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MADEIRA
 uso sustentável na construção civil
Secretaria do Verde e do Meio Ambiente do Município de São Paulo
© 2009, IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
Estado de São Paulo S. A.                                          Eduardo Coelho e Mello Aulicino
Av. Prof. Almeida Prado, 532 – Cidade Universitária “Armando       Ricardo Walder Elias
de Salles Oliveira”
                                                                   Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo
CEP 05508-901 – São Paulo – SP ou
Caixa Postal 0141 – CEP 01064-970 – São Paulo – SP                 André Aranha Campos
Telefone (11) 3767-4000                                            Francisco A. Vasconcellos Neto
http://www.ipt.br                                                  Lilian Sarrouf
e-mail: ipt@ipt.br

                                                                      Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
© 2009, Secretaria do Verde e do Meio Ambiente do
                                                                              (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Município de São Paulo
Rua do Paraíso, 387 – Paraíso – CEP 04103-000 – São Paulo – SP
Telefone: (11) 3396-3000                                                  Madeira : uso sustentável na construção civil /
http://www.prefeitura.sp.gov.br/svma                                      Geraldo José Zenid , coordenador . -- 2. ed. --
e-mail: svma@prefeitura.sp.gov.br                                         São Paulo : Instituto de Pesquisas Tecnológicas :
                                                                          SVMA, 2009. -- (Publicação IPT ; 3010)
© 2009, SindusCon – SP Sindicato da Indústria da
                                                                          Vários autores.
Construção Civil do Estado de São Paulo
                                                                          Bibliografia.
Rua Dona Veridiana, 55 – Santa Cecília
CEP 01238-010 – São Paulo – SP                                            1. Construção 2. Madeira 3. Materiais de
Telefone: (11) 3334-5600                                                  construção 4. Meio ambiente 5. Produtos florestais
http://www.sindusconsp.com.br                                             I. Zenid, Geraldo José . II. Série.
e-mail: sindusconsp@siindusconsp.com.br

Equipe Técnica
CT-Floresta - Centro de Tecnologia de Recursos Florestais – IPT
Geraldo José Zenid                                                    09-00538                                                             CDD-691.1
Ligia Ferrari Torella di Romagnano
                                                                    Índices para catálogo sistemático:
Marcio Augusto Rabelo Nahuz
                                                                    1. Madeira : Uso sustentável : Construção civil
Maria José de Andrade Casimiro Miranda                              691.1
Oswaldo Poffo Ferreira
                                                                  Projeto gráfico, diagramação e arte da capa:
Sérgio Brazolin
                                                                  Setor de Editoração da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente do Município de São Paulo

                                                                  Tiragem: 15.000 exemplares
                                                                  Publicação disponível nos sítios:
                                                                  www.ipt.br
                                                                  www.prefeitura.sp.gov.br/svma
                                                                  www.sindusconsp.com.br
GOVERNO DO ESTADO                                 GOVERNO DO MUNICÍPIO                     Sindicato da Indústria da Construção
DE SÃO PAULO                                      DE SÃO PAULO                             Civil de São Paulo - SindusCon-SP .
José Serra                                        Gilberto Kassab
Governador                                        Prefeito                                 Sergio Tiaki Watanabe
                                                                                           Presidente
Secretaria de Desenvolvimento                     Secretaria do Verde e do Meio Ambiente
                                                  do Município de São Paulo
Geraldo Alckmin                                                                            Cristiano Goldstein
Secretário                                        Eduardo Jorge Martins Alves Sobrinho     Delfino Paiva Teixeira de Freitas
                                                  Secretário
                                                                                           Francisco Antunes de Vasconcellos Neto
Instituto de Pesquisas Tecnológicas
                                                                                           Haruo Ishikawa
do Estado de São Paulo
                                                                                           José Antonio Marsiglio Schuvarz
João Fernando Gomes de Oliveira
                                                                                           José Carlos Molina
Diretor Presidente
                                                                                           José Roberto Pereira Alvim
                                                                                           Luiz Antônio Messias
Álvaro José Abackerli
                                                                                           Marcos Roberto Campilongo Camargo
Diretor de Operações e Negócios
                                                                                           Maristela Alves Lima Honda
Altamiro Francisco da Silva                                                                Mauricio Linn Bianchi
Diretor Financeiro e Administrativo                                                        Odair Garcia Senra
                                                                                           Paulo Brasil Batistella
Walter Furlan                                                                              Vice-presidentes
Diretor de Processos e Tecnologia da Informação

                                                                                           José Batista Ferreira
Denise Andrade Rodrigues
                                                                                           José Roberto Alves
Diretora de Gestão Estratégica
                                                                                           Luís Gustavo Ribeiro
                                                                                           Luiz Cláudio Minniti Amoroso
                                                                                           Paulo Piagentini
                                                                                           Renato Tadeu Parreira Pinto.
                                                                                           Ricardo Beschizza
                                                                                           Ronaldo de Oliveira Leme
                                                                                           Silvio Benito Martini Filho
                                                                                           Diretores regionais
Construindo cidades e protegendo florestas
Manter em pé a floresta amazônica é es-           Por isso, proteger a floresta é proteger o seu
sencial não só para que a atividade empre-        negócio. A aquisição de madeira certificada
sarial do setor madeireiro seja sustentável       FSC e de fontes controladas é fundamental:
em longo e médio prazos, mas também para          reduz o risco de quem compra e contribui
assegurar padrões mínimos de qualidade de         para a conservação das florestas. O setor
vida para os brasileiros. Se eliminarmos a        da construção civil, o maior consumidor de
floresta, substituindo-a por pasto, plantações    madeira tropical do país, precisa se consci-
ou área urbana, enfrentaremos, cada vez           entizar de que não somente a qualidade e
mais, os problemas causados pelas mudanças        os custos da madeira são importantes, mas
climáticas, como inundações, falta de água e      também a origem. É preciso adotar políticas
poluição do ar, entre outros.                     de compras responsáveis, restringindo a
                                                  aquisição de madeira de desmatamento e de
A atividade madeireira ilegal e predatória, as-   fontes ilegais ou desconhecidas.
sim como as queimadas e o desmatamento ile-
gal, tem provocado a destruição da Amazô-         Para que essa mudança de comportamento
nia. Em menos de 50 anos, quase 20% da            das empresas e dos consumidores seja
cobertura florestal da região já desapareceu.     incentivada, é necessário adicionar um
                                                  ingrediente fundamental: informação. Por
Para os empresários do setor madeireiro e         esta razão, consideramos estratégico o
das indústrias compradoras de madeira, como       trabalho pioneiro do Instituto de Pesquisas
a construção civil, a floresta é importante       Tecnológicas (IPT). Em parceria com o
fonte de matéria-prima. Portanto, conservar       SindusCon-SP e com a Secretaria Municipal
a Amazônia é condição fundamental para a          do Verde e Meio Ambiente de São Paulo,
continuidade do negócio em longo prazo.           o IPT compilou uma série de dados úteis
                                                  para os compradores de madeira no setor da
                                                  construção civil.
Em tempos de drásticas alterações no clima
do planeta, é dever do setor produtivo
procurar matérias-primas certificadas que
valorizem as florestas e, consequentemente,
contribuam para a redução de gases do
efeito estufa. Este manual é uma importante
ferramenta no apoio ao uso sustentável das    O WWF-Brasil é uma organização não-governa-
                                              mental brasileira dedicada à conservação da natureza
florestas brasileiras.
                                              com os objetivos de harmonizar a atividade humana
                                              com a conservação da biodiversidade e promover o
Boa Leitura.                                  uso racional dos recursos naturais em benefício dos
                                              cidadãos de hoje e das futuras gerações. O WWF-
Denise Hamú                                   Brasil, criado em 1996 e sediado em Brasília,
                                              desenvolve projetos em todo o país e integra a Rede
Secretária-geral
                                              WWF, a maior rede independente de conservação
WWF-Brasil                                    da natureza, com atuação em mais de 100 países e
                                              o apoio de cerca de 5 milhões de pessoas, incluindo
                                              associados e voluntários.

                                              A Rede WWF vem trabalhando com empresas
                                              do mundo inteiro para que produzam e consumam
                                              madeira de forma sustentável. Por intermédio do
                                              Programa SIM , o WWF-Brasil tem trabalhado em
                                              parceria com empresas florestais para melhorar a
                                              forma como manejam as florestas. Entre os associados
                                              do Programa estão algumas empresas no estado do
                                              Acre e o Grupo de Produtores Florestais Certifica-
                                              dos na Amazônia (PFCA).
Dever de todos
Maior floresta tropical do mundo, a Amazô-      A exploração madeireira na Amazônia é
nia é um patrimônio ambiental que está          um dos vetores que mais contribuem para
presente diariamente na economia e na vida      o avanço desse desmatamento, abrindo
dos brasileiros.                                fronteiras em áreas de floresta intocadas,
                                                criando infra-estrutura de acesso a essas
Cerca de 20% de toda água doce dis-             regiões e facilitando a conversão do seu solo
ponível no planeta encontra-se na bacia         para uso agropecuário. Além disso, calcula-se
amazônica. As chuvas provenientes desta         que 80% do total de madeira produzida
região têm grande responsabilidade no abas-     na região todos os anos seja ilegal. A maior
tecimento de água das grandes metrópoles e      parte desta produção é consumida pelo
na geração de energia, e sua regularidade e     mercado interno brasileiro, tendo como
abundância propiciam ao Brasil posição de       principal destino a construção civil. Para a
destaque como um dos maiores produtores         indústria madeireira, a madeira proveniente
de alimentos do mundo. Porém, até 2008,         do desmatamento, ilegal ou não, é estrategi-
mais de 720.000 km² da Amazônia já tinham       camente um mau negócio para o setor, pois
sido desmatados, uma área equivalente a         significará a extinção deste valioso recurso em
quase três vezes o tamanho do Estado de         curto espaço de tempo. Os danos causados
São Paulo. O desmatamento da Amazônia,          por este modelo de exploração são, muitas
além de colocar em risco sua sobrevivência,     vezes, irreversíveis.
contribui para fazer do país o quarto maior
emissor de gases de efeito estufa do planeta,   Mudar nossos padrões de consumo e
já que 75% de nossas emissões são proveni-      produção, banindo o uso de madeira ilegal
entes do uso do solo e do desmatamento de       e de desmatamento, e substituindo-as por
nossas florestas.                               produtos provenientes de planos de Manejo
                                                Florestal com certificação FSC é funda-
                                                mental não apenas para a conservação da
Amazônia, mas também para a sobrevivência
econômica das populações que dependem
dos recursos da floresta. Adquirir madeira
certificada, além de garantia de procedência,
significa também respeito às leis trabalhistas,
fiscais e aos direitos e costumes das popula-
ções tradicionais.

                                                    O Greenpeace é uma organização global e inde-
O trabalho apresentado a seguir, realizado
                                                    pendente que atua para defender o meio ambiente
pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas
                                                    e promover a paz, inspirando as pessoas a mudarem
(IPT), juntamente com o SindusCon-SP (Sin-          atitudes e comportamentos. Defendemos soluções eco-
dicato da Indústria da Construção Civil do          nomicamente viáveis e socialmente justas, que ofereçam
Estado de São Paulo) e com a Secretaria do          esperança para esta e para as futuras gerações.
Verde e do Meio Ambiente do Municipío de
                                                    Por não aceitar doações de governos, empresas ou
São Paulo, é uma importantíssima ferramenta         partidos políticos, o Greenpeace existe graças à
para essa mudança. É fundamental apresentar         contribuição de milhões de colaboradores em todo o
soluções e alternativas a todos que querem          mundo, que garantem nossa independência e o nosso
                                                    compromisso exclusivo com os indivíduos e com a
ajudar a salvar a Amazônia.
                                                    sociedade civil. Hoje, o Greenpeace está presente
                                                    em mais de 40 países e conta com a colaboração de
O futuro do Brasil depende do futuro de nos-        aproximadamente 3 milhões de pessoas.
sas florestas. Combater o desmatamento, ex-
plorando os recursos naturais de forma consciente
e responsável é econômica e estrategicamente
fundamental para o desenvolvimento de nosso
país, e um dever de todos nós.

Marcelo Furtado
Diretor Executivo
Greenpeace Brasil
Sim, é possível!
Sim, é possível usar a floresta sem destruir       mente adequada, socialmente justa e economica-
a natureza! Produzir de forma sustentável,         mente viável. O PFCA se orgulha de comunicar
gerando emprego, renda e cuidando do meio          que o Brasil tem a maior área certificada da
ambiente. O Grupo de Produtores Florestais         América Latina. Fazer parte dessa história de
Certificados na Amazônia (PFCA) acredita           transformação é uma vitória.
firmemente nisso. E foi assim que, em janeiro
de 2003, foi criado o primeiro grupo do            Hoje, somos um seleto grupo de empresas com
gênero no Brasil, composto por empresas que        áreas de florestas, cadeias de produção e as-
possuem florestas certificadas, que fabricam       sociações que defendem e trabalham dentro do
produtos certificados (Cadeia de Custódia)         conceito da certificação. Nos anima saber que
e por comunidades tradicionais que realizam o      somos incansáveis na busca de novos associados
manejo florestal de acordo com os padrões do       que compartilhem conosco a missão de cons-
FSC - Forest Stewardship Council.                  truir um novo cenário na Amazônia. De forma
                                                   incessante, buscamos práticas mais sustentáveis,
Pioneiro, o PFCA surgiu em resposta à              através da permanente troca de experiências e
crescente demanda por madeira certificada,         do avanço em questões relevantes de pesquisa
tanto no mercado interno quanto no externo.        florestal.
E nasceu com o firme propósito de difundir
práticas sustentáveis na Amazônia, a exemplo       Os nossos resultados são uma clara demonstra-
do manejo florestal: uma alternativa viável para   ção de que um trabalho sustentável é viável na
uso dos recursos da floresta.                      Amazônia. É prova de que é possível, sim, a
                                                   integração do homem com o meio ambiente, em
Outra prática incentivada pelo PFCA é a            um respeito mútuo, duradouro e numa relação de
Certificação. O conhecido Selo Verde facilita      harmonia com o meio ambiente e seus recursos.
bons negócios em todo o mundo e representa
a certeza de que a produção é ambiental-
Conscientes de que manter a floresta viva      Associação dos Seringueiros de
é fundamental não apenas para as empresas      PORTO DIAS
madeireiras, mas para sobrevivência de todo
o planeta, apoiamos integralmente o trabalho   Comunidade Kayapó na Terra Indígena do
desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas       Baú - (TI-Baú)
Tecnológicas (IPT), em parceria com o
SindusCon (Sindicato da Indústria da Cons-     Cikel Brasil Verde S.A.
trução Civil) e com a Secretaria Municipal
do Verde e Meio Ambiente de São Paulo.         Eldorado Exportação e Serviços Ltda.
Oferecer informação e alternativas para o
uso sustentável da floresta é, sem dúvida,     IBL - Izabel Madeiras do Brasil
uma fundamental ferramenta para construir-
mos um admirável mundo novo.                   Juruá Florestal Ltda.

Fazem parte do PFCA:                           Mil Madeireira Itacoatiara Ltda. (Precious
                                               Wood Amazon)
APRUMA - Associação dos Produtores
Rurais em Manejo Florestal e Agricultura       Orsa Florestral Ltda.

Associação de Moradores e Produtores do        Tramontina Belém S/A
Projeto Agroextrativista Chico Mendes –
AMPPAEM                                        Vitória Régia Exportadora Ltda.

Associação Comunitária Agrícola de Extra-
tores de Produtos da Floresta – ACAF
O CBCS Conselho Brasileiro de Construção          O CBCS entende que o Manual elaborado
Sustentável tem como objetivo induzir o setor     pela SVMA é um instrumento que vem
da construção a utilizar práticas mais susten-    colaborar para a conscientização e levar infor-
táveis que venham melhorar a qualidade de         mação à sociedade, para o uso racional e sus-
vida dos usuários, dos trabalhadores e do         tentável da madeira, especialmente ao ressaltar
ambiente que cerca as edificações.                os cuidados que devem ser tomados no seu
                                                  uso. E, ainda, ao alertar que os fornecedores
Neste sentido, defende a necessidade do           e beneficiadores devem ter comprovação da
uso racional e sustentável da madeira na cons-    origem da madeira e, de preferência, serem
trução civil, minimizando os impactos na ex-      certificados por um sistema que, efetivamente,
tração, beneficiamento, utilização e destinação   garanta o manejo florestal, origem e a rastre-
de resíduos. O uso racional deve considerar       abilidade do produto, e os aspectos legais da
aspectos como qualidade; durabilidade; evitar     cadeia de custódia.
desperdícios, quer seja na sua fabricação,
quer na sua utilização; e o uso de produtos       A iniciatva da SVMA / IPT e SindusCon-
para preservação da madeira que não causem        SP de editar a segunda edição do Manual
danos ao meio ambiente e à saúde humana.          demonstra a importância cada vez mais pre-
                                                  sente deste tema. E cabe ao CBCS apoiar e
Questões socioambientais também são essenci-      divulgar este trabalho.
ais, como o combate à informalidade; o manejo
                                                  CBCS - é uma organização da sociedade civil sem fins
sustentável de nossas florestas; as florestas
                                                  lucrativos (OSCIP) que tem por obejtivo contribuir
plantadas, o transporte e a comercialização
                                                  para a promoção do desenvolvimento sustentável por
da madeira devem ser feitos por empresas          meio da geração e disseminação de conhecimento e da
responsáveis, que cuidam da segurança e           mobilização da cadeia produtiva da construção civil,
qualidade de vida dos funcionários, zelam pela    de seus clientes e consumidores
preservação da biodiversidade (fauna e flora),
combatem o desmatamento ilegal e prezam por
sua integridade empresarial.
Sumário
1. Introdução..............................................................................................    14
2. Você sabe de onde vem a madeira que você consome?......................................                     16
3. Usos da madeira na construção civil.............................................................            20
4. Produtos de madeira.................................................................................        23
5. Indicação da madeira para construção civil....................................................              40
6. Fichas tecnológicas de madeira....................................................................          50
7. Qualidade da madeira...............................................................................         78
8. Gestão ambiental para o controle de cupins subterrâneos na construção civil............                     87
9. Referências bibliográficas..............................................................................    90
10. Glossário...............................................................................................   95
1. Introdução

