A “Análise do Comércio Internacional Catarinense” apresenta a trajetória e as transformações ocorridas no comércio internacional de Santa Catarina nos últimos dez anos, além de examinar o cenário recente e as perspectivas da economia mundial para os próximos anos.
Análise do Comércio Internacional Catarinense 2012
1.
2.
3. ANÁLISE DO
COMÉRCIO INTERNACIONAL
CATARINENSE 2012
Apoio Realização
4. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Elaboração
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - FIESC
Diretoria de Relações Industriais - DRI
Centro Internacional de Negócios - CIN
Equipe Técnica
Henry Uliano Quaresma
Tatiani Leal
Daniel Tubino
Mauro Victor Silveira de Souza
Gisele de Andrade Polidoro Müller
Moacir Rohling Volpato
Consultoria editorial
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Revisão
Sérgio Ribeiro
Direção de arte
Luiz Acácio de Souza
Edição de arte
João Henrique Moço
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 5.988, de 14/12/73.
F293a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - FIESC
Análise do comércio internacional catarinense. / Federação
das Indústrias do Estado de Santa Catarina - FIESC. –
Florianópolis: FIESC, 2012.
112 p. : il. color.
1. Comércio internacional – Santa Catarina. 2. Economia – Santa Catarina – Dados
estatísticos. I. Título.
CDD 382.021
Ficha catalográfica elaborada por Ana Claudia P O Silva CRB – 14/769
FIESC - Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina
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5. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Sumário
Apresentação .................................................................................................................................................... 4
1. Contextualização ........................................................................................................................................ 6
2. Cenário Internacional ................................................................................................................................ 8
2.1 A economia mundial e o comércio internacional em 2011 .........................................................................................................................11
2.2 Perspectivas da economia mundial .............................................................................................................................................................................18
2.3 O Brasil no comércio internacional...............................................................................................................................................................................24
3. Santa Catarina ............................................................................................................................................32
3.1 Análise das importações catarinenses .......................................................................................................................................................................35
3.2 Análise das exportações catarinenses ........................................................................................................................................................................39
3.3 Desempenho exportador de Santa Catarina no mercado mundial ........................................................................................................49
4. Resultados da pesquisa ..........................................................................................................................53
4.1 Caracterização das empresas ...........................................................................................................................................................................................53
4.2 Análise das empresas exportadoras.............................................................................................................................................................................58
4.3 Análise das empresas importadoras ............................................................................................................................................................................68
4.4 Experiência das empresas na internacionalização..............................................................................................................................................75
5. Conclusões ..................................................................................................................................................80
6. Anexos ..........................................................................................................................................................86
6.1 Principais premissas do cenário-base para as estimativas de 2012/2013 ............................................................................................86
6.2 Os 50 principais produtos (SH4) importados por SC em 2011....................................................................................................................88
6.3 Evolução das importações entre 2001 e 2011dos 50 produtos mais importados por SC em 2011....................................89
6.4 Os 50 principais países importadores de SC em 2011 .....................................................................................................................................91
6.5 Comparativo das exportações entre 2001-2011 para os principais países importadores de SC...........................................92
6.6 Os 50 principais produtos exportados por SC em 2011..................................................................................................................................93
6.7 Evolução das exportações entre 2001 e 2011 dos 50 produtos mais exportados por SC em 2011....................................94
6.8 Evolução das exportações mundiais entre 2001 e 2010 dos 50 produtos mais exportados por SC em 2011 .............96
6.9 Evolução das exportações mundiais entre 2006 e 2010 dos 50 produtos mais exportados por SC em 2011 .............98
6.10 Produtos com maior potencial exportador no mercado mundial .....................................................................................................100
6.11 Questionário Aplicado na Pesquisa ........................................................................................................................................................................104
6.12 Listagem das Empresas Participantes da Pesquisa .......................................................................................................................................108
Lista de siglas
BACEN - Banco Central do Brasil
BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul
CEI – Comunidade dos Estados Independentes
FIESC – Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina
FUNCEX – Fundação Estudos de Comércio Exterior
MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
OMC – Organização Mundial do Comércio
ONU – Organização das Nações Unidas
SECEX – Secretaria de Comércio Exterior
SH – Sistema Harmonizado
UNCTAD – Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento
6. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Apresentação
A “Análise do Comércio Internacional Catarinense” apresenta a trajetória e as transformações
ocorridas no comércio internacional de Santa Catarina nos últimos dez anos, além de examinar
o cenário recente e as perspectivas da economia mundial para os próximos anos.
Abordando questões contemporâneas de forma aprofundada, com base em estatísticas de
importação e exportação de bens no comércio global e em informações obtidas diretamente
junto ao setor empresarial de Santa Catarina, a publicação tem o objetivo de contribuir para
uma reflexão a respeito da necessidade de um redirecionamento das estratégias de interna-
cionalização das empresas do Estado, visando ao melhor posicionamento da indústria catari-
nense nesse mercado.
Espera-se que a presente publicação possa auxiliar as decisões das indústrias que operam
nesses mercados, proporcionando-lhes melhores condições de competitividade em um am-
biente cada vez mais desafiador. Ao mesmo tempo, a FIESC utilizará os principais resultados e
conclusões da publicação para buscar, junto às entidades intervenientes do comércio exterior
brasileiro, soluções para os entraves que vêm prejudicando o processo de internacionalização
do setor produtivo catarinense.
Trabalhando com propósitos bem definidos, poderemos avançar em uma agenda que resul-
tará em perspectivas mais promissoras para o comércio internacional de Santa Catarina, no
médio e longo prazos.
Glauco José Côrte
PRESIDENTE DO SISTEMA FIESC
4 SISTEMA FIESC
8. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
1. Contextualização
Santa Catarina se tornou um estado diferenciado graças à força de sua indústria. À exceção de
Amazonas, que conta com a Zona Franca de Manaus, Santa Catarina é o estado brasileiro com
maior participação da indústria de transformação na composição do Produto Interno Bruto
(PIB)1. Com apenas 1% da área brasileira e cerca de 3% da população, o estado gera 4,0% do
PIB nacional. Diversificada e bem distribuída por todas as regiões do estado, a indústria foi
determinante para oferecer aos catarinenses a melhor qualidade de vida do país. O Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) de Santa Catarina é o mais elevado dentre os estados da Fe-
deração, ficando atrás somente do Distrito Federal, que possui características socioeconômicas
diferenciadas. A participação relevante de Santa Catarina no comércio internacional teve papel
determinante para a construção desse cenário.
A indústria catarinense começou a desenvolver seu perfil exportador nos anos 1970, quando
as exportações do estado representavam 2% do total nacional. Mas foi nos anos 80, a “década
perdida” do Brasil, quando o país enfrentava recessão econômica associada à inflação, que
a indústria de Santa Catarina vislumbrou oportunidades no mercado externo. Por conta do
empreendedorismo e do arrojo que são típicos do empresário catarinense, associados a um
eficiente trabalho de prospecção e abertura de novos mercados realizado com o suporte
de entidades públicas e privadas, como o próprio Sistema FIESC, a indústria deu um grande
passo no comércio mundial. Terminada a “década perdida”, Santa Catarina respondia por 6%
das vendas externas brasileiras. Sua pauta de exportações ficou muito mais diversificada.
Além de artigos têxteis e alimentícios, foram incluídos produtos como motocompressores,
papel kraft, pisos e azulejos, refrigeradores e calçados na pauta exportadora do estado. Mais
de 70% dos produtos exportados por Santa Catarina nesse período eram industrializados
ou semi-industrializados.
