Este documento analisa o uso do grid tipográfico em projetos editoriais. Discute se o grid é essencial ou uma muleta, e examina exemplos de designers que usam e não usam grid. Apresenta breve história do grid e teorias como a Gestalt. Analisa casos de Victor Burton que usa grid e David Carson que desconstrói o grid. Conclui que grid e não-grid podem ser adequados dependendo do projeto.
1. MOCINHO OU BANDIDO?
O uso do grid tipográfico em projetos editoriais
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, PESQUISA E EXTENSÃO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PROJETOS EDITORIAIS IMPRESSOS E MULTIMÍDIA
Aluno: Flávio José Vargas Pinheiro
Professsora orientadora: Luciana Andrade Gomes
2. 1. JUSTIFICATIVA
O uso de grids em projetos editoriais é amplamente difundi-
do há muito tempo, e quase nunca questionado.
Mas estariam a praticidade e a agilidade, atributos decorren-
tes do uso do grid, fazendo o designer optar por uma zona de
conforto ao invés do desafio de um processo criativo novo a
cada trabalho?
Seu uso poderia ser encarado como uma muleta?
Esta pesquisa pretende as razões que levaram à soberania do
grid e se ele permanece uma opção válida nos dias de hoje.
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3. 2. PROBLEMA
O uso do grid tipográfico é realmente essencial para a realização de
bons projetos editoriais?
3. OBJETIVO GERAL
Analisar o uso de grids em projetos editoriais.
4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
4.1. Levantar os benefícios do uso de grids.
4.2. Identificar as vantagens do não-uso de grids.
4.3. Analisar exemplos de trabalhos de Victor Burton de David Carson.
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4. 5. ALGUMAS DEFINIÇÕES
Grids são estruturas que dividem o espaço ou tempo em
unidades regulares - Ellen Lupton
O grid tipográfico baseia-se em um sistema de planejamento
quedivideainformaçãoempartesmanuseáveis-Timothy
Samara
Organizar informações de maneira lógica, agrupando
elementos parecidos de forma parecida, ajuda o receptor a
decodificar a mensagem - Timothy Samara
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5. 6. TIPOS MAIS USUAIS DE GRID
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6. 7. FUNDAMENTOS
Necessidade humana de ordem, de orga-
nização, de dar um sentido às suas ações.
Os eixos ortogonais, base do grid, repre-
sentariam o cruzamento do céu e da terra.
Povos antigos, como romanos, incas e
egípcios, já utilizavam o sistemas seme-
lhantes ao grid.
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7. / Hieróglifos egípcios /
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8. A busca da regularidade também existiu nas artes.
/ A Divina Proporção, de Luca Pacioli, e o Homem Vitruviano, de Leonardo DaVinci /
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9. / Livros antigos /
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10. SÉCULO XVIII:
SÉCULO XX:
Guerras mundiais - o período pós-guerra levou a uma
necessidadedeordem,emmeioàdesordem, queserefletiu
também no design.
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Design como
ferramenta
para tornar
os produtos mais
atrativos
Maquina
a vapor
Revolução
industrial
Maior
produtividade
11. Evolução das tendências artísticas.
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12. Caminhando rumo ao design
/por exemplo, uso de tipos como imagem/
Caminhando em direção à simplicidade
/eliminando o ornamental/
/ Picasso / / Mondrian /
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13. GESTALT
Segundo a Gestalt, o ser humano
não vê partes isoladas mas, sim,
as relações entre as partes. Em ou-
tras palavras, as coisas que se vê
são interpretadas e entendidas de
acordo com as relações que esta-
belece com outros elementos no
seu entorno.
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• Proximidade
• Semelhança
• Fechamento
14. 8. O ESTILO INTERNACIONAL SUIÇO:
Nos anos 60 e 70 o Estilo Interna-
cional Suiço, oriundo, principal-
mente de Bauhaus, na Alemanha
se consolida como tendência do-
minante no design moderno.
