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416 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 5 – Set/Out, 2004
* Trabalho realizado no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE).
1. Especialista em Cardiologia, Medicina do Esporte e Habilitação em Er-
gometria, Mestre em Medicina Interna, Chefe do Setor de Ergometria
do Serviço de Cardiologia do Hospital das Clínicas da UFPE.
2. Doutor em Nutrição, Professor Adjunto de Cardiologia do Departamen-
to de Medicina Clínica do Centro de Ciências da Saúde da UFPE.
Recebido em 22/5/04. 2a versão recebida em 20/8/04. Aceito em 26/8/04.
Endereço para correspondência: Odwaldo Barbosa e Silva – Rua Dolores
Salgado, 219 – Apipucos – 52071-360 – Recife, PE; e-mail: odwaldo@ter-
ra.com.br
Indicações do teste ergométrico
em crianças e adolescentes*
Odwaldo Barbosa e Silva1
e Lurildo Cleano Ribeiro Saraiva2
ARTIGO DE REVISÃO
Palavras-chave: Teste ergométrico. Teste de esforço. Crianças e adolescentes.
Palabras-clave: Prueba ergométrica. Prueba de esfuerzo. Niños y adolescentes.
RESUMO
O teste ergométrico (TE) é um procedimento de baixo risco e
com complicações extremamente raras, principalmente na popu-
lação pediátrica. Nesta revisão são apresentadas as principais indi-
cações do TE nas crianças e adolescentes (idade até 19 anos),
como um método de avaliação diagnóstica, prognóstica e funcio-
nal em diversas situações: avaliação da capacidade física, avalia-
ção de sintomas relacionados ao exercício, avaliação de tratamen-
to clínico e cirúrgico em portadores de miocardiopatias, cardiopatias
congênitas e valvares, asmáticos e avaliação pré-participação em
programas de atividades físicas, entre outras.
RESUMEN
Indicaciones de la prueba ergométrica en niños y adolescen-
tes
La prueba ergomética (PE) es un procedimiento de bajo riesgo y
con complicaciones extremamente raras, principalmente en los
niños. En este estudio, se presentan las principales indicaciones
de la PE para niños y adolescentes (edad hasta 19 años), como un
método de evaluación diagnóstica, prognóstica y funcional en di-
versas situaciones: evaluación de la capacidad física, evaluación
de síntomas relacionados al ejercicio, evaluación de tratamiento
clínico y cirúgico en portadores de miocardiopatias, cardiopatias
congénitas y valvares y asmáticos y evaluación de pre-participa-
ción en programas de actividades físicas, entre otras.
Pacientes adultos têm como indicação mais freqüente do TE a
busca por informações diagnósticas, quando ocorre probabilidade
intermediária de doença arterial coronariana significativa, na au-
sência de alterações significativas do ECG de repouso(1)
. A doença
isquêmica é rara na população jovem, o que mostra uma diferença
significativa na indicação e interpretação e resulta em baixo risco
na rotina do TE na população pediátrica. As complicações são ex-
tremamente raras, mesmo quando o TE é realizado em crianças
com cardiopatias congênitas e arritmias. As aplicações do TE nos
jovens estão principalmente relacionadas à medida da capacidade
de exercício, avaliação de anormalidades cardíacas conhecidas e
de sintomas relacionados ao exercício(2)
.
As indicações do TE em crianças e adolescentes do American
College of Cardiology (ACC) e American Heart Assossiation (AHA)(2),
de acordo com a classificação de I a III dos graus de recomenda-
ção (quadro 1), são:
Classe I
1. Avaliação da capacidade de exercício em crianças com car-
diopatias congênitas, crianças submetidas a tratamento cirúrgico
de cardiopatias congênitas, com doença valvar adquirida ou doen-
ça miocárdica.
2. Avaliação de crianças com queixa de dor torácica anginosa.
3. Acompanhamento da resposta de marcapasso ao exercício.
4. Avaliação de sintomas relacionados ao exercício em atletas
jovens.
Classe II a
1. Avaliação da resposta ao tratamento médico, cirúrgico ou
ablação por radiofreqüência de crianças com taquiarritmia obser-
vada em TE anterior.
2. No acompanhamento da repercussão das lesões valvares
congênitas ou adquiridas, especialmente estenose valvar aórtica.
3. Avaliação do ritmo durante o exercício em pacientes com
suspeita de arritmia induzida pelo exercício ou quando a mesma
foi diagnosticada a partir do exercício.
Classe II b
1. Como um dos componentes da avaliação de crianças e ado-
lescentes com história familiar de morte súbita em indivíduos jo-
vens durante o exercício.
2. Acompanhamento de anormalidades cardíacas com possibi-
lidade de envolvimento coronariano tardio como doença de Kawa-
saki e lúpus eritematoso sistêmico.
3. Acompanhamento da resposta da freqüência cardíaca e de-
senvolvimento de arritmia ventricular em crianças e adolescentes
com bloqueio atrioventricular total congênito.
4. Quantificação da resposta da freqüência cardíaca no exercí-
cio, em crianças e adolescentes tratados com betabloqueador para
estimar a adequação do bloqueio betadrenérgico.
5. Medida da resposta de encurtamento ou prolongamento do
intervalo QT corrigido no exercício, como um auxiliar no diagnósti-
co da síndrome hereditária do prolongamento do intervalo QT.
