Este documento apresenta informações sobre o NEPP - Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicanálise, incluindo seus objetivos, atividades e eventos. O documento também contém artigos sobre temas psicanalíticos e informações sobre cursos e grupos oferecidos pelo NEPP.
1. Trajetória Analítica
NEPP - NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM PSICANÁLISE
e-mail: nepp@nepp.com.br
:Site www.nepp.com.br
2. FRÁGUA – FREUDIANA
Periódico de Psicanálise
“Foi preciso aparecer um homem chamado Sigmund
Freud, para trazer luz ao mundo quanto às questões do
inconsciente.”
Prof. Sérgio Costa
“O inconsciente havia muito tempo, batia nos portões da
psicologia. A filosofia e a literatura brincavam com ele,
mas a ciência não lhe atribuía nenhum uso”.
Freud
(Obras completas, vol.XXI- pág.181)
Número 1
Belo Horizonte/MG-2013 1
3. FRÁGUA – FREUDIANA
2
1 - APRESENTAÇÃO
1.1 Editorial.................................................................................. 03
1.2 Agenda Semestral – Datas para início de novos grupos....... 05
1.3 O NEPP................................................................................... 06
1.4 Atividades:
Vá ao Cinema com o Psicanalista................................... 10
Quinta
Filosófica................................................................
11
Quinta-Feira
Científica......................................................
12
Acompanhe os Próximos Eventos 13
2 – ARTIGOS
2.1
Transferência – Prof. Sérgio
Costa..........................................
14
2.2 Depressão – Prof. Sérgio Costa............................................. 20
3 – COLETÂNEA
3.1
Construção das Escolas Psicanalíticas – Escola
Freudiana.
21
4 - ARTIGOS
4.1 Crianças mais que “Custosas” – 34
4.2 Pânico, Diagnóstico da Moda – .. 37
4.3 Sensação – Prof. Sérgio Costa............................................... 40
5 - PROJETOS E PUBLICAÇÕES DO NEPP
5.1
Número 1
Belo Horizonte/MG-2013
4. FRÁGUA – FREUDIANA
O NEPP
3
Número 1
Belo Horizonte/MG-2013
Prof. Sergio Costa
https://www.facebook.com/cafecompsicanalista
http://revistanepp.blogspot.com.br/
nepp@nepp.com.br
www.nepp.com.br
5. FRÁGUA – FREUDIANA
EDITORIAL
4
EDITORIAL
Prof. Sérgio Costa
Quando criei o NEPP o fiz com o propósito de fazer dele um
lugar onde se estuda psicanálise ortodoxa freudiana, isto é, onde se
conhece grandes pensadores, mas se estuda Freud.
Sempre me incomodou o fato de que a grande maioria dos que
falam de Freud não o conhecem e nem o lêem. Além disso, foi uma
maneira que encontrei para prestar uma homenagem ao mestre pelo
enorme bem que seus ensinamentos têm-me feito ser testemunha ao
longo de minha clínica psicanalítica freudiana ortodoxa.
Nunca me arrependi desta decisão e cada vez mais tenho a
certeza de haver acertado: o NEPP superou todas as expectativas,
mesmo as mais otimistas. Sem medo de incorrer em erro posso
afirmar com convicção que o NEPP não teve o triste destino de tantas
outras escolas psicanalíticas, praticamente sem alunos nos seus
quadros, principalmente por que o NEPP sempre continuará fazendo
como o próprio Freud fez: manter as suas portas abertas a todos
aqueles que têm o interesse de estudar psicanálise ortodoxa
freudiana, sem distinção ou discriminação de qualquer tipo. Não
podemos nos esquecer que Otto Rank era um mecânico quando
começou a freqüentar as quartas-feiras em casa de Sigmund Freud
(vol.XIV, Obras Completas de Freud).
Nos seus pouquíssimos 4 anos de existência, o NEPP conquistou
grandes vitórias. Já passaram por aqui muitos associados. Destes,
alguns solicitaram e obtiveram o passe e são hoje psicanalistas
atuantes. Outros tantos solicitaram e obtiveram certificados em
Metapsicologia Freudiana (teoria psicanalítica), em Psicopatologia
Analítica, em Transferência. Foi publicado, no ano de 2004, o primeiro
número da Revista de Psicanálise, apresentando vários artigos dos
nossos profissionais e em 2005 o segundo número, que trouxe os
resultado estatísticos de uma pesquisa realizada por psicanalistas
formados por nós, sobre o perfil atual da família mineira.
Número 1
Belo Horizonte/MG-2013
6. FRÁGUA – FREUDIANA
EDITORIAL
5
O NEPP foi também homenageado pela UNESCO com a
publicação de um artigo sobre o trabalho realizado em parceria com a
UFMG no Projeto Caparaó – Uma Comunidade de Aprendizagem, no
volume 3 da Coleção Evaluacion De Proyectos De Desarrollo Educativo
Local – IIPE – UNESCO, também no ano de 2004.
Realizou o 1º Congresso de Direito e Psicanálise, na cidade de
Conselheiro Lafaiete/MG em parceria com a OAB, bem como 2
simpósios em BH. Participou do 2º Congresso de Psicanálise da Bahia
e do 1º Congresso de Resgate à Memória Freudiana no Rio de Janeiro,
além de vários artigos publicados no Jornal do Brasil e na Revista
Psicologia Brasil.
O NEPP / Divinópolis é uma realidade: contamos com 12
membros associados atualmente.
E hoje, com grande emoção, lhes apresento o nosso periódico a
Frágua–Freudiana, que surge da imperiosa necessidade de um lugar
onde (desaguar) encontrar a produção do associado do NEPP. É mais
uma conquista e mais uma grande vitória de todos os que fazem do
NEPP o que ele é. E estejam certos: foi a excelência da produção de
cada associado que fez surgir este periódico, que servirá como
instrumento de estreitamento dos vínculos não apenas daqueles que
atualmente estudam e trabalham no NEPP, mas também de todos os
que se encontram fisicamente distantes pelas circunstâncias da vida.
Sinto-me bem por ter criado o NEPP e sinto-me especialmente
bem de poder inaugurar a Frágua–Freudiana que se destina ser mais
um lugar aberto a todos os que se propõem a navegar nos oceanos
do saber freudiano guiados pelo próprio Sigmund Freud.
A Frágua–Freudiana é agora uma realidade em nossas mãos:
um analécto de psicanálise freudiana ortodoxa do associado do
NEPP.
Parabéns a todos nós, sem esquecer que
“só se é original quando se é tal e qual o mestre”
Número 1
Belo Horizonte/MG-2013
7. FRÁGUA – FREUDIANA
O NEPP
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FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE
Público alvo: profissionais de diversas áreas,
interessados nos estudos da Psicanálise
Freudiana.
Início: 06 de JULHO de 2013.
TRANSFERÊNCIA
Público alvo: profissionais de diversas áreas,
interessados no conhecimento do manejo da
Transferência para aplicação profissional.
Início:
FAÇA A SUA INSCRIÇÃO
Informações pelo telefone: (31) 3241-2042
Ou pelo e-mail: neppbh@yahoo.com.br
NOVOS GRUPOS
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8. FRÁGUA – FREUDIANA
O NEPP
7
O NEPP
O NEPP – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicanálise - é uma
associação, fundada em 02 de setembro do ano de 1999, sem
vinculação político-partidária ou religiosa, sem distinção de raça, cor,
sexo ou nacionalidade.
Sua sede administrativa é em Belo Horizonte/MG, tendo um
núcleo de estudos em Divinópolis/MG, atuando sem limites ou
restrições, tanto geográficas como políticas.
Constituído por psicanalistas clínicos, voltados para o estudo
contínuo da Psicanálise, tem a missão de contribuir e estimular o seu
desenvolvimento, de acordo com as normas e finalidades legais,
dentro de uma didática interdisciplinar e multidisciplinar, por acreditar
na conexão da Psicanálise com as demais áreas do saber,
contribuindo com o exercício das demais profissões.
