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O
Príncipe –
Nicolau
Maquiave
l
abril 2
2013
Trabalho final referente à obra O príncipe de Nicolau Maquiavel.
Apresentado pela discente Gabriela Santiago Coelho, do curso
Serviço Social/ 2° período.Turma 2012/1 Disciplina : Teoria
Política. Docente: Leandro. Universidade Federal de Ouro
Preto- ICSA- Campus Mariana.
Trabalho Final
__________________________________________________________________
GABRIELA SANTIAGO COELHO
SERVIÇO SOCIAL/ 2° PERÍODO
O Príncipe
Nicolau Maquiavel
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
Campus ICSA- Mariana
________________________________________________________________________
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. 2. ed. tradução: Roberto Grassi. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1972.
O PRÍNCIPE- NICOLAU MAQUIAVEL
Palavras-chave: Príncipe, Estado, principados.
Esta obra se trata de, certamente, umas das mais conhecida do autor, pensador e
filósofo Nicolau Maquiavel. Em sua obra "O Príncipe", este busca expressar suas
perspectivas acerca de Estado e Poder. No início do livro, Maquiavel dedica tal obra a
Lorenzo II da Casa dos Medici.
No capítulo I "De quantas espécies são os principados e dos modos de
conquistá-los" Maquiavel defende que todos os Estados são republicas ou principados.
Os principados podem ser hereditários ou novos, sendo que os novos são inteiramente
novos ou são anexados a um Estado por herança.A conquista destes pode ocorrer pela
boa sorte ou pelo valor.
No capítulo II "Dos principados hereditários" Maquiavel aborda acerca das
ideias de principados. De acordo com ele manter e governar um principado hereditário é
algo fácil, já que há uma afeição do povo em relação à família. Deste modo basta ao novo
príncipe seguir os preceitos defendidos pela familia a qual pertence; sendo que neste
caso já se conhece, por parte do príncipe, a melhor maneira de consuzir o Estado. Neste
capítulo o autor tem como objetivo principal expressar como se dá a conquista e
sustentação de um principado hereditario.
No capítulo III "Dos principados mistos", o autor explica que principados mistos
são anexados a um Estado hereditário e possuem dificuldade principais iguais as dos
principados novos.
"Mas é nos principados novos que residem as dificuldades. Em primeiro lugar, se não é
totalmente novo mas sim como membro anexado a um Estado hereditário (que, em seu
conjunto, pode chamar-se "quase misto"), as suas variações resultam principalmente de
uma natural dificuldade inerente a todos os principados novos [...]" (Pag.41)
Independente a da força do exército que um príncipe pode vir a ter sempre será
necessario o apoio popular para que este entre em uma província.Maquiavel defende que
Estados conquistados e anexados a um Estado antigo, se forem da mesma língua, são
facilmente dominados. Porém caso o Estado conquistado e anexado não seja da mesma
língua e província, basta fazer desaparecer a linha do príncipe que o dominava, pois
mantendo-se na condição das coisas antigas os homens vivem calmamente. Para que o
conquistador mantenha-os o autor propõe duas regra, sendo que a primeira consiste em
fazer extinguir o sangue do príncipe anterior; e a segunda consiste em não alterar as leis
nem os impostos.
"E quem conquista, querendo conservá-los, deve adotar duas medidas: a primeira, fazer
com que a linhagem do antigo príncipe seja extinta; a outra, aquela de não alterar nem as
suas leis nem os impostos; por tal forma, dentro de mui curto lapso de tempo, o território
conquistado passa a constituir um corpo todo com o principado antigo." (Pag. 42-43)
Deste modo de uma maneira breve ocorrerá a união ao antigo Estado. Para o
autor as dificuldades em relação à conquista do Estado surgem quanto esta se dá em
uma província de língua e costumes diferentes, neste caso boa sorte e grande habilidade
por parte do conquistados serão necessarias para que tal conquista seja conservada. Se
o príncipe seguir as regras propostas por Maquiavel os suditos ficarão satisfeitos, será
mais difícil a existencia de ataques e a conquista dificilmente será perdida.
No capítulo IV, "Por que razão o reino de Dario, ocupado por Alexandre, não
se rebelou contra os sucessores deste após a morte de Alexandre", o autor expressa
o modo com que são dominados os principados. Estes podem ser dominados de dois
modos, sendo que o primeiro consiste na dominação por um príncipe ajudado por
ministros e o segundo consiste na dominação por um príncipe e barões. estes que graças
a hereditariedade possuem grandes poderes, independentemente da vontade do príncipe.
Na primeira forma de governo, o principe é o senhor absoluto já na segunda os
barões possuem domínios e súditos próprios. Para exemplificar tal relação Maquiavel cita
como exemplos o Império Grão-Turco e o Reinado da França.
"Os exemplos dessas duas espécies de governo são, nos nossos tempos, o Turco e o rei
de França. Toda a monarquia do Turco é dirigida por um senhor: os outros são seus
servos; dividindo o seu reino em sandjaks, para aí manda diversos administradores e os
muda e varia de acordo com sua própria vontade. Mas o rei de França está em meio a
uma multidão de antigos senhores que, nessa qualidade, são reconhecidos pelos seus
súditos e por eles amados: têm as suas preeminências e não pode o rei privá-los das
mesmas sem perigo para si próprio. Quem tiver em mira, pois, um e outro desses
governos, encontrará dificuldades para conquistar o Estado Turco, mas, vencido que seja
este, encontrará grande facilidade para conservá-lo, Ao contrário, encontrar-se-á em
todos os sentidos maior facilidade para ocupar o Estado de França, mas grande
dificuldade para mantê-lo." (Pag. 51-52)
No capítulo V, "Da maneira de conservar cidades ou principados que antes
da ocupação, se regiam por leis próprias" Maquiavel diz que existem tres modos para
manter a posse em tais lugares com leis próprias, sendo que em primeira linha pose-se
arruina-los, o segundo modo refere-se a habita-los e por último deixá-los viver com suas
leis, arrecadando tributo e criando um governo de poucos. O autor considera a terceira
forma como a menos eficaz já que por mais que se faça os cidadãos sempre se
lembraram de como era a vida antes da invasão. Deste modo, para conservar uma
república conquistada, o caminho mais seguro é destruí-la ou habitá-la pessoalmente.
"Quando aqueles Estados que se conquistam, como foi dito, estão habituados a viver com
suas próprias leis e em liberdade, existem três modos de conservá-los: o primeiro,
arruiná-los; o outro, ir habitá-los pessoalmente; o terceiro, deixá-los viver com suas leis,
arrecadando um tributo e criando em seu interior um governo de poucos, que se
conservam amigos, porque, sendo esse governo criado por aquele príncipe, sabe que
não pode permanecer sem sua amizade e seu poder, e há que fazer tudo por conservá-
los. Querendo preservar uma cidade habituada a viver livre, mais facilmente que por
qualquer outro modo se a conserva por intermédio de seus cidadãos." (Pag. 55)
No capítulo VI, " Dos principados novos que se conquistam pelas próprias
armas e valor", Maquiavel começa alegando que os homens trilham quase sempre
estradas já percorridas, sendo que um homem prudente deve assim escolher os
caminhos já percorridos pelos grande homens e imitá-los. De acordo com o autor:
"[...] no principado completamente novo, onde exista um novo príncipe, encontra-se
menor ou maior dificuldade para mantê-lo, segundo seja mais ou menos virtuoso quem o
conquiste. E porque o elevar-se de particular a príncipe pressupõe ou virtude ou boa
sorte, parece que uma ou outra dessas duas razões mitigue em parte muitas dificuldades;
não obstante, tem-se observado, aquele que menos se apoiou na sorte reteve o poder
mais seguramente. Gera ainda facilidade o fato de, por não possuir outros Estados, ser o
príncipe obrigado a vir habitá-lo pessoalmente." (Pag. 57)
Para este, a principal dificuldade no processo de conquista nasce da tentativa de
introduzir novas leis e costumes para a fundação de seu Estado. O novo legislador terá
por inimigos todos aqueles a quem as antigas leis beneficiavam, e terá tímidos
defensores, pois ainda não há nada consolidado.
No capítulo VII, "Dos principados novos que se conquistam com armas e a
fortuna de outrem", o autor diz que aqueles homens que favorecidos somente pela
sorte se tornam príncipes, não conseguem se manter com a mesma facilidade na qual
conseguem chegar ao posto. Isto acontece quando o Estado é concedido ao príncipe por
dinheiro ou pela graça de quem o concede.
No capítulo VIII, "Dos que alcançaram o principado pelo crime", Maquiavel
demonstra duas maneiras as quais se tornar principe não pode ser atribuído a fortuna ou
ao mérito. A primeira se refere a um principe que chega ao principado através da
maldade, contrariando leis humanas e/ou divinas; já a segunda se refere a um principe
que chega a este posto por mercê do favor de seus conterrâneos.
"Por isso é de notar-se que, ao ocupar um Estado, deve o conquistador exercer todas
aquelas ofensas que se lhe tornem necessárias, fazendo-as todas a um tempo só para
não precisar renová-las a cada dia e poder, assim, dar segurança aos homens e
conquistá-los com benefícios, Quem age diversamente, ou por timidez ou por mau
conselho, tem sempre necessidade de conservar a faca na mão, não podendo nunca
confiar em seus súditos, pois que estes nele também não podem ter confiança diante das
novas e contínuas injúrias. Portanto, as ofensas devem ser feitas todas de uma só vez, a
fim de que, pouco degustadas, ofendam menos, ao passo que os benefícios devem ser
feitos aos poucos, para que sejam melhor apreciados. Acima de tudo, um príncipe deve
viver com seus súditos de modo que nenhum acidente, bom ou mau, o faça variar:
porque, surgindo pelos tempos adversos a necessidade, não estarás em tempo de fazer o
mal, e o bem que tu fizeres não te será útil eis que, julgado forçado, não trará
gratidão."(Pag. 72-73)
No capítulo IX, "Do principado civil", o autor inicia alegando que quando um
cidadão privado se torna principe de sua patria por meio de seus concidadãos, ou isto
ocorre com o apoio do povo, ou como o apoio dos grandes. Tal cenário é contraditório,
sendo que o povo não deseja ser dirigido ou oprimido pelos grande, e estes por sua vez
tem como desejo dirigir e oprimir o povo. Desta contradição surgem tres efeitos, sendo
estes o principado, a liberdade e, a desordem.
"O que chega ao principado com a ajuda dos grandes se mantém com mais dificuldade
daquele que ascende ao posto com o apoio do povo, pois se encontra príncipe com
muitos ao redor a lhe parecerem seus iguais e, por isso, não pode nem governar nem
manobrar como entender. [...] Mas aquele que chega ao principado com o favor popular,
aí se encontra só e ao seu derredor não tem ninguém ou são pouquíssimos que não
estejam preparados para obedecer." (Pag. 75-76)
De acordo com o autor, o principado é estabelecido pelo povo ou pelos grandes,
de acordo com as oportunidade que se tem no momento. Pra satisfazer o povo é
facil,segundo Maquiavel, pois já que este tem apenas o desejo de não ser oprimido e o
pior que um príncipe pode esperar de um povo hostil é ser abandonado. Porém a
inimizade dos grandes é algo que deve ser temido pelo principe, já que estes o podem
atacar.