QUADRO 1
Classificação do ACC/AHA(8) usada para os
graus de recomendação do procedimento
Classe I: Condição em que há evidências e/ou acordo geral de que a realização
do procedimento é aceitável e efetiva.
Classe II: Condição em que há evidente conflito e/ou divergências de opiniões
sobre a aceitação ou eficácia do procedimento.
Classe II a: Maior peso das evidências e opiniões a favor da aceitação e eficácia.
Classe II b: Aceitação e eficácia menos estabelecidas quanto às evidências e opi-
niões a favor.
Classe III: Condições em que há evidências e/ou aceitação geral que o procedi-
mento não é aceito e efetivo e em alguns casos pode ser prejudicial.
Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 5 – Set/Out, 2004 417
6. Avaliação da resposta da pressão arterial e/ou gradiente bra-
ço/perna após a correção cirúrgica da coarctação da aorta.
7. Acompanhamento do grau de dessaturação com o exercício
de pacientes relativamente bem compensados ou com cirurgia
paliativa de cardiopatias congênitas cianóticas.
Classe III
1. Avaliação antes da participação de atividades esportivas em
crianças e adolescentes sadios.
2. Rotina na investigação de dor torácica tipicamente não angi-
nosa, comum em crianças e adolescentes.
3. Avaliação de extra-sístoles atriais e ventriculares em crianças
e adolescentes aparentemente sadios.
O TE também está indicado para avaliar a tolerância ao esforço
e identificar os mecanismos que limitam a capacidade física em
crianças com doenças cardíacas ou outras doenças: a) para avaliar
sintomas ou sinais que podem ser induzidos ou agravados pelo
exercício; b) identificar adaptação anormal ao exercício em pacien-
tes com cardiopatias ou outras doenças; c) avaliar a efetividade de
tratamento clínico ou cirúrgico; d) estimar a capacidade funcional e
segurança para a participação em atividades recreativas ou atléti-
cas; e) avaliação prognóstica; f) estabelecer limites e acompanha-
mento da efetividade da reabilitação cardíaca(3).
Bozza e Loos(4)
, que acumulam uma das maiores experiências
no TE em crianças e adolescentes no nosso país, descrevem as
principais indicações nesta população: a) avaliar sinais e sintomas
específicos induzidos ou agravados pelo esforço; b) detectar res-
postas adaptativas anormais em cardiopatas e não cardiopatas; c)
detectar possíveis anormalidades na relação entre a oferta e o con-
sumo de oxigênio miocárdico em portadores de dor torácica ou
síncope; d) detectar distúrbios do ritmo cardíaco, associados ou
não com o exercício; e) observar a resposta da pressão arterial ao
esforço; f) avaliar terapêutica médica ou cirúrgica; g) avaliar prog-
nósticos; h) avaliar níveis de capacidade funcional para participa-
ção em atividades vocacionais, recreativas e desportivas.
Nos resultados iniciais do autor, em 1992, entre 337 crianças e
adolescentes submetidos ao TE, as principais indicações foram:
avaliação de dor torácica (35,6%), avaliação pré-participação – nor-
mais e atletas (24,9%), prolapso da valva mitral (15,4%), avaliação
de arritmias (12,2%), avaliação da pressão arterial (4,5%), avalia-
ção de cardiopatias congênitas não operadas (2,4%), pós-operató-
rio de cardiopatias congênitas (1,5%), avaliação de uso de medica-
mentos (1,5%) e outras indicações (2,1%)(5)
.
A realização do TE na avaliação pré-participação de atividades
esportivas em crianças e adolescentes sadios é considerada sem
utilidade pelo ACC/AHA(2)
. Entretanto, para Vivacqua Costa(6)
, a exe-
cução do teste ergométrico é indispensável para a avaliação car-
diorrespiratória de adolescentes que vão iniciar a prática desporti-
va. A seção de cardiologia do esporte do Instituto Dante Pazzanese
de Cardiologia (IDPC), em São Paulo, ao avaliar 700 crianças e ado-
lescentes entre oito e 16 anos, iniciantes em esportes ou atletas,
encontrou anormalidades em 147 (21%). Esses achados reforçam
a opinião de que todas as crianças que se propõem a iniciar uma
modalidade esportiva devam se submeter a cuidadosa avaliação
médica, para detectar possíveis cardiopatias. No IDPC, como roti-
na de exames pré-participação para a prática do esporte, o teste
ergométrico é incluído com outros exames no protocolo de inves-
tigação de rotina(7)
.
A realização de rotina do TE na investigação de dor torácica não
anginosa, comum em crianças e adolescentes, também é referida
como sem utilidade clínica pelo ACC/AHA(2)
, porém, esta é uma
indicação freqüente do TE nesta faixa etária. Asma esforço-induzi-
da deve ser considerada nos pacientes pediátricos com sintomas
de dor torácica ou dispnéia ao exercício. Na avaliação de 180 jo-
vens com dor torácica ou dispnéia associada ao exercício, 9,5%
dos pacientes com dor e 21,2% dos com dispnéia desenvolveram
asma esforço-induzida(8)
.
