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Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico 

 

                                            

                                            

                                            

                                            

                                            

                                            

                                            

                                            

                                            

                                            

                                            

                                            

                                            

                                            

                                            

                                            

                                            

                                            

                                            

                                            

                                            

                                            


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                         Estratégia de Lisboa pós‐2010 

                                            

 

A Visão Portuguesa                                                               3 

 

Balanço dos Workshops Realizados                                                 6 

 

Anexos 

Workshop 1: “Crescimento Económico e Sustentabilidade – 
Competitividade e Coesão”                                                        13 

Workshop 2: “Modelo Social Europeu”                                              19 

Workshop 3: Dimensão Externa da Estratégia de Lisboa: Visão, 
Apropriação e Governação                                                         22 

 

 




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Estratégia de Lisboa pós‐2010 

 

A Visão Portuguesa 
Portugal  considera  que  a  Estratégia  de  Lisboa  pós‐2010  e  o  Tratado  de  Lisboa  são  os  dois 
pilares estruturantes da consolidação do projecto europeu no quadro de mudança disruptiva 
que se verifica no mundo. 

 Essa convicção é reforçada pelo papel importante que a Estratégia de Lisboa teve como matriz 
agregadora  da  resposta  europeia  á  crise,  demonstrando  a  flexibilidade  e  a  resiliência  das 
prioridades definidas para o Novo Ciclo 2008/2010. 

Com o objectivo de contribuir para a formulação duma Estratégia de Lisboa pós 2010 à altura 
dos  desafios  que  se  colocam  á  União  Europeia,  Portugal  elaborou  uma  posição  de  princípio 
sobre  o  futuro  da  Estratégia  de  Lisboa  no  quadro  da  preparação  do  documento  que  a 
Comissão Europeia submeteu ao Conselho Europeu da Primavera de 2008. 

Dando  sequência  às  decisões  desse  Conselho  foi  implementada  uma  estratégia  de  debate 
público  das  linhas  orientadoras  da  Estratégia  de  Lisboa  pós  2010  que  culminou  com  a 
realização  dum  Workshop  cujo  programa,  conclusões  gerais  e  conclusões  temáticas  se 
anexam. 

Entendemos que é fundamental o envolvimento dos parceiros sociais e dos cidadãos europeus 
no debate e na formulação da Estratégia de Lisboa pós 2010.  

Prosseguiremos  por  isso  em  Portugal  o  processo  de  debate  alargado,  ao  mesmo  tempo  que 
faremos da implementação em concreto do Programa Nacional de Reformas 2008/2010 uma 
boa prática mobilizadora para os novos desafios. 

Tendo em conta o mandato da Comissão Europeia para o lançamento no inicio do Outono dum 
debate  alargado  sobre  a  Estratégia  de  Lisboa  pós  2010  consideramos  relevante  e  oportuno 
enviar  formalmente  os  documentos  resultantes  do  debate  público  decorrido  até  agora  em 
Portugal. 

Para  além  de  disponibilizar  as  conclusões  e  a  síntese  do  debate  realizado,  importa  ainda 
sublinhar como introdução política ao documento, as 4 linhas de força que emergiram como 
fundamentais para enquadrar uma Estratégia de Lisboa pós 2010 bem sucedida. 

 

    1. Uma estratégia política  
        Entendemos  que  a  Estratégia  de  Lisboa  pós  2010  tem  que  constituir  uma  resposta 
        política  e  não  uma  resposta  técnica  aos  desafios  europeus  e  ser  assumida  como  tal 

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       pelas  instituições  europeias,  nacionais,  regionais  e  locais.  Uma  resposta  política 
       implica compromissos fortes e escrutináveis nos diversos patamares. 

       A dimensão política é também condição necessária para que seja assumida em pleno a 
       dimensão externa da Estratégia de Lisboa pós 2010. 

        No  novo  quadro  competitivo  global  a  convergência  numa  Estratégia  política  de 
       afirmação interna e externa é fundamental para garantir a capacidade de influência da 
       UE  na  definição  de  quadros  regulatórios  e  de  normas  concorrenciais  sustentáveis  e 
       favoráveis aos padrões e aos valores em que assenta o projecto europeu. 

       Uma  Estratégia  Política  matricial,  com  dimensões  territoriais  diversas,  necessita  para 
       ser consistente, de ser ancorada numa Rede de Coordenadores Nacionais reconhecida, 
       com parâmetros de missão e estatuto concertados e respeitados por todos os Estados 
       Membros e pelos órgãos da União.      

    2. Uma estratégia integrada  
       Consideramos  que  a  Estratégia  de  Lisboa  pós  2010  deve  ser  um  referencial  de 
       convergência  para  as  Estratégias  sectoriais  no  quadro  da  EU,  não  forçando  uma 
       integração artificial mas definindo mecanismos de coordenação que conduzam a uma 
       harmonização interactiva, necessária face á progressiva diluição de fronteiras entre as 
       dimensões económicas, sociais e ambientais das dinâmicas de desenvolvimento.  

       A Estratégia de Lisboa pós 2010 deve ter como referência de elaboração a ambição de 
       uma  Europa  verde,  baseada  na  sustentabilidade  dos  processos  económicos,  dos 
       modelos  sociais  e  dos  impactos  ambientais,  fazendo  do  combate  às  alterações 
       climáticas um motor de reconfiguração e modernização da sociedade europeia.  

    3. Uma estratégia ambiciosa  
       A afirmação global da União Europeia pressupõe a liderança em sectores estratégicos 
       e de fronteira tecnológica.  

       Em  particular, domínios em que a  Europa enfrenta uma ameaça competitiva como  a 
       energia,  o  envelhecimento  populacional  ou  a  qualidade  ambiental,  devem  ser 
       transformados  em  áreas  de  oportunidade  e  liderança,  designadamente  as  energias 
       renováveis, os novos modelos de produção eficiente, as novas respostas de saúde e as 
       redes de nova geração.  

       A  consolidação  de  lideranças  no  quadro  da  Estratégia  de  Lisboa  pós  2010  deve 
       privilegiar o modelo inclusivo subjacente ao Método Aberto de Coordenação, mas não 
       pode descartar a aplicação de cooperações reforçadas específicas, para objectivos que 
       não possam ser prosseguidos sem esse reforço de compromisso.  

        

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      4. Uma estratégia mobilizadora  
         A  Estratégia  de  Lisboa  pós  2010  tem  que  conectar  a  inovação  às  pessoas,  gerando 
         novas  atitudes  e  novas  oportunidades.  A  medição  do  seu  sucesso  deve  como 
         indicadores  últimos  as  oportunidades  emprego  ou  de  actividade  empreendedora 
         geradas e a qualidade dessas oportunidades, assim como a riqueza criada num quadro 
         de equidade e sustentabilidade. 

         A  Estratégia  de  Lisboa  pós  2010  tem  por  isso  que  ser  flexível,  adequada  aos  ciclos 
         políticos  e  avaliada  em  termos  de  progresso  relativo  e  grau  de  concretização  de 
         objectivos assumidos por cada Estado Membro no quadro da União. 

         Este  modelo  implica  um  processo  político  de  contratualização  de  objectivos  e  de 
         definição de contrapartidas no âmbito do quadro financeiro global da União, seja nas 
         perspectivas  financeiras,  seja  na  aplicação  das  políticas  comuns  de  crescimento  e 
         estabilidade macroeconómica. 

          

   

  




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                              Estratégia de Lisboa pós 2010 

                          Balanço dos Workshops Realizados 

 

Contexto 
Uma  reflexão  sobre  os  contornos  que  a  Estratégia  de  Lisboa  deverá  assumir  no  período  pós 
2010 terá forçosamente de considerar como pano de fundo uma análise actual mas também 
prospectiva  do  contexto  económico  e  dos  elementos  que  condicionam  o  futuro  cenário 
económico – como, por exemplo, o envelhecimento das populações, as alterações climáticas 
ou  a  sustentabilidade  no  fornecimento  energético.  A  análise  deve  também  levar  em 
consideração  a  necessidade  de  encarar  as  políticas  sociais,  não  apenas  na  sua  vertente 
“reparadora”  de  situações  menos  favoráveis  ou  desfavoráveis,  mas  como  promotoras  de 
dinâmicas sociais de desenvolvimento. 

O  futuro  da  competitividade  da  UE  poderá  assentar  numa  nova  lógica  internacional  de 
mercados  e  produtos  baseada,  em  grande  medida,  na  economia  verde  ‐  empresas  de 
tecnologias limpas, industrias ambientais, entre outras ‐ e de informação. O futuro da UE passa 
também por assegurar a segurança e estabilidade no abastecimento da energia à União, pelo 
papel motor das energias renováveis e da inovação industrial na transição para um paradigma 
de baixo carbono, essencial para um combate efectivo às alterações climáticas.  

O  reforço  da  empregabilidade  dos  trabalhadores;  o  estímulo  à  criação  de  empresas  e  à 
inovação;  a  importância  do  papel  da  educação  e  da  aprendizagem  ao  longo  da  vida;  são 
algumas  das  áreas  que  a  UE  deve  dar  prioridade  na  definição  das  suas  políticas  de 
desenvolvimento.  

 

Dimensão externa 
A dimensão externa da Estratégia de Lisboa deverá desempenhar um papel fundamental na 
competitividade  da  União  Europeia  no  mundo,  bem  como  no  reforço  do  seu  papel  na 
governação a um nível global. Como forma de “exportar” a Estratégia de Lisboa e de conseguir 
que  os  valores  europeus  possam  inspirar  outras  grandes  regiões,  afigura‐se  igualmente 
fundamental  introduzir  sistematicamente  nas  agendas  das  Cimeiras  da  União  a  preocupação 
com  a  abertura  dos  mercados,  com  a  convergência  de  regras  e  com  a  cooperação 
regulamentar. 

Para  promover  a  dimensão  externa  o  primeiro  passo  é  assegurar  uma  forte  coordenação 
interna  à  UE,  que  se  traduza  numa  actuação  coerente  e  concertada  em  todos  os  canais 
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disponíveis:  relacionamento  bilateral  dos  EM,  relacionamento  bilateral  da  UE  e 
relacionamento  multilateral.  Contudo,  nem  sempre  é  fácil  conseguir  a  convergência  de 
diferentes  interesses  nacionais;  só  com  solidariedade  dentro  da  UE  e  ultrapassando 
“egoísmos” nacionais se poderá alterar o actual status quo. 

O  futuro  do  comércio  internacional  estará  centrado,  mais  do  que  na  clássica  redução  das 
tarifas, no relacionamento e no diálogo entre países e nas barreiras não‐tarifárias (regulação, 
regras e comportamentos) que dificultam a troca de produtos e sobretudo a de serviços. Esta 
nova abordagem, mais política e menos técnica, exige um compromisso político alargado para 
que  a  abertura  do  comércio  internacional  contribua  efectivamente  para  o  crescimento 
económico a nível global. 

Deverá também ter‐se em consideração a coerência das políticas “internas” com as políticas 
“externas”  no  seio  da  Estratégia.  O  reforço  do  enfoque  na  competitividade  não  deixa  de 
constituir um apelo a que a estratégia de crescimento da União tome em devida linha de conta 
os parceiros comerciais (e de investimento) da EU. Ao mesmo tempo, nas relações económicas 
com  esses  parceiros,  devem  ser  veiculadas  as  prioridades  da  estratégia  de  Lisboa.  Tal  se 
consubstancia  na  promoção  dos  standards  seguidos  pela  UE  (em  matéria  social,  ambiental, 
etc.) no contexto daquelas relações. 

Por fim, saliente‐se que o Tratado de Lisboa reforçará a capacidade de afirmação externa da 
UE,  permitindo um  processo de tomada de  decisão mais rápido através de  um número  mais 
alargado de decisões por co‐decisão e por maioria qualificada, reforçando o papel estratégico 
e de coordenação do CAGRE, atribuindo uma maior capacidade à UE para agir noutras políticas 
e desenvolvendo um quadro institucional que facilita a coerência e a eficácia da acção externa. 

 

Competitividade e Coesão  
A  Estratégia  de  Lisboa  deve  centrar‐se  no  conceito  de  desenvolvimento  sustentável:  neste 
contexto, a vertente ambiental é pilar fundamental deste conceito, bem como o pilar social. 

A  Estratégia  deve  cobrir  todos  os  factores  que  condicionam  a  criação  de  empregos 
sustentáveis; ela deverá, assim, dar coerência ao conjunto de instrumentos que estimulam os 
factores de produtividade, empregabilidade e de competitividade na UE. 

As  áreas  de  maior  competitividade  deverão  andar  em  torno  da  energia,  da  educação  e  da 
formação, no sentido de um novo paradigma de desenvolvimento. Sectores como o turismo, 
as tecnologias de informação e comunicação, a saúde ou os transportes (enquanto indústrias 
com  potencial  de  inovação)  merecerão  ter  o  seu  espaço  na  Estratégia,  na  medida  em  que 
importa estimular a sua produtividade, competitividade e capacidade de criação de emprego. 
Entre  os  factores‐chave  para  reforçar  a  produtividade  e  a  competitividade,  destacados  pelos 
intervenientes, contam‐se a inovação, o empreendedorismo e a assunção do risco. 



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Alguns  intervenientes  indicaram  a  concorrência  fiscal  entre  Estados  Membros  como 
constituindo um entrave à consolidação na implementação, e à coesão na aplicação, de uma 
Estratégia promotora do desenvolvimento económico (a par do desenvolvimento ambiental e 
social) no conjunto da UE.    

A coerência entre as várias políticas que compõem a Estratégia de Lisboa deve ser reforçada 
(coesão/competitividade,  energia/ambiente,  etc.)  logo  na  altura  da  sua  concepção,  mas 
também  ao  longo  da  respectiva  implementação.  Onde  se  constate  que  a  integração  de 
domínios  de  política  em  instrumentos  comuns  torna  difícil  a  sua  implementação  prática, 
dever‐se‐á pelo menos assegurar que a prossecução dos objectivos desses domínios é feita em 
harmónio. 

Na  medida  em  que  se  espera  que  a  Estratégia  promova  a  empregabilidade  dos  cidadãos 
europeus,  a  interacção  da  parte  “competitividade”  da  Estratégia  com  a  sua  parte  mais 
“social”  é  crucial.  Não  se  esperando  que  esgote  a  vertente  social  da  Estratégia  de  Lisboa,  o 
mercado  de  trabalho  é  o  domínio  onde  se  cruzam  as  preocupações  económicas  e  sociais  da 
mesma,  e  onde  se  promove  em  simultâneo  a  produtividade,  a  empregabilidade  e  a 
competitividade: o reforço da participação efectiva no mercado de trabalho – isto é, assegurar 
que existem condições de empregabilidade dos trabalhadores ao longo da sua vida activa – é 
essencial para o reforço da produtividade e da inovação, e em simultâneo promove a inclusão 
e o combate às desigualdades sociais. 

Interacção  com  a  parte  ambiental  fortemente  assente  no  domínio  energético.  O  sector 
energético,  claramente  reconhecido  pelos  participantes  como  parte  integrante  da  Estratégia 
de Lisboa, constitui a principal ponte entre as vertentes económica e ambiental da mesma. Foi 
dado  destaque  a  questões  como  a  importância  de  se  assegurar  segurança  e  estabilidade  no 
abastecimento  da  energia  à  União  e  o  papel‐motor  das  energias  renováveis,  dos 
biocombustíveis  e  da  inovação  industrial  na  transição  para  um  paradigma  de  baixo  carbono, 
essencial para um combate efectivo às alterações climáticas.  

