O documento discute os riscos das mudanças climáticas e como evitá-las. A temperatura média global aumentou 0,85°C desde 1880 e pode subir 4°C até 2100, causando secas, inundações e extinção de espécies. É preciso reduzir as emissões de gases de efeito estufa mudando para fontes renováveis de energia e melhorando a eficiência energética. A reunião de Paris em 2016 visa um acordo para limitar o aquecimento a menos de 2°C.
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COMOEVITARASCATÁSTROFESNOCLIMADATERRA
FernandoAlcoforado*
A humanidade sedefronta comuma fronteira temporalque não é 2100, masbem maiscedo,2030!Esta
data não é arbitrária. Em 2030, viveremos em um planeta que terá cerca de 9 bilhões de habitantes dos
quaisdoisterços vivendo emuma Terra saturada de poluição e dejetosjá afetadapor uma alta sensívelde
temperaturas. Em 2030, estaremos entrando em uma fase de penúria em relação ao petróleo e de forte
tensão sobre outros combustíveis fósseis, em um contexto de redução dos recursos naturais e
empobrecimentodeterrascultiváveis. Paraenfrentaros gravesproblemasambientaisdoplanetanãobasta
apontar soluções técnicas por mais geniais que sejam, mas, sobretudo inventar uma nova civilização.
Todo o esforço que se realize para reduzir ou eliminar os gasesdo efeito estufa do planeta Terra não será
suficientesemaemergênciadeumanovaordempolíticaeéticacomumparatodaahumanidade.
Aconcentração de gáscarbônico naatmosferaque erade280ppm (partículaspor milhão)em volume no
início da era industrial deverá alcançar no século XXI valores entre 540 e 970 ppm. Este aumento da
concentração degáscarbônico é responsávelpor 70%do aquecimento globalem curso.O mundo está
diante de um desafio que é o de não permitir o aquecimento global no século XXI
superior a dois graus centígrados. Para evitar um aquecimento do planeta superior a 2º
C, seria preciso estabilizar as concentrações de dióxido de carbono (e equivalentes) em
450 ppm (partes por milhão). Para isso, as emissões mundiais terão que ser reduzidas
abaixo de seus níveis de 1990. Reduzir as emissões em relação aos níveis de 1990 é um
desafio gigantesco. Basta considerar que a Agência Internacional de Energia (AIE), ao
projetar as tendências recentes e as políticas existentes, faz previsão de aumento de 50%
da demanda energética até 2030, com continuada dependência dos combustíveis fósseis.
Modelos climáticos referenciados pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas) da ONU projetam que as temperaturas globais de superfície
provavelmente aumentarão no intervalo entre 1,1 e 6,4 °C entre 1990 e 2100 em face
dos níveis cada vez maiores de dióxido de carbono (CO2) e metano na atmosfera. Este
cenário só não acontecerá se as emissões globais de CO2 e metano forem cortadas (Ver
o website http://www.ipcc.ch). No mundo, os combustíveis fósseis (petróleo e carvão),
sobretudo o petróleo, são responsáveis por 77% das emissões de dióxido de carbono na
atmosfera contribuindo decisivamente para o aquecimento global do planeta que, se
prognostica, poderá levar o planeta a um cenário climático catastrófico a partir das
próximas décadas. O uso de combustíveis fósseis na agricultura e na pecuária, na
indústria, nos transportes, residências e no comércio e na produção de energia nas
usinas termelétricas são os principais vilões do efeito estufa, além do desmatamento.
Para a consecução do objetivo de redução das emissões mundiais de gases do efeito
estufa, torna-se um imperativo reduzir as emissões globais de carbono promovendo,
entre outras medidas, mudanças no atual modelo energético mundial baseado
atualmente em combustíveis fósseis (carvão e petróleo) e nucleares, por outro
estruturado fundamentalmente com base nos recursos energéticos renováveis, na
hidroeletricidade, na biomassa e nas fontes de energia solar e eólica para evitar ou
minimizar o aquecimento global e, consequentemente, a ocorrência de mudanças
catastróficas no clima da Terra. Além disso, é preciso que se desenvolva uma política de
economia de energia na cidade e no campo, nas edificações, na agricultura, nas
indústrias e nos meios de transporte em geral contribuindo, dessa forma, para a redução
das emissões globais de carbono e, consequentemente, do efeito estufa.
