SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 14
Descargar para leer sin conexión
1 
A NATUREZA DOS ARGUMENTOS NA ANÁLISE DE TEMAS 
CONTROVERSOS: ESTUDO DE CASO NA FORMAÇÃO DE 
PÓS-GRADUANDOS NUMA ABORDAGEM CTS * 
Denise de Freitas** 
Departamento de Metodologia de Ensino da Universidade Federal de São Carlos – Brasil 
dfreitas@power.ufscar.br 
Alberto Villani** 
Instituto de Física da Universidade de São Paulo – Brasil 
avillani@fap01.if.usp.br 
Vânia Gomes Zuin*** 
Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos – Brasil 
vaniaz@power.ufscar.br 
Pedro Reis 
Centro de Investigação em Educação da F. C. da Universidade de Lisboa – Portugal 
PedroRochaReis@netcabo.pt 
Haydée Torres de Oliveira*** 
Departamento de Hidrobiologia da Universidade Federal de São Carlos 
haydee@power.ufscar.br 
RESUMO 
Neste trabalho analisamos a natureza da argumentação de pós-graduandos na análise e debate de 
temas controversos utilizados em estratégias de ensino implementadas numa perspectiva curricular 
CTS, no contexto do projeto “Ciência como cultura”, desenvolvido por equipe de pesquisadores 
portugueses e brasileiros. Centramos a análise no debate ocorrido a partir da recolha de dados num 
sítio da internet (BioQuest), preparado em função de uma problemática concreta em Portugal: a 
construção da barragem de Alqueva e as conseqüências sócio-ambientais provocadas pelo 
empreendimento.As argumentações dos alunos basearam-se em critérios ideológicos, práticos, 
econômicos ou sociais, sendo possível categorizá-las, em quatro grupos principais, na relação CTS, 
como sendo de natureza preservacionista/ambientalista, cientificista, populista e desenvolvimentista. 
Na perspectiva cientificista, haveria a necessidade de produção de outros conhecimentos 
técnicos/científicos para uma melhor compreensão do empreendimento, independentemente da postura 
ser favorável ou não à execução da obra. A desenvolvimentista, foi caracterizada pelo fatalismo por 
parte dos estudantes, ou seja, por falta de alternativas na solução do problema (adaptação acrítica). Já 
na perspectiva populista, o ponto crítico foi a menor participação dos habitantes da região em todo o 
projeto da construção da barragem. Por fim, a perspectiva preservacionista/ambientalista foi 
caracterizada por uma visão sistêmica ou mais complexa da problemática colocada, mas com 
tendência a rejeitar a construção da barragem de Alqueva. 
1. INTRODUÇÃO 
Este artigo, produto de uma investigação mais ampla que tem como proposta central a 
discussão da ciência como cultura e suas implicações na educação científica, objetivou 
analisar os argumentos de estudantes de pós-graduação no emprego de uma situação sócio-científica 
controversa. Na primeira parte do trabalho, realizamos uma incursão teórica sobre o 
* Projeto Internacional CAPES/GRICES: A Ciência como Cultura: implicações na comunicação científica. 
** Com apoio parcial do CNPq e apoio da CAPES 
*** Com apoio da CAPES
uso de assuntos controversos como recurso educativo nos processos de ensino-aprendizagem, 
no âmbito de Ciência/Tecnologia/Sociedade (CTS). Em seguida, descrevemos a intervenção 
pedagógico-investigativa realizada no primeiro semestre de 2005 em uma disciplina oferecida 
pelo Programa de Pós-Graduação em, Educação da Universidade Federal de São Carlos 
(PPGE-UFSCar). Trata-se do emprego de um sítio da Internet (BioQuest) como recurso 
didático para abordar questões controversas atuais, o qual inclui um caso real, o 
empreendimento de fins múltiplos de Alqueva, na região do Alentejo, Portugal. No item 
procedimentos metodológicos, apresentamos os elementos utilizados para a coleta de dados 
(anotações dos pesquisadores, textos discentes, transcrições de gravações de discussões em 
sala-de-aula). A seguir, expomos a análise e categorização das argumentações dos estudantes 
com relação à construção da barragem de Alqueva e as nossas conclusões gerais acerca da 
natureza destes argumentos. 
2 
1.1. TEMAS CONTROVERSOS NA EDUCAÇÃO 
Atualmente, o desenvolvimento da argumentação é considerado um aspecto fundamental 
da educação em ciência. Em qualquer sociedade democrática os cidadãos são chamados a 
pronunciarem-se de forma fundamentada e crítica sobre situações/problemáticas envolvendo 
dimensões científicas e tecnológicas complexas e, frequentemente, controversas em virtude 
das suas inúmeras implicações sociais. A participação dos cidadãos em processos decisórios 
relacionados com questões científicas e tecnológicas depende da compreensão das dinâmicas 
sociais, cognitivas e epistêmicas da ciência (Duschl, 2000). Logo, torna-se necessário que a 
escola se envolva ativamente na promoção: a) de reflexão sobre a natureza da ciência e das 
inter-relações entre ciência, tecnologia e sociedade; e b) das competências argumentativas dos 
alunos através da realização de experiências educativas dialógicas como a discussão e o 
debate. Estas práticas discursivas, que constituem um dos pilares do empreendimento 
científico (Newton et al, 2004), permitem a construção de uma imagem do conhecimento 
científico como um conjunto dinâmico, provisório e socialmente construído de possíveis 
explicações. Este tipo de atividades, possibilita estabelecer analogias entre o processo de 
construção de conhecimento pelos alunos e o processo de construção do conhecimento pela 
comunidade científica, contribuindo para a modificação de concepções deturpadas e 
estereotipadas da ciência como empreendimento aproblemático, pleno de certezas e 
meramente baseado na observação e na experimentação (Osborne, et al., 2001).
As situações educativas envolvendo discussão, nomeadamente de questões 
sociocientíficas controversas, têm revelado potencialidades na construção de uma imagem 
mais real e humana do empreendimento científico e na promoção da literacia científica 
indispensável a uma cidadania responsável (Millar e Osborne, 1998; Wang e Schmidt, 2001). 
Simultaneamente, diversos autores defendem a importância da discussão de questões 
controversas na formulação e na reformulação de opiniões e crenças, ou seja, na educação 
moral e cívica (Reis, 1999; Rudduck, 1986; Zeidler, 2003; Sadler e Zeidler, 2004). Acreditam 
que este tipo de experiência educativa ajuda os alunos a compreenderem as situações sociais, 
os atos humanos e as questões de valores por eles suscitadas. O envolvimento dos alunos na 
análise e discussão de problemas morais no domínio da ciência, cuidadosamente selecionados, 
permite desenvolver, simultaneamente, capacidades de raciocínio lógico e moral e uma 
compreensão mais profunda de aspectos importantes da natureza da ciência (Reis, 2004; Reis 
e Galvão, 2004; Sadler e Zeidler, 2004; Simmons e Zeidler, 2003). 
2. A CONTEXTUALIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICO-INVESTIGATIVA 
Este trabalho se insere no projeto “Ciência como cultura: implicações na comunidade 
científica”, que busca promover inovações curriculares em nível de pós-graduação. Para 
construir mudanças na formação científica é necessário encontrar argumentos e soluções 
através de debates e de atividades pedagógicas centradas em discursos e práticas de ciência 
como cultura e como trabalho coletivo. Tem de inserir a formação à uma ampla constelação 
de problemas comunitários, a uma compreensão e intervenção no mundo contemporâneo à 
educação para a cidadania. Contrapondo aos tradicionais currículos, essa formação 
acadêmica, deve servir não só para aprender mas também para continuar a aprender, 
centrando em discursos e práticas que valorizem o aprender a pensar, o aprender a aprender, o 
aprender a colaborar (Santos, et al, 2006). 
Por se tratar de um projeto luso-brasileiro, para a sua realização, escolheram-se 
problemas comunitários controversos, situados no Brasil e em Portugal. As intervenções 
pedagógico-investigativas centraram-se numa sequência de atividades de âmbito CTS 
implementadas no decurso do desenvolvimento de duas disciplinas curriculares de carácter 
optativo de programas de pós-graduação no Brasil e em Portugal. Nesta fase temos procurado 
discutir o valor dessas atividades e suas implicações para a elaboração de um “novo” modelo 
curricular. 
3
Para atingir essa meta delineamos objetivos em dois campos que se entrecruzam. Um 
trata-se do campo da elaboração conceptual e o outro das implicações subjetivas e objetivas 
do processo de mudança pretendida para construção de um outro paradigma de ensino e 
pesquisa. No campo da elaboração conceptual visamos construir uma síntese sobre o quadro 
de desenvolvimentos teóricos em vários domínios com os quais o ensino das ciências vai 
estabelecendo relações, como também buscamos elaborar uma interpretação crítica e 
ontológica do mundo atual nas suas dimensões científica e tecnológica, nomeadamente, 
evidenciando aspectos ambivalentes da ciência e da tecnologia e os efeitos profundos da 
tecnociência no ambiente, não só na sua dimensão natural como na dimensão social e 
humana. No campo das implicações subjetivas e objetivas do processo de mudança buscamos 
levantar, através da análise da literatura e de trabalhos de campo, as dificuldades e barreiras 
conceituais e subjetivas que comprometem a mudança de enfoque curricular. Analisar de 
maneira detalhada as implicações decorrentes da natureza coletiva do trabalho dos professores 
envolvidos com mudanças curriculares de tipo CTS, as dificuldades e resistências em relação 
a organização coletiva e sua sustentação, assim como as contribuições e reforços que ela 
propicia (Oliveira e Freitas, 2003). Também pesquisar os possíveis auxílios internos ou 
externos à escola capazes de facilitar o desenvolvimento de grupos de trabalhos 
comprometidos com tais mudanças. 
Para o desenvolvimento deste projeto, os pesquisadores luso-brasileiros têm realizado 
várias missões de trabalho, ou seja, estágios periódicos de estudos em ambos os países. A 
primeira missão foi realizada no 1º. Semestre de 2005, na ocasião do oferecimento da 
disciplina curricular de caráter optativo do PPGE-UFSCar (Brasil) intitulada Tópicos 
Especiais em Metodologias de Ensino: diferentes concepções de trabalho científico e suas 
implicações no ensino de Ciências. Esta disciplina propunha discutir as diferentes concepções 
epistemológicas de professores e estudantes acerca da natureza da ciência e da construção do 
conhecimento científico. 
A intervenção pedagógico-investigativa aqui abordada centrou-se na utilização de temas 
controversos em situações de ensino numa perspectiva CTS no curso de tal disciplina, 
utilizando como estratégia pedagógica um sítio da internet voltado para uma problemática 
concreta em Portugal: a construção da barragem de Alqueva e as conseqüências sócio-ambientais 
4 
provocadas pelo empreendimento.
2.1. A UTILIZAÇÃO DE UM SÍTIO DA INTERNET COMO RECURSO 
PEDAGÓGICO 
Tal como a aprendizagem de uma linguagem requer o desenvolvimento de 
conhecimentos sobre a forma, gramática e vocabulário, também a educação científica requer 
conhecimentos sobre os grandes temas da ciência, alguns dos seus conteúdos, os seus agentes, 
os seus métodos e os seus usos e abusos (Osborne, 2000). Logo, o desenvolvimento da 
literacia científica passa, necessariamente, por um ensino das ciências menos factual e 
fragmentado – que não isole a ciência, a tecnologia e os contextos sócio-culturais da sua 
produção – onde se possa discutir criticamente a produção da ciência contemporânea com os 
seus diferentes aspectos processuais e questões políticas, econômicas, sociais, ambientais e 
éticas que suscita. Torna-se necessária uma educação científica que os alunos considerem 
atual e relevante e que minimize o fosso entre a “ciência da escola” – metodologicamente 
restrita, marcada por certezas, meramente racional e pretensamente objetiva – e a “ciência dos 
noticiários e do dia-a-dia” – metodologicamente diversificada, de carácter incerto e 
controverso, tanto racional como emocional, envolvendo conflitos de opinião, interesses e 
valores. 
O BioQuest (disponível em http://nonio.eses.pt/bioquest/), desenvolvido pelo Centro de 
Competência Nónio Sec. XXI da ESE de Santarém, foi concebido com a finalidade de 
contribuir para a construção de uma interpretação crítica do mundo atual nas suas dimensões 
científica e tecnológica, nomeadamente, evidenciando aspectos ambivalentes da ciência e da 
tecnologia e os efeitos profundos da tecnociência no ambiente, não só na sua dimensão natural 
como na dimensão social e humana. Para tal, este sítio propõe atividades de reflexão sobre 