A inserção internacional de Santa Catarina foi fundamental para que suas indústrias – muitas
delas já de classe mundial – enfrentassem o processo de abertura comercial dos anos 90. A
queda de barreiras alfandegárias a produtos importados impactou fortemente vários setores
industriais brasileiros. As empresas que se mantiveram no mercado obtiveram ganhos de pro-
dutividade, incorporaram avanços tecnológicos, investiram em inovação e se tornaram mais
ágeis e flexíveis. A indústria catarinense atingiu um padrão de categoria mundial, o que per-
mitiu sua integração às novas cadeias produtivas globais que se organizavam. Suas principais
empresas mostravam-se aptas para a competição tanto com produtos importados em terri-
tório nacional quanto no exterior.
A chegada do século 21, entretanto, trouxe uma significativa mudança de cenário para o seg-
mento industrial do estado. A economia brasileira cresceu baseada no aumento do consumo
das famílias, porém a indústria não foi necessariamente beneficiada. Em decorrência do câm-
bio apreciado e da falta de competitividade sistêmica oriunda do “Custo Brasil”, o país ampliou
consideravelmente as importações de bens de consumo sem que a indústria nacional pudes-
1
32,8% em 2009, incluindo indústria de transformação, construção, geração e distribuição de energia, água e saneamento; excluindo indústria extrativa
6 SISTEMA FIESC
9. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Contextualização
se, em muitos casos, competir em igualdade de condições. Daí decorre, em grande parte, o
tão discutido fenômeno da “desindustrialização”, que é a diminuição do peso da indústria na
formação total de riquezas do país. O equilíbrio das contas externas do período foi garantido
pela formidável elevação da exportação de commodities minerais e agrícolas, cuja demanda
foi puxada pelo acelerado crescimento da China.
Nesse cenário, Santa Catarina sofreu as consequências do novo arranjo econômico vigente.
Sendo um dos estados mais industrializados do país e sem contar com alta produção de com-
modities exportáveis, as possibilidades de aumento das vendas externas tornaram-se mais li-
mitadas. Aliado a isso, o baixo crescimento mundial decorrente da crise financeira global de
2008 e 2009 encolheu ainda mais as oportunidades em mercados consumidores de produtos
catarinenses, particularmente na União Europeia e nos Estados Unidos.
Mesmo com as dificuldades que os exportadores têm encontrado nos últimos anos, o novo
arranjo econômico global traz uma série de novas oportunidades de negócios. Se os merca-
dos tradicionais de Santa Catarina estão com suas economias estagnadas, há outros países em
processo de crescimento. Se alguns dos produtos catarinenses têm menores condições de
competitividade no exterior, outros produtos podem ser explorados para conquistar clientes
estrangeiros. Se há dificuldades em se lidar com a competição de produtos asiáticos, pode-
-se buscar concretizar mais negócios em países dessa região, muitos dos quais estão em as-
censão econômica. A Ásia não possui somente um grande mercado consumidor, mas suas
empresas também ofertam máquinas para modernizar o parque fabril catarinense e insumos
para agregar valor às nossas indústrias, além da possibilidade de complementação de linhas
de produção – o que já está sendo feito por algumas das mais bem-sucedidas empresas de
Santa Catarina da atualidade.
Esta publicação, realizada de modo pioneiro pelo Sistema FIESC, pretende apontar alguns des-
ses caminhos. Ao fazer uma análise aprofundada do comércio exterior, considerando uma série
histórica de 10 anos e um grande número de países e produtos, busca-se apresentar um mapa
das transformações do comércio internacional catarinense da última década. Com base nes-
sas informações, o industrial do estado poderá vislumbrar oportunidades em novos mercados
e/ou em novos nichos de negócios.
Além da análise histórica do comércio internacional de Santa Catarina, a FIESC ampliou o escopo
de seu tradicional “Diagnóstico do Setor Exportador Catarinense”, que anualmente apresentava
resultados de pesquisas realizadas com empresas exportadoras do estado sobre a evolução
e o desempenho no comércio exterior. Com novas e mais profundas questões, que remetem
ao período estudado neste documento, o Diagnóstico foi aqui incorporado, permitindo uma
abrangente visão dos desafios e oportunidades existentes para a indústria catarinense no ce-
nário mundial. Além de servir de orientação às empresas, espera-se que esta publicação contri-
bua para a formulação de políticas públicas destinadas ao fomento do comércio internacional
brasileiro e, particularmente, de Santa Catarina.
SISTEMA FIESC 7
10. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
2. Cenário Internacional
Uma década de mudanças
Desde o início do século 21 o mundo viveu uma notável expansão do comércio internacional. Entre 2001 e 2011 o volume
de exportações globais triplicou, saindo da casa dos US$ 6 trilhões para US$ 18 trilhões. Números semelhantes ilustram
a evolução das importações mundiais. O crescimento do comércio foi superior ao crescimento do Produto Interno Bruto
global no período, quando este praticamente dobrou, chegando a US$ 70 trilhões em 2011.
Nesse contexto de “boom” comercial, os países em desenvolvimento, liderados pelos chamados BRICs (Brasil, Rússia, Índia
e China), ganharam peso econômico global ao longo do período, provocando mudanças nos padrões do comércio inter-
nacional. Entre 1995 e 2010, a participação do conjunto dos países emergentes no volume do comércio mundial aumen-
tou de 28,5% para 41,2%. No caso específico dos BRICs, o Brasil se firmou como um importante fornecedor mundial de
alimentos, a Rússia de fontes de energia, a Índia de bens intensivos em mão de obra e a China de bens de alta tecnologia.
Importando e exportando mais, o grupo de países elevou sua riqueza absoluta e relativa. Em 2010, os BRICs eram respon-
sáveis por 16% da riqueza gerada no mundo, contra uma participação no PIB global de 8% na década anterior. Nesse ritmo,
entre 2002 e 2011, a China passou de quinto maior exportador mundial de mercadorias para a primeira posição, deixando
para trás os Estados Unidos. No caso das importações, a China galgou da sexta para a segunda posição, passando a deter
quase 10% das importações globais. A Rússia passou da 17ª para a 9ª posição entre os exportadores no período, enquanto
a Índia evoluiu da 31ª posição para a 19ª. Já o Brasil terminou 2011 como o 22° maior exportador mundial.
Foi o bloco dos chamados países em desenvolvimento que garantiu a atenuação da crise econômica global iniciada em
2008. Tais países mostraram-se mais resistentes à crise e dão sinais de que sua importância no comércio mundial tende a
aumentar. Em 2011, lideraram a recuperação da demanda externa, contribuindo com metade do crescimento da importa-
ção mundial, em comparação com 43% em média nos três anos anteriores à crise.
A fraqueza acentuada da demanda de importações dos países desenvolvidos na sequência do colapso em 2008-2009 sur-
ge de um declínio de uma década de sua predominância no comércio internacional. Entre 1995 e 2010, a sua quota de
valor no comércio mundial de mercadorias declinou de 69% para 55%, enquanto que a dos países em desenvolvimento
aumentou de 29% para 41%.
8 SISTEMA FIESC
11. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Cenário Internacional
Ganhos e perdas nas participações do comércio internacional de mercadorias (%)1
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Países Países em Economias Economias China Índia
desenvolvidos desenvolvimento em transição emergentes2
1995 2000 2007 2010
Fonte: Nações Unidas/DESA, 2012
1
Participação do total das exportações e importações nas exportações e importações mundiais
2
Inclui Brasil, China, Índia, México, República da Coreia, Rússia e África do Sul
Durante este período de quinze anos, a participação da China sozinha aumentou quatro vezes – de 2,6% para cerca de 10%.
No mesmo período, a quota de mercado da América Latina e Caribe aumentou de 4,5% para 5,9%. O valor das exportações
de mercadorias da África subiu de US$ 100 bilhões em 1995 para US$ 560 bilhões em 2010, enquanto sua participação no
comércio mundial melhorou modestamente, de 2% para 3,2%.