     O desmatamento na região amazônica e             Saber a procedência da madeira mostra-se
     suas conseqüências em relação às mudanças        assim fundamental no momento da compra do
     climáticas no planeta, hoje, são repercuti-      produto. Um consumidor consciente precisa
     dos internacionalmente como o principal          ter idéia de todo o processo para saber se,
     problema ambiental do Brasil. Outras             com sua compra, está ajudando a manter a
     regiões do país muitas vezes percebem            Floresta Amazônica de pé ou contribuindo
     este desmatamento como algo distante de          para a continuidade do desmate.
     seu dia-a-dia, embora contribuam indireta-
     mente para esta situação. A maior parte da       Existem inúmeros empreendimentos florestais
     produção madeireira da Amazônia, segundo         que adotam padrões internacionais de procedi-
     o IMAZON – Fatos Florestais – 2005,              mentos que têm como objetivo principal con-
     é consumida no Brasil - cerca de 64% de          ciliar o uso da floresta e a conservação de seus
     toda a madeira produzida na Amazônia é           recursos naturais. Nestes empreendimentos,
     consumida por brasileiros. O Estado de São       a exploração da madeira de forma ambiental-
     Paulo é o maior consumidor, respondendo          mente correta, socialmente benéfica e eco-
     por 15% do consumo nacional, sendo que,          nomicamente viável se consolida em importante
     dentre os principais setores consumidores,       ferramenta para a manutenção da floresta.
     destaca-se a indústria moveleira e a cons-
     trução civil.                                    A madeira, acompanhada de provas docu-
                                                      mentais que garantam sua origem legal e não
     Ao adquirirmos um produto cuja matéria-          predatória, se constitui em produto susten-
     prima tem origem na exploração predatória e      tável, natural e oriundo de uma fonte plena-
     ilegal dos recursos florestais, também dividi-   mente renovável - a floresta. Reconhecida há
     mos a responsabilidade pela degradação do        muito como amiga da humanidade, a madeira
     meio ambiente e, através de nossas escolhas,     deve ser reapresentada à sociedade atual
     podemos interferir para que nossas florestas     como alternativa ecológica a materiais como
     não sejam destruídas de forma predatória.        metais, plásticos, compostos de cimento e




14
semelhantes às das espécies tradicionais e
outros que, em sua produção, utilizam como
                                                apresentando os novos mecanismos dis-
fonte de energia a própria madeira e, em
                                                poníveis no mercado, que garantem ao
seus ciclos de vida, acarretam incomparáveis
                                                consumidor consciente a aquisição de uma
impactos ambientais. Quando utilizada na
                                                matéria-prima de origem legal, extraída de
fabricação de bens duráveis como móveis,
                                                maneira responsável e não predatória.
objetos de decoração e nas nossas habita-
ções, se constitui em ferramenta para fixação
                                                É o resultado da ação conjunta da Gerência
do carbono, contribuindo para a redução do
                                                de Ecoeconomia da Secretaria do Verde e
aquecimento global.
                                                do Meio Ambiente da Prefeitura Municipal
                                                de São Paulo, do Centro de Tecnologia de
A incorporação de espécies alternativas
                                                Recursos Florestais do Instituto de Pesquisas
ao processo de escolha e especificação da
                                                Tecnológicas e do Comitê de Meio Ambiente
madeira empregada nas atividades da
                                                do Sindicato da Indústria da Construção Civil
construção civil, em contraposição aos
                                                do Estado de São Paulo. Contribuíram tam-
impactos ambientais causados pelo uso inten-
                                                bém para a elaboração da presente publicação
sivo e constante de determinadas espécies,
                                                profissionais de importantes e expressivas enti-
se traduz em importante passo do setor
                                                dades e empresas, como o Grupo de Produ-
produtivo que mais consome este insumo no
                                                tores Florestais Certificados na Amazônia, da
país para a preservação e a sustentabilidade
                                                Coordenação do Programa Cidade Amiga da
das florestas brasileiras.
                                                Amazônia da Associação Civil Greenpeace
                                                e da Coordenação do Programa de Apoio
Este guia que você tem em mãos amplia o
                                                ao Desenvolvimento Sustentável WWF-Bra-
conhecimento de profissionais da construção
                                                sil. Agradecemos também aos profissionais,
e de consumidores que buscam informações
                                                entidades e empresas que colaboraram para a
sobre este importante produto, oferecendo
                                                1ª edição deste manual. Ressalvamos que a
espécies alternativas com propriedades
                                                elas não cabe nenhuma responsabilidade pelo
                                                texto final.




                                                                                                   15
2. Você sabe de onde vem a madeira que você consome?
     Estimativas indicam que entre 43% e 80% da             uso sustentável. Não pode haver desmatamento
     produção madeireira da região amazônica seja           apenas para acessar madeira de forma mais fácil.
     ilegal, advinda de áreas desmatadas ou exploradas      O interessado deve protocolar uma solicitação jun-
     de forma predatória e insustentável. Em média,         tamente com documentação sobre a propriedade,
     75% dessa produção é destinada ao mercado in-          mapas e estimativa do volume das espécies florestais
     terno. Assim, há uma grande chance de que todas        que serão comercializadas, com base em inventário
     ou grande parte das empresas que usam madeira          florestal amostral.
     da região amazônica estejam involuntariamente
     utilizando madeira de origem ilegal ou predatória.     Mesmo assim, o desmatamento não pode ocorrer
                                                            em toda a propriedade. Na Amazônia Legal, 80%
     Diante da exploração extrativista sem planos de        da área total da propriedade deve permanecer com
     manejo adequado das matas nativas, que retira          cobertura vegetal original, é a chamada Reserva
     grandes volumes de apenas algumas espécies             Legal (RL), onde são permitidos usos sustentáveis
     definidas pelo mercado, a floresta não consegue se     como manejo para produção de madeira e para
     recompor naturalmente na mesma velocidade.             produtos florestais não-madeireiros.

     De acordo com a legislação brasileira pode-se ex-      Para transportar a madeira da floresta é necessário
     trair madeira da floresta de duas maneiras: a partir   portar o Documento de Origem Florestal (DOF),
     de manejo florestal ou da conversão de áreas de        emitido pelo IBAMA, ou documento correlato
     florestas em outros usos do solo, como agricultura     emitido pelo Órgão Estadual de Meio
     e pecuária, por meio do desmatamento.                  Ambiente (OEMA). Quando emitido pelo
                                                            OEMA, não obrigatoriamente será chamado de
     O desmatamento deve ser autorizado (autorização        DOF, mas deverá seguir os princípios gerais do
     de desmate) por um órgão ambiental estadual ou         DOF, documento que atesta a origem do carrega-
     pelo IBAMA. A conversão de florestas em áreas          mento, neste caso, um desmatamento autorizado.
     abertas somente pode ocorrer se for destinada ao       O DOF é obtido pela internet. Cada estado pode




16
optar por desenvolver um sistema semelhante ao         - Por meio de exploração extrativista: explorando
DOF, que deverá ser aprovado pelo Governo              comercialmente apenas as espécies com valor de
Federal, ou utilizar a plataforma disponibilizada      mercado, sem projetos de manejo.
pelo IBAMA. A partir desta plataforma pode-se
                                                       2.2. Manejo florestal
realizar o controle eletrônico dos saldos de madeira
de cada plano de manejo florestal, semelhante a        O aproveitamento das florestas naturais ou
uma conta corrente bancária, por meio do cruza-        plantadas, através de Projeto de Manejo Florestal
mento automático de dados com controle fiscal.         aprovado pelo IBAMA, é a forma correta de
                                                       utilizar estes recursos naturais, por partir do
2.1. Fontes de matéria prima (florestas nativas        princípio de sustentabilidade, ou seja, prevendo
e plantadas)                                           uma utilização que permita a recomposição da
                                                       floresta de uma determinada área, viabilizando-a
As fontes das madeiras tão desejadas são:              econômica, socialmente e ambientalmente.

2.1.1. Florestas plantadas:                            2.3. Recomendações para sua obra
que se destinam a produzir matéria-prima para as       Oitenta por cento da produção de madeira
indústrias de madeira serrada, painéis à base de       da Amazônia é destinada ao mercado interno
madeira e móveis, cuja implantação, manutenção e       brasileiro. A oferta de matéria-prima centraliza-se
exploração seguem projetos previamente aprovados       principalmente em poucas espécies, exercendo
pelo IBAMA.                                            uma pressão muito grande sobre as florestas
                                                       nativas. Diante deste quadro são recomendáveis
2.1.2. Florestas nativas:                              as seguintes práticas:
que são exploradas para atender o mercado de
madeiras de duas formas:
- Por meio de manejo florestal: através da explora-
ção planejada e controlada da mata nativa.




                                                                                                             17
2.3.1. Projetos e Especificação da Madeira:             certificadas são monitoradas no mínimo a cada ano
     a) ao projetar e especificar o tipo da madeira a ser    e sempre precisam apresentar desempenho superior
     utilizada é importante que sejam consideradas as        ao do ano anterior.
     características das peças a serem detalhadas, evitan-
     do excesso de cortes e emendas. Procure adequar o       Estão disponíveis no Brasil o Sistema de Certifica-
     projeto às peças com medidas de mercado;                ção Florestal Brasileiro do INMETRO (CER-
     b) Para a especificação do tipo da madeira,             FLOR) – para mais informações sobre o Sistema
     consulte no capítulo 6 deste manual as espécies         CERFLOR visite www.sbs.org.br – e o Sistema
     que mais se adequam a seu projeto.                      do FSC – Forest Stewardship Council (Conselho
                                                             de Manejo Florestal) –, que certificam a produção
     2.3.2. Aquisição:                                       adequada ambientalmente. Também existem hoje
     a) Adquirir madeira somente de empresas que             organizações não-governamentais que buscam ori-
     possam comprovar a origem da mesma através de           entar as empresas interessadas em ter um controle
     um plano de manejo aprovado pelo IBAMA,                 sobre a origem da madeira que consomem. Um
     com a apresentação de nota fiscal e Documento de        desses programas é oferecido pelo WWF-Brasil,
     Origem Florestal – DOF;                                 denominado Sistema de Implementação e Veri-
     b) Outra opção é adquirir madeira de origem             ficação Modular (SIM), baseado em avaliações
     comprovada através de Certificação Florestal.           da cadeia de suprimento de uma empresa por
                                                             auditores independentes e tem como objetivo
     Certificação Florestal                                  determinar a origem da madeira consumida pelas
     A certificação florestal é uma ferramenta de mer-       empresas associadas.
     cado que atesta que uma determinada empresa ou
     comunidade maneja suas florestas de acordo com          O Programa SIM do WWF-Brasil faz parte da
     padrões (regras) pré-definidos e acordados entre        Rede Global de Floresta e Comércio (GFTN,
     os diversos setores da sociedade. Os sistemas de        Global Forest & Trade Network em inglês).
     certificação são a melhor garantia de legalidade e      A GFTN é resultado de uma parceria que reúne
                                                             um consórcio de organizações não-governamentais
     utilização racional das florestas, porque requerem      lideradas pela rede WWF, empresas e comu-
     um cumprimento de normas que vão além da                nidades. O objetivo é demonstrar liderança,
     legalidade. Na prática, empresas de comunidade          implementar melhores práticas e promover atuação




18
2.3.3. Uso na obra
responsável nas áreas de manejo e comércio flo-
restal. A GFTN se insere na estratégia global do       a) Procure utilizar as peças de acordo com o
WWF de combate à atividade madeireira ilegal e         projeto, e na falta deste, de forma a evitar perda
de melhoria do manejo das florestas ameaçadas.         com cortes desnecessários;
                                                       b) verificar a possibilidade do reúso das peças,
Para mais informações sobre o Programa SIM e a         ou seja, utilizar uma mesma peça mais de uma vez,
Rede GFTN visite www.wwf.org.br/sim.                   dando-lhe uma sobrevida, o que significa economia
                                                       de dinheiro e matéria-prima
Para o WWF-Brasil o sistema de certificação com
                                                       2.3.4. Destinação de resíduos de madeira
maior credibilidade é o do Conselho de Manejo
Florestal (FSC), maior e mais antigo sistema de        A resolução do Conselho Nacional do Meio Am-
certificação florestal em todo o mundo, presente em    biente n° 307 considera os geradores de resíduos
todos os continentes em mais de 80 países.             da construção civil responsáveis pelo seu destino
                                                       e deverão ter como objetivo primordial a não
Para mais informações sobre a certificação florestal   geração de resíduos e secundariamente, a redução,
FSC, visite www.fsc.org.br                             a reutilização, a reciclagem e a destinação final.


c) Não recorrer somente a espécies tradicio-           Os estados e municípios estão elaborando suas
nais, buscando neste Manual alternativas com as        políticas de gestão de resíduos, onde estão previs-
mesmas características técnicas entre as madeiras      tas a implantação de ATTs – Áreas de Transbordo
de reflorestamento e mesmo de outras espécies de       e Triagem, para onde deverão ser encaminhados os
mata nativa, porém que não estejam, no momento,        resíduos da construção civil para que possam ser
sob pressão de exploração, desta forma agregando       segregados, reutilizados, reciclados ou tenham a
valor econômico a espécies pouco conhecidas.           correta destinação.




                                                                                                             19
3. Usos da madeira na construção civil
     Na construção civil, a madeira é utilizada de diversas formas em usos temporários, como: fôrmas
     para concreto, andaimes e escoramentos. De forma definitiva, é utilizada nas estruturas de cober-
     tura, nas esquadrias (portas e janelas), nos forros e nos pisos.

     Para se avaliar comparativamente esses usos é apresentado na tabela 1 o consumo de madeira
     serrada amazônica pela construção civil, no estado de São Paulo, em 2001.



                        Tabela1 - Consumo de madeira serrada amazônica pela
                        construção civil, no estado de São Paulo, em 2001.
                             Usos na Construção Civil             Consumo
                                                                   1000 m³ %

                          Estrutura de Cobertura                891,7     50
                          Andaimes e formas para concreto       594,4     33
                          Forros, pisos e esquadrias            233,5     13
                          Casas pré-fabricadas                  63,7      4
                          Total                                 1783,3 100
                        Fonte: Sobral et al. (2002)




20
Nessa tabela observa-se que o uso em               Para atender a esses usos na construção
estruturas de cobertura representa metade da       civil os principais centros demandantes de
madeira consumida no estado de São Paulo.          madeira serrada, localizados nas Regiões Sul e
Neste uso, são empregadas peças simples-           Sudeste, se abasteceram durante décadas com
mente serradas, como vigas, caibros, pranchas      o pinho-do-paraná (Araucaria angustifolia)
e tábuas. Tais produtos são comercializados        e a peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron),
em lojas especializadas, conhecidas como           explorados nas florestas nativas dessas regiões.
depósitos de madeira, e destinam-se principal-
mente à construção horizontal, ou seja, casas e    Com a exaustão dessas florestas, o suprimento
pequenas edificações (Sobral et al., 2002).        de madeiras nativas passou a ser realizado,
                                                   em parte, a partir de países limítrofes, como
Na mesma tabela pode ser visto que a               o Paraguai, porém de forma mais significativa
madeira usada em andaimes e fôrmas para            a partir da Região Amazônica. As madeiras
concreto representa 33% da madeira con-            de pinus (Pinus spp.) e eucalipto (Eucalyptus
sumida no estado de São Paulo. Neste tipo          spp.), geradas nos reflorestamentos implan-
de uso, a construção verticalizada é a principal   tados nas Regiões Sul e Sudeste, também
demandante, com aproximadamente 485 mil            passaram a suprir a construção habitacional.
metros cúbicos anuais. Este valor representa
80% da madeira consumida nesse segmento            Tais mudanças têm provocado a substituição
da construção civil (Sobral et al., 2002).         do pinho-do-paraná e da peroba-rosa por
                                                   outras madeiras desconhecidas dos usuários,
O quadro completa-se com a madeira                 às vezes inadequadas ao uso pretendido.
utilizada em forros, pisos e esquadrias,           A implantação de medidas visando o uso
partes da obra em que a madeira sofre forte        racional e sustentado do material madeira deve
concorrência de outros materiais, e em casas       considerar desde a minoração dos impactos
pré-fabricadas.                                    ambientais da exploração florestal centrada




                                                                                                      21
em poucos tipos de madeira, passando pelas           temporários (andaimes, escoramento e fôrmas
     medidas para diminuição de geração de resíduos       para concreto) e as ripas e cáibros utiliza-
     e reciclagem dos mesmos, até a ampliação do          das em partes secundárias de estruturas de
     ciclo de vida do material pela escolha correta do    cobertura. A madeira de pinho-do-paraná
     tipo de madeira e pelos procedimentos do seu         (Araucaria angustifolia) foi a mais utilizada,
     condicionamento (secagem e preservação).             durante décadas, neste grupo.