O  papel  central  da  educação  e  da  formação.  Para  a  referida  empregabilidade  dos 
trabalhadores, mas também para potenciar a criação de empresas, logo de postos de trabalho, 
importa reconhecer o papel da educação e da formação ao longo da vida. A educação para a 
vida activa, se assente na ideia de “literacia técnica”, permitirá aos trabalhadores manterem‐se 
“empregáveis”. Ao mesmo tempo, torna‐se urgente aumentar a integração da educação para 
o  empreendorismo  e  para  comportamentos  mais  “risk‐taking”  (i.e.,  a  assunção  de  riscos),  e 
criativos.  Estes  elementos  permitirão  reforçar  os  factores  “iniciativa”  e  “inovação”  na  União. 
Os participantes colocaram clara ênfase na educação básica generalizada de alta qualidade e 
na importância de integrar aquelas preocupações nos curricula  das crianças  europeias desde 
cedo. 

 

Dimensão Social 

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As  políticas  sociais  deverão  ser  encaradas,  não  apenas  na  sua  vertente  “reparadora”  de 
situações menos favoráveis ou desfavoráveis, mas como promotoras de dinâmicas sociais de 
desenvolvimento. 

Momento  de  viragem,  enquanto  oportunidade  para  alterar  as  políticas  europeias:  maior 
europeização das políticas nacionais ou inicio de processos de re‐nacionalização? 
Lições dos últimos 10 anos e o horizonte de 2020: 
        •   Trade‐off  entre  os  grandes  objectivos  e  ambições  de  carácter  normativo  e  a 
            capacidade de europeizar as políticas domésticas; 
        •   A UE continua a ter uma  grande  capacidade para formatar as agendas nacionais, 
            pelo  que  os  EM  devem  fazer  o  possível  por  reflectir  as  suas  preferências 
            domésticas ao nível comunitário; 
        •   Perda  de  relevo  político  dos  processos  europeus  ligados  às  políticas  sociais  – 
            importância de “etiquetas” tipo flexigurança; 
        •   Uma ideia  “abandonada”, mas que poderia ser recuperada foi a do diálogo social 
            autónomo e bipartido. Poder‐se‐ia procurar um diálogo social de nível intermédio, 
            que  esteja  para  além  do  nacional,  mas  que  não  implique  uma  concertação  a  27. 
            Uma  possibilidade  realista  seria  o  relacionado  com  os  acordos  de  geometria 
            variável ou de progressão por clusters; 
        •   Outra  possibilidade  passa  por,  mantendo  a  centralidade  do  tema  “emprego”, 
            complementá‐lo  com  outras  dimensões  sociais  (formação  de  activos/  coesão 
            social; níveis de desigualdade/ pobreza); 
 

Entre as prioridades foram abordadas questões como a importância da Inovação Social (e não 
apenas  inovação  tecnológica)  aliada  ao  empreendedorismo  social,  sem  esquecer  que  as 
respostas  sociais  têm  uma  duração  específica  (caducam  no  tempo),  o  que  também  exige  a 
aposta  na  I&D  na  área  social.  Foi  também  focada  a  necessidade  de  novos  instrumentos  de 
qualificação dos actores sociais e de disseminação de boas‐práticas. 

A Inclusão das políticas de imigração na Estratégia deve estar mais associada à dimensão da 
competitividade e da resposta às questões do envelhecimento da população, mas também à 
questão da diversidade cultural e sustentabilidade do modelo social europeu. 

Foram  abordadas  também  as  questões  das  Desigualdades  sociais  e  pobreza,  bem  como  a 
necessidade do desenvolvimento de políticas de inclusão social activa, tendo em conta as suas 
três  dimensões  essenciais:  rendimento  mínimo,  inserção  no  mercado  de  trabalho  e  acesso  a 
serviços sociais de qualidade. 

 

Governação 


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Coerência  com  outras  políticas  da  União  e  dos  Estados  Membros.  Importa  assegurar  uma 
reforçada coerência entre as políticas (macro, micro e para o mercado de trabalho) cobertas 
pela Estratégia e outras políticas da UE. Salientado foi, por exemplo, o caso da política para a 
imigração  que,  tal  como  as  políticas  para  a  família,  deverão  ser  consistentes  com  as 
preocupações  em  matéria  de  envelhecimento  das  populações,  e  com  a  necessidade  de 
assegurar uma taxa de actividade (taxa de participação no mercado de trabalho) crescente na 
UE. 

Resultados  palpáveis  e  acessibilidade  às  empresas  e  aos  cidadãos.  A  Estratégia  deverá  ser 
abrangente  mas focalizada, o que quer dizer que  em vez de dar orientações excessivamente 
genéricas, deve permitir ser concreta e consequente. Para tal, é importante que o alcance e os 
resultados  da  Estratégia  sejam  compreendidos  pelos  cidadãos  e  pelas  empresas.  Mais,  é 
importante  uma  Estratégia  de  Lisboa  que  esteja  ao  serviço  do  grosso  dos  cidadãos  e  das 
empresas.  Tal  implica  que  a  Estratégia  de  Lisboa  não  seja  uma  Estratégia  unicamente 
orientada para as “élites” da União.  

A  Estratégia  de  Lisboa  também  deverá  desbloquear  as  condições  para  que  estas  empresas 
possam ganhar dimensão, produtividade e competitividade externa, o que ao mesmo tempo 
reforçará o seu potencial de empregabilidade. De forma análoga, o aumento generalizado do 
nível  de  qualificações  afigura‐se  a  única  forma  de  aumentar  a  empregabilidade  do  conjunto 
dos cidadãos europeus. 

Ainda  que  as  empresas  mais  inovadoras  ou  tecnologicamente  mais  avançadas,  ou  os 
trabalhadores altamente qualificados mereçam um espaço próprio no seio da Estratégia (note‐
se que os participantes indicaram claramente que os instrumentos devem entrar em linha de 
conta  com  a  especificidade  dos  vários  beneficiários  e  sectores  de  actividade),  há  que  ter 
sempre  presente  que,  para  aumentar  de  forma  efectiva  o  potencial  de  crescimento  e  de 
produtividade do conjunto da União, é necessário que a Estratégia se dirija à base produtiva da 
UE  no  seu  conjunto.  Nesse  contexto,  há  que  reconhecer  que  o  tecido  produtivo  da  UE  é 
maioritariamente  constituído  por  pequenas  e  médias  empresas,  muitas  das  quais  serão 
microempresas. Assim, a Estratégia deve orientar‐se para a promoção de melhores condições 
de funcionamento destas.  

Resultados  também  no  curto  prazo.  Tratando‐se  de  uma  Estratégia  para  o  crescimento  e  o 
emprego  da  UE,  fortemente  assente  num  programa  de  reformas  estruturais,  a  Estratégia  de 
Lisboa orienta‐se naturalmente para o médio/longo prazo: com efeito, o prazo dentro do qual 
é  razoável  esperar  resultados  palpáveis  da  Estratégia  deverá  ser  coerente  com  a  natureza 
estrutural  de  parte  significativa  das  políticas,  iniciativas  e  instrumentos  por  ela  cobertos.  No 
entanto, os participantes não deixaram de salientar a importância de promover (pelo menos 
alguns) resultados visíveis num prazo mais imediato. 

Destaca‐se  a  necessidade  da  aperfeiçoar  o  Método  Aberto  de  Coordenação,  através  da 
melhoria da cooperação entre EM e entre actores sociais, complementado com a melhoria da 
hard law, bem como o reforço da cooperação entre os actores dentro cada Estado‐membro, 
de forma horizontal e vertical. Salienta‐se ainda a Importância de fazer reflectir tanto quanto 
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possível  as  preferências  nacionais  no  nível  comunitário,  incluindo  o  seu  reflexo  ao  nível  do 
orçamento da EU. 

Empowerment. Debateu‐se também a necessidade de fomentar um maior empowerment que 
deverá  traduzir‐se  num  forte  compromisso  político  em  todos  os  níveis  de  intervenção  da 
Estratégia.  Num  plano  nacional,  o  reforço  do  empowerment  pode  ser  conseguido, 
nomeadamente,  por  uma  maior  incorporação  da  Estratégia  de  Lisboa  nos  programas  dos 
governos,  é  também  fundamental  o  maior  envolvimento  dos  parlamentos  nacionais.  Neste 
âmbito,  importa  ainda  valorizar  junto  dos  cidadãos  as  reformas  estruturais  levadas  a  cabo 
internamente  e  que  decorrem  ou  se  cruzam  com  o  contexto  da  EL.  A  nível  europeu  a 
apropriação  política  deverá  ser  reforçada,  em  particular  através  do  maior  envolvimento  das 
várias formações do Conselho e do papel de coordenação do CAGRE e do Conselho Europeu 
valorizando,  também,  a  importância  de  iniciativas  comuns  e  promovendo  um  melhor 
enquadramento e articulação dos coordenadores nacionais que é actualmente deficitário. 

Necessidade  de  maior  harmonização  dos  perfis  dos  coordenadores  nacionais  da  EL,  bem 
como  da  Rede.  Refira‐se,  por  um  lado,  a  importância  de  serem  dotados  de  capacidade  de 
decisão política e de proximidade aos Primeiros‐ministros dada a transversalidade sectorial da 
Estratégia.  Por  outro  lado,  afigura‐se  igualmente  central  que  os  coordenadores  nacionais 
tenham uma efectiva capacidade executiva que confira flexibilidade e operacionalidade à sua 
actuação 

No  que  respeita  à  avaliação  e  monitorização  pode  salientar‐se  que,  não  obstante  a 
importância de manter objectivos comuns, deve equacionar‐se em paralelo a possibilidade de 
introduzir  metas  e  indicadores  mais  adaptados  a  cada  EM  que  permitam  atender  às 
diferenciações nacionais que importa valorizar.  As metas devem ser realista smas ambiciosas 
e  os  indicadores  devem  ser  construídos  de  forma  a  permitir,  para  além  das  habituais 
caracterizações  absolutas  mas  estáticas,  medir  também  o  progresso  relativo  dos  países, 
permitindo, desta forma, contemplar as desiguais situações de partida. 

         
Metodologia  

Reforço  da  apropriação  da  Estratégia  a  nível  político.  Enquanto  estratégia  para  o 
desenvolvimento  económico  e  social  da  UE,  a  Estratégia  consubstancia  um  conjunto  de 
prioridades de política económica e para o mercado de trabalho. É essencial que esse conjunto 
de prioridades seja subscrito ao mais elevado nível político. É igualmente necessário reforçar a 
responsabilização  e  apropriação  política  dos  planos  nacionais  que  implementam  as 
orientações da Estratégia, bem como dos respectivos resultados. 

Responsabilização versus controlo. É importante reforçar a apropriação da Estratégia também 
por  parte  dos  intervenientes  na  sua  execução.  No  entanto,  a  responsabilização 
(“accountability”) de tais intervenientes não deve seguir uma lógica de controlo excessivo da 
sua implementação. 


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Indicadores  quantitativos  e  qualitativos.  Parte  da  apropriação  passa  por  assegurar  uma 
monitorização da implementação da estratégia com base em indicadores. Os mesmos deverão 
tratar‐se essencialmente de indicadores quantitativos, mas que sejam susceptíveis de reflectir 
também os resultados qualitativos da implementação da estratégia. A escolha de indicadores 
deve ser muito cuidadosa, devendo ser dada prioridade aos que podem dar uma perspectiva 
dinâmica e relativa (comparada) dos resultados.  

Utilização  integral  da  “caixa  de  ferramentas”  da  Estratégia.  Para  ser  eficaz,  é  fulcral  que  a 
Estratégia de Lisboa continue a explorar ao máximo a metodologia à sua disposição, desde as 
iniciativas das Instituições comunitárias plasmadas no Programa Comunitário de Lisboa até à 
“transmissão”  de  orientações  comuns  aos  planos  nacionais  de  reforma,  passando  pela 
aplicação  do  método  aberto  de  coordenação  e  da  troca  de  boas  práticas  em  domínios  de 
competência dos Estados Membros. 

Meios necessários. A Estratégia de Lisboa deve encontrar‐se equipada dos meios (incluindo os 
meios  financeiros  a  nível  da  UE)  necessários  a  produzir  os  resultados  a  que  as  respectivas 
políticas e instrumentos se propõem.  

A  lógica  de  funcionamento  dos  instrumentos  é  igualmente  importante.  O  montante  afecto 
aos  instrumentos  que  implementam  a  Estratégia  de  Lisboa  não  é  a  única  variável  que 
determina  o  sucesso  na  obtenção  de  resultados:  é  essencial  assegurar  que  os  instrumentos 
funcionam bem. Primeiro, a utilização dos meios deverá estar efectivamente à disposição dos 
operadores económicos: uma subutilização destes meios poderá sugerir que os mesmos foram 
mal  desenhados  ou  são  largamente  inacessíveis  a  vastos  grupos  de  cidadãos  ou  empresas. 
Aqui, é crucial que tais meios sejam amplamente divulgados e desburocratizados. 

Os instrumentos podem promover a coerência das várias vertentes da Estratégia. A título de 
ilustração, alguns participantes salientaram que a “lisbonização” dos fundos comunitários por 
meio  do  “earmarking”  não  é  suficiente  para  assegurar  que  os  objectivos  da  Estratégia  se 
encontrem cabalmente reflectidos nestes instrumentos e na utilização que deles é feito pelos 
Estados Membros. Foi sugerida uma “lisbonização” dos critérios que os projectos concorrentes 
à  utilização  desses  fundos  devem  cumprir  (por  exemplo,  entrar‐se  em  linha  de  conta,  na 
avaliação de um projecto de investimento, do seu potencial de empregabilidade).  

                       
                       




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                                                ANEXOS 

                          Relatos dos Workshops Realizados no  

                                CENTRO CULTURAL DE BELÉM 

                                      26 DE JUNHO DE 2009 

                                                       

    Workshop 1: “Crescimento Económico e Sustentabilidade – 
                  Competitividade e Coesão” 
 

A  sessão  dedicada  ao  tema  “Crescimento  Económico  e  Sustentabilidade  –  Competitividade  e 
Coesão” teve por base um documento de trabalho da autoria do Professor José Maria Brandão 
de  Brito,  e  foi  pautada  por  uma  muito  participada  troca  de  impressões  sobre  a  futura 
configuração da Estratégia de Lisboa no período pós 2010 nos referidos domínios. Da síntese 
dos  contributos  apresentada  de  seguida,  foi  escolha  dos  relatores  excluir  aqueles  que 
implicariam  uma  alteração  das  competências  das  instituições  da  UE  e/ou  dos  Estados 
Membros apenas implementáveis através de uma alteração aos Tratados. 

 

O novo contexto onde a Estratégia se desenrola 

Uma  reflexão  sobre  os  contornos  que  a  Estratégia  de  Lisboa  deverá  assumir  no  período  pós 
2010  deverá  forçosamente  ter  como  pano  de  fundo  uma  análise  actual  mas  também 
prospectiva  do  contexto  económico  e  dos  elementos  que  condicionam  o  futuro  cenário 
económico – como, por exemplo, o envelhecimento das populações, as alterações climáticas 
ou  a  sustentabilidade  no  fornecimento  energético.  Deverá  também  levar  em  conta  as 
características  da  crise  económica  que  se  faz  sentir  e  a  ideia  central  de  que  o  modelo  social 
Europeu  está  a  ter,  e  irá  previsivelmente  continuar  a  ter,  custos  crescentes.  Como  pano  de 
fundo  fica  a  ideia  que  outras  regiões,  estão  a  ter  mais  sucesso  no  aumento  do  seu  nível  de 
vida, sem que isso esteja necessariamente associado a uma estratégia do tipo da Estratégia de 
Lisboa e respectivo modelo social. 

 

Abrangência  e  Coerência  da  Estratégia  de  Lisboa:  A  Necessidade  de  Resultados  sentidos 
pelos cidadãos e empresas 

A  Estratégia  deverá  ser  abrangente  mas  focalizada,  o  que  quer  dizer  que  deve  evitar 
orientações excessivamente genéricas e ser concreta e consequente.  

