As metodologias ágeis vieram com a proposta de flexibilizar a alegadamente engessada metodologia de desenvolvimento de software tradicional, focando nos indivíduos em detrimento de demasiados registros. Isso cria, e com razão, a ideia de que as metodologias ágeis não capturam o conhecimento gerado, fator imprescindível à qualidade do software. Iniciativas nesse sentido, como a XP
(eXtreme Programming), vêm ganhando espaço em cenários marcados por estarem voltados quase inteiramente aos clientes. Este trabalho procura preencher essa lacuna com a utilização da Gestão do Conhecimento, disciplina que está em crescimento.
Este artigo foi desenvolvido como forma de avaliação da matéria Qualidade de Software do curso de Sistemas de Informação da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
POO - Aula 02 - Fatores de Qualidade de Software e Introdução ao Java
Gestão do conhecimento em métodos ágeis
1. UTILIZAÇÃO DA GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS METODOLOGIAS
ÁGEIS PARA MELHORIA DA QUALIDADE DE SOFTWARE
Diego Armando de Oliveira Meneses
Universidade Federal de Sergipe, Campus São Cristóvão
Felipe José Rocha Vieira
Universidade Federal de Sergipe, Campus São Cristóvão
Roberto Pizzi Gomes Neto
Universidade Federal de Sergipe, Campus São Cristóvão
Resumo As metodologias ágeis vieram com a
proposta de flexibilizar a alegadamente engessada Palavras-chave Qualidade de Software,
metodologia de desenvolvimento de software Metodologia Ágil, Gestão do Conhecimento.
tradicional, focando nos indivíduos em detrimento de
demasiados registros. Isso cria, e com razão, a ideia de
que as metodologias ágeis não capturam o 1. INTRODUÇÃO
conhecimento gerado, fator imprescindível à qualidade
do software. Iniciativas nesse sentido, como a XP Nos dias atuais muito se é falado sobre qualidade de
(eXtreme Programming), vêm ganhando espaço em software, métricas, processos de desenvolvimento e
cenários marcados por estarem voltados quase outros termos que tornam-se presentes no jargão dos
inteiramente aos clientes. Este trabalho procura analistas de sistemas. A busca por metodologias que
preencher essa lacuna com a utilização da Gestão do garantam o bom desenvolvimento do software, e por
Conhecimento, disciplina que está em crescimento. Esta conseguinte a qualidade, é uma constante. Processos
disciplina tem como objeto de estudo técnicas de bem definidos, atividades bem delineadas, papéis claros
obtenção, armazenamento e distribuição de e documentação robusta compõem a estrutura de um
conhecimento, o que tende a funcionar suprindo a bom projeto.
suposta deficiência das metodologias ágeis, que não A eficácia na utilização destes princípios é comprovada
burocratizam a maioria das formalidades. Como em várias áreas do conhecimento, áreas as quais os
ferramentas para auxílio nesse esforço, este trabalho pesquisadores de desenvolvimento de sistemas
ilustra a utilização da Web 2.0, que possibilita registrar consultaram para fortalecer suas ideias, unindo-as com a
artefatos e mesmo as interações entre integrantes de experiência adquirida na produção de software,
forma mais espontânea. construindo assim, bons materiais de referência.
Ao observar estes materiais, percebe-se um grande foco
Abstract The agile methods came with the proposal no processo de desenvolvimento de software. Estrutura
of easing the allegedly plastered traditional composta por pessoas, ferramentas e processos, onde as
methodology of software development, focusing on duas primeiras são transitórias, e a última perdura pela
individuals rather than too many records. They create, organização. Com isto, a indefinição dos processos
and rightly so, the idea that agile methods do not podem debilitar a boa sequência do projeto.
capture the generated knowledge, an important factor No entanto, neste processo não se pode minimizar a
to the quality of software. Initiatives in this direction, importância das pessoas que compõem a equipe de
such as XP (eXtreme Programming), are gaining space desenvolvimento de sistemas, pois elas são a força
in settings marked by being directed almost entirely to motriz que possibilitam a construção do produto de
customers. This paper seeks to fill that gap with the use software. Com esta preocupação, um grupo de
of Knowledge Management, a discipline which is estudiosos se uniu e lançou o manifesto ágil, com
growing. This discipline has as its object of study grande foco nas pessoas, pois colaboradores com
techniques for obtaining, storing and distribution of qualidade e motivados, produzem com maior eficiência
knowledge, which tends to work supplying the supposed e eficácia.
