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Práticas Interacionais em Rede
   Salvador - 10 e 11 de outubro de 2012




INTERNET, DEMOCRACIA
     E MERCADO

                  Por Gabriela da Fonseca
Potencial democrático dos meios
      de comunicação de massa
• A internet trouxe grande expectativa de renovação da esfera pública
  e da democracia participativa.

• Mas isso quer dizer que os tradicionais meios de comunicação de
  massa não possuam potencial democrático?

• Brecht via o rádio como um meio político e educativo, que pode e
  deve ir além de simplesmente transmitir um fato ou notícia limitada
  ao relato do acontecimento.

   É preciso transformar o rádio, convertê-lo de aparelho de distribuição em
  aparelho de comunicação. O rádio seria o mais fabuloso meio de comunicação
  imaginável na vida pública, um fantástico sistema de canalização. Isto é, seria
  se não somente fosse capaz de emitir, como também de receber; portanto, se
  conseguisse não apenas se fazer escutar pelo ouvinte, mas também pôr-se
  em comunicação com ele. (ZUCULOTO apud BRECHT, 2005, p. 8).
• Marshall McLuhan afirmou que a imprensa, o rádio e a televisão
  tornaram o ambiente urbano “agressivamente pedagógico”.

  O rádio em particular estimulou o retorno à discussão em grupo seleto e
  em mesa-redonda. Mas a imprensa e a fotografia auxiliaram também o
  movimento espontâneo em direção à adoção do seminário e da discussão
  em aula como processo de aprendizado, à medida que desafiaram o
  monopólio do livro. (MCLUHAN, 2005, p. 148)

• Para compreender o potencial democrático dos diferentes meios,
  vale a pena rever a análise proposta por Thompson. Ele destaca
  quatro características fundamentais dos meios técnicos:

1. Fixação: produção de registros que substituem a memória;
2. Reprodução: capacidade de produzir cópias de uma mensagem;
3. Distanciamento espaço-temporal: o quão distante a mensagem
   pode ser deslocada e em quantos diferentes momentos a
   mensagem pode ser recebida;
4. Competências cognitivas: diferentes capacidades cognitivas que
   cada meio exige.
• Conclusão:

  É impossível julgar a politicidade das diferentes mídias, pois
  todas contêm ambigüidades do ponto de vista de seu
  impacto democratizante. Assim, a imprensa tem maior
  controle sobre a reprodução, pequeno distanciamento
  espaço-temporal, é excludente do ponto de vista cognitivo,
  pois exige leitura, mas, por outro lado, tem alta fixação. O
  rádio e a televisão, por sua vez, são mais inclusivos com
  relação às capacidades cognitivas, grande distanciamento
  espaço-temporal e grande capacidade de reprodução, mas,
  no quesito fixação, são meios fracos. Já a internet é forte
  nos atributos fixação, reprodução e distanciamento espaço-
  temporal, mas é altamente excludente devido às suas
  exigências cognitivas.

  Sendo assim, o problema não reside nos meios, mas no
  modo como eles são utilizados.
Comercialização do rádio e da TV
• Laurindo Leal Filho, “a qualidade da programação está sempre
  intrinsecamente ligada ao modelo institucional adotado” (2000,
  p.158).
• Na década de 20, três modelos institucionais para o rádio foram
  adotados em diferentes países:
  - No Leste Europeu, o Estado assumia o controle;
  - Na Europa Ocidental, o modelo público se consolidava;
  - Nos Estados Unidos, foi adotado o padrão comercial.
  Tais modelos foram utilizados mais tarde para a implantação das
  emissoras de televisão.
• No Brasil, o modelo comercial acabou se impondo, sem debate
  público, e sem instituir formas de controle social (códigos,
  conselhos e comissões). Aqui, a autonomia dos meios de
  comunicação de massa é enorme e a briga pelos maiores índices
  de audiência impera.
• Embora os meios de comunicação de massa levem a má fama por
  culpa dos resultados da comercialização, este é um processo que
  atinge a produção cultural de maneira geral, como argumenta
  Arlindo Machado:

  O fenômeno da banalização é resultado de uma apropriação industrial da
  cultura e pode ser hoje estendido a toda e qualquer forma de produção
  intelectual do homem. Exemplo particularmente sintomático desse
  fenômeno é a transformação das livrarias, tradicionais pólos de encontro
  das camadas intelectuais, em supermercados da cultura, especializados
  em best sellers e digestivos, para onde corre um público de massa, que
  lota seus carrinhos de compra com uma subliteratura de consolo e
  manuais de auto-ajuda. (MACHADO, 2005, p. 9)