Maquiavel divide os grandes em dois grupos:
"E, para melhor esclarecer esta parte, digo que os grandes devem ser considerados em
dois grupos principais: ou procedem por forma a se obrigarem totalmente à tua fortuna,
ou não. Os que se obrigam e não são rapaces, devem ser considerados e amados. Os
que não se obrigam devem ser encarados de dois modos: se fazem isso por
pusilanimidade ou por natural defeito de espírito, deverás servir-te deles, máxime que são
bons conselheiros, porque na prosperidade isso te honrará e na adversidade não
precisarás temê-los. Mas quando eles, ardilosamente, não se obrigam por ambição, é
sinal que pensam mais em si próprios do que em ti: desses deve o príncipe guardar-se
temendo-os como se fossem inimigos declarados, porque sempre, na adversidade,
ajudarão a arruiná-lo." (Pag. 76)
De acordo com as ideias do autor, quem se torna príncipe pelo povo deve mante-
lo como amigo, mas aquele que se torna príncipe através do apoio doa grandes, deve de
alguma forma tentar conquistar o povo. Tal conquista é fácil, sendo que basta o principe
fazer algo de bom ao povo, que por sua vez só espera atitudes ruins por parte deste, e
assim este se obrigará mais com o novo benfeitor.
No capítulo X, "Como se devem medir as forças de todos os principados", é
defendido que é importante considerar a força de um principe em relação ao seu Estado,
para que em tempo de necessidades ele possa se manter ou precise da ajuda de
terceiros.
Um principado forte tem dinheiro e homens para resistir a qualquer invasor. Um
principado fraco é aquele que não consegue lutar uma batalha em campo aberto e precisa
se refugiar detrás de seus muros. Assim um príncipe que tenha uma cidade forte e não
seja odiado por seu povo, não pode ser atacado.
No capítulo XI, "Dos principados eclesiásticos", estes podem ser conquistados
ou pelo martírio ou pela sorte, sendo que são mantidos atraves da rotina da religião. Os
principados eclesiasticos são aqueles que possuem Estados e não os defendem,
possuem súditos e não governam e seus Estados, apesar de indefesos, não são
arrebatados. Só esses principados são seguros e felizes, pois são protegidos por Deus.
No capítulo XII, "Dos gêneros de milícias e dos soldados mercenários", o
autor diz que boas leis e boas armas são as principais bases de um Estado. Sendo as
forças que um príncipe dispõe para manter um Estado ou são próprias ou são
mercenárias auxiliares, ou mistas.
Para o autor as forças mercenárias e auxiliares são inúteis e perigosas, pois não
amam o príncipe apenas lutam com ele por dinheiro, o que não basta para que morram
por ele.
"Digo, pois, que as armas com as quais um príncipe defende o seu Estado, ou são suas
próprias ou são mercenárias, ou auxiliares ou mistas. As mercenárias e as auxiliares são
inúteis e perigosas e, se alguém tem o seu Estado apoiado nas tropas mercenárias,
jamais estará firme e seguro, porque elas são desunidas, ambiciosas, indisciplinadas,
infiéis; galhardas entre os amigos, vis entre os inimigos; não têm temor a Deus e não têm
fé nos homens, e tanto se adia a ruína, quanto se transfere o assalto; na paz se é
espoliado por elas, na guerra, pelos inimigos. A razão disto é que elas não têm outro amor
nem outra razão que as mantenha em campo, a não ser um pouco de soldo, o qual não é
suficiente para fazer com que queiram morrer por ti. Querem muito ser teus soldados
enquanto não estás em guerra, mas, quando esta surge, querem fugir ou ir embora."
(Pag. 87-89)
No capitulo XIII, "Das tropas auxiliares, mistas e nativas", o autor inicia
defendendo que:
"As tropas auxiliares, que são as outras forças inúteis, são aquelas que se apresentam
quando chamas um poderoso para que, com seus exércitos, te venha ajudar e defender,
como fez em tempos recentes o Papa Júlio que, tendo visto na campanha de Ferrara a
triste figura de suas tropas mercenárias, voltou-se para as auxiliares e entrou em acordo
com Fernando, rei da Espanha, no sentido de que este, com sua gente e armas, viesse
ajudá-lo. Estas tropas auxiliares podem ser úteis e boas para si mesmas, mas, para quem
as chame, são quase sempre danosas, eis que perdendo ficas liquidado, vencendo ficas
seu prisioneiro."(Pag. 93)
Para o autor, o perigo das tropas mercenárias esta na covardia, já nas auxiliares o
perigo pode ser visto na bravura. Para este principes prudentes optam por perder com
suas tropas a obter uma falsa vitória com as tropas auxiliares, pois estas obedecem
somente a outro poderoso.
Os exércitos mistos (compostos de mercenários e soldados próprios) são
melhores que as tropas auxiliares ou mercenárias e muito inferiores aos exércitos
próprios. As forças próprias são aquelas formadas pelos súditos sendo a mais confiável e
segura.
Acerca das ideias do capítulo, Maquiavel conclui que:
"Portanto, aquele que num principado não conhece os males logo no início, não é
verdadeiramente sábio, o que é dado a poucos. [...] Concluo, pois, que, sem ter armas
próprias, nenhum principado está seguro; ao contrário, fica ele totalmente sujeito à sorte,
não havendo virtude que o defenda na adversidade. " (Pag. 96)
No capítulo XIV, "Dos deveres do Príncipe para com suas tropas", Maquiavel
alega que um principe deve sempre pensar na guerra, na organização e disciplina de
suas tropas, sendo este seu objetivo principal. A guerra tem o poder de fazer principes
perderem o trono e fazer de cidadaos comuns principes.
"Deve o príncipe, portanto, não desviar um momento sequer o seu pensamento do
exercício da guerra, o que pode fazer por dois modos: um com a ação, o outro com a
mente, Quanto à ação, além de manter bem organizadas e exercitadas as suas tropas,
deve estar sempre em caçadas para acostumar o corpo às fadigas e, em parte, para
conhecer a natureza dos lugares e saber como surgem os montes, como embocam os
vales, como se estendem as planícies, e aprender a natureza dos rios e dos pântanos,
pondo muita atenção em tudo isso. Esses conhecimentos são úteis por duas razões:
primeiro, aprende-se a conhecer o próprio país e pode-se melhor identificar as defesas
que ele oferece; depois, em decorrência do conhecimento e prática daqueles sítios, com
facilidade poderá entender qualquer outra região que venha a ter de observar, eis que as
colinas, os vales, as planícies, os rios e os pântanos que existem, por exemplo, na
Toscana, têm certa semelhança com os das outras províncias, de forma que, do
conhecimento do terreno de uma província, se pode passar facilmente ao de outras. O
príncipe que seja falto dessa perícia, está desprovido do elemento principal de que
necessita um capitão, pois ela ensina a encontrar o inimigo, estabelecer os
acampamentos, conduzir os exércitos, ordenar as jornadas, fazer incursões pelas terras
com vantagem sobre o inimigo." (Pag. 98)
No capitulo XV, "Das razões por que os homens, e especialmente os
Príncipes, são louvados ou censurados", é abordada a froma como um principe deve
se portar frente a seus suditos. De acordo com Maquiavel, para se manter no poder um
principe deve aprender a ser mau, e ultilizar essa maldade de acordo com as
necessidades. A qualificação de um principe se da pelas qualidades que lhe trazem
reprovação ou louvor, mas este não deve se deixar levar por tais classificações, pois uma
virtude se fosse aplicada lhe acarretaria a ruína e um defeito traz a um príncipe segurança
e bem-estar.
No capitulo XVI, "Da liberdade e da parcimônia", Maquiavel defende que para
ser considerado um liberal, um principe não deve omitir nenhuma demonstração de
suntuosidade. Esta é muito cara e para mante-la o principe devera onerar o povo, o que
fatalmente o fara ser odiado pelo mesmo. Deste modo é mais prudente que o principe
tenha fama de miseravel, sendo deste modo uma má fama sem odio por parte do povo,
do que ser obrigado a onerar o povo e se tornar odiado.
No capitulo XVII, "Da crueldade e da piedade e se é melhor ser amado ou
temido", é dito que todo principe tem como desejo ser tido como piedoso e não como
cruel, mas este deve empregar de forma conveniente tal piedade.
"O príncipe, contudo, deve ser lento no crer e no agir, não se alarmar por si mesmo e
proceder por forma equilibrada, com prudência e humanidade, buscando evitar que a
excessiva confiança o torne incauto e a demasiada desconfiança o faça intolerável." (Pag.
107)
Deste modo nasce a questão: É melhor ser temido ou amado? Para Maquiavel, já
que o ser humano não consegue ser os dois é mais seguro que um homem seja temido a
ser amado.Este defende que o amor é mantido como um sentimento de obrigação, já o
temor pelo receio do castigo. Um príncipe amado cria muitas expectativas e caso estas
não sejam logo sanadas ele se tornará odiado. Um príncipe temido é respeitado e a única
coisa que ele deve evitar fazer é se tornar odiado.
"Concluo, pois, voltando à questão de ser temido e amado, que um príncipe sábio,
amando os homens como a eles agrada e sendo por eles temido como deseja, deve
apoiar-se naquilo que é seu e não no que é dos outros; deve apenas empenhar-se em
fugir ao ódio, como foi dito." (Pag.110)
No capitulo XVIII, "De que forma os príncipes devem manter a palavra",
Maquiavel define como ideal que um principe mantenha sempre a palavra e viva com
integridade, não com a astucia. Para o autor existem duas de combate, sendo uma pela
lei e outra pela força, porém nem sempre a primeira é suficiente e acaba sendo preciso
recorrer a segunda. Este defende que um príncipe prudente não pode nem deve guardar
a palavra quando ela lhe é prejudicial, ou quando as causas que a determinam cessem de
existir. O príncipe não precisa possuir todas as virtudes do mundo, basta a ele apenas
aparentar possuí-las. Um príncipe, em especial um novo, deve aparentar ser todo
piedade, integridade, lealdade, humanidade e religião, em especial este último. Todos
vêem o que tu pareces, mas poucos o que és realmente e esses poucos não ousaram
contrariar a opinião da maioria.