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Para a sua apropriação é importante que os seus objectivos e resultados sejam compreendidos 
pelos cidadãos e pelas empresas. Para tal tem que ser uma Estratégia que esteja ao serviço do 
grosso  dos  cidadãos  e  das  empresas.  Tal  implica  que  a  Estratégia  de  Lisboa  não  seja  uma 
Estratégia  unicamente  orientada  para  as  “élites”  da  União.  Ainda  que  as  empresas  mais 
inovadoras ou tecnologicamente mais avançadas, ou os trabalhadores altamente qualificados, 
mereçam relevância no seio da Estratégia como impulsionadoras de progresso (note‐se que os 
participantes indicaram claramente que os instrumentos devem entrar em linha de conta com 
a especificidade dos vários beneficiários e sectores de actividade), há que ter sempre presente 
que,  para  aumentar  de  forma  efectiva  o  potencial  de  crescimento  e  de  produtividade  do 
conjunto  da  União,  é  necessário  que  a  Estratégia  se  dirija  à  base  produtiva  da  UE  no  seu 
conjunto.  Nesse  contexto,  há  que  ter  presente  que  o  tecido  produtivo  da  UE  é 
maioritariamente  constituído  por  pequenas  e  médias  empresas,  muitas  das  quais 
microempresas.  Assim,  a  Estratégia  deve  ter  em  conta  também  a  promoção  das  melhores 
condições  para  que  estas  empresas  possam  ganhar  dimensão,  produtividade  e 
competitividade  externa,  o  que  ao  mesmo  tempo  reforçará  o  seu  potencial  de 
empregabilidade. De forma análoga, o aumento generalizado do nível de qualificações afigura‐
se  a  única  forma  de  aumentar  a  empregabilidade  do  conjunto  dos  cidadãos  europeus.  A 
Estratégia  deve  cobrir  todos  os  factores  que  condicionam  a  criação  de  emprego  sustentável; 
ela  deverá,  assim,  dar  coerência  ao  conjunto  de  instrumentos  que  estimulam  os  factores  de 
produtividade, empregabilidade e de competitividade na UE.  

 

As  intervenções  dos  participantes  foram  bastante  claras  no  que  respeita  às  dúvidas  que  o 
actual modelo de gestão macroeconómica levanta. Se por um lado se trata de uma política que 
sobrevaloriza  os  riscos  de  inflação,  ganhando‐se  uma  política  social  assente  em  regimes  de 
baixa inflação, por outro esta mesma política de baixa inflação não favorece o crescimento e a 
criação  de  emprego.  Foram  também  levantadas  questões  já  antigas  mas  ainda  por  resolver 
que  dizem  respeito  à  necessária  harmonização  fiscal  no  espaço  europeu.  Foi  também 
relembrado  que  as  políticas  salariais  estão  no  essencial  indexadas  a  diferentes  modelos  de 
concertação social a nível nacional, não havendo (dificilmente se vislumbra que possa haver) 
uma  política  comunitária  de  harmonização  salarial.  Trata‐se  de  aspectos  essenciais  em 
qualquer política de crescimento económico e que no entanto são pouco abordados no quadro 
da Estratégia de Lisboa. O mesmo no que respeita à política de concorrência que no essencial 
continua a ter enormes assimetrias e especificidades em diferentes Estados Membros. 

A  vertente  ambiental,  como  condicionante  da  competitividade  foi  também  abordada  e 
considerada como pilar fundamental. 

Ao  nível  micro  foi  também  recomendado  uma  maior  atenção  aos  aspectos  intangíveis 
associados  à  inovação  organizacional,  considerados  bem  mais  pertinentes  para  a 
produtividade, que a inovação tecnológica strictu sensus. Por outro lado, foi também lembrado 
que  a  Europa,  ao  contrário  dos  EUA,  aposta  muito  em  I&D  mas  em  sectores  que  não  têm 
grande  margem  de  progressão.  A  inovação  em  associação  ao  novo  contexto  de  crise,  foi 

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considerada um aspecto essencial. Contudo, o que mais releva são os aspectos sistémicos da 
inovação  (a  inovação  em  rede),  as  interacções  entre  actores,  uma  maior  actuação  na 
mobilidade, nos transportes na saúde, etc. Também a inadequação do actual quadro de registo 
de patentes a nível Europeu, e a crescente substituição de actividades de I&D pelo registo de 
patentes  nacionais  e  europeias,  contrasta  com  os  novos  modelos  da  inovação  aberta  e  em 
rede,  que  em  parte  estão  na  base  dos  actuais  sucessos  empresariais  que  mais  facilmente 
resistem à crise. 

Uma discussão em torno dos vários domínios da Estratégia de Lisboa 

 

Os  intervenientes  destacaram  como  áreas  de  relevância  crescente  a  energia,  a educação  e  a 
formação. Mas sectores como o turismo, as tecnologias de informação e comunicação, a saúde 
ou  os  transportes  (enquanto  indústrias  com  potencial  de  inovação)  merecerão  ter  o  seu 
espaço  na  Estratégia,  na  medida  em  que  importe  estimular  a  sua  produtividade, 
competitividade e capacidade de criação de emprego. Entre os factores‐chave para reforçar a 
produtividade e a competitividade, destacados pelos intervenientes, contam‐se a inovação, o 
empreendedorismo e a assunção do risco. A importância da coesão territorial foi igualmente 
destacada 

A coerência entre as várias políticas que compõem a Estratégia de Lisboa deve ser reforçada 
(coesão/competitividade,  sustentabilidade,  etc.)  logo  na  altura  da  sua  concepção,  mas 
também ao logo da respectiva implementação.  

Deve‐se  pensar  em  ter  políticas  de  inovação  e  competitividade  com  preocupações  sociais  e, 
por  outro  lado,  ter  políticas  de  coesão  com  preocupações  económicas.  Os  dois  domínios 
funcionam em harmónio, um compensando e complementando o outro. 

Deve‐se  também  procurar  áreas  onde  a  integração  seja  possível.  Por  exemplo,  nos  fundos 
estruturais  e  de  coesão  (em  particular  na  gestão  dos  sistemas  de  incentivo)  devia‐se  ter  em 
atenção a empregabilidade e a educação e formação. Actualmente, a decisão dos programas 
operacionais  serem  mono‐fundo  dificulta,  se  não  mesmo  impede,  a  integração  de 
instrumentos que favoreçam simultaneamente a competitividade e o emprego. Outro exemplo 
é o de não haver integração entre a política de transporte ferroviário de mercadorias e outros 
domínios  que  ela  serve,  em  particular  a  economia  verde,  a  empregabilidade  e  a  coesão 
territorial.  Também  a  política  de  cidades,  nas  suas  várias  vertentes,  é  um  exemplo  de  não 
integração com políticas de competitividade e de coesão territorial 

Importa  ainda  assegurar  uma  reforçada  coerência  entre  as  políticas  (macro,  micro  e  para  o 
mercado  de  trabalho)  cobertas  pela  Estratégia  e  outras  políticas  da  UE.  Salientado  foi,  por 
exemplo, o caso da política para a imigração que, tal como as políticas para a família, deverão 
ser consistentes com as preocupações em matéria de envelhecimento das populações e com a 
necessidade  de  assegurar  uma  taxa  de  actividade  (taxa  de  participação  no  mercado  de 
trabalho) crescente na UE. 

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Um outro aspecto importante é a coerência das políticas “internas” com a dimensão externa. 
O reforço do enfoque na competitividade, acima referido, não deixa de constituir um apelo a 
que  a  estratégia  de  crescimento  da  União  tome  em  devida  linha  de  conta  os  parceiros 
comerciais (e de investimento) da UE; ao mesmo tempo, nas relações económicas com esses 
parceiros, devem ser veiculadas as prioridades da Estratégia de Lisboa. Tal consubstancia‐se na 
promoção  dos  standards  seguidos  pela  UE  (em  matéria  social,  ambiental,  etc.)  no  contexto 
daquelas relações. 

 

A interacção da parte “competitividade” da Estratégia com a sua parte mais “social” é crucial, 
mesmo centrando a empregabilidade dos cidadãos europeus como o seu objectivo central. A 
qualidade do mercado de trabalho é um domínio onde se cruzam as preocupações económicas 
e  sociais  e  onde  se  promove  em  simultâneo  a  produtividade,  a  empregabilidade  e  a 
competitividade: o reforço da participação efectiva no mercado de trabalho – isto é, assegurar 
que existem condições de empregabilidade dos trabalhadores ao longo da sua vida activa – é 
essencial para o reforço da produtividade e da inovação, e em simultâneo promove a inclusão 
e o combate às desigualdades sociais. 

 

Uma estratégia assente numa visão pós‐crise 

De  certa  forma  a  reflexão  também  abordou  o  que  será  a  economia  do  pós‐crise.  Foi 
consensual  entre  os  participantes  a  existência  de  um  hiato  de  visão  e  liderança.  Não  é  claro 
quais irão ser os novos drivers pós crise. Se, por um lado, o binómio energia ambiente parece 
ser  seguramente  um  eixo,  há  ainda  um  aprofundamento  a  fazer  da  economia  baseada  no 
conhecimento.  

Considerou‐se  fundamental  tratar  o  sector  energético  como  a  principal  ponte  entre  as 
vertentes económica e ambiental da Estratégia de Lisboa. Foi dado destaque a questões com a 
importância de se assegurar a segurança e estabilidade no abastecimento da energia à União, 
e  ao  papel  motor  das  energias  renováveis,  dos  bioc‐ombustíveis  e  da  inovação  industrial  na 
transição  para  um  paradigma  de  baixo  carbono,  essencial  para  um  combate  efectivo  às 
alterações climáticas.  

Para a referida empregabilidade dos trabalhadores, mas também para potenciar a criação de 
empresas,  logo  de  postos  de  trabalho,  importa  reconhecer  o  papel  da  educação  e  da 
formação  ao  longo  da  vida.  A  educação  para  a  vida  activa,  se  assente  na  ideia  de  “literacia 
técnica”, permitirá aos trabalhadores manterem‐se “empregáveis”. Ao mesmo tempo, torna‐
se  urgente  aumentar  a  integração  da  educação  para  o  empreendedorismo  e  para 
comportamentos  mais  “risk‐taking”  (i.e.,  a  assunção  de  riscos),  e  criativos.  Estes  elementos 
permitirão reforçar os factores “iniciativa” e “inovação” na União. Os participantes colocaram 
clara ênfase na educação básica generalizada de alta qualidade, e na importância de integrar 
aquelas preocupações nos curricula das crianças europeias desde cedo. 

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Governança, instrumentos e responsabilização 

Foi  também  consensual  entre  os  participantes  que  os  desafios  lançados  por  Kok  em  2004 
continuam ainda presentes, e que seja qual for a Estratégia pós 2010 no novo contexto, há que 
repensar  o  modelo  de  governança  multinível,  o  portfolio  de  instrumentos  que  o  serve  e  a 
responsabilização.  Por  exemplo,  os  participantes  referiram  que  foi  um  avanço  a  criação  dos 
Coordenadores da Estratégia de Lisboa. 

 

Foi referida a falta de aplicação de linhas directrizes, nomeadamente as mais particulares ou 
específicas.  Contraste‐se,  por  exemplo,  assertividade  do  Plano  Obama  para  recuperação  da 
economia  Americana,  com  a  generalidade  das  linhas  directrizes  da  Estratégia  de  Lisboa. 
Continua  portanto  a  existir  uma  importante  desconexão  entre  a  concepção  política  e  a  sua 
implementação.  

Foi igualmente salientada a necessidade de fechar o gap de informação. Aliás, foi considerado 
que o cidadão Europeu, mais do que ser informado, quer ser “envolvido” na Estratégia.  

A  Estratégia  de  Lisboa  não  pode  ser  uma  Estratégia  apenas  comunicada  para  as  “elites”  da 
União.  Ainda  que  as  empresas  mais  inovadoras  ou  tecnologicamente  mais  avançadas,  ou  os 
trabalhadores  altamente  qualificados,  sejam  alvos  importantes  no  seio  da  Estratégia,  há  que 
ter  presente  que,  para  aumentar  de  forma  efectiva  o  potencial  de  crescimento  e  de 
produtividade do conjunto da União, é necessário que a Estratégia se dirija à base produtiva da 
UE no seu conjunto e aos cidadãos em geral. 

Sendo essencial que o conjunto de prioridades da nova Estratégia de Lisboa seja subscrito ao 
mais elevado nível político, é igualmente necessário reforçar a responsabilização e apropriação 
política  dos  planos  nacionais  que  implementam  as  orientações  da  Estratégia,  bem  como 
informar  e  envolver  as  instituições,  associações  e  os  mais  diversos  sectores  da  sociedade.  É 
também  importante  reforçar  a  apropriação  da  Estratégia  por  parte  de  todos  os  actores 
importantes na sua execução.  

Foi  considerado  também  importante  reforçar  a  monitorização  da  implementação  da 
Estratégia,  o  que  passa  por  assegurar  uma  monitorização  com  base  em  indicadores.  Os 
mesmos  deverão  tratar‐se  essencialmente  de  indicadores  de  contexto,  mas  que  sejam 
susceptíveis  de  reflectir  a  adicionalidade  e  os  resultados  directamente  imputáveis  à 
implementação da Estratégia. A escolha de indicadores deve ser muito cuidadosa, devendo ser 
dada  prioridade  aos  que  podem  dar  uma  perspectiva  dinâmica  e  relativa  (comparada)  dos 
resultados.  Tratando‐se  de  uma  Estratégia  fortemente  assente  num  programa  de  reformas 
estruturais,  a  Estratégia  de  Lisboa  orienta‐se  naturalmente  para  o  médio/longo  prazo  e 
portanto a monitorização deverá ser coerente com a natureza estrutural de parte significativa 
das  políticas,  iniciativas  e  instrumentos  por  ela  cobertos.  No  entanto,  os  participantes  não 


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deixaram de salientar a importância de promover (pelo menos alguns) resultados visíveis num 
prazo mais imediato. 

Para  ser  eficaz,  é  fulcral  que  a  Estratégia  de  Lisboa  continue  a  explorar  ao  máximo  a 
metodologia à sua disposição, desde as iniciativas das Instituições comunitárias plasmadas no 
Programa  Comunitário  de  Lisboa  até  à  “transmissão”  de  orientações  comuns  aos  planos 
nacionais de reforma, passando pela aplicação do método aberto de coordenação e da troca 
de boas práticas em domínios de competência dos Estados Membros. Falta porém uma melhor 
articulação  dos  instrumentos  exclusivamente  comunitários  no  âmbito  do  Programa 
Comunitário  de  Lisboa,  com  os  instrumentos  exclusivamente  nacionais,  potenciando 
complementaridades e evitando sobreposições. 

Quanto à instrumentação, os participantes indicaram claramente que os instrumentos devem 
entrar  em  linha  de  conta  com  a  especificidade  dos  vários  beneficiários  e  sectores  de 
actividade.  Também  salientaram  que  a  “lisbonização”  dos  fundos  comunitários  por  meio  do 
“earmarking”  não  é  suficiente  para  assegurar  que  os  objectivos  da  Estratégia  se  encontrem 
cabalmente  reflectidos  nestes  instrumentos  e  na  utilização  que  deles  é  feito  pelos  Estados 
Membros.  Foi  sugerida  uma  “lisbonização”  dos  critérios  que  os  projectos  concorrentes  à 
utilização  desses  fundos  devem  cumprir  (por  exemplo,  entrar‐se  em  linha  de  conta,  na 
avaliação de um projecto de investimento, com o seu potencial de empregabilidade).  