• Portanto, o modelo institucional adotado é fundamental para
  determinar as diretrizes e o conteúdo da programação dos
  sistemas de rádio e televisão. E, como vimos, o mercado está
  sempre à procura de novos negócios, impondo a sua lógica de que
  o mais importante é o lucro, e encarando os cidadãos como meros
  consumidores. Nos países que adotaram o modelo comercial, o
  potencial democrático dos meios de comunicação de massa
  simplesmente sucumbiu. Com a internet seria diferente?
Corporações ameaçam a internet
• A proposta daqueles que conceberam a internet era de que ela
  fosse uma plataforma libertária, sem chefe, sem centro e sem
  controle. Porém, tamanha liberdade tem incomodado tanto
  governos como corporações.
• Existe uma tendência global por parte dos países para impor
  filtros e controles. 31 países firmaram um acordo comercial, o
  Acta (Acordo Comercial Antifalsificação), que pretende controlar a
  transmissão de conteúdo, sob o pretexto de estarem perseguindo
  contrabandistas.
• Projetos de lei tentam criminalizar práticas comuns na rede –
  Sopa e Pipa, nos EUA, e o projeto de crimes cibernéticos, no
  Brasil.
• Por trás destas legislações estão interesses de grandes
  corporações, mas elas não convergem com relação às leis que
  vêm sendo debatidas.
•   Há pelo menos três blocos com interesses distintos nesta disputa:

1. A indústria do copyright: defende os direitos autorais das
   indústrias fonográfica, cinematográfica e grandes editoras, por
   isso, é a favor da vigilância e da criminalização das práticas de
   compartilhamento.
2. As operadoras de telecomunicações: querem quebrar a
   neutralidade na rede (princípio que garante que todo e qualquer
   conteúdo esteja igualmente acessível), impondo filtros e
   permitindo que o provedor da internet controle o fluxo de
   informação.
3. Empresas como o Google e o Facebook: lucram das atividades
   dos internautas na rede, por isso, não são a favor do controle,
   mas, por outro lado, ameaçam os direitos civis ao quebrarem a
   privacidade dos usuários, acessando os seus dados pessoais.

•   Empresas já vêm utilizando filtros criados a partir dos dados dos
    usuários para ofertar-lhes produtos na rede. Mais grave ainda é a
    utilização desta lógica para ofertar informações, o que não deixa
    de ser um controle do fluxo de informação, que passa a sofrer
    interferências, comprometendo o acesso dos usuários à
    diversidade de opiniões e ideias, algo que é fundamental para a
    democracia e para o debate público.
O marketing político na rede
• O uso das ferramentas online por atores políticos também
  têm seguido a lógica da publicidade. Estudos sobre
  campanhas políticas online no Brasil mostram que elas
  ainda deixam a desejar no quesito interação e diálogo com
  os eleitores; que os recursos para interação com os
  usuários são subutilizados (FLORES et al., 2011;
  CHIMENTO, 2010); e que elas têm utilizado as ferramentas
  online com a mesma lógica dos meios tradicionais, nos
  quais os eleitores são vistos como meros receptores
  (SILVA; PESSÔA, 2012).
• Tais formas de apropriação das ferramentas digitais
  continuam após as eleições. Estudos demonstram que os
  sites de parlamentares estão mais relacionados à
  publicidade, informação e auto-promoção do que à oferta
  de chances reais de participação e de diálogo na
  internet (MARQUES, 2007; BRAGA et al., 2012).
Movimentos contra-hegemônicos
• Do outro lado, há um movimento que não apenas defende a
  liberdade na rede, mas, também, rechaça o modo de produção e a
  lógica imposta pelo sistema capitalista. Os movimentos do
  ativismo político virtual, conhecidos como hackerativismo, já
  perceberam que não é possível garantir a liberdade da sociedade
  junto com a liberdade do capital.

• Trata-se de grupos heterogêneos e descentralizados, que reúnem
  ativistas com diversas ideologias em defesa da liberdade na rede
  e contra qualquer tipo de controle, seja pelos governos ou pelo
  capital.

• Estes grupos agem de várias formas, desde atacando sites de
  governos, bancos e corporações para protestar, até oferecendo
  navegação e troca de e-mails anônimas, livres de gravação de IPs
  (número que identifica o computador). Eles também têm apoiado
  uma série de protestos em várias partes do mundo, como a
  Primavera Árabe; as manifestações no Brasil contra a aprovação
  do Código Florestal; o Movimento Occupy, que têm promovido
  diversas manifestações pelo mundo contra a desigualdade
  econômica e social, a ganância, a corrupção.
Considerações Finais
• Aspectos importantes:

- As empresas não convergem com relação a uma estrutura
  para a internet, e isso as fragilizam enquanto bloco de
  poder;

- Articulação global entre os diversos movimentos;

- Busca por novas práticas políticas e econômicas, como
  formas coletivas e descentralizadas de gestão, modos
  democráticos de deliberação, dentre outros;