                                                          Construção civil leve interna decorativa
     Para atingir os objetivos deste trabalho os usos
     da madeira foram agrupados como segue:               Abrange as peças de madeira serrada e
                                                          beneficiada, como forros, painéis, lambris e
     Construção civil pesada externa                      guarnições, onde a madeira apresenta cor e
     Engloba as peças de madeira serrada usadas           desenhos considerados decorativos.
     para estacas marítimas, trapiches, pontes, obras
                                                          Construção civil leve interna de utilidade geral
     imersas, postes, cruzetas, estacas, escoras e dor-
     mentes ferroviários, estruturas pesadas, torres de   São os mesmos usos descritos acima, porém
     observação, vigamentos, tendo como referência        para madeiras não decorativas.
     a madeira de angico-preto (Anadenanthera
                                                          Construção civil leve em esquadrias
     macrocarpa).
                                                          Abrange as peças de madeira serrada e be-
     Construção civil pesada interna                      neficiada, como portas, venezianas, caixilhos.
     Engloba as peças de madeira serrada na forma         A referência é a madeira de pinho-do-paraná
     de vigas, caibros, pranchas e tábuas utilizadas      (Araucaria angustifolia).
     em estruturas de cobertura, onde tradicional-
                                                          Construção civil assoalhos domésticos
     mente era empregada a madeira de peroba-rosa
     (Aspidosperma polyneuron).                           Compreende os diversos tipos de peças de
                                                          madeira serrada e beneficiada (tábuas cor-
     Construção civil leve externa e leve interna         ridas, tacos, tacões e parquetes).
     estrutural
     Reúne as peças de madeira serrada na forma
     de tábuas e pontaletes empregados em usos




22
4. Produtos de madeira
Os produtos de madeiras utilizados na           de edificações, assim como a madeira roliça
construção variam desde peças com pouco         empregada na pré-fabricação das chamadas
ou nenhum processamento – madeira roliça        log homes.
– até peças com vários graus de beneficia-
mento, como: madeira serrada e beneficiada,     A madeira roliça na região centro-sul do país
lâminas, painéis de madeira e madeira tratada   é proveniente de reflorestamentos, principal-
com produtos preservativos.                     mente daqueles realizados com as diversas
                                                espécies de eucalipto (Eucalyptus spp.).
4.1. Madeira roliça
A madeira roliça é o produto com menor grau     Madeiras nativas na forma roliça são emprega-
de processamento da madeira. Consiste de        das somente nas regiões produtoras, como
um segmento do fuste da árvore, obtido por      na Amazônia, onde se destaca a acariquara
cortes transversais (traçamento) ou mesmo sem   (Minquartia guianensis), pela sua resistência
esses cortes (varas: peças longas de pequeno    mecânica e alta durabilidade natural.
diâmetro). Na maior parte dos casos, sequer
                                                4.2. Madeira serrada
a casca é retirada. Tais produtos são em-
pregados, de forma temporária, em escora-       A madeira serrada é produzida em unidades
mentos de lajes (pontaletes) e construção de    industriais - serrarias - onde as toras são
andaimes. Em construções rurais, é freqüente    processadas mecanicamente, transformando
o seu uso em estruturas de telhado.             a peça originalmente cilíndrica em peças
                                                quadrangulares ou retangulares, de menor
Neste tipo de produto também se enquadra        dimensão. A sua produção está diretamente
a madeira roliça derivada dos postes de         relacionada com o número e as características
distribuição de energia elétrica, em geral      dos equipamentos utilizados, e o rendimento
tratados com produtos preservativos de          baseado no aproveitamento da tora (volume
madeira, que é empregada em estruturas          serrado em relação ao volume da tora), sendo




                                                                                                23
este função do diâmetro da tora (maiores        Devido ao método de tratamento e à natureza
     diâmetros resultam em maiores rendimentos).     dos produtos preservativos utilizados, o pré-
                                                     -tratamento confere uma proteção superficial
     As diversas operações pelas quais a tora        à madeira, pois atinge somente suas camadas
     passa são determinadas pelos produtos que       mais externas. O pré-tratamento pode ser
     serão fabricados. Na maioria das serrarias,     dispensado pela indústria quando a secagem
     as principais operações realizadas incluem o    da madeira é feita em estufas, imediatamente
     desdobro, o esquadrejamento, o destopo          após desdobro das toras, e não deve ser
     das peças e o pré-tratamento.                   considerado, pelo consumidor, como um
                                                     tratamento definitivo da madeira que vai
     O pré-tratamento possui caráter profilático     garantir sua proteção quando seca e em uso.
     e tem por objetivo proteger a madeira recém
     serrada contra fungos e insetos xilófagos,      As serrarias produzem a maior diversidade
     apenas durante o período de secagem natu-       de produtos: pranchas, pranchões, blocos,
     ral. É realizado, normalmente, por meio da      tábuas, caibros, vigas, vigotas, sarrafos, pon-
     imersão das pranchas em um tanque com uma       taletes, ripas e outros. A tabela 2 apresenta
     solução contendo um produto preservativo        os principais produtos obtidos nas serrarias,
     de ação fungicida e outro de ação inseticida.   bem como as dimensões dos mesmos.




24
Pranchas e pranchões                              As vigotas ou vigotes são uma variação de
No desdobro, a tora sofre cortes longitu-         vigas, de menores dimensões, apresentando
dinais resultando em peça com duas faces          espessura de 40 mm a 80 mm e largura
paralelas entre si, mas com os cantos irregula-   entre 80 e 110 mm.
res (mortos) e com casca.

A prancha deve apresentar espessura de 40         Tábuas, Caibros
mm a 70 mm e largura superior a 200 mm.           As tábuas dão origem a quase todas as
O comprimento é variável. O pranchão              outras peças de madeira serrada por redução
caracteriza-se por espessura superior a 70        de tamanho. Apresentam-se na forma re-
mm e largura superior a 200 mm. O com-            tangular, com espessura entre 10 e 40 mm,
primento também é variável.                       largura superior a 100 mm e comprimento
                                                  variável, de acordo com o pedido do solici-
Vigas e vigotas                                   tante. Estes produtos são gerados a partir de
As vigas são peças de madeira serrada             toras, pranchas e pranchões.
utilizadas na construção civil. Apresentam-se
na forma retangular, com espessura maior do       Os caibros, ripas e sarrafos têm múltiplas
que 40 mm, largura entre 110 e 200 mm             aplicações tanto na construção civil como na
e comprimento variável, de acordo com o           fabricação de móveis. Os quadradinhos são
pedido do solicitante.                            variações do sarrafo, com menores dimen-
                                                  sões, utilizadas normalmente para confecção
                                                  de cabos de vassoura e pincéis.




                                                                                                  25
Tabela2 - Dimensões dos Principais Produtos de Madeira Serrada
       Produtos      Espessura (mm)   Largura (mm)       Comprimento (m)
                     Maior que 70     Maior que 200      Variável
      Pranchão
                     40 - 70          Maior que 200      Variável
      Prancha
                     Maior que 40     110 - 200          Variável
      Viga
                     40 - 80          80 - 110           Variável
      Vigota
                     40 - 80          50 - 80            Variável
      Caibro
                     10 - 40          Maior que 100      Variável
      Tábua
                     20 - 40          20 - 100           Variável
      Sarrafo
                     Maior que 20     Maior que 100      Variável
      Ripa
                     160 - 170        220 - 240          2,00 - 5,60/ 2,80 - 5,60
      Dormente
                     75               75                 Variável
      Pontalete
                     Variável         Variável           Variável
      Bloco
     Fonte: NBR 7203 (1982)




26
4.3 Madeira beneficiada                          No aplainamento, as sobremedidas e as
A madeira beneficiada é obtida pela              irregularidades são retiradas, deixando a
usinagem das peças serradas, agregando           superfície mais lisa. O molduramento faz
valor às mesmas. As operações são realizadas     os cortes de encaixes – tipo macho-fêmea,
por equipamentos com cabeças rotatórias          por exemplo, – no comprimento para peças
providas de facas, fresas ou serras, que usi-    destinadas a forros, lambris, peças para
nam a madeira dando a espessura, largura e       assoalhos, batentes de portas, entre outros.
comprimento definitivos, forma e acabamento      No torneamento as peças tomam a forma
superficial da madeira. Podem incluir as         arredondada, como balaustres de escadas.
seguintes operações: aplainamento, moldura-
mento e torneamento, e ainda desengrosso,        As dimensões dos principais produtos usina-
desempeno, destopamento, recorte, furação,       dos representados por madeira aplainada em
respigado, ranhurado, entre outras. Para         duas ou quatro faces, assoalhos e forros (ma-
cada uma destas operações existem máqui-         cho-fêmea), rodapés, molduras de diferentes
nas específicas, manuais ou não, simples ou      desenhos, madeira torneada, furada com
complexas, que executam vários trabalhos na      respigas, são apresentadas na tabela 3.
mesma peça.



                     Tabela3 - Dimensões das Principais
                     Peças de Madeira Beneficiada
                                   Dimensões de Secção
                         Peça
                                     Transversal (mm)
                      Assoalho    20x100
                      Forro       10x100
                      Batente     45x145
                      Rodapé      15x150 ou 15x100
                      Taco        20x21
                     Fonte: NBR 7203 (1982)




                                                                                                 27
4.4 Madeira em lâminas                          térmicas e acústicas. Adicionalmente, suprem
     As lâminas de madeira são obtidas por um        uma necessidade reconhecida no uso da
     processo de fabricação que se inicia com        madeira serrada e ampliam a sua superfície
     o cozimento das toras de madeira e seu          útil, através da expansão de uma de suas
     posterior corte em lâminas. Existem dois        dimensões - a largura - para, assim, otimizar
     métodos para a produção de lâminas: o           a sua aplicação.
     torneamento e o faqueamento. No primeiro,
     a tora já descascada e cozida é colocada em     O desenvolvimento tecnológico verificado
     torno rotativo. As lâminas assim obtidas são    no setor dos painéis à base de madeira tem
     destinadas à produção de compensados.           ocasionado o aparecimento de novos produ-
     Por outro lado, a lâmina faqueada é obtida      tos no mercado internacional e nacional, que
     a partir de uma tora inteira, da metade ou      vêm preencher os requisitos de uma demanda
     de um quarto da tora, presa pelas laterais,     cada vez mais especializada e exigente.
     para que uma faca do mesmo comprimento
                                                     4.5.1 Compensado
     seja aplicada sob pressão, produzindo
     fatias únicas. Normalmente, essas lâminas       Os compensados surgiram no início do sécu-
     são originadas de madeiras decorativas de       lo XX como um grande avanço, ao transfor-
     boa qualidade, com maior valor comercial,       mar toras em painéis de grandes dimensões,
     prestando-se para revestimento de divisórias,   possibilitando um melhor aproveitamento e
     com fins decorativos.                           consequente redução de custos.

     4.5 Painéis                                     O painel compensado é composto de várias
     Os painéis de madeira surgiram da neces-        lâminas desenroladas, unidas cada uma,
     sidade de amenizar as variações dimensionais    perpendicularmente à outra, através de
     da madeira maciça, diminuir seu peso e          adesivo ou cola, sempre em número ímpar,
     custo e manter as propriedades isolantes,       de forma que uma compense a outra, for-




28
necendo maior estabilidade e possibilitando     O multissarrafeado é considerado o mais
que algumas propriedades físicas e mecânicas    estável, seu miolo compõe-se de lâminas
sejam superiores às da madeira original. A      prensadas e coladas na vertical, fazendo um
espessura do compensado pode variar de 3        “sanduíche”.
a 35 mm, com dimensões planas de 2,10 m
x 1,60 m, 2,75 m x 1,22 m e 2,20 m x            Os compensados podem ou não ser
1,10 m, sendo esta a mais comum.                comercializados com aplicação de lâminas
                                                de madeira de uso mais nobre ou mesmo
Extensamente utilizado na indústria de          laminado plástico. Nesses casos há sempre a
móveis e construção civil, seu preço varia      necessidade de revestimento das bordas.
conforme as espécies e a cola utilizadas, com
                                                4.5.2 Chapas de fibra: chapa dura
a qualidade das faces e com o número de
lâminas que o compõe.                           As chapas duras ou hardboards, cujas marcas
                                                mais conhecidas são Duratex e Eucatex,
Há compensados tanto para uso interno           são chapas obtidas pelo processamento da
quanto externo. Chapas finas de compen-         madeira de eucalipto, de cor natural marrom,
sado apresentam vantagens sobre as demais       apresentando a face superior lisa e a inferior
madeiras industrializadas, pois são maleáveis   corrugada. As fibras de eucalipto aglutinadas
e podem ser encurvadas.                         com a própria lignina da madeira são pren-
                                                sadas a quente, por um processo úmido que
São encontrados no mercado três tipos:          reativa esse aglutinante, não necessitando a
laminados, sarrafeados e multissarrafeados.     adição de resinas, formando chapas rígidas
Os primeiros são produzidos com finas lâmi-     de alta densidade de massa, com espessuras
nas de madeira prensada. No compensado          que variam de 2,5 mm a 3,0 mm.
sarrafeado, o miolo é formado por vários
sarrafos de madeira, colados lado a lado.




                                                                                                 29
4.5.3 Chapa de fibra: MDF – Chapa de              malhetes e espigas, e recebe bem pregos,
     densidade média                                   parafusos e colas, desde que seguidas as
     As chapas MDF – medium density fiberboard         recomendações do fabricante quanto ao uso
     - com densidade de massa entre 500 e 800          dos elementos corretos de fixação. Pode ser
     kg/m³, são produzidas com fibras de madeira       usado em móveis e na construção civil, com
     aglutinadas com resina sintética termofixa, que   destaque para portas de armário, frentes de
     se consolidam sob ação conjunta de tempera-       gavetas, tampos de mesa, molduras, pisos e
     tura e pressão, resultando numa chapa maciça      outras aplicações.
     de composição homogênea de alta qualidade.
     Estas chapas apresentam superfície plana e        No mercado essas chapas são encontradas
     lisa, adequada a diferentes acabamentos,          em três versões: natural; revestida com
     como pintura, envernizamento, impressão,          laminado melamínico de baixa pressão – BP
     revestimento e outros. Estes painéis possuem      - de acabamento liso ou texturizado em
     bordas densas e de textura fina, apropriados      distintos padrões; e revestida com película
     para trabalhos de usinagem e acabamento.          celulósica do tipo Finish Foil - FF, apre-
                                                       sentando superfícies lisas ou texturizadas em
     As chapas MDF vêm preencher grande parte          vários padrões madeirados.
     dos requisitos técnicos que eram deman-
     dados, mas não supridos, pelas chapas de          Devido ao uso relativamente especializado e
     fibras em diversos usos –densidade média          nobre que se prevê para as chapas MDF, a
     e maiores espessuras, e pelo aglomerado,          matéria-prima preferida para sua fabricação é
     boas características de usinabilidade e de        madeira de florestas plantadas, com carac-
     acabamento, tanto com equipamentos indus-         terísticas uniformes e, preferencialmente de
     triais quanto com ferramentas convencionais.      baixa densidade de massa e cor clara, sendo
     Este tipo de painel pode ser serrado, tornea-     favorecido o pinus.
     do, lixado, furado, trabalhado em encaixes,




30
Ainda dentro deste tipo de painel, já são        qualquer direção, o que permite o seu maior
produzidas e utilizadas as HDF – high            aproveitamento. O aglomerado deve ser reves-
density fiberboards – que são chapas produ-      tido, sendo indicado na aplicação de lâminas
zidas pelo mesmo processo a seco, como as        de madeira natural e laminados plásticos.
MDF, exceto que em um valor mais alto de
densidade de massa – acima de 800 kg/m³.         É amplamente utilizado pela indústria de móveis,
Este tipo de painel, revestido com materiais     construção civil, embalagens, entre outros.
apropriados, destina-se à fabricação de
pisos, por exemplo.                              Algumas operações como fresagem, fixações,
                                                 encabeçamentos, molduras, post forming,
4.5.4 Chapas de partículas: aglomerado           entre outras, requerem cuidados especiais
O aglomerado é uma chapa de partículas de        com ferramentas e equipamentos. Normas e
madeiras selecionadas de pinus ou eucalipto,     recomendações dever ser observadas para se
provenientes de reflorestamento. Essas           obter maior uniformidade e acabamento na
partículas, aglutinadas com resina sintética     instalação do produto final. Os dispositivos
termofixa, se consolidam sob a ação de alta      de fixação utilizados devem ser aqueles
temperatura e pressão. As chapas aglomeradas     indicados para este tipo de material, sob
são encontradas no mercado, na sua aparência     pena de serem obtidos resultados finais
natural, revestidas com película celulósica do   negativos caso estas recomendações não
tipo Finish Foil – FF em padrões madeirados,     sejam seguidas.
unicolores ou fantasias, ou ainda, revestidas
com laminado melamínico de baixa pressão         Por não apresentar resistência à umidade ou
– BP que por efeito de prensagem a quente
     ,                                           à água, o aglomerado deve ser utilizado em
funde o laminado à madeira aglomerada            ambientes internos e secos, para que suas
formando um corpo único e inseparável.           propriedades originais não se alterem.
São chapas estáveis, podendo ser cortadas em




                                                                                                    31
4.5.5 Chapas de partículas: MDP –                sos, maior estabilidade dimensional e menor
     Chapa de partículas de média densidade           absorção de umidade. Trata-se de nova gera-
     São painéis compostos de partículas de           ção de painéis de madeira industrializada com
     madeira ligadas entre si por resinas de última   características diferenciadas do aglomerado.
     geração. Estas resinas, sob ação de pressão
     e temperatura, polimerizam garantindo a          O MDP é indicado para partes de móveis
     coesão do conjunto. As partículas são            residenciais e de escritório que não neces-
     classificadas e separadas por camadas, as        sitem de usinagens em baixo relevo, entalhes
     mais finas sendo depositadas na superfície,      ou cantos arredondados, tais como: laterais,
     enquanto que aquelas de maiores dimensões        divisórias, prateleiras, portas retas, frentes e
     são depositadas nas camadas internas.            laterais de gavetas, tampos retos e pós-for-
                                                      matos, bases superior e inferior.
     Os MDPs têm a densidade elevada das
                                                      4.5.6 Chapas de partículas: OSB – Pai-
     camadas superiores (950 a 1000 kg/m³
                                                      néis de partículas orientadas
     em comparação a 800 kg/m³ do MDF),
     o que assegura um melhor acabamento para         Os painéis de partículas orientadas ou ori-
     pinturas, impressão e revestimentos. Os          ented strand boards, mais conhecidos como
     MDPs possuem partículas menores na super-        OSB, foram dimensionados para suprir uma
     fície, aumentando de diâmetro da superfície      característica demandada, e não encontrada,
     da chapa para o miolo, o que proporciona         tanto na madeira aglomerada tradicional
     uma homogeneidade das camadas externas e         quanto nas chapas MDF - a resistência
     também internas.                                 mecânica exigida para fins estruturais.
                                                      Os painéis são formados por camadas de
     O MDP apresenta maior resistência à flexão,      partículas ou de feixes de fibras com resinas
     comparando-se com aglomerados e MDF, ao          fenólicas, que são orientados em uma mesma
     empenamento e ao arrancamento de parafu-         direção e então prensados para sua consoli-




32
dação. Cada painel consiste de três a cinco      a resistência mecânica, trabalhabilidade,
camadas, orientadas em ângulo de 90 graus        versatilidade e valor fazem deles alternati-
umas com as outras.                              vas atrativas em relação à madeira sólida.
                                                 Entre estes usos estão mobiliário industrial,
A resistência destes painéis à flexão estática   incluindo estruturas de móveis, embalagens,
é alta, não tanto quanto a da madeira sólida     containers e vagões.
original, mas tão alta quanto a dos com-
pensados estruturais, aos quais substituem       No Brasil, a produção de OSB é recente
perfeitamente. O seu custo é mais baixo          e está restrita a apenas um fabricante. Na
devido ao emprego de matéria-prima menos         construção civil já é possível ver sua
nobre, mas não admitem incorporar resíduos       aplicação em obras temporárias (tapumes e
ou “finos”, como no caso dos aglomerados.        alojamentos), divisórias e coberturas.
Os OSB têm a elasticidade da madeira
                                                 4.6 Desenvolvimento em madeira estru-
aglomerada convencional mas são mais
                                                 tural composta
resistentes mecanicamente.
                                                 A madeira “engenheirada” inclui produtos já
Os painéis OSB têm tido utilização no            comuns em outros países, especialmente do
exterior, principalmente na construção           Hemisfério Norte, mas ainda relativamente
habitacional. Nos EUA, a construção de           desconhecidos entre nós, ou no máximo
casas apresenta características de uso intenso   familiares apenas a uns poucos especialistas.
de madeira serrada e de painéis, especial-
mente em paredes internas e externas, pisos      A madeira serrada classificada eletromecani-
e forros, e nestes usos, os painéis OSB têm      camente vem a ser madeira serrada, geral-
tido bom desempenho. Mais recentemente,          mente de coníferas, ensaiada não-destruti-
estes produtos estão encontrando nichos de       vamente (em máquinas de alta velocidade)
uso também em aplicações industriais, onde       quanto à flexão estática, e identificada