Procura formar psicanalistas e estudiosos, desenvolvendo a
escuta psicanalítica apoiada na transferência, e o conhecimento do
sujeito e suas organizações patológicas, associadas às demandas do
mundo contemporâneo.
Além da transmissão da Psicanálise baseada nas obras
freudianas, estudam-se outros autores.
Para tanto, oferece cursos, seminários, encontros científicos,
estudos de casos clínicos, análises de filmes, projetos e pesquisas
voltadas para a área da educação, análise de causas e efeitos da
violência social, familiar, etc.
Tem ainda, uma biblioteca com um vasto acervo de livros e
filmes para estudos e pesquisas, à disposição de seus membros e dos
proponentes a psicanalistas que se encontram em formação.
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9. FRÁGUA – FREUDIANA
O NEPP
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CRITÉRIOS DE SELEÇÃO
Qualquer pessoa interessada pode fazer sua formação de
psicanalista ?
“Durante muito tempo, a formação exigia a condição mínima de
o candidato ser médico; no entanto, aos poucos a IPA foi
reconhecendo que alguns postulantes que não eram médicos
demonstravam um talento especial para o exercício da investigação e
da prática analítica, de sorte que as portas foram se abrindo para
outros profissionais, muito especialmente para psicólogos.
Na atualidade, a IPA concede certa autonomia para que, em
separado, cada sociedade psicanalítica a ela filiada, com o seu
respectivo instituto de ensino, use critérios próprios. Dessa forma,
não são raros os psicanalistas de formação oficial que, além de
médicos psiquiatras e psicólogos, sejam médicos em geral,
sociólogos, assistentes sociais, matemáticos, filósofos, etc. A
exigência mais enfática é de que a seleção dos candidatos à formação
seja bastante rigorosa e que, uma vez admitidos, o acompanhamento
da evolução deles seja igualmente acompanhada de perto e de forma
permanente”.
(David E. Zimermam, Psicanálise em Perguntas e Respostas, p.81).
O NEPP apresenta como requisitos essenciais à formação, a
supervisão individual do trabalho clínico, análises pessoais e didáticas,
participação nos grupos de estudos e a produção de material
científico.
A Psicanálise não é um saber médico. Como critério de seleção,
o proponente à psicanalista no NEPP, se submeterá a um período
probatório, correspondente aos primeiros 9 (nove) meses, no qual
estará na condição de neófito, produzindo material científico,
participando dos seminários científicos, de encontros para estudos de
casos clínicos e demais eventos realizados, bem como em processo de
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10. FRÁGUA – FREUDIANA
O NEPP
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análise, pois assim entendemos que, o direito ao saber e ao
autoconhecimento não pode ser negado ao ser humano. E o NEPP,
por estar de acordo com a Constituição Brasileira assim entende que
os princípios básicos da cidadania partem do princípio que a melhor
seleção para se tornar um profissional da Psicanálise é quando o
proponente, por si só, se seleciona dentro dos padrões éticos e
morais da instituição da qual faz parte.
Novas Turmas
FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE
TRANSFERÊNCIA
Inscreva-se!
Início:
Número 1
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FRÁGUA-FREUDIANA
REVISTA DE PSICANÁLISE
Número 1
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ATIVIDADESABERTAS AOPÚBLICO
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Se você é interessado nos estudos e temas
da Psicanálise, venha participar!
“VÁ AO CINEMA COM O PSICANALISTA”
PROJETOS PARA O SEGUDO SIMESTE.
Apresentação de um filme e estudo dentro da
visão psicanalítica.
Nó na Garganta Psicose 10hs Prof. Sérgio Costa
*A letra
Escarlate
Sociologia 10hs
A Rainha Margot Histeria 10hs
*uma abordagem psicanalítica com um paralelo teológico.
A participação é gratuita
As inscrições devem ser feitas antecipadamente pelo telefone
(31) 3241-2042
Limitado a 20 lugares.
“QUINTA FILOSÓFICA”
1ª Quinta-Feira de cada mês.
ATIVIDADES ABERTAS AO PÚBLICO
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13. FRÁGUA – FREUDIANA
ATIVIDADESABERTAS AOPÚBLICO
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Estudo de temas relacionados à Filosofia e
Psicanálise.
Data Tema Horário Coordenação
Nietsche e a psicose
19:30 Prof. José Luiz
Deroma
Sartre - Implicações
Filosóficas no
Entendimento da
Angústia
19:30 Prof. Sérgio Costa
Kiekegaard -
Implicações filosóficas
no entendimento da
angústia
19:30 Prof. Davi Kinispel
Heidegger -
Implicações filosóficas
no entendimento da
angústia
19:30
Prof. José Luiz
Deroma
A participação é gratuita
As inscrições devem ser feitas antecipadamente pelo telefone
(31) 3241-2042
Limitado a 20 lugares.
“QUINTA CIENTIFICA”
Última Quinta-Feira de cada mês.
Número 1
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ATIVIDADESABERTAS AOPÚBLICO
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Estudo de casos clínicos.
Data Horário Tema Apresentador
19:40hs Psicose
Prof. Sérgio Costa
Prof. Sérgio Costa
19:40hs
Interpretação
de sonhos
Prof.José Luiz Deroma e
Silva
Prof. Sérgio Costa
19:40hs Histeria
19:40hs
Transtorno de
Personalidade
Borderline
Prof. Sérgio Costa
19:40hs *O Ciúme Prof. Sérgio Costa
*uma análise do personagem Bento Santiago – protagonista do livro Dom
Casmurro de Machado de Assis.
A participação é gratuita
As inscrições devem ser feitas antecipadamente pelo telefone
(31) 3241-2042
Limitado a 20 lugares.
ACOMPANHE OS PRÓXIMOS EVENTOS
Mantenha-se atualizado. Entre em contato com o
NEPP e anote as datas dos próximos encontros:
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ATIVIDADESABERTAS AOPÚBLICO
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“VÁ AO CINEMA COM O PSICANALISTA”
Filme Tema Data Horário Estudo do Filme
“QUINTA FILOSÓFICA”
Data Tema Horário Coordenação
“QUINTA CIENTIFICA”
Data Horário Tema Apresentador
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TRANSFERÊNCIA
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A TRANSFERÊNCIA É UMA FERRAMENTA
PODEROSA (...)
FRÁGUA-FREUDIANA
REVISTA DE PSICANÁLISE
Número 1
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TRANSFERÊNCIA
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ESTA FERRAMENTA, SE BEM UTILIZADA, TRAZ
SUCESSO EM QUALQUER RAMO DE ATUAÇÃO.
FRÁGUA-FREUDIANA
REVISTA DE PSICANÁLISE
TRANSFERÊNCIA
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DEFINIÇÃO:
A imaginação constitui o grande poder emancipador de todos os
conhecimentos que o ser humano adquiriu ao longo da sua vida (...);
o poder que nos faz empreender grandes viagens, aventuras e
desventuras na exigüidade da raça humana.
Mas isso só se dá quando este homem se trans / fere para um
objeto (...), independente do que ele seja: empresa, parceiro,
profissional liberal, professor, etc... Só aí ele vai ser focado e o objeto
passa a estar dentro dele. È o que eu chamo de gostar de gostar, é
quando ele se torna altruísta.
Prof. Sérgio Costa
“...conta Homero, na Odisséia, que por ter desafiado os
deuses, Sísifo foi condenado a empurrar eternamente
montanha acima, uma rocha que - pelo seu próprio peso -
rolava de volta tão logo atingisse o cume...”
