Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
A relação entre língua, cultura e identidade na aprendizagem de línguas adicionais
1. A relação entre língua e cultura no
ensino e aprendizagem de línguas
adicionais
Gloria Gil
UFSC
2. LÍNGUA E CULTURA
PERSPECTIVA
ESTRUTURALISTA
PERSPECTIVA
PÓS-ESTRUTURALISTA
3. PONTOS INICIAIS
• Visão estruturalista tanto da língua quanto da
cultura e das relações entre as duas.
LINGUA = sistema CULTURA= sistema
CÓDIGO
PRODUTOS
CULTURA ALTA
CULTURA BAIXA
SEPARADASS
4. PONTOS INICIAIS
• Visão pós-estruturalista: a relação dialêtica
entre as duas: a língua determina e é
determinada pela cultura
LÍNGUA
CULTURA
5. PONTOS INICIAIS
• Visão pós-estruturalista:
Língua como discurso e/ou prática social ,
isto é, língua em uso e em contexto,
constituindo a identidade, constituída na
interação, e perpasada por embates
ideológicos.
6. O discurso como ponto de convergência entre língua e
cultura
• podemos distinguir tres aspectos dos efeitos
constitutivos do discurso:
(i) na construção das identidades sociais;
(ii) na construção das relações entre as
pessoas; e
(iii) na construção de sistemas de
conhecimentos e crenças.
(FAIRCLOUGH, 2001, p. 91)
7. Problema: PREVALECE A VISÃO
ESTRUTURALISTA
• Não obstante, quando olhamos para a o que
acontece na sala de aula de uma língua adicional
no Brasil, como, por exemplo, de língua inglesa
ou espanhola, a relação entre língua e cultura
aparece fragmentada e as duas separadas: a
língua é entendida como código e a cultura como
produtos culturais associados a algumas nações
onde essas línguas são usadas.
9. Ideologias subjacentes as pedagogias
TRADICIONAIS de línguas adicionais.
• Metodos tradicionais: gramática e
tradução e método audiolingual: língua e cultura
separados, produtos estáticos, fixos e imutáveis
• A língua é o conduto da cultura
10. Ideologias subjacentes as pedagogias
TRADICIONAIS de línguas adicionais.
• Abordagem comunicativa:
• com base em funções e regras pragmáticas de
um grupo específico de falantes nativos.
• A língua e vista como culturalmente neutra e
serve para comunicar significados universais
A língua do falante nativo serve para a
comunicação universal
12. • Abordagem intercultural fundamentação
pós-estruturalista
• A abordagem intercultural tem como premissa
de que existe uma relação dialética entre
língua e a cultura, e que a identidade se
constroe nessa interseção. Portanto, quando
quando os alunos adquirem uma nova língua,
eles, também, estarão adquirindo uma nova
cultura e, portanto, uma nova identidade.
13. Essa abordagem propõe uma forma de ensino e aprendizagem
da língua e da cultura em termos de estabelecimento de uma
esfera intercultural.
• Não entanto, não se entende que essa esfera,
seja conformada com a soma da cultura
nativa dos alunos mais a cultura da língua que
eles estão estudando, senão um ‘terceiro
lugar’, que é considerado como um espaço
híbrido que reconfigura a(s) cultura(s) da
língua que está sendo ensinada segundo as
características sociais do ambiente do aluno.
15. A abordagem intercultural
Propõe a criação do ‘terceiro espaço’;
- Propõe a cultura do aluno com ponto de partida, da importância a
cultura local (Canagarajah, 2005);
- Procura desconstruir o mito da identificação perfeita com a cultura
do outro (Moita Lopes, 1996; 2005);
- Procura mostrar que as lentes com as que olhamos o mundo são a
nossa língua(s) e a nossa cultura(s) (Hall, 1997);
- Procura levar a compreender os problemas da visão estereotipada
das culturas - essencialismo cultural (Holliday et al. , 2004) e das
línguas - essencialismo linguístico.
16. Essencialismo cultural e essencialismo
linguístico
• A visão essencialista da cultura é aquela que assume
que todas as pessoas de uma dada categoria social são
culturalmente iguais. Por exemplo, assumir que todas
as mulheres (categoria social) tem que ter filhos.
• A visão essentialista das línguas tem como
pressupostos de que as línguas são puras, homogêneas
e de que existem línguas melhores do que outras.