Embora rara nas crianças, a resposta isquêmica deve ser pes-
quisada na evolução do comprometimento coronariano na doença
de Kawasaki. O TE associado ao ecocardiograma(9)
ou à cintilogra-
fia do miocárdio(10)
pode identificar alterações isquêmicas nos pa-
cientes com maior risco para infarto do miocárdio ou morte súbita.
Isquemia miocárdica e tolerância ao esforço devem ser avalia-
das após o tratamento cirúrgico para a correção da transposição
das grandes artérias com reimplante das artérias coronárias. Wein-
dling et al.(11)
, em 1994, avaliaram 43 crianças com ecocardiogra-
ma, Holter, teste ergométrico e cintilografia do miocárdio; concluí-
ram que tolerância normal ao exercício, ausência de sintomas ou
de alterações eletrocardiográficas são indicadores de perfusão
miocárdica normal. Massin et al.(12)
realizaram o TE em 50 crianças
entre quatro e nove anos e encontraram três exames com altera-
ções sugestivas de isquemia durante o esforço: após estudo he-
modinâmico, os autores identificaram oclusão da coronária esquer-
da em um jovem e oclusão da coronária direita em dois outros que
apresentavam extra-sístoles ventriculares no repouso e que de-
senvolveram taquicardia ventricular no exercício. As demais crian-
ças apresentaram tolerância normal ao esforço e ausência de si-
nais sugestivos de isquemia miocárdica.
Hipertensão arterial constitui outra importante indicação. A res-
posta da pressão arterial deve ser avaliada após a correção cirúrgi-
ca da coarctação da aorta, quando, mesmo após cirurgias realizadas
com sucesso, a expectativa de vida é reduzida, 1/3 dos pacientes
permanecem hipertensos e durante o exercício a resposta hiper-
tensiva é mais freqüente que na população normal(13)
. Menor tole-
rância ao esforço e acentuação anormal da pressão arterial foram
observadas em adolescentes e adultos jovens após transplante
renal, sugerindo que devam ser tomadas precauções na realização
de atividades físicas mais intensas(14)
. Crianças com níveis eleva-
dos do LDL-colesterol apresentam valores mais elevados da pres-
são arterial sistólica e diastólica antes, durante e após o exercício.
A resposta da pressão arterial alterada na presença de hipercoles-
terolemia resulta das alterações do endotélio e do incremento da
resistência vascular(15)
.
Aumentar a atividade física pode ser a principal medida terapêu-
tica não farmacológica para reduzir a pressão arterial, além de pa-
recer ser excelente estratégia preventiva para pacientes jovens
com alto risco de hipertensão e obesidade. Gillum descreveu o TE
em mais de 6.700 jovens entre 12 e 17 anos, na avaliação da rela-
ção entre a tolerância ao esforço, a pressão arterial, peso, gordura
corporal, níveis séricos de colesterol, ácido úrico e outros fatores
de risco cardiovascular(16). Matthys e Verhaaren observaram res-
posta hipertensiva ao esforço no TE realizado em 48 crianças ope-
radas de CIA e 53 de CIV(17)
.
A avaliação da resposta hemodinâmica e cardiorrespiratória pode
ser realizada com o TE antes e após o tratamento cirúrgico de di-
versas cardiopatias congênitas (comunicação interatrial e interven-
tricular, estenose aórtica e pulmonar, persistência do canal arterial,
defeitos do coxim e insuficiência tricúspide). Após a correção ci-
rúrgica, pode ser observado aumento do consumo de oxigênio e
da PA sistólica no pico do esforço(18). O TE também foi usado por
Cumming(19)
para avaliar a tolerância ao esforço de 830 crianças
com cardiopatias (comunicação interatrial e interventricular, per-
sistência do canal arterial, coarctação da aorta, estenose pulmo-
nar, tetralogia de Fallot e cardiopatia reumática) e para comparar
os achados com 715 crianças aparentemente normais.
A avaliação completa após a correção cirúrgica da tetralogia de
Fallot com o TE e outros exames complementares é importante
para permitir a liberação para atividade física e esportiva(20)
. Duran-
te o exercício devem ser observados sintomas, resposta da fre-
qüência cardíaca, pressão arterial, distúrbios do ritmo, da condu-
ção, alterações isquêmicas e consumo de oxigênio(20-22)
.
O TE pode ser usado como coadjuvante na avaliação da reper-
cussão das doenças valvares. Crianças assintomáticas, com insu-
ficiência aórtica e pequeno comprometimento funcional, não apre-
418 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 5 – Set/Out, 2004
sentam diferença significativa da tolerância ao esforço, VO2, FC,
PA e segmento ST, quando comparadas às normais. Resposta de-
primida da freqüência cardíaca, hipertensão sistólica e isquemia
subendocárdica podem ser observadas no grupo com maior reper-
cussão(23). A tolerância ao esforço, elevação da freqüência cardíaca
e VO2max são bons indicadores do acompanhamento após a troca
de válvula aórtica(24)
.
No prolapso da valva mitral (PVM), os sintomas (dor torácica,
dispnéia e palpitações) e as alterações no ECG de repouso podem
ser bem avaliados durante o esforço. Rokicki et al.(25)
observaram
tolerância normal ao exercício, normalização do ECG no esforço,
na maioria dos pacientes com alterações eletrocardiográficas no
repouso, e que o exercício ou não provocou piora ou melhorou as
arritmias presentes no repouso.
