O documento discute a evolução das teorias evolucionistas de Lamarck, Darwin e Neodarwinismo, assim como as classificações da diversidade humana e o desenvolvimento da antropologia física e genética.
4. Lamarck
Lamarck, através de suas observações, propõe
o lamarckismo, hipótese que fundamenta-se em
duas premissas, sendo elas a lei do uso e
desuso e a lei da herança dos caracteres
adquiridos. A primeira defende a teoria de que
os órgãos utilizados pelo indivíduo com maior
frequência se desenvolvem mais, e aqueles
pouco utilizados tendem-se a atrofiar. A segunda
teoria diz que todas as características adquiridas
pelo indivíduo são transmitidas para os seus
descendentes.
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6. CharlesDarwin
Darwin, por sua vez, propôs teorias evolucionistas
mais contundentes, dando origem ao darwinismo. As
principais teorias darwinistas são: reprodução, que
defende que todas as espécies são capazes de se
reproduzir, e seus descendentes têm igual dever de se
reproduzirem também; hereditariedade, em que, todas
as espécies têm que apresentar características
daqueles que lhe deram origem; variação, uma forma
genética de permitir a diversidade da espécie; seleção
natural, em que os indivíduos são selecionados pelo
ambiente. Tais teorias são amplamente aceitas e
Darwin hoje é um dos expoentes da biologia evolutiva.
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8. Posteriormente surge o Neodarwinismo, ou Teoria Moderna da
Evolução proposta por vários pesquisadores com base nas teorias
darwinistas, englobando conceitos não só evolucionistas como
também genéticos. A biologia evolutiva surge e se consolida
através de perguntas, dúvidas relacionadas à evolução das
espécies. Os estudos em evolução foram largamente repelidos pela
Igreja, que acredita na teoria criacionista, ou seja, tendo Deus como
criador de tudo o que existe, confronto entre ciência e religião que
permeia até nos dias de hoje. Atualmente, mesmo com a gama de
pesquisas desenvolvidas para sanar tais dúvidas, muitas perguntas
ainda carecem de resposta, e que, se respondidas muito
contribuíram para o entendimento da vida no Terra.
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10. Às classificações da diversidade humana, baseadas na
morfologia física e no conceito de raça, sobrepunham-se
igualmente aspectos do comportamento e formas de pensar e
sentir (aspectos sócio-culturais). O evolucionismo darwinista
inspirara, inicialmente, uma hierarquização da diversidade
humana e das “raças” em que a raça “branca” estaria no ápice
da escala de evolução, devido à sua “superioridade” tecnológica
e, acreditava-se, moral (etnocentrismo evolucionista que, na
antropologia social ou cultural, teve também grande influência).
11. Não obstante, com a influência do evolucionismo
darwinista e da biologia experimental do início do século
XX, as classificações da antropologia física passaram,
das características morfológicas à inclusão de
parâmetros mais profundos da biologia humana, como
os grupos sanguíneos; as características da
hereditariedade genética; da estatística, com as
seqüências médias de caracteres genéticos e da teoria
da probabilidade.
12. A associação entre a antropologia biológica e a genética faz parte
deste movimento que aprofundou o olhar científico da morfologia para as
moléculas e que, segundo Ventura dos Santos, consistiu em um
movimento metodológico significativo, designado como a “segunda
revolução darwinista”. A associação entre antropologia e genética faz
parte deste movimento metodológico. Os antropólogos físicos,
atualmente, buscam mais medir a distribuição de certas substâncias no
sangue; a pressão sanguínea e de seqüências genéticas específicas em
determinados grupos humanos. Os estudos da antropologia física
estariam assim, mais próximos dos estudos arqueológicos; médicos e
genéticos, voltados, no contexto do processo saúde-doença, para as
interações adaptativas entre a biologia humana e o meio-ambiente
natural e sócio-cultural. Para uma revisão crítica e síntese dos rumos da
Antropologia Física atual, ver Gould (1991).
13. A genética, aprofundando mais o enfoque metodológico, ganhou um
estatuto que passou de disciplina puramente científica para a de técnica,
com a engenharia genética. É particularmente decisivo para as questões
atuais sobre a diversidade humana, na bioética e na antropologia social,
o emprego da engenharia genética, o decifrar da cadeia de DNA
humano, e a ênfase no “genoma”. A “Nova Genética”, fruto das
revisões críticas pós-modernas, define-se enquanto técnica terapêutico-
preventiva de doenças herdadas e como uma engenharia. Este assunto
será reelaborado no próximo item, sobre a Diversidade Cultural. Para
uma crítica atual das questões ligadas às implicações sócio-culturais e
políticas da Nova Genética, cf. Petersen e Bunton, 2002.