weakness of agile methodologies, that not bureaucratise Muito se é discutido sobre qual dos dois focos é o mais
most procedures. As a tool to aid in this effort, this work importante, a flexibilidade da metodologia ágil ou a
illustrates the use of Web 2.0, which enables recording robustez do processo de desenvolvimento bem definido
artifacts and even the interactions between members e documentado. As benesse de ambos são claras, mas
more spontaneously. observamos falhas, na metodologia ágil, as vezes, a falta
2. de documentação dificulta o processo de manutenção Leidner, 1999). Mais recentemente, outros campos
durante o ciclo de vida do software. Já no outro, começaram a contribuir para a investigação da GC;
algumas situações acarretam uma sobrecarga de estas incluem meios de comunicação, ciência da
documentação. computação, saúde pública e política pública.
Este artigo tem o intuito de reduzir os problemas da Muitas das grandes empresas e organizações sem fins
falta de documentação presente na metodologia ágil, lucrativos têm recursos dedicados aos esforços de GC
tentando ao máximo absorver o conhecimento presente internos, muitas vezes como parte de seus
nos colaboradores através de técnicas da gestão do departamentos de "estratégia de negócio", "tecnologia
conhecimento com o apoio de ferramentas da baseadas da informação" ou "gestão de recursos humanos"
nos princípios colaborativos da Web 2.0, buscando o (Addicott, McGivern & Ferlie, 2006). Também existem
melhoramento da qualidade do processo e produto de várias empresas de consultoria que fornecem estratégia
software. e aconselhamento sobre GC para essas organizações.
O artigo está estruturado da seguinte forma: na seção 2 é Esforços em Gestão do Conhecimento normalmente
apresentado o referencial teórico que serviu como ponto concentram-se em objetivos organizacionais, como
inicial para o desenvolvimento do artigo, a seção 3 melhorar o desempenho, a vantagem competitiva, a
mostrará como a metodologia ágil propicia a qualidade inovação, a partilha de lições aprendidas, integração e a
do software e os pontos fracos dessa. Já na quarta seção, melhoria contínua da organização. Esses esforços
o foco estará nas ações que podem ser tomadas para sobrepõem-se à aprendizagem organizacional e podem
reduzir os pontos fracos na busca da qualidade, com a ser distintos do que por um maior enfoque sobre a
apresentação de algumas ferramentas. O artigo é gestão do conhecimento como um ativo estratégico e
finalizado com a conclusão e a apresentação de um enfoque no incentivo à partilha de conhecimentos.
possíveis trabalhos futuros. Eles podem ajudar indivíduos e grupos a compartilhar
1.1 Trabalhos relacionados informações organizacionais valiosas, reduzir
redundâncias de trabalho, evitar “reinventar a roda”,
Parreiras e Oliveira (2004) avaliaram o impacto da
reduzir o tempo de treinamento de novos funcionários,
gestão de conhecimento em diferentes processos de
manter o capital intelectual em meio à rotatividade de
desenvolvimento de software. Já Black e Jacobs (2010)
funcionários de uma organização e a adaptarem-se à
usaram as ferramentas disponibilizadas pela Web 2.0
mudança de ambientes e mercados (McAdam &
para a melhoria da qualidade de software. Esta pode ser
McCreedy, 2000) (Thompson & Walsham, 2004).
alcançada através de metodologias ágeis, como
demonstraram Namioka e Bran (2004), quando 2.1.1 Hierarquia DIKW
aplicaram-nas num projeto de desenvolvimento e este A "hierarquia DIKW", também diversas vezes
passou na auditoria ISO. conhecida como "Hierarquia de sabedoria", "Hierarquia
Este trabalho objetiva ilustrar as metodologias ágeis e as de conhecimento", "Hierarquia de informações" e
tradicionais; as primeiras marcadas pela valorização do "Pirâmide do conhecimento" (Rowley, 2007), refere-se
conhecimento, contra a geração de artefatos vagamente a uma classe de modelos (Zins, 2007) para a
institucionalizada pelas segundas. A apreensão do representação de supostas relações estruturais e/ou
conhecimento apoia-se na Gestão do Conhecimento funcionais entre os dados, informações, conhecimentos
auxiliada pelas facilidades oferecidas na Web 2.0. e sabedoria (do inglês: data, information, knowledge e
wisdom, respectivamente). Normalmente informações
2. REFERENCIAL TEÓRICO são definidas em termos de dados, conhecimentos em
termos de informação e a sabedoria em termos de
Para o desenvolvimento da pesquisa foram compiladas
conhecimento (Rowley, 2007).
