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Como Testamento Espiritual.
Frei Luis Quadrelli de Pietrasanta, OFMcap
Florença– Itália, 1974
Tradução de Frei Emerson Aparecido Rodrigues, OFMcap
Apresentação
Quando reorganizavam os papéis de Frei Luís encontraram um manuscrito que
pelo conteúdo e a espontaneidade, se pode considerar uma janela aberta da sua grande
alma.
O manuscrito encontrado na fase final da escritura originária e deixado assim
como foi escrito sem ser passado a limpo em uma redação mais bonita.
Frei Luís o escreveu em Florença, no Convento de Montughi em 18 de outubro de
1969. Foi o próprio fundador que o definiu “Seu Testamento Espiritual" e indica
claramente os destinatários: " as suas diletas filhas da Pequena Companhia de Santa
Isabel".
Trata-se de uma mensagem direta a vocês, e todas as que como vocês querem
fazer ecoar esse anseio apostólico.
Para caminhar ao encontro de tantas almas que fizeram pedido nos o entregamos
para impressão e agora vonluntáriamente apresentamos.
Nos permitimos de colocar os títulos, por motivos editoriais, mas sem alterar em
nada o conteúdo na sua composição original.
O escrito é de grande importância para entrar na alma do Frei Luís: para ver em
qual ótica sobrenatural sabia olhar os acontecimentos da sua vida, para valorizar o seu
anseio apostólico, para compreender o seu ardor pelo ideal franciscano, e para encontrar
o carisma originário que o guiou no idealizar os seus projetos espirituais e no dar vida a
Pequena Companhia de Santa Isabel.
Tenho segurança que vocês, queridas filhas, que são destinatárias, e com vocês,
tantas outras almas que tem sede de uma vida espiritual mais elevada, encontrareis nesse
escrito um alimento para viver a fidelidade e fervor da vossa consagração.
A admiração e o amor, assim vividos por Frei Luís pela sua vocação religiosa e
sacerdotal serão de ajuda a permanecer fiéis aos nossos ideais evangélicos e
franciscanos, também nas dificuldades da vida.
O incontido lançar-se no apostolado do Frei será estimulante para que vocês
tenham sempre os pés na ação e no vosso zelo apostólico.
Vocês, que militam num Instituto Secular "nascido na Ordem Terceira e para a
Ordem Terceira", meditando essas suas ultimas vontades, procurem se inspirar a uma
criativa ação do Frei comprometido com a Ordem Terceira que foi o apostolado, mas
comprometedor dos nossos tempos, e como almas consagradas, a esse apostolado
específico, esforçareis para aprofundar a espiritualidade franciscana e comprometer-se a
levar a Ordem Terceira a responder as necessidades do homem moderno, fazendo
progredir nas fronteiras do ideal franciscano, cuja necessidade do nosso mundo convoca.
A Pequena Companhia “Pupila dos seus olhos", deverá se transformar, segundo os
ideais e a vontade do Pai, cada dia mais a vossa família espiritual, quente de calor
evangélico e franciscano, e na qual vivendo uma intensa comunhão de espírito, carrega e
recebe uma válida ajuda para viver o ideal das bem aventuranças e desenvolver o vosso
apostolado evangélico e franciscano.
Um programa também muito ambicioso, e segundo alguns aspectos utópicos.
Seria se vocês confiarem somente nas vossas forças, as capacidades organizativas do
Instituto, suas capacidades puramente humanas e naturais.
Mesmo comprometendo-se com a tenácia e a paixão de Frei Luís, deve ser vossa
tarefa aquela de permanecer na linha da verdadeira humildade franciscana, da modéstia
e escondimento, e sobretudo de profunda fé e de filial abandono a Deus: permanecendo
fiéis, isto é as origens humildes do vosso Instituto. Comprometendo-se, por isso, a sair
de uma posição de pretensão de sentirem-se indispensáveis e dar maior espaço possível
a Deus.
E nesse espírito queridas filhas que entrego a vocês essa mensagem dirigida a
vocês. Acolham com abertura de animo, leiam, meditem, penetrem no seu autentico e
profundo valor, mas, sobretudo, vivais, se lancem completamente a viver o que
caracterizou a vida de Frei Luís. Recordeis, esse é o seu Testamento.
Frei Torquato Cavaterri.
As diletas filhas da Pequena Companhia de Santa Isabel.
Primeiro encontro com os capuchinhos.
Sessenta anos atrás, eu apenas com doze anos, deixei a casa paterna para entrar no
Colégio Seráfico dos Capuchinhos em Montevarchi, aonde completei os estudos
ginasiais, e fui para o santo noviciado para vestir o hábito religioso e no ano seguinte
consagrar-me a Deus.
Acompanhou-me na viagem o meu irmão João, com qual, fazendo uma parada a
Florença, me levou primeiro ao centro da cidade para admirar os monumentos desta, e
depois ao convento de Montughi para falar com o Superior dos Capuchinhos de Toscana
e ouvir as últimas disposições a meu respeito.
Ao seu paterno acolhimento fiquei cheio de alegria no coração e consolidou a
minha vocação. O mesmo convento pela posição incantadora, a sua vastidão e a
particular austeridade me fez uma impressão profunda. Tenho ainda impressa na alma as
palavras de admoestação escritas na porta de entrada do convento:
"Ou penitência ou inferno".
Depois foi uma surpresa para nós a hora do almoço que me aumentou ainda mais
a emoção. Sendo aquele dia a festa de São Lucas Evangelista, médico e patrono dos
médicos, os religiosos tinham convidado no seu imenso e severo refeitório, os médicos
da cidade e isso por duas razões: pelo sentido de reconhecimento sendo esses
disponíveis a prestar serviços aos capuchinhos, seja pela sua pobreza os serviços eram
sem recompensa, e um sinal de fraterna amizade, faziam os capuchinhos o serviço nos
principais hospitais de Firenze.
Eu, mesmo sendo pequeno, junto com o meu irmão fui admitido à mesa com eles.
Um espetáculo que não me esqueci jamais, e sinto ainda algumas palavras de alguns
professores da admiração pelos capuchinhos, pelo seu espírito de sacrifício e de
dedicação para com todos, particularmente com os pobres e com os doentes.
Na escola de Francisco no seminário Seráfico.
Na tarde pegamos novamente o trem para Montevarchi. Alí também tivemos um
acolhimento afetuoso por parte do diretor Frei Anton Luís Porreta, que durante a minha
vida de colégio será sempre para mim de a atenção como de uma mãe para com todos.
Me ambientei logo também com os colegas estudantes e me encontrei logo em família.
O meu irmão ao deixar-me, muitas vezes me beijou e não pode segurar as
lágrimas: "Porque choras? Eu lhe disse: Não vês como sou feliz aqui? Diga a mamãe
que aqui estou muito bem e não me falta nada."