"Procure, pois, um príncipe, vencer e manter o Estado: os meios serão sempre julgados
honrosos e por todos louvados, porque o vulgo sempre se deixa levar pelas aparências e
pelos resultados, e no mundo não existe senão o vulgo; os poucos não podem existir
quando os muitos têm onde se apoiar. Algum príncipe dos tempos atuais, que não
convém nomear, não prega senão a paz e fé, mas de uma e outra é ferrenho inimigo;
uma e outra, se ele as tivesse praticado, ter-lhe-iam por mais de uma vez tolhido a
reputação ou o Estado." (Pag. 113)
No capítulo XIX, "De como se deve evitar o ser desprezado e odiado", é
defendido que ser usurpador e usar dos bens e das mulheres dos súditos são atitudes
que fazemn com que um príncipe seja odiado pelos mesmos. Os homens vivem muito
bem se não o tirarem seus bens e sua honra.
Para não ser desprezado o príncipe deve evitar ser volúvel, leviano, efeminado,
pusilânime, irresoluto. Ele deve procurar passar em seus ações grandeza, coragem,
gravidade e fortaleza. Aquele principe que conseguir formar tal opinião de seus súditos
terá uma boa reputação, e aquele que a tem não é conspirado ou atacado. O receio das
conspirações internas e dos distúrbios externos criados pelos poderosos é um sentimento
necessario que o principe devera ter.
"O príncipe que dá de si esta opinião é assaz reputado e, contra quem é reputado, só
com muita dificuldade se conspira; dificilmente é atacado, desde que se considere
excelente e seja reverenciado pelos seus. Na verdade, um príncipe deve ter dois temores:
um de ordem interna, de parte de seus súditos, o outro de natureza externa, de parte dos
potentados estrangeiros. Destes se defende com boas armas e bons amigos; e sempre
que tenha boas armas terá bons amigos. A situação interna, desde que ainda não
perturbada por uma conspiração, estará segura sempre que esteja estabilizada a externa;
mesmo quando esta se agite, se o príncipe organizou-se e viveu como eu já disse, desde
que não desanime, resistirá a qualquer impacto, como salientei ter feito o espartano
Nábis." (Pag.115)
"Mas, a respeito dos súditos, quando os negócios externos não se agitam, deve-se temer
que conspirem secretamente, contra o que o príncipe se assegura firmemente fugindo de
ser odiado ou desprezado e mantendo o povo com ele satisfeito; isto é de necessidade
seja conseguido, como já acima se falou longamente. Um dos mais poderosos remédios
de que um príncipe pode dispor contra as conspirações é não ser odiado pela maioria,
porque sempre, quem conjura, pensa com a morte do príncipe satisfazer o povo, mas,
quando considera que com isso irá ofendê-lo, não se anima a tomar semelhante partido,
mesmo porque as dificuldades com que os conspiradores têm de se defrontar são
infinitas. "(Pag. 116)
"Concluo, portanto, que um príncipe deve dar pouca importância às conspirações se o
povo lhe é benévolo; mas quando este lhe seja adverso e o tenha em ódio, deve temer
tudo e a todos. Os Estados bem organizados e os príncipes hábeis têm com toda a
diligência procurado não desesperar os grandes e satisfazer o povo conservando-o
contente, mesmo porque este é um dos mais importantes assuntos de que um príncipe
tenha de tratar." (Pag.117)
"Daí pode-se extrair outra conclusão digna de nota: os príncipes devem atribuir a outrem
as coisas odiosas, reservando para si aquelas de graça. Novamente concluo que um
príncipe deve estimar os grandes, mas não se fazer odiado pelo povo." (Pag. 118)
"Deve-se notar inicialmente que, enquanto nos outros principados tem-se de lutar apenas
contra a ambição dos grandes e a insolência do povo, os imperadores romanos
encontravam uma terceira dificuldade, aquela de terem de suportar a crueldade e a
ambição dos soldados." (Pag. 118)
"Deve-se notar aqui que o ódio se adquire tanto pelas boas como pelas más ações: como
já disse acima, querendo um príncipe conservar o Estado, freqüentemente é forçado a
não ser bom, pois quando aquele elemento mais forte, povo, soldados ou grandes, de
que julgas necessitar para manter-te, é corrompido, convém que sigas o seu desejo para
satisfazê-lo; então, as boas obras tornam-se tuas inimigas." (Pag. 120)
"Assim, digo que os príncipes de nossos tempos têm a menos, nos seus governos, esta
dificuldade de satisfazer extraordinariamente aos soldados, eis que, não obstante se deva
ter para com os mesmos alguma consideração, isso se resolve logo, pois nenhum destes
príncipes tem um exército que seja inveterado com os governos e administrações das
províncias, como eram os exércitos do Império Romano." (Pag. 127)
No capítulo XX, "Se as fortalezas e muitas outras coisas que dia a dia são
feitas pelo príncipe são úteis ou não", o autor inicia dizendo que um príncipe nunca
desarma seus súditos, se este os encontra desarmados os arma fazendo deles homens
fiéis. Ao desarmar uma população um príncipe ofendera a todos, sendo esta uma prova
de confiança por parte do mesmo. Deste modo ele será obrigado a recorrer as tropas
mercenárias.
No cenário no qual um príncipe conquista um novo Estado e o anexa aos seus
domínios, é necessário desarmar o Estado conquistado, exceto aqueles que te ajudaram
na conquista.Para o autor um príncipe sábio deve formentar com astúcia certas
inimizades, para que ele possa derrotar o inimigo e sair engrandecido dessa vitória. O
hábito entre os príncipes de construir fortalezas serve de refugio seguro caso sofra algum
ataque inesperado.
"O príncipe que tiver mais temor de seu povo do que dos estrangeiros, deve construir as
fortalezas; mas aquele que sentir mais medo dos estrangeiros que de seu povo, deve
abandoná-las.[...] Por isso, a melhor fortaleza que possa existir é o não ser odiado pelo
povo: mesmo que tenham fortificações elas de nada valem se o povo te odeia, eis que a
este, quando tome das armas, nunca faltam estrangeiros que o socorram. " (Pag.128)
No capítulo XXI, "O que a um príncipe convém realizar para ser estimado",
Maquiavel diz que nada cria mais estima do que os grandes empreendimentos. Este usa
como exemplo Fernando de Aragão e suas grandes e vitoriosas expedições militares.
"Um príncipe é estimado, ainda, quando verdadeiro amigo e vero inimigo, isto é, quando
sem qualquer consideração se revela em favor de um, contra outro. Esta atitude é sempre
mais útil do que ficar neutro, eis que, se dois poderosos vizinhos teus entrarem em luta,
ou são de qualidade que vencendo um deles tenhas a temer o vencedor, ou não. Em
qualquer um destes dois casos será sempre mais útil o definir-te e fazer guerra digna,
porque no primeiro caso se não te definires serás sempre presa do que vencer, com
prazer e satisfação do que foi vencido, e não terás razão ou coisa alguma que te defenda
nem quem te receba. O vencedor não quer amigos suspeitos ou que não o ajudem nas
adversidades; quem perde não te recebe por não teres querido correr a sua sorte de
armas em punho." (Pag. 132)
No capitulo XXII, "Dos ministros dos príncipes", é abordado acerca do modo
de avaliar um principe e seu ministros. A primeira avaliação que se faz sobre a inteligência
de um príncipe, se faz pelos homens que ele tem ao seu redor. Bons príncipes escolhem
bons ministros e vice-versa. Uma boa forma de escolher um ministro consiste naquela em
que se o ministro pensar mais nele do que no príncipe e em todas situações buscar
proveito pessoal este é considerado um mau ministro. Deste modo, caso encontre um
bom ministro, o príncipe deve mimálo e enriquecê-lo para que ele não deseje outra coisa
que não seja servir ao príncipe.
No capítulo XXIII, "De como se devem evitar os aduladores", Maquiavel diz
que as cortes estão cheias de aduladores e um príncipe prudente deve saber como se
defender deles. O único modo de se defender é o príncipe deixando claro que lhe dizer a
verdade não o ofende. Mas quando todos dizem a verdade, faltar-te-ão ao respeito.
Então o príncipe deve escolher em seu Estado homens sábios e só estes tem o
direito de te dizer a verdade e somente das coisas que lhe perguntar.O príncipe deve
consultá-los e ouvi-los, então depois deliberar como bem entender, porém nunca deve
voltar atrás nesta deliberação ou será arruinado.
No capítulo XXIV, "Por que os príncipes da Itália perderam seus Estados", é
dito que um príncipe recente é muito mais vigiado que um hereditário, mas se ele mostrar
muitas virtudes, será seguido por muito mais homens do que um príncipe de sangue.Os
príncipes da Itália perderam seus Estados pelas falhas nas armas, por serem hostilizados
pelo povo e por não terem neutralizado os grandes. Estes senhores italianos perderam
seus principados hereditários pela própria indolência, pois não se preocuparam na
bonança com os períodos de tempestade, e quando este chegou eles fugiram e não se
defenderam.
No capítulo XXV, "De quanto pode a fortuna nas coisas humanas e de que
modo se deve resistir-lhes", tem-se a ideia de que a providência divina é a responsável
pelos caminhos de um governo e não há nada que o homem possa fazer para corrigi-las.
E como não se pode fazer nada, que se deixe governar pela sorte. Para Maquiavel a
fortuna ou sorte é responsável por metade de nossas ações e como temos livre arbítrio
somos os responsáveis pela outra metade. E a fortuna apenas se manifesta onde não há
resistência organizada. Um príncipe que se apóia somente na fortuna, tende a variar
segundo ela no sucesso e no fracasso, pois a sorte não é uma constante.
"Concluo, pois, que variando a sorte e permanecendo os homens obstinados nos seus
modos de agir, serão felizes enquanto aquela e estes sejam concordes e infelizes quando
surgir a discordância. Considero seja melhor ser impetuoso do que dotado de cautela,
porque a fortuna é mulher e consequentemente se torna necessário, querendo dominá-la,
bater-lhe e contrariá-la; e ela mais se deixa vencer por estes do que por aqueles que
procedem friamente. A sorte, porém, como mulher, sempre é amiga dos jovens, porque
são menos cautelosos, mais afoitos e com maior audácia a dominam." (Pag. 146)
No capítulo XXVI, "Exortação para tomar e livrar a Itália das mãos dos
Bárbaros", Maquiavel conclui sua obra clamando aos Médici que tomem o poder em toda
a Itália. Para o autor a Itália chegou a um ponto de extremo caos e por isso necessita de
um novo príncipe. Este novo príncipe que surgirá para colocar a Itália em ordem deve ser
da família Médici. Estes seriam os redentores que protegeriam a Itália das constantes
invasões estrangeiras e das lutas internas.
Nicolau Maquiavel foi um escritor e pensador que nasceu em Florença e desde os
29 anos atuou na política, onde pode observar e estudar o comportamento daqueles que
ocupavam o poder. Através de suas obras e neste trabalho, especialmente, da obra “O
Príncipe”, podemos ver que suas perspectivas acerca da política possuem ideias que são
vigentes até hoje se formos analisar o contexto político atual.
