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SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA 1930
Momento 				Histórico
Crise de 1929 Grande depressão
Revolução de 30 Greves operárias Nova Constituição brasileira Estado Novo Segunda Guerra Mundial
Grandes Ditadores
A noite dissolve os homensCarlos Drummond de Andrade Aurora, entretanto eu te diviso,ainda tímida, inexperiente das luzes que vais ascendere dos bens que repartirás com todos os homens.  Sob o úmido véu de raivas, queixas e humilhações, adivinho-te que sobes,vapor róseo, expulsando a treva noturna.  O triste mundo fascista se decompõe ao contato de teus dedosHavemos de amanhecer.O mundo se tinge com as tintas da antemanhãe o sangue que escorre é doce, de tão necessário para colorir tuas pálidas faces, aurora.  A noite desceu. Que noite!Já não enxergo meus irmãos.  E nem tão pouco os rumores que outrora me perturbavam.  A noite caiu. Tremenda, sem esperança...E o amor não abre caminho na noite.a noite dissolve os homens, diz que é inútil sofrer,  a noite dissolve as pátrias, apagou os almirantes cintilantes! nas suas fardas.  A noite anoiteceu tudo... O mundo não tem remédio...Os suicidas tinham razão.
O pensamento de 30 Universalismo Psicanálise Marxismo
Literatura mais construtiva, mais politizada e Denúncia Social ao lado de Espiritualismo e Intimismo
Quadrilha Carlos Drummond de Andrade IRREVERÊNCIA MODERNISTA          João amava Teresa que amava Raimundo          que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili          que não amava ninguém.          João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,          Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,          Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes          que não tinha entrado na história. POEMA PIADA
A Poesia de 30 Cultivo tanto dos versos brancos e livres como das formas tradicionais, como o soneto.
[object Object]
Poesia de tensão ideológica
O humor, a ironia, a captura do cotidiano
verso livre e linguagem coloquial
obra de estréia: “Alguma Poesia” (1930)Carlos Drummond de Andrade
Poema de sete faces Quando nasci, um anjo tortodesses que vivem na sombradisse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. As casas espiam os homensque correm atrás de mulheres.A tarde talvez fosse azul,não houvesse tantos desejos. O bonde passa cheio de pernas:pernas brancas pretas amarelas.Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.Porém meus olhosnão perguntam nada. GAUCHE: ESTRANHO, ESQUERDO,  O EU E O COTIDIANO
O homem atrás do bigodeé sério, simples e forte.Quase não conversa.Tem poucos , raros amigoso homem atrás dos óculos e do bigode.  Meu Deus, por que me abandonastese sabias que eu não era Deusse sabias que eu era fraco. Mundo mundo vasto mundose eu me chamasse Raimundo,seria uma rima, não seria uma solução.Mundo mundo vasto mundo,mais vasto é meu coração. Eu não devia te dizermas essa luamas esse conhaquebotam a gente comovido como o diabo. EU X MUNDO
Temática Une o Confessional ao Universal ,[object Object]
Medo e a perplexidade
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 A revolta e a náusea
A guerra
 Indignação
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Agente transformador Mãos Dadas Não serei o poeta de um mundo caduco.Também não cantarei o mundo futuro.Estou preso à vida e olho meus companheirosEstão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.Entre eles, considere a enorme realidade.O presente é tão grande, não nos afastemos.Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.O tempo é a minha matéria, o tempo presente,  	os homens presentes, a vida presente.
O cotidiano em Drummond Poema que aconteceuNenhum desejo neste domingonenhum problema nesta vidao mundo parou de repenteos homens ficaram caladosdomingo sem fim nem começo.A mão que escreve este poemanão sabe o que está escrevendomas é possível que se soubessenem ligasse.
José 	E agora, José?A festa acabou,a luz apagou,o povo sumiu,a noite esfriou,e agora, José?e agora, Você?Você que é sem nome,que zomba dos outros,Você que faz versos,que ama, protesta?e agora, José?Está sem mulher,está sem discurso,está sem carinho,já não pode beber,já não pode fumar,cuspir já não pode,a noite esfriou, o dia não veio,o bonde não veio,o riso não veio,não veio a utopiae tudo acaboue tudo fugiue tudo mofou,e agora, José?E agora, José?sua doce palavra,seu instante de febre,sua gula e jejum,sua biblioteca,sua lavra de ouro,seu terno de vidro,sua incoerência,seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão quer abrir a porta,não existe porta;quer morrer no mar,mas o mar secou;quer ir para Minas,Minas não há mais.José, e agora?Se você gritasse,se você gemesse,se você tocasse,a valsa vienense,se você dormisse,se você consasse,se você morresse....Mas você não morre,você é duro, José! Sozinho no escuroqual bicho-do-mato,sem teogonia,sem parede nuapara se encostar,sem cavalo pretoque fuja do galope,você marcha, José!José, para onde?