- As armas utilizadas pelos hackerativistas vão além da
  pressão que a sociedade civil pode exercer nas ruas. Eles
  ameaçam governos e corporações, pois possuem grande
  conhecimento de linguagem computacional.
Obrigada!

gabrieladafonseca@gmail.com

     @GabidaFonseca

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Apresentação: Internet, Democracia e Mercado

  • 1. Práticas Interacionais em Rede Salvador - 10 e 11 de outubro de 2012 INTERNET, DEMOCRACIA E MERCADO Por Gabriela da Fonseca
  • 2. Potencial democrático dos meios de comunicação de massa • A internet trouxe grande expectativa de renovação da esfera pública e da democracia participativa. • Mas isso quer dizer que os tradicionais meios de comunicação de massa não possuam potencial democrático? • Brecht via o rádio como um meio político e educativo, que pode e deve ir além de simplesmente transmitir um fato ou notícia limitada ao relato do acontecimento. É preciso transformar o rádio, convertê-lo de aparelho de distribuição em aparelho de comunicação. O rádio seria o mais fabuloso meio de comunicação imaginável na vida pública, um fantástico sistema de canalização. Isto é, seria se não somente fosse capaz de emitir, como também de receber; portanto, se conseguisse não apenas se fazer escutar pelo ouvinte, mas também pôr-se em comunicação com ele. (ZUCULOTO apud BRECHT, 2005, p. 8).
  • 3. • Marshall McLuhan afirmou que a imprensa, o rádio e a televisão tornaram o ambiente urbano “agressivamente pedagógico”. O rádio em particular estimulou o retorno à discussão em grupo seleto e em mesa-redonda. Mas a imprensa e a fotografia auxiliaram também o movimento espontâneo em direção à adoção do seminário e da discussão em aula como processo de aprendizado, à medida que desafiaram o monopólio do livro. (MCLUHAN, 2005, p. 148) • Para compreender o potencial democrático dos diferentes meios, vale a pena rever a análise proposta por Thompson. Ele destaca quatro características fundamentais dos meios técnicos: 1. Fixação: produção de registros que substituem a memória; 2. Reprodução: capacidade de produzir cópias de uma mensagem; 3. Distanciamento espaço-temporal: o quão distante a mensagem pode ser deslocada e em quantos diferentes momentos a mensagem pode ser recebida; 4. Competências cognitivas: diferentes capacidades cognitivas que cada meio exige.
  • 4. • Conclusão: É impossível julgar a politicidade das diferentes mídias, pois todas contêm ambigüidades do ponto de vista de seu impacto democratizante. Assim, a imprensa tem maior controle sobre a reprodução, pequeno distanciamento espaço-temporal, é excludente do ponto de vista cognitivo, pois exige leitura, mas, por outro lado, tem alta fixação. O rádio e a televisão, por sua vez, são mais inclusivos com relação às capacidades cognitivas, grande distanciamento espaço-temporal e grande capacidade de reprodução, mas, no quesito fixação, são meios fracos. Já a internet é forte nos atributos fixação, reprodução e distanciamento espaço- temporal, mas é altamente excludente devido às suas exigências cognitivas. Sendo assim, o problema não reside nos meios, mas no modo como eles são utilizados.
  • 5. Comercialização do rádio e da TV • Laurindo Leal Filho, “a qualidade da programação está sempre intrinsecamente ligada ao modelo institucional adotado” (2000, p.158). • Na década de 20, três modelos institucionais para o rádio foram adotados em diferentes países: - No Leste Europeu, o Estado assumia o controle; - Na Europa Ocidental, o modelo público se consolidava; - Nos Estados Unidos, foi adotado o padrão comercial. Tais modelos foram utilizados mais tarde para a implantação das emissoras de televisão. • No Brasil, o modelo comercial acabou se impondo, sem debate público, e sem instituir formas de controle social (códigos, conselhos e comissões). Aqui, a autonomia dos meios de comunicação de massa é enorme e a briga pelos maiores índices de audiência impera.
  • 6. • Embora os meios de comunicação de massa levem a má fama por culpa dos resultados da comercialização, este é um processo que atinge a produção cultural de maneira geral, como argumenta Arlindo Machado: O fenômeno da banalização é resultado de uma apropriação industrial da cultura e pode ser hoje estendido a toda e qualquer forma de produção intelectual do homem. Exemplo particularmente sintomático desse fenômeno é a transformação das livrarias, tradicionais pólos de encontro das camadas intelectuais, em supermercados da cultura, especializados em best sellers e digestivos, para onde corre um público de massa, que lota seus carrinhos de compra com uma subliteratura de consolo e manuais de auto-ajuda. (MACHADO, 2005, p. 9) • Portanto, o modelo institucional adotado é fundamental para determinar as diretrizes e o conteúdo da programação dos sistemas de rádio e televisão. E, como vimos, o mercado está sempre à procura de novos negócios, impondo a sua lógica de que o mais importante é o lucro, e encarando os cidadãos como meros consumidores. Nos países que adotaram o modelo comercial, o potencial democrático dos meios de comunicação de massa simplesmente sucumbiu. Com a internet seria diferente?