Com o TE pode-se avaliar a gravidade das miocardiopatias dila-
tada e hipertrófica, obstrutiva ou não, pela observação da tolerân-
cia ao esforço, comportamento da pressão arterial, alterações ele-
trocardiográficas e arritmias(26)
. O teste de esforço cardiopulmonar,
com medida dos gases expirados e determinação direta do limiar
anaeróbico e do VO2
max, é um dos mais importantes exames para
avaliar a gravidade da insuficiência cardíaca e a eficácia dos trata-
mentos realizados(27)
.
A prevalência de arritmias em crianças e adolescentes aparen-
temente sadios foi descrita por Greco et al.(28)
, que em 1983 estu-
daram 500 jovens entre quatro e 17 anos recrutados nas escolas.
Arritmia sinusal respiratória foi encontrada em 97% das crianças
em posição supina. Nesta análise, um indivíduo apresentou extra-
sístoles supraventriculares e ventriculares, enquanto outros três
apresentaram taquicardia ventricular lenta, Wolff-Parkinson-White
(WPW) e intervalo PR (PRi) curto, respectivamente. Não houve sin-
tomas relacionados aos achados. O exercício suprimiu a taquicar-
dia ventricular, as extra-sístoles foram reduzidas e nenhuma outra
arritmia foi desencadeada.
Na avaliação de arritmia cardíaca, em 2.761 pacientes com car-
diopatia diagnosticada ou suspeita, Bricker et al.(29) observaram ta-
quicardia ventricular em 22 (14 durante o esforço e oito após o
exercício), a maioria com anormalidades cardíacas: síndrome do
QT longo (2), displasia arritmogênica do ventrículo direito (4), PVM
(2), miocardiopatias (3) e cardiopatias congênitas (6). Nenhuma com-
plicação foi observada. Em outro estudo, o TE foi útil na avaliação
de crianças e familiares com displasia arritmogênica do ventrículo
direito, onde o envolvimento familiar é freqüente. Nesta síndrome
pode-se observar a presença de taquicardia ventricular mais pre-
cocemente e o desenvolvimento de insuficiência cardíaca mais
tardiamente(30)
.
Na síndrome de Wolff-Parkinson-White, o TE realizado em crian-
ças e adolescentes entre quatro e 16 anos foi capaz de identificar
o surgimento de arritmias (extra-sístole supraventricular, ventricu-
lar ou taquicardia supraventricular) e o desaparecimento e/ou sur-
gimento da onda delta durante ou após o exercício. Crianças com
WPW com total normalização do QRS durante o exercício e sem
sintomas de taquicardia não requerem estudo eletrofisiológico(31)
.
Matina et al.(32) estudaram crianças e adolescentes entre oito e
18 anos com bloqueio atrioventricular (BAV) congênito e pré-exci-
tação ventricular. No BAV o agravamento do grau de bloqueio du-
rante o esforço pode justificar um estudo eletrofisiológico. Na pré-
excitação, o TE pode auxiliar na avaliação do período refratário das
vias normais e acessórias e, segundo esses autores, o surgimento
de taquicardia justifica o estudo eletrofisiológico. Por outro lado, a
normalização do ECG em indivíduos assintomáticos autoriza a libe-
ração para atividade física. O TE em crianças submetidas a implan-
te de marcapasso pode avaliar a tolerância ao exercício, sintomas,
resposta da freqüência cardíaca e arritmias durante o esforço(33)
.
O TE pode ser usado na identificação de crianças com episódios
de asma desencadeada pelo exercício e no acompanhamento do
efeito do treinamento físico em diminuir os episódios de asma com
o esforço(34-36)
. O surgimento de sintomas e alterações dos gases
respiratórios durante e, principalmente, após o exercício, pode iden-
tificar o broncoespasmo com o esforço, presente em 75 a 95%
dos asmáticos e em 3 a 11% dos indivíduos não asmáticos(37)
. Em
crianças com fibrose cística o TE foi usado para avaliar a tolerância
ao esforço e a resposta ao tratamento com programa de treina-
mento físico aeróbico e de resistência(38,39)
. Na realização do TE em
59 pacientes com idade média de 11,4 anos, após extensas quei-
maduras e lesões por inalação, não foram observadas diferenças
na capacidade funcional(40)
.
A realização do TE em crianças e adolescentes obesos mostrou
menor capacidade funcional na presença de hiperinsulinemia(41) e
na síndrome metabólica(42)
. Crianças entre três e 18 anos, portado-
ras de forma localizada de esclerodermia, mostraram distúrbio da
condução pelo ramo direito no ECG de repouso, alterações valva-
res predominantemente mitrais no ecocardiograma e ausência de
alterações no TE(43)
. Não foram observadas diferenças significati-
vas na tolerância ao exercício, comportamento da pressão arterial
ou alterações eletrocardiográficas em crianças a partir dos sete
anos, submetidas ao TE após tratamento de leucemia linfoblástica
aguda(44).
Conclui-se que o teste ergométrico é um procedimento seguro,
que pode ser utilizado como importante método de avaliação diag-
nóstica, prognóstica e funcional em inúmeras situações clínicas ou
cirúrgicas, na população com idade abaixo dos 20 anos.