 

Os relatores da sessão 

Manuel Laranja 

Paulo Eurico Variz 

                                                    

                                                    

 

 

 

 

 

 

 
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Workshop 2: “Modelo Social Europeu”  
 
A sessão dedicada ao tema “Modelo Social Europeu” teve por base um documento de trabalho 
da  autoria  do  Dr.  Pedro  Adão  e  Silva,  cujas  conclusões  transcrevemos  na  1ª  parte  desde 
documento.  Na  2ª  parte, relatam‐se  os  principais  contributos  dos  participantes  na  sessão  de 
trabalho sobre este tema.  

 
 

Síntese  do  documento  apresentado  para  discussão:  “O  futuro  da 
política social europeia: entre eficácia e normatividade”, de Pedro Adão e Silva 

    -   No  que  respeita  ao  Modelo  Social  Europeu  subsistem  opiniões  distintas  quanto  à  sua 
        existência.  Se,  de  acordo  com  alguns,  não  existe  um  MSE,  mas  várias  políticas  sociais 
        relacionadas  com  a  realidade  de  cada  EM;  para  outros  é  precisamente  o  MSE  que 
        distingue o espaço europeu de outros espaços económicos e políticos. 
    -   Têm  vindo  a  existir  caminhos  alternativos  para  a  integração  das  políticas  sociais 
        europeias, notando‐se, contudo, uma opção mais ou menos explícita para contornar os 
        obstáculos,  em  vez  de  os  enfrentar  ou  remover.  Para  tal  recorre‐se,  por  exemplo,  a 
        coligações de geometria variável entre diferentes EM. 
    -   A  Estratégia  de  Lisboa  constitui  o  exemplo  mais  ambicioso  para  ultrapassar  alguns  dos 
        principais  bloqueios  por  que  tem  passado  a  integração  das  políticas  sociais,  sem  os 
        enfrentar,  optando  por  contorná‐los.  A  revisão  da  EL,  em  2005,  marca  a  redução  do 
        pendor social (torna‐se um pilar autónomo, problemas ligados ao alargamento da UE e a 
        própria ideologia política sofre alguma alteração). 
    -   Defensores  da  coordenação  suave  (Método  Aberto  de  Coordenação  ‐  MAC):  afirmam 
        que este método de “europeização” das políticas domésticas é eficaz e produz de facto 
        mudança. 
        Este método contrasta com o tradicional “método comunitário” – que produz soluções 
        vinculativas  e  uniformes  pouco  sensíveis  à  diversidade  nacional  –  facilitando  o 
        desenvolvimento de políticas onde as competências europeias são escassas e/ou onde a 
        regulação  é  pouco  visível.  O  seu  potencial  passa  pela  capacidade  de  promover  a 
        “aprendizagem  social”,  todavia  a  evidência  empírica  desvaloriza  o  impacto  directo  dos 
        mecanismos de “aprendizagem social”. 

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    -   O  autor  evidenciou,  ainda,  alguns  constrangimentos  actuais  à  integração  social  e  que 
        deverão ser tidos em consideração na proposta de prioridades: 
        •       Crise  económica  e  financeira  –  para  além  de  diminuir  os  recursos  disponíveis 
                necessários  a  uma  estratégia  comum  ao  nível  social,  tem  sido  reveladora  das 
                dificuldades em consensualizar e fazer convergir as respostas políticas 
        •       Sucessivos  alargamentos  –  têm  incrementado  a  diversidade  institucional  nas 
                questões  sociais,  inibindo  a  integração  nestas  áreas,  ao  mesmo  tempo  que  têm 
                produzido uma crescente fragmentação da paisagem política europeia 
    −   Estes constrangimentos têm vários efeitos: 
        •       Reforço de alguns obstáculos tradicionais ao desenvolvimento de uma politica social 
                comum 
        •       Degradação progressiva dos equilíbrios políticos nas áreas sociais 
        •       Crescente fragmentação dos processos, à qual tem estado associada uma crescente 
                invisibilidade nacional das estratégias europeias 
    -   Momento de viragem, enquanto oportunidade para alterar as políticas europeias: maior 
        europeização das políticas nacionais ou inicio de processos de re‐nacionalização. 
    -   Lições dos últimos 10 anos e o horizonte de 2020 
            •    Trade‐off  entre  os  grandes  objectivos  e  ambições  de  carácter  normativo  e  a 
                 capacidade de europeizar as políticas domésticas 
            •    A UE continua a ter uma  grande  capacidade para formatar as agendas nacionais, 
                 pelo  que  os  EM  devem  fazer  o  possível  por  reflectir  as  suas  preferências 
                 domésticas ao nível comunitário 
            •    Perda  de  relevo  político  dos  processos  europeus  ligados  às  políticas  sociais  – 
                 importância de “etiquetas” tipo flexigurança 
            •    Uma ideia  “abandonada”, mas que poderia ser recuperada foi a do diálogo social 
                 autónomo e bipartido. Poder‐se‐ia procurar um diálogo social de nível intermédio, 
                 que  esteja  para  além  do  nacional,  mas  que  não  implique  uma  concertação  a  27. 
                 Uma  possibilidade  realista  seria  o  relacionado  com  os  acordos  de  geometria 
                 variável ou de progressão por clusters 
            •    Outra  possibilidade  passa  por,  mantendo  a  centralidade  do  tema  “emprego”, 
                 complementá‐lo  com  outras  dimensões  sociais  (formação  de  activos/  coesão 
                 social; níveis de desigualdade/ pobreza) 
 

Contributo  dos  Participantes  na  Sessão  “Modelo  Social 
Europeu” 
Nesta  sessão,  bastante  participada,  foram  registados  os  contributos  do  debate  gerado  em 
torno  das  políticas  sociais.  Uma  das  conclusões  desta  sessão  foi  a  necessidade  de  que  as 
políticas sociais deverão ser encaradas, não apenas na sua vertente “reparadora” de situações 


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menos  favoráveis  ou  desfavoráveis,  mas  como  promotoras  de  dinâmicas  sociais  de 
desenvolvimento. 

Método 

No  que  respeita  ao  Método,  destaca‐se  a  necessidade  da  aperfeiçoar  o  MAC,  através  da 
melhoria da cooperação entre EM e entre actores sociais, complementado com a melhoria da 
hard law, bem como o reforço da cooperação entre os actores dentro cada Estado‐membro, 
de forma horizontal e vertical. Salienta‐se ainda a Importância de fazer reflectir tanto quanto 
possível  as  preferências  nacionais  no  nível  comunitário,  incluindo  o  seu  reflexo  ao  nível  do 
orçamento da EU. 

Prioridades 

Entre as prioridades foram abordadas questões como a importância da Inovação Social (e não 
apenas  inovação  tecnológica)  aliada  ao  empreendedorismo  social:  problemas  sociais  novos 
exigem  novas  e  melhores  respostas  sociais  (por  exemplo:  na  justiça  criminal;  no 
envelhecimento;  nas  alterações  climáticas),  sem  esquecer  que  as  respostas  sociais  têm  uma 
duração específica (caducam no tempo), o que também exige a aposta na I&D na área social; 
necessidade de novos instrumentos de qualificação dos actores sociais e de disseminação de 
boas‐práticas. 

A Inclusão das políticas de imigração na Estratégia deve estar mais associada à dimensão da 
competitividade e da resposta às questões do envelhecimento da população, mas também à 
questão da diversidade cultural e sustentabilidade do modelo social europeu. 

Foram abordadas também as questões das Desigualdades sociais e pobreza, nomeadamente a 
infantil,  na  medida  em  que  se  impõe,  cada  vez  mais,  a  importância  da  igualdade  de 
oportunidades  no  acesso  a  condições  de  vida  por  parte  das  famílias.  Torna‐se  também 
necessário  o  desenvolvimento  de  políticas  de  inclusão  social  activa,  tendo  em  conta  as  suas 
três  dimensões  essenciais:  rendimento  mínimo,  inserção  no  mercado  de  trabalho  e  acesso  a 
serviços sociais de qualidade. 

Governação  

O debate em torno desta questão salientou a necessidade do desenvolvimento de mecanismos 
comuns  de  governação  da  EL,  na  medida  em  que,  por  exemplo,  os  coordenadores  têm 
estatutos  distintos  consoante  os  EM.  Neste  sentido,  torna‐se  necessário  o  reforço  e  maior 
legitimidade dos Coordenadores Nacionais da EL em cada Estado‐Membro – coordenação ao 
mais alto nível.  

Focou‐se  também  a  importância  de  recomendações  mais  vinculativas  e  do  maior  e  melhor 
envolvimento  dos  actores,  desde  o  início  do  processo,  bem  como  a  apropriação  da  EL  pelo 
público  em  geral,  através  da  democratização  da  mesma  procurando  descer  ao  terreno  e 
abranger os diferentes grupos da população – identificação das iniciativas com a EL, de forma a 
garantir uma maior apropriação. 

                                                                                                      21 

 
Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico 

 

No  sentido  de  um  maior  rigor  no  acompanhamento  das  políticas  sociais,  reforçou‐se  a 
Importância da actualização dos dados estatísticos, nomeadamente sobre pobreza, uma vez 
que a tomada de decisão requer dados actualizados e indicadores comuns e robustos. 

Relatores da Sessão:  

Cândida Soares 

António Bob Santos 

      WORKSHOP 3: DIMENSÃO EXTERNA DA ESTRATÉGIA DE 
        LISBOA. VISÃO, APROPRIAÇÃO E GOVERNAÇÃO 
 

Os trabalhos desta sessão foram organizados em torno de dois grandes temas abordados 
separadamente: governação e dimensão externa. 

 

     1. Governação 
 
O debate centrou‐se na questão da melhoria dos mecanismos de implementação, no reforço 
da  coordenação  horizontal  entre  as  diferentes  políticas  e  na  promoção  da  apropriação  por 
parte da sociedade civil, assegurando níveis mais elevados de participação. 
 
Dos  principais  aspectos  que  reuniram  consenso  pode  salientar‐se,  em  primeiro  lugar,  a 
necessidade  de  fomentar  um  maior  empowerment  que  deverá  traduzir‐se  num  forte 
compromisso político em todos os níveis de intervenção da Estratégia.  
 
Num  plano  nacional,  o  reforço  do  empowerment  pode  ser  conseguido,  nomeadamente,  por 
uma  maior  incorporação  da  Estratégia  de  Lisboa  nos  programas  dos  governos,  naturalmente 
sem pôr em causa a necessidade de alcançar um consenso estratégico para um horizonte de 
médio  e  longo  prazo.  Para  este  reforço  do  compromisso  político  é  também  fundamental  o 
maior envolvimento dos parlamentos nacionais. 
 
Neste  âmbito,  importa  ainda  valorizar  junto  dos  cidadãos  as  reformas  estruturais  levadas  a 
cabo  internamente  e  que  decorrem  ou  se  cruzam  com  o  contexto  da  EL,  mas  às  quais  nem 
sempre  é  dada  a  visibilidade  merecida,  sendo  frequentemente  assumidas  apenas  no  quadro 
das  políticas  públicas.  Este  factor  não  concorre  para  promover  a  importância  da  EL  junto  da 
sociedade civil.  
 
No  debate  foi  igualmente  destacado  o  papel  dos  coordenadores  nacionais,  bem  como  a 
necessidade  de  maior  harmonização  dos  seus  perfis  que  presentemente  são  ainda  muito 
diversos.  Refira‐se,  por  um  lado,  a  importância  de  serem  dotados  de  capacidade  de  decisão 
política  e  de  proximidade  aos  Primeiros‐ministros  dada  a  transversalidade  sectorial  da 
Estratégia.  Por  outro  lado,  afigura‐se  igualmente  central  que  os  coordenadores  nacionais 
tenham uma efectiva capacidade executiva que confira flexibilidade e operacionalidade à sua 
actuação. Este modelo é aproximadamente o que se verifica em Portugal, Espanha e Suécia. 
                                                                                                       22 

 
Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico 

 

 
Também a nível europeu a apropriação política deverá ser reforçada, em particular através do 
maior envolvimento das várias formações do Conselho e do papel de coordenação do CAGRE e 
do  Conselho  Europeu  valorizando,  também,  a  importância  de  iniciativas  comuns  e 
promovendo  um  melhor  enquadramento  e  articulação  dos  coordenadores  nacionais  que  é 
actualmente deficitário. 
 
Destaque‐se  ainda  o  consenso  em  torno  da  necessidade  de  um  maior  envolvimento  dos 
parceiros  económicos  e  sociais,  numa  governação  partilhada  entre  governos  nacionais  e 
sociedade civil. 
 
Foi  igualmente  sublinhada,  no  contexto  da  melhoria  da  governação,  a  importância  de  dar 
visibilidade  à  Estratégia  noutras  escalas  de  intervenção,  como  a  regional,  bem  como  a 
necessidade  de desenvolver abordagens de base territorial (na medida em que os territórios 
têm  um  papel  a  desempenhar  enquanto  sede  privilegiada  para  a  articulação  das  políticas 
públicas), promovendo a participação e o envolvimento das associações de  desenvolvimento 
local e de outros actores organizados regional ou localmente. 
 
No que se relaciona com as temáticas da avaliação e monitorização pode salientar‐se que, não 
obstante  a  importância  de  manter  objectivos  comuns,  deve  equacionar‐se  em  paralelo  a 
possibilidade  de  introduzir  metas  e  indicadores  mais  adaptados  a  cada  EM  que  permitam 
atender às diferenciações nacionais que importa valorizar. 
 
De  referir  ainda  que  o  desenho  das  metas  deve  ser  realista  mas  ambicioso  e  que  os 
indicadores  devem  ser  construídos  de  forma  a  permitir,  para  além  das  habituais 
caracterizações  absolutas  mas  estáticas,  medir  também  o  progresso  relativo  dos  países, 
permitindo, desta forma, contemplar as desiguais situações de partida. 
 
 
     2. Dimensão Externa 
 
No âmbito da dimensão externa debateu‐se essencialmente a questão de como pode a União 
Europeia influenciar o contexto internacional através de uma posição mais coordenada. 
 
Em primeiro lugar pode destacar‐se a conclusão geral de que a dimensão externa da Estratégia 
de Lisboa deverá desempenhar um papel fundamental na competitividade da União Europeia 
no mundo, bem como no reforço do seu papel na governação a um nível global. 
 
O  futuro  da  competitividade  da  UE  poderá  assentar  numa  nova  lógica  internacional  de 
mercados  e  produtos  baseada,  em  grande  medida,  na  economia  verde  ‐  empresas  de 
tecnologias limpas, industrias ambientais, entre outras ‐ e de informação. 
 
Para  promover  a  dimensão  externa  o  primeiro  passo  é  assegurar  uma  forte  coordenação 
interna  à  UE,  que  se  traduza  numa  actuação  coerente  e  concertada  em  todos  os  canais 
disponíveis:  relacionamento  bilateral  dos  EM,  relacionamento  bilateral  da  UE  e 
relacionamento  multilateral.  O  reforço  da  articulação  interna  é  essencial  também  para 
valorizar a voz da UE no contexto das organizações internacionais face à crescente importância 
das economias emergentes. 
 

                                                                                               23 

 
Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico 

 

Como  forma  de  “exportar”  a  Estratégia  de  Lisboa  e  de  conseguir  que  os  valores  europeus 
possam  inspirar  outras  grandes  regiões,  afigura‐se  igualmente  fundamental  introduzir 
sistematicamente  nas  agendas  das  Cimeiras  da  União  a  preocupação  com  a  abertura  dos 
mercados, com a convergência de regras e com a cooperação regulamentar. 
 
Neste contexto, há que manter uma perspectiva realista de que nem sempre é fácil conseguir 
a convergência de diferentes interesses nacionais, o que pode dificultar que a União Europeia 
consiga sempre “falar a uma só voz”. Contudo, deve ter‐se presente que só com solidariedade 
dentro da UE e ultrapassando “egoísmos” nacionais se poderá alterar o actual status quo.  
 