Número 1
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20. FRÁGUA – FREUDIANA
TRANSFERÊNCIA
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Gostaria de levar você a uma instigante interpretação deste
mito: o imenso esforço despendido por Sísifo não deixa lugar para
ele pensar, pois não existiam tempo nem lugar na sua consciência
para dar término a este trabalho escravo de si próprio (...) e o que é
pior: quando a rocha despenca montanha abaixo (...) neste exato
momento, a sua consciência é confrontada com seu trágico desafio.
É assim que grande parte dos profissionais se sente em sua vida
corporativa, o epítome do trabalho inútil e a desesperança. Mas aí
vem a grande questão: o trabalho deve ser necessariamente
associado ao sofrimento? Lembremos-nos da origem da palavra
trabalho – seu significado remonta à sua origem latina: tripalium (três
paus) - instrumento utilizado para subjugar os animais e forçar os
escravos a aumentar a produção. O tripalium era, pois, um
instrumento de tortura, algo semelhante à cruz que o rebanho cristão
adotou como objeto-símbolo de um culto masoquista.
Será que o normal de um trabalho é ser em vão ou mesmo
torturante? Será que o adágio popular: primeiro o trabalho depois o
prazer, tem uma inferência em nosso psiquismo de tal forma que ao
seu final nos sentimos como um Sísifo?
Qual será o real valor da comunicação, da significância e da
linguagem na relação profissional para evitar tanto desperdício de
tempo, energia e desencontros que a vida corporativa nos impõe?
Estas são apenas algumas questões que nos levam a procurar estudar
e melhorar estas práticas corporativas no intuito de tornar o ambiente
empresarial mais salutar, produtivo e aprazível.
GLOSSÁRIO
Transferência: Etimologicamente, a palavra “transferência”
resulta dos étimos latinos “trans” e “feros”. O prefixo “trans” além de
outros significados possíveis, também alude a passar através de
Número 1
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21. FRÁGUA – FREUDIANA
TRANSFERÊNCIA
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(como eu “transparente”) ou passar para outro nível (como em
trânsito), enquanto “feros” quer dizer: conduzir.
A transferência é um processo psicanalítico no qual, o
analisando reproduz certas experiências vividas no passado,
colocando o analista na posição do “outro” revelando assim, os
desejos inconscientes do analisando.
Segundo as observações de Sandor Ferenczi, a transferência
existe em todas as relações humanas: professor e aluno, médico e
paciente, entre outros. Na análise, observou que o paciente coloca o
analista numa posição parental.
Odisséia: A Odisséia pertence ao gênero literário “Épico”. São
contos de feitos heróicos, legendários ou históricos, que narram
aventuras de guerreiros ou heróis populares. O personagem da
Odisséia apresenta características que se identificam mais com o
objetivo do que com o subjetivo, isto é, se identifica mais com a
nação em geral elevando o orgulho nacional, do que de um único
cidadão.
Nos épicos, há descrições majestosas de batalhas e forças
sobrenaturais e à vezes, se descreve a vida cotidiana no mesmo tom
e estilo do resto do poema, porém, de forma menos intensa. De modo
geral, nos épicos há abundante uso de linguagem elevada,
participação de grande número de personagens, e invocação aos
deuses.
DEPRESSÃO
Prof. Sérgio Costa
Olhar sem olhar (...)
Devastado e exaurido
Fico sem força no olhar.
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22. FRÁGUA – FREUDIANA
DEPRESSÃO
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O que olhar (...)?!
Afogado na vergonha
Meus olhos estão embaçados
Pela lama que não me deixa olhar.
O que é o olhar?
Eu procuro por você
Mas não consigo te olhar.
Pra que eu quero olhar
Se não tem mais nada a enxergar?
Você me vê
Mas não pode me enxergar
Que maneira estranha que você tem de olhar!
Como posso sair de uma prisão
Que eu não consigo enxergar?
Você me mostra como sair,
Mas com o seu olhar.
Gostaria de com você
Meus olhos trocar,
E obter um novo olhar.
Olhar o mundo sozinho
É a mesma coisa que na vida não estar.
Como é importante o olhar da mãe
Pra eu sentir
Como o mundo é belo de se olhar.
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23. FRÁGUA– FREUDIANA
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NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM
PSICANÁLISE
Construção das Escolas Psicanalíticas
- A Escola Freudiana -
Prof. Sérgio Costa
ESCOLA FREUDIANA
A psicanálise veio trazer “luz” à loucura.
Número 1
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ESCOLAFREUDIANA
-
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Se a loucura foi fabricada, a psicanálise tornou seu objetivo,
descobrir dentro do louco a matéria prima dessa produção em massa.
Seja Freud, Melanie Klein, Lacan ou qualquer outro desbravador
deste sertão árido, há que se ressaltar neles o desejo de acerto frente
à cura, ou simplesmente o controle dos distúrbios mentais.
O homem é ainda capaz de entender que somente pode existir
um “eu” na presença do “nós”, e se desdobrar incansavelmente na
busca do outro.
Se em meio à sanidade louca do séc. XVIII existiram homens
como Pinel e Esquiros, capazes de mudar um contexto pelo gozo de
estarem em conformidade com suas idéias e ideais, abrindo assim,
caminho para a compreensão da natureza humana, a psicanálise só
poderia surgir dentro desse contexto como o caminho verdadeiro para
o entendimento humano.
A psicanálise é realmente, e em essência, como afirmou Freud,
a cura pelo amor. I ndependentemente a qual escola pertença, o
psicanalista deve portar-se como “O MÉDICO DAS ALMAS”, visto
que, toda e qualquer patologia instala-se no homem quando esse
experimenta, em qualquer fase de seu desenvolvimento psíquico, a
falta dessa energia supridora da vida: “O AMOR”.
O entendimento dos escritos de Freud é facilitado pelo
acompanhamento das suas idéias, à medida que ele completava o
edifício da psicanálise. Sua árdua luta para obter uma autoconsciência
cada vez maior fez-se necessária para conhecer as mais profundas
regiões da alma.
A técnica psicanalítica não foi descoberta ou inventada
repentinamente, foi evoluindo gradualmente enquanto Freud lutava
para encontrar uma maneira de tratar eficazmente de seus pacientes
neuróticos, assim ajudando-os. Embora, mais tarde, ele negasse
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qualquer entusiasmo pela terapia, foi sua meta terapêutica que levou
a descoberta da psicanálise. Freud era clínico astuto e podia discernir
o que era importante na série complexa dos fatos clínicos que vinham
após os vários procedimentos técnicos por ele utilizados. Freud teve a
audácia para explorar regiões novas da mente.
Mudanças nos Procedimentos Técnicos
Embora Freud, em 1882, tivesse ouvido Breuer falar do caso de
Anna O., e tivesse estudado hipnose com Charcot de outubro de 1885
a fevereiro de 1886, ele se limitou a utilizar os métodos convencionais
terapêuticos da época em que começara a exercer sua profissão.
Durante uns vinte meses, ele empregou o estímulo elétrico, a
hidroterapia, massagens etc. (Jones 1953, cap.12).
A hipnose: descontente com os resultados, ele começou a usar
a hipnose em dezembro de 1887, aparentemente tentando acabar
com os sintomas do paciente. O caso de Emmy Von N, tratada em
1889 é significativo porque aqui, pela primeira vez Freud empregou a
hipnose visando à catarse. Sua abordagem terapêutica consistia em
hipnotizar a paciente e ordenar-lhe que falasse sobre a origem de
cada um de seus sintomas. Em 1892, Freud compreendeu que sua
capacidade para hipnotizar pacientes era tremendamente limitada e
teve que fazer uma opção: ou abandonar o tratamento catártico ou
tentá-lo sem atingir o estado sonambulístico (Breuer e Freud, 1893-
95, p.108).
