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A QUESTIONÁVEL COMPRA DE AVIÕES CAÇAS SUECOS PELO BRASIL
Fernando Alcoforado*

Depois de um processo que durou mais de 12 anos, o governo brasileiro decidiu
comprar 36 caças Gripen NG da fabricante sueca Saab. O pacote foi fechado por US$
4,5 bilhões, um preço bem inferior ao estimado pelo mercado, que girava em torno de
US$ 7 bilhões. O primeiro avião só deverá estar pronto para voar em 2018. A Saab
desbancou o F-18 Super Hornet da americana Boeing e o Rafale da francesa Dassault. O
F-18 teria um custo operacional 50% mais alto do que o Gripen e, no caso dos Rafales
seus custos aumentariam em 100%. O Gripen NG é uma nova versão, ainda em
desenvolvimento, de outra aeronave, o Gripen CD, da mesma empresa, que já é usada
por outros países.
O argumento do governo brasileiro para a escolha dos aviões caças Gripen NG reside no
fato do modelo sueco apresentar um conjunto de vantagens em termos de desempenho,
transferência de tecnologia e custo em relação aos dois outros concorrentes. Dos três
modelos que participaram da concorrência, o Gripen NG é o único que nunca foi testado
em operações porque se encontra em desenvolvimento. Por enquanto, a empresa sueca
só dispõe de um protótipo com apenas 300 horas de voo. O acordo do governo
brasileiro com a sueca Saab prevê que 80% da estrutura dos aviões caças serão
produzidos no Brasil numa parceria com a Embraer e que, ao final, o governo brasileiro
terá o domínio da tecnologia e da propriedade do novo modelo.
Cabe observar que os caças Gripen NG da Saab ainda não foram devidamente testados
operacionalmente ao contrário do Rafale da Dassault e do Super Hornet F18 da Boeing
em termos de horas de voo. Apesar do avião da Saab não ter sido devidamente testado
operacionalmente, o governo brasileiro considerou que se tratava da alternativa da
melhor relação custo-benefício para o país, tendo em vista que o Gripen custará menos,
sua manutenção é mais barata, além de propiciar transferência de tecnologia. O
governo brasileiro considera que a escolha dos aviões caças Gripen NG da Saab ajudará
a indústria brasileira a dar um novo salto na produção tecnológica de aeronaves.
Comparando o Gripen NG da Saab com o Rafale da Dassault e o Super Hornet da
Boeing constata-se que sua vantagem se verifica no item alcance máximo com tanque
externo (4.070 Km) e no preço. O Gripen NG supera o Super Hornet F18 e se iguala ao
Rafale no raio de ação de combate (missão de ataque com tanques extras) em torno de
1.800 Km. O Gripen NG perde para seus concorrentes nos itens: 1) peso máximo para
decolagem (carregado) em Kg; 2) carga bélica em Kg; 3) alcance sem tanque externo
em Km; 4) tipo de motor (Gripen é monomotor e os demais são bimotores); 5) motor
(Gripen posui 1 turbina e os demais 2 turbinas); e, 6) altitude máxima em metros. O
Gripen NG se iguala ao Rafale e supera o Super Hornet F18 em transferência de
tecnologia
(Ver
Projeto
FX-2
no
website
<http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?mostra=2292>).
Pelo exposto, constata-se que o Gripen é um avião pequeno que foi reformulado pela
Saab para ter maior autonomia de combate tendo boa parte de seus componentes de
origem norte-americana, a começar pelo seu único motor. No artigo acima citado é
informado que o maior problema do Gripen é o curto alcance, com sua baixa autonomia
tornando-o inviável para um país continental como o Brasil com a extensa Amazônia
1
sendo sobrevoada com um único motor. Além disso, trata-se de um projeto de alto risco,
pois o avião ainda não existe porque se encontra em desenvolvimento. Por sua vez, o
Rafale apresenta a vantagem de não contar com fornecedores norte-americanos que não
admitem a transferência de tecnologia. No caso do Gripen não se sabe qual a atitude dos
fornecedores norte-americanos de seus componentes quanto à transferência de
tecnologia para o Brasil. As principais críticas contra o Rafale decorrem, no entanto, do
fato de apresentar alto custo de compra e de manutenção. O Super Hornet da Boeing foi
rejeitado, entretanto, porque não admitia transferência de tecnologia para o Brasil.