O  futuro  do  comércio  internacional  estará  centrado,  mais  do  que  na  clássica  redução  das 
tarifas, no relacionamento e no diálogo entre países e nas barreiras não‐tarifárias (regulação, 
regras e comportamentos) que dificultam a troca de produtos e sobretudo a de serviços. Esta 
nova abordagem, mais política e menos técnica, exige um compromisso político alargado para 
que  a  abertura  do  comércio  internacional  contribua  efectivamente  para  o  crescimento 
económico a nível global. 
 
Por fim, saliente‐se que o Tratado de Lisboa reforçará a capacidade de afirmação externa da 
UE,  permitindo um  processo de tomada de  decisão mais rápido através de  um número  mais 
alargado de decisões por co‐decisão e por maioria qualificada, reforçando o papel estratégico 
e de coordenação do CAGRE, atribuindo uma maior capacidade à UE para agir noutras políticas 
e desenvolvendo um quadro institucional que facilita a coerência e a eficácia da acção externa. 
 
 
 
Relatores: 
Maria João Botelho 
João Mateus 
                                                   




                                                                                                 24 

 

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  • 1.
  • 2. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico                                                1   
  • 3. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico      Estratégia de Lisboa pós‐2010      A Visão Portuguesa                3    Balanço dos Workshops Realizados             6    Anexos  Workshop 1: “Crescimento Económico e Sustentabilidade –  Competitividade e Coesão”               13  Workshop 2: “Modelo Social Europeu”           19  Workshop 3: Dimensão Externa da Estratégia de Lisboa: Visão,  Apropriação e Governação              22      2   
  • 4. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico    Estratégia de Lisboa pós‐2010    A Visão Portuguesa  Portugal  considera  que  a  Estratégia  de  Lisboa  pós‐2010  e  o  Tratado  de  Lisboa  são  os  dois  pilares estruturantes da consolidação do projecto europeu no quadro de mudança disruptiva  que se verifica no mundo.   Essa convicção é reforçada pelo papel importante que a Estratégia de Lisboa teve como matriz  agregadora  da  resposta  europeia  á  crise,  demonstrando  a  flexibilidade  e  a  resiliência  das  prioridades definidas para o Novo Ciclo 2008/2010.  Com o objectivo de contribuir para a formulação duma Estratégia de Lisboa pós 2010 à altura  dos  desafios  que  se  colocam  á  União  Europeia,  Portugal  elaborou  uma  posição  de  princípio  sobre  o  futuro  da  Estratégia  de  Lisboa  no  quadro  da  preparação  do  documento  que  a  Comissão Europeia submeteu ao Conselho Europeu da Primavera de 2008.  Dando  sequência  às  decisões  desse  Conselho  foi  implementada  uma  estratégia  de  debate  público  das  linhas  orientadoras  da  Estratégia  de  Lisboa  pós  2010  que  culminou  com  a  realização  dum  Workshop  cujo  programa,  conclusões  gerais  e  conclusões  temáticas  se  anexam.  Entendemos que é fundamental o envolvimento dos parceiros sociais e dos cidadãos europeus  no debate e na formulação da Estratégia de Lisboa pós 2010.   Prosseguiremos  por  isso  em  Portugal  o  processo  de  debate  alargado,  ao  mesmo  tempo  que  faremos da implementação em concreto do Programa Nacional de Reformas 2008/2010 uma  boa prática mobilizadora para os novos desafios.  Tendo em conta o mandato da Comissão Europeia para o lançamento no inicio do Outono dum  debate  alargado  sobre  a  Estratégia  de  Lisboa  pós  2010  consideramos  relevante  e  oportuno  enviar  formalmente  os  documentos  resultantes  do  debate  público  decorrido  até  agora  em  Portugal.  Para  além  de  disponibilizar  as  conclusões  e  a  síntese  do  debate  realizado,  importa  ainda  sublinhar como introdução política ao documento, as 4 linhas de força que emergiram como  fundamentais para enquadrar uma Estratégia de Lisboa pós 2010 bem sucedida.    1. Uma estratégia política   Entendemos  que  a  Estratégia  de  Lisboa  pós  2010  tem  que  constituir  uma  resposta  política  e  não  uma  resposta  técnica  aos  desafios  europeus  e  ser  assumida  como  tal  3   
  • 5. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico    pelas  instituições  europeias,  nacionais,  regionais  e  locais.  Uma  resposta  política  implica compromissos fortes e escrutináveis nos diversos patamares.  A dimensão política é também condição necessária para que seja assumida em pleno a  dimensão externa da Estratégia de Lisboa pós 2010.   No  novo  quadro  competitivo  global  a  convergência  numa  Estratégia  política  de  afirmação interna e externa é fundamental para garantir a capacidade de influência da  UE  na  definição  de  quadros  regulatórios  e  de  normas  concorrenciais  sustentáveis  e  favoráveis aos padrões e aos valores em que assenta o projecto europeu.  Uma  Estratégia  Política  matricial,  com  dimensões  territoriais  diversas,  necessita  para  ser consistente, de ser ancorada numa Rede de Coordenadores Nacionais reconhecida,  com parâmetros de missão e estatuto concertados e respeitados por todos os Estados  Membros e pelos órgãos da União.       2. Uma estratégia integrada   Consideramos  que  a  Estratégia  de  Lisboa  pós  2010  deve  ser  um  referencial  de  convergência  para  as  Estratégias  sectoriais  no  quadro  da  EU,  não  forçando  uma  integração artificial mas definindo mecanismos de coordenação que conduzam a uma  harmonização interactiva, necessária face á progressiva diluição de fronteiras entre as  dimensões económicas, sociais e ambientais das dinâmicas de desenvolvimento.   A Estratégia de Lisboa pós 2010 deve ter como referência de elaboração a ambição de  uma  Europa  verde,  baseada  na  sustentabilidade  dos  processos  económicos,  dos  modelos  sociais  e  dos  impactos  ambientais,  fazendo  do  combate  às  alterações  climáticas um motor de reconfiguração e modernização da sociedade europeia.   3. Uma estratégia ambiciosa   A afirmação global da União Europeia pressupõe a liderança em sectores estratégicos  e de fronteira tecnológica.   Em  particular, domínios em que a  Europa enfrenta uma ameaça competitiva como  a  energia,  o  envelhecimento  populacional  ou  a  qualidade  ambiental,  devem  ser  transformados  em  áreas  de  oportunidade  e  liderança,  designadamente  as  energias  renováveis, os novos modelos de produção eficiente, as novas respostas de saúde e as  redes de nova geração.   A  consolidação  de  lideranças  no  quadro  da  Estratégia  de  Lisboa  pós  2010  deve  privilegiar o modelo inclusivo subjacente ao Método Aberto de Coordenação, mas não  pode descartar a aplicação de cooperações reforçadas específicas, para objectivos que  não possam ser prosseguidos sem esse reforço de compromisso.     4   
  • 6. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico    4. Uma estratégia mobilizadora   A  Estratégia  de  Lisboa  pós  2010  tem  que  conectar  a  inovação  às  pessoas,  gerando  novas  atitudes  e  novas  oportunidades.  A  medição  do  seu  sucesso  deve  como  indicadores  últimos  as  oportunidades  emprego  ou  de  actividade  empreendedora  geradas e a qualidade dessas oportunidades, assim como a riqueza criada num quadro  de equidade e sustentabilidade.  A  Estratégia  de  Lisboa  pós  2010  tem  por  isso  que  ser  flexível,  adequada  aos  ciclos  políticos  e  avaliada  em  termos  de  progresso  relativo  e  grau  de  concretização  de  objectivos assumidos por cada Estado Membro no quadro da União.  Este  modelo  implica  um  processo  político  de  contratualização  de  objectivos  e  de  definição de contrapartidas no âmbito do quadro financeiro global da União, seja nas  perspectivas  financeiras,  seja  na  aplicação  das  políticas  comuns  de  crescimento  e  estabilidade macroeconómica.           5   
  • 7. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico      Estratégia de Lisboa pós 2010  Balanço dos Workshops Realizados    Contexto  Uma  reflexão  sobre  os  contornos  que  a  Estratégia  de  Lisboa  deverá  assumir  no  período  pós  2010 terá forçosamente de considerar como pano de fundo uma análise actual mas também  prospectiva  do  contexto  económico  e  dos  elementos  que  condicionam  o  futuro  cenário  económico – como, por exemplo, o envelhecimento das populações, as alterações climáticas  ou  a  sustentabilidade  no  fornecimento  energético.  A  análise  deve  também  levar  em  consideração  a  necessidade  de  encarar  as  políticas  sociais,  não  apenas  na  sua  vertente  “reparadora”  de  situações  menos  favoráveis  ou  desfavoráveis,  mas  como  promotoras  de  dinâmicas sociais de desenvolvimento.  O  futuro  da  competitividade  da  UE  poderá  assentar  numa  nova  lógica  internacional  de  mercados  e  produtos  baseada,  em  grande  medida,  na  economia  verde  ‐  empresas  de  tecnologias limpas, industrias ambientais, entre outras ‐ e de informação. O futuro da UE passa  também por assegurar a segurança e estabilidade no abastecimento da energia à União, pelo  papel motor das energias renováveis e da inovação industrial na transição para um paradigma  de baixo carbono, essencial para um combate efectivo às alterações climáticas.   O  reforço  da  empregabilidade  dos  trabalhadores;  o  estímulo  à  criação  de  empresas  e  à  inovação;  a  importância  do  papel  da  educação  e  da  aprendizagem  ao  longo  da  vida;  são  algumas  das  áreas  que  a  UE  deve  dar  prioridade  na  definição  das  suas  políticas  de  desenvolvimento.     Dimensão externa  A dimensão externa da Estratégia de Lisboa deverá desempenhar um papel fundamental na  competitividade  da  União  Europeia  no  mundo,  bem  como  no  reforço  do  seu  papel  na  governação a um nível global. Como forma de “exportar” a Estratégia de Lisboa e de conseguir  que  os  valores  europeus  possam  inspirar  outras  grandes  regiões,  afigura‐se  igualmente  fundamental  introduzir  sistematicamente  nas  agendas  das  Cimeiras  da  União  a  preocupação  com  a  abertura  dos  mercados,  com  a  convergência  de  regras  e  com  a  cooperação  regulamentar.  Para  promover  a  dimensão  externa  o  primeiro  passo  é  assegurar  uma  forte  coordenação  interna  à  UE,  que  se  traduza  numa  actuação  coerente  e  concertada  em  todos  os  canais  6   
  • 8. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico    disponíveis:  relacionamento  bilateral  dos  EM,  relacionamento  bilateral  da  UE  e  relacionamento  multilateral.  Contudo,  nem  sempre  é  fácil  conseguir  a  convergência  de  diferentes  interesses  nacionais;  só  com  solidariedade  dentro  da  UE  e  ultrapassando  “egoísmos” nacionais se poderá alterar o actual status quo.  O  futuro  do  comércio  internacional  estará  centrado,  mais  do  que  na  clássica  redução  das  tarifas, no relacionamento e no diálogo entre países e nas barreiras não‐tarifárias (regulação,  regras e comportamentos) que dificultam a troca de produtos e sobretudo a de serviços. Esta  nova abordagem, mais política e menos técnica, exige um compromisso político alargado para  que  a  abertura  do  comércio  internacional  contribua  efectivamente  para  o  crescimento  económico a nível global.  Deverá também ter‐se em consideração a coerência das políticas “internas” com as políticas  “externas”  no  seio  da  Estratégia.  O  reforço  do  enfoque  na  competitividade  não  deixa  de  constituir um apelo a que a estratégia de crescimento da União tome em devida linha de conta  os parceiros comerciais (e de investimento) da EU. Ao mesmo tempo, nas relações económicas  com  esses  parceiros,  devem  ser  veiculadas  as  prioridades  da  estratégia  de  Lisboa.  Tal  se  consubstancia  na  promoção  dos  standards  seguidos  pela  UE  (em  matéria  social,  ambiental,  etc.) no contexto daquelas relações.  Por fim, saliente‐se que o Tratado de Lisboa reforçará a capacidade de afirmação externa da  UE,  permitindo um  processo de tomada de  decisão mais rápido através de  um número  mais  alargado de decisões por co‐decisão e por maioria qualificada, reforçando o papel estratégico  e de coordenação do CAGRE, atribuindo uma maior capacidade à UE para agir noutras políticas  e desenvolvendo um quadro institucional que facilita a coerência e a eficácia da acção externa.    Competitividade e Coesão   A  Estratégia  de  Lisboa  deve  centrar‐se  no  conceito  de  desenvolvimento  sustentável:  neste  contexto, a vertente ambiental é pilar fundamental deste conceito, bem como o pilar social.  A  Estratégia  deve  cobrir  todos  os  factores  que  condicionam  a  criação  de  empregos  sustentáveis; ela deverá, assim, dar coerência ao conjunto de instrumentos que estimulam os  factores de produtividade, empregabilidade e de competitividade na UE.  As  áreas  de  maior  competitividade  deverão  andar  em  torno  da  energia,  da  educação  e  da  formação, no sentido de um novo paradigma de desenvolvimento. Sectores como o turismo,  as tecnologias de informação e comunicação, a saúde ou os transportes (enquanto indústrias  com  potencial  de  inovação)  merecerão  ter  o  seu  espaço  na  Estratégia,  na  medida  em  que  importa estimular a sua produtividade, competitividade e capacidade de criação de emprego.  Entre  os  factores‐chave  para  reforçar  a  produtividade  e  a  competitividade,  destacados  pelos  intervenientes, contam‐se a inovação, o empreendedorismo e a assunção do risco.  7   
  • 9. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico    Alguns  intervenientes  indicaram  a  concorrência  fiscal  entre  Estados  Membros  como  constituindo um entrave à consolidação na implementação, e à coesão na aplicação, de uma  Estratégia promotora do desenvolvimento económico (a par do desenvolvimento ambiental e  social) no conjunto da UE.     A coerência entre as várias políticas que compõem a Estratégia de Lisboa deve ser reforçada  (coesão/competitividade,  energia/ambiente,  etc.)  logo  na  altura  da  sua  concepção,  mas  também  ao  longo  da  respectiva  implementação.  Onde  se  constate  que  a  integração  de  domínios  de  política  em  instrumentos  comuns  torna  difícil  a  sua  implementação  prática,  dever‐se‐á pelo menos assegurar que a prossecução dos objectivos desses domínios é feita em  harmónio.  Na  medida  em  que  se  espera  que  a  Estratégia  promova  a  empregabilidade  dos  cidadãos  europeus,  a  interacção  da  parte  “competitividade”  da  Estratégia  com  a  sua  parte  mais  “social”  é  crucial.  Não  se  esperando  que  esgote  a  vertente  social  da  Estratégia  de  Lisboa,  o  mercado  de  trabalho  é  o  domínio  onde  se  cruzam  as  preocupações  económicas  e  sociais  da  mesma,  e  onde  se  promove  em  simultâneo  a  produtividade,  a  empregabilidade  e  a  competitividade: o reforço da participação efectiva no mercado de trabalho – isto é, assegurar  que existem condições de empregabilidade dos trabalhadores ao longo da sua vida activa – é  essencial para o reforço da produtividade e da inovação, e em simultâneo promove a inclusão  e o combate às desigualdades sociais.  Interacção  com  a  parte  ambiental  fortemente  assente  no  domínio  energético.  O  sector  energético,  claramente  reconhecido  pelos  participantes  como  parte  integrante  da  Estratégia  de Lisboa, constitui a principal ponte entre as vertentes económica e ambiental da mesma. Foi  dado  destaque  a  questões  como  a  importância  de  se  assegurar  segurança  e  estabilidade  no  abastecimento  da  energia  à  União  e  o  papel‐motor  das  energias  renováveis,  dos  biocombustíveis  e  da  inovação  industrial  na  transição  para  um  paradigma  de  baixo  carbono,  essencial para um combate efectivo às alterações climáticas.   O  papel  central  da  educação  e  da  formação.  Para  a  referida  empregabilidade  dos  trabalhadores, mas também para potenciar a criação de empresas, logo de postos de trabalho,  importa reconhecer o papel da educação e da formação ao longo da vida. A educação para a  vida activa, se assente na ideia de “literacia técnica”, permitirá aos trabalhadores manterem‐se  “empregáveis”. Ao mesmo tempo, torna‐se urgente aumentar a integração da educação para  o  empreendorismo  e  para  comportamentos  mais  “risk‐taking”  (i.e.,  a  assunção  de  riscos),  e  criativos.  Estes  elementos  permitirão  reforçar  os  factores  “iniciativa”  e  “inovação”  na  União.  Os participantes colocaram clara ênfase na educação básica generalizada de alta qualidade e  na importância de integrar aquelas preocupações nos curricula  das crianças  europeias desde  cedo.    Dimensão Social  8   