A sugestão: ordenava a seus pacientes que se deitassem,
fechassem os olhos e se concentrassem. Em determinados momentos
pressionava a testa dos pacientes com a mão e insistia que as
lembranças iriam vir à tona. Elizabeth Von R. (1892) foi a primeira
paciente tratada por Freud, inteiramente através da sugestão, com a
paciente acordada. Já em 1896, ele também havia abandonado a
hipnose.
A associação livre: no caso de Emmy Von N. (Breuer e Freud,
1893-95, p.56) Freud estava pressionando e questionando Elisabeth
Von R. e ela o censurou por estar interrompendo o fluxo de seus
pensamentos. Freud teve a humildade de aceitar essa sugestão e
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desde então, o método de associação livre dera um grande passo em
direção ao progresso.
A associação livre continuou sendo o método de comunicação
dos pacientes - método básico e ímpar - em tratamento psicanalítico.
A interpretação ainda é o instrumento decisivo e fundamental do
psicanalista. Estes dois procedimentos técnicos conferem à terapia
psicanalítica a sua marca característica.
Mudanças na Teoria do Processo Terapêutico
Os Studies on Hysteria (1893-95) podem ser considerados como
o início da psicanálise. Nesse trabalho pode perceber-se como Freud
lutou para descobrir o que é essencial no processo terapêutico do
tratamento dos histéricos. Impressiona observar que alguns dos
fenômenos descritos por Freud naquele tempo, tornaram-se os
alicerces da teoria da terapia psicanalítica.
Na Preliminary Communication (Breuer e Freud, 1893-95)
afirmavam que o sintoma histérico de cada indivíduo desaparecia
imediata, e permanentemente, quando havíamos conseguido trazer
realmente à tona a lembrança do fato que provocara tal sintoma e
conseguido fazer surgir o afeto correspondente, quando o paciente
havia descrito o fato, mais detalhadamente possível, e conseguira
verbalizar o afeto. Eles achavam que só pela ab-reação o paciente
podia atingir um efeito totalmente “catártico” e assim se livrar do
sintoma histérico. Tais experiências, afirmavam eles, em condições
normais, estavam ausentes da memória do paciente e só podiam ser
atingidas pela hipnose.
As idéias patogênicas haviam persistido com tanto vigor e força
afetiva porque lhes fora negado o processo normal de esvaziamento.
Assim, eles estavam lidando com afetos “estrangulados” (p. 17). A
descarga dos afetos estrangulados iria tirar a força da lembrança
patogênica e os sintomas desapareceriam. Nessas alturas, na história
da psicanálise consideravam-se processos terapêuticos a ab-reação e
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a recordação, com ênfase na ab-reação.
Freud se conscientiza cada vez mais da existência de uma força
dentro do paciente que se opunha ao tratamento. Tal força se
cristalizou no caso de Elizabeth Von R., a quem não conseguia
hipnotizar e que se recusava a comunicar determinados pensamentos
seus, apesar das pressões de Freud (p.154). Ele chegou à conclusão
que esta força, que uma resistência ao tratamento, era a mesma
força que impedia as idéias patogênicas de se tornarem conscientes
(p.268), e o motivo disto era a defesa.
Freud achava que o trabalho do terapeuta consistia em vencer
essa resistência e ele o fazia “insistindo”, instigando, fazendo pressão
na testa, questionando etc.
Nos Estudos Sobre a Histeria, Freud tentou enfocar seus
esforços terapêuticos nos sintomas individuais do paciente. Ele
percebeu que esta forma de terapia era sintomática e não causal. No
caso Dora, publicado em 1905, mas escrito em 1901, Freud declarou
que a técnica psicanalítica fora totalmente revolucionada (1905).
Considerou tal método inteiramente inadequado para tratar da
estrutura complexa de uma neurose. Ele agora permitia que o
paciente escolhesse o assunto que surgisse no momento e começava
seu trabalho, qualquer que fosse a parte do inconsciente apresentada
pelo paciente, na hora da sessão.
Uma nova ênfase era posta agora em fazer o inconsciente se
tornar consciente, na eliminação da amnésia na recuperação das
recordações reprimidas. A resistência se tornou um ponto básico da
teoria psicanalítica e estava ligada àquelas forças que haviam
provocado a repressão. O analista utilizava a arte da interpretação
para vencer as resistências. No caso Dora (1905a) Freud enfatizou
pela primeira vez o papel fundamental da transferência. No pós-
escrito ao caso Dora, Freud descreveu como a paciente interrompeu o
tratamento porque ele não fora capaz de analisar os elementos
transferenciais múltiplos que interferiram nas condições do
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ESCOLAFREUDIANA
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tratamento.
Em seu trabalho “The Dynamism of Transference” (1912a) ele
descreveu a relação entre transferência e resistência; a transferência
positiva e a negativa; e a ambivalência das reações transferenciais
que nos prestam um serviço incalculável de tornar imediatos e
manifestos os impulsos eróticos escondidos e esquecidos do paciente.
Ele afirmou que o trabalho de interpretação, que transforma o
que é inconsciente no que é consciente, amplia o ego à custa do
inconsciente. Em The Ego and the Id (1923b), Freud expressou tal
idéia com muita concisão. “A psicanálise é instrumento para
possibilitar que o ego consiga ir conquistando progressivamente o id”.
Em l933, Freud escreveu que os esforços terapêuticos da
psicanálise visam a “reforçar o ego, torná-lo mais independente do
superego, ampliar seu campo de percepção e aumentar sua
organização de modo que o ego se possa apoderar de novas porções
do id”.
E novamente, na Analysis Terminable and Interminable (1937)
Freud afirmou: “O trabalho na análise consiste em assegurar as
melhores condições psicológicas possíveis para as funções do ego;
com isso, a análise cumpriu seu dever”. O analista ajuda a tentar ir
além da barreira da consciência, mas ele utiliza a associação livre, a
análise de sonhos e a interpretação. O campo mais importante do
trabalho analítico é a área da transferência e a resistência. Esperamos
transformar o inconsciente em consciente, recuperar recordações
reprimidas e superar a amnésia infantil. Mas, mesmo isso já não é
mais conceptualizado como um objetivo essencial. O objetivo
fundamental da psicanálise é aumentar a força relativa do ego em
relação ao superego, ao id e ao mundo externo.
A Teoria Psicanalítica da Neurose.
A teoria e a técnica da psicanálise se baseiam essencialmente
nos dados clínicos extraídos do estudo das neuroses. Embora nos
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últimos anos tenha havido uma tendência para ampliar o alcance da
investigação psicanalítica, visando a incluir a psicologia normal, as
psicoses, os problemas históricos e sociológicos, o conhecimento que
temos destas áreas não progrediu tanto quanto o conhecimento que
temos das psiconeuroses (A. Freud, 1954a - Stone, 1954h). As
descobertas clínicas das neuroses ainda constituem, para nós, a fonte
mais segura de material para formular a teoria psicanalítica. Para
abarcar a teoria da técnica psicanalítica é necessário que o leitor
tenha um conhecimento atuante da teoria psicanalítica da neurose. As
lntroductory Lectures de Freud (1916-17), os textos de Nunberg
(1932 - 1945a) e Waelder (1960), constituem excelentes livros de
consulta.
A psicanálise sustenta que as psiconeuroses se baseiam nos
conflitos neuróticos. O conflito provoca uma obstrução da descarga
dos impulsos instintuais que ocorrem num estado em que estão sendo
reprimidos. O ego vai ficando cada vez menos capaz de lidar com as
tensões crescentes e é, finalmente, subjugado. As descargas
involuntárias se manifestam clinicamente como sintomas da
psiconeurose. O termo conflito neurótico é empregado no singular,
embora sempre haja mais de um conflito importante. O costume e a
conveniência nos levam a falar do conflito no singular (Colby, 1951).