Recordando depois de sessenta anos aquele dia, não êxito a considerar-lo na luz
de Deus o mais importante da minha vida, dependendo desse a minha total consagração
a Deus na Ordem assim gloriosa como a dos Capuchinhos e a dignidade sacerdotal, sem
dúvida a mais sublime a que um homem possa chegar, como não tenho dificuldade em
reconhecer naquela espontânea decisão de deixar a família para vir ao claustro responder
o chamado de Deus.
Os homens, colaboradores de Deus no mistério da vocação.
Nem sempre o Senhor se faz ouvir a sua voz diretamente ou prodigiosamente
como fez com o Profeta Samuel, mais a maioria das vezes ele chega a nós e prepara a
estrada invisivelmente por meio das suas criaturas e dos acontecimentos humanos.
Eu nesse sentido também tenho no meu coração a recordação de pessoas que não
esquecerei jamais, porque estou convicto que mais que todas, e talvez sem saber,
contribuíram a minha vocação religiosa são: meu pai, os missionários franciscanos, e o
Frade da Renilda.
O meu Pai.
Do meu Pai tenho somente recordações distantes, porque morreu quando eu era
apenas um menino. Mas tenho impressa no meu coração a estima que a minha família
e o povo tinham por Ele, pelo seu amor a oração, ao trabalho e a Igreja. Quando morreu
todo o povo não demorou em chamá-lo de Santo.
Sobre a minha vocação permaneceu no coração uma conversa dele falando sobre a
vocação religiosa e sacerdotal: "Sou da idéia que os pais, mesmo se tem muitos, e bons
filhos não devem nunca sugerir e muito menos insistir para que se façam religiosos ou
sacerdotes. Esse é um estado de vida excepcional em que é necessário um chamado
seguro de Deus, sem o qual acontece um naufrágio.
“ Serei muito feliz todavia, se o Senhor colocasse o seu olhar sobre a minha
família e entre os meus filhos escolhesse ao menos um!”. Aquelas palavras sem dúvida
foram para mim um raio de luz.
Os missionários franciscanos.
Sempre quando era menino vinham ao meu vilarejo as santas missões que então
aconteciam cerca de cada dez anos. Era um acontecimento e as casas se esvaziavam para
ir a Igreja e escutar a palavra de Deus e mudar de vida.
Mesmo que era pequeno, mas eu também queria ir junto à mamãe, e quando conseguia
permanecer acordado os meus olhos eram fixos nos missionários como se eles fossem
anjos.
Com admiração, recordo-me que disse à mamãe: "Como serei contente se
pudesse ser como eles um dia!" A mamãe sorriu e recomendando a família os meus
irmãos brincavam e diziam entre outras coisas: " Queres que o Senhor pegue para Ele
um malvado como você?"
Na realidade sempre me ouvi dizer em família que, entre todos os irmãos, eu era o
mais sapeca... Talvez porque sendo o mais novo de todos os irmãos era o mais
acariciado.
Aquela frase falada por minha mãe permaneceu no meu coração e a considero como um
prelúdio do divino chamado.
O frade da Renilda.
Nós o chamavamos assim, mas, o seu verdadeiro nome era, Frei José Bresciani,
que depois do serviço militar se sentiu chamado por Deus para se tornar um frade
capuchinho, coisa que causou o maravilhar-se de todos e o edificou a muitos. A sua mãe
era a senhora Renilda, a mais rica do vilarejo, tinha um edifício a poucos passos do
nosso, e ótimas relações conosco, tanto que os meus pais pediram como padrinho do
meu batismo, o futuro Frei José, e me foi dado o nome de Estevão em memória do seu
falecido pai.
Poucas vezes como Capuchinho retornava a casa e eu não recordo se ele me falou
alguma vez de vocação religiosa, mas me parece que não.
Todavia ouvi que o povo falava tão bem dele, todos eram edificados pelo fato que tinha
renunciado a todo o seu patrimônio para se tornar um pobre como São Francisco, e
principalmente, quando passava com os pés nús mesmo no inverno e com um hábito
grosseiro e remendado.
Aqueles elogios que eu ouvia e certamente deixavam uma marca no meu coração
e o preparava a seguir com alegria no momento oportuno a voz do Senhor.
A vocação como dom de Deus.
Depois de ter assim uma predisposição de alma a ver com simpatia a vida de um
religioso e do sacerdote, Deus, na sua infinita misericórdia, misteriosamente me chamou
e me deu a graça de responder de “sim” e lançar-me.
Passaram-se sessenta anos e posso dizer a vocês com suma alegria, caras filhas, e
com imensa gratidão ao Senhor, posso assegurar-vos que nunca tive no meu coração um
momento de indecisão, ou de repensar sobre a minha vocação, nem mesmo durante a
vida militar quando na primeira guerra mundial que foi assim letal para o corpo e para a
alma.
Naquele buraco infernal não se ouvia que blasfêmias e obscenidades. Por outro
lado, gostaria de dizer, senti ainda mais forte a grande graça da vocação religiosa e
contava os dias, ansioso para retornar ao convento e vestir o meu hábito de capuchinho.
No dia da minha profissão ao final do meu noviciado, me consagrei a Deus para
toda a vida, naquele tempo era assim, e fiz voto de viver " em obediência, sem nada de
próprio, e em castidade" e ébrio de alegria escrevi a mamãe: "Se me tivessem feito
imperador do mundo não seria assim feliz, etc". Podia parecer então uma frase
exagerada, fruto do entusiasmo juvenil, mas hoje já próximo do meu por do sol sinto
que é toda a verdade.
E esse não tanto pela minha vocação que tive para a Ordem assim gloriosa como a
dos Capuchinhos e pelo ministério sacerdotal quanto pelo uso que o Senhor fez da
minha pobre pessoa.
Na pregação: "Me lancei, não sei dizer-vos com qual paixão!”.
Cheguei ao sacerdócio com alguns anos de atraso e com os estudos feitos da
melhor maneira possível , e quais os trabalhos na Ordem que eu podia exercer?
Os superiores me fizeram a proposta se estava disposto a aperfeiçoar os meus
estudos em Roma, na Universidade Gregoriana, mas depois de um pouco de reflexão
respondi que preferia a vida de missionário no meio do povo especialmente da zona
rural.
Eles não tiveram dificuldade em acolher o meu desejo e assim depois de um ano
de preparação e de exercício no Convento de S. Carlo in Mugello, sob a guia de um
ótimo mestre de Eloquencia: Frei Epifanio de São Marcelo Pistoiese, me lancei, não sei
dizer com qual paixão e com quais resultados.
Eram os anos em que se celebravam três jubileus (1925-1928-1933) e dois
centenários dos santos mais populares: São Francisco de Assis (1926) e Santo Antonio
de Pádua) (1931), e logo era fácil pensar a pedidos de missionários que fossem a cada
parte da Itália. Não se permanecia parado e muitas vezes acabava uma santa missão e
começava uma outra. Acrescentavámos a essas, as quaresmas, as novenas, e as oitavas,
os tríduos. E mesmo assim as nossas forças resistiam: como não reconhecer a ajuda de
Deus?