  • 10. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico    As  políticas  sociais  deverão  ser  encaradas,  não  apenas  na  sua  vertente  “reparadora”  de  situações menos favoráveis ou desfavoráveis, mas como promotoras de dinâmicas sociais de  desenvolvimento.  Momento  de  viragem,  enquanto  oportunidade  para  alterar  as  políticas  europeias:  maior  europeização das políticas nacionais ou inicio de processos de re‐nacionalização?  Lições dos últimos 10 anos e o horizonte de 2020:  • Trade‐off  entre  os  grandes  objectivos  e  ambições  de  carácter  normativo  e  a  capacidade de europeizar as políticas domésticas;  • A UE continua a ter uma  grande  capacidade para formatar as agendas nacionais,  pelo  que  os  EM  devem  fazer  o  possível  por  reflectir  as  suas  preferências  domésticas ao nível comunitário;  • Perda  de  relevo  político  dos  processos  europeus  ligados  às  políticas  sociais  –  importância de “etiquetas” tipo flexigurança;  • Uma ideia  “abandonada”, mas que poderia ser recuperada foi a do diálogo social  autónomo e bipartido. Poder‐se‐ia procurar um diálogo social de nível intermédio,  que  esteja  para  além  do  nacional,  mas  que  não  implique  uma  concertação  a  27.  Uma  possibilidade  realista  seria  o  relacionado  com  os  acordos  de  geometria  variável ou de progressão por clusters;  • Outra  possibilidade  passa  por,  mantendo  a  centralidade  do  tema  “emprego”,  complementá‐lo  com  outras  dimensões  sociais  (formação  de  activos/  coesão  social; níveis de desigualdade/ pobreza);    Entre as prioridades foram abordadas questões como a importância da Inovação Social (e não  apenas  inovação  tecnológica)  aliada  ao  empreendedorismo  social,  sem  esquecer  que  as  respostas  sociais  têm  uma  duração  específica  (caducam  no  tempo),  o  que  também  exige  a  aposta  na  I&D  na  área  social.  Foi  também  focada  a  necessidade  de  novos  instrumentos  de  qualificação dos actores sociais e de disseminação de boas‐práticas.  A Inclusão das políticas de imigração na Estratégia deve estar mais associada à dimensão da  competitividade e da resposta às questões do envelhecimento da população, mas também à  questão da diversidade cultural e sustentabilidade do modelo social europeu.  Foram  abordadas  também  as  questões  das  Desigualdades  sociais  e  pobreza,  bem  como  a  necessidade do desenvolvimento de políticas de inclusão social activa, tendo em conta as suas  três  dimensões  essenciais:  rendimento  mínimo,  inserção  no  mercado  de  trabalho  e  acesso  a  serviços sociais de qualidade.    Governação  9   
  • 11. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico    Coerência  com  outras  políticas  da  União  e  dos  Estados  Membros.  Importa  assegurar  uma  reforçada coerência entre as políticas (macro, micro e para o mercado de trabalho) cobertas  pela Estratégia e outras políticas da UE. Salientado foi, por exemplo, o caso da política para a  imigração  que,  tal  como  as  políticas  para  a  família,  deverão  ser  consistentes  com  as  preocupações  em  matéria  de  envelhecimento  das  populações,  e  com  a  necessidade  de  assegurar uma taxa de actividade (taxa de participação no mercado de trabalho) crescente na  UE.  Resultados  palpáveis  e  acessibilidade  às  empresas  e  aos  cidadãos.  A  Estratégia  deverá  ser  abrangente  mas focalizada, o que quer dizer que  em vez de dar orientações excessivamente  genéricas, deve permitir ser concreta e consequente. Para tal, é importante que o alcance e os  resultados  da  Estratégia  sejam  compreendidos  pelos  cidadãos  e  pelas  empresas.  Mais,  é  importante  uma  Estratégia  de  Lisboa  que  esteja  ao  serviço  do  grosso  dos  cidadãos  e  das  empresas.  Tal  implica  que  a  Estratégia  de  Lisboa  não  seja  uma  Estratégia  unicamente  orientada para as “élites” da União.   A  Estratégia  de  Lisboa  também  deverá  desbloquear  as  condições  para  que  estas  empresas  possam ganhar dimensão, produtividade e competitividade externa, o que ao mesmo tempo  reforçará o seu potencial de empregabilidade. De forma análoga, o aumento generalizado do  nível  de  qualificações  afigura‐se  a  única  forma  de  aumentar  a  empregabilidade  do  conjunto  dos cidadãos europeus.  Ainda  que  as  empresas  mais  inovadoras  ou  tecnologicamente  mais  avançadas,  ou  os  trabalhadores altamente qualificados mereçam um espaço próprio no seio da Estratégia (note‐ se que os participantes indicaram claramente que os instrumentos devem entrar em linha de  conta  com  a  especificidade  dos  vários  beneficiários  e  sectores  de  actividade),  há  que  ter  sempre  presente  que,  para  aumentar  de  forma  efectiva  o  potencial  de  crescimento  e  de  produtividade do conjunto da União, é necessário que a Estratégia se dirija à base produtiva da  UE  no  seu  conjunto.  Nesse  contexto,  há  que  reconhecer  que  o  tecido  produtivo  da  UE  é  maioritariamente  constituído  por  pequenas  e  médias  empresas,  muitas  das  quais  serão  microempresas. Assim, a Estratégia deve orientar‐se para a promoção de melhores condições  de funcionamento destas.   Resultados  também  no  curto  prazo.  Tratando‐se  de  uma  Estratégia  para  o  crescimento  e  o  emprego  da  UE,  fortemente  assente  num  programa  de  reformas  estruturais,  a  Estratégia  de  Lisboa orienta‐se naturalmente para o médio/longo prazo: com efeito, o prazo dentro do qual  é  razoável  esperar  resultados  palpáveis  da  Estratégia  deverá  ser  coerente  com  a  natureza  estrutural  de  parte  significativa  das  políticas,  iniciativas  e  instrumentos  por  ela  cobertos.  No  entanto, os participantes não deixaram de salientar a importância de promover (pelo menos  alguns) resultados visíveis num prazo mais imediato.  Destaca‐se  a  necessidade  da  aperfeiçoar  o  Método  Aberto  de  Coordenação,  através  da  melhoria da cooperação entre EM e entre actores sociais, complementado com a melhoria da  hard law, bem como o reforço da cooperação entre os actores dentro cada Estado‐membro,  de forma horizontal e vertical. Salienta‐se ainda a Importância de fazer reflectir tanto quanto  10   
  • 12. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico    possível  as  preferências  nacionais  no  nível  comunitário,  incluindo  o  seu  reflexo  ao  nível  do  orçamento da EU.  Empowerment. Debateu‐se também a necessidade de fomentar um maior empowerment que  deverá  traduzir‐se  num  forte  compromisso  político  em  todos  os  níveis  de  intervenção  da  Estratégia.  Num  plano  nacional,  o  reforço  do  empowerment  pode  ser  conseguido,  nomeadamente,  por  uma  maior  incorporação  da  Estratégia  de  Lisboa  nos  programas  dos  governos,  é  também  fundamental  o  maior  envolvimento  dos  parlamentos  nacionais.  Neste  âmbito,  importa  ainda  valorizar  junto  dos  cidadãos  as  reformas  estruturais  levadas  a  cabo  internamente  e  que  decorrem  ou  se  cruzam  com  o  contexto  da  EL.  A  nível  europeu  a  apropriação  política  deverá  ser  reforçada,  em  particular  através  do  maior  envolvimento  das  várias formações do Conselho e do papel de coordenação do CAGRE e do Conselho Europeu  valorizando,  também,  a  importância  de  iniciativas  comuns  e  promovendo  um  melhor  enquadramento e articulação dos coordenadores nacionais que é actualmente deficitário.  Necessidade  de  maior  harmonização  dos  perfis  dos  coordenadores  nacionais  da  EL,  bem  como  da  Rede.  Refira‐se,  por  um  lado,  a  importância  de  serem  dotados  de  capacidade  de  decisão política e de proximidade aos Primeiros‐ministros dada a transversalidade sectorial da  Estratégia.  Por  outro  lado,  afigura‐se  igualmente  central  que  os  coordenadores  nacionais  tenham uma efectiva capacidade executiva que confira flexibilidade e operacionalidade à sua  actuação  No  que  respeita  à  avaliação  e  monitorização  pode  salientar‐se  que,  não  obstante  a  importância de manter objectivos comuns, deve equacionar‐se em paralelo a possibilidade de  introduzir  metas  e  indicadores  mais  adaptados  a  cada  EM  que  permitam  atender  às  diferenciações nacionais que importa valorizar.  As metas devem ser realista smas ambiciosas  e  os  indicadores  devem  ser  construídos  de  forma  a  permitir,  para  além  das  habituais  caracterizações  absolutas  mas  estáticas,  medir  também  o  progresso  relativo  dos  países,  permitindo, desta forma, contemplar as desiguais situações de partida.    Metodologia   Reforço  da  apropriação  da  Estratégia  a  nível  político.  Enquanto  estratégia  para  o  desenvolvimento  económico  e  social  da  UE,  a  Estratégia  consubstancia  um  conjunto  de  prioridades de política económica e para o mercado de trabalho. É essencial que esse conjunto  de prioridades seja subscrito ao mais elevado nível político. É igualmente necessário reforçar a  responsabilização  e  apropriação  política  dos  planos  nacionais  que  implementam  as  orientações da Estratégia, bem como dos respectivos resultados.  Responsabilização versus controlo. É importante reforçar a apropriação da Estratégia também  por  parte  dos  intervenientes  na  sua  execução.  No  entanto,  a  responsabilização  (“accountability”) de tais intervenientes não deve seguir uma lógica de controlo excessivo da  sua implementação.  11   
  • 13. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico    Indicadores  quantitativos  e  qualitativos.  Parte  da  apropriação  passa  por  assegurar  uma  monitorização da implementação da estratégia com base em indicadores. Os mesmos deverão  tratar‐se essencialmente de indicadores quantitativos, mas que sejam susceptíveis de reflectir  também os resultados qualitativos da implementação da estratégia. A escolha de indicadores  deve ser muito cuidadosa, devendo ser dada prioridade aos que podem dar uma perspectiva  dinâmica e relativa (comparada) dos resultados.   Utilização  integral  da  “caixa  de  ferramentas”  da  Estratégia.  Para  ser  eficaz,  é  fulcral  que  a  Estratégia de Lisboa continue a explorar ao máximo a metodologia à sua disposição, desde as  iniciativas das Instituições comunitárias plasmadas no Programa Comunitário de Lisboa até à  “transmissão”  de  orientações  comuns  aos  planos  nacionais  de  reforma,  passando  pela  aplicação  do  método  aberto  de  coordenação  e  da  troca  de  boas  práticas  em  domínios  de  competência dos Estados Membros.  Meios necessários. A Estratégia de Lisboa deve encontrar‐se equipada dos meios (incluindo os  meios  financeiros  a  nível  da  UE)  necessários  a  produzir  os  resultados  a  que  as  respectivas  políticas e instrumentos se propõem.   A  lógica  de  funcionamento  dos  instrumentos  é  igualmente  importante.  O  montante  afecto  aos  instrumentos  que  implementam  a  Estratégia  de  Lisboa  não  é  a  única  variável  que  determina  o  sucesso  na  obtenção  de  resultados:  é  essencial  assegurar  que  os  instrumentos  funcionam bem. Primeiro, a utilização dos meios deverá estar efectivamente à disposição dos  operadores económicos: uma subutilização destes meios poderá sugerir que os mesmos foram  mal  desenhados  ou  são  largamente  inacessíveis  a  vastos  grupos  de  cidadãos  ou  empresas.  Aqui, é crucial que tais meios sejam amplamente divulgados e desburocratizados.  Os instrumentos podem promover a coerência das várias vertentes da Estratégia. A título de  ilustração, alguns participantes salientaram que a “lisbonização” dos fundos comunitários por  meio  do  “earmarking”  não  é  suficiente  para  assegurar  que  os  objectivos  da  Estratégia  se  encontrem cabalmente reflectidos nestes instrumentos e na utilização que deles é feito pelos  Estados Membros. Foi sugerida uma “lisbonização” dos critérios que os projectos concorrentes  à  utilização  desses  fundos  devem  cumprir  (por  exemplo,  entrar‐se  em  linha  de  conta,  na  avaliação de um projecto de investimento, do seu potencial de empregabilidade).       12   
  • 14. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico    ANEXOS  Relatos dos Workshops Realizados no   CENTRO CULTURAL DE BELÉM  26 DE JUNHO DE 2009    Workshop 1: “Crescimento Económico e Sustentabilidade –  Competitividade e Coesão”    A  sessão  dedicada  ao  tema  “Crescimento  Económico  e  Sustentabilidade  –  Competitividade  e  Coesão” teve por base um documento de trabalho da autoria do Professor José Maria Brandão  de  Brito,  e  foi  pautada  por  uma  muito  participada  troca  de  impressões  sobre  a  futura  configuração da Estratégia de Lisboa no período pós 2010 nos referidos domínios. Da síntese  dos  contributos  apresentada  de  seguida,  foi  escolha  dos  relatores  excluir  aqueles  que  implicariam  uma  alteração  das  competências  das  instituições  da  UE  e/ou  dos  Estados  Membros apenas implementáveis através de uma alteração aos Tratados.    O novo contexto onde a Estratégia se desenrola  Uma  reflexão  sobre  os  contornos  que  a  Estratégia  de  Lisboa  deverá  assumir  no  período  pós  2010  deverá  forçosamente  ter  como  pano  de  fundo  uma  análise  actual  mas  também  prospectiva  do  contexto  económico  e  dos  elementos  que  condicionam  o  futuro  cenário  económico – como, por exemplo, o envelhecimento das populações, as alterações climáticas  ou  a  sustentabilidade  no  fornecimento  energético.  Deverá  também  levar  em  conta  as  características  da  crise  económica  que  se  faz  sentir  e  a  ideia  central  de  que  o  modelo  social  Europeu  está  a  ter,  e  irá  previsivelmente  continuar  a  ter,  custos  crescentes.  Como  pano  de  fundo  fica  a  ideia  que  outras  regiões,  estão  a  ter  mais  sucesso  no  aumento  do  seu  nível  de  vida, sem que isso esteja necessariamente associado a uma estratégia do tipo da Estratégia de  Lisboa e respectivo modelo social.    Abrangência  e  Coerência  da  Estratégia  de  Lisboa:  A  Necessidade  de  Resultados  sentidos  pelos cidadãos e empresas  A  Estratégia  deverá  ser  abrangente  mas  focalizada,  o  que  quer  dizer  que  deve  evitar  orientações excessivamente genéricas e ser concreta e consequente.   13   
