O documento descreve o movimento artístico do Realismo no século XIX, com foco no pintor francês Gustave Courbet. O Realismo buscava retratar temas da vida cotidiana e da classe trabalhadora, em contraste com o idealismo e temas fantásticos do Romantismo. Courbet foi um dos principais expoentes deste movimento, retratando cenas banais e denunciando injustiças sociais em obras como "Os Britadores de Pedra". Sua maior obra foi "Interior do Meu Atelier", uma alegoria de sua
2. “ jamais poderei pintar um anjo porque nunca vi nenhum ” Gustave Courbet
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5. Gustave Courbet (1817-1877) começou por ser um romântico neo-barroco , nos começos da década de 1840. Porém, por volta de 1848, sob o choque das convulsões revolucionárias que varriam a Europa, convenceu-se de que a importância dada pelo Romantismo ao sentimento e à imaginação não passava de uma fuga às realidades da época . Para Courbet, o artista devia reger-se pela sua experiência directa , isto é, ser um realista .
6. Courbet foi um artista totalmente livre que denunciou as injustiças e crueldades sociais da sua época. Como tal, a sua obra tem apenas uma finalidade: a verdade . E choca, ora pela banalidade do assunto, ora pela sua atitude. Por ser como é e por querer evidenciar aquilo que todos teimam em ignorar, Courbet foi essencialmente um auto-didacta . Aquilo que sabe, aprendeu, sobretudo, no Museu do Louvre, a copiar as grandes obras de artistas como Velásquez, Goya e outros.
7. “ Ser capaz de reflectir os costumes, as ideias, o aspecto da minha época; ser não só um pintor, mas também um homem; numa palavra: fazer arte viva. Esse é o meu objectivo.” Gustave Courbet Retrato de Gustave Courbet, Félix Nadar
8. Retrato de Prudhon e seus filhos, 1865 Retrato de Baudelaire, c. 1848 Teve contacto com personalidades distintas. Entre elas, Baudelaire (poeta e crítico de arte francês) e Proudhon , que o influenciaram ideologicamente. Proudhon preconizava uma arte com fins sociais e um artista comprometido com a causa humana. Denunciou, inclusive, nas suas obras, as injustiças e as desigualdades da sociedade.
9. Para o Salão de 1850 , Courbet apresentou alguns quadros, entre os quais se destacam: “ Os Camponeses em Flagey” “ Os Britadores de Pedra” “ O Enterro em Ornans”
12. O Enterro em Ornans , 1850 Quadro de Figuras Humanas. Histórico de um Enterro em Ornans Óleo sobre Tela 314 x 663 cm Museu d’Orsay
13. Para pintar esta enorme tela, em tamanho real , Courbet recorreu a 50 modelos : habitantes de diferentes classes sociais da sua terra natal – Ornans [Influência de Rembrandt, Hals…]
14. Este funeral – de um anónimo – foi tratado com banalidade e contenção , num ambiente calmo e íntimo. As personagens foram tratadas com imparcialidade.
15. Composição equilibrada e ritmo solene: Personagens dispostas horizontalmente, num único plano As linhas verticais das figuras contrastam com as linhas horizontais da paisagem.
16. Bonjour, Monsieur Courbet , 1854 Em pleno campo, Gustave Courbet encontra monsieur Alfred Bruyas (coleccionador de arte e seu mecenas). O artista estava preparado para pintar ao ar livre (varapau, cavalete às costas…)
17. O carácter de Courbet está neste quadro bem patente: Este recebe com altivez o comprimento e a veneração que lhe presta o mecenas, através da presunçosa, embora inocente, inclinação da cabeça e na condescendia do seu sorriso afável . Por sua vez, Alfred Bruyas e o seu criado fazem uma vénia deferente ao artista como se este fosse seu superior. Courbet não se mostra inferior. Foi rejeitada na Exposição Universal de Paris de 1855 : pelo realismo e simplicidade da obra e pela banalidade do assunto.
18. Interior do meu Atelier, uma Alegoria Real, Resumo de Sete Anos da Minha Vida de Artista , 1854-55
19. Exposição Universal de Paris de 1855 : Por não se enquadrarem nos objectivos dos patrocinadores, as obras de Courbet foram rejeitadas. No entanto, a fim de as apresentar ao público, organizou uma exposição próxima da primeira num pavilhão de madeira: Le Réalisme, G. Courbet Como peça fundamental desta mostra apresentava uma tela enorme, intitulada Interior do Meu Atelier, uma Alegoria Real, Resumo de Sete Anos da Minha Vida de Artista.
20. Interior do Meu Atelier A cena desenrola-se no interior do estúdio do pintor, representando a sua história física e mental. Uma Alegoria Real Courbet procurou retratar a realidade pintando não o real, mas aquilo que nele está implícito. Resumo de Sete Anos da Minha Vida de Artista É, pois, uma obra intensamente pessoal que reflecte todas as influências significativas da sua vida.
21. Composição Courbet poderá ter-se inspirado n’ As Meninas de Velásquez, 1656. As figuras ocupam apenas metade da altura da tela e o artista está retratado no quadro. Agora, porém, o artista ocupa o centro. Para ele e para a sua obra convergem todas as outras figuras. Sendo assim, nesta pintura podem-se distinguir três grupos.
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23. No lado esquerdo do quadro estão representadas diversas classes sociais (ricos e pobres; muitas destas pessoas foram identificadas como sendo de Ornans) – aparentam ser pessoas simples e humildes. Pode-se distinguir um padre, um judeu, caçadores, operários, camponeses, um jovem com uma criança, etc. O chapéu, a guitarra e a faca no chão podem ser considerados como símbolos do Romantismo já decadente. Acredita-se que possa haver um retrato desfarçado de Napoleão III, vestido de caçador.
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25. Todos se encontram estranhamente passivos, como se esperassem qualquer coisa. Alguns conversam tranquilamente entre si; outros parecem mergulhados nos seus pensamentos. E embora estejam em redor do artista, não formam um auditório.
26. Courbet mostra nesta enorme tela a sua desaprovação em relação à sociedade da sua época.
27. Raparigas nas Margens do Sena, 1856-57 Pela escolha dos seus temas , pelos seus métodos comerciais e pela sua pintura , este pintor realista rompeu com tudo o que o havia precedido. Gustave Courbet foi um revolucionário e pretendeu fazer da sua própria liberdade um modelo. Constituiu, assim, o fim de uma etapa e o início de outra: Pôs fim ao Romantismo e anunciou os temas Impressionistas.