E as alegrias experimentadas no púlpito e, sobretudo, no encontro com tantas
almas perdidas que retornavam chorando aos braços de Deus? o missionário muitas
vezes não tem essas alegrias que são as mais grandes nesse pobre mundo. Essa atividade
missionária foi intensa até que começou a segunda guerra mundial, durante a qual tive
que reduzir muito o trabalho e quando estava para recomeçar tive a flebite que me
deixou aproximadamente quatro meses no hospital e a vida de missionário ficou parada.
No campo da Terceira Ordem Franciscana Secular.
Mas um outro trabalho apostólico, caras filhas, esse também é de grande
importância que o Senhor quis, na sua bondade confiar a mim: é aquele da Ordem
Terceira, que depois da pregação me absorveu, possamos dizer toda a minha vida e me
deu grandes alegrias espirituais imensas, superiores talvez, aquelas da pregação.
O cargo foi quase uma surpresa para mim e mesmo para os Superiores. Parece que
era já certo que ia para o Colégio dos Missionários em Prato, quando no último
momento da sistematização das famílias dos conventos tinham a necessidade de um
diretor da TOFS para o Casentino e a escolha caiu sobre mim.
Não tive dificuldade de aceitar porque o ano passado no Convento de São Carlos
para treinar para a pregação tive a oportunidade de viver em contato com Frei Maximo
Porreta, um autêntico apóstolo da TOFS que tinha feito a Mugello un Oasis Franciscano
e ao convento tinha formado uma fraternidade que pelo número e pelas obras podia ser a
melhor da Itália, sem exagerar.
Em contato com exemplos assim edificantes como a Milicia Seráfica, bem
implantada e cultivada pode produzir nas almas e nas paróquias um bem imenso.
Não tive dificuldade para acolher o cargo que me foi dado pelos Superiores e,
contente, parti para o Casentino com o propósito de fazer o mesmo.
Nessa pitoresca região perto do rio Arno, rica de recordações dantescas e
franciscanas, e que tem do lado oriental de La Verna, eu permaneci por oito anos: o
período talvez da minha vida mais operosa seja no campo da pregação que naquele do
apostolado franciscano.
A TOFS floriu como um encanto em cada paróquia que devia ser levado como
exemplo em outras partes da Toscana, dando frutos consoladores seja como o
melhoramento da vida cristã nas Paróquias e o crescimento das vocações religiosas.
Foram passados cerca quarenta anos e aquelas populações que corresponderam se
lançando, tenho ainda no coração, como o primeiro amor da minha vida sacerdotal.
Do Casentino os superiores me chamaram a Florença com a tarefa de dirigir a
Fraternidade local do convento de Montughi e de assistir como delegado Provincial para
toda a região toscana dependente dos Frades Capuchinhos de Florença.
Um campo de trabalho vastíssimo que mesmo com os múltiplos compromissos da
pregação, me esforcei de trabalhar ao máximo, atingindo metas impensáveis da
interessar a estrutura da mesma Regra.
Uma intuição de estrutura ao mais vasto raio.
Nessa como é notável tem um Ministro e um discretório1
que tem jurisdição
somente sobre a Fraternidade local. Porque nos perguntávamos, não ter um Ministro e
um Conselho Distrital no raio de cada convento para as fraternidades nesses existentes?
para a Província? e talvez Nacional? e para o mundo todo?
A essa ultima metade nós chegamos depois de tantas discussões, mas para o que diz
respeito ao Distrito, a província e a Nação o Senhor deu a mim a alegria de levar na
TOFS essa tão importante renovação.
Tinha de conseqüência que também no campo nacional tivesse um Visitador
Nacional, uma sede em Roma e um discretório também nacional.
Nos colocamos ao trabalho e na espera de uma sede em Roma iniciamos em
Florença o Centro Nacional da TOFS italiana, junto com dois freis que me foram de
muita ajuda: Frei Querubim de Roncoscaglia e Frei Estanislau de Odessa.
Ao mesmo tempo a enorme dificuldade em que nos encontrávamos pelo motivo
da guerra, continuamos sem nos cansarmos no campo regional e nacional, e retornada a
paz, em maio de 1947 por ocasião da beatificação de Contardo Ferrini, tivemos a alegria
de inaugurar o Centro Nacional em Roma, na Praça da Consolação e de nomear o
primeiro Discretório Nacional. Foi um dia espiritualmente inebriante que não tive
dificuldade de chamar "o Pentecostes da Terceira Ordem Franciscana Secular italiana".
Tudo isso caras filhas eu quis acenar com o coração de Pai para que vocês saibam
o quanto Deus foi bom comigo e me escolheu para trabalhar no apostolado católico e
mais eficaz para a transformação das almas e para a perfeição evangélica na escola do
Nosso Pai Seráfico.
A companhia mesma não é talvez o fruto desse dúplice trabalho apostólico ?
1
Discretorio seria o que nos chamamos de conselho, na Primeira Ordem mudou de Discretório para Definitório são os
conselheiros do Ministro.
Como nasceu a pequena Companhia
Resumindo essa exposição panorâmica da minha vida, se na minha vocação
jubilosa de sessenta anos atrás que me fez sair dos braços de minha mãe para consagrar-
me a Deus na Ordem dos Frades Capuchinos, eu percebi ação obra da graça de Deus,
como vi a mesma ação nessas duas atividades apostólicas: Pregação e Ordem Terceira
quanto mais devo ver a ação do Senhor no nascimento da Pequena Companhia?
Todas as instituições de caráter religioso são fruto de uma precedente preparação,
um período mais ou menos longo. Muitas vezes é um sacerdote que dirigindo as almas,
se forma com o seu pequeno grupo que elabora e orienta altos ideais e assim desse modo
nascem as pias associações.
Outras vezes são as almas belas que conduzidas de um desejo da mais alta
perfeição se confiam a um sacerdote de sua confiança para que se torne um guia
espiritual e o grupo se torna um soldalicio2
religioso abençoado da Autoridade
Eclesiástica.
Na Pequena Companhia nada de tudo isso: Qual então o nascimento ? vocês
conhecem?
Em 1935 acontecia o sétimo centenário da canonização da nossa Padroeira Santa
Isabel da Hungria e eu que no Casentino, tinha já celebrado o sétimo centenário da
morte de São Francisco (1926) e aquele de Santo Antonio de Pádua (1931) erguendo
como recordação ao Centenário de São Francisco uma Cruz monumental em
Pratomagno, e para aquele de Santo Antonio um Cenáculo artístico, ao convento nosso
de Ponte a Poppi, me perguntava: "Qual monumento podemos erguer para recordar o
centenário de Santa Isabel?
Pensei longamente, e recordando como a Santa permaneceu viúva, a 20 anos, não
quis casar-se novamente, nem tornar-se monja, mas permanecer no mundo para as obras
de caridade consagrando-se a Deus com os votos, e foi viver com duas terciárias Guta e
Isentrude, que foram as suas servas, me perguntei: " Não seria o caso falar com alguma
terciária que fosse disposta a seguir o seu exemplo? Escrevi a duas terciárias da alta
Itália e a uma de Roma, que me responderam de sim. Mas é necessário encontrar ao
menos uma de Florença para manter os contatos.
