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Há apenas uma Raça Humana
Mas deixa, não é comigo.
Hoje, 20 de novembro, comemoramos o “Dia da Consciência Negra”. Comemorou-se como se comemora o Dia da Árvore, Dia do Índio, Dia do Rotary, do Lions, da Maçonaria, Dia da Mulher, da Criança, etc. Daquele jeito. Frases de efeito estampadas no jornal, fotos da madame entregando um mimo a uma criança negra, jantar no Rotary com palestra de algum filósofo, uma mensagem bonita na missa das seis, e de outras formas, digamos assim bem "sociais".
Todos oraram por alguns minutos, todos pediram a Deus para que o mundo fique melhor e pronto... Todos se sentem com o dever cumprido. Todos "comemoraram", fizeram sua parte.
Assim foi hoje, no "Dia da Consciência Negra". Palavras bonitas foram ditas em várias ocasiões.  Mas amanhã, tudo estará como dantes na terra de “Arantes”. E olha que Arantes é o rei. Isso ele, Edson Arantes do Nascimento. Mas há quem diga que “preto” só serve para futebol e samba.  Que pena”
O primeiro a se manifestar, causando grande impacto na opinião popular, em razão de temas sociais, foi Maiakovski, um poeta russo "suicidado" após a revolução de Lenin… que escreveu, ainda no início do século XX, aquilo que perdurou por muitos anos como lema de algumas situações :
Disse: “Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão.  E não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua,  e, conhecendo nosso medo,  arranca-nos a voz da garganta.  E porque não dissemos nada,  já não podemos dizer nada. Maiakovski
Depois de Maiakovski,  Bertold Brecht  fez sua observação em pleno século XIX …
Primeiro levaram os negros. Mas não me importei com isso Eu não era negro. Em seguida levaram alguns operários. Mas não me importei com isso. Eu também não era operário. Depois prenderam os miseráveis. Mas não me importei com isso, porque eu não sou miserável. Depois agarraram uns desempregados. Mas como tenho meu emprego,  também não me importei. Agora estão me levando. Mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém, ninguém se importa comigo.
Martin Niemöller, símbolo da resistência aos nazistas escreveu em 1.933: “ Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram  meu outro vizinho que era comunista.  Como não sou comunista, não me incomodei . No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar...
Mais recentemente foi a vez de Cláudio Humberto escrever no mesmo sentido: Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima,  Depois incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles; Depois fecharam ruas, onde não moro; Fecharam então o portão da favela, que não habito; Em seguida arrastaram até a morte uma criança, que não era meu filho...
E os negros, com todo direito, em dia da “consciência negra”, bem que poderiam responder dessa forma: 
"Meu querido branco!       Umas coisas que você deve saber:       Quando nasci, eu era preto.      Quando cresci, fiquei preto.       Quando estou doente, fico preto         Quando apanho sol, fico preto.       Quando estou com frio, fico preto.      Quando tenho medo, fico preto.        Quando morrer, ficarei preto.        Mas tu "homem BRANCO".         Quando nasces, és cor-de-rosa.        Quando cresces, ficas branco.       Quando apanhas sol, ficas vermelho.        Quando sentes frio, ficas roxo.          Quando sentes medo, ficas verde.      Quando estás doente, ficas amarelo.          Quando morres, ficas cinzento.        E ainda tens a "cara de pau"  de me chamar de   "pessoa de cor"  ?"
Apresentação por Renato Cardoso
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Deixa, Não é Comigo

  • 1. Há apenas uma Raça Humana
  • 2. Mas deixa, não é comigo.
  • 3. Hoje, 20 de novembro, comemoramos o “Dia da Consciência Negra”. Comemorou-se como se comemora o Dia da Árvore, Dia do Índio, Dia do Rotary, do Lions, da Maçonaria, Dia da Mulher, da Criança, etc. Daquele jeito. Frases de efeito estampadas no jornal, fotos da madame entregando um mimo a uma criança negra, jantar no Rotary com palestra de algum filósofo, uma mensagem bonita na missa das seis, e de outras formas, digamos assim bem "sociais".
  • 4. Todos oraram por alguns minutos, todos pediram a Deus para que o mundo fique melhor e pronto... Todos se sentem com o dever cumprido. Todos "comemoraram", fizeram sua parte.
  • 5. Assim foi hoje, no "Dia da Consciência Negra". Palavras bonitas foram ditas em várias ocasiões. Mas amanhã, tudo estará como dantes na terra de “Arantes”. E olha que Arantes é o rei. Isso ele, Edson Arantes do Nascimento. Mas há quem diga que “preto” só serve para futebol e samba. Que pena”
  • 6. O primeiro a se manifestar, causando grande impacto na opinião popular, em razão de temas sociais, foi Maiakovski, um poeta russo "suicidado" após a revolução de Lenin… que escreveu, ainda no início do século XX, aquilo que perdurou por muitos anos como lema de algumas situações :
  • 7. Disse: “Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão. E não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada. Maiakovski
  • 8. Depois de Maiakovski, Bertold Brecht fez sua observação em pleno século XIX …
  • 9. Primeiro levaram os negros. Mas não me importei com isso Eu não era negro. Em seguida levaram alguns operários. Mas não me importei com isso. Eu também não era operário. Depois prenderam os miseráveis. Mas não me importei com isso, porque eu não sou miserável. Depois agarraram uns desempregados. Mas como tenho meu emprego, também não me importei. Agora estão me levando. Mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém, ninguém se importa comigo.
  • 10. Martin Niemöller, símbolo da resistência aos nazistas escreveu em 1.933: “ Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei . No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar...
  • 11. Mais recentemente foi a vez de Cláudio Humberto escrever no mesmo sentido: Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima, Depois incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles; Depois fecharam ruas, onde não moro; Fecharam então o portão da favela, que não habito; Em seguida arrastaram até a morte uma criança, que não era meu filho...
  • 12. E os negros, com todo direito, em dia da “consciência negra”, bem que poderiam responder dessa forma: 
  • 13. "Meu querido branco!      Umas coisas que você deve saber:      Quando nasci, eu era preto.      Quando cresci, fiquei preto.       Quando estou doente, fico preto         Quando apanho sol, fico preto.      Quando estou com frio, fico preto.      Quando tenho medo, fico preto.       Quando morrer, ficarei preto.       Mas tu "homem BRANCO".         Quando nasces, és cor-de-rosa.        Quando cresces, ficas branco.      Quando apanhas sol, ficas vermelho.       Quando sentes frio, ficas roxo.          Quando sentes medo, ficas verde.      Quando estás doente, ficas amarelo.         Quando morres, ficas cinzento.        E ainda tens a "cara de pau"  de me chamar de "pessoa de cor" ?"