questões controversas atuais relacionadas com a ciência e a tecnologia (por exemplo: a 
construção do empreendimento de fins múltiplos de Alqueva e a utilização de células 
estaminais). Através da análise e discussão de casos reais e polêmicos procura-se estimular o 
desenvolvimento de uma literacia científica baseada: a) na compreensão das dimensões 
sociais, econômicas, políticas, éticas, científicas e tecnológicas de questões controversas 
atuais; b) na compreensão das relações complexas entre CTS; e c) na promoção de 
conhecimentos, capacidades de pensamento crítico e de atitudes e valores que facilitem o 
envolvimento ativo, construtivo e responsável dos cidadãos na evolução da sociedade. 
Para a investigação que se apresenta nesta comunicação recorreu-se a uma atividade do 
BioQuest que se centra no Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva. Depois de muitas 
décadas de indecisão, a barragem de Alqueva é uma realidade. A sua altura máxima, contada 
5
a partir das suas fundações, é de 96 m sendo o seu nível de pleno armazenamento à cota 152 
(contado a partir do nível médio das águas do mar). A albufeira conta com uma área com 
cerca de 250 km2 (o maior lago artificial da Europa, com 80 km de comprimento e 1100 km 
de margens) e permite armazenar um volume total de 4150 milhões de m3, dos quais 3150 
milhões de m3 correspondem à sua capacidade útil. Muitas pessoas encaram-na como uma 
revolução agrícola e turística para a região do Alentejo e para todo o sul de Portugal. 
Contudo, outras pessoas responsabilizam a sua imensa albufeira por uma catástrofe ambiental 
que terá levado à eliminação de milhares de plantas e de animais. 
As barragens são fundamentais na gestão dos recursos hídricos e na produção de energia 
de forma não poluente. Contudo, representam sempre uma violenta perturbação dos 
equilíbrios naturais, destruindo o patrimônio natural e cultural e suscitando fortes impactos 
biológicos, geológicos, climáticos, agrícolas, sociais e econômicos. Logo, qualquer processo 
decisório relativo à construção de uma barragem envolve sempre uma interação extremamente 
complexa de elementos sociais, econômicos, científicos, tecnológicos e políticos. 
6 
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
Primeiramente, os 13 pós-graduandos da linha de pesquisa em Ensino de Ciências e 
Matemática que estavam cursando a disciplina Tópicos Especiais em Metodologia de Ensino 
foram convidados a analisar as informações sobre o Empreendimento de Fins Múltiplos de 
Alqueva, disponíveis no sítio BioQuest, de proveniência diversa (a empresa gestora do 
projeto, organizações ambientalistas, órgãos de comunicação social, artigos científicos e de 
jornais de notícias etc.) com a finalidade de se pronunciarem acerca da viabilidade de tal 
empreendimento tendo em vista os impactos sócio-ambiental e os efeitos econômico-político. 
A partir da questão colocada pelo site, os estudantes recolheram por meio da leitura de 
textos de carácter técnico, científico, jornalístico e, com base neste estudo, posicionaram-se 
em relação à construção ou não da barragem em três momentos correspondentes a níveis 
distintos de construção do pensar, individualmente, em pequenos grupos e num debate aberto 
com o grupo de pós-graduação e os pesquisadores. 
Após a análise individual, os estudantes apresentaram um parecer por escrito. Em sala de 
aula foram convidados num primeiro momento para confrontarem em pequenos grupos 
(quatro pessoas) suas posições elaborando uma síntese do grupo. Prosseguiu-se com um 
debate com a classe em que as posições dos grupos, consensuais ou não, foram apresentadas e
amplamente discutidas. Esta discussão, que teve a presença de outros pesquisadores 
brasileiros integrante do projeto, foi filmada. 
Os textos elaborados, as notas dos pesquisadores e as gravações em vídeo, foram 
utilizados como as fontes de dados neste trabalho. A partir destes materiais, a análise dos 
argumentos construídos pelos estudantes, possibilitaram a categorização das suas 
opiniões/posições em quatro grupos principais, na relação CTS, como sendo de natureza 
cientificista, desenvolvimentista, populista e preservacionista. 
7 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Os argumentos dos pós-graduandos foram categorizados segundo critérios ideológicos, 
práticos, econômicos, ecológicos e culturais resultando em quatro principais perspectivas com 
relação à abordagem da problemática do Empreendimento de Alqueva. O agrupamento 
resultante indica a perspectiva mais dominante do sujeito naquele momento, a saber: 
Perspectiva Cientificista - Foram enquadradas nesta categoria as opiniões de três pós-graduandos. 
Dois da área de física e um da área de jornalismo. 
Na impossibilidade de manifestarem uma posição totalmente desfavorável à construção 
da barragem, uma vez que tal empreendimento já estava em curso e que recursos financeiros 
foram empregados e modificações no ambiente foram realizadas de forma irreversível, então, 
a opção mais razoável 
(...) parece ser (…) a adesão à posição defendida por diversas organizações não-governamentais 
portuguesas e, inclusive, pelo European Environmental Bureau que, ao reunir cerca de 140 
associações européias, merece, ao menos, o reconhecimento de sua legitimidade (Jornalista). 
Como argumentar é, de alguma forma, estabelecer um processo comunicativo com os 
interlocutores pertencentes a uma determinada subcultura, a legitimação de alguns textos se 
deu pela avaliação da inserção discursiva em diferentes segmentos da sociedade. 
Influenciaram na formação das opiniões destes alunos e, consequentemente, nas suas tomadas 
de decisão, as forças argumentativas dos textos analisados. O grau de razoabilidade dos textos 
foi considerado condição sine qua non para apreciação e estabelecimento de diálogo. Os 
argumentos utilizados pela Empresa de Desenvolvimento e Infra-estrutura do Alqueva, por 
exemplo, foram tomados como intransigentes pela ausência de argumentos técnicos e 
científicos razoáveis que pudessem dirimir, em seu discurso, o efeito da alegação de uma 
política compensatória e medidas mitigadoras. Pelo exposto nos documentos, “há pareceres 
científicos que estão sendo ignorados, e isso é preocupante” (Físico). Além disso, “os poucos
estudos e a incompletude” dos mesmos, aliada a pouca “discussão realizada ao se propor tal 
empreendimento” (Física) é o que mais “incomoda” (Jornalista). 
A imagem do discurso ambientalista como emotivo e empírico em contraste com a 
valoração do discurso político e econômico que utiliza argumentos bem feitos sintetiza como, 
neste grupo, a argumentação encontra razões em favor de uma conclusão: 
a partir dos pontos levantados, nos parece, portanto, que o empreendimento de fins múltiplos de 
Alqueva, frente a todos os impactos que acarreta, ainda não se encontra maduro e necessita de 
muitos estudos anteriores à sua implementação tal qual como prevista inicialmente (Jornalista). 
Perspectiva Desenvolvimentista - Foram enquadradas nesta categoria as opiniões de 
8 
dois pós-graduandos. Um da área de Educação Física e outra da área de Química. 
A força da argumentação pauta-se na importância que a construção da barragem tem para 
o “desenvolvimento econômico do local e do país” (Educador Físico). Aqui, a polêmica entre 
desenvolvimento e a degradação ambiental não é considerada fundamental, uma vez que 
para conseguirmos progredir no mundo moderno, nem tudo pode ser conciliado, tudo tem seus 
pontos positivos e seus pontos negativos, porém temos que abrir mão, muitas vezes, de algo 
para podermos ter um outro benefício maior ou melhor que o já existente (Química e 
Professora). 
Nota-se a visão de que as coisas são como são e, neste sentido, o processo de privação e 
de acomodação à uma realidade dada e imutável deve ser encarado de forma natural. Não 
existe contra-senso no fato de as pessoas da aldeia inundada serem transferidas para outro 
vilarejo, pois “ todos nós temos dificuldades de sobrevivência, quando nós estamos numa 
casa, numa cidade; no começo é tudo difícil, com o tempo você acostuma a ver a rotina do 
lugar, da situação que você está vivendo” (Química e Professora). Em decorrência, o 
desenvolvimento da ciência e da tecnologia é um bem indispensável “dentro de uma 
sociedade moderna”. Ela ainda coloca: 
É claro que para haver o progresso, sempre o ambiente é prejudicado; porém tentou-se 
minimizar tais impactos, transferindo-se espécies vegetais e animais para outros locais, como 
uma forma de preservar tantos os animais como as plantas que em muitos casos, poderiam se 
extintos” (Química e Professora). 
O argumento de uma política compensatória expresso nos textos da empresa de 
empreendimentos da barragem faz todo sentido dentro desta visão ideológica. Dessa forma, 
considerar o “planejamento de programas de mínimo impacto, e o investimento de áreas de 
preservação ambiental como único instrumento nesse choque entre o necessário 
desenvolvimento e a preservação ambiental” é uma conclusão confortável e coerente já que a 
lógica aplicada é a de que “quando o desenvolvimento não é o inimigo da preservação 
ambiental”, ele se torna “um amigo de interesse” (Educador Físico). Para aceitar o 
desenvolvimento há que se argumentar com apoio na máxima de que “não se pode ter tudo” 
pois, “infelizmente, nem tudo pode ser conciliado na sua totalidade para o desenvolvimento
do progresso da humanidade, e isto é uma grande fatalidade que não possui retorno” 
(Química e Professora). 
Perspectiva Populista - Foram enquadradas nesta categoria as opiniões de quatro pós-graduandos. 
Um da área de Biologia, uma da área de Direito, uma da área de Matemática e 
9 
outra da área de Farmácia. 
Nesta categoria, a posição de questionamento em relação à legitimidade do processo 
esteve presente nas indagações sobre os argumentos favoráveis à democracia representativa. 
A opinião defendida é a de que para considerar visões diferentes nestes processos decisórios 
diferentes instâncias da sociedade tem de ser ouvida. 
Supostamente eles (governantes) estão lá representando nossos anseios, o que nós queremos. 
Que tipo de desenvolvimento os habitantes da região, supostos beneficiários do 
empreendimento, querem? Suas opiniões foram levadas em consideração? Seria possível levá-las 
em consideração nesse tipo de política desenvolvimentista. Que democracia é essa se as 
pessoas envolvidas não são ouvidas de verdade? (Biólogo). 
Na relação CTS vê-se que a ciência e sociedade civil ficam a mercê das questões 
políticas e econômicas. “Mais uma vez, os interesses verdadeiros da população que habita a 
região foram relegados ao segundo plano, ofuscados pelo intenso brilho dos interesses 
econômicos” (Química). Do mesmo modo, há um reconhecimento das especificidades 
culturais das questões sócio-ambientais; 
Interessante observar que embora os impactos decorrentes da formação de lagos artificiais já 
sejam bem estudados e documentados (portanto, previsíveis, conhecidos) em todo mundo, ao se 
olhar para um caso, saltam aos olhos as peculiaridades e diferenças, tornando extremamente 
relevante que a decisão a seu respeito seja tomada com base na perspectiva local (Advogada). 
Os discursos são confrontados pela coerência de suas argumentações. Tornam-se 
inaceitáveis as declarações dos direitos sobre a informação e participação nos acordos sociais 
e a violação dos mesmos nos discursos e práticas. 
Até porque são as pessoas que possuem menos condições de se mobilizar. Então, eu estava 
olhando um texto sobre racismo ambiental que diz assim: - quem é que vai ser o alvo dos 
impactos ambientais… são as pessoas mais pobres. São aquelas que estão em locais mais 
distantes. São aquelas que de repente estão com uma vulnerabilidade maior (Advogada). 
A análise do processo só se efetiva realmente quando se conseguem evidências da 
dimensão histórico-cultural e, neste caso, não foram encontrados textos neste sítio da internet 
que pudessem satisfazer esta demanda. 
Após ter lido o histórico da barragem, verifiquei o quão longa foi sua história de construção. 
Levando em consideração que esse processo requer a interação complexa dos elementos sociais, 
econômicos, científicos, tecnológicos e políticos, não é de se estranhar tamanha demora uma 
vez que é muito difícil uma conciliação entre tantos órgãos. (Matemática).
Além disto, esta estudante acrescenta que não conseguiu “diagnosticar a visão das 
10 
pessoas daquela região quanto a situação em questão (em dados percentuais)”. 
Parece haver uma hierarquização dos valores em que o social e o técnico-científico são 