                                                                                                 33
quanto à sua classe de resistência mecânica.     turais compostas, como: LVL – laminated
     Este produto é conhecido como machine            veneer lumber, PSL – parallel strand lumber
     evaluated lumber - MEL ou machine stress         e OSL – oriented strand lumber.
     rated - MSR. Este produto não é encon-
                                                      4.7 Outros produtos
     trado neste país por várias razões, entre as
     quais se inclui a falta de normatização das      A tecnologia tem ampliado a gama de novos
     seções transversais das peças usadas em          produtos derivados da madeira, seja em
     estruturas, o alto custo do equipamento e da     diferentes formas, seja em combinação com
     operação, além da falta de tradição no uso       outros materiais, visando sempre o melhor
     de madeira de coníferas para fins estruturais.   desempenho do produto no fim a que se
                                                      destina, a otimização do uso da matéria-prima
     Pode compor também este grupo a madeira          e a redução dos custos de processamento.
     laminada e colada, na qual as tábuas são
     dispostas e coladas, com as suas fibras na       Muitos dos processos desenvolvidos
     mesma direção, ampliando o comprimento           baseiam-se no emprego de matéria-prima
     ou a espessura (glulam). Vigas laminadas         produzida em florestas de rápido crescimen-
     e coladas, fabricadas com madeiras de            to, especialmente para um determinado fim.
     reflorestamento - pinus e eucalipto – preser-    Isto é reflexo de uma demanda especializada,
     vadas contra ataque de insetos e fungos,         exigente não só em relação ao desempenho
     além de protegidas contra fogo e umidade,        do produto, mas também em relação à sua
     são um produto já encontrado no setor da         aparência. Exemplos podem ser facilmente
     construção civil neste país.                     apontados, como é o caso dos painéis MDF
                                                      produzidos com misturas de espécies, resul-
     Entretanto, outros produtos, manufaturados       tando em painéis de cor mais escura, logo
     em maior ou menor grau de sofisticação,          recusados pelo mercado mais sofisticado.
     estão incluídos no grupo das madeiras estru-




34
4.8 Madeira tratada com produtos
Contudo, uma vertente de interesse
                                                  preservativos
crescente tem sido a utilização de resíduos
de processamento mecânico ou químico de           Preservação de madeiras é todo e qualquer
madeiras na produção de painéis, dentro do        procedimento ou conjunto de medidas que
princípio de reúso ou mesmo de reciclagem         possam conferir à madeira em uso maior
de materiais                                      resistência aos agentes de deterioração,
                                                  proporcionando maior durabilidade. Estes
Exemplo recente é o desenvolvimento de            agentes podem ser de natureza física, química
painéis produzidos com madeira sólida e com       e biológica (fungos e insetos xilófagos), que
partículas de madeira tratada com CCA,            afetam suas propriedades. Essas medidas devem
um preservante de madeira à base de cobre,        ser discutidas e adotadas na etapa de elabo-
cromo e arsênio. Este material, proveniente de    ração dos projetos, sendo que o uso racional
descarte, passaria a constituir-se em potencial   da madeira como um material de engenharia no
contaminante ambiental. Com o reaproveita-        ambiente construído pressupõe minimamente:
mento destes produtos na forma de painéis,
um potencial agente contaminante passou a         • Conhecimento do nível de desempenho
constituir-se em matéria-prima, gerando outros    necessário para o componente ou estrutura
produtos de alta durabilidade.                    de madeira, tais como vida útil, responsabili-
                                                  dade estrutural, garantias comerciais e legais,
O mercado requer produtos de bom                  entre outras.
desempenho, menor custo, esteticamente
agradáveis e crescentemente sadios do ponto       • Escolha da espécie da madeira com base
de vista ambiental.                               nas propriedades intrínsecas de durabilidade
                                                  natural e tratabilidade.




                                                                                                    35
• Definição das condições de exposição (uso)      da madeira, por exemplo, expressa em
     da madeira e dos possíveis agentes biodeterio-    quilogramas de ingrediente ativo por metro
     radores presentes (fungos e insetos xilófagos),   cúbico de madeira tratável (kg/ m³).
     ou seja, definição do risco biológico a que a
     madeira será submetida.                           Considerando a Lei nº 4.797 de 20 de
                                                       outubro de 1965 e a Instrução Normativa
     • Adoção do método de tratamento e                Conjunta IBAMA e ANVISA, em fase
     produto preservativo de madeira (inseticida e/    final de implementação para substituição da
     ou fungicida) em função do risco biológico para   Portaria Interministerial nº 292 de 20 de
     aumentar a durabilidade da madeira.               outubro de 1989 e Instrução Normativa
     O tratamento preservativo faz-se necessário se    nº5, de 20/10/92, que disciplinam o setor
     a espécie escolhida não é naturalmente durável    Preservação de Madeiras no Brasil, o trata-
     para o uso considerado e/ou se a madeira          mento preservativo de madeiras é obrigatório
     contém porções de alburno.                        para peças ou estruturas de madeira, tais
                                                       como dormentes, estacas, vigas, vigotas,
     • Implementação de controle de qualidade de       pontes, pontilhões, postes, cruzetas, torres,
     toda a madeira tratada com produtos preserva-     moirões de cerca, escoras de minas e de
     tivos para garantir os principais parâmetros de   taludes, ou quaisquer estruturas de madeira
     tratamento: penetração e a retenção do preser-    que sejam usadas em contato direto com o
     vativo absorvido no processo de tratamento.       solo ou sob condições que contribuam para
     A penetração é definida como sendo a profun-      a diminuição de sua vida útil.
     didade alcançada pelo preservativo ou pelo(s)
     seu(s) ingrediente(s) ativo(s) na madeira. Já     Esta obrigatoriedade deve ser observada ex-
     a retenção é a quantidade do preservativo ou      clusivamente com relação às essências florestais
     do seu(s) ingrediente(s) ativo(s), contida de     passíveis de tratamento. São passíveis de
     maneira uniforme num determinado volume           tratamento preservativo as peças de madeira




36
portadoras de alburno ou as que, sendo de       VISA), que avalia os resultados dos testes
puro cerne, apresentem alguma pemeabilidade     para classificação da Periculosidade Ambiental.
à penetração dos produtos preservativos em      Assim como, para o tratamento industrial da
seus tecidos lenhosos. No caso do uso de        madeira, deve-se exigir registro, no IBAMA,
madeira de puro cerne, esta deve ser de alta    das usinas de preservação de madeira e outras
durabilidade natural aos fungos apodrecedores   indústrias que utilizam esses produtos.
e insetos xilófagos (brocas-de-madeira e
cupins) para as condições de uso biologica-     A especificação de um tratamento pre-
mente ativa e/ou agressiva.                     servativo, baseado nas condições de uso
                                                da madeira, deve requerer penetração e
Com relação ao tratamento preservativo          retenção adequadas que dependem do
da madeira, deve-se considerar a busca de       método de tratamento escolhido. As normas
produtos preservativos e processos de trata-    técnicas e a experiência do fabricante podem
mento de menor impacto ao meio ambiente         relacionar estes parâmetros de qualidade do
e à higiene e segurança, a disponibilidade de   tratamento, considerando minimamente:
produtos no mercado brasileiro, os aspectos
estéticos (alteração de cor da madeira, por     • a diferente durabilidade natural e tratabi-
exemplo), aceitação de acabamento e a           lidade do alburno e cerne devem ser sempre
necessidade de monitoramento contínuo.          consideradas;
                                                • quanto maior a responsabilidade estrutural
Só devem ser utilizados os produtos preser-     do componente de madeira, maior deverá ser a
vativos devidamente registrados e autorizados   retenção e penetração do produto preservativo;
pelo Ministério do Meio Ambiente, através       • uma maior vida útil está normalmente
do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e      associada a uma maior retenção e penetração
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e na       do produto;
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (AN-   • para um mesmo processo de tratamento,




                                                                                                  37
diferenças de micro e macroclima entre regiões    tomada de decisão sobre o uso racional da
     podem exigir maiores retenções e penetrações;     madeira tratada. Esta ferramenta relacionará
     • a economia em manutenção e a acessibi-          as possíveis condições de exposição da ma-
     lidade para reparos ou substituições de um        deira e os agentes biodeterioradores (fungos
     componente podem exigir maiores retenções         e insetos) com os produtos preservativos e
     e penetrações;                                    processos de tratamento pertinentes, além
     • o controle de qualidade de toda a               de apresentar orientações mínimas de projeto
     madeira preservada deverá ser realizado para      para minimizar os danos causados por estes
     garantir os principais parâmetros de quali-       organismos xilófagos.
     dade: penetração e retenção do preservativo
                                                       4.9 Cuidados na aplicação de tintas e
     absorvido no processo de tratamento.
                                                       vernizes
     • se o risco de lixiviação do produto preserva-
     tivo existe, considerar a proteção dos compo-     Ao se aplicar tintas e vernizes como
     nentes durante construção e/ou transporte;        acabamento de superfície de peças de
     • fatores como manuseio das peças tratadas,       madeira, devem ser tomadas precauções que
     práticas durante a construção, integridade de     visam, em geral, a utilização eficiente destes
     acabamentos ou compatibilidade do produto         produtos e a segurança quanto aos aspec-
     preservativo com o acabamento, podem              tos ambientais e de saúde, relacionados às
     afetar o desempenho da madeira preservada.        emissões oriundas de solventes e substâncias
                                                       tóxicas/perigosas para o meio ambiente e
     Na norma brasileira NBR 7190 – Estruturas         que podem ser acumulados nos seres vivos
     de Madeira, atualmente em revisão pela            (aquáticos e terrestres); à disposição dos
     Associação Brasileira de Normas Técnicas          resíduos e principalmente em relação ao con-
     (ABNT), está sendo introduzido o conceito         tato direto com o homem na aplicação e no
     de classe de risco que auxiliará o engenheiro,    uso. As tintas e vernizes contêm solventes
     arquiteto e usuário de madeira em geral na        orgânicos que emitem vapores à temperatura




38
ambiente; por contato direto com a pele
ou por inalação, podem provocar alergias,
queimaduras ou após inalações repetidas,
doenças respiratórias e lesões pulmonares.

Na seleção e aplicação de um produto de
acabamento recomenda-se:

• preferir produtos/princípios ativos ambien-
talmente amigáveis;
• verificar as instruções escritas nas embala-
gens quanto às condições de armazenagem e
boas práticas de manuseio durante aplicação,
tais como, uso de EPI’s e separação dos
resíduos sólidos e líquidos.
• verificar com o fabricante as orientações
para disposição do resíduo gerado na apli-
cação e pós uso, caso estas instruções não
estejam disponíveis na embalagem.




                                                 39
5. Indicação da madeira para construção civil
     As propriedades básicas da madeira variam         Paraguai, porém, de forma mais significativa,
     muito entre as espécies. Tomando-se a             a partir da região amazônica. As madeiras
     densidade de massa aparente a 15% de              disponíveis nos reflorestamentos implanta-
     teor de umidade, como um indicador dessas         dos nas Regiões Sul e Sudeste, com pinus e
     propriedades, tem-se a madeira de balsa com       eucalipto, já estão suprindo a construção civil.
     200 kg/m3 e a de aroeira com 1100 kg/m3,
     ou seja, materiais com propriedades físicas e     Essas mudanças têm provocado a substituição
     mecânicas totalmente distintas.                   do pinho-do-paraná e da peroba-rosa, espé-
                                                       cies tradicionalmente utilizadas pelo setor, por
     Portanto, na escolha da madeira correta para      outras madeiras, desconhecidas dos usuários e,
     um determinado uso, deve-se considerar            às vezes, inadequadas ao uso pretendido.
     quais as propriedades e os respectivos níveis
     requeridos para que a madeira possa ter um        A variedade de espécies de madeira - e a
     desempenho satisfatório. Esse procedimento é      amplitude de suas propriedades - existente
     primordial principalmente em países tropicais,    na floresta amazônica dificulta as atividades
     onde a variedade e o número de espécies de        de exploração florestal sustentada e mesmo
     madeiras existentes na floresta são expressões    uma comercialização mais intensa do potencial
     da sua biodiversidade.                            madeireiro da floresta, sobretudo naqueles
                                                       mercados abastecidos tradicionalmente por
     Soma-se a essa questão a mudança das fontes       poucas espécies de madeira.
     de suprimento dos principais centros deman-
     dantes de madeira serrada, localizados nas        Tais circunstâncias sugerem uma abordagem para
     Regiões Sul e Sudeste. Com a exaustão das         redução da heterogeneidade das madeiras,
     florestas nativas dessas regiões, o suprimento    através do grupamento ou reunião das mesmas
     de madeiras nativas passou a ser realizado,       em categorias de propriedades comuns.
     em parte, a partir de países limítrofes, como o




40
nos grupos de uso final (ver capítulo 3) foi
No mercado brasileiro o grupamento já é        realizada através de um critério em que foram
praticado, porém de forma não técnica e        utilizadas as propriedades e/ou características
com desconhecimento por parte do usuário       consideradas como o mínimo necessário para
final. Na cidade de São Paulo, sob o nome      um bom desempenho da madeira no uso
de cedrinho estão sendo comercializadas        especificado. Para cada uma das proprie-
cerca de 15 diferentes espécies de madeira     dades escolhidas foram fixados valores
(amazônicas e de reflorestamento), que são     mínimos e, às vezes, máximos, tendo como
empregadas indistintamente em uso tem-         base os valores de madeiras tradicionalmente
porário nas obras.                             empregadas nos usos considerados.

O lado positivo desse fato é a constata-       Esta estratégia foi adotada considerando que
ção da aplicação prática do conceito de        os especificadores de madeira (engenheiros,
grupamento de espécies por uso final (várias   arquitetos, compradores de empreiteiras,
espécies sendo aplicadas num determinado       carpinteiros etc.) têm o hábito de indicar so-
uso) e a aceitação, portanto, de outras        mente as madeiras tradicionais, como peroba-
espécies de madeira não tradicionais. Porém,   rosa e pinho-do-paraná. Com isto, busca-se
a forma como este processo está se desen-      facilitar a aceitação de “novas” madeiras.
volvendo, baseado na escolha das espécies
pela tentativa-e-erro e sem, pelo menos        Entretanto, há processos de seleção de
aparentemente, o conhecimento do con-          madeiras tecnicamente mais elaborados, como o
sumidor, é inapropriada e poderá aumentar      utilizado na norma NBR 7190 “Projeto de es-
o preconceito em relação a madeira como        truturas de madeiras”, da Associação Brasileira
material de construção.                        de Normas Técnicas - ABNT, e que substituiu
                                               a NBR 6230 com profundas alterações na
Neste trabalho, a alocação das madeiras        metodologia e procedimentos de ensaios.




                                                                                                 41
Nessa norma foram estabelecidas três classes     vantes, em função da classe de risco de deterioração
     de resistência - C 20, C25 e C 30 - para         biológica a que a madeira estará exposta (item
     as madeiras de coníferas (pinus e pinho-do-      10.7 da Norma). Outra situação que requer tal
     -paraná, p. ex.) e quatro classes - C 20, C      especificação é quando se precisa conhecer as carac-
     30, C 40 e C 60 - para as madeiras de            terísticas de trabalhabilidade e de decoratividade da
     dicotiledôneas (peroba-rosa, ipê, jatobá, p.     madeira.
     ex.). No estabelecimento dessas classes foram
     consideradas propriedades físicas (densidade     As listas de madeiras reunidas em grupos de
     de massa básica e aparente), de resistência      uso final, tendo como referências as madeiras de
     (compressão paralela às fibras e cisalhamento)   peroba-rosa, pinho-do-paraná, imbuia e angico-
     e de rigidez (módulo de elasticidade).           -preto, são apresentadas a seguir. Ao se elaborar
                                                      essas listas, buscou-se excluir espécies de madeira
     A utilização de classes de resistência elimina   que, embora sejam comercializadas, enfrentam res-
     a necessidade da especificação da espécie        trições legais ou têm uso alternativo mais rentável,
     da madeira, pois em um projeto estrutural        como p. ex., a castanheira (Bertholletia excelsa)
     desenvolvido de acordo com essa norma            e a copaíba (Copaifera spp.).
     bastará a verificação das propriedades de
     resistência de um lote de peças de madeira à     Informações técnicas para algumas madeiras
     classe de resistência especificada no projeto.   recomendadas são fornecidas no Capítulo 6 deste
                                                      Manual. Para obter informações técnicas sobre
     É importante salientar que a necessidade de      outras madeiras consulte o site
     especificar a espécie de madeira foi suprimida   http://www.ipt.br/areas/ctfloresta/lmpd/madeiras .
     no que diz respeito à resistência mecânica.
     Entretanto, isto ainda é necessário quando
     se precisa empregar madeiras naturalmente
     resistentes ou permeáveis às soluções preser-




42
Lista de madeiras indicadas para os diversos grupos de uso na construção
          civil em substituição a Peroba-rosa e Pinho-do-Paraná
  Nome Popular              Nome Científico
  Acapu                     Vouacapoua americana
  Angelim-pedra             Hymenolobium spp.
  Angelim-vermelho          Dinizia excelsa
  Angico-preto              Anadenanthera colubrina sinonímia:
                            Anadenanthera macrocarpa
  Angico-vermelho           Parapiptadenia rigida
  Bacuri                    Platonia insignis
  Bacuri-de-anta            Moronobea coccinea
  Cupiúba                   Goupia glabra
  Eucalipto-R*              Eucalyptus tereticornis, Corymbia citriodora sinonímia:
                            Eucalyptus citriodora, E. saligna
  Fava-de-orelha-de-negro   Enterolobium schomburgkii
  Faveira-amargosa          Vatairea app.
  Garapa                    Apuleia leiocarpa
  Guajará-branco            Chrysophyllum sericeum
  Itaúba                    Mezilaurus itauba
  Jarana                    Lecythis jarana
  Jatobá                    Hymenaea spp.
  Maçaranduba               Manilkara ssp.
  Muiracatiara              Astronium lecointei
  Piquiarana                Caryocar glabrum
  Rosadinho                 Micropholis guianensis
  Roxinho                   Peltogyne spp.
  Sapucaia                  Lecythis pisonis
  Sucupira                  Diplotropis spp., Bowdichia spp.
  Tanibuca                  Terminalia spp.                                           R*= madeira gerada em refloresta-
  Tatajuba                                                                            mento.
                            Bagassa guianensis
                                                                                      Obs.: nomes em negrito - ver ficha,
  Timborana                 Piptadenia suaveolens
                                                                                      cap. 6, com informações técnicas sobre
  Uxi                       Endopleura uchi
                                                                                      a madeira.