Todos os autores declararam não haver qualquer potencial conflito
de interesses referente a este artigo.
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Indicações de TE em crianças e adolescentes

  • 1. 416 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 5 – Set/Out, 2004 * Trabalho realizado no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). 1. Especialista em Cardiologia, Medicina do Esporte e Habilitação em Er- gometria, Mestre em Medicina Interna, Chefe do Setor de Ergometria do Serviço de Cardiologia do Hospital das Clínicas da UFPE. 2. Doutor em Nutrição, Professor Adjunto de Cardiologia do Departamen- to de Medicina Clínica do Centro de Ciências da Saúde da UFPE. Recebido em 22/5/04. 2a versão recebida em 20/8/04. Aceito em 26/8/04. Endereço para correspondência: Odwaldo Barbosa e Silva – Rua Dolores Salgado, 219 – Apipucos – 52071-360 – Recife, PE; e-mail: odwaldo@ter- ra.com.br Indicações do teste ergométrico em crianças e adolescentes* Odwaldo Barbosa e Silva1 e Lurildo Cleano Ribeiro Saraiva2 ARTIGO DE REVISÃO Palavras-chave: Teste ergométrico. Teste de esforço. Crianças e adolescentes. Palabras-clave: Prueba ergométrica. Prueba de esfuerzo. Niños y adolescentes. RESUMO O teste ergométrico (TE) é um procedimento de baixo risco e com complicações extremamente raras, principalmente na popu- lação pediátrica. Nesta revisão são apresentadas as principais indi- cações do TE nas crianças e adolescentes (idade até 19 anos), como um método de avaliação diagnóstica, prognóstica e funcio- nal em diversas situações: avaliação da capacidade física, avalia- ção de sintomas relacionados ao exercício, avaliação de tratamen- to clínico e cirúrgico em portadores de miocardiopatias, cardiopatias congênitas e valvares, asmáticos e avaliação pré-participação em programas de atividades físicas, entre outras. RESUMEN Indicaciones de la prueba ergométrica en niños y adolescen- tes La prueba ergomética (PE) es un procedimiento de bajo riesgo y con complicaciones extremamente raras, principalmente en los niños. En este estudio, se presentan las principales indicaciones de la PE para niños y adolescentes (edad hasta 19 años), como un método de evaluación diagnóstica, prognóstica y funcional en di- versas situaciones: evaluación de la capacidad física, evaluación de síntomas relacionados al ejercicio, evaluación de tratamiento clínico y cirúgico en portadores de miocardiopatias, cardiopatias congénitas y valvares y asmáticos y evaluación de pre-participa- ción en programas de actividades físicas, entre otras. Pacientes adultos têm como indicação mais freqüente do TE a busca por informações diagnósticas, quando ocorre probabilidade intermediária de doença arterial coronariana significativa, na au- sência de alterações significativas do ECG de repouso(1) . A doença isquêmica é rara na população jovem, o que mostra uma diferença significativa na indicação e interpretação e resulta em baixo risco na rotina do TE na população pediátrica. As complicações são ex- tremamente raras, mesmo quando o TE é realizado em crianças com cardiopatias congênitas e arritmias. As aplicações do TE nos jovens estão principalmente relacionadas à medida da capacidade de exercício, avaliação de anormalidades cardíacas conhecidas e de sintomas relacionados ao exercício(2) . As indicações do TE em crianças e adolescentes do American College of Cardiology (ACC) e American Heart Assossiation (AHA)(2), de acordo com a classificação de I a III dos graus de recomenda- ção (quadro 1), são: Classe I 1. Avaliação da capacidade de exercício em crianças com car- diopatias congênitas, crianças submetidas a tratamento cirúrgico de cardiopatias congênitas, com doença valvar adquirida ou doen- ça miocárdica. 2. Avaliação de crianças com queixa de dor torácica anginosa. 3. Acompanhamento da resposta de marcapasso ao exercício. 4. Avaliação de sintomas relacionados ao exercício em atletas jovens. Classe II a 1. Avaliação da resposta ao tratamento médico, cirúrgico ou ablação por radiofreqüência de crianças com taquiarritmia obser- vada em TE anterior. 2. No acompanhamento da repercussão das lesões valvares congênitas ou adquiridas, especialmente estenose valvar aórtica. 3. Avaliação do ritmo durante o exercício em pacientes com suspeita de arritmia induzida pelo exercício ou quando a mesma foi diagnosticada a partir do exercício. Classe II b 1. Como um dos componentes da avaliação de crianças e ado- lescentes com história familiar de morte súbita em indivíduos jo- vens durante o exercício. 2. Acompanhamento de anormalidades cardíacas com possibi- lidade de envolvimento coronariano tardio como doença de Kawa- saki e lúpus eritematoso sistêmico. 3. Acompanhamento da resposta da freqüência cardíaca e de- senvolvimento de arritmia ventricular em crianças e adolescentes com bloqueio atrioventricular total congênito. 4. Quantificação da resposta da freqüência cardíaca no exercí- cio, em crianças e adolescentes tratados com betabloqueador para estimar a adequação do bloqueio betadrenérgico. 5. Medida da resposta de encurtamento ou prolongamento do intervalo QT corrigido no exercício, como um auxiliar no diagnósti- co da síndrome hereditária do prolongamento do intervalo QT. QUADRO 1 Classificação do ACC/AHA(8) usada para os graus de recomendação do procedimento Classe I: Condição em que há evidências e/ou acordo geral de que a realização do procedimento é aceitável e efetiva. Classe II: Condição em que há evidente conflito e/ou divergências de opiniões sobre a aceitação ou eficácia do procedimento. Classe II a: Maior peso das evidências e opiniões a favor da aceitação e eficácia. Classe II b: Aceitação e eficácia menos estabelecidas quanto às evidências e opi- niões a favor. Classe III: Condições em que há evidências e/ou aceitação geral que o procedi- mento não é aceito e efetivo e em alguns casos pode ser prejudicial.