informações consideradas fundamentais e pertinentes ao
assunto. Estas apontam a linha de raciocínio seguida e Nem todas as versões do modelo DIKW referenciam a
estão estruturadas em quatro grupos: gestão do todos os quatro componentes (nas versões anteriores,
conhecimento, Web 2.0, metodologias ágeis e qualidade não incluíam os dados, nas versões posteriores, omitiam
de software. ou desvalorizavam a sabedoria), e alguns incluem
componentes adicionais. Além de uma hierarquia e uma
2.1 Gestão do conhecimento
pirâmide, o modelo DIKW também tem sido
Gestão do conhecimento (GC) compreende uma série de caracterizado como uma cadeia (Zeleny, 2005)
estratégias e práticas utilizadas em uma organização (Lievesley, 2006), como um quadro e como um
para identificar, criar, representar, distribuir e permitir a continuum.
adoção de ideias e experiências. Tais ideias e
A apresentação das relações entre dados, informações,
experiências abrangem conhecimentos, corporizadas em
conhecimentos e, por vezes sabedoria em uma
indivíduos ou incorporadas em processos ou práticas
organização hierárquica tem sido parte da linguagem da
organizacionais.
ciência da informação durante muitos anos. Embora seja
Uma disciplina estabelecida desde 1991 (Nonaka, incerto quando e por quem essas relações foram
1991), a GC inclui cursos ensinados nas áreas de apresentadas pela primeira vez, a ubiquidade da noção
administração de empresas, sistemas de informação, de uma hierarquia incorporada a utilização do acrônimo
biblioteconomia e ciência da informação (Alavi & DIKW como uma representação de forma abreviada
3. para a transformação dados-para-informação-para- modelos de desenvolvimento e modelos de negócios
conhecimento-para-sabedoria. leves.
O modelo DIKW é utilizado implicitamente, em Atualmente, já se consegue perceber o amadurecimento
definições de dados, informações e conhecimento em da Web 2.0, pois muitos dos serviços que iniciaram este
gerenciamento de informações, sistemas de informação “boom” foram adquiridos por grandes organizações,
e literatura de gestão de conhecimento, mas houve como o Youtube e FeedBurner pelo Google e
discussão direta limitada da hierarquia (Rowley, 2007). Del.icio.us e Flickr pelo Yahoo!, entre outros.
Revisões de livros didáticos (Rowley, 2007) e um 2.3 Metodologias ágeis
estudo de pesquisadores nos campos relevantes (Zins,
Metodologias ágeis são coleções de metodologias de
2007) indicam que não há um consenso quanto às
software, que seguem o mesmo princípio dos processos
definições utilizadas no modelo e ainda menos na
de desenvolvimento, onde estruturas conceituais são
descrição dos processos que transformam os elementos
criadas para a elaboração de um software eficiente e
mais baixos na hierarquia em aqueles acima deles
previsível. A diferença é que as metodologias ágeis têm
(Rowley, 2007).
o foco em iterações mais rápidas, simplificação do
2.2 Web 2.0 processo, menos centradas em documentação, e
O termo Web 2.0, conhecido também como Web Social também, são caracterizadas como um antídoto contra a
ou Web Colaborativa, não está caracterizado por novas burocracia (Fowler, 2005).
especificações técnicas da Web. E sim, por ampliar as As metodologias ágeis devem ser analisadas não do
formas de publicar, compartilhar e organizar ponto de vista de sua leveza, mas sim em sua natureza
informações, aumentando a interação entre os usuários. adaptável e na sua tendência em colocar as pessoas em
Isto descaracteriza uma nova versão da Web, na primeiro lugar. Para se alcançar essa agilidade é
verdade, o que ocorreu foi uma nova visão da mesma necessário eficácia e eficiência, criando um equilíbrio
(tabela 1), abrindo novas possibilidades, inexistentes entre nenhum processo e muito processo, provendo
anteriormente. apenas o suficiente de processo para obter um retorno
Web Web 2.0 razoável (Fowler, 2005).