                                                                                                                               43
Construção civil pesada interna
                                                       Nome Popular       Nome Científico
     Engloba as peças de madeira serrada
     na forma de vigas, caibros, pranchas              Araracanga         Aspidosperma desmanthum.
                                                       Angelim-pedra
     e tábuas utilizadas em estruturas de                                 Hymenolobium spp.
                                                       Angelim-vermelho
     cobertura, onde tradicionalmente era                                 Dinizia excelsa
                                                       Angico-preto
     empregada a madeira de peroba-rosa                                   Anadenanthera macrocarpa
                                                       Angico-vermelho    Parapiptadenia rigida
     (Aspidosperma polyneuron).
                                                       Bacuri             Platonia insignis
                                                       Bacuri-de-anta     Moronobea coccinea
                                                       Cupiúba            Goupia glabra
                                                       Eucalipto (R*)     Eucalyptus tereticornis, E. citriodora, E.saligna
                                                       Faveira-amargosa   Enterolobium schomburgkii
                                                       Garapa             Apuleia leiocarpa
                                                       Goiabão            Pouteria pachycarpa
                                                       Itaúba             Mezilaurus itauba
                                                       Jarana             Lecythis jarana
                                                       Maçaranduba        Manilkara spp.
                                                       Muiracatiara       Astronium lecointei
                                                       Pau-amarelo        Euxylophora paraensis
                                                       Pau-mulato         Calycophyllum Sprumceanum
                                                       Rosadinho          Micropholis guianensis
                                                       Pau-roxo           Peltogyne spp.
                                                       Sapucaia           Lecythis pisonis
                                                       Tanibuca           Terminalia spp.
                                                       Tatajuba           Bagassa guianensis
     R*= madeira gerada em reflorestamento.            Timborana          Piptadenia suaveolens
     Obs.: nomes em negrito - ver ficha, cap. 6, com
                                                       Uxi                Anadenanthera macrocarpa
     informações técnicas sobre a madeira.




44
Construção civil leve externa e
                                                  Nome Popular     Nome Científico
Leve interna estrutural
Reúne as peças de madeira serrada                 Angelim-pedra    Hymenolobium spp.
na forma de tábuas e pontaletes                   Bacuri           Platonia insignis
                                                  Bacuri-de-anta
empregados em usos temporários                                     Moronobea coccinea
                                                  Cambará
(andaimes, escoramento e fôrmas                                    Qualea ssp.
                                                  Canafíscula
para concreto) e as ripas e caibros                                Peltrophorum vogelianum
                                                  Cedrinho
utilizadas em partes secundárias de                                Erisma uncinatum
                                                  Eucalipto (R*)   Eucalyptus tereticornis, E. citriodora, E.saligna
estruturas de cobertura. A madeira
                                                  Garapa           Apuleia leiocarpa
de pinho-do-paraná (Araucaria angus-
                                                  Jacareúba        Calophyllum brasiliense
tifolia) foi a mais utilizada, durante
                                                  Louro-canela     Ocotea spp. ou Nectandra spp.
décadas, neste grupo.
                                                  Louro-vermelho   Nectandra rubra
                                                  Marinheiro       Guarea spp.
                                                  Pau-jacaré       Laetia procera
                                                  Quaruba          Vochysia spp.
                                                  Rosadinho        Micropholis guianensis
                                                  Tatajuba         Bagassa guianensis
                                                  Tauari           Couratari spp.
                                                  Taxi             Tachigali spp. ou Sclerolobium spp.




R*= madeira gerada em reflorestamento.
Obs.: nomes em negrito - ver ficha, cap. 6, com
informações técnicas sobre a madeira.




                                                                                                                       45
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Madeira - Uso Sustentável na Construção Civil

