade.
Ambas estão corretas e se complementam.
28. “O que funciona nos processos discursivos
é uma série de formações imaginárias que
designam o lugar que A e B se atribuem cada
um a si e ao outro, a imagem que eles se
fazem de seu próprio lugar e do lugar do
outro.” (M. Pêcheux)
29. “Supomos que a percepção é sempre
atravessada pelo “já ouvido” e o “já dito”,
através dos quais se constitui a substância das
formações imaginárias.” (M. Pêcheux)