Os padrões de mudança de comércio estão associados ao rápido crescimento industrial de uma gama de países em de-
senvolvimento. Mover-se da agricultura e de outros bens de produção primária para a manufatura tende a aumentar a
intensidade de importação da produção. Tome-se mais uma vez o caso da China, que ao longo da primeira década do
século 21 obteve uma taxa anual de crescimento do PIB próxima a 10%. Para sustentar o crescimento da infraestrutura e
da produção industrial, o país importa grandes quantidades de insumos, como minério de ferro e combustíveis. Tirando
milhões de pessoas da pobreza todos os anos, necessita importar alimentos. Na outra ponta, tornou-se em 2010 a maior
potência manufatureira do planeta, superando os Estados Unidos.
Além disso, o comércio global cada vez mais envolve cadeias de valor em diferentes localizações geográficas, contribuin-
do com várias partes para os processos de produção. Tais padrões de mudança no comércio, bem como o aumento da
demanda por produtos primários das economias em rápido crescimento, reforçou o comércio Sul-Sul, conforme verifica-
-se na figura a seguir.
SISTEMA FIESC 9
12. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Cenário Internacional
Cotas bilaterais de economias desenvolvidas (Norte) e em desenvolvimento (Sul)1 nas exportações
mundiais, 1995 e 2010 (%)
60
50
40
30
20
10
0
Norte-Norte Norte-Sul2 Sul-Norte3 Sul-Sul
1995 2010
Fonte: Cálculos do Secretariado da UNCTAD, baseado no UN Comtrade
1
Economias desenvolvidas (Norte) e economias em desenvolvimento (Sul) são baseadas na classificação de país da UNCTAD
2
Exportações do Norte para o Sul
3
Exportações do Sul para o Norte
O Comércio Sul-Sul aumentou a uma taxa de 13,7% por ano entre 1995 e 2010, bem acima da média mundial de 8,7%. No
mesmo período, as exportações de mercadorias do Sul para o Norte aumentaram 9,5% ao ano.
Entretanto, enquanto a demanda de importação recente na maioria dos países em desenvolvimento manteve-se vigorosa,
apenas alguns desses países conseguiram subir na cadeia de valor global e diversificar sua base de exportação para atender
a mercados anteriormente dominados pelas economias desenvolvidas.
Termos voláteis do comércio
O comércio afeta a renda nacional através de três fatores: os preços das exportações, os preços das importações e o volume
de demanda. Os termos internacionais de comércio (definidos como a razão do preço médio de exportação e os índices de
preços de importação) fornecem uma medida sintética das relativas mudanças de preços ao longo do tempo. Estimativas
preliminares para 2011 sugerem que os termos de troca das economias exportadoras de minérios e de petróleo continu-
aram sua recuperação a partir da queda nos preços de exportação ocorrida em 2009.
10 SISTEMA FIESC
13. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Cenário Internacional
Termos de comércio de grupos selecionados de países, por estrutura exportadora, 2000-2013
Indicador: 2000=100
240
220
200
180
160
140
120
100
80
60
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Exportadores de petróleo Exportadores de minérios Exportadores de produtos agrícolas Exportadores de produtos manufaturados
Fonte: UNCTAD/Stat e Nações Unidas/DESA, 2012
Exportadores de minérios, incluindo petróleo, têm visto grandes choques de preços dramaticamente desde 2007. Ainda assim,
os preços do mercado mundial desses produtos parecem estar em uma tendência de alta no longo prazo. Em contraste, os
termos do comércio para as economias que predominantemente exportam bens manufaturados se deterioraram na média.
Economias com uma especialização mais diversificada de exportação enfrentaram choques de comércio mais suaves nos
últimos três anos e também têm receitas de exportação e níveis de demanda de importação mais estáveis, permitindo o
crescimento mais estável da produção. Um padrão semelhante é observado em países especializados na exportação de
manufaturados, que, apesar de terem sofrido um declínio em seus termos de comércio, também têm visto um crescimento
constante da demanda em suas exportações.
2.1 A economia mundial e o comércio internacional em 2011
De acordo com a Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento - UNCTAD - a economia mundial ainda
está em processo de recuperação da crise financeira recente. A taxa de crescimento da produção mundial caiu para 2,4%
em 2011, mais baixa que a taxa de 3,8% no ano anterior. A economia global foi afetada pela crise da dívida soberana em
curso na Europa, por interrupções na cadeia de fornecimento em virtude de desastres naturais no Japão e na Tailândia e
por conflitos nos países árabes. O ritmo de expansão ficou bem abaixo da média de 3,2% verificada ao longo dos 20 anos
que antecederam a crise financeira mundial de 2008.
SISTEMA FIESC 11
14. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Cenário Internacional
Evolução anual do PIB e de comércio de mercadorias por região (%)
PIB Exportações Importações
2009 2010 2011 2009 2010 2011 2009 2010 2011
Mundial -2,6 3,8 2,4 -12,0 13,8 5,0 -12,9 13,7 4,9
América do Norte -3,6 3,2 1,9 -14,8 14,9 6,2 -16,6 15,7 4,7
Estados Unidos -3,5 3,0 1,7 -14,0 15,4 7,2 -16,4 14,8 3,7
Américas do Sul e Central 1 -0,3 6,1 4,5 -8,1 5,6 5,3 -16,5 22,9 10,4
Europa -4,1 2,2 1,7 -14,1 10,9 5,0 -14,1 9,7 2,4
União Europeia -4,3 2,1 1,5 -14,5 11,5 5,2 -14,1 9,5 2,0
Comunidades dos Estados
-6,9 4,7 4,6 -4,8 6,0 1,8 -28,0 18,6 16,7
Independentes (CEI)
África 2,2 4,6 2,3 -3,7 3,0 -8,3 -5,1 7,3 5,0
Oriente Médio 1,0 4,5 4,9 -4,6 6,5 5,4 -7,7 7,5 5,3
Ásia -0,1 6,4 3,5 -11,4 22,7 6,6 -7,7 18,2 6,4
China 9,2 10,4 9,2 -10,5 28,4 9,3 2,9 22,1 9,7
Japão -6,3 4,0 -0,5 -24,9 27,5 -0,5 -12,2 10,1 1,9
Índia 6,8 10,1 7,8 -6,0 22 16,1 3,6 22,7 6,6
Economias recém-industrializadas 2 -0,6 8,0 4,2 -5,7 20,9 6,0 -11,4 17,9 2,0
Nota: Economias desenvolvidas -4,1 2,9 1,5 -15,1 13,0 4,7 -14,4 10,9 2,8
Nota: Países em desenvolvimento e CEI 2,2 7,2 5,7 -7,4 14,9 5,4 -10,5 18,1 7,9
Fonte: Secretariado da OMC, 2012
1
Inclui o Caribe
2
Hong Kong, China, República da Coreia e Taiwan
Os problemas presentes na economia global são múltiplos e interligados. Os desafios mais prementes a serem enfrentados
são a contínua crise no emprego e perspectivas do crescimento econômico em declínio, especialmente nos países desen-
volvidos. Como o desemprego permanece elevado, em cerca de 9%, e com os rendimentos estagnados, a recuperação é
lenta no curto prazo, devido à falta de demanda agregada.
A economia em rápido desaquecimento tem sido tanto uma causa como um efeito da crise da dívida soberana na zona
do euro e dos problemas fiscais em outros países. A crise da dívida em vários países europeus piorou ainda mais em 2011
e agravou deficiências já existentes no setor bancário. As medidas de austeridade fiscal tomadas em resposta estão enfra-
quecendo ainda mais o crescimento e as perspectivas de emprego, tornando o ajuste fiscal e a reparação do balanço do
setor financeiro ainda mais desafiadores.
A economia dos Estados Unidos também está enfrentando um elevado e persistente nível de desemprego, o abalo da
confiança das empresas e do consumidor e a fragilidade do setor financeiro. A União Europeia (UE) e os Estados Unidos
são as duas maiores economias do mundo, que estão profundamente entrelaçadas. Seus problemas podem facilmente se
retroalimentar e levar a outra recessão mundial. Os países em desenvolvimento, que se recuperaram fortemente da reces-
são global de 2009, seriam atingidos através dos canais de comércio e financeiro.