  • 1. 1
  • 2. MADEIRA uso sustentável na construção civil
  • 3. Secretaria do Verde e do Meio Ambiente do Município de São Paulo © 2009, IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S. A. Eduardo Coelho e Mello Aulicino Av. Prof. Almeida Prado, 532 – Cidade Universitária “Armando Ricardo Walder Elias de Salles Oliveira” Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo CEP 05508-901 – São Paulo – SP ou Caixa Postal 0141 – CEP 01064-970 – São Paulo – SP André Aranha Campos Telefone (11) 3767-4000 Francisco A. Vasconcellos Neto http://www.ipt.br Lilian Sarrouf e-mail: ipt@ipt.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) © 2009, Secretaria do Verde e do Meio Ambiente do (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Município de São Paulo Rua do Paraíso, 387 – Paraíso – CEP 04103-000 – São Paulo – SP Telefone: (11) 3396-3000 Madeira : uso sustentável na construção civil / http://www.prefeitura.sp.gov.br/svma Geraldo José Zenid , coordenador . -- 2. ed. -- e-mail: svma@prefeitura.sp.gov.br São Paulo : Instituto de Pesquisas Tecnológicas : SVMA, 2009. -- (Publicação IPT ; 3010) © 2009, SindusCon – SP Sindicato da Indústria da Vários autores. Construção Civil do Estado de São Paulo Bibliografia. Rua Dona Veridiana, 55 – Santa Cecília CEP 01238-010 – São Paulo – SP 1. Construção 2. Madeira 3. Materiais de Telefone: (11) 3334-5600 construção 4. Meio ambiente 5. Produtos florestais http://www.sindusconsp.com.br I. Zenid, Geraldo José . II. Série. e-mail: sindusconsp@siindusconsp.com.br Equipe Técnica CT-Floresta - Centro de Tecnologia de Recursos Florestais – IPT Geraldo José Zenid 09-00538 CDD-691.1 Ligia Ferrari Torella di Romagnano Índices para catálogo sistemático: Marcio Augusto Rabelo Nahuz 1. Madeira : Uso sustentável : Construção civil Maria José de Andrade Casimiro Miranda 691.1 Oswaldo Poffo Ferreira Projeto gráfico, diagramação e arte da capa: Sérgio Brazolin Setor de Editoração da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente do Município de São Paulo Tiragem: 15.000 exemplares Publicação disponível nos sítios: www.ipt.br www.prefeitura.sp.gov.br/svma www.sindusconsp.com.br
  • 4. GOVERNO DO ESTADO GOVERNO DO MUNICÍPIO Sindicato da Indústria da Construção DE SÃO PAULO DE SÃO PAULO Civil de São Paulo - SindusCon-SP . José Serra Gilberto Kassab Governador Prefeito Sergio Tiaki Watanabe Presidente Secretaria de Desenvolvimento Secretaria do Verde e do Meio Ambiente do Município de São Paulo Geraldo Alckmin Cristiano Goldstein Secretário Eduardo Jorge Martins Alves Sobrinho Delfino Paiva Teixeira de Freitas Secretário Francisco Antunes de Vasconcellos Neto Instituto de Pesquisas Tecnológicas Haruo Ishikawa do Estado de São Paulo José Antonio Marsiglio Schuvarz João Fernando Gomes de Oliveira José Carlos Molina Diretor Presidente José Roberto Pereira Alvim Luiz Antônio Messias Álvaro José Abackerli Marcos Roberto Campilongo Camargo Diretor de Operações e Negócios Maristela Alves Lima Honda Altamiro Francisco da Silva Mauricio Linn Bianchi Diretor Financeiro e Administrativo Odair Garcia Senra Paulo Brasil Batistella Walter Furlan Vice-presidentes Diretor de Processos e Tecnologia da Informação José Batista Ferreira Denise Andrade Rodrigues José Roberto Alves Diretora de Gestão Estratégica Luís Gustavo Ribeiro Luiz Cláudio Minniti Amoroso Paulo Piagentini Renato Tadeu Parreira Pinto. Ricardo Beschizza Ronaldo de Oliveira Leme Silvio Benito Martini Filho Diretores regionais
  • 5.
  • 6. Construindo cidades e protegendo florestas Manter em pé a floresta amazônica é es- Por isso, proteger a floresta é proteger o seu sencial não só para que a atividade empre- negócio. A aquisição de madeira certificada sarial do setor madeireiro seja sustentável FSC e de fontes controladas é fundamental: em longo e médio prazos, mas também para reduz o risco de quem compra e contribui assegurar padrões mínimos de qualidade de para a conservação das florestas. O setor vida para os brasileiros. Se eliminarmos a da construção civil, o maior consumidor de floresta, substituindo-a por pasto, plantações madeira tropical do país, precisa se consci- ou área urbana, enfrentaremos, cada vez entizar de que não somente a qualidade e mais, os problemas causados pelas mudanças os custos da madeira são importantes, mas climáticas, como inundações, falta de água e também a origem. É preciso adotar políticas poluição do ar, entre outros. de compras responsáveis, restringindo a aquisição de madeira de desmatamento e de A atividade madeireira ilegal e predatória, as- fontes ilegais ou desconhecidas. sim como as queimadas e o desmatamento ile- gal, tem provocado a destruição da Amazô- Para que essa mudança de comportamento nia. Em menos de 50 anos, quase 20% da das empresas e dos consumidores seja cobertura florestal da região já desapareceu. incentivada, é necessário adicionar um ingrediente fundamental: informação. Por Para os empresários do setor madeireiro e esta razão, consideramos estratégico o das indústrias compradoras de madeira, como trabalho pioneiro do Instituto de Pesquisas a construção civil, a floresta é importante Tecnológicas (IPT). Em parceria com o fonte de matéria-prima. Portanto, conservar SindusCon-SP e com a Secretaria Municipal a Amazônia é condição fundamental para a do Verde e Meio Ambiente de São Paulo, continuidade do negócio em longo prazo. o IPT compilou uma série de dados úteis para os compradores de madeira no setor da construção civil.
  • 7. Em tempos de drásticas alterações no clima do planeta, é dever do setor produtivo procurar matérias-primas certificadas que valorizem as florestas e, consequentemente, contribuam para a redução de gases do efeito estufa. Este manual é uma importante ferramenta no apoio ao uso sustentável das O WWF-Brasil é uma organização não-governa- mental brasileira dedicada à conservação da natureza florestas brasileiras. com os objetivos de harmonizar a atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o Boa Leitura. uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações. O WWF- Denise Hamú Brasil, criado em 1996 e sediado em Brasília, desenvolve projetos em todo o país e integra a Rede Secretária-geral WWF, a maior rede independente de conservação WWF-Brasil da natureza, com atuação em mais de 100 países e o apoio de cerca de 5 milhões de pessoas, incluindo associados e voluntários. A Rede WWF vem trabalhando com empresas do mundo inteiro para que produzam e consumam madeira de forma sustentável. Por intermédio do Programa SIM , o WWF-Brasil tem trabalhado em parceria com empresas florestais para melhorar a forma como manejam as florestas. Entre os associados do Programa estão algumas empresas no estado do Acre e o Grupo de Produtores Florestais Certifica- dos na Amazônia (PFCA).
  • 8. Dever de todos Maior floresta tropical do mundo, a Amazô- A exploração madeireira na Amazônia é nia é um patrimônio ambiental que está um dos vetores que mais contribuem para presente diariamente na economia e na vida o avanço desse desmatamento, abrindo dos brasileiros. fronteiras em áreas de floresta intocadas, criando infra-estrutura de acesso a essas Cerca de 20% de toda água doce dis- regiões e facilitando a conversão do seu solo ponível no planeta encontra-se na bacia para uso agropecuário. Além disso, calcula-se amazônica. As chuvas provenientes desta que 80% do total de madeira produzida região têm grande responsabilidade no abas- na região todos os anos seja ilegal. A maior tecimento de água das grandes metrópoles e parte desta produção é consumida pelo na geração de energia, e sua regularidade e mercado interno brasileiro, tendo como abundância propiciam ao Brasil posição de principal destino a construção civil. Para a destaque como um dos maiores produtores indústria madeireira, a madeira proveniente de alimentos do mundo. Porém, até 2008, do desmatamento, ilegal ou não, é estrategi- mais de 720.000 km² da Amazônia já tinham camente um mau negócio para o setor, pois sido desmatados, uma área equivalente a significará a extinção deste valioso recurso em quase três vezes o tamanho do Estado de curto espaço de tempo. Os danos causados São Paulo. O desmatamento da Amazônia, por este modelo de exploração são, muitas além de colocar em risco sua sobrevivência, vezes, irreversíveis. contribui para fazer do país o quarto maior emissor de gases de efeito estufa do planeta, Mudar nossos padrões de consumo e já que 75% de nossas emissões são proveni- produção, banindo o uso de madeira ilegal entes do uso do solo e do desmatamento de e de desmatamento, e substituindo-as por nossas florestas. produtos provenientes de planos de Manejo Florestal com certificação FSC é funda- mental não apenas para a conservação da
  • 9. Amazônia, mas também para a sobrevivência econômica das populações que dependem dos recursos da floresta. Adquirir madeira certificada, além de garantia de procedência, significa também respeito às leis trabalhistas, fiscais e aos direitos e costumes das popula- ções tradicionais. O Greenpeace é uma organização global e inde- O trabalho apresentado a seguir, realizado pendente que atua para defender o meio ambiente pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas e promover a paz, inspirando as pessoas a mudarem (IPT), juntamente com o SindusCon-SP (Sin- atitudes e comportamentos. Defendemos soluções eco- dicato da Indústria da Construção Civil do nomicamente viáveis e socialmente justas, que ofereçam Estado de São Paulo) e com a Secretaria do esperança para esta e para as futuras gerações. Verde e do Meio Ambiente do Municipío de Por não aceitar doações de governos, empresas ou São Paulo, é uma importantíssima ferramenta partidos políticos, o Greenpeace existe graças à para essa mudança. É fundamental apresentar contribuição de milhões de colaboradores em todo o soluções e alternativas a todos que querem mundo, que garantem nossa independência e o nosso compromisso exclusivo com os indivíduos e com a ajudar a salvar a Amazônia. sociedade civil. Hoje, o Greenpeace está presente em mais de 40 países e conta com a colaboração de O futuro do Brasil depende do futuro de nos- aproximadamente 3 milhões de pessoas. sas florestas. Combater o desmatamento, ex- plorando os recursos naturais de forma consciente e responsável é econômica e estrategicamente fundamental para o desenvolvimento de nosso país, e um dever de todos nós. Marcelo Furtado Diretor Executivo Greenpeace Brasil
  • 10. Sim, é possível! Sim, é possível usar a floresta sem destruir mente adequada, socialmente justa e economica- a natureza! Produzir de forma sustentável, mente viável. O PFCA se orgulha de comunicar gerando emprego, renda e cuidando do meio que o Brasil tem a maior área certificada da ambiente. O Grupo de Produtores Florestais América Latina. Fazer parte dessa história de Certificados na Amazônia (PFCA) acredita transformação é uma vitória. firmemente nisso. E foi assim que, em janeiro de 2003, foi criado o primeiro grupo do Hoje, somos um seleto grupo de empresas com gênero no Brasil, composto por empresas que áreas de florestas, cadeias de produção e as- possuem florestas certificadas, que fabricam sociações que defendem e trabalham dentro do produtos certificados (Cadeia de Custódia) conceito da certificação. Nos anima saber que e por comunidades tradicionais que realizam o somos incansáveis na busca de novos associados manejo florestal de acordo com os padrões do que compartilhem conosco a missão de cons- FSC - Forest Stewardship Council. truir um novo cenário na Amazônia. De forma incessante, buscamos práticas mais sustentáveis, Pioneiro, o PFCA surgiu em resposta à através da permanente troca de experiências e crescente demanda por madeira certificada, do avanço em questões relevantes de pesquisa tanto no mercado interno quanto no externo. florestal. E nasceu com o firme propósito de difundir práticas sustentáveis na Amazônia, a exemplo Os nossos resultados são uma clara demonstra- do manejo florestal: uma alternativa viável para ção de que um trabalho sustentável é viável na uso dos recursos da floresta. Amazônia. É prova de que é possível, sim, a integração do homem com o meio ambiente, em Outra prática incentivada pelo PFCA é a um respeito mútuo, duradouro e numa relação de Certificação. O conhecido Selo Verde facilita harmonia com o meio ambiente e seus recursos. bons negócios em todo o mundo e representa a certeza de que a produção é ambiental-
  • 11. Conscientes de que manter a floresta viva Associação dos Seringueiros de é fundamental não apenas para as empresas PORTO DIAS madeireiras, mas para sobrevivência de todo o planeta, apoiamos integralmente o trabalho Comunidade Kayapó na Terra Indígena do desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Baú - (TI-Baú) Tecnológicas (IPT), em parceria com o SindusCon (Sindicato da Indústria da Cons- Cikel Brasil Verde S.A. trução Civil) e com a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente de São Paulo. Eldorado Exportação e Serviços Ltda. Oferecer informação e alternativas para o uso sustentável da floresta é, sem dúvida, IBL - Izabel Madeiras do Brasil uma fundamental ferramenta para construir- mos um admirável mundo novo. Juruá Florestal Ltda. Fazem parte do PFCA: Mil Madeireira Itacoatiara Ltda. (Precious Wood Amazon) APRUMA - Associação dos Produtores Rurais em Manejo Florestal e Agricultura Orsa Florestral Ltda. Associação de Moradores e Produtores do Tramontina Belém S/A Projeto Agroextrativista Chico Mendes – AMPPAEM Vitória Régia Exportadora Ltda. Associação Comunitária Agrícola de Extra- tores de Produtos da Floresta – ACAF
  • 12. O CBCS Conselho Brasileiro de Construção O CBCS entende que o Manual elaborado Sustentável tem como objetivo induzir o setor pela SVMA é um instrumento que vem da construção a utilizar práticas mais susten- colaborar para a conscientização e levar infor- táveis que venham melhorar a qualidade de mação à sociedade, para o uso racional e sus- vida dos usuários, dos trabalhadores e do tentável da madeira, especialmente ao ressaltar ambiente que cerca as edificações. os cuidados que devem ser tomados no seu uso. E, ainda, ao alertar que os fornecedores Neste sentido, defende a necessidade do e beneficiadores devem ter comprovação da uso racional e sustentável da madeira na cons- origem da madeira e, de preferência, serem trução civil, minimizando os impactos na ex- certificados por um sistema que, efetivamente, tração, beneficiamento, utilização e destinação garanta o manejo florestal, origem e a rastre- de resíduos. O uso racional deve considerar abilidade do produto, e os aspectos legais da aspectos como qualidade; durabilidade; evitar cadeia de custódia. desperdícios, quer seja na sua fabricação, quer na sua utilização; e o uso de produtos A iniciatva da SVMA / IPT e SindusCon- para preservação da madeira que não causem SP de editar a segunda edição do Manual danos ao meio ambiente e à saúde humana. demonstra a importância cada vez mais pre- sente deste tema. E cabe ao CBCS apoiar e Questões socioambientais também são essenci- divulgar este trabalho. ais, como o combate à informalidade; o manejo CBCS - é uma organização da sociedade civil sem fins sustentável de nossas florestas; as florestas lucrativos (OSCIP) que tem por obejtivo contribuir plantadas, o transporte e a comercialização para a promoção do desenvolvimento sustentável por da madeira devem ser feitos por empresas meio da geração e disseminação de conhecimento e da responsáveis, que cuidam da segurança e mobilização da cadeia produtiva da construção civil, qualidade de vida dos funcionários, zelam pela de seus clientes e consumidores preservação da biodiversidade (fauna e flora), combatem o desmatamento ilegal e prezam por sua integridade empresarial.
  • 13.
  • 14. Sumário 1. Introdução.............................................................................................. 14 2. Você sabe de onde vem a madeira que você consome?...................................... 16 3. Usos da madeira na construção civil............................................................. 20 4. Produtos de madeira................................................................................. 23 5. Indicação da madeira para construção civil.................................................... 40 6. Fichas tecnológicas de madeira.................................................................... 50 7. Qualidade da madeira............................................................................... 78 8. Gestão ambiental para o controle de cupins subterrâneos na construção civil............ 87 9. Referências bibliográficas.............................................................................. 90 10. Glossário............................................................................................... 95
  • 15. 1. Introdução O desmatamento na região amazônica e Saber a procedência da madeira mostra-se suas conseqüências em relação às mudanças assim fundamental no momento da compra do climáticas no planeta, hoje, são repercuti- produto. Um consumidor consciente precisa dos internacionalmente como o principal ter idéia de todo o processo para saber se, problema ambiental do Brasil. Outras com sua compra, está ajudando a manter a regiões do país muitas vezes percebem Floresta Amazônica de pé ou contribuindo este desmatamento como algo distante de para a continuidade do desmate. seu dia-a-dia, embora contribuam indireta- mente para esta situação. A maior parte da Existem inúmeros empreendimentos florestais produção madeireira da Amazônia, segundo que adotam padrões internacionais de procedi- o IMAZON – Fatos Florestais – 2005, mentos que têm como objetivo principal con- é consumida no Brasil - cerca de 64% de ciliar o uso da floresta e a conservação de seus toda a madeira produzida na Amazônia é recursos naturais. Nestes empreendimentos, consumida por brasileiros. O Estado de São a exploração da madeira de forma ambiental- Paulo é o maior consumidor, respondendo mente correta, socialmente benéfica e eco- por 15% do consumo nacional, sendo que, nomicamente viável se consolida em importante dentre os principais setores consumidores, ferramenta para a manutenção da floresta. destaca-se a indústria moveleira e a cons- trução civil. A madeira, acompanhada de provas docu- mentais que garantam sua origem legal e não Ao adquirirmos um produto cuja matéria- predatória, se constitui em produto susten- prima tem origem na exploração predatória e tável, natural e oriundo de uma fonte plena- ilegal dos recursos florestais, também dividi- mente renovável - a floresta. Reconhecida há mos a responsabilidade pela degradação do muito como amiga da humanidade, a madeira meio ambiente e, através de nossas escolhas, deve ser reapresentada à sociedade atual podemos interferir para que nossas florestas como alternativa ecológica a materiais como não sejam destruídas de forma predatória. metais, plásticos, compostos de cimento e 14
  • 16. semelhantes às das espécies tradicionais e outros que, em sua produção, utilizam como apresentando os novos mecanismos dis- fonte de energia a própria madeira e, em poníveis no mercado, que garantem ao seus ciclos de vida, acarretam incomparáveis consumidor consciente a aquisição de uma impactos ambientais. Quando utilizada na matéria-prima de origem legal, extraída de fabricação de bens duráveis como móveis, maneira responsável e não predatória. objetos de decoração e nas nossas habita- ções, se constitui em ferramenta para fixação É o resultado da ação conjunta da Gerência do carbono, contribuindo para a redução do de Ecoeconomia da Secretaria do Verde e aquecimento global. do Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de São Paulo, do Centro de Tecnologia de A incorporação de espécies alternativas Recursos Florestais do Instituto de Pesquisas ao processo de escolha e especificação da Tecnológicas e do Comitê de Meio Ambiente madeira empregada nas atividades da do Sindicato da Indústria da Construção Civil construção civil, em contraposição aos do Estado de São Paulo. Contribuíram tam- impactos ambientais causados pelo uso inten- bém para a elaboração da presente publicação sivo e constante de determinadas espécies, profissionais de importantes e expressivas enti- se traduz em importante passo do setor dades e empresas, como o Grupo de Produ- produtivo que mais consome este insumo no tores Florestais Certificados na Amazônia, da país para a preservação e a sustentabilidade Coordenação do Programa Cidade Amiga da das florestas brasileiras. Amazônia da Associação Civil Greenpeace e da Coordenação do Programa de Apoio Este guia que você tem em mãos amplia o ao Desenvolvimento Sustentável WWF-Bra- conhecimento de profissionais da construção sil. Agradecemos também aos profissionais, e de consumidores que buscam informações entidades e empresas que colaboraram para a sobre este importante produto, oferecendo 1ª edição deste manual. Ressalvamos que a espécies alternativas com propriedades elas não cabe nenhuma responsabilidade pelo texto final. 15
  • 17. 2. Você sabe de onde vem a madeira que você consome? Estimativas indicam que entre 43% e 80% da uso sustentável. Não pode haver desmatamento produção madeireira da região amazônica seja apenas para acessar madeira de forma mais fácil. ilegal, advinda de áreas desmatadas ou exploradas O interessado deve protocolar uma solicitação jun- de forma predatória e insustentável. Em média, tamente com documentação sobre a propriedade, 75% dessa produção é destinada ao mercado in- mapas e estimativa do volume das espécies florestais terno. Assim, há uma grande chance de que todas que serão comercializadas, com base em inventário ou grande parte das empresas que usam madeira florestal amostral. da região amazônica estejam involuntariamente utilizando madeira de origem ilegal ou predatória. Mesmo assim, o desmatamento não pode ocorrer em toda a propriedade. Na Amazônia Legal, 80% Diante da exploração extrativista sem planos de da área total da propriedade deve permanecer com manejo adequado das matas nativas, que retira cobertura vegetal original, é a chamada Reserva grandes volumes de apenas algumas espécies Legal (RL), onde são permitidos usos sustentáveis definidas pelo mercado, a floresta não consegue se como manejo para produção de madeira e para recompor naturalmente na mesma velocidade. produtos florestais não-madeireiros. De acordo com a legislação brasileira pode-se ex- Para transportar a madeira da floresta é necessário trair madeira da floresta de duas maneiras: a partir portar o Documento de Origem Florestal (DOF), de manejo florestal ou da conversão de áreas de emitido pelo IBAMA, ou documento correlato florestas em outros usos do solo, como agricultura emitido pelo Órgão Estadual de Meio e pecuária, por meio do desmatamento. Ambiente (OEMA). Quando emitido pelo OEMA, não obrigatoriamente será chamado de O desmatamento deve ser autorizado (autorização DOF, mas deverá seguir os princípios gerais do de desmate) por um órgão ambiental estadual ou DOF, documento que atesta a origem do carrega- pelo IBAMA. A conversão de florestas em áreas mento, neste caso, um desmatamento autorizado. abertas somente pode ocorrer se for destinada ao O DOF é obtido pela internet. Cada estado pode 16