Um conflito neurótico é um conflito inconsciente entre um impulso do
id procurando descarga, e uma defesa do ego impedindo a descarga
direta do impulso ou seu acesso à consciência.
Às vezes, o material clínico pode revelar um conflito entre duas
exigências instintuais, por exemplo, a atividade heterossexual pode
estar sendo utilizada para reprimir desejos homossexuais. A análise
irá mostrar que, neste caso, a atividade heterossexual está sendo
utilizada como defesa para evitar os sentimentos dolorosos de culpa e
vergonha. A heterossexualidade, neste exemplo, está cumprindo a
exigência do ego e se opondo a um impulso instintual mais proibitivo,
a homossexualidade. Desta maneira, a formulação de que um conflito
neurótico é um conflito entre o id e o ego ainda é uma formulação
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válida. O mundo externo também desempenha um papel importante
na formação das neuroses, mas aqui também, o conflito deve ser
vivenciado como um conflito interno entre o ego e o id para que surja
um conflito neurótico. O mundo externo pode mobilizar tentações
instintuais e há situações que talvez tenham que ser evitadas porque
trazem com ela a ameaça de algum tipo de castigo.
Todas as Partes do Aparelho Psíquico Participam da Formação
de Sintoma Neurótico.
O id jamais deixa de procurar uma descarga e seus impulsos
vão tentar obter uma satisfação parcial utilizando-se de alguns
expedientes regressivos e derivativos. Para acalmar as exigências do
superego, o ego tem de deformar até mesmo estes derivativos
instintuais de tal forma, que estes surjam disfarçados, dificilmente
reconhecíveis como instintuais. Mesmo assim, o superego faz o ego
se sentir culpado e a atividade instintual disfarçada provoca
sofrimento de diversas maneiras. O fator-chave para compreensão do
efeito patogênico do conflito neurótico está na necessidade constante
que tem o ego de gastar suas energias tentando impedir que os
impulsos perigosos tenham acesso à consciência e a motilidade. Isto
leva, finalmente, a uma relativa insuficiência do ego e os derivativos
do conflito neurótico original vão subjugar o ego enfraquecido e
irromper na consciência e no comportamento.
A Teoria da Técnica Psicanalítica
A terapia psicanalítica é uma terapia causal: ela procura
desfazer as causas da neurose. Seu objetivo é solucionar os conflitos
neuróticos do paciente, incluindo a neurose infantil que serve de
núcleo à adulta. Solucionar os conflitos neuróticos significa juntar ao
ego consciente aquelas parcelas do id, superego e ego inconscientes
que ficaram excluídas dos processos de amadurecimento da parte
restante saudável da personalidade total. O psicanalista aborda os
elementos inconscientes através de seus derivativos.
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Estes derivativos surgem nas associações livres do paciente, nos
sonhos, sintomas, lapsos e na atuação (acting out). Pede-se ao
paciente que, com o máximo de sua capacidade, tente deixar as
coisas aparecerem e dizê-las sem ligar para a lógica e a ordem: deve
relatar coisas, mesmo que elas pareçam triviais, vergonhosas ou
indelicadas etc., deixando as coisas virem à mente. Há uma regressão
a serviço do ego e os derivativos do ego inconsciente, do id e do
superego tendem a vir à superfície.
Os pacientes neuróticos são propensos a reações
transferenciais. A transferência é uma das fontes de material mais
valiosa para análise; uma das motivações mais importantes e;
também o maior obstáculo para o sucesso. O paciente tem a
tendência de repetir o passado, no campo das relações humanas para
obter satisfações que não havia vivenciado ou, ainda que com atraso,
para dominar alguma ansiedade ou culpa.
A transferência é o reviver do passado, uma incompreensão do
presente em termos de passado. A importância fundamental das
reações transferenciais na teoria da técnica resulta do fato de que, se
as reações transferenciais forem tratadas adequadamente, o paciente
vai vivenciar, na situação do tratamento e em relação ao psicanalista,
todas as relações humanas importantes do seu passado, que não lhe
são conscientemente acessíveis (Freud, 1912a). A situação
psicanalítica é estruturada, de maneira a facilitar ao máximo o
desenvolvimento das reações transferenciais.
O comportamento do analista, criando privação para o paciente
e a ajuda, relativamente anônima do analista, traz à tona todos os
tipos de sentimentos e fantasias transferenciais. Todavia, é a análise
coerente da transferência, tanto dentro como fora da situação
analítica, que permite ao paciente suportar as diferentes variações e
intensidades da transferência.
A transferência também é a fonte das maiores resistências,
durante a análise. Um paciente pode trabalhar arduamente no
começo de uma análise para ganhar as boas graças do analista. É
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inevitável que o paciente sinta algum tipo de rejeição porque todos os
nossos pacientes tiveram a experiência da rejeição no passado e a
atitude do analista é essencialmente não-gratificante. Os sentimentos
hostis do passado reprimido ou os anseios sexuais proibidos da
infância ou da adolescência vão fazer reaparecer tendências fortes no
paciente que o farão lutar, inconscientemente, contra o trabalho
analítico. A qualidade e quantidade das “resistências transferenciais”
serão determinadas pela história passada do paciente. A duração
dessas reações será também influenciada pelo grau de eficiência com
que o psicanalista analisa os problemas transferenciais que
estimularam as resistências.
A técnica psicanalítica visa diretamente ao ego porque só o ego
tem acesso direto ao id, ao superego e ao mundo externo. Nosso
objetivo é fazer com que o ego renuncie a suas defesas patogênicas
ou encontre outras mais convenientes (Freud, 1936, pp.45-70). As
velhas manobras defensivas demonstraram ser inadequadas; uma
defesa nova, uma defesa diferente ou nenhuma defesa poderia
permitir alguma descarga instintual sem culpa ou ansiedade. A
descarga do id diminuiria a pressão instintual e o ego ficaria, então,
numa posição relativamente mais forte. O psicanalista tem a
esperança de induzir os aspectos relativamente maduros do paciente
do ego para lutar com o que, outrora, foi banido da consciência por
ser muito perigoso. O analista espera que, sob a proteção da aliança
de trabalho e da transferência positiva não-sexual o paciente irá para
aquilo que outrora achou muito ameaçador; espera que o paciente
seja capaz de reavaliar a situação e finalmente atreva-se a tentar
novas maneiras de lidar com o perigo antigo. Pouco a pouco, o
paciente vai compreender que os impulsos instintuais da infância
foram arrasadores para os recursos de um ego infantil, que foram
distorcidos por um superego infantil e que esses impulsos podem ser
vistos de forma diferente na vida adulta.
Os Componentes da Técnica Psicanalítica Clássica
A associação livre: Na psicanálise clássica para comunicar o
material clínico, o paciente tenta, como forma predominante de
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comunicação, a associação livre.
Geralmente o paciente associa livremente durante quase toda a
sessão, mas ele pode também relatar sonhos e outros acontecimentos
da sua vida cotidiana ou do seu passado. Uma das características da
psicanálise é que se pede ao paciente que inclua suas associações
quando narra seus sonhos ou outras experiências. A associação livre
tem prioridade sobre todos os outros meios de produção de material
na situação analítica.
A associação livre é um método mais importante para a
produção de material na psicanálise. É utilizada, em momentos
preestabelecidos naqueles tipos de psicoterapia, que buscam uma
certa dose de volta do reprimido, assim chamadas psicoterapias
orientadas psicanaliticamente.
As Reações Transferenciais: Desde que tratou de Dora, Freud
havia compreendido que as reações e resistências transferenciais do
paciente produziam o material essencial ao trabalho analítico (1905
pp.112/122). Desde então, a situação analítica foi planejada de modo
a facilitar o desenvolvimento máximo das reações transferenciais do
paciente.