  • 2. Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 5 – Set/Out, 2004 417 6. Avaliação da resposta da pressão arterial e/ou gradiente bra- ço/perna após a correção cirúrgica da coarctação da aorta. 7. Acompanhamento do grau de dessaturação com o exercício de pacientes relativamente bem compensados ou com cirurgia paliativa de cardiopatias congênitas cianóticas. Classe III 1. Avaliação antes da participação de atividades esportivas em crianças e adolescentes sadios. 2. Rotina na investigação de dor torácica tipicamente não angi- nosa, comum em crianças e adolescentes. 3. Avaliação de extra-sístoles atriais e ventriculares em crianças e adolescentes aparentemente sadios. O TE também está indicado para avaliar a tolerância ao esforço e identificar os mecanismos que limitam a capacidade física em crianças com doenças cardíacas ou outras doenças: a) para avaliar sintomas ou sinais que podem ser induzidos ou agravados pelo exercício; b) identificar adaptação anormal ao exercício em pacien- tes com cardiopatias ou outras doenças; c) avaliar a efetividade de tratamento clínico ou cirúrgico; d) estimar a capacidade funcional e segurança para a participação em atividades recreativas ou atléti- cas; e) avaliação prognóstica; f) estabelecer limites e acompanha- mento da efetividade da reabilitação cardíaca(3). Bozza e Loos(4) , que acumulam uma das maiores experiências no TE em crianças e adolescentes no nosso país, descrevem as principais indicações nesta população: a) avaliar sinais e sintomas específicos induzidos ou agravados pelo esforço; b) detectar res- postas adaptativas anormais em cardiopatas e não cardiopatas; c) detectar possíveis anormalidades na relação entre a oferta e o con- sumo de oxigênio miocárdico em portadores de dor torácica ou síncope; d) detectar distúrbios do ritmo cardíaco, associados ou não com o exercício; e) observar a resposta da pressão arterial ao esforço; f) avaliar terapêutica médica ou cirúrgica; g) avaliar prog- nósticos; h) avaliar níveis de capacidade funcional para participa- ção em atividades vocacionais, recreativas e desportivas. Nos resultados iniciais do autor, em 1992, entre 337 crianças e adolescentes submetidos ao TE, as principais indicações foram: avaliação de dor torácica (35,6%), avaliação pré-participação – nor- mais e atletas (24,9%), prolapso da valva mitral (15,4%), avaliação de arritmias (12,2%), avaliação da pressão arterial (4,5%), avalia- ção de cardiopatias congênitas não operadas (2,4%), pós-operató- rio de cardiopatias congênitas (1,5%), avaliação de uso de medica- mentos (1,5%) e outras indicações (2,1%)(5) . A realização do TE na avaliação pré-participação de atividades esportivas em crianças e adolescentes sadios é considerada sem utilidade pelo ACC/AHA(2) . Entretanto, para Vivacqua Costa(6) , a exe- cução do teste ergométrico é indispensável para a avaliação car- diorrespiratória de adolescentes que vão iniciar a prática desporti- va. A seção de cardiologia do esporte do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), em São Paulo, ao avaliar 700 crianças e ado- lescentes entre oito e 16 anos, iniciantes em esportes ou atletas, encontrou anormalidades em 147 (21%). Esses achados reforçam a opinião de que todas as crianças que se propõem a iniciar uma modalidade esportiva devam se submeter a cuidadosa avaliação médica, para detectar possíveis cardiopatias. No IDPC, como roti- na de exames pré-participação para a prática do esporte, o teste ergométrico é incluído com outros exames no protocolo de inves- tigação de rotina(7) . A realização de rotina do TE na investigação de dor torácica não anginosa, comum em crianças e adolescentes, também é referida como sem utilidade clínica pelo ACC/AHA(2) , porém, esta é uma indicação freqüente do TE nesta faixa etária. Asma esforço-induzi- da deve ser considerada nos pacientes pediátricos com sintomas de dor torácica ou dispnéia ao exercício. Na avaliação de 180 jo- vens com dor torácica ou dispnéia associada ao exercício, 9,5% dos pacientes com dor e 21,2% dos com dispnéia desenvolveram asma esforço-induzida(8) . Embora rara nas crianças, a resposta isquêmica deve ser pes- quisada na evolução do comprometimento coronariano na doença de Kawasaki. O TE associado ao ecocardiograma(9) ou à cintilogra- fia do miocárdio(10) pode identificar alterações isquêmicas nos pa- cientes com maior risco para infarto do miocárdio ou morte súbita. Isquemia miocárdica e tolerância ao esforço devem ser avalia- das após o tratamento cirúrgico para a correção da transposição das grandes artérias com reimplante das artérias coronárias. Wein- dling et al.(11) , em 1994, avaliaram 43 crianças com ecocardiogra- ma, Holter, teste ergométrico e cintilografia do miocárdio; concluí- ram que tolerância normal ao exercício, ausência de sintomas ou de alterações eletrocardiográficas são indicadores de perfusão miocárdica normal. Massin et al.