Através de “O Príncipe” Maquiavel, disserta acerca do que é poder, e das
manobras e atitudes que um homem deve ter para chegar e se manter nele. Este mostra
como as coisas realmente são, e dá uma ideia de que o homem por muitas vezes é mau
para conseguir o que quer. Maquiavel não só mostra os caminhos que levam ao poder
como os exemplifica.
Neste livro, que foi escrito na época do Renascimento, o autor expressa seu
desejo de ver a Itália poderosa e unificada. Isto ele deixa claro de maneira mais
expressiva especialmente no capítulo XXVI. Através de tal obra Maquiavel busca ensinar ,
não que se tenha o absolutismo, mas a unificação e estabilidade.
Antes de estudar acerca do pensador Maquiavel, tinha uma impressao que o
mesmo defendia o mau, ao ouvir os comentários acerca de sua obra achava que o autor
tinha ideias que focavam em conseguir o que se quer, custe o que custar, mesmo que
para isso precise ser uma pessoa má. Ao ler “O Príncipe” pude mudar de ideia; hoje vejo
que o autor descreve o processo da política e do Poder de uma forma realista e não há
como negar através dos exemplos que ele próprio citou. Este mostra que há de ter uma
conveniencia por parte de um governante, e que este tem que saber a hora certa de ser
bom ou mau. Levando tudo isso em consideração é certo dizer que O Príncipe ensina a
agir segundo as circunstancias e necessidades, fazendo com que caia por terra também o
pejorativo adjetivo maquiavélico. Muitas vezes usado para definir alguém sem escrúpulos
e imoral, que age contra a ética em qualquer situação visando unicamente o beneficio
próprio.
Nicolau prega apenas que a política tem uma moral própria, a qual não se
classifica nem como moral, nem como imoral. Isso se deve ao “agir de acordo com as
circunstancias”. E ao analisar cuidadosamente seus ensinamentos é possível perceber
que ele prega o equilíbrio. O que não significa que não dê valor às qualidades. Nicolau
tanto dá valor as qualidades como também as “deseja”, dando preferência aos “bons”
meios sempre que possível e aos “maus” sempre que necessário. Maquiavel ressalta
ainda que é importante ter o povo ao seu lado. Para o autor um bom governante teria de
ter virtude e fortuna. Deste modo, deveria ter habilidade (virtude) e circunstâncias
favoráveis (fortuna). Outra conclusão a que chegou foi que “dos homens, em realidade,
pode-se dizer genericamente que eles são ingratos, volúveis, fementidos e dissimulados,
fugidios quando há perigo, e cobiçosos.”.Maquiavel ensina como tomar o poder e implora
que alguém o faça, que alguém unifique a Itália. Tanto ele não prega que disseminem o
mal, que tudo o que ensina é para salvar sua pátria, ele e o povo. Procura um príncipe
virtuoso que faça o bem para si, para o povo e para a pátria.
Certas citações de Nicolau Maquiavel tem grande contexto no que se refere a
organização política e social da atualidade:
"...as alterações nascem principalmente de uma dificuldade natural a todos os principados
novos, que consiste no fato de os homens gostarem de mudar de senhor, acreditando
com isso melhorar."
 Tal citação se enquadra bem na polótica atual, onde nós pensamos que com cada
mudança de presidente, governador ou prefeito, conseguiremos melhorar. O povo
brasileiro a cada mudança de governantes renova suas esperanças achando que
assim os problemas sociais e economicos serão resolvidos. Da mesma forma é
uma dificuldade sofrida por um príncipe novo, pois este será criticado, e tentativas
de lhe tirarem do poder não faltaram, mesmo não sendo a melhor solução a sua
mudança, essa cultura como sabemos prevalece até hoje, onde é difícil a
reeleição de um político, e nota-se que quando esta se dá, seria muito mais difícil
tirá-lo do poder devido à cultura de longa data que estabeleceu. Um exemplo claro
é visto no ex presidente Luiza Inacio Lula da Silva, que dificilmente sairia do poder
se pudesse ter concorrido a presidencia novamente.
"Aqueles que, somente pela fortuna, de cidadãos particulares se tornam príncipes fazem-
no com pouco esforço, mas com muito esforço se mantêm. E não encontram dificuldade
no caminho porque passam voando por ele: mas todas as dificuldades surgem quando
chegam ao destino."
 Para se manter a posição ocupada, não basta apenas sorte, mas sim competência
para tal, se foi fácil chegar até lá, não tão simples pode ser de se manter. Quando
se esta num lugar alto, com certeza outros gostariam e querem estar no seu lugar,
e caso você não tenha competência para manter o lugar conquistado, mais cedo
do que se pensa perderá o trono. Um exemplo, na área da Administração é um
funcionário que assumiu o cargo de gerente por conhecer as rotinas da empresa,
se ele não for capaz o suficiente para tal função, logo, outro mais qualificado lhe
tirará do lugar, ao menos que o primeiro tenha meios de se manter.
"[...] deve um príncipe viver com seus súditos de forma que nenhum incidente, mau ou
bom, faça variar seu comportamento: porque, vindo às vicissitudes em tempos adversos,
não terás tempo para o mal, e o bem que fizeres não te será creditado, porque julgarão
que o fizeste forçado..."
 Se o príncipe, mudar seu comportamento sendo agressivo em alguns momentos
por algum motivo qualquer que o seja, e crueldades começar a fazer por não se
agradar de alguma coisa, pode este, futuramente, em situação desfavorável, fazer
alguma obra, para se fazer parecer bom, mas então lhe dirão que só fez aquilo,
pois necessitava, porque no resto do tempo, sempre foi mal, e agora por
necessidade, muda seu comportamento, despertando a desconfiança do povo.
Não cabe só aos príncipes esta observação, mas a todos nós, que não devemos
fazer alguma coisa a alguém apenas por interesse, se no resto do tempo, não
mexemos uma "palha" sequer, com certeza, verão nosso interesse, e não será
considerado por ninguém.
"[...] aquele que não detecta no nascedouro os males de um principado não é
verdadeiramente sábio."
 É muito mais difícil corrigir do que prevenir, da mesma forma acontece conosco
todo dia, se não prevenimos, ou seja se não antecipamos os males que irão nos
afligir, dificilmente estes são contornados sem problemas. Em uma empresa é fácil
notar isso, por exemplo se uma empresa não notar que as vendas em fevereiro
irão cair, e tiver grande quantidade de estoque, perderão dinheiro com isso, cabe
ao administrador anteceder os males e corta-los antes que causem algum dano.
"[...] deves parecer clemente, fiel, humano, integro, religioso - e sê-lo, mas com a
condição de estares com o ânimo disposto a, quando necessário, não o seres de modo
que possas e saibas como tornar-te o contrário."
 O governante segundo Maquiavel deve ter essas cinco qualidades, mas da
mesma forma, saber, usar de maneira que lhe seja proveitosas, deve-se usar da
astúcia, de quando e como é a melhor forma de demonstrar qualidades ou não
demonstra-las, pois caso precise deve-se ser firme e as vezes até cruel. Cabem
aos governantes, dirigentes, diretores, usar de bom senso onde possam
demonstrar essas qualidades, mesmo não a tendo elas, mas que saibam usar ao
seu favor.
"Nada torna um príncipe tão estimado quanto realizar grandes empreendimentos e dar
de si raros exemplos"
 Como pode um príncipe cobrar dos súditos algo que ele não faz? Como pode
exigir um Presidente, honestidade do seu povo, se ele não é honesto? Como pode
um administrador pedir empenho dos seus funcionários, se este não o faz? A
melhor maneira para cobrar algo e ser reconhecido por isso é dar o exemplo, é
fazer aquilo que os outros não esperam, é surpreender para encantar e conseguir
um lugar alto.
Acerca da importancia da obra de Nicolau Maquiavel para o curso de Serviço
Social, pude perceber que as explicações referentes ao funcionamento do Estado e como
se chega ao Poder aumenta o campo de visão e a analise crítica de um aluno deste
curso. O uso de bem e do mau de acordo com a conveniencia, situação defendida por
Maquiavel, podem resultar nas chamadas Questoes Sociais presentes no cotidiano atual.
Questoes estas que são a base do trabalho de um assistente social. Ao ler tal obra tomei
a liberdade de pesquisar alguns conceitos formados pela mesma. Ao ler alguns artigos
acerca de O Principe encontrei conceitos que de certa forma nos dias de hoje podem ser
relacionados a situação social contemporanea.
"Percebemos na obra alguns conceitos básicos:
Verdade efetiva: Ver e examinar as coisas como elas realmente são e não como
gostaríamos que elas fossem.
Natureza humana: Em Maquiavel o ser humano é ruim (ontem, hoje e sempre), busca o
êxito acima de qualquer coisa, sem levar em consideração valores éticos; os homens são
ingratos, volúveis, simuladores, covardes ante o perigo e ávidos de lucro.
Historia cíclica: A Historia é cíclica e repete-se indefinidamente; assim, a ordem sucede a
desordem e esta, por sua vez, chama por uma nova ordem.
Para Maquiavel, diante de seres ruins, como são os homens, o Estado deve ser forte e as
leis devem ser rígidas, pois o ser humano tem a corrupção em sua natureza. Onde quer
que este venha a agir haverá corrupção, onde a ação forte do Estado mediante leis
rígidas é garantia de manutenção da ordem.”
(http://angelicarocha26.blogspot.com.br/2012/05/uma-analise-da-obra-o-principe-de.html)
Através destes conceitos percebi que certas parte do cotidiano em que vivemos
ainda funcionam assim. Como Maquiavel defende as leis devem ser rigidas já que o ser
humano tem a maldade como algo natural em si. O funcionamento das leis na
organização de um país tem como objetivo principal evitar a violencia e os maus atos por
parte do ser humano, colocando ordem na sociedade. Maquiavel em sua obra não
defende a maldade, preciso salientar, este defende que o principe haja de acordo com o
que for conveniente. O autor alega que o homem é ruim, essa caracterista faz parte de
sua natureza; ele sempre buscara o exito independente dos valores éticos. Pode-se
perceber isso no atual modo de produção capitalista, neste o homem esplora outros
homens, os ilude através do fetichismo da mercadoria e de politicas sociais para que
possa contunuar a enrriquecer. Para grandes empresários, em sua maioria, nao importa
os problems de saude ou psicologicos que possam ser causados em seu funcionarios
através da rotina do trabalho. Este sempre terá como objetivo principal sua realização
pessoal, o que não deixa cair por terra a concepção de Maquiavel acerca da natureza
ruim do homem.