Quanto à aquisição de 36 aviões caças a serem comprados junto à Saab da Suécia é
muito pouco para fazerem frente ao desafio de assegurar a incolumidade do espaço
aéreo brasileiro que, na conjuntura atual, o Brasil deveria dispor de 1.200 caças. Isto
significa dizer que a compra dessas aeronaves não viria solucionar as debilidades da
FAB (Força Aérea Brasileira) (Ver o artigo O FX-2/3 de Dilma disponível no website
<http://www.defesabr.com/Fab/fab_novofx.htm>). Neste artigo fica evidenciado o fato
de que o Brasil não irá a lugar algum apenas pensando em pequenas aquisições como
dos caças Gripen condicionadas a uma improvável e fantasiosa transferência de
tecnologia.
O Brasil só alcançará seus objetivos de efetiva defesa do território nacional se
reestruturar a economia brasileira em novas bases com a adoção de uma estratégia de
desenvolvimento que contribua para superar a dependência econômica, financeira e
tecnológica em relação ao exterior. Depreende-se pelo exposto que a decisão do
governo brasileiro de comprar 36 aviões caças suecos, quando precisaria de no mínimo
1.200 aeronaves, é insuficiente para que a FAB possa cumprir sua missão de defesa do
país e estar à altura de enfrentar, em quantidade e qualidade, quem tente alienar
qualquer riqueza do território nacional, seja da Amazônia Verde e seja da Amazônia
Azul, a Área Marítima Jurisdicional, com as vastas riquezas petrolíferas do Pré-Sal. A
FAB deveria estar capacitada a defender as duas Amazônias, simultaneamente.
Considerando que as ameaças potenciais para o Brasil estão relacionadas com o
crescente interesse das grandes potências pelas duas Amazônias, o Brasil não poderá
tentar proteger-se desses invasores com menos de 1.200 aparelhos de superioridade
aérea de longo alcance (5.000 km ou superior) e de Médio Alcance (3.000 km ou
superior), para emprego em cenários de alta intensidade e sempre com enlace em redes
(Ver
o
artigo
O
FX-2/3
de
Dilma
disponível
no
website
<http://www.defesabr.com/Fab/fab_novofx.htm>). Esta condição não é alcançada,
entretanto, com a compra dos 36 aviões caças Gripen da Saab.
Constata-se pelo exposto que a decisão tomada pelo governo Dilma Roussef não foi a
que melhor atende aos requisitos de proteção do território nacional porque o caça
Gripen é um avião pequeno, possui um único motor, é de curto alcance, com baixa
autonomia tornando-se inviável para um país continental como o Brasil. Além disso, a
decisão de compra dos 36 aviões caças suecos é paliativa porque não atende às
necessidades do País que demanda 1.200 aeronaves para cumprir a missão de defesa do
Brasil. É evidente que os recursos necessários para a aquisição de 1.200 aviões caças e
equipar em nível adequado as forças armadas brasileiras para assumir seu papel de
defesa da soberania nacional requereria a adoção de mudanças na política econômica
neoliberal do governo federal que privilegia o pagamento dos juros e a amortização da
dívida pública interna e externa ao sistema financeiro nacional e internacional.

2
O povo brasileiro e, em particular, o setor militar do Brasil precisam exigir do governo
Dilma Roussef a mudança da política econômica neoliberal em vigor que contribui para
que metade do orçamento da União seja destinada ao pagamento do serviço da dívida
pública interna e externa em detrimento das necessidades do País na infraestrutura
econômica (energia, transportes e comunicações) e social (educação, saúde, saneamento
básico e habitação) e, também, da defesa nacional que em 2013 foram destinados
recursos equivalentes a 1,72% do orçamento total do governo federal. Em outras
palavras, só haverá aumento de recursos para atender as necessidades do País, inclusive
das forças armadas, se houver menor destinação de recursos do orçamento da União
para o sistema financeiro nacional e internacional.