privilegiados. 
Isto é, que a construção de uma obra supostamente para o bem-estar social inclua as 
reivindicações das pessoas que habitam as regiões e, também, levem em conta o posicionamento 
de grupos com capacidade de analisar técnico-cientificamente as questões envolvidas (Biólogo). 
Perspectiva Preservacionista/Ambientalista - Foram enquadradas nesta categoria as 
opiniões de quatro pós-graduandos. Duas da área de Biologia, uma da área de Ecologia e 
outra da área de Química. 
Nesta perspectiva, o pressuposto é o da existência de conflitos em campos que raramente 
se intersectam; o das empresas e o das ONGs ambientalistas; 
Os discursos são na verdade linguagens diferentes que correspondem a propósitos distintos e 
irreconciliáveis. No caso das relações CTS os argumentos científicos dificilmente resistem, uma 
vez que os propósitos (políticos) já foram estabelecidos e a máquina do Estado posta em 
movimento para efetiva-los. (Ecóloga). 
A análise passa pela preconização de critérios culturais e ambientais considerados 
primordiais na implementação de práticas sociais ajustadas às demandas CTS. 
Embora muitas pessoas acreditem que a barragem de Alqueva representa um avanço para a 
região, devido a sua importância na gestão de recursos hídricos e produção de energia não 
poluente, entre outras, vejo que a sua implementação representa uma grande ameaça à natureza. 
Mesmo que esta barragem possa trazer algumas vantagens para a região, os prejuízos que ela 
acarreta ao patrimônio natural e cultural são irreparáveis com fortes conseqüências sociais, 
econômicas, ambientais, agrícolas, entre outras (Química). 
Os questionamentos recaem no modelo de sociedade e de desenvolvimento; 
(o meu parecer) foi elaborado considerando alguns aspectos que direcionaram para uma posição 
desfavorável a tal empreendimento, principalmente referente ao modelo de desenvolvimento em 
larga escala que se apresenta, ainda nos moldes da época em que foi concebido (meados do séc. 
XX). (Bióloga). 
Os argumentos apresentados nos textos de cientistas, técnicos e políticos são 
considerados legítimos, mas não suficientes para resolver os problemas do impacto ambiental. 
Opiniões, conhecimentos, valores éticos e princípios morais são a base para rever o paradigma 
dominante assente na cultura e na ciência. “Por trás de um empreendimento deste tipo está 
um modelo de desenvolvimento que cada vez mais tem se mostrado indesejável quando 
avaliado sob uma perspectiva holística” (Bióloga e Professora). Há de se questionar em 
direção de resignificações de perspectivas e de conceitos. Neste sentido, os significantes 
discursivos vêm prioritariamente de áreas das ciências humanas. “Esse tipo de 
empreendimento está baseado em que visão de mundo? Acho que é um pouco essa a
discussão importante” (Bióloga e Professora). Nesta perspectiva, a saída está colocada na 
prospecção de cenários alternativos encontrados raramente em discursos técnicos ou da 
política dominante. O chamamento para “não embarcar demagogicamente numa aventura 
que hipotecará irremediavelmente este desenvolvimento” (Ecóloga, citando um texto) e a 
declaração de “que há outras opções para o desenvolvimento que requerem uma outra visão 
de mundo e uma 'nova' versão de desenvolvimento” (Bióloga e Professora, citando um texto) 
é o caminho de ruptura com o paradigma dominante. O mecanismo de luta contra os 
argumentos vigentes é desenvolver atitudes participativas. Isto envolve: 
a) impedir, a todo custo, que a barragem atinja seu nível mais alto; b) pressionar e fiscalizar a 
EDIA no sentido de efetivamente pôr em prática medidas de minimização e compensação de 
impactos tanto em relação ao patrimônio cultural como ambiental, c) é fundamental que temas 
relativos à barragem sejam constantemente debatidos e noticiados, que haja um 
acompanhamento constante do andamento das obras (Bióloga e Professora – grifo nosso). 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
As principais perspectivas observadas nos argumentos apresentados pelos pós-graduandos 
foram de caráter cientificista, desenvolvimentista, populista e preservacionista. 
Para os alunos, cujas opiniões foram de natureza cientificista, haveria a necessidade de 
produção de outros conhecimentos técnicos/científicos para uma melhor compreensão do 
empreendimento, independentemente da postura ser favorável ou não à execução da obra. 
Para a categoria desenvolvimentista, observa-se uma postura de não-resistência ou mesmo 
fatalismo por parte dos estudantes, ou seja, nos parece que as esferas de tomada de decisão 
estariam tão distantes deles que não permitem vislumbrar alternativas a uma situação-problema 
(adaptação acrítica). Já para aqueles alunos cujos argumentos se encaixaram dentro 
da perspectiva populista, o ponto crítico salientado foi uma menor participação dos habitantes 
da região em todo o projeto da construção da barragem porque tais pessoas, mesmo que 
quisessem, não tiveram um verdadeiro espaço para interlocução. Por fim, a opinião defendida 
dentro da perspectiva preservacionista – que foi a mais freqüente, em conjunto com a 
populista – revela uma visão sistêmica ou mais complexa da problemática colocada, 
apontando a dificuldade para a análise e tomada de posição, mas com tendência a rejeitar a 
construção da barragem de Alqueva. 
Podemos indagar sobre a importância desta intervenção pedagógico-investigativa no 
âmbito da inovação curricular numa perspectiva de formação para a cidadania e o papel das 
perspectivas apontadas na análise. 
11
Neste sentido, apontamos para algumas reflexões de carácter cognitivo e subjetivo. 
Primeiramente, a utilização desta estratégia CTS fez emergir valores e conceitos que foram 
simultaneamente sendo formandos no decurso da vida pessoal e profissional desses 
estudantes. Todos entraram em contatos com argumentos distintos que, neste caso, envolviam 
implicitamente valores diferentes. Numa primeira instância o site já forneceu estes 
argumentos a partir da apresentação de textos que explicitavam posições de diferentes atores e 
de práticas sociais. O parecer inicial dos estudantes foi baseado no diálogo entre a sua história 
e as opiniões apresentadas nos textos do sítio da internet. Desta forma a escolha se deu pela 
maior ou menor identificação com as argumentações encontradas. Neste sentido o papel do 
sítio foi fundamental para romper com a linearidade das opiniões dos estudantes. Poderíamos, 
então, questionar se o próprio sítio não se constituiu como uma estratégia suficiente de 
informação e formação. Afinal a grande maioria das argumentações e de suas perspectivas já 
estavam contempladas nele. 
Na nossa visão, o debate em pequenos grupos e no plenário, com a intervenção da 
professora da disciplina, propiciou que a relação dialógica se desse com interlocutores que 
não tinham necessidade de defender interesses específicos como no caso dos textos 
científicos, técnicos e políticos presentes no sítio e, nos quais, os argumentos eram utilizados 
em prol da defesa de uma “determinada causa”. Isto permitiu uma escuta diferenciada dos 
vários tipos de argumentos, inclusive porque os colegas escolheram posições diferentes e as 
mantiveram ou as modificaram após o debate. Esta “escuta nova” envolveu uma diferente 
organização argumentativa em função da relação com os colegas e com a professora: 
argumentos que durante a leitura dos textos tiveram pouquíssima ressonância ganharam força 
por entrarem no “diálogo” outras informações e formas de conceber e analisar o problema. 
Como resultado, cada um, de alguma forma construiu uma hierarquia de valores. Isto foi 
claramente percebido pelas opiniões manifestadas após o debate. 
No nosso caso, vimos que para alguns estudantes, tanto a falta de informações sobre o 
desenvolvimento do empreendimento numa linha histórico-cultural, como a apreciação sobre 
a premência da obra para o desenvolvimento econômico do país e sua projeção no âmbito da 
globalização europeia, foram determinantes na hierarquização de valores e, 
consequentemente, na tomada de posição em relação ao empreendimento. Ou seja, a 
hierarquização dos valores dependeu significativamente do contexto específico. 
Em nossa opinião a meta seria uma relativização das opiniões/argumentações e, 
consequentemente, da tomada de posições a partir da avaliação do contexto específico de cada 
caso. Ou seja, uma educação para a cidadania implica tendência para que a hierarquização de 
12
valores não seja absoluta e não priorize sistematicamente interesses dominantes de um 
determinado segmento da sociedade ou de uma determinada prática social. 
Consideramos que essa formação será otimizada quando o sujeito confrontar suas 
posições e valores com outras alternativas, fizer suas escolhas e se responsabilizar por elas, 
não se refugiando numa hierarquização de valores pré-determinado e imutável. Este processo 
de relativização é particularmente importante na formação de professores que têm de trabalhar 
com a diversidade de culturas, valores e opiniões dos estudantes e sustentar os seus 
investimentos na elaboração de seus saberes (Freitas, et al., 2001) 
13 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
Duschl, R. (2000). Making the nature of science explicit. In R. Millar, J. Leach & J. Osborn 
(Eds.), Improving science education: The contribution of research (pp. 187-206). 
Buckingham: Open University Press. 
Freitas, D; Villani, A.; Pierson, A.H.C (2001). A formação de professores em ciências: Freire 
dialogando com a Psicanálise. Pro-posições Campinas 12 (1), p.47-62. 
Millar, R. & Osborne, J. (1998). Beyond 2000: Science education for the future. London: 
Kings College. 
Newton, P., Driver, R., & Osborne, J. (2004). The place of argumentation in the pedagogy of 
school science. In J. Gilbert (Ed.), The RoutledgeFalmer Reader in Science Education 
(pp. 97-109). Londres: RoutledgeFalmer. 
Oliveira, H. T., Freitas, D. (2003) Desafíos y obstáculos en la incorporación de la temática 
ambiental en la formación inicial de maestros en la Universidad Federal de São Carlos 
(Brasil). In: Anais do I Foro Nacional sobre la Incorporación de la Perspectiva 
Ambiental en la Formación Técnica y Profesional, Potosi-México. 
Osborne, J. (2000). Science for citizenship. In M. Monk & J. Osborne (Eds.), Good practice 
in science teaching (pp. 225-240). Buckingham: Open University Press. 
Osborne, J., Erduran, S., Simon, S., & e Monk, M. (2001). Enhancing the quality of 
argumentation in school science. School Science Review, 82(301), 63-70. 
Reis, P. (1999). O projecto “GENET”: Biotecnologia, controvérsias e Internet. In Coelho, A. 
C., Almeida, A. F., Carmo, J. M. & Sousa, M. N. (Eds.), Actas do VII Encontro 
Nacional de Educação em Ciências (pp. 454-458). Faro: Universidade do Algarve, 
Escola Superior de Educação. 
Reis, P. (2004). Controvérsias sócio-científicas: Discutir ou não discutir? Percursos de 
aprendizagem na disciplina de Ciências da Terra e da Vida. Lisboa: Departamento de 
Educação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. [Tese de doutoramento, 
documento policopiado]. 
Reis, P. e Galvão, C. (2004). Socio-Scientific Controversies and Students' Conceptions about 
Scientists. International Journal of Science Education, 26(13), 1621-1633. 
Rudduck, J. (1986). A strategy for handling controversial issues in the secondary school. In J. 
J. Wellington (Ed.), Controversial issues in the curriculum (pp. 6-18). Oxford: Basil 
Blackwell. 
Sadler, T. & Zeidler, D. (2004). The morality of socioscientific issues: construal and 
resolution of genetic engineering dilemmas. Science Education, 88(1), 4-27. 
Santos, M-E, Freitas, D., Galvão, C., Oliveira, H.T. (2006) A ciência como cultura: 
implicações na comunicação científica - um projecto de cooperação luso-brasileiro.
Anais do III Colóquio luso-brasileiro sobre questões curriculares. Braga: Universidade 
do Minho. 
Simmons, M. & Zeidler, D. (2003). Beliefs in the nature of science and responses to 
socioscientific issues. In D. L. Zeidler (Ed.), The role of moral reasoning on 
socioscientific issues and discourse in science education (pp. 81-94). Dordrecht: Kluwer 
Academic Press. 
Wang, H. & Schmidt, W. (2001). History, philosophy and sociology of science in science 
education: Results from the third international mathematics and science study. Science 
and Education, 10, 51-70. 
Zeidler, D. (2003). The role of moral reasoning on socioscientific issues and discourse in 
14 
science education. Dordrecht: Kluwer Academic Press.