Além dos problemas nos Estados Unidos e União Europeia, o Japão enfrentou contração de 0,5% na produção em 2011, em
função do terremoto catastrófico de março de 2011. Tudo somado, o crescimento das economias desenvolvidas em 2011
foi de tímidos 1,5%. O crescimento do PIB nos Estados Unidos foi ligeiramente superior à média: ficou em 1,7%, enquanto
o incremento na União Européia esteve em linha com a média de 1,5%.
Os grandes e persistentes desequilíbrios externos na economia global que se desenvolveram na última década continu-
am a ser um ponto de preocupação para os formuladores de políticas. Na prática, depois de um estreitamento substancial
12 SISTEMA FIESC
15. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Cenário Internacional
durante a Grande Recessão, os desequilíbrios externos das principais economias foram estabilizados em cerca de metade
do nível de pico pré-crise (em relação ao PIB) no período 2010-2011.
Os Estados Unidos continuaram sendo a maior economia deficitária, embora o déficit tenha caído substancialmente des-
de o pico registrado em 2006. Os superávits externos na China, Alemanha, Japão e um grupo de países exportadores de
petróleo, que formam a contrapartida do déficit dos Estados Unidos, estreitaram-se, embora em graus variados. Enquanto
o excedente da Alemanha manteve-se em cerca de 5% do PIB em 2011, a conta corrente na zona do euro como um todo
praticamente manteve-se em equilíbrio. Grandes excedentes, em relação ao PIB, foram ainda encontrados em países ex-
portadores de petróleo, atingindo 20% ou mais do PIB em alguns dos países exportadores de petróleo na Ásia Ocidental.
A maioria das economias desenvolvidas está sofrendo de impasses persistentes resultantes da crise financeira global. Os
bancos e as famílias ainda estão em processo de desalavancagem, o que está segurando o fornecimento de crédito. Os
déficits orçamentários e a dívida pública aumentaram, principalmente, por causa da crise e, em menor grau, em virtude
do estímulo fiscal. As políticas monetárias permanecem ajustadas com o uso de várias medidas não convencionais, mas
perderam a sua eficácia, devido à contínua fragilidade do setor financeiro e altos níveis de desemprego persistentes, que
estão segurando a demanda do consumidor e a de investimentos. Preocupações com altos níveis da dívida pública têm
levado os governos a agir com austeridade fiscal, o que deprime ainda mais a demanda agregada.
Os problemas econômicos em muitas nações desenvolvidas são um fator importante por trás da desaceleração nos países
em desenvolvimento. O PIB do Brasil, por exemplo, cresceu 3,7% em 2011, apenas metade da forte recuperação de 7,5%
em 2010. Países de baixa renda também têm experimentado desaceleração, ainda que leve. Em termos per capita, o cres-
cimento da renda desacelerou de 3,8% em 2010 para 3,5% em 2011.
Ainda assim, os países em desenvolvimento foram os que exibiram melhores resultados em 2011. As regiões de maior
crescimento foram o Oriente Médio (4,9%), seguido pela Comunidade dos Estados Independentes (4,6%) e pelas Américas
Central e do Sul (4,5%). O crescimento do PIB da África, de 2,3%, poderia ter sido maior se não tivessem ocorrido conflitos
na Líbia, na Tunísia, no Egito e em outros países da região.
Mais uma vez, o crescimento do PIB da China ultrapassou o do resto do mundo, atingindo 9,2%, mas o valor não foi supe-
rior ao que o país alcançou no pico da crise financeira global em 2009. Em contraste a esse desempenho, as economias
recém-industrializadas de Hong Kong, China, República da Coreia, Cingapura e Taiwan cresceram a menos da metade do
índice da China (4,2%). As economias em desenvolvimento e a Comunidades dos Estados Independentes juntas registra-
ram um aumento de 5,7% em 2011.
Economias com maiores crescimentos em 2011 (%)
Oriente Médio 4,9
CEI 4,6
Américas Central e do Sul 4,5
China 9,2
Economias com menores crescimentos em 2011 (%)
Japão -0,5
EUA 1,7
União Europeia 1,5
Fonte: Secretariado da OMC, 2012
SISTEMA FIESC 13
16. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Cenário Internacional
Comércio Internacional
A recuperação do comércio mundial foi tão vigorosa em 2010 como tinha sido seu declínio em 2009. Em 2011, no entanto,
perdeu grande impulso. O crescimento do volume de comércio mundial desacelerou de 13,8% em 2010 para 6,6% no ano
passado. Um crescimento mais fraco da economia mundial, especialmente entre as economias desenvolvidas, é o principal
fator por trás da desaceleração. A figura a seguir mostra a relação entre o crescimento do volume de mercadorias transa-
cionadas e o crescimento do PIB mundial.
Variação do comércio mundial de mercadorias (volume) e do PIB (%)
15
Crescimento médio das exportações
10
1991-2011
5
0
Crescimento médio do PIB
-5 1991 -2011
-10
-15
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Exportações PIB
Fonte: Secretariado da OMC, 2012
A desaceleração do crescimento tanto do comércio quanto do produto mundial tinha sido prevista para 2011, mas diver-
sos acontecimentos durante o ano – no Japão, na Tailândia e no norte da África, por exemplo – prejudicaram ainda mais a
economia e o comércio mundial. Adicionalmente, a evolução negativa do PIB da União Europeia reduziu a demanda por
mercadorias importadas no quarto trimestre do ano, quando a crise da dívida soberana do euro veio à tona. Como resul-
tado, o crescimento global das exportações ficou abaixo da previsão inicial da OMC, de 5,8%.
O crescimento do comércio mundial de mercadorias em 2011 esteve abaixo da média de 6% na pré-crise entre 1990-2008,
e foi inferior à média dos últimos 20 anos, incluindo o período de colapso do comércio (5,4%). Como resultado, o volume
do comércio esteve ainda mais longe de sua tendência de pré-crise ao final de 2011 do que foi no ano anterior. Na ver-
dade, essa diferença deve continuar a aumentar na medida em que taxa de expansão comercial estiver aquém dos níveis
anteriores, como demonstra a figura a seguir.
14 SISTEMA FIESC
17. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Cenário Internacional
Volume das exportações mundiais de mercadorias (índice 1990=100)
400
350
300
250
200
150
100
50
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Volume de exportações Tendência (1990-2008)
Fonte: Secretariado da OMC, 2012
Flutuações significativas da taxa de câmbio ocorreram durante 2011, o que mudou as posições competitivas de alguns
grandes players mundiais e resultou em novas políticas em países como Suíça e Brasil. As flutuações foram conduzidas, em
grande parte, por atitudes de risco relacionadas à crise da dívida soberana do euro. O valor do dólar americano caiu 4,6%
em termos nominais, contra uma cesta ampla de moedas, de acordo com dados do Federal Reserve, e 4,9 % em termos reais,
de acordo com o Fundo Monetário Internacional, tornando os produtos norte-americanos, em geral, menos caros para a
exportação. A depreciação nominal do dólar também teria inflado o valor em dólares de algumas transações internacionais.
O valor total em dólares das exportações mundiais de mercadorias avançou 19%, para US$ 18,2 trilhões em 2011, como
demonstra a tabela abaixo. Esse aumento foi quase tão grande quanto o incremento de 22% em 2010. Ele foi impulsiona-
do em grande parte pelo aumento dos preços das commodities primárias. As exportações de serviços comerciais também
cresceram, a uma taxa de 11% em 2011, alcançando US$ 4,1 trilhões.