Pude perceber uma relação entre o principe de Maquiavel e os Papas da Igreja
Católica.O Papa é o líder espiritual da Igreja Católica, mas também é um líder político. É o
chefe de Estado do Vaticano, por isso, suas ações podem ser discutidas sob a ótica da
política. De acordo com Maquiavel todo o poder emanava do Príncipe e em seu nome era
exercido. Para ele aos olhos do povo o Príncipe deve sempre ser bom. Para todos os
efeitos, ele só faz o bem. Todas as decisões impopulares tomadas pelo príncipe são
executadas por seus capitães, e a eles são creditadas. Assim, se e quando algo dá
errado, quem perde a cabeça são os capitães. O príncipe sempre sai ileso. Podemos
perceber as concepções defendidas por Maquivel na Igreja Católica, o Papa possui
grande influencia na política, economia e sociedade e muitas vezes acaba por tomar
decisões que não são de todo boas porém sempre sairá com boa reputação.

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  • 1. O Príncipe – Nicolau Maquiave l abril 2 2013 Trabalho final referente à obra O príncipe de Nicolau Maquiavel. Apresentado pela discente Gabriela Santiago Coelho, do curso Serviço Social/ 2° período.Turma 2012/1 Disciplina : Teoria Política. Docente: Leandro. Universidade Federal de Ouro Preto- ICSA- Campus Mariana. Trabalho Final
  • 2. __________________________________________________________________ GABRIELA SANTIAGO COELHO SERVIÇO SOCIAL/ 2° PERÍODO O Príncipe Nicolau Maquiavel UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO Campus ICSA- Mariana
  • 3. ________________________________________________________________________ MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. 2. ed. tradução: Roberto Grassi. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972. O PRÍNCIPE- NICOLAU MAQUIAVEL Palavras-chave: Príncipe, Estado, principados. Esta obra se trata de, certamente, umas das mais conhecida do autor, pensador e filósofo Nicolau Maquiavel. Em sua obra "O Príncipe", este busca expressar suas perspectivas acerca de Estado e Poder. No início do livro, Maquiavel dedica tal obra a Lorenzo II da Casa dos Medici. No capítulo I "De quantas espécies são os principados e dos modos de conquistá-los" Maquiavel defende que todos os Estados são republicas ou principados. Os principados podem ser hereditários ou novos, sendo que os novos são inteiramente novos ou são anexados a um Estado por herança.A conquista destes pode ocorrer pela boa sorte ou pelo valor. No capítulo II "Dos principados hereditários" Maquiavel aborda acerca das ideias de principados. De acordo com ele manter e governar um principado hereditário é algo fácil, já que há uma afeição do povo em relação à família. Deste modo basta ao novo príncipe seguir os preceitos defendidos pela familia a qual pertence; sendo que neste caso já se conhece, por parte do príncipe, a melhor maneira de consuzir o Estado. Neste capítulo o autor tem como objetivo principal expressar como se dá a conquista e sustentação de um principado hereditario. No capítulo III "Dos principados mistos", o autor explica que principados mistos são anexados a um Estado hereditário e possuem dificuldade principais iguais as dos principados novos. "Mas é nos principados novos que residem as dificuldades. Em primeiro lugar, se não é totalmente novo mas sim como membro anexado a um Estado hereditário (que, em seu conjunto, pode chamar-se "quase misto"), as suas variações resultam principalmente de uma natural dificuldade inerente a todos os principados novos [...]" (Pag.41) Independente a da força do exército que um príncipe pode vir a ter sempre será
  • 4. necessario o apoio popular para que este entre em uma província.Maquiavel defende que Estados conquistados e anexados a um Estado antigo, se forem da mesma língua, são facilmente dominados. Porém caso o Estado conquistado e anexado não seja da mesma língua e província, basta fazer desaparecer a linha do príncipe que o dominava, pois mantendo-se na condição das coisas antigas os homens vivem calmamente. Para que o conquistador mantenha-os o autor propõe duas regra, sendo que a primeira consiste em fazer extinguir o sangue do príncipe anterior; e a segunda consiste em não alterar as leis nem os impostos. "E quem conquista, querendo conservá-los, deve adotar duas medidas: a primeira, fazer com que a linhagem do antigo príncipe seja extinta; a outra, aquela de não alterar nem as suas leis nem os impostos; por tal forma, dentro de mui curto lapso de tempo, o território conquistado passa a constituir um corpo todo com o principado antigo." (Pag. 42-43) Deste modo de uma maneira breve ocorrerá a união ao antigo Estado. Para o autor as dificuldades em relação à conquista do Estado surgem quanto esta se dá em uma província de língua e costumes diferentes, neste caso boa sorte e grande habilidade por parte do conquistados serão necessarias para que tal conquista seja conservada. Se o príncipe seguir as regras propostas por Maquiavel os suditos ficarão satisfeitos, será mais difícil a existencia de ataques e a conquista dificilmente será perdida. No capítulo IV, "Por que razão o reino de Dario, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra os sucessores deste após a morte de Alexandre", o autor expressa o modo com que são dominados os principados. Estes podem ser dominados de dois modos, sendo que o primeiro consiste na dominação por um príncipe ajudado por ministros e o segundo consiste na dominação por um príncipe e barões. estes que graças a hereditariedade possuem grandes poderes, independentemente da vontade do príncipe. Na primeira forma de governo, o principe é o senhor absoluto já na segunda os barões possuem domínios e súditos próprios. Para exemplificar tal relação Maquiavel cita como exemplos o Império Grão-Turco e o Reinado da França. "Os exemplos dessas duas espécies de governo são, nos nossos tempos, o Turco e o rei de França. Toda a monarquia do Turco é dirigida por um senhor: os outros são seus servos; dividindo o seu reino em sandjaks, para aí manda diversos administradores e os
  • 5. muda e varia de acordo com sua própria vontade. Mas o rei de França está em meio a uma multidão de antigos senhores que, nessa qualidade, são reconhecidos pelos seus súditos e por eles amados: têm as suas preeminências e não pode o rei privá-los das mesmas sem perigo para si próprio. Quem tiver em mira, pois, um e outro desses governos, encontrará dificuldades para conquistar o Estado Turco, mas, vencido que seja este, encontrará grande facilidade para conservá-lo, Ao contrário, encontrar-se-á em todos os sentidos maior facilidade para ocupar o Estado de França, mas grande dificuldade para mantê-lo." (Pag. 51-52) No capítulo V, "Da maneira de conservar cidades ou principados que antes da ocupação, se regiam por leis próprias" Maquiavel diz que existem tres modos para manter a posse em tais lugares com leis próprias, sendo que em primeira linha pose-se arruina-los, o segundo modo refere-se a habita-los e por último deixá-los viver com suas leis, arrecadando tributo e criando um governo de poucos. O autor considera a terceira forma como a menos eficaz já que por mais que se faça os cidadãos sempre se lembraram de como era a vida antes da invasão. Deste modo, para conservar uma república conquistada, o caminho mais seguro é destruí-la ou habitá-la pessoalmente. "Quando aqueles Estados que se conquistam, como foi dito, estão habituados a viver com suas próprias leis e em liberdade, existem três modos de conservá-los: o primeiro, arruiná-los; o outro, ir habitá-los pessoalmente; o terceiro, deixá-los viver com suas leis, arrecadando um tributo e criando em seu interior um governo de poucos, que se conservam amigos, porque, sendo esse governo criado por aquele príncipe, sabe que não pode permanecer sem sua amizade e seu poder, e há que fazer tudo por conservá- los. Querendo preservar uma cidade habituada a viver livre, mais facilmente que por qualquer outro modo se a conserva por intermédio de seus cidadãos." (Pag. 55) No capítulo VI, " Dos principados novos que se conquistam pelas próprias armas e valor", Maquiavel começa alegando que os homens trilham quase sempre estradas já percorridas, sendo que um homem prudente deve assim escolher os caminhos já percorridos pelos grande homens e imitá-los. De acordo com o autor: "[...] no principado completamente novo, onde exista um novo príncipe, encontra-se menor ou maior dificuldade para mantê-lo, segundo seja mais ou menos virtuoso quem o
  • 6. conquiste. E porque o elevar-se de particular a príncipe pressupõe ou virtude ou boa sorte, parece que uma ou outra dessas duas razões mitigue em parte muitas dificuldades; não obstante, tem-se observado, aquele que menos se apoiou na sorte reteve o poder mais seguramente. Gera ainda facilidade o fato de, por não possuir outros Estados, ser o príncipe obrigado a vir habitá-lo pessoalmente." (Pag. 57) Para este, a principal dificuldade no processo de conquista nasce da tentativa de introduzir novas leis e costumes para a fundação de seu Estado. O novo legislador terá por inimigos todos aqueles a quem as antigas leis beneficiavam, e terá tímidos defensores, pois ainda não há nada consolidado. No capítulo VII, "Dos principados novos que se conquistam com armas e a fortuna de outrem", o autor diz que aqueles homens que favorecidos somente pela sorte se tornam príncipes, não conseguem se manter com a mesma facilidade na qual conseguem chegar ao posto. Isto acontece quando o Estado é concedido ao príncipe por dinheiro ou pela graça de quem o concede. No capítulo VIII, "Dos que alcançaram o principado pelo crime", Maquiavel demonstra duas maneiras as quais se tornar principe não pode ser atribuído a fortuna ou ao mérito. A primeira se refere a um principe que chega ao principado através da maldade, contrariando leis humanas e/ou divinas; já a segunda se refere a um principe que chega a este posto por mercê do favor de seus conterrâneos. "Por isso é de notar-se que, ao ocupar um Estado, deve o conquistador exercer todas aquelas ofensas que se lhe tornem necessárias, fazendo-as todas a um tempo só para não precisar renová-las a cada dia e poder, assim, dar segurança aos homens e conquistá-los com benefícios, Quem age diversamente, ou por timidez ou por mau conselho, tem sempre necessidade de conservar a faca na mão, não podendo nunca confiar em seus súditos, pois que estes nele também não podem ter confiança diante das novas e contínuas injúrias. Portanto, as ofensas devem ser feitas todas de uma só vez, a fim de que, pouco degustadas, ofendam menos, ao passo que os benefícios devem ser feitos aos poucos, para que sejam melhor apreciados. Acima de tudo, um príncipe deve viver com seus súditos de modo que nenhum acidente, bom ou mau, o faça variar: porque, surgindo pelos tempos adversos a necessidade, não estarás em tempo de fazer o mal, e o bem que tu fizeres não te será útil eis que, julgado forçado, não trará gratidão."(Pag. 72-73)
