O documento discute como o filme O Rei Leão pode ser usado como uma ferramenta didática, permitindo que os alunos aprendam sobre uma variedade de tópicos através da história. O filme explora conceitos de biologia, psicologia, sociologia, física e outras disciplinas. Ele também retrata temas universais como amor, morte, inveja e responsabilidade.
1. Tema: O Filme como Recurso Didático
Subtema: Análise do filme O Rei Leão
O filme é uma ótima ferramenta para estimular o interesse e o aprendizado,
possibilitando a aquisição de conhecimentos, além de permitir o desenvolvimento
cognitivo e despertar a criticidade do aluno, exercitando-o para a independência
intelectual. O interessante é escolher um filme que possa trabalhar uma gama de
conteúdos que despertem focos diferentes de interesses peculiares a cada
disciplina. O Rei Leão é um filme que nos dá essa possibilidade e uma visão de
complexidade na dimensão histórica e racional do conhecimento.
O Rei Leão
“...É um ciclo sem fim, que nos guiará
a dor e a emoção, a fé e o amor
até encontrar, o nosso caminho
nesse ciclo sem fim”
(Refrão da música de abertura)
O Rei Leão é um épico da Walt Disney produzido por Don Hahn, ganhador de três
Globos de Ouro que traz uma brilhante trilha sonora de músicas africanas,
compostas por Elton John e Tim Rice, que simplesmente tornam as cenas
mágicas. É um filme de oitenta e oito minutos, marcante e fascinante por mostrar
uma riqueza e beleza ímpar do ambiente ecológico faunístico e florístico da
África.
Dirigido com sensibilidade e delicadeza por Roger Allers e Rob Minkoff, o filme
fala do amor entre o soberano Rei Mufasa e seu fillho ingênuo Simba, tendo como
fio condutor a disputa política e a inveja entre os leões e os extremos de uma das
cadeias alimentares peculiares da área, a qual apresenta em uma das
extremidades os leões e na outra as hienas. Trabalha com maniqueísmo os
sentimentos mais fortes presentes no ser humano como afeto, morte, inveja,
egoísmo, responsabilidade, exclusão, lealdade, perseverança e outros mostrados
nos ideais, rituais e no encontro de gerações. Há uma busca incessante para
recuperar o verdadeiro destino do ciclo da vida e manutenção das funções de
2. cada ser vivo que integra o mesmo. Representando este épico, têm-se os
seguintes personagens: Simba, Saraíba, Scar, Mufasa, Nala, Timão, Tumba,
Zazu e o babuíno Rafiki, considerado um sábio em meio aos outros seres vivos.
Scar, irmão de Mufasa, se achava inteligente embora se sentisse rejeitado por
não possui a força dos leões. Personificação da inveja, Scar foi pernóstico ao
projetar a morte do irmão através das situações de perigo em que colocava seu
sobrinho Simba como isca para atrair o pai, além de perspicazmente induzir o
sentimento de culpa em Simba. O jogo político pelo poder é observado na cena
em que Scar convence as hienas com promessas para se aliar a ele. Tudo isso,
simplesmente, para assumir o lugar do rei. Após a morte de Mufasa começa uma
nova era na Pedra do Rei com Scar e hienas juntos no poder, o que nitidamente
ocasionou o desequilíbrio ecológico.
Simba, um adolescente leãozinho buscando descobrir o mundo com a curiosidade
de todo adolescente e como tal, aparentemente destemido não medindo as
conseqüências dos próprios atos, é envolvido nas tramas do tio Scar para matar
seu pai e no sentimento de culpabilidade pela morte do mesmo, o que o leva a
afastar-se do seu reino. Lá fora, aprende uma nova lição: “Quando o mundo vira
as costas para você, você vira as costas para o mundo. Viver é esquecer os
problemas. Hakuna matata.” Assim, adapta-se a um estilo de vida
despreocupado e com novos hábitos alimentares, na companhia de divertidos
amigos, totalmente diferente da vida anterior e dos ensinamentos de seu pai, a
qual o conduz a esquecer suas responsabilidades como futuro rei.
Durante o enredo, aborda-se uma diversidade enorme de conteúdos, sob
diferentes aspectos, passeando por muitas disciplinas didáticas. Pode-se
trabalhar os conceitos de cadeia alimentar e a importância de cada ser vivo dentro
da mesma, ciclo da vida, fauna e flora africana, relações ecológicas (predatismo,
parasitismo, comensalismo, protocooperação...), desequilíbrio ecológico natural e
artificial, adaptação ao ambiente, nicho ecológico, hábitos e hábitat de diferentes
mamíferos, aves, répteis, insetos, minhocas e larvas, bem como a mudança dos
mesmos como conseqüência de novas relações dentro do ambiente,
3. hereditariedade, paisagismo, componentes da floresta secundária, sucessão
ecológica e resistência física dentro da Biologia, Anatomia, Zoologia e Genética.
A busca de conhecimentos de Simba sobre o mundo e sobre si mesmo pode
conduzir a uma discussão em Psicologia, das descobertas do adolescente, perda
e busca da identidade, sua ingenuidade, curiosidade e rebeldia, além de ser
possível trabalhar o conflito entre pais e filhos, a coerência e o sentimento de
medo dos pais em perder seus amados filhos. Pode-se ainda discutir sobre os
sentimentos que movem o ser humano como a inveja, o egoísmo, a cobiça, o
oportunismo, a tristeza, a depressão, a culpa, o oportunismo, a traição, a morte,
perseverança, amizade, confiança, lealdade, ciúme, internalização de culpas, fuga
da realidade e responsabilidade. Os rituais, as tradições e a magia expostos no
filme permitem discutir a espiritualidade e sua importância para o equilíbrio de
gerações. As cenas do encontro entre Nala e Simba, abrem uma brecha para se
trabalhar a sexualidade, o amor, o desejo, a paixão, a sedução e o sexo.
Dentro da Sociologia pode-se resgatar os conceitos de exclusão, inclusão,
machismo, relações de gênero, tecnologia, política, politicagem, hierarquia,
conspiração, tirania, abuso de poder e a importância da rotatividade de
lideranças. Em Física, tem-se a discussão sobre a força, velocidade, inércia,
indução e movimentos. A partir da cena do encontro de Simba com a sua imagem
refletida na água, é possível trabalhar os conceitos de espelho, luz e reflexo. O
tempo cronológico e a lógica dos acontecimentos podem ser discutidos em
Matemática. Em Geociências, pode-se discutir sobre as estrelas, astronomia,
cânion, cavernas, rochas, solo, erosão e relevo. Tomando como ponto de partida
a frase citada pelo personagem Scar “A verdade depende do ponto de vista de
quem vê”, pode-se trabalhar os diversos conceitos de verdade na disciplina
Filosofia.
Enfim, o filme mostra que desde que nascemos caminhamos na busca de
encontrar nosso caminho, errando e aprendendo, pois na busca de
conhecimentos que nos situa nesse caminho, há muita coisa para ser descoberta
mais que a imaginação e o tempo possam permitir.
Ana Cristina Ramos da Silva