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15. 9. OS DESCONSTRUTORES:
Guerras mundiais + Freud > busca pelo individual e onírico;
Dadaismo e Surrealismo > contraponto ao racionalismo;
Comunidade jovem do design oriunda principalmente da
Cranbrook School of Arts é muito critica ao Estilo Inter-
nacional Suiço. Os principais expoentes de Cranbrook foram
Jeffery Keedy e Edward Fella.
Keedy condenava a obsessão pela regularidade e clareza e Ed
Fella criticava e soluções visuais estéreis do modernismo.
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16. David Carson, sociólogo e surfista, foi um ícone da
contracultura no design gráfico. Seus trabalhos, segundo ele
mesmo, eram focados na experimentação e no leitor.
Eis que, na década de 1980, acontece uma nova revolução, tão
impactante quanto a de 1789: o lançamento do computador
pessoal da Apple revolucionou o design gráfico e possibilitou a
entrada de não-profissionais no mercado. Como por exemplo...
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17. “Nunca aprendi o que
deve e não se deve fazer;
só crio o que
parece fazer sentido.”
David Carson
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18. 10_a. pontos positivos de se trabalhar com grid:
> Do ponto de vista do designer: eficiência, economia,
agilidade na produção, facilita o trabalho em grupo.
> Do ponto de vista do usuário: clareza, agilidade
na leitura, facilidade na assimilação do conteúdo.
10_B. pontos positivos de se trabalhar sem grid:
> Do ponto de vista do designer: maior liberdade para
para criar, projetos mais originais.
> Do ponto de vista do usuário: leitor não é apenas
consumidor, mas co-autor, construtor do significado.
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19. 11. ANÁLISE DE CASO: USO DO GRID /VICTOR BURTON/
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20. 11. ANÁLISE DE CASO: USO DO GRID /VICTOR BURTON/
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21. 12. ANÁLISE DE CASO: DESCONSTRUÇÃO /DAVID CARSON/
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22. 12. ANÁLISE DE CASO: DESCONSTRUÇÃO /DAVID CARSON/
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23. 12. ANÁLISE DE CASO: DESCONSTRUÇÃO /DAVID CARSON/
/ Revista TRIP /
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24. 13. Mas, enfim, o grid é mesmo indispensável
para se executar um bom projeto gráfico?
Não necessariamente.
Há espaço pra ambos os tipos de trabalho.
Mais importante é adequação do projeto.
Importante: A falta de regras não faz de
qualquer designer um David Carson, assim
como o uso do grid não faz de qualquer
pessoa um Victor Burton.
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25. 14. CONSIDERAÇÕES FINAIS
• A pesquisa atingiu seus objetivos;
• Recomenda-se estudos aprofundados sobre o uso
do grid em tempos liquidos e dispositivos digitais;
• Recomenda-se novos estudos sobre leitor/usuário
como produtor de conhecimento/significado.
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26. 15. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMBROSE, Gavin; HARRIS, Pail. Grid. 1. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. 176 p.
BLACKWELL, Lewis. The end of print: the grafik design of David Carson. 2. ed. London: Laurence
King Publishing, 2012.
FILHO, João Gomes. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. 7. ed. São Paulo:
Escrituras Editora, 2006. 128 p.
HELLER,Steven;VIENNE,Véronique.100ideasthatchangedgraphicdesign.1.ed.London:Laurence
King Publishing, 2014. 216 p.
HURLBURT, Allen. Layout: o design da página impressa. 1. ed. São Paulo: Nobel, 2002. 240 p.
LUPTON, Ellen. Pensar com tipos: guia para designers, escritores, editores e estudantes. 2. ed. São
Paulo: Cosac Naify, 2013. 224 p.
POYNOR, Rick. Abaixo as regras: design gráfico e pós modernismo. Porto Alegre: Bookman, 2010. 192 p.
SAMARA, Timothy. Grid: construção e desconstrução. 1. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2007. 208 p.
_______________. Guia de design editorial: manual prático para o design de publicações. 1. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2011. 160 p.
VICTOR BURTON. São Paulo: J. J. Carol, 2005. 80 p.
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