Morte do Leiteiro 	Há pouco leite no país,é preciso entregá-lo cedo.Há muita sede no país,é preciso entregá-lo cedo.Há no país uma legenda,que ladrão se mata com tiro.Então o moço que é leiteirode madrugada com sua latasai correndo e distribuindoleite bom para gente ruim.Sua lata, suas garrafase seus sapatos de borrachavão dizendo aos homens no sonoque alguém acordou cedinhoe veio do último subúrbiotrazer o leite mais frio 	e mais alvo da melhor vacapara todos criarem forçana luta brava da cidade. 	Na mão a garrafa brancanão tem tempo de dizer 	as coisas que lhe atribuonem o moço leiteiro ignaro,morados na Rua Namur,empregado no entreposto,com 21 anos de idade,sabe lá o que seja impulsode humana compreensão.E já que tem pressa, o corpovai deixando à beira das casasuma apenas mercadoria.
	E como a porta dos fundostambém escondesse genteque aspira ao pouco de leitedisponível em nosso tempo,avancemos por esse beco,peguemos o corredor,depositemos o litro...Sem fazer barulho, é claro,que barulho nada resolve. Meu leiteiro tão sutilde passo maneiro e leve, antes desliza que marcha.É certo que algum rumorsempre se faz: passo errado,vaso de flor no caminho,cão latindo por princípio,ou um gato quizilento. 	E há sempre um senhor que acorda,resmunga e torna a dormir. 	Mas este acordou em pânico(ladrões infestam o bairro),não quis saber de mais nada.O revólver da gavetasaltou para sua mão.Ladrão? se pega com tiro.Os tiros na madrugadaliquidaram meu leiteiro.Se era noivo, se era virgem,se era alegre, se era bom,não sei,é tarde para saber.
Mas o homem perdeu o sonode todo, e foge pra rua.Meu Deus, matei um inocente.Bala que mata gatunotambém serve pra furtara vida de nosso irmão.Quem quiser que chame médico,polícia não bota a mãoneste filho de meu pai.Está salva a propriedade.A noite geral prossegue,a manhã custa a chegar,mas o leiteiroestatelado, ao relento,perdeu a pressa que tinha. Da garrafa estilhaçada,no ladrilho já serenoescorre uma coisa espessaque é leite, sangue... não sei.Por entre objetos confusos,mal redimidos da noite, 	duas cores se procuram,suavemente se tocam,amorosamente se enlaçam,formando um terceiro toma que chamamos aurora.
Uma Aula  Sobre Poesia
Procura da poesia Não faças versos sobre acontecimentos.Não há criação nem morte perante a poesia.Diante dela, a vida é um sol estático,não aquece nem ilumina.As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.Não faças poesia com o corpo,esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica. Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escurosão indiferentes.Nem me reveles teus sentimentos,que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia. Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma. O canto não é a naturezanem os homens em sociedade.Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)elide sujeito e objeto. Não dramatizes, não invoques,não indagues. Não percas tempo em mentir.Não te aborreças.Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de famíliadesaparecem na curva do tempo, é algo imprestável. Não recomponhastua sepultada e merencória infância.Não osciles entre o espelho e amemória em dissipação.Que se dissipou, não era poesia.Que se partiu, cristal não era. Penetra surdamente no reino das palavras.Lá estão os poemas que esperam ser escritos.Estão paralisados, mas não há desespero,há calma e frescura na superfície intata.Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consumecom seu poder de palavrae seu poder de silêncio.Não forces o poema a desprender-se do limbo.Não colhas no chão o poema que se perdeu.Não adules o poema. Aceita-ocomo ele aceitará sua forma definitiva e concentradano espaço. Chega mais perto e contempla as palavras.Cada umatem mil faces secretas sob a face neutrae te pergunta, sem interesse pela resposta,pobre ou terrível, que lhe deres:Trouxeste a chave? Repara:ermas de melodia e conceitoelas se refugiaram na noite, as palavras.Ainda úmidas e impregnadas de sono,rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.
Cecília Meireles “A vida só é possível reinventada”
 “A noção ou sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade”.
Motivo 	Eu canto porque o instante existee a minha vida está completa.Não sou alegre nem sou triste:sou poeta.Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento.Atravesso noites e diasno vento.Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, — não sei, não sei. Não sei se ficoou passo.Sei que canto. E a canção é tudo.Tem sangue eterno a asa ritmada.E um dia sei que estarei mudo:— mais nada.
 Seus temas e sua poética: silêncio, solidão, fuga , fluidez, melancolia, serenidade Representante mais característica da vertente espiritualista ou intimista do Modernismo.