Exportações mundiais em 2011 e evolução anual
2011 2009 2010 2011 2005-11
US$ bilhões % % % % média
Mercadorias 18.217 -22 22 19 10
Serviços comerciais 4.149 -11 10 11 9
Transporte 855 -23 15 8 7
Viagem 1.063 -9 9 12 7
Outros serviços comerciais 2.228 -7 8 11 10
Fonte: Secretariado da OMC para Mercadorias e Secretariado da OMC e da UNCTAD para Serviços comerciais, 2012
Os preços das commodities aumentaram, mas continuam altamente voláteis. Para muitas commodities, a tendência de su-
bida dos preços, que começou em junho de 2010, estendeu-se em 2011. Após atingir o pico durante a primeira metade
do ano, os preços diminuíram ligeiramente. No entanto, no caso do petróleo, metais, matérias-primas agrícolas e bebidas
tropicais, os níveis de preço médio para o ano de 2011 como um todo ultrapassaram as médias recordes atingidas em 2008.
Exportadores de commodities que se beneficiaram da melhoria das condições de comércio nos dois últimos anos perma-
necem expostos a pressões de redução de preços, o que pode ser significativamente amplificado pela especulação finan-
ceira em caso de uma recessão.
SISTEMA FIESC 15
18. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Cenário Internacional
O comércio de serviços, por sua vez, está refletindo a evolução do comércio de mercadorias. Em 2010, o comércio de ser-
viços voltou a um crescimento positivo em todas as regiões e grupos de países, especialmente nos países em desenvolvi-
mento, particularmente naqueles menos desenvolvidos. Como o comércio de serviços mostrou menor sensibilidade para
a crise financeira em comparação com o comércio de mercadorias, sua recuperação também foi menos pronunciada em
2010 e 2011. Os países em desenvolvimento continuam sendo importadores líquidos de serviços, mas seu papel como ex-
portadores de serviços está crescendo continuamente, especialmente nos setores de transporte e turismo.
Durante a crise, o volume de importação dos países em desenvolvimento caiu para cerca de 13% abaixo da tendência, mas
recuperou-se fortemente e quase totalmente com a tendência de rápido crescimento experimentada no início dos anos
2000, como mostra a figura a seguir.
Tendências divergentes no crescimento das importações mundiais, 2002-2013
300
250
200
150
100
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 20121 20132
Tendências dos países Nível de importações dos Tendências dos países Nível de importações
em desenvolvimento países em desenvolvimento desenvolvidos dos países desenvolvidos
(2001-2007) (2001=100) (2001-2007) (2001=100)
Fonte: Nações Unidas/DESA, 2012
1
Parcialmente estimado
2
Projeções
Entre as regiões em desenvolvimento, o Leste e o Sul da Ásia lideraram a recuperação da demanda externa, respondendo
por cerca de três quartos do crescimento das importações das economias em desenvolvimento em 2010, seguidas pela
América Latina e Caribe, responsáveis por 17%; a Ásia Ocidental e a África contribuíram com cerca de 7% e 2%, respecti-
vamente. A China continua a ser o principal motor do crescimento das importações entre os países em desenvolvimento,
representando 37% do crescimento das importações de todos os países em desenvolvimento em 2010.
A recuperação abaixo da tendência do comércio mundial é quase totalmente explicada pela fraca demanda de importações
nas economias desenvolvidas. A demanda de importação caiu para 21% abaixo da tendência até 2009 e não se recuperou
depois. Espera-se que essa diferença aumente ainda mais, para 30% até 2013.
Os cinco maiores exportadores de mercadorias em 2011 foram a China, os Estados Unidos, a Alemanha, o Japão e a Holanda.
Os principais importadores foram os Estados Unidos, a China, a Alemanha, o Japão e a França. A tabela a seguir apresenta
as exportações e importações dos principais países no cenário mundial, e sua participação no comércio global.
16 SISTEMA FIESC
19. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Cenário Internacional
Principais exportadores e importadores de mercadorias em 2011
US$ Partic.* Variação US$ Partic.* Variação
Pos. Exportadores Pos. Importadores
bilhões % anual (%) bilhões % anual (%)
1 China 1.899 10,4 20 1Estados Unidos 2.265 12,3 15
2 Estados Unidos 1.481 8,1 16 2China 1.743 9,5 25
3 Alemanha 1.474 8,1 17 3Alemanha 1.254 6,8 19
4 Japão 823 4,5 7 4Japão 854 4,6 23
5 Holanda 660 3,6 15 5França 715 3,9 17
6 França 597 3,3 14 6Reino Unido 636 3,5 13
7 República da Coreia 555 3 19 7Holanda 597 3,2 16
8 Itália 523 2,9 17 8Itália 557 3 14
9 Federação Russa 522 2,9 30 9República da Coreia 524 2,9 23
10 Bélgica 476 2,6 17 10Hong Kong, China 511 2,8 16
Importações retidas 130 0,7 16
11 Reino Unido 473 2,6 17 11 Canadá1 462 2,5 15
12 Hong Kong, China 456 2,5 14 12 Bélgica 461 2,5 17
Exportações domésticas 17 1,1 14
Re-exportações 439 2,4 14
13 Canadá 452 2,5 17 13 Índia 4.513 2,5 29
14 Cingapura 410 2,2 16 14 Cingapura 366 2 18
Exportações domésticas 224 1,2 23 Importações retidas2 180 2 18
Re-exportações 186 1 10
15 Reino da Arábia Saudita 365 2 45 15 Espanha 362 2 11
TOTAL ACIMA3 12.032 66,9 - TOTAL ACIMA3 16.130 67,1 -
MUNDIAL 18.215 100 19 MUNDIAL 18.380 100 19
1
Importações em valores FOB
2
As importações retidas em Cingapura significam importações menos re-exportações
3
Incluem re-exportações ou importações para re-exportação substanciais
* Participação no total mundial.
Fonte: Secretariado da OMC, 2012
O quadro abaixo mostra os países que tiveram maiores crescimentos e quedas no comércio internacional em 2011:
Exportações com maiores crescimentos (%)
Índia 16,1
China 9,2
EUA 7,2
Exportações em declínio (%)
África -8,3
Japão -0,5
Filipinas -14,3
Importações com maiores crescimentos (%)
China 9,7
Índia 6,6
Importações em declínio (%)
Grécia em torno de -20
Taiwan em torno de -3
Fonte: Secretariado da OMC, 2012
Quanto ao comércio por grandes regiões do globo, o valor das exportações de mercadorias da América do Norte aumentou
16%, enquanto as importações cresceram 15%. Na Europa, as taxas foram parecidas: 17%, tanto para exportações quanto
para importações.
SISTEMA FIESC 17
20. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Cenário Internacional
No mesmo patamar ficaram as exportações da Ásia, que detém quase um terço do comércio mundial. Suas vendas exter-
nas cresceram 18% e as importações, 23%. A África cresceu 17% e 18% nas exportações e importações, respectivamente.
Já as outras regiões tiveram taxas de crescimento comercial em patamar superior. As exportações das Américas do Sul e
Central avançaram 27%, impulsionadas por aumentos nos preços de produtos primários, enquanto as importações au-
mentaram 24%. Na Comunidade dos Estados Independentes – CEI – o motor das exportações foi o aumento nos preços
de energia. As exportações e importações cresceram, respectivamente, 34% e 30%. O aumento dos preços de petróleo
fizeram as exportações do Oriente Médio elevarem-se 37% em 2011.
Vale ressaltar que a participação das economias em desenvolvimento e da Comunidade dos Estados Independentes no
total mundial subiu para 47% no lado das exportações e 42% no lado das importações, os maiores níveis já registrados em
uma série de dados que remonta a 1948.
O mapa a seguir resume as variações e a participação no comércio internacional das grandes regiões do globo.