*Fernando Alcoforado, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional
pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico,
planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos
livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem
Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000),
Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de
Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento
(Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos
Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the
Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe
Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e
combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e
Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), entre
outros.

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  • 1. A QUESTIONÁVEL COMPRA DE AVIÕES CAÇAS SUECOS PELO BRASIL Fernando Alcoforado* Depois de um processo que durou mais de 12 anos, o governo brasileiro decidiu comprar 36 caças Gripen NG da fabricante sueca Saab. O pacote foi fechado por US$ 4,5 bilhões, um preço bem inferior ao estimado pelo mercado, que girava em torno de US$ 7 bilhões. O primeiro avião só deverá estar pronto para voar em 2018. A Saab desbancou o F-18 Super Hornet da americana Boeing e o Rafale da francesa Dassault. O F-18 teria um custo operacional 50% mais alto do que o Gripen e, no caso dos Rafales seus custos aumentariam em 100%. O Gripen NG é uma nova versão, ainda em desenvolvimento, de outra aeronave, o Gripen CD, da mesma empresa, que já é usada por outros países. O argumento do governo brasileiro para a escolha dos aviões caças Gripen NG reside no fato do modelo sueco apresentar um conjunto de vantagens em termos de desempenho, transferência de tecnologia e custo em relação aos dois outros concorrentes. Dos três modelos que participaram da concorrência, o Gripen NG é o único que nunca foi testado em operações porque se encontra em desenvolvimento. Por enquanto, a empresa sueca só dispõe de um protótipo com apenas 300 horas de voo. O acordo do governo brasileiro com a sueca Saab prevê que 80% da estrutura dos aviões caças serão produzidos no Brasil numa parceria com a Embraer e que, ao final, o governo brasileiro terá o domínio da tecnologia e da propriedade do novo modelo. Cabe observar que os caças Gripen NG da Saab ainda não foram devidamente testados operacionalmente ao contrário do Rafale da Dassault e do Super Hornet F18 da Boeing em termos de horas de voo. Apesar do avião da Saab não ter sido devidamente testado operacionalmente, o governo brasileiro considerou que se tratava da alternativa da melhor relação custo-benefício para o país, tendo em vista que o Gripen custará menos, sua manutenção é mais barata, além de propiciar transferência de tecnologia. O governo brasileiro considera que a escolha dos aviões caças Gripen NG da Saab ajudará a indústria brasileira a dar um novo salto na produção tecnológica de aeronaves. Comparando o Gripen NG da Saab com o Rafale da Dassault e o Super Hornet da Boeing constata-se que sua vantagem se verifica no item alcance máximo com tanque externo (4.070 Km) e no preço. O Gripen NG supera o Super Hornet F18 e se iguala ao Rafale no raio de ação de combate (missão de ataque com tanques extras) em torno de 1.800 Km. O Gripen NG perde para seus concorrentes nos itens: 1) peso máximo para decolagem (carregado) em Kg; 2) carga bélica em Kg; 3) alcance sem tanque externo em Km; 4) tipo de motor (Gripen é monomotor e os demais são bimotores); 5) motor (Gripen posui 1 turbina e os demais 2 turbinas); e, 6) altitude máxima em metros. O Gripen NG se iguala ao Rafale e supera o Super Hornet F18 em transferência de tecnologia (Ver Projeto FX-2 no website <http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?mostra=2292>). Pelo exposto, constata-se que o Gripen é um avião pequeno que foi reformulado pela Saab para ter maior autonomia de combate tendo boa parte de seus componentes de origem norte-americana, a começar pelo seu único motor. No artigo acima citado é informado que o maior problema do Gripen é o curto alcance, com sua baixa autonomia tornando-o inviável para um país continental como o Brasil com a extensa Amazônia 1