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Apresentação final pisa referenciados
Apresentação final pisa referenciadosApresentação final pisa referenciados
Apresentação final pisa referenciadosAndreus Cruz
 
Alfabetização científica
Alfabetização científicaAlfabetização científica
Alfabetização científicavieiraemoraes
 
História das Ciências e Educação em Ciências
História das Ciências e Educação em CiênciasHistória das Ciências e Educação em Ciências
História das Ciências e Educação em CiênciasCatir
 
P236 produção de energia elétrica a partir do enfoque cts
P236 produção de energia elétrica a partir do enfoque ctsP236 produção de energia elétrica a partir do enfoque cts
P236 produção de energia elétrica a partir do enfoque ctsMargarete Borga
 
Temas ambientais no ensino de química recurso didático
Temas ambientais no ensino de química  recurso didáticoTemas ambientais no ensino de química  recurso didático
Temas ambientais no ensino de química recurso didáticoDanielSFaria
 
DISCUTINDO CONTROVÉRSIAS SOCIOCIENTÍFICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS POR MEIO DO “...
DISCUTINDO CONTROVÉRSIAS SOCIOCIENTÍFICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS POR MEIO DO “...DISCUTINDO CONTROVÉRSIAS SOCIOCIENTÍFICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS POR MEIO DO “...
DISCUTINDO CONTROVÉRSIAS SOCIOCIENTÍFICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS POR MEIO DO “...ProfessorPrincipiante
 
A.Ensino.Ciencias.Ppoint
A.Ensino.Ciencias.PpointA.Ensino.Ciencias.Ppoint
A.Ensino.Ciencias.PpointAlbano Novaes
 
Pesquisa Formação Online de Professores
Pesquisa Formação Online de ProfessoresPesquisa Formação Online de Professores
Pesquisa Formação Online de ProfessoresValmir Heckler
 
A alfabetização científica da teoria a prática no ensino de ciências naturais
A alfabetização científica da teoria a prática no ensino de ciências naturaisA alfabetização científica da teoria a prática no ensino de ciências naturais
A alfabetização científica da teoria a prática no ensino de ciências naturaisLuciana Corrêa
 
Pratica e ensino de ciencia marandino
Pratica e ensino de ciencia   marandinoPratica e ensino de ciencia   marandino
Pratica e ensino de ciencia marandinoryanfilho
 
Ens ciencias no brasil
Ens ciencias no brasilEns ciencias no brasil
Ens ciencias no brasilfimepecim
 
Seminário: importância da educação científica na Sociedade Atual - Cap I
Seminário: importância da educação científica na Sociedade Atual - Cap ISeminário: importância da educação científica na Sociedade Atual - Cap I
Seminário: importância da educação científica na Sociedade Atual - Cap IPIBID QUÍMICA UNIFESP
 
O ensino de Ciências Naturais e a construção da cultura
O ensino de Ciências Naturais e a construção da culturaO ensino de Ciências Naturais e a construção da cultura
O ensino de Ciências Naturais e a construção da culturaEditora Moderna
 
PCN e Ensino de Ciências
PCN e Ensino de CiênciasPCN e Ensino de Ciências
PCN e Ensino de Ciênciasfimepecim
 
Alfabetização cientifica slide2
Alfabetização cientifica slide2Alfabetização cientifica slide2
Alfabetização cientifica slide2Andreus Cruz
 
A evolução das ciências na escola
A evolução das ciências na escolaA evolução das ciências na escola
A evolução das ciências na escolaAlessandro Werneck
 
Apresentação miriã
Apresentação miriãApresentação miriã
Apresentação miriãRejane Dias
 

La actualidad más candente (20)

Apresentação final pisa referenciados
Apresentação final pisa referenciadosApresentação final pisa referenciados
Apresentação final pisa referenciados
 
Alfabetização científica
Alfabetização científicaAlfabetização científica
Alfabetização científica
 
História das Ciências e Educação em Ciências
História das Ciências e Educação em CiênciasHistória das Ciências e Educação em Ciências
História das Ciências e Educação em Ciências
 
P236 produção de energia elétrica a partir do enfoque cts
P236 produção de energia elétrica a partir do enfoque ctsP236 produção de energia elétrica a partir do enfoque cts
P236 produção de energia elétrica a partir do enfoque cts
 
Temas ambientais no ensino de química recurso didático
Temas ambientais no ensino de química  recurso didáticoTemas ambientais no ensino de química  recurso didático
Temas ambientais no ensino de química recurso didático
 
DISCUTINDO CONTROVÉRSIAS SOCIOCIENTÍFICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS POR MEIO DO “...
DISCUTINDO CONTROVÉRSIAS SOCIOCIENTÍFICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS POR MEIO DO “...DISCUTINDO CONTROVÉRSIAS SOCIOCIENTÍFICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS POR MEIO DO “...
DISCUTINDO CONTROVÉRSIAS SOCIOCIENTÍFICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS POR MEIO DO “...
 
A.Ensino.Ciencias.Ppoint
A.Ensino.Ciencias.PpointA.Ensino.Ciencias.Ppoint
A.Ensino.Ciencias.Ppoint
 
Pesquisa Formação Online de Professores
Pesquisa Formação Online de ProfessoresPesquisa Formação Online de Professores
Pesquisa Formação Online de Professores
 
A alfabetização científica da teoria a prática no ensino de ciências naturais
A alfabetização científica da teoria a prática no ensino de ciências naturaisA alfabetização científica da teoria a prática no ensino de ciências naturais
A alfabetização científica da teoria a prática no ensino de ciências naturais
 
Pratica e ensino de ciencia marandino
Pratica e ensino de ciencia   marandinoPratica e ensino de ciencia   marandino
Pratica e ensino de ciencia marandino
 
Ens ciencias no brasil
Ens ciencias no brasilEns ciencias no brasil
Ens ciencias no brasil
 
Seminário: importância da educação científica na Sociedade Atual - Cap I
Seminário: importância da educação científica na Sociedade Atual - Cap ISeminário: importância da educação científica na Sociedade Atual - Cap I
Seminário: importância da educação científica na Sociedade Atual - Cap I
 
O ensino de Ciências Naturais e a construção da cultura
O ensino de Ciências Naturais e a construção da culturaO ensino de Ciências Naturais e a construção da cultura
O ensino de Ciências Naturais e a construção da cultura
 
Ciencias
CienciasCiencias
Ciencias
 
Pcn Quimica
Pcn QuimicaPcn Quimica
Pcn Quimica
 
PCN e Ensino de Ciências
PCN e Ensino de CiênciasPCN e Ensino de Ciências
PCN e Ensino de Ciências
 
Alfabetização cientifica slide2
Alfabetização cientifica slide2Alfabetização cientifica slide2
Alfabetização cientifica slide2
 
A evolução das ciências na escola
A evolução das ciências na escolaA evolução das ciências na escola
A evolução das ciências na escola
 
Pcn
PcnPcn
Pcn
 
Apresentação miriã
Apresentação miriãApresentação miriã
Apresentação miriã
 

Similar a Temas controversos 1

Tendências atuais para o ensino de ciências
Tendências atuais para o ensino de ciênciasTendências atuais para o ensino de ciências
Tendências atuais para o ensino de ciênciasBinatto
 
Caderno iii-c.-da-natureza- slide
Caderno iii-c.-da-natureza- slideCaderno iii-c.-da-natureza- slide
Caderno iii-c.-da-natureza- slideAndrea Felix
 
Historia da ciencia no ensino medio
Historia da ciencia no ensino medioHistoria da ciencia no ensino medio
Historia da ciencia no ensino medioFabiano Antunes
 
Mortimer e scott___2002___atividade_discursiva_nas_salas_de_aula_de_ci_ncias
Mortimer e scott___2002___atividade_discursiva_nas_salas_de_aula_de_ci_nciasMortimer e scott___2002___atividade_discursiva_nas_salas_de_aula_de_ci_ncias
Mortimer e scott___2002___atividade_discursiva_nas_salas_de_aula_de_ci_nciasManoella Morais
 
Atividade discursiva-1
Atividade discursiva-1Atividade discursiva-1
Atividade discursiva-1Maiara Miguel
 
Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...
Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...
Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...Sérgio Gonçalves
 
Projeto de eletiva jovem cientista.docx
Projeto de eletiva jovem cientista.docxProjeto de eletiva jovem cientista.docx
Projeto de eletiva jovem cientista.docxluceliaandrade8
 
O Protagonismo dos Educandos diante das Demandas Socioambientais da Escola: a...
O Protagonismo dos Educandos diante das Demandas Socioambientais da Escola: a...O Protagonismo dos Educandos diante das Demandas Socioambientais da Escola: a...
O Protagonismo dos Educandos diante das Demandas Socioambientais da Escola: a...Daniela Menezes
 
Iii secam apresentação hebert
Iii secam apresentação hebertIii secam apresentação hebert
Iii secam apresentação hebertHebert Balieiro
 