  • 7. No capítulo IX, "Do principado civil", o autor inicia alegando que quando um cidadão privado se torna principe de sua patria por meio de seus concidadãos, ou isto ocorre com o apoio do povo, ou como o apoio dos grandes. Tal cenário é contraditório, sendo que o povo não deseja ser dirigido ou oprimido pelos grande, e estes por sua vez tem como desejo dirigir e oprimir o povo. Desta contradição surgem tres efeitos, sendo estes o principado, a liberdade e, a desordem. "O que chega ao principado com a ajuda dos grandes se mantém com mais dificuldade daquele que ascende ao posto com o apoio do povo, pois se encontra príncipe com muitos ao redor a lhe parecerem seus iguais e, por isso, não pode nem governar nem manobrar como entender. [...] Mas aquele que chega ao principado com o favor popular, aí se encontra só e ao seu derredor não tem ninguém ou são pouquíssimos que não estejam preparados para obedecer." (Pag. 75-76) De acordo com o autor, o principado é estabelecido pelo povo ou pelos grandes, de acordo com as oportunidade que se tem no momento. Pra satisfazer o povo é facil,segundo Maquiavel, pois já que este tem apenas o desejo de não ser oprimido e o pior que um príncipe pode esperar de um povo hostil é ser abandonado. Porém a inimizade dos grandes é algo que deve ser temido pelo principe, já que estes o podem atacar. Maquiavel divide os grandes em dois grupos: "E, para melhor esclarecer esta parte, digo que os grandes devem ser considerados em dois grupos principais: ou procedem por forma a se obrigarem totalmente à tua fortuna, ou não. Os que se obrigam e não são rapaces, devem ser considerados e amados. Os que não se obrigam devem ser encarados de dois modos: se fazem isso por pusilanimidade ou por natural defeito de espírito, deverás servir-te deles, máxime que são bons conselheiros, porque na prosperidade isso te honrará e na adversidade não precisarás temê-los. Mas quando eles, ardilosamente, não se obrigam por ambição, é sinal que pensam mais em si próprios do que em ti: desses deve o príncipe guardar-se temendo-os como se fossem inimigos declarados, porque sempre, na adversidade, ajudarão a arruiná-lo." (Pag. 76) De acordo com as ideias do autor, quem se torna príncipe pelo povo deve mante- lo como amigo, mas aquele que se torna príncipe através do apoio doa grandes, deve de alguma forma tentar conquistar o povo. Tal conquista é fácil, sendo que basta o principe
  • 8. fazer algo de bom ao povo, que por sua vez só espera atitudes ruins por parte deste, e assim este se obrigará mais com o novo benfeitor. No capítulo X, "Como se devem medir as forças de todos os principados", é defendido que é importante considerar a força de um principe em relação ao seu Estado, para que em tempo de necessidades ele possa se manter ou precise da ajuda de terceiros. Um principado forte tem dinheiro e homens para resistir a qualquer invasor. Um principado fraco é aquele que não consegue lutar uma batalha em campo aberto e precisa se refugiar detrás de seus muros. Assim um príncipe que tenha uma cidade forte e não seja odiado por seu povo, não pode ser atacado. No capítulo XI, "Dos principados eclesiásticos", estes podem ser conquistados ou pelo martírio ou pela sorte, sendo que são mantidos atraves da rotina da religião. Os principados eclesiasticos são aqueles que possuem Estados e não os defendem, possuem súditos e não governam e seus Estados, apesar de indefesos, não são arrebatados. Só esses principados são seguros e felizes, pois são protegidos por Deus. No capítulo XII, "Dos gêneros de milícias e dos soldados mercenários", o autor diz que boas leis e boas armas são as principais bases de um Estado. Sendo as forças que um príncipe dispõe para manter um Estado ou são próprias ou são mercenárias auxiliares, ou mistas. Para o autor as forças mercenárias e auxiliares são inúteis e perigosas, pois não amam o príncipe apenas lutam com ele por dinheiro, o que não basta para que morram por ele. "Digo, pois, que as armas com as quais um príncipe defende o seu Estado, ou são suas próprias ou são mercenárias, ou auxiliares ou mistas. As mercenárias e as auxiliares são inúteis e perigosas e, se alguém tem o seu Estado apoiado nas tropas mercenárias, jamais estará firme e seguro, porque elas são desunidas, ambiciosas, indisciplinadas, infiéis; galhardas entre os amigos, vis entre os inimigos; não têm temor a Deus e não têm fé nos homens, e tanto se adia a ruína, quanto se transfere o assalto; na paz se é espoliado por elas, na guerra, pelos inimigos. A razão disto é que elas não têm outro amor nem outra razão que as mantenha em campo, a não ser um pouco de soldo, o qual não é suficiente para fazer com que queiram morrer por ti. Querem muito ser teus soldados
  • 9. enquanto não estás em guerra, mas, quando esta surge, querem fugir ou ir embora." (Pag. 87-89) No capitulo XIII, "Das tropas auxiliares, mistas e nativas", o autor inicia defendendo que: "As tropas auxiliares, que são as outras forças inúteis, são aquelas que se apresentam quando chamas um poderoso para que, com seus exércitos, te venha ajudar e defender, como fez em tempos recentes o Papa Júlio que, tendo visto na campanha de Ferrara a triste figura de suas tropas mercenárias, voltou-se para as auxiliares e entrou em acordo com Fernando, rei da Espanha, no sentido de que este, com sua gente e armas, viesse ajudá-lo. Estas tropas auxiliares podem ser úteis e boas para si mesmas, mas, para quem as chame, são quase sempre danosas, eis que perdendo ficas liquidado, vencendo ficas seu prisioneiro."(Pag. 93) Para o autor, o perigo das tropas mercenárias esta na covardia, já nas auxiliares o perigo pode ser visto na bravura. Para este principes prudentes optam por perder com suas tropas a obter uma falsa vitória com as tropas auxiliares, pois estas obedecem somente a outro poderoso. Os exércitos mistos (compostos de mercenários e soldados próprios) são melhores que as tropas auxiliares ou mercenárias e muito inferiores aos exércitos próprios. As forças próprias são aquelas formadas pelos súditos sendo a mais confiável e segura. Acerca das ideias do capítulo, Maquiavel conclui que: "Portanto, aquele que num principado não conhece os males logo no início, não é verdadeiramente sábio, o que é dado a poucos. [...] Concluo, pois, que, sem ter armas próprias, nenhum principado está seguro; ao contrário, fica ele totalmente sujeito à sorte, não havendo virtude que o defenda na adversidade. " (Pag. 96) No capítulo XIV, "Dos deveres do Príncipe para com suas tropas", Maquiavel alega que um principe deve sempre pensar na guerra, na organização e disciplina de suas tropas, sendo este seu objetivo principal. A guerra tem o poder de fazer principes perderem o trono e fazer de cidadaos comuns principes. "Deve o príncipe, portanto, não desviar um momento sequer o seu pensamento do
  • 10. exercício da guerra, o que pode fazer por dois modos: um com a ação, o outro com a mente, Quanto à ação, além de manter bem organizadas e exercitadas as suas tropas, deve estar sempre em caçadas para acostumar o corpo às fadigas e, em parte, para conhecer a natureza dos lugares e saber como surgem os montes, como embocam os vales, como se estendem as planícies, e aprender a natureza dos rios e dos pântanos, pondo muita atenção em tudo isso. Esses conhecimentos são úteis por duas razões: primeiro, aprende-se a conhecer o próprio país e pode-se melhor identificar as defesas que ele oferece; depois, em decorrência do conhecimento e prática daqueles sítios, com facilidade poderá entender qualquer outra região que venha a ter de observar, eis que as colinas, os vales, as planícies, os rios e os pântanos que existem, por exemplo, na Toscana, têm certa semelhança com os das outras províncias, de forma que, do conhecimento do terreno de uma província, se pode passar facilmente ao de outras. O príncipe que seja falto dessa perícia, está desprovido do elemento principal de que necessita um capitão, pois ela ensina a encontrar o inimigo, estabelecer os acampamentos, conduzir os exércitos, ordenar as jornadas, fazer incursões pelas terras com vantagem sobre o inimigo." (Pag. 98) No capitulo XV, "Das razões por que os homens, e especialmente os Príncipes, são louvados ou censurados", é abordada a froma como um principe deve se portar frente a seus suditos. De acordo com Maquiavel, para se manter no poder um principe deve aprender a ser mau, e ultilizar essa maldade de acordo com as necessidades. A qualificação de um principe se da pelas qualidades que lhe trazem reprovação ou louvor, mas este não deve se deixar levar por tais classificações, pois uma virtude se fosse aplicada lhe acarretaria a ruína e um defeito traz a um príncipe segurança e bem-estar. No capitulo XVI, "Da liberdade e da parcimônia", Maquiavel defende que para ser considerado um liberal, um principe não deve omitir nenhuma demonstração de suntuosidade. Esta é muito cara e para mante-la o principe devera onerar o povo, o que fatalmente o fara ser odiado pelo mesmo. Deste modo é mais prudente que o principe tenha fama de miseravel, sendo deste modo uma má fama sem odio por parte do povo, do que ser obrigado a onerar o povo e se tornar odiado. No capitulo XVII, "Da crueldade e da piedade e se é melhor ser amado ou temido", é dito que todo principe tem como desejo ser tido como piedoso e não como cruel, mas este deve empregar de forma conveniente tal piedade.