  • 2. sendo sobrevoada com um único motor. Além disso, trata-se de um projeto de alto risco, pois o avião ainda não existe porque se encontra em desenvolvimento. Por sua vez, o Rafale apresenta a vantagem de não contar com fornecedores norte-americanos que não admitem a transferência de tecnologia. No caso do Gripen não se sabe qual a atitude dos fornecedores norte-americanos de seus componentes quanto à transferência de tecnologia para o Brasil. As principais críticas contra o Rafale decorrem, no entanto, do fato de apresentar alto custo de compra e de manutenção. O Super Hornet da Boeing foi rejeitado, entretanto, porque não admitia transferência de tecnologia para o Brasil. Quanto à aquisição de 36 aviões caças a serem comprados junto à Saab da Suécia é muito pouco para fazerem frente ao desafio de assegurar a incolumidade do espaço aéreo brasileiro que, na conjuntura atual, o Brasil deveria dispor de 1.200 caças. Isto significa dizer que a compra dessas aeronaves não viria solucionar as debilidades da FAB (Força Aérea Brasileira) (Ver o artigo O FX-2/3 de Dilma disponível no website <http://www.defesabr.com/Fab/fab_novofx.htm>). Neste artigo fica evidenciado o fato de que o Brasil não irá a lugar algum apenas pensando em pequenas aquisições como dos caças Gripen condicionadas a uma improvável e fantasiosa transferência de tecnologia. O Brasil só alcançará seus objetivos de efetiva defesa do território nacional se reestruturar a economia brasileira em novas bases com a adoção de uma estratégia de desenvolvimento que contribua para superar a dependência econômica, financeira e tecnológica em relação ao exterior. Depreende-se pelo exposto que a decisão do governo brasileiro de comprar 36 aviões caças suecos, quando precisaria de no mínimo 1.200 aeronaves, é insuficiente para que a FAB possa cumprir sua missão de defesa do país e estar à altura de enfrentar, em quantidade e qualidade, quem tente alienar qualquer riqueza do território nacional, seja da Amazônia Verde e seja da Amazônia Azul, a Área Marítima Jurisdicional, com as vastas riquezas petrolíferas do Pré-Sal. A FAB deveria estar capacitada a defender as duas Amazônias, simultaneamente. Considerando que as ameaças potenciais para o Brasil estão relacionadas com o crescente interesse das grandes potências pelas duas Amazônias, o Brasil não poderá tentar proteger-se desses invasores com menos de 1.200 aparelhos de superioridade aérea de longo alcance (5.000 km ou superior) e de Médio Alcance (3.000 km ou superior), para emprego em cenários de alta intensidade e sempre com enlace em redes (Ver o artigo O FX-2/3 de Dilma disponível no website <http://www.defesabr.com/Fab/fab_novofx.htm>). Esta condição não é alcançada, entretanto, com a compra dos 36 aviões caças Gripen da Saab. Constata-se pelo exposto que a decisão tomada pelo governo Dilma Roussef não foi a que melhor atende aos requisitos de proteção do território nacional porque o caça Gripen é um avião pequeno, possui um único motor, é de curto alcance, com baixa autonomia tornando-se inviável para um país continental como o Brasil. Além disso, a decisão de compra dos 36 aviões caças suecos é paliativa porque não atende às necessidades do País que demanda 1.200 aeronaves para cumprir a missão de defesa do Brasil. É evidente que os recursos necessários para a aquisição de 1.200 aviões caças e equipar em nível adequado as forças armadas brasileiras para assumir seu papel de defesa da soberania nacional requereria a adoção de mudanças na política econômica neoliberal do governo federal que privilegia o pagamento dos juros e a amortização da dívida pública interna e externa ao sistema financeiro nacional e internacional. 2
  • 3. O povo brasileiro e, em particular, o setor militar do Brasil precisam exigir do governo Dilma Roussef a mudança da política econômica neoliberal em vigor que contribui para que metade do orçamento da União seja destinada ao pagamento do serviço da dívida pública interna e externa em detrimento das necessidades do País na infraestrutura econômica (energia, transportes e comunicações) e social (educação, saúde, saneamento básico e habitação) e, também, da defesa nacional que em 2013 foram destinados recursos equivalentes a 1,72% do orçamento total do governo federal. Em outras palavras, só haverá aumento de recursos para atender as necessidades do País, inclusive das forças armadas, se houver menor destinação de recursos do orçamento da União para o sistema financeiro nacional e internacional. *Fernando Alcoforado, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), entre outros. 3