Infelizmente na minha fraternidade de Montughi um elemento apto para uma iniciativa
assim não tinha. Como suplementar?
Estava para abandonar a idéia, mas o Senhor caminhou ao meu encontro de uma
2
Sodalicio seria um grupo que compartilham os ideais de vida e tem propostas em comum como uma confraria, uma
companhia,
maneira verdadeiramente surpreendente.
Algumas semanas antes da primeira festa solene, levei a comunhão a um terciário
doente e encontrei próximo ao seu leito uma sua sobrinha, a qual me acompanhou a uma
sala para fazer o café da manhã. “A senhora é terciária”? Infelizmente não - me
respondeu - mas me contou de tornar-se o quantos antes. Faz tantos anos que desenvolvo
atividades na Ação Católica e absorvida por essa não tinha pensado a Ordem Terceira.
Porém, mesmo esses dias eu li um jornalzinho, com um resumo da vida de santa
Isabel da Hungria da qual esse ano se celebra o Sétimo Centenário e, como homenagem
a Irmã Maior, Armida Barelli, que pertence a Ordem Terceira a muitos anos e como tal
recebeu o nome de Isabel, me farei terciária também eu.”
Acrescentou também que tinha o desejo de ser beneditina como uma sua tia e que
não pode por causa da saúde: mas tenho no coração que estando no mundo, consagrar-
me a deus e trabalhar para a sua glória.”
Um semelhante discurso me estimulou a dizer aquilo que havia no coração para a
festa centenária que também eu teria celebrado durante o mês de maio e que pensava em
sua honra de iniciar um movimento espiritual para as almas desejosas de consagrar-se a
Deus, como a senhora, que mesmo permanecendo no mundo possam alcançar a
perfeição. Para maiores informações eu a espero no convento.
Enquanto eu falava os seus olhos brilhavam de alegria e beijando-me as mãos me
disse: “A idéia é linda e serei feliz se poderei ajudar.”
Vimos nesse encontro a mão de Deus e sem hesitações decidi de dar início a obra,
dando instruções as quatro irmãs de preparar-se a consagração e de emití-la o dia da
festa, o 26 de maio, cada uma separadamente e assim, na mais absoluta reserva teve
início a nossa Pequena Companhia com apenas quatro irmãs, uma longe da outra, que
nem mesmo se conheciam.
Assim nasceu a nossa família: no silêncio e no máximo escondimento.
Dessas quatro irmãs duas são ainda vivas: Chiara Suozzi de Mirandola, chamada
hoje de “Mama Chiara” pelo afeto materno com que cuidou das irmãs doentes e a irmã
Giovanna Signorini de Florença, reconhecida hoje com o nome de “Madre Giovanna”,
devendo a ela em grande parte o mérito não somente de ser desde o início o elemento
determinante para o nascimento e desenvolvimento da Companhia, mas por ter tido por
tantos anos o mérito de guiá-la e desenvolver a vida.
A Pequena Companhia se desenvolve.
Dado o caráter intimo da iniciativa não achei oportuno fazer propaganda pública
e nos limitamos a falar somente com alguma terciária que me parecia de alta
espiritualidade.
Porém, em Setembro, para Santa Rosa de Viterbo, do ano sucessivo, o grupo era
mais do que dobrado e, depois dos Exercícios Espirituais na Santa Cruz das Irmãs
Dorotéias, próprio onde ao inicio da Ordem a Beata Humiliana de Cerchi viveu em
companhia de algumas terciárias, foi aberta uma primeira casa que era de aluguel perto
do convento de Montughi con três irmãs internas e algumas agregadas.
Também as irmãs externas haviam dobrado o número.
No ano de 1937 foi decidido de comprar um pedaço do terreno numa posição
vizinha ao convento e de construir uma primeira cada que é ainda hoje a Casa Mãe da
companhia que foi como uma pista de vôo.
No ano de 1945 veio a guerra e depois da guerra a casa de Porrena no Casentino,
depois no anode 195-1951, a casa de Assis chamada “Casa do Terciário” que é hoje uma
maravilha, e um ano depois aquela de Marina de Ravena.
Contemporaneamente crescia o numero de irmãs externas que hoje são mais de
200 por toda a Itália.
Graças a Deus são em continuo aumento não somente no número mas sobretudo
no espírito.
Em todas encontro graças a Deus, a sede da perfeição e uma serenidade de espírito
que me maravilha.
A pupila dos meus olhos.
É a obra, queridas filhas, que eu considero como a “pupila dos meus olhos”, não
somente porque nasceu da Ordem Terceira e para a Ordem Terceira, mas porque essa
completa o pensamento do Seráfico Pai, o qual instituindo a Ordem da Penitencia, não
teve em mente somente os casados, mas todos aqueles que mesmo vivendo no mundo,
tivessem preferido viver em continência e para colaborar melhor nas obras de caridade
de apostolado.
Para um sentido de reserva exagerada eu talvez falei muito pouco da Pequena
Companhia, mas vocês façam assim , vós peço.
Fazeis conhecer como e quando vos for possível e sobretudo arrastem com o
exemplo.
São tempos difíceis, mas é por isso que necessita lançar-se como e quanto é
possível.
O fato que Santa Isabel era viúva nos encorajou a admitir na Companhia não
poucas mulheres que tinham perdido o marido e podemos assegurar como seguindo o
exemplo da Santa temos encontrado a alegria do espírito e o sorriso no rosto.
Como um Testamento Espiritual.
Terminando, queridas filhas, eu vos suplico:
De corresponder sempre e lançar-se cada vez mais a vossa vocação ao ponto de
se alegrar mesmo na dor, de amar todos mesmo aqueles que vos fizeram o mal, em
modo que em casa ou fora vejam em vocês os reflexos de São Francisco e da vossa
Padroeira e as almas se sintam atraídas a vida sempre mais evangélica.
Se assim, também depois da nossa morte, Deus continuará a ser pródigo em
graças sobre a nossa querida Companhia para que essa continue a ser na Ordem Terceira
e para a Ordem Terceira um laboratório de Obras santas, e escola de alta espiritualidade
franciscana no mundo.
Essa carta extremamente confidencial e paterna eu quis recopiar e deixá-la quase
como um “Testamento Espiritual”.
Mas, relendo eu notei que essa é talvez mais pessoal e preferi depois da primeira
página deixá-la assim com tantos cancelamentos e correções, em condições piedosas
para deixar quase impossível a leitura.
Não ousei rasgá-la porque também nesse estado essa pode revelar em parte o meu
pensamento a respeito da Pequena Companhia.