  • 15. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico    Para a sua apropriação é importante que os seus objectivos e resultados sejam compreendidos  pelos cidadãos e pelas empresas. Para tal tem que ser uma Estratégia que esteja ao serviço do  grosso  dos  cidadãos  e  das  empresas.  Tal  implica  que  a  Estratégia  de  Lisboa  não  seja  uma  Estratégia  unicamente  orientada  para  as  “élites”  da  União.  Ainda  que  as  empresas  mais  inovadoras ou tecnologicamente mais avançadas, ou os trabalhadores altamente qualificados,  mereçam relevância no seio da Estratégia como impulsionadoras de progresso (note‐se que os  participantes indicaram claramente que os instrumentos devem entrar em linha de conta com  a especificidade dos vários beneficiários e sectores de actividade), há que ter sempre presente  que,  para  aumentar  de  forma  efectiva  o  potencial  de  crescimento  e  de  produtividade  do  conjunto  da  União,  é  necessário  que  a  Estratégia  se  dirija  à  base  produtiva  da  UE  no  seu  conjunto.  Nesse  contexto,  há  que  ter  presente  que  o  tecido  produtivo  da  UE  é  maioritariamente  constituído  por  pequenas  e  médias  empresas,  muitas  das  quais  microempresas.  Assim,  a  Estratégia  deve  ter  em  conta  também  a  promoção  das  melhores  condições  para  que  estas  empresas  possam  ganhar  dimensão,  produtividade  e  competitividade  externa,  o  que  ao  mesmo  tempo  reforçará  o  seu  potencial  de  empregabilidade. De forma análoga, o aumento generalizado do nível de qualificações afigura‐ se  a  única  forma  de  aumentar  a  empregabilidade  do  conjunto  dos  cidadãos  europeus.  A  Estratégia  deve  cobrir  todos  os  factores  que  condicionam  a  criação  de  emprego  sustentável;  ela  deverá,  assim,  dar  coerência  ao  conjunto  de  instrumentos  que  estimulam  os  factores  de  produtividade, empregabilidade e de competitividade na UE.     As  intervenções  dos  participantes  foram  bastante  claras  no  que  respeita  às  dúvidas  que  o  actual modelo de gestão macroeconómica levanta. Se por um lado se trata de uma política que  sobrevaloriza  os  riscos  de  inflação,  ganhando‐se  uma  política  social  assente  em  regimes  de  baixa inflação, por outro esta mesma política de baixa inflação não favorece o crescimento e a  criação  de  emprego.  Foram  também  levantadas  questões  já  antigas  mas  ainda  por  resolver  que  dizem  respeito  à  necessária  harmonização  fiscal  no  espaço  europeu.  Foi  também  relembrado  que  as  políticas  salariais  estão  no  essencial  indexadas  a  diferentes  modelos  de  concertação social a nível nacional, não havendo (dificilmente se vislumbra que possa haver)  uma  política  comunitária  de  harmonização  salarial.  Trata‐se  de  aspectos  essenciais  em  qualquer política de crescimento económico e que no entanto são pouco abordados no quadro  da Estratégia de Lisboa. O mesmo no que respeita à política de concorrência que no essencial  continua a ter enormes assimetrias e especificidades em diferentes Estados Membros.  A  vertente  ambiental,  como  condicionante  da  competitividade  foi  também  abordada  e  considerada como pilar fundamental.  Ao  nível  micro  foi  também  recomendado  uma  maior  atenção  aos  aspectos  intangíveis  associados  à  inovação  organizacional,  considerados  bem  mais  pertinentes  para  a  produtividade, que a inovação tecnológica strictu sensus. Por outro lado, foi também lembrado  que  a  Europa,  ao  contrário  dos  EUA,  aposta  muito  em  I&D  mas  em  sectores  que  não  têm  grande  margem  de  progressão.  A  inovação  em  associação  ao  novo  contexto  de  crise,  foi  14   
  • 16. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico    considerada um aspecto essencial. Contudo, o que mais releva são os aspectos sistémicos da  inovação  (a  inovação  em  rede),  as  interacções  entre  actores,  uma  maior  actuação  na  mobilidade, nos transportes na saúde, etc. Também a inadequação do actual quadro de registo  de patentes a nível Europeu, e a crescente substituição de actividades de I&D pelo registo de  patentes  nacionais  e  europeias,  contrasta  com  os  novos  modelos  da  inovação  aberta  e  em  rede,  que  em  parte  estão  na  base  dos  actuais  sucessos  empresariais  que  mais  facilmente  resistem à crise.  Uma discussão em torno dos vários domínios da Estratégia de Lisboa    Os  intervenientes  destacaram  como  áreas  de  relevância  crescente  a  energia,  a educação  e  a  formação. Mas sectores como o turismo, as tecnologias de informação e comunicação, a saúde  ou  os  transportes  (enquanto  indústrias  com  potencial  de  inovação)  merecerão  ter  o  seu  espaço  na  Estratégia,  na  medida  em  que  importe  estimular  a  sua  produtividade,  competitividade e capacidade de criação de emprego. Entre os factores‐chave para reforçar a  produtividade e a competitividade, destacados pelos intervenientes, contam‐se a inovação, o  empreendedorismo e a assunção do risco. A importância da coesão territorial foi igualmente  destacada  A coerência entre as várias políticas que compõem a Estratégia de Lisboa deve ser reforçada  (coesão/competitividade,  sustentabilidade,  etc.)  logo  na  altura  da  sua  concepção,  mas  também ao logo da respectiva implementação.   Deve‐se  pensar  em  ter  políticas  de  inovação  e  competitividade  com  preocupações  sociais  e,  por  outro  lado,  ter  políticas  de  coesão  com  preocupações  económicas.  Os  dois  domínios  funcionam em harmónio, um compensando e complementando o outro.  Deve‐se  também  procurar  áreas  onde  a  integração  seja  possível.  Por  exemplo,  nos  fundos  estruturais  e  de  coesão  (em  particular  na  gestão  dos  sistemas  de  incentivo)  devia‐se  ter  em  atenção a empregabilidade e a educação e formação. Actualmente, a decisão dos programas  operacionais  serem  mono‐fundo  dificulta,  se  não  mesmo  impede,  a  integração  de  instrumentos que favoreçam simultaneamente a competitividade e o emprego. Outro exemplo  é o de não haver integração entre a política de transporte ferroviário de mercadorias e outros  domínios  que  ela  serve,  em  particular  a  economia  verde,  a  empregabilidade  e  a  coesão  territorial.  Também  a  política  de  cidades,  nas  suas  várias  vertentes,  é  um  exemplo  de  não  integração com políticas de competitividade e de coesão territorial  Importa  ainda  assegurar  uma  reforçada  coerência  entre  as  políticas  (macro,  micro  e  para  o  mercado  de  trabalho)  cobertas  pela  Estratégia  e  outras  políticas  da  UE.  Salientado  foi,  por  exemplo, o caso da política para a imigração que, tal como as políticas para a família, deverão  ser consistentes com as preocupações em matéria de envelhecimento das populações e com a  necessidade  de  assegurar  uma  taxa  de  actividade  (taxa  de  participação  no  mercado  de  trabalho) crescente na UE.  15   
  • 17. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico    Um outro aspecto importante é a coerência das políticas “internas” com a dimensão externa.  O reforço do enfoque na competitividade, acima referido, não deixa de constituir um apelo a  que  a  estratégia  de  crescimento  da  União  tome  em  devida  linha  de  conta  os  parceiros  comerciais (e de investimento) da UE; ao mesmo tempo, nas relações económicas com esses  parceiros, devem ser veiculadas as prioridades da Estratégia de Lisboa. Tal consubstancia‐se na  promoção  dos  standards  seguidos  pela  UE  (em  matéria  social,  ambiental,  etc.)  no  contexto  daquelas relações.    A interacção da parte “competitividade” da Estratégia com a sua parte mais “social” é crucial,  mesmo centrando a empregabilidade dos cidadãos europeus como o seu objectivo central. A  qualidade do mercado de trabalho é um domínio onde se cruzam as preocupações económicas  e  sociais  e  onde  se  promove  em  simultâneo  a  produtividade,  a  empregabilidade  e  a  competitividade: o reforço da participação efectiva no mercado de trabalho – isto é, assegurar  que existem condições de empregabilidade dos trabalhadores ao longo da sua vida activa – é  essencial para o reforço da produtividade e da inovação, e em simultâneo promove a inclusão  e o combate às desigualdades sociais.    Uma estratégia assente numa visão pós‐crise  De  certa  forma  a  reflexão  também  abordou  o  que  será  a  economia  do  pós‐crise.  Foi  consensual  entre  os  participantes  a  existência  de  um  hiato  de  visão  e  liderança.  Não  é  claro  quais irão ser os novos drivers pós crise. Se, por um lado, o binómio energia ambiente parece  ser  seguramente  um  eixo,  há  ainda  um  aprofundamento  a  fazer  da  economia  baseada  no  conhecimento.   Considerou‐se  fundamental  tratar  o  sector  energético  como  a  principal  ponte  entre  as  vertentes económica e ambiental da Estratégia de Lisboa. Foi dado destaque a questões com a  importância de se assegurar a segurança e estabilidade no abastecimento da energia à União,  e  ao  papel  motor  das  energias  renováveis,  dos  bioc‐ombustíveis  e  da  inovação  industrial  na  transição  para  um  paradigma  de  baixo  carbono,  essencial  para  um  combate  efectivo  às  alterações climáticas.   Para a referida empregabilidade dos trabalhadores, mas também para potenciar a criação de  empresas,  logo  de  postos  de  trabalho,  importa  reconhecer  o  papel  da  educação  e  da  formação  ao  longo  da  vida.  A  educação  para  a  vida  activa,  se  assente  na  ideia  de  “literacia  técnica”, permitirá aos trabalhadores manterem‐se “empregáveis”. Ao mesmo tempo, torna‐ se  urgente  aumentar  a  integração  da  educação  para  o  empreendedorismo  e  para  comportamentos  mais  “risk‐taking”  (i.e.,  a  assunção  de  riscos),  e  criativos.  Estes  elementos  permitirão reforçar os factores “iniciativa” e “inovação” na União. Os participantes colocaram  clara ênfase na educação básica generalizada de alta qualidade, e na importância de integrar  aquelas preocupações nos curricula das crianças europeias desde cedo.  16   
  • 18. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico      Governança, instrumentos e responsabilização  Foi  também  consensual  entre  os  participantes  que  os  desafios  lançados  por  Kok  em  2004  continuam ainda presentes, e que seja qual for a Estratégia pós 2010 no novo contexto, há que  repensar  o  modelo  de  governança  multinível,  o  portfolio  de  instrumentos  que  o  serve  e  a  responsabilização.  Por  exemplo,  os  participantes  referiram  que  foi  um  avanço  a  criação  dos  Coordenadores da Estratégia de Lisboa.    Foi referida a falta de aplicação de linhas directrizes, nomeadamente as mais particulares ou  específicas.  Contraste‐se,  por  exemplo,  assertividade  do  Plano  Obama  para  recuperação  da  economia  Americana,  com  a  generalidade  das  linhas  directrizes  da  Estratégia  de  Lisboa.  Continua  portanto  a  existir  uma  importante  desconexão  entre  a  concepção  política  e  a  sua  implementação.   Foi igualmente salientada a necessidade de fechar o gap de informação. Aliás, foi considerado  que o cidadão Europeu, mais do que ser informado, quer ser “envolvido” na Estratégia.   A  Estratégia  de  Lisboa  não  pode  ser  uma  Estratégia  apenas  comunicada  para  as  “elites”  da  União.  Ainda  que  as  empresas  mais  inovadoras  ou  tecnologicamente  mais  avançadas,  ou  os  trabalhadores  altamente  qualificados,  sejam  alvos  importantes  no  seio  da  Estratégia,  há  que  ter  presente  que,  para  aumentar  de  forma  efectiva  o  potencial  de  crescimento  e  de  produtividade do conjunto da União, é necessário que a Estratégia se dirija à base produtiva da  UE no seu conjunto e aos cidadãos em geral.  Sendo essencial que o conjunto de prioridades da nova Estratégia de Lisboa seja subscrito ao  mais elevado nível político, é igualmente necessário reforçar a responsabilização e apropriação  política  dos  planos  nacionais  que  implementam  as  orientações  da  Estratégia,  bem  como  informar  e  envolver  as  instituições,  associações  e  os  mais  diversos  sectores  da  sociedade.  É  também  importante  reforçar  a  apropriação  da  Estratégia  por  parte  de  todos  os  actores  importantes na sua execução.   Foi  considerado  também  importante  reforçar  a  monitorização  da  implementação  da  Estratégia,  o  que  passa  por  assegurar  uma  monitorização  com  base  em  indicadores.  Os  mesmos  deverão  tratar‐se  essencialmente  de  indicadores  de  contexto,  mas  que  sejam  susceptíveis  de  reflectir  a  adicionalidade  e  os  resultados  directamente  imputáveis  à  implementação da Estratégia. A escolha de indicadores deve ser muito cuidadosa, devendo ser  dada  prioridade  aos  que  podem  dar  uma  perspectiva  dinâmica  e  relativa  (comparada)  dos  resultados.  Tratando‐se  de  uma  Estratégia  fortemente  assente  num  programa  de  reformas  estruturais,  a  Estratégia  de  Lisboa  orienta‐se  naturalmente  para  o  médio/longo  prazo  e  portanto a monitorização deverá ser coerente com a natureza estrutural de parte significativa  das  políticas,  iniciativas  e  instrumentos  por  ela  cobertos.  No  entanto,  os  participantes  não  17   
  • 19. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico    deixaram de salientar a importância de promover (pelo menos alguns) resultados visíveis num  prazo mais imediato.  Para  ser  eficaz,  é  fulcral  que  a  Estratégia  de  Lisboa  continue  a  explorar  ao  máximo  a  metodologia à sua disposição, desde as iniciativas das Instituições comunitárias plasmadas no  Programa  Comunitário  de  Lisboa  até  à  “transmissão”  de  orientações  comuns  aos  planos  nacionais de reforma, passando pela aplicação do método aberto de coordenação e da troca  de boas práticas em domínios de competência dos Estados Membros. Falta porém uma melhor  articulação  dos  instrumentos  exclusivamente  comunitários  no  âmbito  do  Programa  Comunitário  de  Lisboa,  com  os  instrumentos  exclusivamente  nacionais,  potenciando  complementaridades e evitando sobreposições.  Quanto à instrumentação, os participantes indicaram claramente que os instrumentos devem  entrar  em  linha  de  conta  com  a  especificidade  dos  vários  beneficiários  e  sectores  de  actividade.  Também  salientaram  que  a  “lisbonização”  dos  fundos  comunitários  por  meio  do  “earmarking”  não  é  suficiente  para  assegurar  que  os  objectivos  da  Estratégia  se  encontrem  cabalmente  reflectidos  nestes  instrumentos  e  na  utilização  que  deles  é  feito  pelos  Estados  Membros.  Foi  sugerida  uma  “lisbonização”  dos  critérios  que  os  projectos  concorrentes  à  utilização  desses  fundos  devem  cumprir  (por  exemplo,  entrar‐se  em  linha  de  conta,  na  avaliação de um projecto de investimento, com o seu potencial de empregabilidade).     Os relatores da sessão  Manuel Laranja  Paulo Eurico Variz                    18   