Complexidade Simplicidade Outras características que fazem parte das metodologias
Audiência de Massa Nichos ágeis são: liderança, envolvimento das pessoas,
Proteger Compartilhar
melhoria contínua e tomada de decisões baseada em
análise de dados e informações.
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Depois do surgimento de algumas metodologias ágeis,
Precisão Disponibilização Rápida com o intuito de firmar os princípios pregados por esta,
Edição Profissional Edição pelo Usuário alguns especialistas em processos de desenvolvimento
Discurso Corporativo Opinião Franca
de software se reuniram, representando os métodos
Scrum, Ken Schwaber e Mike Beedle, XP/Extreme
Publicação Participação Programming, Kent Beck, entre outros, para criarem a
Poucos Muitos Aliança Ágil.
Tabela 1 – Características e tendências da Web 2.0, Com princípios em comuns compartilhados pelos
comparando-as com a Web. Adaptação baseada em Bastos métodos ágeis, comentados acima, decidiu-se então
(2007) estabelecer o “Manifesto Ágil” que valoriza os
O'Reilly (2006), idealizador do termo Web 2.0, a define indivíduos e interações mais que processos e
da seguinte forma: é a mudança para uma Internet como ferramentas, software em funcionamento mais que
plataforma, e um entendimento das regras para oferecer documentação abrangente, colaboração com o cliente
sucesso nesta nova estrutura. Entre outras, a regra mais mais que negociação de contratos, responder a
importante é desenvolver aplicativos que aproveitem os mudanças mais que seguir um plano (Beck et al, 2001).
efeitos de rede para se tornarem melhores, quanto mais 2.4 Qualidade de Software
são usados pelas pessoas, aproveitando a inteligência Qualidade é algo subjetivo, a partir do momento em que
coletiva. cada indivíduo tem percepções diferentes para medir a
Esta nova tendência proporcionou a entrada de novos qualidade de um determinado produto ou serviço. Para a
serviços que atendiam as premissas propostas por Rothery (1993), qualidade é a adequação ao uso. É a
O’Reilly (2005): serviços e não software empacotado, conformidade às exigências. Mais especificamente a
com “escalabilidade” de custo eficiente; controle sobre ISO 9000 diz que qualidade é o grau em que um
fontes de dados únicas e difíceis de serem criadas e que conjunto de características inerentes a um produto,
ficam mais ricas quanto mais as pessoas as utilizarem; processo ou sistema cumpre os requisitos inicialmente
confiança nos usuários como codesenvolvedores; estipulados para estes.
agregação de inteligência coletiva; estimular a cauda Outro conceito importante é o de software que é um
longa através de autosserviço para o cliente; software conjunto completo ou apenas uma parte dos programas,
para mais de um dispositivo; interfaces de usuário, procedimentos, regras e documentação associada de um
sistema [computacional] de processamento de
4. informação. Com isso podemos imaginar que software produtos, dividiu as características em 6 grupos:
de qualidade é um programa fácil de usar, funciona de funcionalidade, confiabilidade, usabilidade, eficiência,
acordo com as regras estabelecidas e documentadas, manutenibilidade e portabilidade.
possui integridade dos dados em momentos de falha e Percebe-se que os principais pontos que determinam um
tem a facilidade de manutenção e extensibilidade. software de qualidade referem-se mais a boas práticas
A norma internacional ISO/IEC 9126, versão brasileira de engenharia de software ou eficiência da plataforma
NBR 13596, conceitua a qualidade de software como tecnológica. Com isso, nada impede de se utilizar das
“A totalidade de características de um produto de metodologias ágeis para se atingir a tão esperada
software que lhe confere a capacidade de satisfazer qualidade, atendendo aos requisitos de qualidade,
necessidades explícitas e implícitas”. Sendo que essas interna, externa e de uso.