  • 7. Corporações ameaçam a internet • A proposta daqueles que conceberam a internet era de que ela fosse uma plataforma libertária, sem chefe, sem centro e sem controle. Porém, tamanha liberdade tem incomodado tanto governos como corporações. • Existe uma tendência global por parte dos países para impor filtros e controles. 31 países firmaram um acordo comercial, o Acta (Acordo Comercial Antifalsificação), que pretende controlar a transmissão de conteúdo, sob o pretexto de estarem perseguindo contrabandistas. • Projetos de lei tentam criminalizar práticas comuns na rede – Sopa e Pipa, nos EUA, e o projeto de crimes cibernéticos, no Brasil. • Por trás destas legislações estão interesses de grandes corporações, mas elas não convergem com relação às leis que vêm sendo debatidas.
  • 8. Há pelo menos três blocos com interesses distintos nesta disputa: 1. A indústria do copyright: defende os direitos autorais das indústrias fonográfica, cinematográfica e grandes editoras, por isso, é a favor da vigilância e da criminalização das práticas de compartilhamento. 2. As operadoras de telecomunicações: querem quebrar a neutralidade na rede (princípio que garante que todo e qualquer conteúdo esteja igualmente acessível), impondo filtros e permitindo que o provedor da internet controle o fluxo de informação. 3. Empresas como o Google e o Facebook: lucram das atividades dos internautas na rede, por isso, não são a favor do controle, mas, por outro lado, ameaçam os direitos civis ao quebrarem a privacidade dos usuários, acessando os seus dados pessoais. • Empresas já vêm utilizando filtros criados a partir dos dados dos usuários para ofertar-lhes produtos na rede. Mais grave ainda é a utilização desta lógica para ofertar informações, o que não deixa de ser um controle do fluxo de informação, que passa a sofrer interferências, comprometendo o acesso dos usuários à diversidade de opiniões e ideias, algo que é fundamental para a democracia e para o debate público.
  • 9. O marketing político na rede • O uso das ferramentas online por atores políticos também têm seguido a lógica da publicidade. Estudos sobre campanhas políticas online no Brasil mostram que elas ainda deixam a desejar no quesito interação e diálogo com os eleitores; que os recursos para interação com os usuários são subutilizados (FLORES et al., 2011; CHIMENTO, 2010); e que elas têm utilizado as ferramentas online com a mesma lógica dos meios tradicionais, nos quais os eleitores são vistos como meros receptores (SILVA; PESSÔA, 2012). • Tais formas de apropriação das ferramentas digitais continuam após as eleições. Estudos demonstram que os sites de parlamentares estão mais relacionados à publicidade, informação e auto-promoção do que à oferta de chances reais de participação e de diálogo na internet (MARQUES, 2007; BRAGA et al., 2012).
  • 10. Movimentos contra-hegemônicos • Do outro lado, há um movimento que não apenas defende a liberdade na rede, mas, também, rechaça o modo de produção e a lógica imposta pelo sistema capitalista. Os movimentos do ativismo político virtual, conhecidos como hackerativismo, já perceberam que não é possível garantir a liberdade da sociedade junto com a liberdade do capital. • Trata-se de grupos heterogêneos e descentralizados, que reúnem ativistas com diversas ideologias em defesa da liberdade na rede e contra qualquer tipo de controle, seja pelos governos ou pelo capital. • Estes grupos agem de várias formas, desde atacando sites de governos, bancos e corporações para protestar, até oferecendo navegação e troca de e-mails anônimas, livres de gravação de IPs (número que identifica o computador). Eles também têm apoiado uma série de protestos em várias partes do mundo, como a Primavera Árabe; as manifestações no Brasil contra a aprovação do Código Florestal; o Movimento Occupy, que têm promovido diversas manifestações pelo mundo contra a desigualdade econômica e social, a ganância, a corrupção.
  • 11. Considerações Finais • Aspectos importantes: - As empresas não convergem com relação a uma estrutura para a internet, e isso as fragilizam enquanto bloco de poder; - Articulação global entre os diversos movimentos; - Busca por novas práticas políticas e econômicas, como formas coletivas e descentralizadas de gestão, modos democráticos de deliberação, dentre outros; - As armas utilizadas pelos hackerativistas vão além da pressão que a sociedade civil pode exercer nas ruas. Eles ameaçam governos e corporações, pois possuem grande conhecimento de linguagem computacional.