  • 20. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico          Workshop 2: “Modelo Social Europeu”     A sessão dedicada ao tema “Modelo Social Europeu” teve por base um documento de trabalho  da  autoria  do  Dr.  Pedro  Adão  e  Silva,  cujas  conclusões  transcrevemos  na  1ª  parte  desde  documento.  Na  2ª  parte, relatam‐se  os  principais  contributos  dos  participantes  na  sessão  de  trabalho sobre este tema.       Síntese  do  documento  apresentado  para  discussão:  “O  futuro  da  política social europeia: entre eficácia e normatividade”, de Pedro Adão e Silva  - No  que  respeita  ao  Modelo  Social  Europeu  subsistem  opiniões  distintas  quanto  à  sua  existência.  Se,  de  acordo  com  alguns,  não  existe  um  MSE,  mas  várias  políticas  sociais  relacionadas  com  a  realidade  de  cada  EM;  para  outros  é  precisamente  o  MSE  que  distingue o espaço europeu de outros espaços económicos e políticos.  - Têm  vindo  a  existir  caminhos  alternativos  para  a  integração  das  políticas  sociais  europeias, notando‐se, contudo, uma opção mais ou menos explícita para contornar os  obstáculos,  em  vez  de  os  enfrentar  ou  remover.  Para  tal  recorre‐se,  por  exemplo,  a  coligações de geometria variável entre diferentes EM.  - A  Estratégia  de  Lisboa  constitui  o  exemplo  mais  ambicioso  para  ultrapassar  alguns  dos  principais  bloqueios  por  que  tem  passado  a  integração  das  políticas  sociais,  sem  os  enfrentar,  optando  por  contorná‐los.  A  revisão  da  EL,  em  2005,  marca  a  redução  do  pendor social (torna‐se um pilar autónomo, problemas ligados ao alargamento da UE e a  própria ideologia política sofre alguma alteração).  - Defensores  da  coordenação  suave  (Método  Aberto  de  Coordenação  ‐  MAC):  afirmam  que este método de “europeização” das políticas domésticas é eficaz e produz de facto  mudança.  Este método contrasta com o tradicional “método comunitário” – que produz soluções  vinculativas  e  uniformes  pouco  sensíveis  à  diversidade  nacional  –  facilitando  o  desenvolvimento de políticas onde as competências europeias são escassas e/ou onde a  regulação  é  pouco  visível.  O  seu  potencial  passa  pela  capacidade  de  promover  a  “aprendizagem  social”,  todavia  a  evidência  empírica  desvaloriza  o  impacto  directo  dos  mecanismos de “aprendizagem social”.  19   
  • 21. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico    - O  autor  evidenciou,  ainda,  alguns  constrangimentos  actuais  à  integração  social  e  que  deverão ser tidos em consideração na proposta de prioridades:  • Crise  económica  e  financeira  –  para  além  de  diminuir  os  recursos  disponíveis  necessários  a  uma  estratégia  comum  ao  nível  social,  tem  sido  reveladora  das  dificuldades em consensualizar e fazer convergir as respostas políticas  • Sucessivos  alargamentos  –  têm  incrementado  a  diversidade  institucional  nas  questões  sociais,  inibindo  a  integração  nestas  áreas,  ao  mesmo  tempo  que  têm  produzido uma crescente fragmentação da paisagem política europeia  − Estes constrangimentos têm vários efeitos:  • Reforço de alguns obstáculos tradicionais ao desenvolvimento de uma politica social  comum  • Degradação progressiva dos equilíbrios políticos nas áreas sociais  • Crescente fragmentação dos processos, à qual tem estado associada uma crescente  invisibilidade nacional das estratégias europeias  - Momento de viragem, enquanto oportunidade para alterar as políticas europeias: maior  europeização das políticas nacionais ou inicio de processos de re‐nacionalização.  - Lições dos últimos 10 anos e o horizonte de 2020  • Trade‐off  entre  os  grandes  objectivos  e  ambições  de  carácter  normativo  e  a  capacidade de europeizar as políticas domésticas  • A UE continua a ter uma  grande  capacidade para formatar as agendas nacionais,  pelo  que  os  EM  devem  fazer  o  possível  por  reflectir  as  suas  preferências  domésticas ao nível comunitário  • Perda  de  relevo  político  dos  processos  europeus  ligados  às  políticas  sociais  –  importância de “etiquetas” tipo flexigurança  • Uma ideia  “abandonada”, mas que poderia ser recuperada foi a do diálogo social  autónomo e bipartido. Poder‐se‐ia procurar um diálogo social de nível intermédio,  que  esteja  para  além  do  nacional,  mas  que  não  implique  uma  concertação  a  27.  Uma  possibilidade  realista  seria  o  relacionado  com  os  acordos  de  geometria  variável ou de progressão por clusters  • Outra  possibilidade  passa  por,  mantendo  a  centralidade  do  tema  “emprego”,  complementá‐lo  com  outras  dimensões  sociais  (formação  de  activos/  coesão  social; níveis de desigualdade/ pobreza)    Contributo  dos  Participantes  na  Sessão  “Modelo  Social  Europeu”  Nesta  sessão,  bastante  participada,  foram  registados  os  contributos  do  debate  gerado  em  torno  das  políticas  sociais.  Uma  das  conclusões  desta  sessão  foi  a  necessidade  de  que  as  políticas sociais deverão ser encaradas, não apenas na sua vertente “reparadora” de situações  20   
  • 22. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico    menos  favoráveis  ou  desfavoráveis,  mas  como  promotoras  de  dinâmicas  sociais  de  desenvolvimento.  Método  No  que  respeita  ao  Método,  destaca‐se  a  necessidade  da  aperfeiçoar  o  MAC,  através  da  melhoria da cooperação entre EM e entre actores sociais, complementado com a melhoria da  hard law, bem como o reforço da cooperação entre os actores dentro cada Estado‐membro,  de forma horizontal e vertical. Salienta‐se ainda a Importância de fazer reflectir tanto quanto  possível  as  preferências  nacionais  no  nível  comunitário,  incluindo  o  seu  reflexo  ao  nível  do  orçamento da EU.  Prioridades  Entre as prioridades foram abordadas questões como a importância da Inovação Social (e não  apenas  inovação  tecnológica)  aliada  ao  empreendedorismo  social:  problemas  sociais  novos  exigem  novas  e  melhores  respostas  sociais  (por  exemplo:  na  justiça  criminal;  no  envelhecimento;  nas  alterações  climáticas),  sem  esquecer  que  as  respostas  sociais  têm  uma  duração específica (caducam no tempo), o que também exige a aposta na I&D na área social;  necessidade de novos instrumentos de qualificação dos actores sociais e de disseminação de  boas‐práticas.  A Inclusão das políticas de imigração na Estratégia deve estar mais associada à dimensão da  competitividade e da resposta às questões do envelhecimento da população, mas também à  questão da diversidade cultural e sustentabilidade do modelo social europeu.  Foram abordadas também as questões das Desigualdades sociais e pobreza, nomeadamente a  infantil,  na  medida  em  que  se  impõe,  cada  vez  mais,  a  importância  da  igualdade  de  oportunidades  no  acesso  a  condições  de  vida  por  parte  das  famílias.  Torna‐se  também  necessário  o  desenvolvimento  de  políticas  de  inclusão  social  activa,  tendo  em  conta  as  suas  três  dimensões  essenciais:  rendimento  mínimo,  inserção  no  mercado  de  trabalho  e  acesso  a  serviços sociais de qualidade.  Governação   O debate em torno desta questão salientou a necessidade do desenvolvimento de mecanismos  comuns  de  governação  da  EL,  na  medida  em  que,  por  exemplo,  os  coordenadores  têm  estatutos  distintos  consoante  os  EM.  Neste  sentido,  torna‐se  necessário  o  reforço  e  maior  legitimidade dos Coordenadores Nacionais da EL em cada Estado‐Membro – coordenação ao  mais alto nível.   Focou‐se  também  a  importância  de  recomendações  mais  vinculativas  e  do  maior  e  melhor  envolvimento  dos  actores,  desde  o  início  do  processo,  bem  como  a  apropriação  da  EL  pelo  público  em  geral,  através  da  democratização  da  mesma  procurando  descer  ao  terreno  e  abranger os diferentes grupos da população – identificação das iniciativas com a EL, de forma a  garantir uma maior apropriação.  21   
  • 23. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico    No  sentido  de  um  maior  rigor  no  acompanhamento  das  políticas  sociais,  reforçou‐se  a  Importância da actualização dos dados estatísticos, nomeadamente sobre pobreza, uma vez  que a tomada de decisão requer dados actualizados e indicadores comuns e robustos.  Relatores da Sessão:   Cândida Soares  António Bob Santos  WORKSHOP 3: DIMENSÃO EXTERNA DA ESTRATÉGIA DE  LISBOA. VISÃO, APROPRIAÇÃO E GOVERNAÇÃO    Os trabalhos desta sessão foram organizados em torno de dois grandes temas abordados  separadamente: governação e dimensão externa.    1. Governação    O debate centrou‐se na questão da melhoria dos mecanismos de implementação, no reforço  da  coordenação  horizontal  entre  as  diferentes  políticas  e  na  promoção  da  apropriação  por  parte da sociedade civil, assegurando níveis mais elevados de participação.    Dos  principais  aspectos  que  reuniram  consenso  pode  salientar‐se,  em  primeiro  lugar,  a  necessidade  de  fomentar  um  maior  empowerment  que  deverá  traduzir‐se  num  forte  compromisso político em todos os níveis de intervenção da Estratégia.     Num  plano  nacional,  o  reforço  do  empowerment  pode  ser  conseguido,  nomeadamente,  por  uma  maior  incorporação  da  Estratégia  de  Lisboa  nos  programas  dos  governos,  naturalmente  sem pôr em causa a necessidade de alcançar um consenso estratégico para um horizonte de  médio  e  longo  prazo.  Para  este  reforço  do  compromisso  político  é  também  fundamental  o  maior envolvimento dos parlamentos nacionais.    Neste  âmbito,  importa  ainda  valorizar  junto  dos  cidadãos  as  reformas  estruturais  levadas  a  cabo  internamente  e  que  decorrem  ou  se  cruzam  com  o  contexto  da  EL,  mas  às  quais  nem  sempre  é  dada  a  visibilidade  merecida,  sendo  frequentemente  assumidas  apenas  no  quadro  das  políticas  públicas.  Este  factor  não  concorre  para  promover  a  importância  da  EL  junto  da  sociedade civil.     No  debate  foi  igualmente  destacado  o  papel  dos  coordenadores  nacionais,  bem  como  a  necessidade  de  maior  harmonização  dos  seus  perfis  que  presentemente  são  ainda  muito  diversos.  Refira‐se,  por  um  lado,  a  importância  de  serem  dotados  de  capacidade  de  decisão  política  e  de  proximidade  aos  Primeiros‐ministros  dada  a  transversalidade  sectorial  da  Estratégia.  Por  outro  lado,  afigura‐se  igualmente  central  que  os  coordenadores  nacionais  tenham uma efectiva capacidade executiva que confira flexibilidade e operacionalidade à sua  actuação. Este modelo é aproximadamente o que se verifica em Portugal, Espanha e Suécia.  22   
  • 24. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico      Também a nível europeu a apropriação política deverá ser reforçada, em particular através do  maior envolvimento das várias formações do Conselho e do papel de coordenação do CAGRE e  do  Conselho  Europeu  valorizando,  também,  a  importância  de  iniciativas  comuns  e  promovendo  um  melhor  enquadramento  e  articulação  dos  coordenadores  nacionais  que  é  actualmente deficitário.    Destaque‐se  ainda  o  consenso  em  torno  da  necessidade  de  um  maior  envolvimento  dos  parceiros  económicos  e  sociais,  numa  governação  partilhada  entre  governos  nacionais  e  sociedade civil.    Foi  igualmente  sublinhada,  no  contexto  da  melhoria  da  governação,  a  importância  de  dar  visibilidade  à  Estratégia  noutras  escalas  de  intervenção,  como  a  regional,  bem  como  a  necessidade  de desenvolver abordagens de base territorial (na medida em que os territórios  têm  um  papel  a  desempenhar  enquanto  sede  privilegiada  para  a  articulação  das  políticas  públicas), promovendo a participação e o envolvimento das associações de  desenvolvimento  local e de outros actores organizados regional ou localmente.    No que se relaciona com as temáticas da avaliação e monitorização pode salientar‐se que, não  obstante  a  importância  de  manter  objectivos  comuns,  deve  equacionar‐se  em  paralelo  a  possibilidade  de  introduzir  metas  e  indicadores  mais  adaptados  a  cada  EM  que  permitam  atender às diferenciações nacionais que importa valorizar.    De  referir  ainda  que  o  desenho  das  metas  deve  ser  realista  mas  ambicioso  e  que  os  indicadores  devem  ser  construídos  de  forma  a  permitir,  para  além  das  habituais  caracterizações  absolutas  mas  estáticas,  medir  também  o  progresso  relativo  dos  países,  permitindo, desta forma, contemplar as desiguais situações de partida.      2. Dimensão Externa    No âmbito da dimensão externa debateu‐se essencialmente a questão de como pode a União  Europeia influenciar o contexto internacional através de uma posição mais coordenada.    Em primeiro lugar pode destacar‐se a conclusão geral de que a dimensão externa da Estratégia  de Lisboa deverá desempenhar um papel fundamental na competitividade da União Europeia  no mundo, bem como no reforço do seu papel na governação a um nível global.    O  futuro  da  competitividade  da  UE  poderá  assentar  numa  nova  lógica  internacional  de  mercados  e  produtos  baseada,  em  grande  medida,  na  economia  verde  ‐  empresas  de  tecnologias limpas, industrias ambientais, entre outras ‐ e de informação.    Para  promover  a  dimensão  externa  o  primeiro  passo  é  assegurar  uma  forte  coordenação  interna  à  UE,  que  se  traduza  numa  actuação  coerente  e  concertada  em  todos  os  canais  disponíveis:  relacionamento  bilateral  dos  EM,  relacionamento  bilateral  da  UE  e  relacionamento  multilateral.  O  reforço  da  articulação  interna  é  essencial  também  para  valorizar a voz da UE no contexto das organizações internacionais face à crescente importância  das economias emergentes.    23   
  • 25. Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico    Como  forma  de  “exportar”  a  Estratégia  de  Lisboa  e  de  conseguir  que  os  valores  europeus  possam  inspirar  outras  grandes  regiões,  afigura‐se  igualmente  fundamental  introduzir  sistematicamente  nas  agendas  das  Cimeiras  da  União  a  preocupação  com  a  abertura  dos  mercados, com a convergência de regras e com a cooperação regulamentar.    Neste contexto, há que manter uma perspectiva realista de que nem sempre é fácil conseguir  a convergência de diferentes interesses nacionais, o que pode dificultar que a União Europeia  consiga sempre “falar a uma só voz”. Contudo, deve ter‐se presente que só com solidariedade  dentro da UE e ultrapassando “egoísmos” nacionais se poderá alterar o actual status quo.     O  futuro  do  comércio  internacional  estará  centrado,  mais  do  que  na  clássica  redução  das  tarifas, no relacionamento e no diálogo entre países e nas barreiras não‐tarifárias (regulação,  regras e comportamentos) que dificultam a troca de produtos e sobretudo a de serviços. Esta  nova abordagem, mais política e menos técnica, exige um compromisso político alargado para  que  a  abertura  do  comércio  internacional  contribua  efectivamente  para  o  crescimento  económico a nível global.    Por fim, saliente‐se que o Tratado de Lisboa reforçará a capacidade de afirmação externa da  UE,  permitindo um  processo de tomada de  decisão mais rápido através de  um número  mais  alargado de decisões por co‐decisão e por maioria qualificada, reforçando o papel estratégico  e de coordenação do CAGRE, atribuindo uma maior capacidade à UE para agir noutras políticas  e desenvolvendo um quadro institucional que facilita a coerência e a eficácia da acção externa.        Relatores:  Maria João Botelho  João Mateus    24