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Desde a assinatura do Tratado deKyoto sobreo clima em1997 e as reuniõessucessivas visando evitar a
ocorrência da mudança climática catastrófica globalque se prognosticanão tem havido grande progresso
no combate ao aquecimento global. Segundo aNASA, as concentrações de gases que provocam o
efeito estufa na atmosfera alcançaram o nível mais elevado dos últimos 800 mil anos. A
temperatura média na superfície da Terra e dos oceanos aumentou 0,85ºC entre 1880 e 2012,
um aquecimento de velocidade inédita. De acordo com o documento da NASA, a Terra
caminha atualmente para um aumento de pelo menos 4º C até 2100 na comparação com
nível da era pré-industrial, o que provocará grandes secas, inundações, aumento do nível do
mar e extinção de muitas espécies, além de fome, populações deslocadas e conflitos
potenciais.
O ano de 2014 foi o mais quente do planeta desde o início dos registros em 1880,
revelou o relatório divulgado pela Agência Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla
em inglês) dos Estados Unidos. Dezembro também marcou uma temperatura média na
superfície da Terra e dos oceanos sem precedentes nos últimos 134 anos para este
período do ano. O relatório da agência informa que o recorde de aquecimento se
propagou pelo mundo. A agência disse ainda que as medições realizadas pela NASA de
forma independente chegam às mesmas conclusões. Quando são analisadas
separadamente as superfícies da terra e dos oceanos, ambos os registros também
marcam recordes. Globalmente, a temperatura média da superfície dos mares foi a
maior da história, 0,57° C acima da média do século XX, enquanto a da superfície da
terra ultrapassou em 1° C esta mesma média.
No início de dezembro, a OMM (Organização Meteorológica Mundial) da ONU, havia
antecipado que 2014 seria o ano mais quente já registrado no mundo. As regiões polares
da Terra são locais onde a mudança climática está tendo impactos visíveis e
significativos. O gelo marinho no Ártico diminuiu drasticamente nos últimos anos. As
plataformas de gelo da Antártica estão se desintegrando e rompendo. A Antártica é a
maior massa congelada com 90% do gelo da Terra. A maior parte do gelo fica na
Antártica Oriental que é mais alta, mais fria e menos propensa a derreter. Na Antártica
Ocidental, parte do gelo está em depressões vulneráveis a derretimento. Dados da
Agência Espacial Europeia indicam que o continente antártico desprendeu 160 bilhões
de toneladas métricas de gelo por ano de 2010 a 2013.
Para calcular a temperatura do planeta inteiro, são combinados os dados da temperatura
dos oceanos (que cobrem aproximadamente dois terços do planeta) com a temperatura
de terra firme. Os pesquisadores utilizam, ao todo, dados de 6.300 estações
meteorológicas, de medições nos oceanos por navios e de estações de pesquisa na
Antártica. Uma das consequências do degelo dos polos e das cordilheiras é a elevação
do nível dos mares fazendo com que áreas costeiras e ilhas em todo o mundo fiquem
submersas. Geleiras menores em regiões de grande altitude nos Andes, nos Alpes e no
Himalaia, assim como no Alasca, estão em processo ainda maior de derretimento que
fariam o nível do mar subir cerca de 0,5 metro. As calotas glaciais da Antártica e da
Groenlândia juntas contêm cem vezes mais gelo do que todas as geleiras de montanha
reunidas. A Groenlândia, com 10% do gelo do mundo, pode elevar o nível do mar em
sete metros.
Recentemente, encontro realizado em Lima no Peru delineou os elementos principais do
próximo acordo global do clima, a ser assinado no fim de 2016 em Paris. O texto final,
"Chamamento de Lima para a Ação sobre o Clima", aponta os elementos principais do
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próximo acordo global do clima visando a redução de emissões de gases de efeito-estufa
no período pós-2030. Espera-se que, em Paris, em 2016, o mundo chegue, finalmente, a
um acordo. O objetivo é evitar que a temperatura média do planeta não ultrapasse 2º C
fazendo as emissões de carbono pararem de crescer nos próximos cinco ou dez anos e
levá-las a zero em 2100. Além da redução dos gases do efeito estufa, espera-se que em
Paris seja dado início à formulação de uma nova ordem mundial, uma nova civilização, a
ser edificada que contribua para organizar as relações entre os homens na face da Terra,
bem como suas relações com a natureza.
* Fernando Alcoforado, 75, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em
Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor
universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento
regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São
Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo,
1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do
desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,
http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel,
São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era
Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social
Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG,
Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora,
Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global
(Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e Os Fatores Condicionantes do
Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), entre outros.