O objetivo das resistências é evitar este desenvolvimento ou
obstruir a análise da transferência. Tanto a resistência, como a
transferência, são portadoras de informações vitais sobre o passado e
a história reprimida do paciente. A transferência é a vivência de
sentimentos, impulsos, atitudes, fantasias e defesas dirigidas a uma
pessoa no presente, sendo que essa vivência toda não se coaduna
com essa pessoa e constitui uma repetição, um deslocamento de
reações surgidas em relação a pessoas importantes na infância
primitiva. A susceptibilidade de um paciente às reações
transferenciais advém do seu estado de insatisfação instintual e da
conseqüente necessidade de encontrar oportunidades de descarga
(Freud, 1912a).
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É importante salientar o fato de que o paciente tem a tendência
de repetir em vez de relembrar; a repetição é sempre uma resistência
em relação à função da memória.
Todavia, pela repetição, pela reencenação do passado, o
paciente torna possível a entrada do passado na situação de
tratamento. As repetições transferenciais trazem para a análise o
material que, de outra forma, seria inacessível. Se manejada
adequadamente, a análise da transferência vai nos levar a
recomendações, reconstruções e compreensão interna e, a uma
parada eventual da repetição. Existem várias maneiras de classificar
as diversas formas clínicas de reações transferenciais. As designações
mais utilizadas são a transferência positiva e negativa. A transferência
positiva implica as diferentes formas de anseios sexuais assim como o
gostar, amar e respeitar o analista. A transferência negativa implica
algumas variações da agressividade, sob a forma de raiva, aversão,
ódio ou desprezo pelo analista. Deve ter-se sempre em mente que
todas as reações transferenciais são essencialmente, ambivalentes.
Clinicamente, o que aparece é apenas a superfície. Para que ocorram
as reações transferenciais na situação analítica, o paciente deve estar
disposto e capacitado para correr o risco de alguma regressão
temporária em relação às funções do ego e das relações objetais. O
paciente deve ter um ego capaz de regredir temporariamente às
reações transferenciais, mas tal regressão deve ser parcial e
irreversível, de modo que o paciente possa ser tratado analiticamente
e ainda assim viver no mundo real. As pessoas que não se atrevem a
regredir da realidade e aquelas que não conseguem voltar
rapidamente à realidade são riscos indesejados para a psicanálise.
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CRIANÇAS MAIS QUE“CUSTOSAS”
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ARTIGOS
FRÁGUA-FREUDIANA
REVISTA DE PSICANÁLISE
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CRIANÇAS MAIS QUE“CUSTOSAS”
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CRIANÇAS MAIS QUE “CUSTOS’’
POR PROFº SÉRGIO COSTA.
No centro-oeste mineiro usa-se muito o termo popular
"custoso(a)" para se referir a pessoa, criança ou adulto, muito difícil,
que vive fazendo brincadeiras e travessuras, "aprontando" com tudo e
com todos; "arteiro".
É evidente que toda criança, com raríssimas exceções, é
portadora de uma hiperatividade nata, instintual, própria de seu
desenvolvimento, necessária até certo ponto. No entanto, existem
crianças que vão além desta hiperatividade fisiológica, apresentando
uma energia gigantesca e aparentemente inesgotável, capaz de
originar nestes menores transtornos de ansiedade, depressão, dificul-
dades no aprendizado escolar e psicossomatizações. Podemos estar
diante de crianças portadoras de DDA.
O DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção) tem como parte
integrante de seu quadro clínico 3 características essenciais:
HIPERATIVIDADE, IMPULSIVIDADE e DÉFICIT DE ATENÇÃO. Podendo
a criança apresentar as três características supracitadas ou apenas
duas ou uma.
Estudos recentes têm relatado que tais crianças possuem uma
deficiência quantitativa de um neurotransmissor cerebral chamado
Dopamina. Até um certo tempo atrás, o DDA era considerado um
distúrbio cerebral mínimo ou menor. Atualmente, algumas escolas
têm defendido a hipótese de o DDA ser um tipo de personalidade, que
está ligada a fatores genéticos (hereditários) e intensificada pelo meio
familiar e sócio-cultural nos quais a criança está inserida e de como
ela faz a leitura de seu mundo consciente ou inconscientemente.
Cabe aqui, tecermos alguns detalhes sobre cada uma de suas
características:
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CRIANÇAS MAIS QUE“CUSTOSAS”
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HIPERATIVIDADE: a criança é "elétrica"; não pára facilmente;
mexe em tudo e com todos; não tem paciência e perseverança para
levar uma atividade até o final, principalmente se não gosta da mes-
ma, mas, se é algo que lhe dá prazer, como uma brincadei ra ou um
jogo, ninguém consegue retirá-la dali; possui a tendência a escrever
palavras faltando sílabas, não corta a letra T nem coloca o pingo no I
encontrados nas palavras, não usa recursos de pontuação para ela
não está faltando nada, consegue ler o que escreveu normalmente.
IMPULSIVIDADE: a criança não possui noção de perigo,
chegando a se submeter a situações de risco de vida como andar de
bicicleta numa pista com carros em alta velocidade e na contramão;
andar em muros altos e sem proteção; atrever-se a mexer com
produtos químicos inflamáveis e daí por diante, pois a sensação de
risco de vida, de perigo, lhe é prazerosa. Xinga e agride as pessoas
sem pensar. "Tudo pode, tudo faz".
DÉFICIT DE ATENÇÃO: qualquer coisa dispersa a atenção da
criança facilmente, possui dificuldade de concentração e
memorização, sendo freqüentes os lapsos de memória. Sua atenção
existe somente para aquilo que gosta de fazer.
O diagnóstico de DDA é clínico, não possuindo exame
complementar específico. Na maioria dos casos, são realizados
exames como Tomografia Computadorizada de Encéfalo e
Eletroencefalografia (EEG), os quais apresentam-se normais. O EEG
em alguns casos pode apresentar características relacionadas a
transtorno de ansiedade apenas.
O tratamento medicamentoso é realizado com substância
psicoativa, cujo objetivo é a melhora da atenção e da concentração,
sendo o Metilfenidato o mais utilizado no Brasil, em associação,
quando necessário, com um antidepressivo inibidor seletivo da
recaptação de serotonina e noradrenalina, visando o controle e até
mesmo a cura da ansiedade que é muito comum no quadro.
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CRIANÇAS MAIS QUE“CUSTOSAS”
37
São de extrema importância também um acompanhamento
psicopedagógico com profissional competente da área, com a
finalidade de melhorar o aprendizado e o convívio da criança com
seus professores e colegas da escola; e a prática de uma atividade
física diariamente.
FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE
Público alvo: profissionais de diversas áreas,
interessados nos estudos da Psicanálise
Freudiana.
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NOVOS GRUPOS
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PÂNICO , DIAGNÓSTICO DA MODA
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PÂNICO, DIAGNÓSTICO DA MODA
Dr. Sérgio Costa.
É de admirar como se tem falado em Transtorno ou Síndrome
do Pânico (Neurose Fóbica, em Psicanálise) na atualidade, mas
é preciso estar atento a algumas verdades sobre a doença. É
grande o número de diagnósticos mal feitos e tratamentos que
não beneficiam em nada a vida do paciente; pelo contrário, au-
mentam o grau de manifestaçõe do quadro clínico de tal
patologia mental.
Etimologicamente, a palavra Pânico vem do grego Panikós,
relativo ao deus Pã, protetor dos rebanhos e dos pastores;
acreditava-se que os ruídos que se ouviam nas montanhas e nos
vales eram provocados por esse deus, o qual era cultuado pelos
atenienses por ter inspirado aos persas, durante as guerras médicas,
um "terror pânico". Na língua portuguesa, podemos traduzi-lo como
susto ou medo súbito que pode provocar uma reação descontrolada
de um indivíduo ou de um grupo, sem, motivo determinado.