Retrato Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas;eu não tinha este coraçãoque nem se mostra.Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil:— Em que espelho ficou perdidaa minha face?
Marcha  As ordens da madrugada  romperam por sobre os montes:  nosso caminho se alarga  sem campos verdes nem fontes.  Apenas o sol redondo  e alguma esmola de vento  quebraram as formas do sono  com a ideia do movimento.    Vamos a passo e de longe;  entre nos dois anda o mundo,  com alguns vivos pela tona,  com alguns mortos pelo fundo.    As aves trazem mentiras  de países sem sofrimento.  Por mais que alargue as pupilas,  mais minha duvida aumento.    Também não pretendo nada  senão ir andando a toa,  como um numero que se arma  e em seguida se esboroa,  -- e cair no mesmo poço  de inércia e de esquecimento,  onde o fim do tempo soma  pedras, aguas, pensamento.
Gosto da minha palavra  pelo sabor que lhe deste:  mesmo quando e' linda, amarga  como qualquer fruto agreste.  Mesmo assim amarga,  e' tudo que tenho,  entre o sol e o vento:  meu vestido, minha musica,  meu sonho, meu alimento.    Quando penso no teu rosto,  fecho os olhos de saudades;  tenho visto muita coisa,  menos a felicidade.  Soltam-se os meus dedos tristes,  dos sonhos claros que invento.  Nem aquilo que imagino  já me dá contentamento.    Como tudo sempre acaba,  oxalá seja bem cedo!  A esperança que falava  tem lábios brancos de medo.  O horizonte corta a vida  isento de tudo, isento...  Não há lagrima nem grito:  apenas consentimento.
CanteirosFagner/Cecília Meireles 	Quando penso em você fecho os olhos de saudadeTenho tido muita coisa, menos a felicidadeCorrem os meus dedos longos em versos tristes que inventoNem aquilo a que me entrego já me traz contentamentoPode ser até manhã, cedo claro feito diaMas nada do que me dizem me faz sentir alegriaEu só queria ter no mato um gosto de framboesaPrá correr entre os canteiros e esconder minha tristezaQue eu ainda sou bem moço prá tanta tristezaE deixemos de coisa, cuidemos da vida,Pois se não chega a morte ou coisa parecidaE nos arrasta moço sem ter visto a vida.
CANÇÃO Pus o meu sonho num navio e o navio em cima do mar; — depois, abri o mar com as mãos, para o meu sonho naufragar. Minhas mãos ainda estão molhadas do azul das ondas entreabertas, e a cor que escorre dos meus dedos colore as areias desertas. O vento vem vindo de longe, a noite se curva de frio; debaixo da água vai morrendo meu sonho, dentro de um navio... DESENCANTO E DESILUSÃO Chorarei quanto for preciso, para fazer com que o mar cresça, e o meu navio chegue ao fundo e o meu sonho desapareça. Depois, tudo estará perfeito: praia lisa, águas ordenadas, meus olhos secos como pedras e as minhas duas mãos quebradas.
Vinícius de Moraes Obra dividida em três fases: ,[object Object]
 2ª) Lírico-amorosa
 3ª) Crítica SocialFASE MÍSTICO-RELIGIOSA ,[object Object]
 Angústia diante do mundo,
 Conflito entre o sensualismo e o sentimento religioso
 O amor impede a libertação do espírito.,[object Object]
Soneto de Fidelidade 	De tudo ao meu amor serei atentoAntes, e com tal zelo, e sempre, e tantoQue mesmo em face do maior encantoDele se encante mais meu pensamento.Quero vivê-lo em cada vão momentoE em seu louvor hei de espalhar meu cantoE rir meu riso e derramar meu prantoAo seu pesar ou seu contentamentoE assim, quando mais tarde me procureQuem sabe a morte, angústia de quem viveQuem sabe a solidão, fim de quem amaEu possa me dizer do amor (que tive):Que não seja imortal, posto que é chamaMas que seja infinito enquanto dure.
Soneto da Separação 	De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente.
Boemia Música Bahia
A Fase Social Injustiça Social Exploração Dramas do homem e do mundo
A Rosa de Hiroxima Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas oh não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroshima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A anti-rosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada
Operário em construção De fato, como podiaUm operário em construçãoCompreender por que um tijoloValia mais do que um pão?Tijolos ele empilhavaCom pá, cimento e esquadriaQuanto ao pão, ele o comia...Mas fosse comer tijolo!E assim o operário iaCom suor e com cimentoErguendo uma casa aquiAdiante um apartamentoAlém uma igreja, à frenteUm quartel e uma prisão:Prisão de que sofreriaNão fosse, eventualmenteUm operário em construção. Era ele que erguia casasOnde antes só havia chão.Como um pássaro sem asasEle subia com as casasQue lhe brotavam da mão.Mas tudo desconheciaDe sua grande missão:Não sabia, por exemploQue a casa de um homem  é um temploUm templo sem religiãoComo tampouco sabiaQue a casa que ele faziaSendo a sua liberdadeEra a sua escravidão.