(12) realizaram o TE em 50 crianças entre quatro e nove anos e encontraram três exames com altera- ções sugestivas de isquemia durante o esforço: após estudo he- modinâmico, os autores identificaram oclusão da coronária esquer- da em um jovem e oclusão da coronária direita em dois outros que apresentavam extra-sístoles ventriculares no repouso e que de- senvolveram taquicardia ventricular no exercício. As demais crian- ças apresentaram tolerância normal ao esforço e ausência de si- nais sugestivos de isquemia miocárdica. Hipertensão arterial constitui outra importante indicação. A res- posta da pressão arterial deve ser avaliada após a correção cirúrgi- ca da coarctação da aorta, quando, mesmo após cirurgias realizadas com sucesso, a expectativa de vida é reduzida, 1/3 dos pacientes permanecem hipertensos e durante o exercício a resposta hiper- tensiva é mais freqüente que na população normal(13) . Menor tole- rância ao esforço e acentuação anormal da pressão arterial foram observadas em adolescentes e adultos jovens após transplante renal, sugerindo que devam ser tomadas precauções na realização de atividades físicas mais intensas(14) . Crianças com níveis eleva- dos do LDL-colesterol apresentam valores mais elevados da pres- são arterial sistólica e diastólica antes, durante e após o exercício. A resposta da pressão arterial alterada na presença de hipercoles- terolemia resulta das alterações do endotélio e do incremento da resistência vascular(15) . Aumentar a atividade física pode ser a principal medida terapêu- tica não farmacológica para reduzir a pressão arterial, além de pa- recer ser excelente estratégia preventiva para pacientes jovens com alto risco de hipertensão e obesidade. Gillum descreveu o TE em mais de 6.700 jovens entre 12 e 17 anos, na avaliação da rela- ção entre a tolerância ao esforço, a pressão arterial, peso, gordura corporal, níveis séricos de colesterol, ácido úrico e outros fatores de risco cardiovascular(16). Matthys e Verhaaren observaram res- posta hipertensiva ao esforço no TE realizado em 48 crianças ope- radas de CIA e 53 de CIV(17) . A avaliação da resposta hemodinâmica e cardiorrespiratória pode ser realizada com o TE antes e após o tratamento cirúrgico de di- versas cardiopatias congênitas (comunicação interatrial e interven- tricular, estenose aórtica e pulmonar, persistência do canal arterial, defeitos do coxim e insuficiência tricúspide). Após a correção ci- rúrgica, pode ser observado aumento do consumo de oxigênio e da PA sistólica no pico do esforço(18). O TE também foi usado por Cumming(19) para avaliar a tolerância ao esforço de 830 crianças com cardiopatias (comunicação interatrial e interventricular, per- sistência do canal arterial, coarctação da aorta, estenose pulmo- nar, tetralogia de Fallot e cardiopatia reumática) e para comparar os achados com 715 crianças aparentemente normais. A avaliação completa após a correção cirúrgica da tetralogia de Fallot com o TE e outros exames complementares é importante para permitir a liberação para atividade física e esportiva(20) . Duran- te o exercício devem ser observados sintomas, resposta da fre- qüência cardíaca, pressão arterial, distúrbios do ritmo, da condu- ção, alterações isquêmicas e consumo de oxigênio(20-22) . O TE pode ser usado como coadjuvante na avaliação da reper- cussão das doenças valvares. Crianças assintomáticas, com insu- ficiência aórtica e pequeno comprometimento funcional, não apre-
  • 3. 418 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 5 – Set/Out, 2004 sentam diferença significativa da tolerância ao esforço, VO2, FC, PA e segmento ST, quando comparadas às normais. Resposta de- primida da freqüência cardíaca, hipertensão sistólica e isquemia subendocárdica podem ser observadas no grupo com maior reper- cussão(23). A tolerância ao esforço, elevação da freqüência cardíaca e VO2max são bons indicadores do acompanhamento após a troca de válvula aórtica(24) . No prolapso da valva mitral (PVM), os sintomas (dor torácica, dispnéia e palpitações) e as alterações no ECG de repouso podem ser bem avaliados durante o esforço. Rokicki et al.(25) observaram tolerância normal ao exercício, normalização do ECG no esforço, na maioria dos pacientes com alterações eletrocardiográficas no repouso, e que o exercício ou não provocou piora ou melhorou as arritmias presentes no repouso. Com o TE pode-se avaliar a gravidade das miocardiopatias dila- tada e hipertrófica, obstrutiva ou não, pela observação da tolerân- cia ao esforço, comportamento da pressão arterial, alterações ele- trocardiográficas e arritmias(26) . O teste de esforço cardiopulmonar, com medida dos gases expirados e determinação direta do limiar anaeróbico e do VO2 max, é um dos mais importantes exames para avaliar a gravidade da insuficiência cardíaca e a eficácia dos trata- mentos realizados(27) . A prevalência de arritmias em crianças e adolescentes aparen- temente sadios foi descrita por Greco et al.