É importante destacar que os pacientes que apresentam este
transtorno são pessoas que trazem consigo o relato de uma vida
intrapsíquica bastante conturbada, derivada de conflitos familiares,
pessoais e afetivos.
É igualmente prevalente entre homens e mulheres, portanto,
em sua maioria, as pessoas que tem o Pânico são jovens ou adultos
jovens na faixa etária dos 20 aos 40 anos e se encontram na
plenitude da vida profissional. Normalmente, são pessoas extrema-
mente produtivas, costumam assumir grandes responsabilidades e
afazeres, são perfeccionistas, muito exigentes consigo mesmas e não
costumam aceitar bem os erros ou imprevistos.
Os portadores de Pânico costumam ter tendência à preocupação
excessiva com problemas do cotidiano; têm um bom nível de
criatividade rescessiva necessidade de estar no controle da situação;
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PÂNICO , DIAGNÓSTICO DA MODA
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têm expectativas altas; pensamento rígido; são competentes e
confiáveis. Freqüentemente esses pacientes tem tendência a
subestimar suas necessidades físicas.
Essa maneira da pessoa ser acaba por predispor a situações de
stress acentuado e isso pode levar ao aumento intenso da atividade
de determinadas regiões do cérebro, desencadeando assim um
desequilíbrio bioquímico e, conseqüentemente, o aparecimento do
Pânico. O cérebro produz substâncias chamadas neurotransmissores,
responsáveis pela comunicação entre os neurônios (células do
sistema nervoso). Estas comunicações formam mensagens que irão
determinar a execução de todas as atividades físicas e mentais de
nosso organismo (ex: andar, pensar, memori zar, etc). Um
desequilíbrio na produção destes neurotransmissores pode levar
algumas partes do cérebro a transmitir informações e comandos
incorretos. Daí, o organismo desencadearia uma reação de alerta
indevidamente, como se houvesse realmente uma ameaça concreta.
Seria isto, exatamente, o que ocorreria numa crise de Pânico:
uma informação in-correta, decorrente de uma disfunção dos
neurotransmissores, alertando e preparando o organismo para uma
ameaça ou perigo que na realidade e concretamente não existe. No
caso do Distúrbio do Pânico, os neurotransmissores que se encontram
em desequilíbrio são os mesmos envolvidos na Depressão: a
Serotonina e a Noradrenalina. Vem daí a ideia de aplicar-se ao
transtorno do Pânico o mesmo tratamento medicamentoso da
Depressão associado, em grande parte, à Psicanálise.
0 ataque tem um início súbito e aumenta rapidamente,
atingindo um pico em geral em dez minutos, acompanhado por um
sentimento de perigo ou catástrofe iminente e um anseio por escapar.
Os 13 sintomas físicos são os seguintes:
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PÂNICO , DIAGNÓSTICO DA MODA
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1 - palpitações;
2 - sudorese;
3 - tremores ou abalos;
4 - sensações de falta de ar ou sufocamento;
5 - sensação de asfixia;
6 - dor ou desconforto torácico;
7 - náusea ou desconforto abdominal;
8 - tontura ou vertigem;
9 - sensação de não ser ela(e) mesma(o);
10 - medo de perder o controle ou de "enlouquecer";
11 - medo de morrer;
12 - formigamentos;
13 - calafrios ou ondas de calor.
Assista ao Filme e comente
VÁ AO CINEMA COM O PSICANALISTA
Inscrição Gratuita.
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42. FRÁGUA – FREUDIANA
SENSAÇÃO
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SENSAÇÃO
Sérgio Costa
Por volta do ano de 1.750, um filósofo chamado Condillac
imaginou uma estátua que nasceria pela percepção dos sentidos.
A fragrância de rosa pela qual o filósofo suscitava a vida
sensorial dessa estátua se dirigia do "olfato", porque esse sentido é
entre todos o que menos parece contribuir para o conhecimento
humano. A única função do corpo da estátua é o olfato, seu prazer, o
odor de rosa. Entretanto, Condillac descreve, em seu estilo, um
sistema análogo ao funcionamento psíquico, tais como reflexão,
desejos, paixões, etc... não são, senão a própria sensação que se
transforma dentro de um padrão inscrito e circunscrito, onde viemos
programados de mecanismos de defesas, que nos darão parâmetros
para fuga ou aproximação. Mas Condillac não pára por aí, deixa à
experiência o cuidado de nos fazer contrair hábitos e concluir a obra
que ele iniciou.
Quando deixamos de olhar para o outro, tocar no outro,
relacionar com o outro, parecemos com a estátua de Condillac; aí
invertemos a escolha da análise da rosa para o narcisismo. Narciso é
a flor que persiste em cada um de nós, como uma fragrância preciosa
e frágil. Ela volta sobre si o olhar da angústia e procura assegurar-se
de que nada existe fora do seu corpo e fora de si mesmo. Quando a
libido se volta para dentro do corpo, traz transtornos difíceis para o
sujeito: ele tenta estancar a sede do Narciso que contempla, através
do outro, exterior aos seus limites de carne e pede pela voz, pelo
olhar, o tato e o olfato, a pessoa reconstitui permanentemente
durante sua própria imagem. A dialética dentro/fora se realiza pelo
sistema prazer-dor.
Eu e outro, irrefutavelmente e sem interrupção. E é através do
sonhar que o sujeito perpetua e relaciona-se consigo mesmo, instaura
e fundamenta-se através de seus mecanismos de realização do
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desejo. Nós temos que começar desde cedo, e estamos preparados
para isso no momento de nossa concepção ao nascimento do corpo.
Nossa mãe nos entrega e nos transmite às sensações do meio
exterior. A minha intenção, no entanto, é a mesma que a de
Condillac: descobrir como se constrói a parte de dentro do homem,
seus sentimentos, seu pensamento, a partir de dados que lhe são
inicialmente estranhos e exteriores, e de outros dados que são
congênitos, orgânicos ou psíquicos.
Ele desconfia que não nascemos nem adultos, nem "vazios"
como sua estátua, mas não concebe a relação dos mundos exterior e
interior, a não ser no mundo qualitativo das "representações". Nós
nascemos com um corpo orgânico já em funcionamento e um
aparelho psíquico em potencial. O caótico dentro/fora daquilo que se
vivenciou no seu limiar, pouco a pouco se precisa em pontos agudos :
as passagens se fazem. Tendo passado, o próprio corpo total
experimenta-se dentro/fora da mãe, retido e escorrido para fora do
continente materno, ( orifício quente ).
O olfato reencontra e reaproxima a presença materna e o sabor
nutriz corre do seio na boca, entre a gengivas, concentram num
ponto a possibilidade de recriar um interior voluptuoso como as
lembranças daquele interior onde banhava o seu corpo.
O Humano é feito de tal maneira que tem como destino ser
penetrado pelo mundo exterior: rendamos justiça à Condillac por
concebê-lo assim, entregue à sensação. Os sentidos humanos são
tantos orifícios abertos, tanto à intrusão, quanto ao prazer. O próprio
envelope corporal, feito de um material sensível na sua fatalidade,
proporciona uma inquietante possibilidade de perfuração. Tudo no
inicio é fonte de prazer, mas também a vida oferece perigos e
estímulos perigosos à destruição do ser, e tudo também pode se
tornar perigo para o sujeito, e o interior pode ser inválido. pelo
agressor. A dialética sensorial se funde imediatamente com a
vivência do interior no bebê, para constituir as primeiras fantasias. A
vivência visceral coincide com a vivência sensorial, somando estas, os
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afetos confundem o percebido e o desejado, corpo erógeno. E é
através destes canais que o ser humano se relaciona com o mundo, e
é ai que temos que desenvolvê-los e para que isto aconteça temos
que falar muito deles...
Freud pensava que partindo de suas sensações genitais, a
criança chegaria a descobrir a vagina, mas não lhe foi possível pela
confusão criada pela mãe, ao afirmar-lhe que não havia diferença de
sexos.