Exportações e importações de mercadorias por região em 2011
AMÉRICA DO NORTE EUROPA COMUNIDADE
Exportações Exportações DE ESTADOS
INDEPENDENTES
Exportações
Importações Importações
Importações
AMÉRICAS DO ÁSIA
SUL E CENTRAL Exportações
Exportações
Importações
Importações
ÁFRICA ORIENTE MÉDIO
Exportações Exportações
Importações Importações
Fonte: Secretariado da OMC, 2012
2.2 Perspectivas da economia mundial
O cenário adotado como base pelas Nações Unidas para as pesrpectivas da economia é relativamente positivo, uma vez
que assume como premissa um conjunto de condições otimistas, incluindo o pressuposto de que a crise da dívida sobe-
rana na Europa será circunscrita a uma ou algumas poucas pequenas economias e que os problemas da dívida podem ser
trabalhados de forma mais ou menos ordenada. O Anexo 6.1 deste estudo contém uma explicação a respeito dos pressu-
postos assumidos pelas Nações Unidas para as estimativas do cenário-base para 2012 e 2013.
18 SISTEMA FIESC
21. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Cenário Internacional
O cenário-base ainda assume que as políticas monetárias entre os principais países desenvolvidos permanecerão flexíveis,
enquanto a mudança para a austeridade fiscal na maioria deles não deverá envolver cortes mais profundos. O cenário tam-
bém indica que os preços das commodities-chave deverão cair ligeiramente, enquanto as taxas de câmbio entre as princi-
pais moedas flutuarão em torno dos níveis atuais, sem tornar esse tema ameaçador.
No cenário-base da ONU, o crescimento do PIB mundial atingirá 2,6% em 2012 e 3,2% em 2013. De qualquer maneira, isso
implica um rebaixamento significativo (em um ponto percentual) a partir da previsão inicial em meados de 2011, mas está
em linha com o cenário pessimista colocado ao final de 2010. A desaceleração já foi visível em 2011, quando a economia
global cresceu estimados 2,4%, ante os 3,8% alcançados em 2010.
Crescimento previsto do PIB mundial (%)
5
4,1 4,0 4,0
4 Cenário otimista 4,0
3 2,8 3,9 3,2
2,6 se
Cenário-ba 2,2
2 Cen
1,5 ário
pes
1 sim
ista
0 0,5
-1
-2
-3 -2,4
2006 2007 2008 2009 2010 2011 20121 20132
Fonte: Nações Unidas/DESA, 2012
1
Estimativas
2
Previsões das Nações Unidas
Os países em desenvolvimento e as economias em transição deverão continuar impulsionando o crescimento da econo-
mia mundial, com um incremento médio de 5,6% em 2012 e 5,9% em 2013, no cenário-base. Esses números estão bem
abaixo do ritmo de 7,5% alcançado em 2010, quando o crescimento da produção entre as maiores economias emergentes
na Ásia e América Latina, como Brasil, China e Índia, tinha sido particularmente robusto.
Estima-se que o crescimento do PIB da China e da Índia mantenha-se em nível alto, mas em desaceleração. Na China, o
crescimento abrandou de 10,4% em 2010 para 9,3% em 2011, e está projetado para ficar abaixo de 9% em 2012 e em 2013.
A economia da Índia deverá crescer entre 7,7 e 7,9 % em 2012 e, em 2013, abaixo dos 9% observados em 2010.
O Brasil e o México devem sofrer as desacelerações mais visíveis. A Organização das Nações Unidas – ONU – avalia que
o PIB brasileiro crescerá 2,7% em 2012, mas o desempenho da economia pode ser ainda menor que 2%, de acordo com
previsões mais recentes de mercado. A economia mexicana desacelerou de 5,8% em 2010 para 3,8% em 2011, e não deve
passar de 2,5% no cenário de referência para 2012.
Apesar da desaceleração global, os países mais pobres poderão ver o crescimento da renda média um pouco acima dessa
taxa em 2012 e 2013. O mesmo vale para o crescimento médio entre a categoria dos países menos desenvolvidos das Nações
Unidas. No entanto, o crescimento deverá manter-se abaixo de seu potencial na maior parte dessas economias. Em 2011 e
2012, o crescimento da renda per capita deverá atingir entre 2% e 2,5%, bem abaixo da média anual de 5% entre 2004 e 2007.
SISTEMA FIESC 19
22. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Cenário Internacional
Crescimento previsto do PIB por grupos de países (%)
10
8
6
4
2
0
-2
-4
-6
-8
2006 2007 2008 2009 2010 2011 20121 20132
Economias desenvolvidas Economias em transição Economias em desenvolvimento Economias menos desenvolvidas
Fonte: Nações Unidas/DESA, 2012
1
Estimativas
2
Previsões das Nações Unidas
Cenários base e pessimista de crescimento do PIB em 2012 (%)
México
Brasil
Índia
China
África do Sul
Nigéria
Países em desenvolvimento
Rússia
Economias em transição
União Europeia
Japão
Estados Unidos
Economias desenvolvidas
Mundo
-4 -2 0 2 4 6 8 10
2012 Cenário pessimista 2012 Cenário-base
Fonte: Nações Unidas/DESA, 2012
20 SISTEMA FIESC
23. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Cenário Internacional
Evolução anual da produção mundial (%)
Diferença das
previsões atuais em
relação às previsões
de junho de 20114
2005-2008 1 2009 2010 2 20113 20123 20133 2011 2012
Mundo 3,3 -2,4 4,0 2,8 2,6 3,2 -0,5 -1,0
Economias desenvolvidas 1,9 -4,0 1,3 1,3 1,9 -0,7 -1,1
Estados Unidos 1,8 -3,5 3,0 1,7 1,5 2,0 -0,9 -1,3
Japão 1,3 -6,3 4,0 -0,5 2,0 2,0 -1,2 -0,8
União Europeia 2,2 4,3 2,0 1,6 0,7 1,7 -0,1 -1.2
Economias em transição 7,1 -6,6 4,1 4,1 3,9 4,1 -0,3 -0,7
Rússia 7,1 -7,8 4,0 4,0 3,9 4,0 -0,4 -0,7
Economias em desenvolvimento 6,9 2,4 7,5 6,0 5,6 5,9 -0,2 -0,6
África 5,4 0,8 3,9 2,7 5,0 5,1 0,9 0,4
China 11,9 9,2 10,4 9,3 8,7 8,5 0,2 -0,2
Índia 9,0 7,0 9,0 7,6 7,7 7,9 -0,5 -0,5
Brasil 4,6 -0,6 7,5 3,7 2,7 3,8 -1,4 -2,6
México 3,2 -6,3 5,8 3,8 2,5 3,6 0,1 -1,8
Fonte: Nações Unidas/DESA, 2012
1
Evolução (%) anual
2
Dado real ou estimativa mais recente
3
Previsões, baseadas em parte no Projeto LINK das Nações Unidas/DESA
4
Publicação “Situação econômica mundial e perspectivas de meados de 2011”
Riscos e incertezas
A fragilidade nas políticas formuladas, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, para lidar com a crise do emprego e
evitar a escalada de problemas com a dívida soberana e com a fragilidade do setor financeiro, constitui o risco mais grave
para a economia global nas perspectivas para 2012-2013, com a possibilidade distinta de uma renovada recessão global.
As economias desenvolvidas estão à beira de uma espiral descendente impulsionada por quatro fraquezas que se reforçam
mutuamente: as incertezas causadas pela dívida soberana, frágeis setores bancários, fraca demanda agregada (associada
à elevada taxa de desemprego) e paralisia na política causada por impasses políticos e deficiências institucionais. Essas de-
ficiências já estão presentes, mas o agravamento de uma delas poderia desencadear um círculo vicioso que levaria a uma
grave crise financeira e a uma recessão econômica. Isso também afetaria seriamente mercados emergentes e outros países
em desenvolvimento.
As economias em desenvolvimento e as economias em transição provavelmente seriam negativamente afetadas. O impacto
iria variar de acordo com as ligações econômicas e financeiras desses países com as principais economias desenvolvidas. Pa-
íses asiáticos em desenvolvimento, particularmente os da Ásia Oriental, sofreriam principalmente através de uma queda em
suas exportações para as principais economias desenvolvidas, enquanto aqueles na África, América Latina e Ásia Ocidental,
juntamente com as principais economias em transição, seriam afetados pelo declínio dos preços das commodities primárias.