MPEMC AULA 10: Alfabetização Científica
MPEMC AULA 10: Alfabetização CientíficaMPEMC AULA 10: Alfabetização Científica
MPEMC AULA 10: Alfabetização Científicaprofamiriamnavarro
 
Os desafios da interdisciplinaridade: a busca da organização de uma proposta ...
Os desafios da interdisciplinaridade: a busca da organização de uma proposta ...Os desafios da interdisciplinaridade: a busca da organização de uma proposta ...
Os desafios da interdisciplinaridade: a busca da organização de uma proposta ...Inge Suhr
 
Sequencia didatica edu_ambiental_ctsa_doloresalbino_2018
Sequencia didatica edu_ambiental_ctsa_doloresalbino_2018Sequencia didatica edu_ambiental_ctsa_doloresalbino_2018
Sequencia didatica edu_ambiental_ctsa_doloresalbino_2018zetinha
 
rafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdf
rafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdfrafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdf
rafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdfMarcoAurelio741433
 
rafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdf
rafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdfrafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdf
rafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdfMarcoAurelio741433
 
rafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdf
rafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdfrafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdf
rafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdfMarcoAurelio741433
 
Desenvolver projetos e_organizar
Desenvolver projetos e_organizarDesenvolver projetos e_organizar
Desenvolver projetos e_organizarUEM
 
ciencias_naturais_3c_9a_AE.pdf
ciencias_naturais_3c_9a_AE.pdfciencias_naturais_3c_9a_AE.pdf
ciencias_naturais_3c_9a_AE.pdfSandra Semedo
 

Similar a Temas controversos 1 (20)

Tendências atuais para o ensino de ciências
Tendências atuais para o ensino de ciênciasTendências atuais para o ensino de ciências
Tendências atuais para o ensino de ciências
 
Caderno iii-c.-da-natureza- slide
Caderno iii-c.-da-natureza- slideCaderno iii-c.-da-natureza- slide
Caderno iii-c.-da-natureza- slide
 
Historia da ciencia no ensino medio
Historia da ciencia no ensino medioHistoria da ciencia no ensino medio
Historia da ciencia no ensino medio
 
Mortimer e scott___2002___atividade_discursiva_nas_salas_de_aula_de_ci_ncias
Mortimer e scott___2002___atividade_discursiva_nas_salas_de_aula_de_ci_nciasMortimer e scott___2002___atividade_discursiva_nas_salas_de_aula_de_ci_ncias
Mortimer e scott___2002___atividade_discursiva_nas_salas_de_aula_de_ci_ncias
 
Atividade discursiva-1
Atividade discursiva-1Atividade discursiva-1
Atividade discursiva-1
 
Atividade discursiva
Atividade discursivaAtividade discursiva
Atividade discursiva
 
Ctsa Eja 4
Ctsa Eja 4Ctsa Eja 4
Ctsa Eja 4
 
Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...
Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...
Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...
 
Aprendizagens significativas em química
Aprendizagens significativas em químicaAprendizagens significativas em química
Aprendizagens significativas em química
 
Projeto de eletiva jovem cientista.docx
Projeto de eletiva jovem cientista.docxProjeto de eletiva jovem cientista.docx
Projeto de eletiva jovem cientista.docx
 
O Protagonismo dos Educandos diante das Demandas Socioambientais da Escola: a...
O Protagonismo dos Educandos diante das Demandas Socioambientais da Escola: a...O Protagonismo dos Educandos diante das Demandas Socioambientais da Escola: a...
O Protagonismo dos Educandos diante das Demandas Socioambientais da Escola: a...
 
Iii secam apresentação hebert
Iii secam apresentação hebertIii secam apresentação hebert
Iii secam apresentação hebert
 
MPEMC AULA 10: Alfabetização Científica
MPEMC AULA 10: Alfabetização CientíficaMPEMC AULA 10: Alfabetização Científica
MPEMC AULA 10: Alfabetização Científica
 
Os desafios da interdisciplinaridade: a busca da organização de uma proposta ...
Os desafios da interdisciplinaridade: a busca da organização de uma proposta ...Os desafios da interdisciplinaridade: a busca da organização de uma proposta ...
Os desafios da interdisciplinaridade: a busca da organização de uma proposta ...
 
Sequencia didatica edu_ambiental_ctsa_doloresalbino_2018
Sequencia didatica edu_ambiental_ctsa_doloresalbino_2018Sequencia didatica edu_ambiental_ctsa_doloresalbino_2018
Sequencia didatica edu_ambiental_ctsa_doloresalbino_2018
 
rafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdf
rafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdfrafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdf
rafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdf
 
rafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdf
rafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdfrafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdf
rafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdf
 
rafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdf
rafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdfrafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdf
rafaelhono-6.-relaes-entre-currculo-e-conhecimento-para-currculo-e-cultura.pdf
 
Desenvolver projetos e_organizar
Desenvolver projetos e_organizarDesenvolver projetos e_organizar
Desenvolver projetos e_organizar
 
ciencias_naturais_3c_9a_AE.pdf
ciencias_naturais_3c_9a_AE.pdfciencias_naturais_3c_9a_AE.pdf
ciencias_naturais_3c_9a_AE.pdf
 

Más de Fabiano Antunes

Cinema e ciência tachovendohamburguer
Cinema e ciência tachovendohamburguerCinema e ciência tachovendohamburguer
Cinema e ciência tachovendohamburguerFabiano Antunes
 
Mudando as atitudes dos alunos perante a ciência
Mudando as atitudes dos alunos perante a ciênciaMudando as atitudes dos alunos perante a ciência
Mudando as atitudes dos alunos perante a ciênciaFabiano Antunes
 
Pozo e crespo 2009. aprendizagem e o ensino de ciencias. do conhecimento cot...
Pozo e crespo  2009. aprendizagem e o ensino de ciencias. do conhecimento cot...Pozo e crespo  2009. aprendizagem e o ensino de ciencias. do conhecimento cot...
Pozo e crespo 2009. aprendizagem e o ensino de ciencias. do conhecimento cot...Fabiano Antunes
 
Situação de estudo e abordagem temática
Situação de estudo e abordagem temáticaSituação de estudo e abordagem temática
Situação de estudo e abordagem temáticaFabiano Antunes
 
Aprendizagem significativa crítica
Aprendizagem significativa críticaAprendizagem significativa crítica
Aprendizagem significativa críticaFabiano Antunes
 
Aprendizagem significativa
Aprendizagem significativaAprendizagem significativa
Aprendizagem significativaFabiano Antunes
 
Negociação de significados marco antonio
Negociação de significados marco antonioNegociação de significados marco antonio
Negociação de significados marco antonioFabiano Antunes
 
História da ciencia no ensino de ciências
História da ciencia no ensino de ciênciasHistória da ciencia no ensino de ciências
História da ciencia no ensino de ciênciasFabiano Antunes
 
Para uma imagem não deformada do conhecimento científico
Para uma imagem não deformada do conhecimento científicoPara uma imagem não deformada do conhecimento científico
Para uma imagem não deformada do conhecimento científicoFabiano Antunes
 
Aprendizagem significativa fabiano antunes
Aprendizagem significativa fabiano antunesAprendizagem significativa fabiano antunes
Aprendizagem significativa fabiano antunesFabiano Antunes
 
41 a historia-da-ciencia-no-ensino-da-termodinamica-revisado
41 a historia-da-ciencia-no-ensino-da-termodinamica-revisado41 a historia-da-ciencia-no-ensino-da-termodinamica-revisado
41 a historia-da-ciencia-no-ensino-da-termodinamica-revisadoFabiano Antunes
 
Filosofia e ensino de ciências: uma convergência necessária
Filosofia e ensino de ciências: uma convergência necessária Filosofia e ensino de ciências: uma convergência necessária
Filosofia e ensino de ciências: uma convergência necessária Fabiano Antunes
 

Más de Fabiano Antunes (20)

Cinema e ciência tachovendohamburguer
Cinema e ciência tachovendohamburguerCinema e ciência tachovendohamburguer
Cinema e ciência tachovendohamburguer
 
Cinema e ciência
Cinema e ciênciaCinema e ciência
Cinema e ciência
 
Mudando as atitudes dos alunos perante a ciência
Mudando as atitudes dos alunos perante a ciênciaMudando as atitudes dos alunos perante a ciência
Mudando as atitudes dos alunos perante a ciência
 
Atividades praticas
Atividades praticasAtividades praticas
Atividades praticas
 
Pozo e crespo 2009. aprendizagem e o ensino de ciencias. do conhecimento cot...
Pozo e crespo  2009. aprendizagem e o ensino de ciencias. do conhecimento cot...Pozo e crespo  2009. aprendizagem e o ensino de ciencias. do conhecimento cot...
Pozo e crespo 2009. aprendizagem e o ensino de ciencias. do conhecimento cot...
 
Astrobiologia1
Astrobiologia1Astrobiologia1
Astrobiologia1
 
Popper
PopperPopper
Popper
 
Situação de estudo e abordagem temática
Situação de estudo e abordagem temáticaSituação de estudo e abordagem temática
Situação de estudo e abordagem temática
 
Cts1
Cts1Cts1
Cts1
 
Aprendizagem significativa crítica
Aprendizagem significativa críticaAprendizagem significativa crítica
Aprendizagem significativa crítica
 
Aprendizagem significativa
Aprendizagem significativaAprendizagem significativa
Aprendizagem significativa
 
Negociação de significados marco antonio
Negociação de significados marco antonioNegociação de significados marco antonio
Negociação de significados marco antonio
 
História da ciencia no ensino de ciências
História da ciencia no ensino de ciênciasHistória da ciencia no ensino de ciências
História da ciencia no ensino de ciências
 
Temas transversais
Temas transversaisTemas transversais
Temas transversais
 
Para uma imagem não deformada do conhecimento científico
Para uma imagem não deformada do conhecimento científicoPara uma imagem não deformada do conhecimento científico
Para uma imagem não deformada do conhecimento científico
 
Corefabianoantunes
CorefabianoantunesCorefabianoantunes
Corefabianoantunes
 
Momentos pedagógicos
Momentos pedagógicosMomentos pedagógicos
Momentos pedagógicos
 
Aprendizagem significativa fabiano antunes
Aprendizagem significativa fabiano antunesAprendizagem significativa fabiano antunes
Aprendizagem significativa fabiano antunes
 
41 a historia-da-ciencia-no-ensino-da-termodinamica-revisado
41 a historia-da-ciencia-no-ensino-da-termodinamica-revisado41 a historia-da-ciencia-no-ensino-da-termodinamica-revisado
41 a historia-da-ciencia-no-ensino-da-termodinamica-revisado
 
Filosofia e ensino de ciências: uma convergência necessária
Filosofia e ensino de ciências: uma convergência necessária Filosofia e ensino de ciências: uma convergência necessária
Filosofia e ensino de ciências: uma convergência necessária
 

Último

PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfEmanuel Pio
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéisines09cachapa
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)ElliotFerreira
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...licinioBorges
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOAulasgravadas3
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxTainTorres4
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorEdvanirCosta
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Ilda Bicacro
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesFabianeMartins35
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇJaineCarolaineLima
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 

Último (20)

PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 

Temas controversos 1

  • 1. 1 A NATUREZA DOS ARGUMENTOS NA ANÁLISE DE TEMAS CONTROVERSOS: ESTUDO DE CASO NA FORMAÇÃO DE PÓS-GRADUANDOS NUMA ABORDAGEM CTS * Denise de Freitas** Departamento de Metodologia de Ensino da Universidade Federal de São Carlos – Brasil dfreitas@power.ufscar.br Alberto Villani** Instituto de Física da Universidade de São Paulo – Brasil avillani@fap01.if.usp.br Vânia Gomes Zuin*** Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos – Brasil vaniaz@power.ufscar.br Pedro Reis Centro de Investigação em Educação da F. C. da Universidade de Lisboa – Portugal PedroRochaReis@netcabo.pt Haydée Torres de Oliveira*** Departamento de Hidrobiologia da Universidade Federal de São Carlos haydee@power.ufscar.br RESUMO Neste trabalho analisamos a natureza da argumentação de pós-graduandos na análise e debate de temas controversos utilizados em estratégias de ensino implementadas numa perspectiva curricular CTS, no contexto do projeto “Ciência como cultura”, desenvolvido por equipe de pesquisadores portugueses e brasileiros. Centramos a análise no debate ocorrido a partir da recolha de dados num sítio da internet (BioQuest), preparado em função de uma problemática concreta em Portugal: a construção da barragem de Alqueva e as conseqüências sócio-ambientais provocadas pelo empreendimento.As argumentações dos alunos basearam-se em critérios ideológicos, práticos, econômicos ou sociais, sendo possível categorizá-las, em quatro grupos principais, na relação CTS, como sendo de natureza preservacionista/ambientalista, cientificista, populista e desenvolvimentista. Na perspectiva cientificista, haveria a necessidade de produção de outros conhecimentos técnicos/científicos para uma melhor compreensão do empreendimento, independentemente da postura ser favorável ou não à execução da obra. A desenvolvimentista, foi caracterizada pelo fatalismo por parte dos estudantes, ou seja, por falta de alternativas na solução do problema (adaptação acrítica). Já na perspectiva populista, o ponto crítico foi a menor participação dos habitantes da região em todo o projeto da construção da barragem. Por fim, a perspectiva preservacionista/ambientalista foi caracterizada por uma visão sistêmica ou mais complexa da problemática colocada, mas com tendência a rejeitar a construção da barragem de Alqueva. 1. INTRODUÇÃO Este artigo, produto de uma investigação mais ampla que tem como proposta central a discussão da ciência como cultura e suas implicações na educação científica, objetivou analisar os argumentos de estudantes de pós-graduação no emprego de uma situação sócio-científica controversa. Na primeira parte do trabalho, realizamos uma incursão teórica sobre o * Projeto Internacional CAPES/GRICES: A Ciência como Cultura: implicações na comunicação científica. ** Com apoio parcial do CNPq e apoio da CAPES *** Com apoio da CAPES
  • 2. uso de assuntos controversos como recurso educativo nos processos de ensino-aprendizagem, no âmbito de Ciência/Tecnologia/Sociedade (CTS). Em seguida, descrevemos a intervenção pedagógico-investigativa realizada no primeiro semestre de 2005 em uma disciplina oferecida pelo Programa de Pós-Graduação em, Educação da Universidade Federal de São Carlos (PPGE-UFSCar). Trata-se do emprego de um sítio da Internet (BioQuest) como recurso didático para abordar questões controversas atuais, o qual inclui um caso real, o empreendimento de fins múltiplos de Alqueva, na região do Alentejo, Portugal. No item procedimentos metodológicos, apresentamos os elementos utilizados para a coleta de dados (anotações dos pesquisadores, textos discentes, transcrições de gravações de discussões em sala-de-aula). A seguir, expomos a análise e categorização das argumentações dos estudantes com relação à construção da barragem de Alqueva e as nossas conclusões gerais acerca da natureza destes argumentos. 2 1.1. TEMAS CONTROVERSOS NA EDUCAÇÃO Atualmente, o desenvolvimento da argumentação é considerado um aspecto fundamental da educação em ciência. Em qualquer sociedade democrática os cidadãos são chamados a pronunciarem-se de forma fundamentada e crítica sobre situações/problemáticas envolvendo dimensões científicas e tecnológicas complexas e, frequentemente, controversas em virtude das suas inúmeras implicações sociais. A participação dos cidadãos em processos decisórios relacionados com questões científicas e tecnológicas depende da compreensão das dinâmicas sociais, cognitivas e epistêmicas da ciência (Duschl, 2000). Logo, torna-se necessário que a escola se envolva ativamente na promoção: a) de reflexão sobre a natureza da ciência e das inter-relações entre ciência, tecnologia e sociedade; e b) das competências argumentativas dos alunos através da realização de experiências educativas dialógicas como a discussão e o debate. Estas práticas discursivas, que constituem um dos pilares do empreendimento científico (Newton et al, 2004), permitem a construção de uma imagem do conhecimento científico como um conjunto dinâmico, provisório e socialmente construído de possíveis explicações. Este tipo de atividades, possibilita estabelecer analogias entre o processo de construção de conhecimento pelos alunos e o processo de construção do conhecimento pela comunidade científica, contribuindo para a modificação de concepções deturpadas e estereotipadas da ciência como empreendimento aproblemático, pleno de certezas e meramente baseado na observação e na experimentação (Osborne, et al., 2001).
  • 3. As situações educativas envolvendo discussão, nomeadamente de questões sociocientíficas controversas, têm revelado potencialidades na construção de uma imagem mais real e humana do empreendimento científico e na promoção da literacia científica indispensável a uma cidadania responsável (Millar e Osborne, 1998; Wang e Schmidt, 2001). Simultaneamente, diversos autores defendem a importância da discussão de questões controversas na formulação e na reformulação de opiniões e crenças, ou seja, na educação moral e cívica (Reis, 1999; Rudduck, 1986; Zeidler, 2003; Sadler e Zeidler, 2004). Acreditam que este tipo de experiência educativa ajuda os alunos a compreenderem as situações sociais, os atos humanos e as questões de valores por eles suscitadas. O envolvimento dos alunos na análise e discussão de problemas morais no domínio da ciência, cuidadosamente selecionados, permite desenvolver, simultaneamente, capacidades de raciocínio lógico e moral e uma compreensão mais profunda de aspectos importantes da natureza da ciência (Reis, 2004; Reis e Galvão, 2004; Sadler e Zeidler, 2004; Simmons e Zeidler, 2003). 2. A CONTEXTUALIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICO-INVESTIGATIVA Este trabalho se insere no projeto “Ciência como cultura: implicações na comunidade científica”, que busca promover inovações curriculares em nível de pós-graduação. Para construir mudanças na formação científica é necessário encontrar argumentos e soluções através de debates e de atividades pedagógicas centradas em discursos e práticas de ciência como cultura e como trabalho coletivo. Tem de inserir a formação à uma ampla constelação de problemas comunitários, a uma compreensão e intervenção no mundo contemporâneo à educação para a cidadania. Contrapondo aos tradicionais currículos, essa formação acadêmica, deve servir não só para aprender mas também para continuar a aprender, centrando em discursos e práticas que valorizem o aprender a pensar, o aprender a aprender, o aprender a colaborar (Santos, et al, 2006). Por se tratar de um projeto luso-brasileiro, para a sua realização, escolheram-se problemas comunitários controversos, situados no Brasil e em Portugal. As intervenções pedagógico-investigativas centraram-se numa sequência de atividades de âmbito CTS implementadas no decurso do desenvolvimento de duas disciplinas curriculares de carácter optativo de programas de pós-graduação no Brasil e em Portugal. Nesta fase temos procurado discutir o valor dessas atividades e suas implicações para a elaboração de um “novo” modelo curricular. 3
  • 4. Para atingir essa meta delineamos objetivos em dois campos que se entrecruzam. Um trata-se do campo da elaboração conceptual e o outro das implicações subjetivas e objetivas do processo de mudança pretendida para construção de um outro paradigma de ensino e pesquisa. No campo da elaboração conceptual visamos construir uma síntese sobre o quadro de desenvolvimentos teóricos em vários domínios com os quais o ensino das ciências vai estabelecendo relações, como também buscamos elaborar uma interpretação crítica e ontológica do mundo atual nas suas dimensões científica e tecnológica, nomeadamente, evidenciando aspectos ambivalentes da ciência e da tecnologia e os efeitos profundos da tecnociência no ambiente, não só na sua dimensão natural como na dimensão social e humana. No campo das implicações subjetivas e objetivas do processo de mudança buscamos levantar, através da análise da literatura e de trabalhos de campo, as dificuldades e barreiras conceituais e subjetivas que comprometem a mudança de enfoque curricular. Analisar de maneira detalhada as implicações decorrentes da natureza coletiva do trabalho dos professores envolvidos com mudanças curriculares de tipo CTS, as dificuldades e resistências em relação a organização coletiva e sua sustentação, assim como as contribuições e reforços que ela propicia (Oliveira e Freitas, 2003). Também pesquisar os possíveis auxílios internos ou externos à escola capazes de facilitar o desenvolvimento de grupos de trabalhos comprometidos com tais mudanças. Para o desenvolvimento deste projeto, os pesquisadores luso-brasileiros têm realizado várias missões de trabalho, ou seja, estágios periódicos de estudos em ambos os países. A primeira missão foi realizada no 1º. Semestre de 2005, na ocasião do oferecimento da disciplina curricular de caráter optativo do PPGE-UFSCar (Brasil) intitulada Tópicos Especiais em Metodologias de Ensino: diferentes concepções de trabalho científico e suas implicações no ensino de Ciências. Esta disciplina propunha discutir as diferentes concepções epistemológicas de professores e estudantes acerca da natureza da ciência e da construção do conhecimento científico. A intervenção pedagógico-investigativa aqui abordada centrou-se na utilização de temas controversos em situações de ensino numa perspectiva CTS no curso de tal disciplina, utilizando como estratégia pedagógica um sítio da internet voltado para uma problemática concreta em Portugal: a construção da barragem de Alqueva e as conseqüências sócio-ambientais 4 provocadas pelo empreendimento.
  • 5. 2.1. A UTILIZAÇÃO DE UM SÍTIO DA INTERNET COMO RECURSO PEDAGÓGICO Tal como a aprendizagem de uma linguagem requer o desenvolvimento de conhecimentos sobre a forma, gramática e vocabulário, também a educação científica requer conhecimentos sobre os grandes temas da ciência, alguns dos seus conteúdos, os seus agentes, os seus métodos e os seus usos e abusos (Osborne, 2000). Logo, o desenvolvimento da literacia científica passa, necessariamente, por um ensino das ciências menos factual e fragmentado – que não isole a ciência, a tecnologia e os contextos sócio-culturais da sua produção – onde se possa discutir criticamente a produção da ciência contemporânea com os seus diferentes aspectos processuais e questões políticas, econômicas, sociais, ambientais e éticas que suscita. Torna-se necessária uma educação científica que os alunos considerem atual e relevante e que minimize o fosso entre a “ciência da escola” – metodologicamente restrita, marcada por certezas, meramente racional e pretensamente objetiva – e a “ciência dos noticiários e do dia-a-dia” – metodologicamente diversificada, de carácter incerto e controverso, tanto racional como emocional, envolvendo conflitos de opinião, interesses e valores. O BioQuest (disponível em http://nonio.eses.pt/bioquest/), desenvolvido pelo Centro de Competência Nónio Sec. XXI da ESE de Santarém, foi concebido com a finalidade de contribuir para a construção de uma interpretação crítica do mundo atual nas suas dimensões científica e tecnológica, nomeadamente, evidenciando aspectos ambivalentes da ciência e da tecnologia e os efeitos profundos da tecnociência no ambiente, não só na sua dimensão natural como na dimensão social e humana. Para tal, este sítio propõe atividades de reflexão sobre questões controversas atuais relacionadas com a ciência e a tecnologia (por exemplo: a construção do empreendimento de fins múltiplos de Alqueva e a utilização de células estaminais). Através da análise e discussão de casos reais e polêmicos procura-se estimular o desenvolvimento de uma literacia científica baseada: a) na compreensão das dimensões sociais, econômicas, políticas, éticas, científicas e tecnológicas de questões controversas atuais; b) na compreensão das relações complexas entre CTS; e c) na promoção de conhecimentos, capacidades de pensamento crítico e de atitudes e valores que facilitem o envolvimento ativo, construtivo e responsável dos cidadãos na evolução da sociedade. Para a investigação que se apresenta nesta comunicação recorreu-se a uma atividade do BioQuest que se centra no Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva. Depois de muitas décadas de indecisão, a barragem de Alqueva é uma realidade. A sua altura máxima, contada 5