Mas ele desconheciaEsse fato extraordinário:Que o operário faz a coisaE a coisa faz o operário.De forma que, certo diaÀ mesa, ao cortar o pãoO operário foi tomadoDe uma súbita emoçãoAo constatar assombradoQue tudo naquela mesa– Garrafa, prato, facão – Era ele quem os fazia Ele, um humilde operário,  Um operário em construção. Olhou em torno: gamela Banco, enxerga, caldeirão Vidro, parede, janela Casa, cidade, nação! Tudo, tudo o que existia Era ele quem o fazia Ele, um humilde operário Um operário que sabia Exercer a profissão
E um fato novo se viuQue a todos admirava:O que o operário diziaOutro operário escutava.E foi assim que o operárioDo edifício em construçãoQue sempre dizia simComeçou a dizer não.E aprendeu a notar coisasA que não dava atenção:Notou que sua marmitaEra o prato do patrãoQue sua cerveja pretaEra o uísque do patrãoQue seu macacão de zuarteEra o terno do patrão Que o casebre onde moravaEra a mansão do patrãoQue seus dois pés andarilhosEram as rodas do patrãoQue a dureza do seu diaEra a noite do patrãoQue sua imensa fadigaEra amiga do patrão. (...) Sentindo que a violênciaNão dobraria o operárioUm dia tentou o patrãoDobrá-lo de modo vário. – Dar-te-ei todo esse poderE a sua satisfaçãoPorque a mim me foi entregueE dou-o a quem bem quiser.
Disse, e fitou o operárioQue olhava e que refletiaMas o que via o operárioO patrão nunca veria.O operário via as casasE dentro das estruturasVia coisas, objetosProdutos, manufaturas.Via tudo o que faziaO lucro do seu patrãoE em cada coisa que viaMisteriosamente haviaA marca de sua mão.E o operário disse: Não! – Loucura! – gritou o patrãoNão vês o que te dou eu?– Mentira! – disse o operárioNão podes dar-me o que é meu E um grande silêncio fez-seDentro do seu coraçãoUm silêncio de martíriosUm silêncio de prisão.Um silêncio povoadoDe pedidos de perdãoUm silêncio apavoradoCom o medo em solidão. Um silêncio de torturasE gritos de maldiçãoUm silêncio de fraturasA se arrastarem no chão.E o operário ouviu a vozDe todos os seus irmãosOs seus irmãos que morreramPor outros que viverão.
Uma esperança sinceraCresceu no seu coraçãoE dentro da tarde mansaAgigantou-se a razãoDe um homem pobre e esquecidoRazão porém que fizeraEm operário construídoO operário em construção
A Prosa de 30 Afirmação do romance moderno brasileiro: Linguagem mais brasileira, por um enfoque direto dos fatos, por uma retomada do naturalismo, principalmente no plano da narrativa documental. Predomínio de um “ projeto ideológico ” sob um       “ projeto estético ”. ,[object Object],[object Object]
Principais características Neo-realismo Consciência do subdesenvolvimento Radicalização Ideológica Predomínio de narrativas regionalistas Denúncia social Anticapitalismo neo-realista
Principais nomes José Américo de Almeida – A Bagaceira Raquel de Queiroz – O Quinze José Lins do Rego – Ciclo da cana-de-açúcar Graciliano Ramos – Vidas Secas, São Bernardo, 				Angústia, Caetés Jorge Amado – O social e o Lírico Érico Veríssimo – O único não-nordestino
José Lins do Rêgo O ciclo da  cana-de-açúcar
Menino de Engenho Doidinho Bangüê Fogo Morto

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Modernismo de 30

  • 3.
  • 4. Crise de 1929 Grande depressão
  • 5. Revolução de 30 Greves operárias Nova Constituição brasileira Estado Novo Segunda Guerra Mundial
  • 7. A noite dissolve os homensCarlos Drummond de Andrade Aurora, entretanto eu te diviso,ainda tímida, inexperiente das luzes que vais ascendere dos bens que repartirás com todos os homens. Sob o úmido véu de raivas, queixas e humilhações, adivinho-te que sobes,vapor róseo, expulsando a treva noturna. O triste mundo fascista se decompõe ao contato de teus dedosHavemos de amanhecer.O mundo se tinge com as tintas da antemanhãe o sangue que escorre é doce, de tão necessário para colorir tuas pálidas faces, aurora. A noite desceu. Que noite!Já não enxergo meus irmãos. E nem tão pouco os rumores que outrora me perturbavam. A noite caiu. Tremenda, sem esperança...E o amor não abre caminho na noite.a noite dissolve os homens, diz que é inútil sofrer, a noite dissolve as pátrias, apagou os almirantes cintilantes! nas suas fardas. A noite anoiteceu tudo... O mundo não tem remédio...Os suicidas tinham razão.