  • 11. "O príncipe, contudo, deve ser lento no crer e no agir, não se alarmar por si mesmo e proceder por forma equilibrada, com prudência e humanidade, buscando evitar que a excessiva confiança o torne incauto e a demasiada desconfiança o faça intolerável." (Pag. 107) Deste modo nasce a questão: É melhor ser temido ou amado? Para Maquiavel, já que o ser humano não consegue ser os dois é mais seguro que um homem seja temido a ser amado.Este defende que o amor é mantido como um sentimento de obrigação, já o temor pelo receio do castigo. Um príncipe amado cria muitas expectativas e caso estas não sejam logo sanadas ele se tornará odiado. Um príncipe temido é respeitado e a única coisa que ele deve evitar fazer é se tornar odiado. "Concluo, pois, voltando à questão de ser temido e amado, que um príncipe sábio, amando os homens como a eles agrada e sendo por eles temido como deseja, deve apoiar-se naquilo que é seu e não no que é dos outros; deve apenas empenhar-se em fugir ao ódio, como foi dito." (Pag.110) No capitulo XVIII, "De que forma os príncipes devem manter a palavra", Maquiavel define como ideal que um principe mantenha sempre a palavra e viva com integridade, não com a astucia. Para o autor existem duas de combate, sendo uma pela lei e outra pela força, porém nem sempre a primeira é suficiente e acaba sendo preciso recorrer a segunda. Este defende que um príncipe prudente não pode nem deve guardar a palavra quando ela lhe é prejudicial, ou quando as causas que a determinam cessem de existir. O príncipe não precisa possuir todas as virtudes do mundo, basta a ele apenas aparentar possuí-las. Um príncipe, em especial um novo, deve aparentar ser todo piedade, integridade, lealdade, humanidade e religião, em especial este último. Todos vêem o que tu pareces, mas poucos o que és realmente e esses poucos não ousaram contrariar a opinião da maioria. "Procure, pois, um príncipe, vencer e manter o Estado: os meios serão sempre julgados honrosos e por todos louvados, porque o vulgo sempre se deixa levar pelas aparências e pelos resultados, e no mundo não existe senão o vulgo; os poucos não podem existir quando os muitos têm onde se apoiar. Algum príncipe dos tempos atuais, que não convém nomear, não prega senão a paz e fé, mas de uma e outra é ferrenho inimigo; uma e outra, se ele as tivesse praticado, ter-lhe-iam por mais de uma vez tolhido a reputação ou o Estado." (Pag. 113)
  • 12. No capítulo XIX, "De como se deve evitar o ser desprezado e odiado", é defendido que ser usurpador e usar dos bens e das mulheres dos súditos são atitudes que fazemn com que um príncipe seja odiado pelos mesmos. Os homens vivem muito bem se não o tirarem seus bens e sua honra. Para não ser desprezado o príncipe deve evitar ser volúvel, leviano, efeminado, pusilânime, irresoluto. Ele deve procurar passar em seus ações grandeza, coragem, gravidade e fortaleza. Aquele principe que conseguir formar tal opinião de seus súditos terá uma boa reputação, e aquele que a tem não é conspirado ou atacado. O receio das conspirações internas e dos distúrbios externos criados pelos poderosos é um sentimento necessario que o principe devera ter. "O príncipe que dá de si esta opinião é assaz reputado e, contra quem é reputado, só com muita dificuldade se conspira; dificilmente é atacado, desde que se considere excelente e seja reverenciado pelos seus. Na verdade, um príncipe deve ter dois temores: um de ordem interna, de parte de seus súditos, o outro de natureza externa, de parte dos potentados estrangeiros. Destes se defende com boas armas e bons amigos; e sempre que tenha boas armas terá bons amigos. A situação interna, desde que ainda não perturbada por uma conspiração, estará segura sempre que esteja estabilizada a externa; mesmo quando esta se agite, se o príncipe organizou-se e viveu como eu já disse, desde que não desanime, resistirá a qualquer impacto, como salientei ter feito o espartano Nábis." (Pag.115) "Mas, a respeito dos súditos, quando os negócios externos não se agitam, deve-se temer que conspirem secretamente, contra o que o príncipe se assegura firmemente fugindo de ser odiado ou desprezado e mantendo o povo com ele satisfeito; isto é de necessidade seja conseguido, como já acima se falou longamente. Um dos mais poderosos remédios de que um príncipe pode dispor contra as conspirações é não ser odiado pela maioria, porque sempre, quem conjura, pensa com a morte do príncipe satisfazer o povo, mas, quando considera que com isso irá ofendê-lo, não se anima a tomar semelhante partido, mesmo porque as dificuldades com que os conspiradores têm de se defrontar são infinitas. "(Pag. 116) "Concluo, portanto, que um príncipe deve dar pouca importância às conspirações se o povo lhe é benévolo; mas quando este lhe seja adverso e o tenha em ódio, deve temer tudo e a todos. Os Estados bem organizados e os príncipes hábeis têm com toda a
  • 13. diligência procurado não desesperar os grandes e satisfazer o povo conservando-o contente, mesmo porque este é um dos mais importantes assuntos de que um príncipe tenha de tratar." (Pag.117) "Daí pode-se extrair outra conclusão digna de nota: os príncipes devem atribuir a outrem as coisas odiosas, reservando para si aquelas de graça. Novamente concluo que um príncipe deve estimar os grandes, mas não se fazer odiado pelo povo." (Pag. 118) "Deve-se notar inicialmente que, enquanto nos outros principados tem-se de lutar apenas contra a ambição dos grandes e a insolência do povo, os imperadores romanos encontravam uma terceira dificuldade, aquela de terem de suportar a crueldade e a ambição dos soldados." (Pag. 118) "Deve-se notar aqui que o ódio se adquire tanto pelas boas como pelas más ações: como já disse acima, querendo um príncipe conservar o Estado, freqüentemente é forçado a não ser bom, pois quando aquele elemento mais forte, povo, soldados ou grandes, de que julgas necessitar para manter-te, é corrompido, convém que sigas o seu desejo para satisfazê-lo; então, as boas obras tornam-se tuas inimigas." (Pag. 120) "Assim, digo que os príncipes de nossos tempos têm a menos, nos seus governos, esta dificuldade de satisfazer extraordinariamente aos soldados, eis que, não obstante se deva ter para com os mesmos alguma consideração, isso se resolve logo, pois nenhum destes príncipes tem um exército que seja inveterado com os governos e administrações das províncias, como eram os exércitos do Império Romano." (Pag. 127) No capítulo XX, "Se as fortalezas e muitas outras coisas que dia a dia são feitas pelo príncipe são úteis ou não", o autor inicia dizendo que um príncipe nunca desarma seus súditos, se este os encontra desarmados os arma fazendo deles homens fiéis. Ao desarmar uma população um príncipe ofendera a todos, sendo esta uma prova de confiança por parte do mesmo. Deste modo ele será obrigado a recorrer as tropas mercenárias. No cenário no qual um príncipe conquista um novo Estado e o anexa aos seus domínios, é necessário desarmar o Estado conquistado, exceto aqueles que te ajudaram na conquista.Para o autor um príncipe sábio deve formentar com astúcia certas inimizades, para que ele possa derrotar o inimigo e sair engrandecido dessa vitória. O hábito entre os príncipes de construir fortalezas serve de refugio seguro caso sofra algum
  • 14. ataque inesperado. "O príncipe que tiver mais temor de seu povo do que dos estrangeiros, deve construir as fortalezas; mas aquele que sentir mais medo dos estrangeiros que de seu povo, deve abandoná-las.[...] Por isso, a melhor fortaleza que possa existir é o não ser odiado pelo povo: mesmo que tenham fortificações elas de nada valem se o povo te odeia, eis que a este, quando tome das armas, nunca faltam estrangeiros que o socorram. " (Pag.128) No capítulo XXI, "O que a um príncipe convém realizar para ser estimado", Maquiavel diz que nada cria mais estima do que os grandes empreendimentos. Este usa como exemplo Fernando de Aragão e suas grandes e vitoriosas expedições militares. "Um príncipe é estimado, ainda, quando verdadeiro amigo e vero inimigo, isto é, quando sem qualquer consideração se revela em favor de um, contra outro. Esta atitude é sempre mais útil do que ficar neutro, eis que, se dois poderosos vizinhos teus entrarem em luta, ou são de qualidade que vencendo um deles tenhas a temer o vencedor, ou não. Em qualquer um destes dois casos será sempre mais útil o definir-te e fazer guerra digna, porque no primeiro caso se não te definires serás sempre presa do que vencer, com prazer e satisfação do que foi vencido, e não terás razão ou coisa alguma que te defenda nem quem te receba. O vencedor não quer amigos suspeitos ou que não o ajudem nas adversidades; quem perde não te recebe por não teres querido correr a sua sorte de armas em punho." (Pag. 132) No capitulo XXII, "Dos ministros dos príncipes", é abordado acerca do modo de avaliar um principe e seu ministros. A primeira avaliação que se faz sobre a inteligência de um príncipe, se faz pelos homens que ele tem ao seu redor. Bons príncipes escolhem bons ministros e vice-versa. Uma boa forma de escolher um ministro consiste naquela em que se o ministro pensar mais nele do que no príncipe e em todas situações buscar proveito pessoal este é considerado um mau ministro. Deste modo, caso encontre um bom ministro, o príncipe deve mimálo e enriquecê-lo para que ele não deseje outra coisa que não seja servir ao príncipe. No capítulo XXIII, "De como se devem evitar os aduladores", Maquiavel diz que as cortes estão cheias de aduladores e um príncipe prudente deve saber como se defender deles. O único modo de se defender é o príncipe deixando claro que lhe dizer a verdade não o ofende. Mas quando todos dizem a verdade, faltar-te-ão ao respeito.
  • 15. Então o príncipe deve escolher em seu Estado homens sábios e só estes tem o direito de te dizer a verdade e somente das coisas que lhe perguntar.O príncipe deve consultá-los e ouvi-los, então depois deliberar como bem entender, porém nunca deve voltar atrás nesta deliberação ou será arruinado. No capítulo XXIV, "Por que os príncipes da Itália perderam seus Estados", é dito que um príncipe recente é muito mais vigiado que um hereditário, mas se ele mostrar muitas virtudes, será seguido por muito mais homens do que um príncipe de sangue.Os príncipes da Itália perderam seus Estados pelas falhas nas armas, por serem hostilizados pelo povo e por não terem neutralizado os grandes. Estes senhores italianos perderam seus principados hereditários pela própria indolência, pois não se preocuparam na bonança com os períodos de tempestade, e quando este chegou eles fugiram e não se defenderam. No capítulo XXV, "De quanto pode a fortuna nas coisas humanas e de que modo se deve resistir-lhes", tem-se a ideia de que a providência divina é a responsável pelos caminhos de um governo e não há nada que o homem possa fazer para corrigi-las. E como não se pode fazer nada, que se deixe governar pela sorte. Para Maquiavel a fortuna ou sorte é responsável por metade de nossas ações e como temos livre arbítrio somos os responsáveis pela outra metade. E a fortuna apenas se manifesta onde não há resistência organizada. Um príncipe que se apóia somente na fortuna, tende a variar segundo ela no sucesso e no fracasso, pois a sorte não é uma constante. "Concluo, pois, que variando a sorte e permanecendo os homens obstinados nos seus modos de agir, serão felizes enquanto aquela e estes sejam concordes e infelizes quando surgir a discordância. Considero seja melhor ser impetuoso do que dotado de cautela, porque a fortuna é mulher e consequentemente se torna necessário, querendo dominá-la, bater-lhe e contrariá-la; e ela mais se deixa vencer por estes do que por aqueles que procedem friamente. A sorte, porém, como mulher, sempre é amiga dos jovens, porque são menos cautelosos, mais afoitos e com maior audácia a dominam." (Pag. 146) No capítulo XXVI, "Exortação para tomar e livrar a Itália das mãos dos Bárbaros", Maquiavel conclui sua obra clamando aos Médici que tomem o poder em toda a Itália. Para o autor a Itália chegou a um ponto de extremo caos e por isso necessita de um novo príncipe. Este novo príncipe que surgirá para colocar a Itália em ordem deve ser da família Médici. Estes seriam os redentores que protegeriam a Itália das constantes