  • 6. a partir das suas fundações, é de 96 m sendo o seu nível de pleno armazenamento à cota 152 (contado a partir do nível médio das águas do mar). A albufeira conta com uma área com cerca de 250 km2 (o maior lago artificial da Europa, com 80 km de comprimento e 1100 km de margens) e permite armazenar um volume total de 4150 milhões de m3, dos quais 3150 milhões de m3 correspondem à sua capacidade útil. Muitas pessoas encaram-na como uma revolução agrícola e turística para a região do Alentejo e para todo o sul de Portugal. Contudo, outras pessoas responsabilizam a sua imensa albufeira por uma catástrofe ambiental que terá levado à eliminação de milhares de plantas e de animais. As barragens são fundamentais na gestão dos recursos hídricos e na produção de energia de forma não poluente. Contudo, representam sempre uma violenta perturbação dos equilíbrios naturais, destruindo o patrimônio natural e cultural e suscitando fortes impactos biológicos, geológicos, climáticos, agrícolas, sociais e econômicos. Logo, qualquer processo decisório relativo à construção de uma barragem envolve sempre uma interação extremamente complexa de elementos sociais, econômicos, científicos, tecnológicos e políticos. 6 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Primeiramente, os 13 pós-graduandos da linha de pesquisa em Ensino de Ciências e Matemática que estavam cursando a disciplina Tópicos Especiais em Metodologia de Ensino foram convidados a analisar as informações sobre o Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva, disponíveis no sítio BioQuest, de proveniência diversa (a empresa gestora do projeto, organizações ambientalistas, órgãos de comunicação social, artigos científicos e de jornais de notícias etc.) com a finalidade de se pronunciarem acerca da viabilidade de tal empreendimento tendo em vista os impactos sócio-ambiental e os efeitos econômico-político. A partir da questão colocada pelo site, os estudantes recolheram por meio da leitura de textos de carácter técnico, científico, jornalístico e, com base neste estudo, posicionaram-se em relação à construção ou não da barragem em três momentos correspondentes a níveis distintos de construção do pensar, individualmente, em pequenos grupos e num debate aberto com o grupo de pós-graduação e os pesquisadores. Após a análise individual, os estudantes apresentaram um parecer por escrito. Em sala de aula foram convidados num primeiro momento para confrontarem em pequenos grupos (quatro pessoas) suas posições elaborando uma síntese do grupo. Prosseguiu-se com um debate com a classe em que as posições dos grupos, consensuais ou não, foram apresentadas e
  • 7. amplamente discutidas. Esta discussão, que teve a presença de outros pesquisadores brasileiros integrante do projeto, foi filmada. Os textos elaborados, as notas dos pesquisadores e as gravações em vídeo, foram utilizados como as fontes de dados neste trabalho. A partir destes materiais, a análise dos argumentos construídos pelos estudantes, possibilitaram a categorização das suas opiniões/posições em quatro grupos principais, na relação CTS, como sendo de natureza cientificista, desenvolvimentista, populista e preservacionista. 7 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os argumentos dos pós-graduandos foram categorizados segundo critérios ideológicos, práticos, econômicos, ecológicos e culturais resultando em quatro principais perspectivas com relação à abordagem da problemática do Empreendimento de Alqueva. O agrupamento resultante indica a perspectiva mais dominante do sujeito naquele momento, a saber: Perspectiva Cientificista - Foram enquadradas nesta categoria as opiniões de três pós-graduandos. Dois da área de física e um da área de jornalismo. Na impossibilidade de manifestarem uma posição totalmente desfavorável à construção da barragem, uma vez que tal empreendimento já estava em curso e que recursos financeiros foram empregados e modificações no ambiente foram realizadas de forma irreversível, então, a opção mais razoável (...) parece ser (…) a adesão à posição defendida por diversas organizações não-governamentais portuguesas e, inclusive, pelo European Environmental Bureau que, ao reunir cerca de 140 associações européias, merece, ao menos, o reconhecimento de sua legitimidade (Jornalista). Como argumentar é, de alguma forma, estabelecer um processo comunicativo com os interlocutores pertencentes a uma determinada subcultura, a legitimação de alguns textos se deu pela avaliação da inserção discursiva em diferentes segmentos da sociedade. Influenciaram na formação das opiniões destes alunos e, consequentemente, nas suas tomadas de decisão, as forças argumentativas dos textos analisados. O grau de razoabilidade dos textos foi considerado condição sine qua non para apreciação e estabelecimento de diálogo. Os argumentos utilizados pela Empresa de Desenvolvimento e Infra-estrutura do Alqueva, por exemplo, foram tomados como intransigentes pela ausência de argumentos técnicos e científicos razoáveis que pudessem dirimir, em seu discurso, o efeito da alegação de uma política compensatória e medidas mitigadoras. Pelo exposto nos documentos, “há pareceres científicos que estão sendo ignorados, e isso é preocupante” (Físico). Além disso, “os poucos
  • 8. estudos e a incompletude” dos mesmos, aliada a pouca “discussão realizada ao se propor tal empreendimento” (Física) é o que mais “incomoda” (Jornalista). A imagem do discurso ambientalista como emotivo e empírico em contraste com a valoração do discurso político e econômico que utiliza argumentos bem feitos sintetiza como, neste grupo, a argumentação encontra razões em favor de uma conclusão: a partir dos pontos levantados, nos parece, portanto, que o empreendimento de fins múltiplos de Alqueva, frente a todos os impactos que acarreta, ainda não se encontra maduro e necessita de muitos estudos anteriores à sua implementação tal qual como prevista inicialmente (Jornalista). Perspectiva Desenvolvimentista - Foram enquadradas nesta categoria as opiniões de 8 dois pós-graduandos. Um da área de Educação Física e outra da área de Química. A força da argumentação pauta-se na importância que a construção da barragem tem para o “desenvolvimento econômico do local e do país” (Educador Físico). Aqui, a polêmica entre desenvolvimento e a degradação ambiental não é considerada fundamental, uma vez que para conseguirmos progredir no mundo moderno, nem tudo pode ser conciliado, tudo tem seus pontos positivos e seus pontos negativos, porém temos que abrir mão, muitas vezes, de algo para podermos ter um outro benefício maior ou melhor que o já existente (Química e Professora). Nota-se a visão de que as coisas são como são e, neste sentido, o processo de privação e de acomodação à uma realidade dada e imutável deve ser encarado de forma natural. Não existe contra-senso no fato de as pessoas da aldeia inundada serem transferidas para outro vilarejo, pois “ todos nós temos dificuldades de sobrevivência, quando nós estamos numa casa, numa cidade; no começo é tudo difícil, com o tempo você acostuma a ver a rotina do lugar, da situação que você está vivendo” (Química e Professora). Em decorrência, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia é um bem indispensável “dentro de uma sociedade moderna”. Ela ainda coloca: É claro que para haver o progresso, sempre o ambiente é prejudicado; porém tentou-se minimizar tais impactos, transferindo-se espécies vegetais e animais para outros locais, como uma forma de preservar tantos os animais como as plantas que em muitos casos, poderiam se extintos” (Química e Professora). O argumento de uma política compensatória expresso nos textos da empresa de empreendimentos da barragem faz todo sentido dentro desta visão ideológica. Dessa forma, considerar o “planejamento de programas de mínimo impacto, e o investimento de áreas de preservação ambiental como único instrumento nesse choque entre o necessário desenvolvimento e a preservação ambiental” é uma conclusão confortável e coerente já que a lógica aplicada é a de que “quando o desenvolvimento não é o inimigo da preservação ambiental”, ele se torna “um amigo de interesse” (Educador Físico). Para aceitar o desenvolvimento há que se argumentar com apoio na máxima de que “não se pode ter tudo” pois, “infelizmente, nem tudo pode ser conciliado na sua totalidade para o desenvolvimento
  • 9. do progresso da humanidade, e isto é uma grande fatalidade que não possui retorno” (Química e Professora). Perspectiva Populista - Foram enquadradas nesta categoria as opiniões de quatro pós-graduandos. Um da área de Biologia, uma da área de Direito, uma da área de Matemática e 9 outra da área de Farmácia. Nesta categoria, a posição de questionamento em relação à legitimidade do processo esteve presente nas indagações sobre os argumentos favoráveis à democracia representativa. A opinião defendida é a de que para considerar visões diferentes nestes processos decisórios diferentes instâncias da sociedade tem de ser ouvida. Supostamente eles (governantes) estão lá representando nossos anseios, o que nós queremos. Que tipo de desenvolvimento os habitantes da região, supostos beneficiários do empreendimento, querem? Suas opiniões foram levadas em consideração? Seria possível levá-las em consideração nesse tipo de política desenvolvimentista. Que democracia é essa se as pessoas envolvidas não são ouvidas de verdade? (Biólogo). Na relação CTS vê-se que a ciência e sociedade civil ficam a mercê das questões políticas e econômicas. “Mais uma vez, os interesses verdadeiros da população que habita a região foram relegados ao segundo plano, ofuscados pelo intenso brilho dos interesses econômicos” (Química). Do mesmo modo, há um reconhecimento das especificidades culturais das questões sócio-ambientais; Interessante observar que embora os impactos decorrentes da formação de lagos artificiais já sejam bem estudados e documentados (portanto, previsíveis, conhecidos) em todo mundo, ao se olhar para um caso, saltam aos olhos as peculiaridades e diferenças, tornando extremamente relevante que a decisão a seu respeito seja tomada com base na perspectiva local (Advogada). Os discursos são confrontados pela coerência de suas argumentações. Tornam-se inaceitáveis as declarações dos direitos sobre a informação e participação nos acordos sociais e a violação dos mesmos nos discursos e práticas. Até porque são as pessoas que possuem menos condições de se mobilizar. Então, eu estava olhando um texto sobre racismo ambiental que diz assim: - quem é que vai ser o alvo dos impactos ambientais… são as pessoas mais pobres. São aquelas que estão em locais mais distantes. São aquelas que de repente estão com uma vulnerabilidade maior (Advogada). A análise do processo só se efetiva realmente quando se conseguem evidências da dimensão histórico-cultural e, neste caso, não foram encontrados textos neste sítio da internet que pudessem satisfazer esta demanda. Após ter lido o histórico da barragem, verifiquei o quão longa foi sua história de construção. Levando em consideração que esse processo requer a interação complexa dos elementos sociais, econômicos, científicos, tecnológicos e políticos, não é de se estranhar tamanha demora uma vez que é muito difícil uma conciliação entre tantos órgãos. (Matemática).