Comércio internacional
Por consequência de um fôlego pós-crise de 2009, o comércio internacional recuperou-se em 2010. Em 2011, entretanto,
o ritmo caiu para 5%. A Organização Mundial do Comércio – OMC – prevê uma nova desaceleração no volume de comér-
cio de mercadorias: 3,7% em 2012. Neste ano, as exportações deverão crescer 2% nos países desenvolvidos e 5,6% nas
SISTEMA FIESC 21
24. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Cenário Internacional
economias em desenvolvimento (incluindo a Comunidade dos Estados Independentes). No lado da importação, a OMC
está projetando 1,9% de crescimento para os países desenvolvidos e 6,2% para as economias em desenvolvimento e a CEI,
como apresenta a tabela abaixo.
Evolução anual do comércio mundial de mercadorias e do PIB – 2008-2013 (%)
2008 2009 2010 2011 2012* 2013*
Volume do comércio mundial
2,3 -12,0 13,8 5,0 3,7 5,6
de mercadorias
Exportação
- Economias desenvolvidas 0,9 -15,1 13,8 4,7 2,0 4,1
- Economias em desenvolvimento e CEI 4,2 -7,5 14,9 5,4 5,6 7,2
Importação
- Economias desenvolvidas -1,1 -14,4 10,9 2,8 1,9 3,9
- Economias em desenvolvimento e CEI 8,6 -10,5 18,1 7,9 6,2 7,8
PIB real a taxas de câmbio de mercado 1,3 -2,6 3,8 2,4 2,1 2,7
- Economias desenvolvidas 0,0 -4,0 2,8 1,5 1,1 1,8
- Economias em desenvolvimento e CEI 5,6 2,2 7,2 5,7 5,0 5,4
Fonte: Secretariado da OMC, 2012
* Os dados para 2012 e 2013 são projeções
As estimativas do comércio global da OMC assumem um crescimento do PIB mundial de 2,1% em 2012, com as economias
desenvolvidas avançando 1,1% e o resto do mundo crescendo a uma taxa de 5% ao ano. A projeção para 2013 assume
uma aceleração do crescimento global para 2,7%, com as economias desenvolvidas crescendo 1,8% e o resto do mundo
avançando 5,4%.
Os dados relativos a 2013 são estimativas baseadas em suposições sobre a trajetória de longo prazo do PIB e devem ser
interpretados com um grau adequado de cautela. Espera-se que o volume do comércio em 2013 se recupere, alcançando
uma expansão de 5,6% sobre 2012. As exportações de países desenvolvidos e em desenvolvimento devem aumentar em
4,1% e 7,2%, respectivamente. Do lado das importações, as economias desenvolvidas devem registrar um crescimento de
3,9%, enquanto as economias em desenvolvimento devem avançar 7,8%.
Mesmo com as hipóteses otimistas da linha de base, o comércio mundial continuaria evoluindo longe da tendência, con-
forme demonstra a figura a seguir. Neste cenário, o volume do comércio mundial estaria 30% abaixo do nível que poderia
ter sido alcançado se não houvesse a crise financeira global.
22 SISTEMA FIESC
25. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Cenário Internacional
Crescimento abaixo da tendência do comércio mundial de mercadorias, 2002-2013
% US$ trilhões
15
240
10
220
5 200
0 180
160
-5
140
-10
120
-15 100
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 20121 20132
Volume de importação Crescimento da produção Tendência das importações mundiais Nível das importações mundiais
mundial (escala à esquerda) mundial (escala à esquerda) (escala à direita) (2001=100) (escala à direita)
Fonte: Nações Unidas/DESA, 2012
1
Parcialmente estimado
2
Projeções
Uma razoável recuperação depende de uma conformação de fatos positivos. Um cenário concebível seria presenciar os
riscos da dívida soberana do euro sendo dissipados após a reestruturação ordenada da dívida do governo grego, e uma
economia mais forte dos EUA sustentando a demanda global e aumentando as exportações das economias emergentes
e em desenvolvimento. Isso levaria a um círculo virtuoso de melhoria das condições econômicas, com a consequente ex-
pansão do comércio.
No entanto, o panorama mais provável continua sendo de uma recessão moderada na Europa, um crescimento mais lento
nos países em desenvolvimento e recuperações moderadas nos Estados Unidos e no Japão.
Uma recessão mais profunda na zona do euro aumentaria os pagamentos de transferência social, privando os governos das
tão necessárias receitas e lançando dúvidas sobre a capacidade e a vontade dos países em saldar suas dívidas. Isso elevaria
os custos de empréstimos para países com finanças desafiadoras, o que poderia resultar em recessão.
Os preços ascendentes das commodities também constituem um fator de risco, mas seus efeitos distributivos são mais
ambíguos. Altos preços do petróleo, em particular, restringem a atividade econômica e estão associados a recessões nos
países importadores. No entanto, os preços flutuantes também aumentam as receitas de exportação dos produtores des-
ses recursos, que são desproporcionalmente economias emergentes e em desenvolvimento.
SISTEMA FIESC 23
26. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Cenário Internacional
ESTIMATIVAS PARA 2012
RISCOS PROVÁVEIS
CENÁRIO POSITIVO (menos provável)
2.3 O Brasil no comércio internacional
Conforme verifica-se na tabela e no gráfico a seguir, em 2011 o Brasil teve um saldo superavitário de US$ 29,7 bilhões, com
US$ 256 bilhões em exportações (crescimento de 26,8% em relação a 2010) e importações totalizando US$ 226,2 bilhões
(aumento de 24,5% no comparativo com 2010). A corrente de comércio (exportações + importações), por sua vez, totalizou
US$ 482,3 bilhões, valor 25,7% maior ao obtido em 2010.
O gráfico também demonstra que as importações vêm crescendo de forma mais acentuada que as exportações, ano após
ano, com exceção de 2009, em função da crise econômica e financeira internacional ocorrida naquele período. Ainda as-
sim, durante todos os anos analisados, a balança comercial brasileira tem se mantido superavitária, com um saldo recorde
em 2006, quando o superávit foi da ordem de US$ 46,5 bilhões.
24 SISTEMA FIESC
27. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Cenário Internacional
Balança comercial brasileira – US$ milhões - 2001 a 2011
Ano Exportação Importação Saldo
2001 58.286,6 55.601,8 2.684,8
2002 60.438,7 47.242,7 13.196,0
2003 73.203,2 48.325,6 24.877,7
2004 96.677,5 62.835,6 33.841,9
2005 118.529,2 73.600,4 44.928,8
2006 137.807,5 91.350,8 46.456,6
2007 160.649,1 120.617,4 40.031,6
2008 197.942,4 172.984,8 24.957,7
2009 152.994,7 127.722,3 25.272,4
2010 201.915,3 181.768,4 20.146,9
2011 256.039,6 226.243,4 29.796,2
300
250
200
150
100
50
0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Exportação Importação Saldo
Fonte: SECEX/MDIC, 2012
Para o comércio exterior brasileiro, a FUNCEX projeta para 2012 um superávit de US$ 15 bilhões na balança comercial, com
exportações da ordem de US$ 264 bilhões (incremento de 3,11% em relação a 2011) e importações totalizando US$ 249
bilhões (aumento de 10,06% sobre 2011). De acordo com a mesma Fundação, tanto as exportações quanto as importações
deverão apresentar estabilidade nos preços em 2012; assim, o crescimento deverá ser resultante da evolução positiva do
quantum exportado e importado.