necessidades explícitas são as condições e objetivos Para contextualizar serão demonstradas como as doze
propostos por quem produz o software. As necessidades práticas do XP estão alinhadas as características de
implícitas são necessidades subjetivas dos usuários que qualidade apresentadas pela ISO 9126.
podem ser chamadas também de qualidade em uso
Cliente presente: A presença do cliente faz com que os
(Gomes).
desenvolvedores entendam melhor as necessidades dele,
Percebemos então que um software de qualidade está esclarecendo dúvidas e tendo retornos instantâneos
intimamente ligado com a qualidade do seu processo de sobre as funcionalidades que estão sendo
desenvolvimento, por isso a qualidade total deste implementadas. Melhoria na funcionalidade e na
processo e essencial, já que nesta técnica administrativa usabilidade.
utilizamos um conjunto de múltiplas disciplinas para
Pequenas versões: A entrega de pequenas versões faz
controle do processo.
com que o cliente teste o sistema e acompanhe o que
Para este controle total ser feito de forma correta a está sendo desenvolvido. Melhoria na funcionalidade,
gestão da qualidade total ou "Total Quality confiabilidade e usabilidade.
Management" ou TQM deve ser implementada na
Metáforas: A utilização de metáforas facilita a
organização, levando em consideração que o TQM e
comunicação com o cliente, captando melhor quais as
uma estratégia de alto nível da organização que tem
reais necessidades do sistema. Melhoria na
como principio desenvolver os pensamentos de
funcionalidade.
qualidade em todos os processos da organização.
Projeto simples: Deve-se desenvolver o código exato
3. QUALIDADE DE SOFTWARE E AS METODOLOGIAS para cada funcionalidade, não excedendo as
ÁGEIS necessidades. Melhoria na funcionalidade, eficiência,
manutenibilidade e portabilidade.
A busca pela qualidade é um dos grandes objetivos da
área de tecnologia da informação. A crise do software, Testes automatizados: Os testes dão a garantia de que
na década de 60, fez com que a confiança em relação os códigos implementados realmente funcionam e não
aos desenvolvedores de sistemas caísse, software com possuem erros. Melhoria da confiabilidade e
defeito, não cumprimento de prazos e entrega de manutenibilidade.
sistemas que não atendiam as reais necessidades do Programação pareada: Dois desenvolvedores, juntos
cliente, fizeram com que houvesse o avanço na área, por computador, um escreve o código e outro observa.
através da criação de metodologias, de diagramas e de Melhoria na confiabilidade e manutenibilidade.
formas de gestão destes projetos para solucionar esses Posse coletiva: Qualquer membro da equipe pode
problemas. modificar, melhorar o código, sem precisar solicitar
No entanto, havia ainda uma outra questão: como permissão para isto. Melhoria na confiabilidade,
definir se o sistema possuía qualidade. Em dispositivos manutenibilidade, eficiência e portabilidade.
mecânicos a qualidade é frequentemente medida em Integração contínua: Ao desenvolver uma nova
termos de tempo médio entre falhas, que é uma medida funcionalidade deve-se integrá-la à versão atual do
da capacidade do dispositivo suportar desgaste. O sistema. Melhoria da confiabilidade, manutenibilidade e
software não se desgasta, portanto tal método de portabilidade.
medição de qualidade não pode ser aproveitado Desenvolvimento sustentável: A equipe não pode
(Gomes). exceder o expediente de trabalho. Melhoria de todas as
Esta questão foi muito discutida, Cavano e McCall características.
(1978) classificaram os fatores de qualidade de software Padronização de código: os integrantes da equipe
em três grupos: revisão, subdividida em devem definir padrões, adotando um mesmo estilo.
manutenibilidade, flexibilidade, testabilidade; Melhoria manutenibilidade e portabilidade.
implantação, composta por portabilidade, reusabilidade,
interoperabilidade; e operação, formada por corretude, Reuniões em pé: reuniões diárias rápidas para que
confiabilidade, eficiência, integridade e usabilidade. Já a todos tomem conhecimento do andar do projeto.
ISO 9126, que define as características de qualidade de Melhoria da manutenibilidade.
software que devem estar presentes em todos os
5. Jogo de planejamento: O cliente deve encontrar-se • A prática de microblogging assemelha-se às
com os desenvolvedores para priorizar o conjunto de reuniões em pé, no sentido de serem sucintas,
funcionalidades. Melhoria da funcionalidade e divulgando a todos os seguidores o que está
usabilidade. ocorrendo naquele instante.