No recordar os fatos da minha vida desde a juventude, queridas filhas, eu não
tinha a intenção de falar de mim, mas somente de fazer conhecidos certos epsódios,
também íntimos, que ao meu modo de ver, colocam luz sobre o início e o
desenvolvimento da Obra que diz respeito a vocês e podem ajudar a conhecer sempre
melhor a natureza e a finalidade da vossa família e de conseqüência a reforçar a vossa
vida espiritual em harmonia com o palpitar do vosso coração no momento em que vos
tornastes Esposas de Jesus.

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Como testamento espiritual

  • 1. Como Testamento Espiritual. Frei Luis Quadrelli de Pietrasanta, OFMcap Florença– Itália, 1974 Tradução de Frei Emerson Aparecido Rodrigues, OFMcap
  • 2. Apresentação Quando reorganizavam os papéis de Frei Luís encontraram um manuscrito que pelo conteúdo e a espontaneidade, se pode considerar uma janela aberta da sua grande alma. O manuscrito encontrado na fase final da escritura originária e deixado assim como foi escrito sem ser passado a limpo em uma redação mais bonita. Frei Luís o escreveu em Florença, no Convento de Montughi em 18 de outubro de 1969. Foi o próprio fundador que o definiu “Seu Testamento Espiritual" e indica claramente os destinatários: " as suas diletas filhas da Pequena Companhia de Santa Isabel". Trata-se de uma mensagem direta a vocês, e todas as que como vocês querem fazer ecoar esse anseio apostólico. Para caminhar ao encontro de tantas almas que fizeram pedido nos o entregamos para impressão e agora vonluntáriamente apresentamos. Nos permitimos de colocar os títulos, por motivos editoriais, mas sem alterar em nada o conteúdo na sua composição original. O escrito é de grande importância para entrar na alma do Frei Luís: para ver em qual ótica sobrenatural sabia olhar os acontecimentos da sua vida, para valorizar o seu anseio apostólico, para compreender o seu ardor pelo ideal franciscano, e para encontrar o carisma originário que o guiou no idealizar os seus projetos espirituais e no dar vida a Pequena Companhia de Santa Isabel. Tenho segurança que vocês, queridas filhas, que são destinatárias, e com vocês, tantas outras almas que tem sede de uma vida espiritual mais elevada, encontrareis nesse escrito um alimento para viver a fidelidade e fervor da vossa consagração. A admiração e o amor, assim vividos por Frei Luís pela sua vocação religiosa e sacerdotal serão de ajuda a permanecer fiéis aos nossos ideais evangélicos e franciscanos, também nas dificuldades da vida. O incontido lançar-se no apostolado do Frei será estimulante para que vocês tenham sempre os pés na ação e no vosso zelo apostólico. Vocês, que militam num Instituto Secular "nascido na Ordem Terceira e para a Ordem Terceira", meditando essas suas ultimas vontades, procurem se inspirar a uma criativa ação do Frei comprometido com a Ordem Terceira que foi o apostolado, mas comprometedor dos nossos tempos, e como almas consagradas, a esse apostolado
  • 3. específico, esforçareis para aprofundar a espiritualidade franciscana e comprometer-se a levar a Ordem Terceira a responder as necessidades do homem moderno, fazendo progredir nas fronteiras do ideal franciscano, cuja necessidade do nosso mundo convoca. A Pequena Companhia “Pupila dos seus olhos", deverá se transformar, segundo os ideais e a vontade do Pai, cada dia mais a vossa família espiritual, quente de calor evangélico e franciscano, e na qual vivendo uma intensa comunhão de espírito, carrega e recebe uma válida ajuda para viver o ideal das bem aventuranças e desenvolver o vosso apostolado evangélico e franciscano. Um programa também muito ambicioso, e segundo alguns aspectos utópicos. Seria se vocês confiarem somente nas vossas forças, as capacidades organizativas do Instituto, suas capacidades puramente humanas e naturais. Mesmo comprometendo-se com a tenácia e a paixão de Frei Luís, deve ser vossa tarefa aquela de permanecer na linha da verdadeira humildade franciscana, da modéstia e escondimento, e sobretudo de profunda fé e de filial abandono a Deus: permanecendo fiéis, isto é as origens humildes do vosso Instituto. Comprometendo-se, por isso, a sair de uma posição de pretensão de sentirem-se indispensáveis e dar maior espaço possível a Deus. E nesse espírito queridas filhas que entrego a vocês essa mensagem dirigida a vocês. Acolham com abertura de animo, leiam, meditem, penetrem no seu autentico e profundo valor, mas, sobretudo, vivais, se lancem completamente a viver o que caracterizou a vida de Frei Luís. Recordeis, esse é o seu Testamento. Frei Torquato Cavaterri.
  • 4. As diletas filhas da Pequena Companhia de Santa Isabel. Primeiro encontro com os capuchinhos. Sessenta anos atrás, eu apenas com doze anos, deixei a casa paterna para entrar no Colégio Seráfico dos Capuchinhos em Montevarchi, aonde completei os estudos ginasiais, e fui para o santo noviciado para vestir o hábito religioso e no ano seguinte consagrar-me a Deus. Acompanhou-me na viagem o meu irmão João, com qual, fazendo uma parada a Florença, me levou primeiro ao centro da cidade para admirar os monumentos desta, e depois ao convento de Montughi para falar com o Superior dos Capuchinhos de Toscana e ouvir as últimas disposições a meu respeito. Ao seu paterno acolhimento fiquei cheio de alegria no coração e consolidou a minha vocação. O mesmo convento pela posição incantadora, a sua vastidão e a particular austeridade me fez uma impressão profunda. Tenho ainda impressa na alma as palavras de admoestação escritas na porta de entrada do convento: "Ou penitência ou inferno". Depois foi uma surpresa para nós a hora do almoço que me aumentou ainda mais a emoção. Sendo aquele dia a festa de São Lucas Evangelista, médico e patrono dos médicos, os religiosos tinham convidado no seu imenso e severo refeitório, os médicos da cidade e isso por duas razões: pelo sentido de reconhecimento sendo esses disponíveis a prestar serviços aos capuchinhos, seja pela sua pobreza os serviços eram sem recompensa, e um sinal de fraterna amizade, faziam os capuchinhos o serviço nos principais hospitais de Firenze. Eu, mesmo sendo pequeno, junto com o meu irmão fui admitido à mesa com eles. Um espetáculo que não me esqueci jamais, e sinto ainda algumas palavras de alguns professores da admiração pelos capuchinhos, pelo seu espírito de sacrifício e de dedicação para com todos, particularmente com os pobres e com os doentes. Na escola de Francisco no seminário Seráfico. Na tarde pegamos novamente o trem para Montevarchi. Alí também tivemos um acolhimento afetuoso por parte do diretor Frei Anton Luís Porreta, que durante a minha vida de colégio será sempre para mim de a atenção como de uma mãe para com todos. Me ambientei logo também com os colegas estudantes e me encontrei logo em família.
