CHINA: UMA ECONOMIA SOCIALISTA DE MERCADO
A China é hoje um país com dois sistemas econômicos: o socialista, que resiste nas regiões mais distantes dos grandes centros e sobretudo nas relações de propriedade - os meios de produção, em sua maioria, permanecem nas mãos do Estado -, e o capitalista, que organiza cada vez mais as relações de produção e de trabalho, sobretudo nas regiões mais modernas. Esses dois modelos econômicos estão amalgamados por um sistema político próprio: a ditadura do partido único, o Partido Comunista Chinês.
2. •
A China é hoje um país com dois sistemas
econômicos: o socialista, que resiste nas regiões
mais distantes dos grandes centros e sobretudo nas
relações de propriedade - os meios de produção, em
sua maioria, permanecem nas mãos do Estado -, e o
capitalista, que organiza cada vez mais as relações
de produção e de trabalho, sobretudo nas regiões
mais modernas. Esses dois modelos econômicos
estão amalgamados por um sistema político próprio:
a ditadura do partido único, o Partido Comunista
Chinês.
3. • A economia chinesa foi a que mais cresceu no
mundo ao longo dos anos 1980 e 1990, enquanto a
da União Soviética, seu modelo inspirador, encolheu
de maneira significativa. O país já é a segunda
economia do planeta, e o mercado mundial é
invadido num ritmo crescente por produtos made in
China ("feitos na China"). Como explicar claramente
esses fatos? Para isso, é fundamental que se faça
uma retrospectiva, embora rápida, de sua história. .
•
4. Da China imperial à China comunista
• A China é um país milenar. Ao longo de séculos de
história, alternou períodos de maior ou menor
produção tecnológica, cultural e artística: basta
lembrar a pólvora e a bússola, ali desenvolvidas
durante a Idade Média européia, ou a Grande
Muralha e as cerca de 7 000 estátuas dos guerreiros
de Xi'an, construídas dois séculos antes da era cristã
e descobertas somente em 1974. Várias dinastias
governaram a China, mas no final do século XIX,
sob o governo da dinastia Manchu, o império estava
decadente. A figura do imperador era apenas pro
forma, decorativa, porque naquela época o país fora
partilhado entre várias potências estrangeiras.
5. • No início do século XX, sob a liderança de um
jovem médico chamado Sun Yat-sen, foi
organizado um movimento nacionalista hostil à
dinastia Manchu e à dominação estrangeira.
Esse movimento culminou em uma revolução,
em 1911, que atingiu as principais cidades do
país. Tal revolução pôs fim ao império e instau-rou
a república em 1912. Sob a direção de Sun
Yat-sen, foi organizado o Partido Nacionalista,
o Kuomintang.
6. • Apesar da proclamação da República, o país
continuava mergulhado no caos político, eco-nômico
e social. O poder permanecia
fragmentado. Muitas regiões estavam sob o
controle de lideranças locais, os chamados
"senhores da guerra". Pequim controlava apenas
uma pequena parte do país, e mantinham-se os
laços de dependência com as potências
estrangeiras.
7. O processo de industrialização
• Seguindo o modelo soviético, inicialmente o Estado chinês
passou a planificar a economia. Em 1957, Mao Tse-tung
lançou um ambicioso plano, conhecido como o Grande Salto à
Frente, que se estenderia até 1961. Esse plano pretendia
queimar etapas na consolidação do socialismo por meio da
implantação de um parque industrial amplo e diversificado.
Para tanto, a China passou a priorizar investimentos na
indústria de base, na indústria bélica e em obras de infra-estrutura
que sustentassem o processo de industrialização.
Apesar de dispor de numerosa mão-de-obra e de abundantes
recursos minerais e energéticos (veja a tabela abaixo), a
industrialização chinesa teve idas e vindas. O Grande Salto à
Frente mostrou-se um grande fracasso, desarticulando
totalmente a economia industrial e agrícola do país.
8. • A industrialização chinesa padeceu dos mesmos
males do modelo soviético: baixa produtividade,
produção insuficiente, baixa qualidade,
concentração de capitais no setor armamentista,
burocratização etc.
• Com o fracasso do Grande Salto, os opositores de
Mao Tse-tung dentro do Partido Comunista,
liderados por Deng Xiaoping, se fortaleceram. Para
tentar reverter essa situação, Mao lançou o
movimento conhecido como Revolução Cultural
(1966-1976), que agravou a crise econômica do país
e o enfrentamento político dentro do partido.
9. • Esse movimento, além de tentar enfraquecer os
burocratas do PCC, adversários de Mao Tse-tung,
buscava combater o modelo soviético que
então imperava na economia chinesa. A
Revolução Cultural foi marcada por violenta
perseguição aos supostos contra-revolucionários
e por isolamento econômico em relação ao
exterior.
10. • As divergências e as desconfianças entre os
líderes dos dois principais países socialistas
aumentavam cada vez mais. Em 1964, a China
detonou sua primeira bomba atômica e, três
anos depois, a de hidrogênio. A União Soviética,
por sua vez, não admitia perder a hegemonia
nuclear no bloco socialista. Esse fato decisivo,
somado às divergências quanto ao modelo de
socialismo, acabou provocando o rompimento
entre a União Soviética e a China, em 1965.
11. • Como conseqüência, Moscou retirou todos os
assessores e técnicos soviéticos que mantinha na
China, agravando ainda mais os problemas
econômicos desta. O rompimento sino-soviético
abriu caminho para a aproximação sino-americana,
iniciada com a viagem do presidente dos Estados
Unidos, Richard Nixon, à China, em 1972. Foi nessa
época que a República Popular da China foi
admitida na ONU, em substituição a Taiwan*,
tornando-se membropermanente do Conselho de
Segurança.
12. • Com a morte de Mao Tse-tung, em 1976,
ascendeu ao poder Deng Xiaoping. O novo líder
pôs fim à Revolução Cultural e iniciou um
processo de desmaoização na China. Uma nova
revolução estava por acontecer.