A utilização das práticas do XP garantem a qualidade do
produto de software que será entregue ao final do
5. CONCLUSÕES
desenvolvimento do sistema, isto é um fato. Só que, o Este documento ilustra como fazer uso do XP em
ciclo de vida de um sistema perdura bem mais do que conjunto com os princípios da qualidade de software,
apenas na fase de desenvolvimento, situação a qual as contornando as dificuldades inerentes a este paradigma.
metodologias ágeis, como exemplo o XP, não A semelhança entre a Web 2.0 e esta metodologia faz
conseguem abarcar muito bem, pois as experiências com que se captem de forma “rápida” as informações
adquiridas e o conhecimento sobre o negócio se mantem necessárias para o acompanhamento do ciclo de vida do
apenas na mente dos colaboradores. sistema desenvolvido, frisando a todo momento a
A construção de equipes de alta performance é o grande importância da transformação do conhecimento tácito
trunfo destas novas vertentes metodológicas, mas por em explícito para a manutenção da qualidade.
outro lado a dependência a elas pode enfraquecer e Como trabalho futuro pode-se fazer uma melhor
reduzir a vida útil de um sistema. Pois com o estruturação das ferramentas Web 2.0, que em sua
desmanche e a saída dos membros, o conhecimento é maioria são open source, projetando-as especificamente
perdido. para apoiar o desenvolvimento ágil.
4. UTILIZAÇÃO DA GESTÃO DO CONHECIMENTO NO REFERÊNCIAS
XP PARA MELHORIA DA QUALIDADE
ROWLEY, Jennifer. “The wisdom hierarchy:
Já foi visto como as práticas do XP favorecem as representations of the DIKW hierarchy”. Journal of
características de qualidade do ISO 9126. No entanto, Information Science, 2007.
práticas como essas dão grande foco ao processo de
desenvolvimento em si. A melhoria contínua está ZINS, Chaim. “Conceptual Approaches for Defining
profundamente ligada à captação das experiências dos Data, Information, and Knowledge”. Journal of the
stakeholders, o que representa grande risco em American Society for Information Science and
ambientes sujeitos a rotatividade. É preciso transformar Technology 58, 2007.
conhecimento tácito em explícito. ZELENY, Milan. “Human Systems Management:
E é a suprir essa necessidade que se propõe a gestão do Integrating Knowledge, Management and Systems”.
conhecimento, que tem em meio a seu arcabouço de World Scientific. p. 15-16, 2005.
práticas a Hierarquia DIKW. Isto quer dizer que a GC LIEVESLY, Denise. “Data information knowledge
está munida de estratégias para a condensação de dados chain". Health Informatics Now 1, 2006.
em conhecimento, a importância da DIKW se mostra no
fato de que o conhecimento, imprescindível à O'REILLY, Tim. “What is Web 2.0: Design Patterns
supracitada melhoria contínua da qualidade, se constrói and Business Models for the Next Generation of
a partir dos dados obtidos no dia a dia. Porém, seu Software”, 2005. [disponível online em
proceder já formalizado está fadado a entrar em conflito http://www.oreillynet.com/pub/a/oreilly/tim/news/2005/
com a maleabilidade das metodologias ágeis. Ou seja, 09/30/what-is-web-20.html, acessado em 04/12/2008].
estas não costumam gerar informação nos rígidos
O'REILLY, Tim. “Web 2.0 Compact Definition: Trying
formatos. Ela precisa ser adquirida de forma não
Again”, 2006. [ disponível online em
traumática, isto é, com um nível de praticidade que é
http://radar.oreilly.com/archives/2006/12/web-20-
normalmente oferecido no paradigma da Web 2.0.
compact.html, acessado em 04/12/2008].
A chamada Web colaborativa é perfeitamente
compatível com a forma de trabalho da XP e suas ALAVI, Maryam; LEIDNER, Dorothy E.. “Knowledge
semelhantes. Abaixo, aplicações 2.0 em equipes ágeis: management systems: issues, challenges, and benefits”.
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