  • 8. O pensamento de 30 Universalismo Psicanálise Marxismo
  • 9. Literatura mais construtiva, mais politizada e Denúncia Social ao lado de Espiritualismo e Intimismo
  • 10. Quadrilha Carlos Drummond de Andrade IRREVERÊNCIA MODERNISTA João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história. POEMA PIADA
  • 11. A Poesia de 30 Cultivo tanto dos versos brancos e livres como das formas tradicionais, como o soneto.
  • 12.
  • 13. Poesia de tensão ideológica
  • 14. O humor, a ironia, a captura do cotidiano
  • 15. verso livre e linguagem coloquial
  • 16. obra de estréia: “Alguma Poesia” (1930)Carlos Drummond de Andrade
  • 17. Poema de sete faces Quando nasci, um anjo tortodesses que vivem na sombradisse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. As casas espiam os homensque correm atrás de mulheres.A tarde talvez fosse azul,não houvesse tantos desejos. O bonde passa cheio de pernas:pernas brancas pretas amarelas.Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.Porém meus olhosnão perguntam nada. GAUCHE: ESTRANHO, ESQUERDO, O EU E O COTIDIANO
  • 18. O homem atrás do bigodeé sério, simples e forte.Quase não conversa.Tem poucos , raros amigoso homem atrás dos óculos e do bigode. Meu Deus, por que me abandonastese sabias que eu não era Deusse sabias que eu era fraco. Mundo mundo vasto mundose eu me chamasse Raimundo,seria uma rima, não seria uma solução.Mundo mundo vasto mundo,mais vasto é meu coração. Eu não devia te dizermas essa luamas esse conhaquebotam a gente comovido como o diabo. EU X MUNDO
  • 19.
  • 20. Medo e a perplexidade
  • 22. A revolta e a náusea
  • 25.
  • 26. Agente transformador Mãos Dadas Não serei o poeta de um mundo caduco.Também não cantarei o mundo futuro.Estou preso à vida e olho meus companheirosEstão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.Entre eles, considere a enorme realidade.O presente é tão grande, não nos afastemos.Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.
  • 27. O cotidiano em Drummond Poema que aconteceuNenhum desejo neste domingonenhum problema nesta vidao mundo parou de repenteos homens ficaram caladosdomingo sem fim nem começo.A mão que escreve este poemanão sabe o que está escrevendomas é possível que se soubessenem ligasse.
  • 28. José E agora, José?A festa acabou,a luz apagou,o povo sumiu,a noite esfriou,e agora, José?e agora, Você?Você que é sem nome,que zomba dos outros,Você que faz versos,que ama, protesta?e agora, José?Está sem mulher,está sem discurso,está sem carinho,já não pode beber,já não pode fumar,cuspir já não pode,a noite esfriou, o dia não veio,o bonde não veio,o riso não veio,não veio a utopiae tudo acaboue tudo fugiue tudo mofou,e agora, José?E agora, José?sua doce palavra,seu instante de febre,sua gula e jejum,sua biblioteca,sua lavra de ouro,seu terno de vidro,sua incoerência,seu ódio, - e agora?
  • 29. Com a chave na mão quer abrir a porta,não existe porta;quer morrer no mar,mas o mar secou;quer ir para Minas,Minas não há mais.José, e agora?Se você gritasse,se você gemesse,se você tocasse,a valsa vienense,se você dormisse,se você consasse,se você morresse....Mas você não morre,você é duro, José! Sozinho no escuroqual bicho-do-mato,sem teogonia,sem parede nuapara se encostar,sem cavalo pretoque fuja do galope,você marcha, José!José, para onde?
  • 30. Morte do Leiteiro Há pouco leite no país,é preciso entregá-lo cedo.Há muita sede no país,é preciso entregá-lo cedo.Há no país uma legenda,que ladrão se mata com tiro.Então o moço que é leiteirode madrugada com sua latasai correndo e distribuindoleite bom para gente ruim.Sua lata, suas garrafase seus sapatos de borrachavão dizendo aos homens no sonoque alguém acordou cedinhoe veio do último subúrbiotrazer o leite mais frio e mais alvo da melhor vacapara todos criarem forçana luta brava da cidade. Na mão a garrafa brancanão tem tempo de dizer as coisas que lhe atribuonem o moço leiteiro ignaro,morados na Rua Namur,empregado no entreposto,com 21 anos de idade,sabe lá o que seja impulsode humana compreensão.E já que tem pressa, o corpovai deixando à beira das casasuma apenas mercadoria.