Partirmos da metáfora que a mulher é uma flor, e pensamos
que mãe é uma mulher, e para a criança, a flor mais bonita do seu
jardim é a sua mãe. Mas as mulheres/mães estão disponíveis hoje
para todos que as queiram colher. O jardim da criança é, então, uma
floricultura, onde sua rosa mais bela está na vitrine para todos os
homens que passam.
Como o próprio Freud analisou os provérbios populares e suas
implicações no inconsciente, como poderíamos explicar para uma
criança: “galinha na manguara não tem valor”?!
Necessário faz-se esclarecer, que minhas palavras nada têm a
ver com machismo, mas estou colocando, ou tentando colocar, o
pensamento pré-operatório que a criança pode ter nesta idade e as
conseqüências no seu psiquismo, porque as comparações metafóricas
são de grande valor para a expressão simbólica dos seres humanos.
Freud assinalou que o conflito é uma conseqüência às ameaças
de castração da mãe, e justificou dizendo: “mas devemos ter
presente em tudo isso, que a mãe não fazia mais que desempenhar
um papel marcado pelo destino, extremamente espinhoso e
comprometido”.
Também, em Romance Familiar (Freud – 1909), vamos buscar
tais afirmativas para apoiar o nosso interesse na sustentação de que
universalmente a angústia de castração se desfaz quando a criança
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tenta defender a figura da mãe. Hoje, com a nova postura da mulher,
aumentou-se, em grau extremo, esta angústia, pois a sua
sexualidade está muito aflorada, e na sua nova concepção junto a
novos parceiros, os filhos têm que aceita-los também com a sua
sexualidade, sem nenhum preparo especial para isso...
Voltando a Condillac, os perfumes, o exalar da sexualidade da
mulher que assume a função de mãe, ofusca o lugar de um homem
que teria que assumir a função de pai (...); e enquanto fêmea
disponível e propensa a viver sua sexualidade na plenitude, os odores
ficam mais ativos, criando uma aura para criar um novo ser, que terá,
no primeiro momento, que se embriagar com tanto perfume, que irá
confundi-lo com a possibilidade de saborear tantas sensações.
Freud em seu artigo sobre a negação, interpreta o aceitar como
parte da fase oral, o engolir, assimilar, incorporar e o não aceitar, o
cuspir, o rechaço à vida, expressando os instintos de vida e morte
respectivamente.
Qual filho não nega que sua mãe seja sexuada (...), que ela
tenha vários namorados?
Podemos notar claramente nos comportamentos e brincadeiras
infantis, pois a pequena estátua de Condillac, exposta a tantos
odores, pode se refugiar no seu mundo interno, e suas dificuldades
podem figurar na formação de seus símbolos, que já podem ser
detectados em jogos com substâncias que não correspondem à sua
idade...
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BIBLIOGRAFIA
FADMAN, JAMES – Teorias da personalidade – Harbra, SP. 1998
NUTTIN, J. Psicanálise e personalidade. Agir RJ 1971
RUDGE, Ana Maria – Pulsão e linguagem. Zahar. RJ 1998
SCHINTMAN, Dora Paradigma, cultura e subjetividade, Artes Médicas,
1997
FENICHEL, Otto Teoria Psicanalítica das Neuroses, Atheneu, SP 2000.
HORNEY, KAREN A personalidade neurótica do nosso tempo – Zahar,
1996.
HAL LINDZEY – Teorias da personalidade Epu SP 1997
SEGAL HANNA, Introdução à obra de Melanie Klein, Imago, RJ 1998.
SGRANCIO, Marco Antônio Apostilas Teoria Psicanalítica IV Slapsi.
FREUD SIGMUND Obras Completas, Imago RJ 1990.
GARCIA ROZA, Luiz Alfredo – Freud e o Inconsciente, Zahar RJ 1984.
BRENER, Charles – Noções Básicas de Psicanálise, Martins Fontes SP
1991.
LAPLANCHE, Pontalis Vocabulário de Psicanálise, Martins Fontes SP
1991.
MARX, MELVIN Sistemas e teorias em psicologia Cultrix SP 1997.
GREENSON Raph A técnica e a prática da Psicanálise, Imago RJ 1981.
ALMEIDA Wilson Castello – Defesas do Ego, Agora SP 1996.
ZIMERMAN , DAVID – Fundamentos Psicanalíticos, Artmed . RS,1999.
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Belo Horizonte/MG-2013
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O NEPP:
Instituição de pesquisas, estudos e formação de profissionais na
área da Psicanálise.
Simpósios, Congressos e Projetos Realizados:
Iº Simpósio Nacional Aberto de Psicanálise – Nov/2000 em BH
Projeto em parceria com a 16ª Delegacia de Polícia emBH:
Psicanálise para o Cárcere – Agosto/2000 à 2001
Projeto: Psicanálise e Educação – Consultoria e cursos, voltados
para a área da educação dentro da abordagem psicanalítica-
desde 1999
Iº Simpósio Mineiro de Psicanálise no Exercício do Direito –
Junho/2003- Conselheiro Lafaiete/MG
Projeto Caparaó – Comunidade de Aprendizado - realizado pela
UFMG e a Fundação Kellogg nas cidades de Caparaó e Alto
Caparaó/MG – 2003
Jornada NEPP- Política, Tv, Religião e Criminalidade – novembro
a dezembro/2003
IIº Congresso Psicanalítico em parceria com o CEPSI – Centro
de Estudos Superior e Psicanalítico – março/2004 – Feira de
Santana/BA
Iº Congresso Brasileiro de Resgate à Memória Freudiana em
parceria com o IBEPE – Instituto Brasileiro de Estudos,
Pesquisas e Educação – setembro/2004 – Rio de Janeiro/RJ,
dentre outros.
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Publicações:
Jornal do Brasil – Coluna semanal “No Divã do Psicanalista” –
Prof. Sérgio Costa – de 1999 à 2002
Revista Científica do NEPP- 1º número / 1º Semestre de 2004
Revista Científica do NEPP- 2º número / 2º Semestre de 2004
Capítulo do Livro da UNESCO – Gestión de Proyectos de
Desarrollo Educativo Local – sobre la iniciativa “Comunidad de
Aprendizaje”-Fundación W. K. Kellogg / 2004
Revista Psicologia Brasil – “Memória e elementos sensoriais e
não sensorialidade advindas dos desejos em análise” –Prof.
Sérgio Costa – setembro/2004
Revista Psicologia Brasil – “Sensação” – Prof. Sérgio Costa –
novembro/2004
Revista Psicologia Brasil – “ O Homem como um ser pulsante e
não faltante” – Prof. Sérgio Costa – março/2005 , dentre outros.
Novas Turmas
FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE
TRANSFERÊNCIA
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NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM PSICANÁLISE
DIRETORIA
Presidente: Prof. Dr. Sérgio Costa
1ª Secretária: Sandra Alves da Silva
2° Secretário: Araken Pereira Madalena Junior
Diretor Jurídico: Dr. Maurício Cerqueira Monducci
Diretor Pedagógico: Juvenal Ferreira da Cunha Neto
Supervisora Pedagógica: Maria do Carmo Tavares
Departamento Científico: Dr. José Luiz Deroma e Silva e
João Antônio Fernandes da Silva
Conselho Fiscal: José Maurício Baptista,
Déborah Viviane de Souza
Conselho Gestor: Antônio Tadeu Penido Silva,
Andréa Paula Ribeiro Lopes e
Ivo Silva Oliveira Junior
Av Cristiano Machado nº 640/ S 1501 – Sagrada família - Belo Horizonte/MG
CEP 30150-240
Tel: 31 3241-2042
E-mail: neppbh@yahoo.com.br - Site: www.nepp.com.br
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