  • 10. Além disto, esta estudante acrescenta que não conseguiu “diagnosticar a visão das 10 pessoas daquela região quanto a situação em questão (em dados percentuais)”. Parece haver uma hierarquização dos valores em que o social e o técnico-científico são privilegiados. Isto é, que a construção de uma obra supostamente para o bem-estar social inclua as reivindicações das pessoas que habitam as regiões e, também, levem em conta o posicionamento de grupos com capacidade de analisar técnico-cientificamente as questões envolvidas (Biólogo). Perspectiva Preservacionista/Ambientalista - Foram enquadradas nesta categoria as opiniões de quatro pós-graduandos. Duas da área de Biologia, uma da área de Ecologia e outra da área de Química. Nesta perspectiva, o pressuposto é o da existência de conflitos em campos que raramente se intersectam; o das empresas e o das ONGs ambientalistas; Os discursos são na verdade linguagens diferentes que correspondem a propósitos distintos e irreconciliáveis. No caso das relações CTS os argumentos científicos dificilmente resistem, uma vez que os propósitos (políticos) já foram estabelecidos e a máquina do Estado posta em movimento para efetiva-los. (Ecóloga). A análise passa pela preconização de critérios culturais e ambientais considerados primordiais na implementação de práticas sociais ajustadas às demandas CTS. Embora muitas pessoas acreditem que a barragem de Alqueva representa um avanço para a região, devido a sua importância na gestão de recursos hídricos e produção de energia não poluente, entre outras, vejo que a sua implementação representa uma grande ameaça à natureza. Mesmo que esta barragem possa trazer algumas vantagens para a região, os prejuízos que ela acarreta ao patrimônio natural e cultural são irreparáveis com fortes conseqüências sociais, econômicas, ambientais, agrícolas, entre outras (Química). Os questionamentos recaem no modelo de sociedade e de desenvolvimento; (o meu parecer) foi elaborado considerando alguns aspectos que direcionaram para uma posição desfavorável a tal empreendimento, principalmente referente ao modelo de desenvolvimento em larga escala que se apresenta, ainda nos moldes da época em que foi concebido (meados do séc. XX). (Bióloga). Os argumentos apresentados nos textos de cientistas, técnicos e políticos são considerados legítimos, mas não suficientes para resolver os problemas do impacto ambiental. Opiniões, conhecimentos, valores éticos e princípios morais são a base para rever o paradigma dominante assente na cultura e na ciência. “Por trás de um empreendimento deste tipo está um modelo de desenvolvimento que cada vez mais tem se mostrado indesejável quando avaliado sob uma perspectiva holística” (Bióloga e Professora). Há de se questionar em direção de resignificações de perspectivas e de conceitos. Neste sentido, os significantes discursivos vêm prioritariamente de áreas das ciências humanas. “Esse tipo de empreendimento está baseado em que visão de mundo? Acho que é um pouco essa a
  • 11. discussão importante” (Bióloga e Professora). Nesta perspectiva, a saída está colocada na prospecção de cenários alternativos encontrados raramente em discursos técnicos ou da política dominante. O chamamento para “não embarcar demagogicamente numa aventura que hipotecará irremediavelmente este desenvolvimento” (Ecóloga, citando um texto) e a declaração de “que há outras opções para o desenvolvimento que requerem uma outra visão de mundo e uma 'nova' versão de desenvolvimento” (Bióloga e Professora, citando um texto) é o caminho de ruptura com o paradigma dominante. O mecanismo de luta contra os argumentos vigentes é desenvolver atitudes participativas. Isto envolve: a) impedir, a todo custo, que a barragem atinja seu nível mais alto; b) pressionar e fiscalizar a EDIA no sentido de efetivamente pôr em prática medidas de minimização e compensação de impactos tanto em relação ao patrimônio cultural como ambiental, c) é fundamental que temas relativos à barragem sejam constantemente debatidos e noticiados, que haja um acompanhamento constante do andamento das obras (Bióloga e Professora – grifo nosso). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS As principais perspectivas observadas nos argumentos apresentados pelos pós-graduandos foram de caráter cientificista, desenvolvimentista, populista e preservacionista. Para os alunos, cujas opiniões foram de natureza cientificista, haveria a necessidade de produção de outros conhecimentos técnicos/científicos para uma melhor compreensão do empreendimento, independentemente da postura ser favorável ou não à execução da obra. Para a categoria desenvolvimentista, observa-se uma postura de não-resistência ou mesmo fatalismo por parte dos estudantes, ou seja, nos parece que as esferas de tomada de decisão estariam tão distantes deles que não permitem vislumbrar alternativas a uma situação-problema (adaptação acrítica). Já para aqueles alunos cujos argumentos se encaixaram dentro da perspectiva populista, o ponto crítico salientado foi uma menor participação dos habitantes da região em todo o projeto da construção da barragem porque tais pessoas, mesmo que quisessem, não tiveram um verdadeiro espaço para interlocução. Por fim, a opinião defendida dentro da perspectiva preservacionista – que foi a mais freqüente, em conjunto com a populista – revela uma visão sistêmica ou mais complexa da problemática colocada, apontando a dificuldade para a análise e tomada de posição, mas com tendência a rejeitar a construção da barragem de Alqueva. Podemos indagar sobre a importância desta intervenção pedagógico-investigativa no âmbito da inovação curricular numa perspectiva de formação para a cidadania e o papel das perspectivas apontadas na análise. 11
  • 12. Neste sentido, apontamos para algumas reflexões de carácter cognitivo e subjetivo. Primeiramente, a utilização desta estratégia CTS fez emergir valores e conceitos que foram simultaneamente sendo formandos no decurso da vida pessoal e profissional desses estudantes. Todos entraram em contatos com argumentos distintos que, neste caso, envolviam implicitamente valores diferentes. Numa primeira instância o site já forneceu estes argumentos a partir da apresentação de textos que explicitavam posições de diferentes atores e de práticas sociais. O parecer inicial dos estudantes foi baseado no diálogo entre a sua história e as opiniões apresentadas nos textos do sítio da internet. Desta forma a escolha se deu pela maior ou menor identificação com as argumentações encontradas. Neste sentido o papel do sítio foi fundamental para romper com a linearidade das opiniões dos estudantes. Poderíamos, então, questionar se o próprio sítio não se constituiu como uma estratégia suficiente de informação e formação. Afinal a grande maioria das argumentações e de suas perspectivas já estavam contempladas nele. Na nossa visão, o debate em pequenos grupos e no plenário, com a intervenção da professora da disciplina, propiciou que a relação dialógica se desse com interlocutores que não tinham necessidade de defender interesses específicos como no caso dos textos científicos, técnicos e políticos presentes no sítio e, nos quais, os argumentos eram utilizados em prol da defesa de uma “determinada causa”. Isto permitiu uma escuta diferenciada dos vários tipos de argumentos, inclusive porque os colegas escolheram posições diferentes e as mantiveram ou as modificaram após o debate. Esta “escuta nova” envolveu uma diferente organização argumentativa em função da relação com os colegas e com a professora: argumentos que durante a leitura dos textos tiveram pouquíssima ressonância ganharam força por entrarem no “diálogo” outras informações e formas de conceber e analisar o problema. Como resultado, cada um, de alguma forma construiu uma hierarquia de valores. Isto foi claramente percebido pelas opiniões manifestadas após o debate. No nosso caso, vimos que para alguns estudantes, tanto a falta de informações sobre o desenvolvimento do empreendimento numa linha histórico-cultural, como a apreciação sobre a premência da obra para o desenvolvimento econômico do país e sua projeção no âmbito da globalização europeia, foram determinantes na hierarquização de valores e, consequentemente, na tomada de posição em relação ao empreendimento. Ou seja, a hierarquização dos valores dependeu significativamente do contexto específico. Em nossa opinião a meta seria uma relativização das opiniões/argumentações e, consequentemente, da tomada de posições a partir da avaliação do contexto específico de cada caso. Ou seja, uma educação para a cidadania implica tendência para que a hierarquização de 12
  • 13. valores não seja absoluta e não priorize sistematicamente interesses dominantes de um determinado segmento da sociedade ou de uma determinada prática social. Consideramos que essa formação será otimizada quando o sujeito confrontar suas posições e valores com outras alternativas, fizer suas escolhas e se responsabilizar por elas, não se refugiando numa hierarquização de valores pré-determinado e imutável. Este processo de relativização é particularmente importante na formação de professores que têm de trabalhar com a diversidade de culturas, valores e opiniões dos estudantes e sustentar os seus investimentos na elaboração de seus saberes (Freitas, et al., 2001) 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Duschl, R. (2000). Making the nature of science explicit. In R. Millar, J. Leach & J. Osborn (Eds.), Improving science education: The contribution of research (pp. 187-206). Buckingham: Open University Press. Freitas, D; Villani, A.; Pierson, A.H.C (2001). A formação de professores em ciências: Freire dialogando com a Psicanálise. Pro-posições Campinas 12 (1), p.47-62. Millar, R. & Osborne, J. (1998). Beyond 2000: Science education for the future. London: Kings College. Newton, P., Driver, R., & Osborne, J. (2004). The place of argumentation in the pedagogy of school science. In J. Gilbert (Ed.), The RoutledgeFalmer Reader in Science Education (pp. 97-109). Londres: RoutledgeFalmer. Oliveira, H. T., Freitas, D. (2003) Desafíos y obstáculos en la incorporación de la temática ambiental en la formación inicial de maestros en la Universidad Federal de São Carlos (Brasil). In: Anais do I Foro Nacional sobre la Incorporación de la Perspectiva Ambiental en la Formación Técnica y Profesional, Potosi-México. Osborne, J. (2000). Science for citizenship. In M. Monk & J. Osborne (Eds.), Good practice in science teaching (pp. 225-240). Buckingham: Open University Press. Osborne, J., Erduran, S., Simon, S., & e Monk, M. (2001). Enhancing the quality of argumentation in school science. School Science Review, 82(301), 63-70. Reis, P. (1999). O projecto “GENET”: Biotecnologia, controvérsias e Internet. In Coelho, A. C., Almeida, A. F., Carmo, J. M. & Sousa, M. N. (Eds.), Actas do VII Encontro Nacional de Educação em Ciências (pp. 454-458). Faro: Universidade do Algarve, Escola Superior de Educação. Reis, P. (2004). Controvérsias sócio-científicas: Discutir ou não discutir? Percursos de aprendizagem na disciplina de Ciências da Terra e da Vida. Lisboa: Departamento de Educação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. [Tese de doutoramento, documento policopiado]. Reis, P. e Galvão, C. (2004). Socio-Scientific Controversies and Students' Conceptions about Scientists. International Journal of Science Education, 26(13), 1621-1633. Rudduck, J. (1986). A strategy for handling controversial issues in the secondary school. In J. J. Wellington (Ed.), Controversial issues in the curriculum (pp. 6-18). Oxford: Basil Blackwell. Sadler, T. & Zeidler, D. (2004). The morality of socioscientific issues: construal and resolution of genetic engineering dilemmas. Science Education, 88(1), 4-27. Santos, M-E, Freitas, D., Galvão, C., Oliveira, H.T. (2006) A ciência como cultura: implicações na comunicação científica - um projecto de cooperação luso-brasileiro.
  • 14. Anais do III Colóquio luso-brasileiro sobre questões curriculares. Braga: Universidade do Minho. Simmons, M. & Zeidler, D. (2003). Beliefs in the nature of science and responses to socioscientific issues. In D. L. Zeidler (Ed.), The role of moral reasoning on socioscientific issues and discourse in science education (pp. 81-94). Dordrecht: Kluwer Academic Press. Wang, H. & Schmidt, W. (2001). History, philosophy and sociology of science in science education: Results from the third international mathematics and science study. Science and Education, 10, 51-70. Zeidler, D. (2003). The role of moral reasoning on socioscientific issues and discourse in 14 science education. Dordrecht: Kluwer Academic Press.