  • 31. E como a porta dos fundostambém escondesse genteque aspira ao pouco de leitedisponível em nosso tempo,avancemos por esse beco,peguemos o corredor,depositemos o litro...Sem fazer barulho, é claro,que barulho nada resolve. Meu leiteiro tão sutilde passo maneiro e leve, antes desliza que marcha.É certo que algum rumorsempre se faz: passo errado,vaso de flor no caminho,cão latindo por princípio,ou um gato quizilento. E há sempre um senhor que acorda,resmunga e torna a dormir. Mas este acordou em pânico(ladrões infestam o bairro),não quis saber de mais nada.O revólver da gavetasaltou para sua mão.Ladrão? se pega com tiro.Os tiros na madrugadaliquidaram meu leiteiro.Se era noivo, se era virgem,se era alegre, se era bom,não sei,é tarde para saber.
  • 32. Mas o homem perdeu o sonode todo, e foge pra rua.Meu Deus, matei um inocente.Bala que mata gatunotambém serve pra furtara vida de nosso irmão.Quem quiser que chame médico,polícia não bota a mãoneste filho de meu pai.Está salva a propriedade.A noite geral prossegue,a manhã custa a chegar,mas o leiteiroestatelado, ao relento,perdeu a pressa que tinha. Da garrafa estilhaçada,no ladrilho já serenoescorre uma coisa espessaque é leite, sangue... não sei.Por entre objetos confusos,mal redimidos da noite, duas cores se procuram,suavemente se tocam,amorosamente se enlaçam,formando um terceiro toma que chamamos aurora.
  • 33. Uma Aula Sobre Poesia
  • 34. Procura da poesia Não faças versos sobre acontecimentos.Não há criação nem morte perante a poesia.Diante dela, a vida é um sol estático,não aquece nem ilumina.As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.Não faças poesia com o corpo,esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica. Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escurosão indiferentes.Nem me reveles teus sentimentos,que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia. Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma. O canto não é a naturezanem os homens em sociedade.Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
  • 35. A poesia (não tires poesia das coisas)elide sujeito e objeto. Não dramatizes, não invoques,não indagues. Não percas tempo em mentir.Não te aborreças.Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de famíliadesaparecem na curva do tempo, é algo imprestável. Não recomponhastua sepultada e merencória infância.Não osciles entre o espelho e amemória em dissipação.Que se dissipou, não era poesia.Que se partiu, cristal não era. Penetra surdamente no reino das palavras.Lá estão os poemas que esperam ser escritos.Estão paralisados, mas não há desespero,há calma e frescura na superfície intata.Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
  • 36. Espera que cada um se realize e consumecom seu poder de palavrae seu poder de silêncio.Não forces o poema a desprender-se do limbo.Não colhas no chão o poema que se perdeu.Não adules o poema. Aceita-ocomo ele aceitará sua forma definitiva e concentradano espaço. Chega mais perto e contempla as palavras.Cada umatem mil faces secretas sob a face neutrae te pergunta, sem interesse pela resposta,pobre ou terrível, que lhe deres:Trouxeste a chave? Repara:ermas de melodia e conceitoelas se refugiaram na noite, as palavras.Ainda úmidas e impregnadas de sono,rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.
  • 37. Cecília Meireles “A vida só é possível reinventada”
  • 38. “A noção ou sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade”.
  • 39. Motivo Eu canto porque o instante existee a minha vida está completa.Não sou alegre nem sou triste:sou poeta.Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento.Atravesso noites e diasno vento.Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, — não sei, não sei. Não sei se ficoou passo.Sei que canto. E a canção é tudo.Tem sangue eterno a asa ritmada.E um dia sei que estarei mudo:— mais nada.
  • 40. Seus temas e sua poética: silêncio, solidão, fuga , fluidez, melancolia, serenidade Representante mais característica da vertente espiritualista ou intimista do Modernismo.
  • 41. Retrato Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas;eu não tinha este coraçãoque nem se mostra.Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil:— Em que espelho ficou perdidaa minha face?
  • 42. Marcha As ordens da madrugada romperam por sobre os montes: nosso caminho se alarga sem campos verdes nem fontes. Apenas o sol redondo e alguma esmola de vento quebraram as formas do sono com a ideia do movimento.   Vamos a passo e de longe; entre nos dois anda o mundo, com alguns vivos pela tona, com alguns mortos pelo fundo.   As aves trazem mentiras de países sem sofrimento. Por mais que alargue as pupilas, mais minha duvida aumento.   Também não pretendo nada senão ir andando a toa, como um numero que se arma e em seguida se esboroa, -- e cair no mesmo poço de inércia e de esquecimento, onde o fim do tempo soma pedras, aguas, pensamento.