Importações
Desde os anos 90, o Brasil iniciou um considerável processo de abertura comercial. No final dos anos 80, a alíquota média
nominal do imposto de importação no Brasil era próxima a 60%, tendo sido reduzida a menos de 14% em 2008, segundo
a Organização Mundial do Comércio – OMC. A partir de meados dos anos 90, com a estabilização da economia e a cres-
cente incorporação das camadas mais pobres da população ao mundo do consumo, um mercado de quase 200 milhões
de habitantes configurou-se no país. A elevada apreciação cambial observada nos últimos anos completou um quadro ex-
tremamente atraente para a entrada de artigos importados no país. Assim, num período de duas décadas, o Brasil dobrou
sua participação nas compras mundiais, passando de 0,63% do total em 1990 para 1,29% em 2011.
SISTEMA FIESC 25
28. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Cenário Internacional
Entre 2001 e 2011, as importações brasileiras foram de US$ 55,6 bilhões para US$ 226,2 bilhões, ou seja, quadruplicaram. É
interessante notar as variações quanto às categorias de uso das importações. Em 2001, a parcela de compras de bens de
consumo era de 12,8% do total importado, mas em 2011 essa categoria atingiria 17,7% do total das importações. A partici-
pação de bens importados no mercado brasileiro de consumo atingiu o recorde 22% entre abril de 2011 e março de 2012.
A proporção de combustíveis na pauta de importações também cresceu, ao passo que os bens de capital, assim como
as matérias-primas, perderam participação. Ou seja, proporcionalmente, o Brasil comprou mais produtos prontos para o
consumo e menos equipamentos e insumos para a produção local. Em números absolutos, entretanto, todos os bens im-
portados cresceram significativamente.
Especificamente em 2011, nas importações foram observadas evoluções positivas em todas as categorias de uso, mas os
combustíveis e os bens de consumo duráveis se destacaram, com altas de 43,7% e 34,4% em relação a 2010, respectiva-
mente. As demais categorias também tiveram crescimento significativo, embora bem mais fraco no caso dos bens de ca-
pital (18,1%) e dos bens intermediários (20%).
Importações brasileiras por categorias de uso (participação no total %)
Combustíveis e Matérias-primas e
Ano Bens de capital Bens de consumo
lubrificantes produtos intermediários
2001 26,6 12,8 11,3 49,3
2002 24,7 12,5 13,2 49,6
2003 21,4 11,5 13,6 53,5
2004 19,4 10,9 16,4 53,3
2005 20,9 11,6 16,2 51,3
2006 20,7 13,1 16,6 49,6
2007 20,8 13,3 16,6 49,3
2008 20,8 13,0 18,2 48,0
2009 23,2 16,9 13,1 46,8
2010 22,6 17,2 14,0 46,2
2011 21,2 17,7 16,0 45,1
Fonte: SECEX/MDIC
A tendência se manteve em 2011. A análise do crescimento no quantum importado permite esse vislumbre, pois ele foi lide-
rado pela categoria de bens de consumo duráveis (27,1%) e não duráveis (15,3%). Os bens intermediários, que têm o maior
peso na pauta, cresceram 6,5%. O gráfico a seguir apresenta a evolução do quantum das importações brasileiras em 2011
segundo categorias de uso. Perceba-se que a base do gráfico é o mês de setembro de 2008. Assim, no caso dos bens de
consumo duráveis, é possível deduzir que a quantidade de bens importados pelo país praticamente dobrou em três anos.
26 SISTEMA FIESC
29. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Cenário Internacional
Quantum das importações brasileiras por categorias de uso – Média móvel de 12 meses (set/2008=100)
200
190
180
170
160
150
140
130
120
110
100
90
80
70
Nov/10 Dez/10 Jan/11 Fev/11 Mar/11 Abr/11 Mai/11 Jun/11 Jul/11 Ago/11 Set/11 Out/11 Nov/11 Dez/11
Combustíveis Intermediários Bens de capital Duráveis Não duráveis
Fonte: FUNCEX, janeiro 2012
Exportações
Entre 2001 e 2011, o Brasil elevou suas exportações do patamar dos US$ 60 bilhões para US$ 256 bilhões. Com isso, am-
pliou sua participação nas exportações mundiais, que ficavam em torno de 1% do total, para 1,44% em 2011. No período,
houve um aumento na participação de produtos básicos diante do total exportado, em detrimento dos industrializados,
situação conhecida como “comoditização” da pauta de exportações brasileira. Em 2001, os básicos representavam cerca de
26% do total das vendas externas, enquanto os industrializados representavam 56,5%. Em 2011, a proporção era de quase
48% para os básicos e 36% para os industrializados, conforme demonstra a tabela a seguir.
Exportações brasileiras por fator agregado (participação no total %)
Ano Básicos Semimanufaturados Manufaturados Operações especiais
2001 26,4 14,1 56,5 3,0
2006 29,2 14,2 54,4 2,2
2011 47,7 14,1 36,1 2,1
Fonte: SECEX/MDIC
Esta tendência parece também aprofundar-se recentemente. Os produtos básicos apresentaram em 2011 um aumento de
36,1% em relação ao valor exportado em 2010. Os produtos manufaturados e semimanufaturados cresceram 16% e 27,7%
no comparativo 2011/2010, respectivamente. A tabela a seguir apresenta o desempenho das exportações brasileiras por
setores da economia, de acordo com o código CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas.
SISTEMA FIESC 27
30. ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL CATARINENSE 2012
Cenário Internacional
Exportações brasileiras por setor em 2011
Variação Partic. s/ total
Setores US$ milhões FOB
2011/2010 (%) exportações (%)
Agricultura e pecuária 32.236 40 12,6
Silvicultura e exploração florestal 160 24,3 0,1
Pesca e aquicultura 21 -30,1 0
Extração de carvão mineral 10 * 0
Extração de petróleo 21.632 32,8 8,4
Extração de minerais metálicos 44.218 43,4 17,3
Extração de minerais não metálicos 816 9,7 0,3
Produtos alimentícios e bebidas 45.516 19,4 17,8
Produtos do fumo 57 1,9 0
Produtos têxteis 2.720 40,5 1,1
Confecção de artigos do vestuário e acessórios 218 4,8 0,1
Preparação de couros, seus artefatos e calçados 3.602 3,9 1,4
Produtos de madeira 1.905 -1,2 0,7
Celulose, papel e produtos de papel 7.170 6,3 2,8
Edição, impressão e reprodução de gravações 88 4,5 0
Coque, refino de petróleo e combustíveis 6.179 41,6 2,4
Produtos químicos 13.337 21 5,2
Artigos de borracha e plástico 3.394 18,4 1,3
Produtos de minerais não metálicos 1.697 0,9 0,7
Metalurgia básica 21.721 32,9 8,5
Produtos de metal 2.056 17,1 0,8
Máquinas e equipamentos 10.803 25,8 4,2
Máquinas para escritório e de informática 406 17,5 0,2
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 3.503 9,4 1,4
Material eletrônico e de comunicações 1.458 -16,9 0,6
Equipamentos médico-hospitalares, de automação industrial e de precisão 1.012 18,2 0,4
Veículos automotores, reboques e carrocerias 15.781 13,9 6,2
Outros equipamentos de transporte 7.249 17,5 2,8
Móveis e indústrias diversas 1.427 6,3 0,6
TOTAL 256.040 26,8 97,8
Fonte: FUNCEX, janeiro 2012, a partir de dados da SECEX/MDIC
De acordo com a tabela anterior, verifica-se que a concentração na pauta de exportações em poucos setores continua ele-
vada, com apenas três setores representando 47,7% do total exportado em 2011: produtos alimentícios e bebidas, extra-
ção de minerais metálicos e agricultura e pecuária. Ressalte-se a predominância de commodities agropecuárias e minerais
neste conjunto. Os setores com melhores desempenhos na exportação no Brasil em 2011, e respectivas taxas de variação,
foram, em ordem de importância:
Melhores desempenhos nas exportações brasileiras em 2011
Setores Variação (%)
Extração de minerais metálicos 43,4
Coque, refino de petróleo e combustíveis 41,6
Produtos têxteis 40,5
Agricultura e pecuária 40
Metalurgia básica 32,9
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