  • 5. O meu irmão ao deixar-me, muitas vezes me beijou e não pode segurar as lágrimas: "Porque choras? Eu lhe disse: Não vês como sou feliz aqui? Diga a mamãe que aqui estou muito bem e não me falta nada." Recordando depois de sessenta anos aquele dia, não êxito a considerar-lo na luz de Deus o mais importante da minha vida, dependendo desse a minha total consagração a Deus na Ordem assim gloriosa como a dos Capuchinhos e a dignidade sacerdotal, sem dúvida a mais sublime a que um homem possa chegar, como não tenho dificuldade em reconhecer naquela espontânea decisão de deixar a família para vir ao claustro responder o chamado de Deus. Os homens, colaboradores de Deus no mistério da vocação. Nem sempre o Senhor se faz ouvir a sua voz diretamente ou prodigiosamente como fez com o Profeta Samuel, mais a maioria das vezes ele chega a nós e prepara a estrada invisivelmente por meio das suas criaturas e dos acontecimentos humanos. Eu nesse sentido também tenho no meu coração a recordação de pessoas que não esquecerei jamais, porque estou convicto que mais que todas, e talvez sem saber, contribuíram a minha vocação religiosa são: meu pai, os missionários franciscanos, e o Frade da Renilda. O meu Pai. Do meu Pai tenho somente recordações distantes, porque morreu quando eu era apenas um menino. Mas tenho impressa no meu coração a estima que a minha família e o povo tinham por Ele, pelo seu amor a oração, ao trabalho e a Igreja. Quando morreu todo o povo não demorou em chamá-lo de Santo. Sobre a minha vocação permaneceu no coração uma conversa dele falando sobre a vocação religiosa e sacerdotal: "Sou da idéia que os pais, mesmo se tem muitos, e bons filhos não devem nunca sugerir e muito menos insistir para que se façam religiosos ou sacerdotes. Esse é um estado de vida excepcional em que é necessário um chamado seguro de Deus, sem o qual acontece um naufrágio. “ Serei muito feliz todavia, se o Senhor colocasse o seu olhar sobre a minha família e entre os meus filhos escolhesse ao menos um!”. Aquelas palavras sem dúvida foram para mim um raio de luz.
  • 6. Os missionários franciscanos. Sempre quando era menino vinham ao meu vilarejo as santas missões que então aconteciam cerca de cada dez anos. Era um acontecimento e as casas se esvaziavam para ir a Igreja e escutar a palavra de Deus e mudar de vida. Mesmo que era pequeno, mas eu também queria ir junto à mamãe, e quando conseguia permanecer acordado os meus olhos eram fixos nos missionários como se eles fossem anjos. Com admiração, recordo-me que disse à mamãe: "Como serei contente se pudesse ser como eles um dia!" A mamãe sorriu e recomendando a família os meus irmãos brincavam e diziam entre outras coisas: " Queres que o Senhor pegue para Ele um malvado como você?" Na realidade sempre me ouvi dizer em família que, entre todos os irmãos, eu era o mais sapeca... Talvez porque sendo o mais novo de todos os irmãos era o mais acariciado. Aquela frase falada por minha mãe permaneceu no meu coração e a considero como um prelúdio do divino chamado. O frade da Renilda. Nós o chamavamos assim, mas, o seu verdadeiro nome era, Frei José Bresciani, que depois do serviço militar se sentiu chamado por Deus para se tornar um frade capuchinho, coisa que causou o maravilhar-se de todos e o edificou a muitos. A sua mãe era a senhora Renilda, a mais rica do vilarejo, tinha um edifício a poucos passos do nosso, e ótimas relações conosco, tanto que os meus pais pediram como padrinho do meu batismo, o futuro Frei José, e me foi dado o nome de Estevão em memória do seu falecido pai. Poucas vezes como Capuchinho retornava a casa e eu não recordo se ele me falou alguma vez de vocação religiosa, mas me parece que não. Todavia ouvi que o povo falava tão bem dele, todos eram edificados pelo fato que tinha renunciado a todo o seu patrimônio para se tornar um pobre como São Francisco, e principalmente, quando passava com os pés nús mesmo no inverno e com um hábito grosseiro e remendado. Aqueles elogios que eu ouvia e certamente deixavam uma marca no meu coração e o preparava a seguir com alegria no momento oportuno a voz do Senhor. A vocação como dom de Deus. Depois de ter assim uma predisposição de alma a ver com simpatia a vida de um religioso e do sacerdote, Deus, na sua infinita misericórdia, misteriosamente me chamou
  • 7. e me deu a graça de responder de “sim” e lançar-me. Passaram-se sessenta anos e posso dizer a vocês com suma alegria, caras filhas, e com imensa gratidão ao Senhor, posso assegurar-vos que nunca tive no meu coração um momento de indecisão, ou de repensar sobre a minha vocação, nem mesmo durante a vida militar quando na primeira guerra mundial que foi assim letal para o corpo e para a alma. Naquele buraco infernal não se ouvia que blasfêmias e obscenidades. Por outro lado, gostaria de dizer, senti ainda mais forte a grande graça da vocação religiosa e contava os dias, ansioso para retornar ao convento e vestir o meu hábito de capuchinho. No dia da minha profissão ao final do meu noviciado, me consagrei a Deus para toda a vida, naquele tempo era assim, e fiz voto de viver " em obediência, sem nada de próprio, e em castidade" e ébrio de alegria escrevi a mamãe: "Se me tivessem feito imperador do mundo não seria assim feliz, etc". Podia parecer então uma frase exagerada, fruto do entusiasmo juvenil, mas hoje já próximo do meu por do sol sinto que é toda a verdade. E esse não tanto pela minha vocação que tive para a Ordem assim gloriosa como a dos Capuchinhos e pelo ministério sacerdotal quanto pelo uso que o Senhor fez da minha pobre pessoa. Na pregação: "Me lancei, não sei dizer-vos com qual paixão!”. Cheguei ao sacerdócio com alguns anos de atraso e com os estudos feitos da melhor maneira possível , e quais os trabalhos na Ordem que eu podia exercer? Os superiores me fizeram a proposta se estava disposto a aperfeiçoar os meus estudos em Roma, na Universidade Gregoriana, mas depois de um pouco de reflexão respondi que preferia a vida de missionário no meio do povo especialmente da zona rural. Eles não tiveram dificuldade em acolher o meu desejo e assim depois de um ano de preparação e de exercício no Convento de S. Carlo in Mugello, sob a guia de um ótimo mestre de Eloquencia: Frei Epifanio de São Marcelo Pistoiese, me lancei, não sei dizer com qual paixão e com quais resultados. Eram os anos em que se celebravam três jubileus (1925-1928-1933) e dois centenários dos santos mais populares: São Francisco de Assis (1926) e Santo Antonio de Pádua) (1931), e logo era fácil pensar a pedidos de missionários que fossem a cada parte da Itália. Não se permanecia parado e muitas vezes acabava uma santa missão e começava uma outra. Acrescentavámos a essas, as quaresmas, as novenas, e as oitavas, os tríduos. E mesmo assim as nossas forças resistiam: como não reconhecer a ajuda de Deus? E as alegrias experimentadas no púlpito e, sobretudo, no encontro com tantas