  • 16. invasões estrangeiras e das lutas internas. Nicolau Maquiavel foi um escritor e pensador que nasceu em Florença e desde os 29 anos atuou na política, onde pode observar e estudar o comportamento daqueles que ocupavam o poder. Através de suas obras e neste trabalho, especialmente, da obra “O Príncipe”, podemos ver que suas perspectivas acerca da política possuem ideias que são vigentes até hoje se formos analisar o contexto político atual. Através de “O Príncipe” Maquiavel, disserta acerca do que é poder, e das manobras e atitudes que um homem deve ter para chegar e se manter nele. Este mostra como as coisas realmente são, e dá uma ideia de que o homem por muitas vezes é mau para conseguir o que quer. Maquiavel não só mostra os caminhos que levam ao poder como os exemplifica. Neste livro, que foi escrito na época do Renascimento, o autor expressa seu desejo de ver a Itália poderosa e unificada. Isto ele deixa claro de maneira mais expressiva especialmente no capítulo XXVI. Através de tal obra Maquiavel busca ensinar , não que se tenha o absolutismo, mas a unificação e estabilidade. Antes de estudar acerca do pensador Maquiavel, tinha uma impressao que o mesmo defendia o mau, ao ouvir os comentários acerca de sua obra achava que o autor tinha ideias que focavam em conseguir o que se quer, custe o que custar, mesmo que para isso precise ser uma pessoa má. Ao ler “O Príncipe” pude mudar de ideia; hoje vejo que o autor descreve o processo da política e do Poder de uma forma realista e não há como negar através dos exemplos que ele próprio citou. Este mostra que há de ter uma conveniencia por parte de um governante, e que este tem que saber a hora certa de ser bom ou mau. Levando tudo isso em consideração é certo dizer que O Príncipe ensina a agir segundo as circunstancias e necessidades, fazendo com que caia por terra também o pejorativo adjetivo maquiavélico. Muitas vezes usado para definir alguém sem escrúpulos e imoral, que age contra a ética em qualquer situação visando unicamente o beneficio próprio. Nicolau prega apenas que a política tem uma moral própria, a qual não se classifica nem como moral, nem como imoral. Isso se deve ao “agir de acordo com as circunstancias”. E ao analisar cuidadosamente seus ensinamentos é possível perceber
  • 17. que ele prega o equilíbrio. O que não significa que não dê valor às qualidades. Nicolau tanto dá valor as qualidades como também as “deseja”, dando preferência aos “bons” meios sempre que possível e aos “maus” sempre que necessário. Maquiavel ressalta ainda que é importante ter o povo ao seu lado. Para o autor um bom governante teria de ter virtude e fortuna. Deste modo, deveria ter habilidade (virtude) e circunstâncias favoráveis (fortuna). Outra conclusão a que chegou foi que “dos homens, em realidade, pode-se dizer genericamente que eles são ingratos, volúveis, fementidos e dissimulados, fugidios quando há perigo, e cobiçosos.”.Maquiavel ensina como tomar o poder e implora que alguém o faça, que alguém unifique a Itália. Tanto ele não prega que disseminem o mal, que tudo o que ensina é para salvar sua pátria, ele e o povo. Procura um príncipe virtuoso que faça o bem para si, para o povo e para a pátria. Certas citações de Nicolau Maquiavel tem grande contexto no que se refere a organização política e social da atualidade: "...as alterações nascem principalmente de uma dificuldade natural a todos os principados novos, que consiste no fato de os homens gostarem de mudar de senhor, acreditando com isso melhorar."  Tal citação se enquadra bem na polótica atual, onde nós pensamos que com cada mudança de presidente, governador ou prefeito, conseguiremos melhorar. O povo brasileiro a cada mudança de governantes renova suas esperanças achando que assim os problemas sociais e economicos serão resolvidos. Da mesma forma é uma dificuldade sofrida por um príncipe novo, pois este será criticado, e tentativas de lhe tirarem do poder não faltaram, mesmo não sendo a melhor solução a sua mudança, essa cultura como sabemos prevalece até hoje, onde é difícil a reeleição de um político, e nota-se que quando esta se dá, seria muito mais difícil tirá-lo do poder devido à cultura de longa data que estabeleceu. Um exemplo claro é visto no ex presidente Luiza Inacio Lula da Silva, que dificilmente sairia do poder se pudesse ter concorrido a presidencia novamente. "Aqueles que, somente pela fortuna, de cidadãos particulares se tornam príncipes fazem- no com pouco esforço, mas com muito esforço se mantêm. E não encontram dificuldade no caminho porque passam voando por ele: mas todas as dificuldades surgem quando chegam ao destino."
  • 18.  Para se manter a posição ocupada, não basta apenas sorte, mas sim competência para tal, se foi fácil chegar até lá, não tão simples pode ser de se manter. Quando se esta num lugar alto, com certeza outros gostariam e querem estar no seu lugar, e caso você não tenha competência para manter o lugar conquistado, mais cedo do que se pensa perderá o trono. Um exemplo, na área da Administração é um funcionário que assumiu o cargo de gerente por conhecer as rotinas da empresa, se ele não for capaz o suficiente para tal função, logo, outro mais qualificado lhe tirará do lugar, ao menos que o primeiro tenha meios de se manter. "[...] deve um príncipe viver com seus súditos de forma que nenhum incidente, mau ou bom, faça variar seu comportamento: porque, vindo às vicissitudes em tempos adversos, não terás tempo para o mal, e o bem que fizeres não te será creditado, porque julgarão que o fizeste forçado..."  Se o príncipe, mudar seu comportamento sendo agressivo em alguns momentos por algum motivo qualquer que o seja, e crueldades começar a fazer por não se agradar de alguma coisa, pode este, futuramente, em situação desfavorável, fazer alguma obra, para se fazer parecer bom, mas então lhe dirão que só fez aquilo, pois necessitava, porque no resto do tempo, sempre foi mal, e agora por necessidade, muda seu comportamento, despertando a desconfiança do povo. Não cabe só aos príncipes esta observação, mas a todos nós, que não devemos fazer alguma coisa a alguém apenas por interesse, se no resto do tempo, não mexemos uma "palha" sequer, com certeza, verão nosso interesse, e não será considerado por ninguém. "[...] aquele que não detecta no nascedouro os males de um principado não é verdadeiramente sábio."  É muito mais difícil corrigir do que prevenir, da mesma forma acontece conosco todo dia, se não prevenimos, ou seja se não antecipamos os males que irão nos afligir, dificilmente estes são contornados sem problemas. Em uma empresa é fácil notar isso, por exemplo se uma empresa não notar que as vendas em fevereiro irão cair, e tiver grande quantidade de estoque, perderão dinheiro com isso, cabe ao administrador anteceder os males e corta-los antes que causem algum dano.
  • 19. "[...] deves parecer clemente, fiel, humano, integro, religioso - e sê-lo, mas com a condição de estares com o ânimo disposto a, quando necessário, não o seres de modo que possas e saibas como tornar-te o contrário."  O governante segundo Maquiavel deve ter essas cinco qualidades, mas da mesma forma, saber, usar de maneira que lhe seja proveitosas, deve-se usar da astúcia, de quando e como é a melhor forma de demonstrar qualidades ou não demonstra-las, pois caso precise deve-se ser firme e as vezes até cruel. Cabem aos governantes, dirigentes, diretores, usar de bom senso onde possam demonstrar essas qualidades, mesmo não a tendo elas, mas que saibam usar ao seu favor. "Nada torna um príncipe tão estimado quanto realizar grandes empreendimentos e dar de si raros exemplos"  Como pode um príncipe cobrar dos súditos algo que ele não faz? Como pode exigir um Presidente, honestidade do seu povo, se ele não é honesto? Como pode um administrador pedir empenho dos seus funcionários, se este não o faz? A melhor maneira para cobrar algo e ser reconhecido por isso é dar o exemplo, é fazer aquilo que os outros não esperam, é surpreender para encantar e conseguir um lugar alto. Acerca da importancia da obra de Nicolau Maquiavel para o curso de Serviço Social, pude perceber que as explicações referentes ao funcionamento do Estado e como se chega ao Poder aumenta o campo de visão e a analise crítica de um aluno deste curso. O uso de bem e do mau de acordo com a conveniencia, situação defendida por Maquiavel, podem resultar nas chamadas Questoes Sociais presentes no cotidiano atual. Questoes estas que são a base do trabalho de um assistente social. Ao ler tal obra tomei a liberdade de pesquisar alguns conceitos formados pela mesma. Ao ler alguns artigos acerca de O Principe encontrei conceitos que de certa forma nos dias de hoje podem ser relacionados a situação social contemporanea. "Percebemos na obra alguns conceitos básicos: Verdade efetiva: Ver e examinar as coisas como elas realmente são e não como
  • 20. gostaríamos que elas fossem. Natureza humana: Em Maquiavel o ser humano é ruim (ontem, hoje e sempre), busca o êxito acima de qualquer coisa, sem levar em consideração valores éticos; os homens são ingratos, volúveis, simuladores, covardes ante o perigo e ávidos de lucro. Historia cíclica: A Historia é cíclica e repete-se indefinidamente; assim, a ordem sucede a desordem e esta, por sua vez, chama por uma nova ordem. Para Maquiavel, diante de seres ruins, como são os homens, o Estado deve ser forte e as leis devem ser rígidas, pois o ser humano tem a corrupção em sua natureza. Onde quer que este venha a agir haverá corrupção, onde a ação forte do Estado mediante leis rígidas é garantia de manutenção da ordem.” (http://angelicarocha26.blogspot.com.br/2012/05/uma-analise-da-obra-o-principe-de.html) Através destes conceitos percebi que certas parte do cotidiano em que vivemos ainda funcionam assim. Como Maquiavel defende as leis devem ser rigidas já que o ser humano tem a maldade como algo natural em si. O funcionamento das leis na organização de um país tem como objetivo principal evitar a violencia e os maus atos por parte do ser humano, colocando ordem na sociedade. Maquiavel em sua obra não defende a maldade, preciso salientar, este defende que o principe haja de acordo com o que for conveniente. O autor alega que o homem é ruim, essa caracterista faz parte de sua natureza; ele sempre buscara o exito independente dos valores éticos. Pode-se perceber isso no atual modo de produção capitalista, neste o homem esplora outros homens, os ilude através do fetichismo da mercadoria e de politicas sociais para que possa contunuar a enrriquecer. Para grandes empresários, em sua maioria, nao importa os problems de saude ou psicologicos que possam ser causados em seu funcionarios através da rotina do trabalho. Este sempre terá como objetivo principal sua realização pessoal, o que não deixa cair por terra a concepção de Maquiavel acerca da natureza ruim do homem. Pude perceber uma relação entre o principe de Maquiavel e os Papas da Igreja Católica.O Papa é o líder espiritual da Igreja Católica, mas também é um líder político. É o chefe de Estado do Vaticano, por isso, suas ações podem ser discutidas sob a ótica da política. De acordo com Maquiavel todo o poder emanava do Príncipe e em seu nome era exercido. Para ele aos olhos do povo o Príncipe deve sempre ser bom. Para todos os efeitos, ele só faz o bem. Todas as decisões impopulares tomadas pelo príncipe são
  • 21. executadas por seus capitães, e a eles são creditadas. Assim, se e quando algo dá errado, quem perde a cabeça são os capitães. O príncipe sempre sai ileso. Podemos perceber as concepções defendidas por Maquivel na Igreja Católica, o Papa possui grande influencia na política, economia e sociedade e muitas vezes acaba por tomar decisões que não são de todo boas porém sempre sairá com boa reputação.