  • 18. optar por desenvolver um sistema semelhante ao - Por meio de exploração extrativista: explorando DOF, que deverá ser aprovado pelo Governo comercialmente apenas as espécies com valor de Federal, ou utilizar a plataforma disponibilizada mercado, sem projetos de manejo. pelo IBAMA. A partir desta plataforma pode-se 2.2. Manejo florestal realizar o controle eletrônico dos saldos de madeira de cada plano de manejo florestal, semelhante a O aproveitamento das florestas naturais ou uma conta corrente bancária, por meio do cruza- plantadas, através de Projeto de Manejo Florestal mento automático de dados com controle fiscal. aprovado pelo IBAMA, é a forma correta de utilizar estes recursos naturais, por partir do 2.1. Fontes de matéria prima (florestas nativas princípio de sustentabilidade, ou seja, prevendo e plantadas) uma utilização que permita a recomposição da floresta de uma determinada área, viabilizando-a As fontes das madeiras tão desejadas são: econômica, socialmente e ambientalmente. 2.1.1. Florestas plantadas: 2.3. Recomendações para sua obra que se destinam a produzir matéria-prima para as Oitenta por cento da produção de madeira indústrias de madeira serrada, painéis à base de da Amazônia é destinada ao mercado interno madeira e móveis, cuja implantação, manutenção e brasileiro. A oferta de matéria-prima centraliza-se exploração seguem projetos previamente aprovados principalmente em poucas espécies, exercendo pelo IBAMA. uma pressão muito grande sobre as florestas nativas. Diante deste quadro são recomendáveis 2.1.2. Florestas nativas: as seguintes práticas: que são exploradas para atender o mercado de madeiras de duas formas: - Por meio de manejo florestal: através da explora- ção planejada e controlada da mata nativa. 17
  • 19. 2.3.1. Projetos e Especificação da Madeira: certificadas são monitoradas no mínimo a cada ano a) ao projetar e especificar o tipo da madeira a ser e sempre precisam apresentar desempenho superior utilizada é importante que sejam consideradas as ao do ano anterior. características das peças a serem detalhadas, evitan- do excesso de cortes e emendas. Procure adequar o Estão disponíveis no Brasil o Sistema de Certifica- projeto às peças com medidas de mercado; ção Florestal Brasileiro do INMETRO (CER- b) Para a especificação do tipo da madeira, FLOR) – para mais informações sobre o Sistema consulte no capítulo 6 deste manual as espécies CERFLOR visite www.sbs.org.br – e o Sistema que mais se adequam a seu projeto. do FSC – Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal) –, que certificam a produção 2.3.2. Aquisição: adequada ambientalmente. Também existem hoje a) Adquirir madeira somente de empresas que organizações não-governamentais que buscam ori- possam comprovar a origem da mesma através de entar as empresas interessadas em ter um controle um plano de manejo aprovado pelo IBAMA, sobre a origem da madeira que consomem. Um com a apresentação de nota fiscal e Documento de desses programas é oferecido pelo WWF-Brasil, Origem Florestal – DOF; denominado Sistema de Implementação e Veri- b) Outra opção é adquirir madeira de origem ficação Modular (SIM), baseado em avaliações comprovada através de Certificação Florestal. da cadeia de suprimento de uma empresa por auditores independentes e tem como objetivo Certificação Florestal determinar a origem da madeira consumida pelas A certificação florestal é uma ferramenta de mer- empresas associadas. cado que atesta que uma determinada empresa ou comunidade maneja suas florestas de acordo com O Programa SIM do WWF-Brasil faz parte da padrões (regras) pré-definidos e acordados entre Rede Global de Floresta e Comércio (GFTN, os diversos setores da sociedade. Os sistemas de Global Forest & Trade Network em inglês). certificação são a melhor garantia de legalidade e A GFTN é resultado de uma parceria que reúne um consórcio de organizações não-governamentais utilização racional das florestas, porque requerem lideradas pela rede WWF, empresas e comu- um cumprimento de normas que vão além da nidades. O objetivo é demonstrar liderança, legalidade. Na prática, empresas de comunidade implementar melhores práticas e promover atuação 18
  • 20. 2.3.3. Uso na obra responsável nas áreas de manejo e comércio flo- restal. A GFTN se insere na estratégia global do a) Procure utilizar as peças de acordo com o WWF de combate à atividade madeireira ilegal e projeto, e na falta deste, de forma a evitar perda de melhoria do manejo das florestas ameaçadas. com cortes desnecessários; b) verificar a possibilidade do reúso das peças, Para mais informações sobre o Programa SIM e a ou seja, utilizar uma mesma peça mais de uma vez, Rede GFTN visite www.wwf.org.br/sim. dando-lhe uma sobrevida, o que significa economia de dinheiro e matéria-prima Para o WWF-Brasil o sistema de certificação com 2.3.4. Destinação de resíduos de madeira maior credibilidade é o do Conselho de Manejo Florestal (FSC), maior e mais antigo sistema de A resolução do Conselho Nacional do Meio Am- certificação florestal em todo o mundo, presente em biente n° 307 considera os geradores de resíduos todos os continentes em mais de 80 países. da construção civil responsáveis pelo seu destino e deverão ter como objetivo primordial a não Para mais informações sobre a certificação florestal geração de resíduos e secundariamente, a redução, FSC, visite www.fsc.org.br a reutilização, a reciclagem e a destinação final. c) Não recorrer somente a espécies tradicio- Os estados e municípios estão elaborando suas nais, buscando neste Manual alternativas com as políticas de gestão de resíduos, onde estão previs- mesmas características técnicas entre as madeiras tas a implantação de ATTs – Áreas de Transbordo de reflorestamento e mesmo de outras espécies de e Triagem, para onde deverão ser encaminhados os mata nativa, porém que não estejam, no momento, resíduos da construção civil para que possam ser sob pressão de exploração, desta forma agregando segregados, reutilizados, reciclados ou tenham a valor econômico a espécies pouco conhecidas. correta destinação. 19
  • 21. 3. Usos da madeira na construção civil Na construção civil, a madeira é utilizada de diversas formas em usos temporários, como: fôrmas para concreto, andaimes e escoramentos. De forma definitiva, é utilizada nas estruturas de cober- tura, nas esquadrias (portas e janelas), nos forros e nos pisos. Para se avaliar comparativamente esses usos é apresentado na tabela 1 o consumo de madeira serrada amazônica pela construção civil, no estado de São Paulo, em 2001. Tabela1 - Consumo de madeira serrada amazônica pela construção civil, no estado de São Paulo, em 2001. Usos na Construção Civil Consumo 1000 m³ % Estrutura de Cobertura 891,7 50 Andaimes e formas para concreto 594,4 33 Forros, pisos e esquadrias 233,5 13 Casas pré-fabricadas 63,7 4 Total 1783,3 100 Fonte: Sobral et al. (2002) 20
  • 22. Nessa tabela observa-se que o uso em Para atender a esses usos na construção estruturas de cobertura representa metade da civil os principais centros demandantes de madeira consumida no estado de São Paulo. madeira serrada, localizados nas Regiões Sul e Neste uso, são empregadas peças simples- Sudeste, se abasteceram durante décadas com mente serradas, como vigas, caibros, pranchas o pinho-do-paraná (Araucaria angustifolia) e tábuas. Tais produtos são comercializados e a peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron), em lojas especializadas, conhecidas como explorados nas florestas nativas dessas regiões. depósitos de madeira, e destinam-se principal- mente à construção horizontal, ou seja, casas e Com a exaustão dessas florestas, o suprimento pequenas edificações (Sobral et al., 2002). de madeiras nativas passou a ser realizado, em parte, a partir de países limítrofes, como Na mesma tabela pode ser visto que a o Paraguai, porém de forma mais significativa madeira usada em andaimes e fôrmas para a partir da Região Amazônica. As madeiras concreto representa 33% da madeira con- de pinus (Pinus spp.) e eucalipto (Eucalyptus sumida no estado de São Paulo. Neste tipo spp.), geradas nos reflorestamentos implan- de uso, a construção verticalizada é a principal tados nas Regiões Sul e Sudeste, também demandante, com aproximadamente 485 mil passaram a suprir a construção habitacional. metros cúbicos anuais. Este valor representa 80% da madeira consumida nesse segmento Tais mudanças têm provocado a substituição da construção civil (Sobral et al., 2002). do pinho-do-paraná e da peroba-rosa por outras madeiras desconhecidas dos usuários, O quadro completa-se com a madeira às vezes inadequadas ao uso pretendido. utilizada em forros, pisos e esquadrias, A implantação de medidas visando o uso partes da obra em que a madeira sofre forte racional e sustentado do material madeira deve concorrência de outros materiais, e em casas considerar desde a minoração dos impactos pré-fabricadas. ambientais da exploração florestal centrada 21
  • 23. em poucos tipos de madeira, passando pelas temporários (andaimes, escoramento e fôrmas medidas para diminuição de geração de resíduos para concreto) e as ripas e cáibros utiliza- e reciclagem dos mesmos, até a ampliação do das em partes secundárias de estruturas de ciclo de vida do material pela escolha correta do cobertura. A madeira de pinho-do-paraná tipo de madeira e pelos procedimentos do seu (Araucaria angustifolia) foi a mais utilizada, condicionamento (secagem e preservação). durante décadas, neste grupo. Construção civil leve interna decorativa Para atingir os objetivos deste trabalho os usos da madeira foram agrupados como segue: Abrange as peças de madeira serrada e beneficiada, como forros, painéis, lambris e Construção civil pesada externa guarnições, onde a madeira apresenta cor e Engloba as peças de madeira serrada usadas desenhos considerados decorativos. para estacas marítimas, trapiches, pontes, obras Construção civil leve interna de utilidade geral imersas, postes, cruzetas, estacas, escoras e dor- mentes ferroviários, estruturas pesadas, torres de São os mesmos usos descritos acima, porém observação, vigamentos, tendo como referência para madeiras não decorativas. a madeira de angico-preto (Anadenanthera Construção civil leve em esquadrias macrocarpa). Abrange as peças de madeira serrada e be- Construção civil pesada interna neficiada, como portas, venezianas, caixilhos. Engloba as peças de madeira serrada na forma A referência é a madeira de pinho-do-paraná de vigas, caibros, pranchas e tábuas utilizadas (Araucaria angustifolia). em estruturas de cobertura, onde tradicional- Construção civil assoalhos domésticos mente era empregada a madeira de peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron). Compreende os diversos tipos de peças de madeira serrada e beneficiada (tábuas cor- Construção civil leve externa e leve interna ridas, tacos, tacões e parquetes). estrutural Reúne as peças de madeira serrada na forma de tábuas e pontaletes empregados em usos 22
  • 24. 4. Produtos de madeira Os produtos de madeiras utilizados na de edificações, assim como a madeira roliça construção variam desde peças com pouco empregada na pré-fabricação das chamadas ou nenhum processamento – madeira roliça log homes. – até peças com vários graus de beneficia- mento, como: madeira serrada e beneficiada, A madeira roliça na região centro-sul do país lâminas, painéis de madeira e madeira tratada é proveniente de reflorestamentos, principal- com produtos preservativos. mente daqueles realizados com as diversas espécies de eucalipto (Eucalyptus spp.). 4.1. Madeira roliça A madeira roliça é o produto com menor grau Madeiras nativas na forma roliça são emprega- de processamento da madeira. Consiste de das somente nas regiões produtoras, como um segmento do fuste da árvore, obtido por na Amazônia, onde se destaca a acariquara cortes transversais (traçamento) ou mesmo sem (Minquartia guianensis), pela sua resistência esses cortes (varas: peças longas de pequeno mecânica e alta durabilidade natural. diâmetro). Na maior parte dos casos, sequer 4.2. Madeira serrada a casca é retirada. Tais produtos são em- pregados, de forma temporária, em escora- A madeira serrada é produzida em unidades mentos de lajes (pontaletes) e construção de industriais - serrarias - onde as toras são andaimes. Em construções rurais, é freqüente processadas mecanicamente, transformando o seu uso em estruturas de telhado. a peça originalmente cilíndrica em peças quadrangulares ou retangulares, de menor Neste tipo de produto também se enquadra dimensão. A sua produção está diretamente a madeira roliça derivada dos postes de relacionada com o número e as características distribuição de energia elétrica, em geral dos equipamentos utilizados, e o rendimento tratados com produtos preservativos de baseado no aproveitamento da tora (volume madeira, que é empregada em estruturas serrado em relação ao volume da tora), sendo 23
  • 25. este função do diâmetro da tora (maiores Devido ao método de tratamento e à natureza diâmetros resultam em maiores rendimentos). dos produtos preservativos utilizados, o pré- -tratamento confere uma proteção superficial As diversas operações pelas quais a tora à madeira, pois atinge somente suas camadas passa são determinadas pelos produtos que mais externas. O pré-tratamento pode ser serão fabricados. Na maioria das serrarias, dispensado pela indústria quando a secagem as principais operações realizadas incluem o da madeira é feita em estufas, imediatamente desdobro, o esquadrejamento, o destopo após desdobro das toras, e não deve ser das peças e o pré-tratamento. considerado, pelo consumidor, como um tratamento definitivo da madeira que vai O pré-tratamento possui caráter profilático garantir sua proteção quando seca e em uso. e tem por objetivo proteger a madeira recém serrada contra fungos e insetos xilófagos, As serrarias produzem a maior diversidade apenas durante o período de secagem natu- de produtos: pranchas, pranchões, blocos, ral. É realizado, normalmente, por meio da tábuas, caibros, vigas, vigotas, sarrafos, pon- imersão das pranchas em um tanque com uma taletes, ripas e outros. A tabela 2 apresenta solução contendo um produto preservativo os principais produtos obtidos nas serrarias, de ação fungicida e outro de ação inseticida. bem como as dimensões dos mesmos. 24
  • 26. Pranchas e pranchões As vigotas ou vigotes são uma variação de No desdobro, a tora sofre cortes longitu- vigas, de menores dimensões, apresentando dinais resultando em peça com duas faces espessura de 40 mm a 80 mm e largura paralelas entre si, mas com os cantos irregula- entre 80 e 110 mm. res (mortos) e com casca. A prancha deve apresentar espessura de 40 Tábuas, Caibros mm a 70 mm e largura superior a 200 mm. As tábuas dão origem a quase todas as O comprimento é variável. O pranchão outras peças de madeira serrada por redução caracteriza-se por espessura superior a 70 de tamanho. Apresentam-se na forma re- mm e largura superior a 200 mm. O com- tangular, com espessura entre 10 e 40 mm, primento também é variável. largura superior a 100 mm e comprimento variável, de acordo com o pedido do solici- Vigas e vigotas tante. Estes produtos são gerados a partir de As vigas são peças de madeira serrada toras, pranchas e pranchões. utilizadas na construção civil. Apresentam-se na forma retangular, com espessura maior do Os caibros, ripas e sarrafos têm múltiplas que 40 mm, largura entre 110 e 200 mm aplicações tanto na construção civil como na e comprimento variável, de acordo com o fabricação de móveis. Os quadradinhos são pedido do solicitante. variações do sarrafo, com menores dimen- sões, utilizadas normalmente para confecção de cabos de vassoura e pincéis. 25
  • 27. Tabela2 - Dimensões dos Principais Produtos de Madeira Serrada Produtos Espessura (mm) Largura (mm) Comprimento (m) Maior que 70 Maior que 200 Variável Pranchão 40 - 70 Maior que 200 Variável Prancha Maior que 40 110 - 200 Variável Viga 40 - 80 80 - 110 Variável Vigota 40 - 80 50 - 80 Variável Caibro 10 - 40 Maior que 100 Variável Tábua 20 - 40 20 - 100 Variável Sarrafo Maior que 20 Maior que 100 Variável Ripa 160 - 170 220 - 240 2,00 - 5,60/ 2,80 - 5,60 Dormente 75 75 Variável Pontalete Variável Variável Variável Bloco Fonte: NBR 7203 (1982) 26
  • 28. 4.3 Madeira beneficiada No aplainamento, as sobremedidas e as A madeira beneficiada é obtida pela irregularidades são retiradas, deixando a usinagem das peças serradas, agregando superfície mais lisa. O molduramento faz valor às mesmas. As operações são realizadas os cortes de encaixes – tipo macho-fêmea, por equipamentos com cabeças rotatórias por exemplo, – no comprimento para peças providas de facas, fresas ou serras, que usi- destinadas a forros, lambris, peças para nam a madeira dando a espessura, largura e assoalhos, batentes de portas, entre outros. comprimento definitivos, forma e acabamento No torneamento as peças tomam a forma superficial da madeira. Podem incluir as arredondada, como balaustres de escadas. seguintes operações: aplainamento, moldura- mento e torneamento, e ainda desengrosso, As dimensões dos principais produtos usina- desempeno, destopamento, recorte, furação, dos representados por madeira aplainada em respigado, ranhurado, entre outras. Para duas ou quatro faces, assoalhos e forros (ma- cada uma destas operações existem máqui- cho-fêmea), rodapés, molduras de diferentes nas específicas, manuais ou não, simples ou desenhos, madeira torneada, furada com complexas, que executam vários trabalhos na respigas, são apresentadas na tabela 3. mesma peça. Tabela3 - Dimensões das Principais Peças de Madeira Beneficiada Dimensões de Secção Peça Transversal (mm) Assoalho 20x100 Forro 10x100 Batente 45x145 Rodapé 15x150 ou 15x100 Taco 20x21 Fonte: NBR 7203 (1982) 27
  • 29. 4.4 Madeira em lâminas térmicas e acústicas. Adicionalmente, suprem As lâminas de madeira são obtidas por um uma necessidade reconhecida no uso da processo de fabricação que se inicia com madeira serrada e ampliam a sua superfície o cozimento das toras de madeira e seu útil, através da expansão de uma de suas posterior corte em lâminas. Existem dois dimensões - a largura - para, assim, otimizar métodos para a produção de lâminas: o a sua aplicação. torneamento e o faqueamento. No primeiro, a tora já descascada e cozida é colocada em O desenvolvimento tecnológico verificado torno rotativo. As lâminas assim obtidas são no setor dos painéis à base de madeira tem destinadas à produção de compensados. ocasionado o aparecimento de novos produ- Por outro lado, a lâmina faqueada é obtida tos no mercado internacional e nacional, que a partir de uma tora inteira, da metade ou vêm preencher os requisitos de uma demanda de um quarto da tora, presa pelas laterais, cada vez mais especializada e exigente. para que uma faca do mesmo comprimento 4.5.1 Compensado seja aplicada sob pressão, produzindo fatias únicas. Normalmente, essas lâminas Os compensados surgiram no início do sécu- são originadas de madeiras decorativas de lo XX como um grande avanço, ao transfor- boa qualidade, com maior valor comercial, mar toras em painéis de grandes dimensões, prestando-se para revestimento de divisórias, possibilitando um melhor aproveitamento e com fins decorativos. consequente redução de custos. 4.5 Painéis O painel compensado é composto de várias Os painéis de madeira surgiram da neces- lâminas desenroladas, unidas cada uma, sidade de amenizar as variações dimensionais perpendicularmente à outra, através de da madeira maciça, diminuir seu peso e adesivo ou cola, sempre em número ímpar, custo e manter as propriedades isolantes, de forma que uma compense a outra, for- 28
  • 30. necendo maior estabilidade e possibilitando O multissarrafeado é considerado o mais que algumas propriedades físicas e mecânicas estável, seu miolo compõe-se de lâminas sejam superiores às da madeira original. A prensadas e coladas na vertical, fazendo um espessura do compensado pode variar de 3 “sanduíche”. a 35 mm, com dimensões planas de 2,10 m x 1,60 m, 2,75 m x 1,22 m e 2,20 m x Os compensados podem ou não ser 1,10 m, sendo esta a mais comum. comercializados com aplicação de lâminas de madeira de uso mais nobre ou mesmo Extensamente utilizado na indústria de laminado plástico. Nesses casos há sempre a móveis e construção civil, seu preço varia necessidade de revestimento das bordas. conforme as espécies e a cola utilizadas, com 4.5.2 Chapas de fibra: chapa dura a qualidade das faces e com o número de lâminas que o compõe. As chapas duras ou hardboards, cujas marcas mais conhecidas são Duratex e Eucatex, Há compensados tanto para uso interno são chapas obtidas pelo processamento da quanto externo. Chapas finas de compen- madeira de eucalipto, de cor natural marrom, sado apresentam vantagens sobre as demais apresentando a face superior lisa e a inferior madeiras industrializadas, pois são maleáveis corrugada. As fibras de eucalipto aglutinadas e podem ser encurvadas. com a própria lignina da madeira são pren- sadas a quente, por um processo úmido que São encontrados no mercado três tipos: reativa esse aglutinante, não necessitando a laminados, sarrafeados e multissarrafeados. adição de resinas, formando chapas rígidas Os primeiros são produzidos com finas lâmi- de alta densidade de massa, com espessuras nas de madeira prensada. No compensado que variam de 2,5 mm a 3,0 mm. sarrafeado, o miolo é formado por vários sarrafos de madeira, colados lado a lado. 29
  • 31. 4.5.3 Chapa de fibra: MDF – Chapa de malhetes e espigas, e recebe bem pregos, densidade média parafusos e colas, desde que seguidas as As chapas MDF – medium density fiberboard recomendações do fabricante quanto ao uso - com densidade de massa entre 500 e 800 dos elementos corretos de fixação. Pode ser kg/m³, são produzidas com fibras de madeira usado em móveis e na construção civil, com aglutinadas com resina sintética termofixa, que destaque para portas de armário, frentes de se consolidam sob ação conjunta de tempera- gavetas, tampos de mesa, molduras, pisos e tura e pressão, resultando numa chapa maciça outras aplicações. de composição homogênea de alta qualidade. Estas chapas apresentam superfície plana e No mercado essas chapas são encontradas lisa, adequada a diferentes acabamentos, em três versões: natural; revestida com como pintura, envernizamento, impressão, laminado melamínico de baixa pressão – BP revestimento e outros. Estes painéis possuem - de acabamento liso ou texturizado em bordas densas e de textura fina, apropriados distintos padrões; e revestida com película para trabalhos de usinagem e acabamento. celulósica do tipo Finish Foil - FF, apre- sentando superfícies lisas ou texturizadas em As chapas MDF vêm preencher grande parte vários padrões madeirados. dos requisitos técnicos que eram deman- dados, mas não supridos, pelas chapas de Devido ao uso relativamente especializado e fibras em diversos usos –densidade média nobre que se prevê para as chapas MDF, a e maiores espessuras, e pelo aglomerado, matéria-prima preferida para sua fabricação é boas características de usinabilidade e de madeira de florestas plantadas, com carac- acabamento, tanto com equipamentos indus- terísticas uniformes e, preferencialmente de triais quanto com ferramentas convencionais. baixa densidade de massa e cor clara, sendo Este tipo de painel pode ser serrado, tornea- favorecido o pinus. do, lixado, furado, trabalhado em encaixes, 30
  • 32. Ainda dentro deste tipo de painel, já são qualquer direção, o que permite o seu maior produzidas e utilizadas as HDF – high aproveitamento. O aglomerado deve ser reves- density fiberboards – que são chapas produ- tido, sendo indicado na aplicação de lâminas zidas pelo mesmo processo a seco, como as de madeira natural e laminados plásticos. MDF, exceto que em um valor mais alto de densidade de massa – acima de 800 kg/m³. É amplamente utilizado pela indústria de móveis, Este tipo de painel, revestido com materiais construção civil, embalagens, entre outros. apropriados, destina-se à fabricação de pisos, por exemplo. Algumas operações como fresagem, fixações, encabeçamentos, molduras, post forming, 4.5.4 Chapas de partículas: aglomerado entre outras, requerem cuidados especiais O aglomerado é uma chapa de partículas de com ferramentas e equipamentos. Normas e madeiras selecionadas de pinus ou eucalipto, recomendações dever ser observadas para se provenientes de reflorestamento. Essas obter maior uniformidade e acabamento na partículas, aglutinadas com resina sintética instalação do produto final. Os dispositivos termofixa, se consolidam sob a ação de alta de fixação utilizados devem ser aqueles temperatura e pressão. As chapas aglomeradas indicados para este tipo de material, sob são encontradas no mercado, na sua aparência pena de serem obtidos resultados finais natural, revestidas com película celulósica do negativos caso estas recomendações não tipo Finish Foil – FF em padrões madeirados, sejam seguidas. unicolores ou fantasias, ou ainda, revestidas com laminado melamínico de baixa pressão Por não apresentar resistência à umidade ou – BP que por efeito de prensagem a quente , à água, o aglomerado deve ser utilizado em funde o laminado à madeira aglomerada ambientes internos e secos, para que suas formando um corpo único e inseparável. propriedades originais não se alterem. São chapas estáveis, podendo ser cortadas em 31