  • 43. Gosto da minha palavra pelo sabor que lhe deste: mesmo quando e' linda, amarga como qualquer fruto agreste. Mesmo assim amarga, e' tudo que tenho, entre o sol e o vento: meu vestido, minha musica, meu sonho, meu alimento.   Quando penso no teu rosto, fecho os olhos de saudades; tenho visto muita coisa, menos a felicidade. Soltam-se os meus dedos tristes, dos sonhos claros que invento. Nem aquilo que imagino já me dá contentamento.   Como tudo sempre acaba, oxalá seja bem cedo! A esperança que falava tem lábios brancos de medo. O horizonte corta a vida isento de tudo, isento... Não há lagrima nem grito: apenas consentimento.
  • 44. CanteirosFagner/Cecília Meireles Quando penso em você fecho os olhos de saudadeTenho tido muita coisa, menos a felicidadeCorrem os meus dedos longos em versos tristes que inventoNem aquilo a que me entrego já me traz contentamentoPode ser até manhã, cedo claro feito diaMas nada do que me dizem me faz sentir alegriaEu só queria ter no mato um gosto de framboesaPrá correr entre os canteiros e esconder minha tristezaQue eu ainda sou bem moço prá tanta tristezaE deixemos de coisa, cuidemos da vida,Pois se não chega a morte ou coisa parecidaE nos arrasta moço sem ter visto a vida.
  • 45. CANÇÃO Pus o meu sonho num navio e o navio em cima do mar; — depois, abri o mar com as mãos, para o meu sonho naufragar. Minhas mãos ainda estão molhadas do azul das ondas entreabertas, e a cor que escorre dos meus dedos colore as areias desertas. O vento vem vindo de longe, a noite se curva de frio; debaixo da água vai morrendo meu sonho, dentro de um navio... DESENCANTO E DESILUSÃO Chorarei quanto for preciso, para fazer com que o mar cresça, e o meu navio chegue ao fundo e o meu sonho desapareça. Depois, tudo estará perfeito: praia lisa, águas ordenadas, meus olhos secos como pedras e as minhas duas mãos quebradas.
  • 46.
  • 48.
  • 49. Angústia diante do mundo,
  • 50. Conflito entre o sensualismo e o sentimento religioso
  • 51.
  • 52. Soneto de Fidelidade De tudo ao meu amor serei atentoAntes, e com tal zelo, e sempre, e tantoQue mesmo em face do maior encantoDele se encante mais meu pensamento.Quero vivê-lo em cada vão momentoE em seu louvor hei de espalhar meu cantoE rir meu riso e derramar meu prantoAo seu pesar ou seu contentamentoE assim, quando mais tarde me procureQuem sabe a morte, angústia de quem viveQuem sabe a solidão, fim de quem amaEu possa me dizer do amor (que tive):Que não seja imortal, posto que é chamaMas que seja infinito enquanto dure.
  • 53. Soneto da Separação De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente.
  • 55. A Fase Social Injustiça Social Exploração Dramas do homem e do mundo
  • 56. A Rosa de Hiroxima Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas oh não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroshima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A anti-rosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada
  • 57. Operário em construção De fato, como podiaUm operário em construçãoCompreender por que um tijoloValia mais do que um pão?Tijolos ele empilhavaCom pá, cimento e esquadriaQuanto ao pão, ele o comia...Mas fosse comer tijolo!E assim o operário iaCom suor e com cimentoErguendo uma casa aquiAdiante um apartamentoAlém uma igreja, à frenteUm quartel e uma prisão:Prisão de que sofreriaNão fosse, eventualmenteUm operário em construção. Era ele que erguia casasOnde antes só havia chão.Como um pássaro sem asasEle subia com as casasQue lhe brotavam da mão.Mas tudo desconheciaDe sua grande missão:Não sabia, por exemploQue a casa de um homem é um temploUm templo sem religiãoComo tampouco sabiaQue a casa que ele faziaSendo a sua liberdadeEra a sua escravidão.
  • 58. Mas ele desconheciaEsse fato extraordinário:Que o operário faz a coisaE a coisa faz o operário.De forma que, certo diaÀ mesa, ao cortar o pãoO operário foi tomadoDe uma súbita emoçãoAo constatar assombradoQue tudo naquela mesa– Garrafa, prato, facão – Era ele quem os fazia Ele, um humilde operário, Um operário em construção. Olhou em torno: gamela Banco, enxerga, caldeirão Vidro, parede, janela Casa, cidade, nação! Tudo, tudo o que existia Era ele quem o fazia Ele, um humilde operário Um operário que sabia Exercer a profissão
  • 59. E um fato novo se viuQue a todos admirava:O que o operário diziaOutro operário escutava.E foi assim que o operárioDo edifício em construçãoQue sempre dizia simComeçou a dizer não.E aprendeu a notar coisasA que não dava atenção:Notou que sua marmitaEra o prato do patrãoQue sua cerveja pretaEra o uísque do patrãoQue seu macacão de zuarteEra o terno do patrão Que o casebre onde moravaEra a mansão do patrãoQue seus dois pés andarilhosEram as rodas do patrãoQue a dureza do seu diaEra a noite do patrãoQue sua imensa fadigaEra amiga do patrão. (...) Sentindo que a violênciaNão dobraria o operárioUm dia tentou o patrãoDobrá-lo de modo vário. – Dar-te-ei todo esse poderE a sua satisfaçãoPorque a mim me foi entregueE dou-o a quem bem quiser.