(28) , que em 1983 estu- daram 500 jovens entre quatro e 17 anos recrutados nas escolas. Arritmia sinusal respiratória foi encontrada em 97% das crianças em posição supina. Nesta análise, um indivíduo apresentou extra- sístoles supraventriculares e ventriculares, enquanto outros três apresentaram taquicardia ventricular lenta, Wolff-Parkinson-White (WPW) e intervalo PR (PRi) curto, respectivamente. Não houve sin- tomas relacionados aos achados. O exercício suprimiu a taquicar- dia ventricular, as extra-sístoles foram reduzidas e nenhuma outra arritmia foi desencadeada. Na avaliação de arritmia cardíaca, em 2.761 pacientes com car- diopatia diagnosticada ou suspeita, Bricker et al.(29) observaram ta- quicardia ventricular em 22 (14 durante o esforço e oito após o exercício), a maioria com anormalidades cardíacas: síndrome do QT longo (2), displasia arritmogênica do ventrículo direito (4), PVM (2), miocardiopatias (3) e cardiopatias congênitas (6). Nenhuma com- plicação foi observada. Em outro estudo, o TE foi útil na avaliação de crianças e familiares com displasia arritmogênica do ventrículo direito, onde o envolvimento familiar é freqüente. Nesta síndrome pode-se observar a presença de taquicardia ventricular mais pre- cocemente e o desenvolvimento de insuficiência cardíaca mais tardiamente(30) . Na síndrome de Wolff-Parkinson-White, o TE realizado em crian- ças e adolescentes entre quatro e 16 anos foi capaz de identificar o surgimento de arritmias (extra-sístole supraventricular, ventricu- lar ou taquicardia supraventricular) e o desaparecimento e/ou sur- gimento da onda delta durante ou após o exercício. Crianças com WPW com total normalização do QRS durante o exercício e sem sintomas de taquicardia não requerem estudo eletrofisiológico(31) . Matina et al.(32) estudaram crianças e adolescentes entre oito e 18 anos com bloqueio atrioventricular (BAV) congênito e pré-exci- tação ventricular. No BAV o agravamento do grau de bloqueio du- rante o esforço pode justificar um estudo eletrofisiológico. Na pré- excitação, o TE pode auxiliar na avaliação do período refratário das vias normais e acessórias e, segundo esses autores, o surgimento de taquicardia justifica o estudo eletrofisiológico. Por outro lado, a normalização do ECG em indivíduos assintomáticos autoriza a libe- ração para atividade física. O TE em crianças submetidas a implan- te de marcapasso pode avaliar a tolerância ao exercício, sintomas, resposta da freqüência cardíaca e arritmias durante o esforço(33) . O TE pode ser usado na identificação de crianças com episódios de asma desencadeada pelo exercício e no acompanhamento do efeito do treinamento físico em diminuir os episódios de asma com o esforço(34-36) . O surgimento de sintomas e alterações dos gases respiratórios durante e, principalmente, após o exercício, pode iden- tificar o broncoespasmo com o esforço, presente em 75 a 95% dos asmáticos e em 3 a 11% dos indivíduos não asmáticos(37) . Em crianças com fibrose cística o TE foi usado para avaliar a tolerância ao esforço e a resposta ao tratamento com programa de treina- mento físico aeróbico e de resistência(38,39) . Na realização do TE em 59 pacientes com idade média de 11,4 anos, após extensas quei- maduras e lesões por inalação, não foram observadas diferenças na capacidade funcional(40) . A realização do TE em crianças e adolescentes obesos mostrou menor capacidade funcional na presença de hiperinsulinemia(41) e na síndrome metabólica(42) . Crianças entre três e 18 anos, portado- ras de forma localizada de esclerodermia, mostraram distúrbio da condução pelo ramo direito no ECG de repouso, alterações valva- res predominantemente mitrais no ecocardiograma e ausência de alterações no TE(43) . Não foram observadas diferenças significati- vas na tolerância ao exercício, comportamento da pressão arterial ou alterações eletrocardiográficas em crianças a partir dos sete anos, submetidas ao TE após tratamento de leucemia linfoblástica aguda(44). Conclui-se que o teste ergométrico é um procedimento seguro, que pode ser utilizado como importante método de avaliação diag- nóstica, prognóstica e funcional em inúmeras situações clínicas ou cirúrgicas, na população com idade abaixo dos 20 anos. Todos os autores declararam não haver qualquer potencial conflito de interesses referente a este artigo. REFERÊNCIAS 1. Araújo CGS. Teste de exercício: terminologia e algumas considerações sobre passado, presente e futuro baseado em evidências. Rev Bras Med Esporte 2000; 6:77-84. 2. Gibbons RJ, Balady GJ, Beasley JW, Bricker JT, Duvernoy FC, Froelicher VF, et al. ACC/AHA guidelines for exercise testing: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines (Com- mittee on Exercise Testing). J Am Coll Cardiol 1997;30:260-315. 3. Washington RL, Bricker JT, Alpert BS, Daniels SR, Deckelbaum RJ, Fisher EA, et al. Guidelines for exercise testing in the pediatric age group. 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