  • 33. 4.5.5 Chapas de partículas: MDP – sos, maior estabilidade dimensional e menor Chapa de partículas de média densidade absorção de umidade. Trata-se de nova gera- São painéis compostos de partículas de ção de painéis de madeira industrializada com madeira ligadas entre si por resinas de última características diferenciadas do aglomerado. geração. Estas resinas, sob ação de pressão e temperatura, polimerizam garantindo a O MDP é indicado para partes de móveis coesão do conjunto. As partículas são residenciais e de escritório que não neces- classificadas e separadas por camadas, as sitem de usinagens em baixo relevo, entalhes mais finas sendo depositadas na superfície, ou cantos arredondados, tais como: laterais, enquanto que aquelas de maiores dimensões divisórias, prateleiras, portas retas, frentes e são depositadas nas camadas internas. laterais de gavetas, tampos retos e pós-for- matos, bases superior e inferior. Os MDPs têm a densidade elevada das 4.5.6 Chapas de partículas: OSB – Pai- camadas superiores (950 a 1000 kg/m³ néis de partículas orientadas em comparação a 800 kg/m³ do MDF), o que assegura um melhor acabamento para Os painéis de partículas orientadas ou ori- pinturas, impressão e revestimentos. Os ented strand boards, mais conhecidos como MDPs possuem partículas menores na super- OSB, foram dimensionados para suprir uma fície, aumentando de diâmetro da superfície característica demandada, e não encontrada, da chapa para o miolo, o que proporciona tanto na madeira aglomerada tradicional uma homogeneidade das camadas externas e quanto nas chapas MDF - a resistência também internas. mecânica exigida para fins estruturais. Os painéis são formados por camadas de O MDP apresenta maior resistência à flexão, partículas ou de feixes de fibras com resinas comparando-se com aglomerados e MDF, ao fenólicas, que são orientados em uma mesma empenamento e ao arrancamento de parafu- direção e então prensados para sua consoli- 32
  • 34. dação. Cada painel consiste de três a cinco a resistência mecânica, trabalhabilidade, camadas, orientadas em ângulo de 90 graus versatilidade e valor fazem deles alternati- umas com as outras. vas atrativas em relação à madeira sólida. Entre estes usos estão mobiliário industrial, A resistência destes painéis à flexão estática incluindo estruturas de móveis, embalagens, é alta, não tanto quanto a da madeira sólida containers e vagões. original, mas tão alta quanto a dos com- pensados estruturais, aos quais substituem No Brasil, a produção de OSB é recente perfeitamente. O seu custo é mais baixo e está restrita a apenas um fabricante. Na devido ao emprego de matéria-prima menos construção civil já é possível ver sua nobre, mas não admitem incorporar resíduos aplicação em obras temporárias (tapumes e ou “finos”, como no caso dos aglomerados. alojamentos), divisórias e coberturas. Os OSB têm a elasticidade da madeira 4.6 Desenvolvimento em madeira estru- aglomerada convencional mas são mais tural composta resistentes mecanicamente. A madeira “engenheirada” inclui produtos já Os painéis OSB têm tido utilização no comuns em outros países, especialmente do exterior, principalmente na construção Hemisfério Norte, mas ainda relativamente habitacional. Nos EUA, a construção de desconhecidos entre nós, ou no máximo casas apresenta características de uso intenso familiares apenas a uns poucos especialistas. de madeira serrada e de painéis, especial- mente em paredes internas e externas, pisos A madeira serrada classificada eletromecani- e forros, e nestes usos, os painéis OSB têm camente vem a ser madeira serrada, geral- tido bom desempenho. Mais recentemente, mente de coníferas, ensaiada não-destruti- estes produtos estão encontrando nichos de vamente (em máquinas de alta velocidade) uso também em aplicações industriais, onde quanto à flexão estática, e identificada 33
  • 35. quanto à sua classe de resistência mecânica. turais compostas, como: LVL – laminated Este produto é conhecido como machine veneer lumber, PSL – parallel strand lumber evaluated lumber - MEL ou machine stress e OSL – oriented strand lumber. rated - MSR. Este produto não é encon- 4.7 Outros produtos trado neste país por várias razões, entre as quais se inclui a falta de normatização das A tecnologia tem ampliado a gama de novos seções transversais das peças usadas em produtos derivados da madeira, seja em estruturas, o alto custo do equipamento e da diferentes formas, seja em combinação com operação, além da falta de tradição no uso outros materiais, visando sempre o melhor de madeira de coníferas para fins estruturais. desempenho do produto no fim a que se destina, a otimização do uso da matéria-prima Pode compor também este grupo a madeira e a redução dos custos de processamento. laminada e colada, na qual as tábuas são dispostas e coladas, com as suas fibras na Muitos dos processos desenvolvidos mesma direção, ampliando o comprimento baseiam-se no emprego de matéria-prima ou a espessura (glulam). Vigas laminadas produzida em florestas de rápido crescimen- e coladas, fabricadas com madeiras de to, especialmente para um determinado fim. reflorestamento - pinus e eucalipto – preser- Isto é reflexo de uma demanda especializada, vadas contra ataque de insetos e fungos, exigente não só em relação ao desempenho além de protegidas contra fogo e umidade, do produto, mas também em relação à sua são um produto já encontrado no setor da aparência. Exemplos podem ser facilmente construção civil neste país. apontados, como é o caso dos painéis MDF produzidos com misturas de espécies, resul- Entretanto, outros produtos, manufaturados tando em painéis de cor mais escura, logo em maior ou menor grau de sofisticação, recusados pelo mercado mais sofisticado. estão incluídos no grupo das madeiras estru- 34
  • 36. 4.8 Madeira tratada com produtos Contudo, uma vertente de interesse preservativos crescente tem sido a utilização de resíduos de processamento mecânico ou químico de Preservação de madeiras é todo e qualquer madeiras na produção de painéis, dentro do procedimento ou conjunto de medidas que princípio de reúso ou mesmo de reciclagem possam conferir à madeira em uso maior de materiais resistência aos agentes de deterioração, proporcionando maior durabilidade. Estes Exemplo recente é o desenvolvimento de agentes podem ser de natureza física, química painéis produzidos com madeira sólida e com e biológica (fungos e insetos xilófagos), que partículas de madeira tratada com CCA, afetam suas propriedades. Essas medidas devem um preservante de madeira à base de cobre, ser discutidas e adotadas na etapa de elabo- cromo e arsênio. Este material, proveniente de ração dos projetos, sendo que o uso racional descarte, passaria a constituir-se em potencial da madeira como um material de engenharia no contaminante ambiental. Com o reaproveita- ambiente construído pressupõe minimamente: mento destes produtos na forma de painéis, um potencial agente contaminante passou a • Conhecimento do nível de desempenho constituir-se em matéria-prima, gerando outros necessário para o componente ou estrutura produtos de alta durabilidade. de madeira, tais como vida útil, responsabili- dade estrutural, garantias comerciais e legais, O mercado requer produtos de bom entre outras. desempenho, menor custo, esteticamente agradáveis e crescentemente sadios do ponto • Escolha da espécie da madeira com base de vista ambiental. nas propriedades intrínsecas de durabilidade natural e tratabilidade. 35
  • 37. • Definição das condições de exposição (uso) da madeira, por exemplo, expressa em da madeira e dos possíveis agentes biodeterio- quilogramas de ingrediente ativo por metro radores presentes (fungos e insetos xilófagos), cúbico de madeira tratável (kg/ m³). ou seja, definição do risco biológico a que a madeira será submetida. Considerando a Lei nº 4.797 de 20 de outubro de 1965 e a Instrução Normativa • Adoção do método de tratamento e Conjunta IBAMA e ANVISA, em fase produto preservativo de madeira (inseticida e/ final de implementação para substituição da ou fungicida) em função do risco biológico para Portaria Interministerial nº 292 de 20 de aumentar a durabilidade da madeira. outubro de 1989 e Instrução Normativa O tratamento preservativo faz-se necessário se nº5, de 20/10/92, que disciplinam o setor a espécie escolhida não é naturalmente durável Preservação de Madeiras no Brasil, o trata- para o uso considerado e/ou se a madeira mento preservativo de madeiras é obrigatório contém porções de alburno. para peças ou estruturas de madeira, tais como dormentes, estacas, vigas, vigotas, • Implementação de controle de qualidade de pontes, pontilhões, postes, cruzetas, torres, toda a madeira tratada com produtos preserva- moirões de cerca, escoras de minas e de tivos para garantir os principais parâmetros de taludes, ou quaisquer estruturas de madeira tratamento: penetração e a retenção do preser- que sejam usadas em contato direto com o vativo absorvido no processo de tratamento. solo ou sob condições que contribuam para A penetração é definida como sendo a profun- a diminuição de sua vida útil. didade alcançada pelo preservativo ou pelo(s) seu(s) ingrediente(s) ativo(s) na madeira. Já Esta obrigatoriedade deve ser observada ex- a retenção é a quantidade do preservativo ou clusivamente com relação às essências florestais do seu(s) ingrediente(s) ativo(s), contida de passíveis de tratamento. São passíveis de maneira uniforme num determinado volume tratamento preservativo as peças de madeira 36
  • 38. portadoras de alburno ou as que, sendo de VISA), que avalia os resultados dos testes puro cerne, apresentem alguma pemeabilidade para classificação da Periculosidade Ambiental. à penetração dos produtos preservativos em Assim como, para o tratamento industrial da seus tecidos lenhosos. No caso do uso de madeira, deve-se exigir registro, no IBAMA, madeira de puro cerne, esta deve ser de alta das usinas de preservação de madeira e outras durabilidade natural aos fungos apodrecedores indústrias que utilizam esses produtos. e insetos xilófagos (brocas-de-madeira e cupins) para as condições de uso biologica- A especificação de um tratamento pre- mente ativa e/ou agressiva. servativo, baseado nas condições de uso da madeira, deve requerer penetração e Com relação ao tratamento preservativo retenção adequadas que dependem do da madeira, deve-se considerar a busca de método de tratamento escolhido. As normas produtos preservativos e processos de trata- técnicas e a experiência do fabricante podem mento de menor impacto ao meio ambiente relacionar estes parâmetros de qualidade do e à higiene e segurança, a disponibilidade de tratamento, considerando minimamente: produtos no mercado brasileiro, os aspectos estéticos (alteração de cor da madeira, por • a diferente durabilidade natural e tratabi- exemplo), aceitação de acabamento e a lidade do alburno e cerne devem ser sempre necessidade de monitoramento contínuo. consideradas; • quanto maior a responsabilidade estrutural Só devem ser utilizados os produtos preser- do componente de madeira, maior deverá ser a vativos devidamente registrados e autorizados retenção e penetração do produto preservativo; pelo Ministério do Meio Ambiente, através • uma maior vida útil está normalmente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e associada a uma maior retenção e penetração Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e na do produto; Agência Nacional de Vigilância Sanitária (AN- • para um mesmo processo de tratamento, 37
  • 39. diferenças de micro e macroclima entre regiões tomada de decisão sobre o uso racional da podem exigir maiores retenções e penetrações; madeira tratada. Esta ferramenta relacionará • a economia em manutenção e a acessibi- as possíveis condições de exposição da ma- lidade para reparos ou substituições de um deira e os agentes biodeterioradores (fungos componente podem exigir maiores retenções e insetos) com os produtos preservativos e e penetrações; processos de tratamento pertinentes, além • o controle de qualidade de toda a de apresentar orientações mínimas de projeto madeira preservada deverá ser realizado para para minimizar os danos causados por estes garantir os principais parâmetros de quali- organismos xilófagos. dade: penetração e retenção do preservativo 4.9 Cuidados na aplicação de tintas e absorvido no processo de tratamento. vernizes • se o risco de lixiviação do produto preserva- tivo existe, considerar a proteção dos compo- Ao se aplicar tintas e vernizes como nentes durante construção e/ou transporte; acabamento de superfície de peças de • fatores como manuseio das peças tratadas, madeira, devem ser tomadas precauções que práticas durante a construção, integridade de visam, em geral, a utilização eficiente destes acabamentos ou compatibilidade do produto produtos e a segurança quanto aos aspec- preservativo com o acabamento, podem tos ambientais e de saúde, relacionados às afetar o desempenho da madeira preservada. emissões oriundas de solventes e substâncias tóxicas/perigosas para o meio ambiente e Na norma brasileira NBR 7190 – Estruturas que podem ser acumulados nos seres vivos de Madeira, atualmente em revisão pela (aquáticos e terrestres); à disposição dos Associação Brasileira de Normas Técnicas resíduos e principalmente em relação ao con- (ABNT), está sendo introduzido o conceito tato direto com o homem na aplicação e no de classe de risco que auxiliará o engenheiro, uso. As tintas e vernizes contêm solventes arquiteto e usuário de madeira em geral na orgânicos que emitem vapores à temperatura 38
  • 40. ambiente; por contato direto com a pele ou por inalação, podem provocar alergias, queimaduras ou após inalações repetidas, doenças respiratórias e lesões pulmonares. Na seleção e aplicação de um produto de acabamento recomenda-se: • preferir produtos/princípios ativos ambien- talmente amigáveis; • verificar as instruções escritas nas embala- gens quanto às condições de armazenagem e boas práticas de manuseio durante aplicação, tais como, uso de EPI’s e separação dos resíduos sólidos e líquidos. • verificar com o fabricante as orientações para disposição do resíduo gerado na apli- cação e pós uso, caso estas instruções não estejam disponíveis na embalagem. 39
  • 41. 5. Indicação da madeira para construção civil As propriedades básicas da madeira variam Paraguai, porém, de forma mais significativa, muito entre as espécies. Tomando-se a a partir da região amazônica. As madeiras densidade de massa aparente a 15% de disponíveis nos reflorestamentos implanta- teor de umidade, como um indicador dessas dos nas Regiões Sul e Sudeste, com pinus e propriedades, tem-se a madeira de balsa com eucalipto, já estão suprindo a construção civil. 200 kg/m3 e a de aroeira com 1100 kg/m3, ou seja, materiais com propriedades físicas e Essas mudanças têm provocado a substituição mecânicas totalmente distintas. do pinho-do-paraná e da peroba-rosa, espé- cies tradicionalmente utilizadas pelo setor, por Portanto, na escolha da madeira correta para outras madeiras, desconhecidas dos usuários e, um determinado uso, deve-se considerar às vezes, inadequadas ao uso pretendido. quais as propriedades e os respectivos níveis requeridos para que a madeira possa ter um A variedade de espécies de madeira - e a desempenho satisfatório. Esse procedimento é amplitude de suas propriedades - existente primordial principalmente em países tropicais, na floresta amazônica dificulta as atividades onde a variedade e o número de espécies de de exploração florestal sustentada e mesmo madeiras existentes na floresta são expressões uma comercialização mais intensa do potencial da sua biodiversidade. madeireiro da floresta, sobretudo naqueles mercados abastecidos tradicionalmente por Soma-se a essa questão a mudança das fontes poucas espécies de madeira. de suprimento dos principais centros deman- dantes de madeira serrada, localizados nas Tais circunstâncias sugerem uma abordagem para Regiões Sul e Sudeste. Com a exaustão das redução da heterogeneidade das madeiras, florestas nativas dessas regiões, o suprimento através do grupamento ou reunião das mesmas de madeiras nativas passou a ser realizado, em categorias de propriedades comuns. em parte, a partir de países limítrofes, como o 40
  • 42. nos grupos de uso final (ver capítulo 3) foi No mercado brasileiro o grupamento já é realizada através de um critério em que foram praticado, porém de forma não técnica e utilizadas as propriedades e/ou características com desconhecimento por parte do usuário consideradas como o mínimo necessário para final. Na cidade de São Paulo, sob o nome um bom desempenho da madeira no uso de cedrinho estão sendo comercializadas especificado. Para cada uma das proprie- cerca de 15 diferentes espécies de madeira dades escolhidas foram fixados valores (amazônicas e de reflorestamento), que são mínimos e, às vezes, máximos, tendo como empregadas indistintamente em uso tem- base os valores de madeiras tradicionalmente porário nas obras. empregadas nos usos considerados. O lado positivo desse fato é a constata- Esta estratégia foi adotada considerando que ção da aplicação prática do conceito de os especificadores de madeira (engenheiros, grupamento de espécies por uso final (várias arquitetos, compradores de empreiteiras, espécies sendo aplicadas num determinado carpinteiros etc.) têm o hábito de indicar so- uso) e a aceitação, portanto, de outras mente as madeiras tradicionais, como peroba- espécies de madeira não tradicionais. Porém, rosa e pinho-do-paraná. Com isto, busca-se a forma como este processo está se desen- facilitar a aceitação de “novas” madeiras. volvendo, baseado na escolha das espécies pela tentativa-e-erro e sem, pelo menos Entretanto, há processos de seleção de aparentemente, o conhecimento do con- madeiras tecnicamente mais elaborados, como o sumidor, é inapropriada e poderá aumentar utilizado na norma NBR 7190 “Projeto de es- o preconceito em relação a madeira como truturas de madeiras”, da Associação Brasileira material de construção. de Normas Técnicas - ABNT, e que substituiu a NBR 6230 com profundas alterações na Neste trabalho, a alocação das madeiras metodologia e procedimentos de ensaios. 41
  • 43. Nessa norma foram estabelecidas três classes vantes, em função da classe de risco de deterioração de resistência - C 20, C25 e C 30 - para biológica a que a madeira estará exposta (item as madeiras de coníferas (pinus e pinho-do- 10.7 da Norma). Outra situação que requer tal -paraná, p. ex.) e quatro classes - C 20, C especificação é quando se precisa conhecer as carac- 30, C 40 e C 60 - para as madeiras de terísticas de trabalhabilidade e de decoratividade da dicotiledôneas (peroba-rosa, ipê, jatobá, p. madeira. ex.). No estabelecimento dessas classes foram consideradas propriedades físicas (densidade As listas de madeiras reunidas em grupos de de massa básica e aparente), de resistência uso final, tendo como referências as madeiras de (compressão paralela às fibras e cisalhamento) peroba-rosa, pinho-do-paraná, imbuia e angico- e de rigidez (módulo de elasticidade). -preto, são apresentadas a seguir. Ao se elaborar essas listas, buscou-se excluir espécies de madeira A utilização de classes de resistência elimina que, embora sejam comercializadas, enfrentam res- a necessidade da especificação da espécie trições legais ou têm uso alternativo mais rentável, da madeira, pois em um projeto estrutural como p. ex., a castanheira (Bertholletia excelsa) desenvolvido de acordo com essa norma e a copaíba (Copaifera spp.). bastará a verificação das propriedades de resistência de um lote de peças de madeira à Informações técnicas para algumas madeiras classe de resistência especificada no projeto. recomendadas são fornecidas no Capítulo 6 deste Manual. Para obter informações técnicas sobre É importante salientar que a necessidade de outras madeiras consulte o site especificar a espécie de madeira foi suprimida http://www.ipt.br/areas/ctfloresta/lmpd/madeiras . no que diz respeito à resistência mecânica. Entretanto, isto ainda é necessário quando se precisa empregar madeiras naturalmente resistentes ou permeáveis às soluções preser- 42
  • 44. Lista de madeiras indicadas para os diversos grupos de uso na construção civil em substituição a Peroba-rosa e Pinho-do-Paraná Nome Popular Nome Científico Acapu Vouacapoua americana Angelim-pedra Hymenolobium spp. Angelim-vermelho Dinizia excelsa Angico-preto Anadenanthera colubrina sinonímia: Anadenanthera macrocarpa Angico-vermelho Parapiptadenia rigida Bacuri Platonia insignis Bacuri-de-anta Moronobea coccinea Cupiúba Goupia glabra Eucalipto-R* Eucalyptus tereticornis, Corymbia citriodora sinonímia: Eucalyptus citriodora, E. saligna Fava-de-orelha-de-negro Enterolobium schomburgkii Faveira-amargosa Vatairea app. Garapa Apuleia leiocarpa Guajará-branco Chrysophyllum sericeum Itaúba Mezilaurus itauba Jarana Lecythis jarana Jatobá Hymenaea spp. Maçaranduba Manilkara ssp. Muiracatiara Astronium lecointei Piquiarana Caryocar glabrum Rosadinho Micropholis guianensis Roxinho Peltogyne spp. Sapucaia Lecythis pisonis Sucupira Diplotropis spp., Bowdichia spp. Tanibuca Terminalia spp. R*= madeira gerada em refloresta- Tatajuba mento. Bagassa guianensis Obs.: nomes em negrito - ver ficha, Timborana Piptadenia suaveolens cap. 6, com informações técnicas sobre Uxi Endopleura uchi a madeira. 43
  • 45. Construção civil pesada interna Nome Popular Nome Científico Engloba as peças de madeira serrada na forma de vigas, caibros, pranchas Araracanga Aspidosperma desmanthum. Angelim-pedra e tábuas utilizadas em estruturas de Hymenolobium spp. Angelim-vermelho cobertura, onde tradicionalmente era Dinizia excelsa Angico-preto empregada a madeira de peroba-rosa Anadenanthera macrocarpa Angico-vermelho Parapiptadenia rigida (Aspidosperma polyneuron). Bacuri Platonia insignis Bacuri-de-anta Moronobea coccinea Cupiúba Goupia glabra Eucalipto (R*) Eucalyptus tereticornis, E. citriodora, E.saligna Faveira-amargosa Enterolobium schomburgkii Garapa Apuleia leiocarpa Goiabão Pouteria pachycarpa Itaúba Mezilaurus itauba Jarana Lecythis jarana Maçaranduba Manilkara spp. Muiracatiara Astronium lecointei Pau-amarelo Euxylophora paraensis Pau-mulato Calycophyllum Sprumceanum Rosadinho Micropholis guianensis Pau-roxo Peltogyne spp. Sapucaia Lecythis pisonis Tanibuca Terminalia spp. Tatajuba Bagassa guianensis R*= madeira gerada em reflorestamento. Timborana Piptadenia suaveolens Obs.: nomes em negrito - ver ficha, cap. 6, com Uxi Anadenanthera macrocarpa informações técnicas sobre a madeira. 44
  • 46. Construção civil leve externa e Nome Popular Nome Científico Leve interna estrutural Reúne as peças de madeira serrada Angelim-pedra Hymenolobium spp. na forma de tábuas e pontaletes Bacuri Platonia insignis Bacuri-de-anta empregados em usos temporários Moronobea coccinea Cambará (andaimes, escoramento e fôrmas Qualea ssp. Canafíscula para concreto) e as ripas e caibros Peltrophorum vogelianum Cedrinho utilizadas em partes secundárias de Erisma uncinatum Eucalipto (R*) Eucalyptus tereticornis, E. citriodora, E.saligna estruturas de cobertura. A madeira Garapa Apuleia leiocarpa de pinho-do-paraná (Araucaria angus- Jacareúba Calophyllum brasiliense tifolia) foi a mais utilizada, durante Louro-canela Ocotea spp. ou Nectandra spp. décadas, neste grupo. Louro-vermelho Nectandra rubra Marinheiro Guarea spp. Pau-jacaré Laetia procera Quaruba Vochysia spp. Rosadinho Micropholis guianensis Tatajuba Bagassa guianensis Tauari Couratari spp. Taxi Tachigali spp. ou Sclerolobium spp. R*= madeira gerada em reflorestamento. Obs.: nomes em negrito - ver ficha, cap. 6, com informações técnicas sobre a madeira. 45