  • 60. Disse, e fitou o operárioQue olhava e que refletiaMas o que via o operárioO patrão nunca veria.O operário via as casasE dentro das estruturasVia coisas, objetosProdutos, manufaturas.Via tudo o que faziaO lucro do seu patrãoE em cada coisa que viaMisteriosamente haviaA marca de sua mão.E o operário disse: Não! – Loucura! – gritou o patrãoNão vês o que te dou eu?– Mentira! – disse o operárioNão podes dar-me o que é meu E um grande silêncio fez-seDentro do seu coraçãoUm silêncio de martíriosUm silêncio de prisão.Um silêncio povoadoDe pedidos de perdãoUm silêncio apavoradoCom o medo em solidão. Um silêncio de torturasE gritos de maldiçãoUm silêncio de fraturasA se arrastarem no chão.E o operário ouviu a vozDe todos os seus irmãosOs seus irmãos que morreramPor outros que viverão.
  • 61. Uma esperança sinceraCresceu no seu coraçãoE dentro da tarde mansaAgigantou-se a razãoDe um homem pobre e esquecidoRazão porém que fizeraEm operário construídoO operário em construção
  • 62.
  • 63. Principais características Neo-realismo Consciência do subdesenvolvimento Radicalização Ideológica Predomínio de narrativas regionalistas Denúncia social Anticapitalismo neo-realista
  • 64. Principais nomes José Américo de Almeida – A Bagaceira Raquel de Queiroz – O Quinze José Lins do Rego – Ciclo da cana-de-açúcar Graciliano Ramos – Vidas Secas, São Bernardo, Angústia, Caetés Jorge Amado – O social e o Lírico Érico Veríssimo – O único não-nordestino
  • 65. José Lins do Rêgo O ciclo da cana-de-açúcar
  • 66. Menino de Engenho Doidinho Bangüê Fogo Morto
  • 67. Fogo Morto Estrutura narrativa – “três romances” que se entrecruzam “O engenho de Seu Lula” Decadência dos engenhos Fogo Morto Mestre José Amaro Drama e destino humano O Capitão Vitorino D.Quixote nacional
  • 68. Graciliano Ramos Mestre da linguagem Descrença na humanidade
  • 69. Outras Obras: ANGÚSTIA SÃO BERNARDO MEMÓRIAS DO CÁRCERE INFÂNCIA...
  • 70. Jorge Amado O lírico e o Social Literatura Panfletária Arauto da liberdade religiosa O problema da democracia racial
  • 71. CICLO DO CACAU: Cacau São Jorge dos Ilhéus Terras do sem Fim Gabriela, cravo e canela Tocaia Grande
  • 72. Chega mais perto, moço bonito Chega mais perto, meu raio de sol A minha casa é um escuro deserto Mas com você ela é cheia de sol Molha tua boca na minha boca A tua boca é meu doce, é meu sal Mas quem sou eu nesta vida tão louca Mais um palhaço no teu carnaval
  • 73. FASE POLÍTICA: Cacau Suor Capitães Da Areia Jubiabá Subterrâneos da Liberdade O Cavaleiro da Esperança
  • 74. FASE ARTÍSTICA: Mar Morto Os velhos Marinheiros Teresa Batista, cansada de Guerra Dona Flor e seus dois maridos Tieta do Agreste Tenda dos Milagres O Sumiço da Santa...
  • 75. Tenda dos Milagres “É uma reflexão sobre a formação da nacionalidade brasileira, que mostra a importância da mistura e da luta contra o racismo no Brasil", dizia Jorge.
  • 76.
  • 78. Romance sobre e contra o racismo
  • 80. Exalta os notáveis da pobreza
  • 81.
  • 82. “Que outra coisa tenho sido senão um romancista de putas e vagabundos? Se alguma beleza existe no que escrevi, provém desses despossuídos, dessas mulheres marcadas com ferro e brasa, os que estão na fimbra da morte, no último escalão do abandono. Na literatura e na vida, sinto-me cada vez mais distante dos líderes e dos heróis, mais perto daqueles que todos os regimes e todas as sociedades desprezam, repelem e condenam”. O Elenco Por Jorge Amado