  • 8. almas perdidas que retornavam chorando aos braços de Deus? o missionário muitas vezes não tem essas alegrias que são as mais grandes nesse pobre mundo. Essa atividade missionária foi intensa até que começou a segunda guerra mundial, durante a qual tive que reduzir muito o trabalho e quando estava para recomeçar tive a flebite que me deixou aproximadamente quatro meses no hospital e a vida de missionário ficou parada. No campo da Terceira Ordem Franciscana Secular. Mas um outro trabalho apostólico, caras filhas, esse também é de grande importância que o Senhor quis, na sua bondade confiar a mim: é aquele da Ordem Terceira, que depois da pregação me absorveu, possamos dizer toda a minha vida e me deu grandes alegrias espirituais imensas, superiores talvez, aquelas da pregação. O cargo foi quase uma surpresa para mim e mesmo para os Superiores. Parece que era já certo que ia para o Colégio dos Missionários em Prato, quando no último momento da sistematização das famílias dos conventos tinham a necessidade de um diretor da TOFS para o Casentino e a escolha caiu sobre mim. Não tive dificuldade de aceitar porque o ano passado no Convento de São Carlos para treinar para a pregação tive a oportunidade de viver em contato com Frei Maximo Porreta, um autêntico apóstolo da TOFS que tinha feito a Mugello un Oasis Franciscano e ao convento tinha formado uma fraternidade que pelo número e pelas obras podia ser a melhor da Itália, sem exagerar. Em contato com exemplos assim edificantes como a Milicia Seráfica, bem implantada e cultivada pode produzir nas almas e nas paróquias um bem imenso. Não tive dificuldade para acolher o cargo que me foi dado pelos Superiores e, contente, parti para o Casentino com o propósito de fazer o mesmo. Nessa pitoresca região perto do rio Arno, rica de recordações dantescas e franciscanas, e que tem do lado oriental de La Verna, eu permaneci por oito anos: o período talvez da minha vida mais operosa seja no campo da pregação que naquele do apostolado franciscano. A TOFS floriu como um encanto em cada paróquia que devia ser levado como exemplo em outras partes da Toscana, dando frutos consoladores seja como o melhoramento da vida cristã nas Paróquias e o crescimento das vocações religiosas. Foram passados cerca quarenta anos e aquelas populações que corresponderam se lançando, tenho ainda no coração, como o primeiro amor da minha vida sacerdotal.
  • 9. Do Casentino os superiores me chamaram a Florença com a tarefa de dirigir a Fraternidade local do convento de Montughi e de assistir como delegado Provincial para toda a região toscana dependente dos Frades Capuchinhos de Florença. Um campo de trabalho vastíssimo que mesmo com os múltiplos compromissos da pregação, me esforcei de trabalhar ao máximo, atingindo metas impensáveis da interessar a estrutura da mesma Regra. Uma intuição de estrutura ao mais vasto raio. Nessa como é notável tem um Ministro e um discretório1 que tem jurisdição somente sobre a Fraternidade local. Porque nos perguntávamos, não ter um Ministro e um Conselho Distrital no raio de cada convento para as fraternidades nesses existentes? para a Província? e talvez Nacional? e para o mundo todo? A essa ultima metade nós chegamos depois de tantas discussões, mas para o que diz respeito ao Distrito, a província e a Nação o Senhor deu a mim a alegria de levar na TOFS essa tão importante renovação. Tinha de conseqüência que também no campo nacional tivesse um Visitador Nacional, uma sede em Roma e um discretório também nacional. Nos colocamos ao trabalho e na espera de uma sede em Roma iniciamos em Florença o Centro Nacional da TOFS italiana, junto com dois freis que me foram de muita ajuda: Frei Querubim de Roncoscaglia e Frei Estanislau de Odessa. Ao mesmo tempo a enorme dificuldade em que nos encontrávamos pelo motivo da guerra, continuamos sem nos cansarmos no campo regional e nacional, e retornada a paz, em maio de 1947 por ocasião da beatificação de Contardo Ferrini, tivemos a alegria de inaugurar o Centro Nacional em Roma, na Praça da Consolação e de nomear o primeiro Discretório Nacional. Foi um dia espiritualmente inebriante que não tive dificuldade de chamar "o Pentecostes da Terceira Ordem Franciscana Secular italiana". Tudo isso caras filhas eu quis acenar com o coração de Pai para que vocês saibam o quanto Deus foi bom comigo e me escolheu para trabalhar no apostolado católico e mais eficaz para a transformação das almas e para a perfeição evangélica na escola do Nosso Pai Seráfico. A companhia mesma não é talvez o fruto desse dúplice trabalho apostólico ? 1 Discretorio seria o que nos chamamos de conselho, na Primeira Ordem mudou de Discretório para Definitório são os conselheiros do Ministro.
  • 10. Como nasceu a pequena Companhia Resumindo essa exposição panorâmica da minha vida, se na minha vocação jubilosa de sessenta anos atrás que me fez sair dos braços de minha mãe para consagrar- me a Deus na Ordem dos Frades Capuchinos, eu percebi ação obra da graça de Deus, como vi a mesma ação nessas duas atividades apostólicas: Pregação e Ordem Terceira quanto mais devo ver a ação do Senhor no nascimento da Pequena Companhia? Todas as instituições de caráter religioso são fruto de uma precedente preparação, um período mais ou menos longo. Muitas vezes é um sacerdote que dirigindo as almas, se forma com o seu pequeno grupo que elabora e orienta altos ideais e assim desse modo nascem as pias associações. Outras vezes são as almas belas que conduzidas de um desejo da mais alta perfeição se confiam a um sacerdote de sua confiança para que se torne um guia espiritual e o grupo se torna um soldalicio2 religioso abençoado da Autoridade Eclesiástica. Na Pequena Companhia nada de tudo isso: Qual então o nascimento ? vocês conhecem? Em 1935 acontecia o sétimo centenário da canonização da nossa Padroeira Santa Isabel da Hungria e eu que no Casentino, tinha já celebrado o sétimo centenário da morte de São Francisco (1926) e aquele de Santo Antonio de Pádua (1931) erguendo como recordação ao Centenário de São Francisco uma Cruz monumental em Pratomagno, e para aquele de Santo Antonio um Cenáculo artístico, ao convento nosso de Ponte a Poppi, me perguntava: "Qual monumento podemos erguer para recordar o centenário de Santa Isabel? Pensei longamente, e recordando como a Santa permaneceu viúva, a 20 anos, não quis casar-se novamente, nem tornar-se monja, mas permanecer no mundo para as obras de caridade consagrando-se a Deus com os votos, e foi viver com duas terciárias Guta e Isentrude, que foram as suas servas, me perguntei: " Não seria o caso falar com alguma terciária que fosse disposta a seguir o seu exemplo? Escrevi a duas terciárias da alta Itália e a uma de Roma, que me responderam de sim. Mas é necessário encontrar ao menos uma de Florença para manter os contatos. Infelizmente na minha fraternidade de Montughi um elemento apto para uma iniciativa assim não tinha. Como suplementar? Estava para abandonar a idéia, mas o Senhor caminhou ao meu encontro de uma 2 Sodalicio seria um grupo que compartilham os ideais de vida e tem propostas em comum como uma confraria, uma companhia,