• A visão essencialista da relação língua e cultura
pressupõe que existe um identificação básica entre:
uma nação e uma língua.
17. Perigo do essencialismo linguístico e
cultural
• Alienação dos alunos das suas próprias cultura
e língua, enfatizada pelo mitos da dominação
cultural e linguística, da homogeneidade
cultural e linguística e da superioridade do
falante nativo.
18. Perigos do essencialismo linguístico e
cultural
• Além disso, a forma homogênea e simplista
em que a cultura é representada na aula de
língua de língua adicional com valores
"neutros" urbanos, de classe média e
fortemente determinados pelo consumismo,
turismo e entretenimento também tem sido
muito criticada.
19. Como evitar o essencialismo
linguístico e cultural
• Em vez disso, Moita Lopes (2005), por
exemplo, sugere um foco em comunidades
heterogêneas e práticas linguísticas de
pessoas de diferentes classes e grupos sociais,
urbanas e rurais, com outros valores como a
solidariedade e a criatividade que vivem em
situações reais de conflito.
20. Perigos do essencialismo linguístico e
cultural
• E, em muitos casos , a aprendizagem da
cultura significa somente aprender sobre
alguns aspectos de alguns países, geralmente
dos Estados Unidos e da Inglaterra (Moita
Lopes , 1996), para o inglês, e a Espanha para
o espanhol, sem considerar as culturas de
outros países que onde essas línguas são
usadas e a/as cultura/as dos aluno.
22. PESQUISAS
1. Pesquisas sobre como a relação entre
língua e cultura se estabelece na interação da
sala de aula.
Nesses estudos, a interação de sala de aula é
entendida como o lugar privilegiado para
compreender como a relação entre língua e
cultura se concretiza na realidade.
23. PESQUISAS
2. Pesquisas sobre as representações dos
professores e alunos sobre língua e cultura e
sua relação.
Nesses estudos, através de questionários,
entrevistas e/ou narrativas se explora como os
alunos e os professores entendem como língua e
cultura e como eles enxergam a relação.
24. PESQUISAS
3. Pesquisas sobre a construção das
identidades dos professores e dos alunos-professores.
Aprender uma nova língua e aprender a ser
professor de línguas são dois processos identitários,
construídos no(s) discurso(s). Esses estudos partem
do prossuposto de que a identidade linguistico-cultural
é construída nos grupos culturais nos quais
agimos e aos que pertencemos e ao mesmo tempo
mantida e/ou modificada nas nossas interações
com os outros participantes desses grupos.
25. Resultados das pesquisas
• A visão estruturalista e essencialista continua
prevalecendo.
• A sala de aula continua sendo uma arena onde as
forças conservadoras e tradicionais tem um papel
importante na perpetuação dos velhos moldes
que seguram a emergência de novas
configurações nos ambientes escolares e
acadêmicos.
• Existem mudanças, atitudes interculturais, mas
pequenas.
26. Algumas razões
• Algumas das razões dos resultados bastante desanimadores dos
estudos empíricos relacionadas com as dificuldades que os
professores enfrentam para implementar uma abordagem mais
intercultural em suas aulas podem ser: tempo e recursos limitados,
livros didáticos sem propostas de atividades inter-culturais,
programas que enfatizam os objetivos linguísticos, e falta de
conhecimento dos professores sobre a(s) cultura (s) envolvidas, que
gera insegurança e medo das reações dos alunos.
• A última razão, por sua vez, está relacionada à educação do
professor de língua adicional, é que as relações entre língua(s) e
cultura(s) não são, comumente, incorporados no currículo, ou seja,
eles não são geralmente tópicos/disciplinas que o compõem.
27. De que forma as nossas pesquisas podem influenciar na
formação dos professores de LA?
• Qual papel a "língua-cultura" desempenha no Currículo das
Licenciaturas Letras-Língua adicional?
• Como são construídas as identidades de alunos e
professores de línguas adicionais?
• Podemos encontrar e investigar experiências escolares e/ou
acadêmicas que incluem o componente intercultural?
• Como a aprendizagem em contextos formais e informais
de questões de língua e cultura influenciam a formação dos
alunos-professores?
• Como a relação da cultura e da linguagem na era da
internet afeta a formação de professores de língua
adicional?
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