  • 11. maneira verdadeiramente surpreendente. Algumas semanas antes da primeira festa solene, levei a comunhão a um terciário doente e encontrei próximo ao seu leito uma sua sobrinha, a qual me acompanhou a uma sala para fazer o café da manhã. “A senhora é terciária”? Infelizmente não - me respondeu - mas me contou de tornar-se o quantos antes. Faz tantos anos que desenvolvo atividades na Ação Católica e absorvida por essa não tinha pensado a Ordem Terceira. Porém, mesmo esses dias eu li um jornalzinho, com um resumo da vida de santa Isabel da Hungria da qual esse ano se celebra o Sétimo Centenário e, como homenagem a Irmã Maior, Armida Barelli, que pertence a Ordem Terceira a muitos anos e como tal recebeu o nome de Isabel, me farei terciária também eu.” Acrescentou também que tinha o desejo de ser beneditina como uma sua tia e que não pode por causa da saúde: mas tenho no coração que estando no mundo, consagrar- me a deus e trabalhar para a sua glória.” Um semelhante discurso me estimulou a dizer aquilo que havia no coração para a festa centenária que também eu teria celebrado durante o mês de maio e que pensava em sua honra de iniciar um movimento espiritual para as almas desejosas de consagrar-se a Deus, como a senhora, que mesmo permanecendo no mundo possam alcançar a perfeição. Para maiores informações eu a espero no convento. Enquanto eu falava os seus olhos brilhavam de alegria e beijando-me as mãos me disse: “A idéia é linda e serei feliz se poderei ajudar.” Vimos nesse encontro a mão de Deus e sem hesitações decidi de dar início a obra, dando instruções as quatro irmãs de preparar-se a consagração e de emití-la o dia da festa, o 26 de maio, cada uma separadamente e assim, na mais absoluta reserva teve início a nossa Pequena Companhia com apenas quatro irmãs, uma longe da outra, que nem mesmo se conheciam. Assim nasceu a nossa família: no silêncio e no máximo escondimento. Dessas quatro irmãs duas são ainda vivas: Chiara Suozzi de Mirandola, chamada hoje de “Mama Chiara” pelo afeto materno com que cuidou das irmãs doentes e a irmã Giovanna Signorini de Florença, reconhecida hoje com o nome de “Madre Giovanna”, devendo a ela em grande parte o mérito não somente de ser desde o início o elemento determinante para o nascimento e desenvolvimento da Companhia, mas por ter tido por tantos anos o mérito de guiá-la e desenvolver a vida. A Pequena Companhia se desenvolve. Dado o caráter intimo da iniciativa não achei oportuno fazer propaganda pública e nos limitamos a falar somente com alguma terciária que me parecia de alta espiritualidade. Porém, em Setembro, para Santa Rosa de Viterbo, do ano sucessivo, o grupo era mais do que dobrado e, depois dos Exercícios Espirituais na Santa Cruz das Irmãs Dorotéias, próprio onde ao inicio da Ordem a Beata Humiliana de Cerchi viveu em
  • 12. companhia de algumas terciárias, foi aberta uma primeira casa que era de aluguel perto do convento de Montughi con três irmãs internas e algumas agregadas. Também as irmãs externas haviam dobrado o número. No ano de 1937 foi decidido de comprar um pedaço do terreno numa posição vizinha ao convento e de construir uma primeira cada que é ainda hoje a Casa Mãe da companhia que foi como uma pista de vôo. No ano de 1945 veio a guerra e depois da guerra a casa de Porrena no Casentino, depois no anode 195-1951, a casa de Assis chamada “Casa do Terciário” que é hoje uma maravilha, e um ano depois aquela de Marina de Ravena. Contemporaneamente crescia o numero de irmãs externas que hoje são mais de 200 por toda a Itália. Graças a Deus são em continuo aumento não somente no número mas sobretudo no espírito. Em todas encontro graças a Deus, a sede da perfeição e uma serenidade de espírito que me maravilha. A pupila dos meus olhos. É a obra, queridas filhas, que eu considero como a “pupila dos meus olhos”, não somente porque nasceu da Ordem Terceira e para a Ordem Terceira, mas porque essa completa o pensamento do Seráfico Pai, o qual instituindo a Ordem da Penitencia, não teve em mente somente os casados, mas todos aqueles que mesmo vivendo no mundo, tivessem preferido viver em continência e para colaborar melhor nas obras de caridade de apostolado. Para um sentido de reserva exagerada eu talvez falei muito pouco da Pequena Companhia, mas vocês façam assim , vós peço. Fazeis conhecer como e quando vos for possível e sobretudo arrastem com o exemplo. São tempos difíceis, mas é por isso que necessita lançar-se como e quanto é possível. O fato que Santa Isabel era viúva nos encorajou a admitir na Companhia não poucas mulheres que tinham perdido o marido e podemos assegurar como seguindo o exemplo da Santa temos encontrado a alegria do espírito e o sorriso no rosto. Como um Testamento Espiritual. Terminando, queridas filhas, eu vos suplico: De corresponder sempre e lançar-se cada vez mais a vossa vocação ao ponto de se alegrar mesmo na dor, de amar todos mesmo aqueles que vos fizeram o mal, em
  • 13. modo que em casa ou fora vejam em vocês os reflexos de São Francisco e da vossa Padroeira e as almas se sintam atraídas a vida sempre mais evangélica. Se assim, também depois da nossa morte, Deus continuará a ser pródigo em graças sobre a nossa querida Companhia para que essa continue a ser na Ordem Terceira e para a Ordem Terceira um laboratório de Obras santas, e escola de alta espiritualidade franciscana no mundo. Essa carta extremamente confidencial e paterna eu quis recopiar e deixá-la quase como um “Testamento Espiritual”. Mas, relendo eu notei que essa é talvez mais pessoal e preferi depois da primeira página deixá-la assim com tantos cancelamentos e correções, em condições piedosas para deixar quase impossível a leitura. Não ousei rasgá-la porque também nesse estado essa pode revelar em parte o meu pensamento a respeito da Pequena Companhia. No recordar os fatos da minha vida desde a juventude, queridas filhas, eu não tinha a intenção de falar de mim, mas somente de fazer conhecidos certos epsódios, também íntimos, que ao meu modo de ver, colocam luz sobre o início e o desenvolvimento da Obra que diz respeito a vocês e podem ajudar a conhecer sempre melhor a natureza e a finalidade da vossa família e de conseqüência a reforçar a vossa vida espiritual em harmonia com o palpitar do vosso coração no momento em que vos tornastes Esposas de Jesus.