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Com base no conto “O Encontro”, do livro A Vida Escreve, pelo Espírito
Hilário Silva. (Momentos de Paz Maria da Luz).
Nos conta assim o autor:
Rosabela preparava-se. Não cabia em si de esperança. Visitara o cabelereiro, e
experimentava, feliz, o vestido novo. Sozinha no apartamento, relia a última
carta. A última carta de amor que a buscava, enfim. E a sós, enquanto a noite
de sábado transbordava de música, recordava, recordava. Casara-se, havia
cinco anos; todavia, Tristão, o esposo, revelara-se libertino. Não conseguia
olvidar os primeiros tempos. A presença dele, suas palavras e promessas
estavam em seu pensamento como inolvidável perfume.
Ainda assim, tivera coragem de romper consigo própria e tentar outra
experiência. Isso porque não tivera força de perdoar-lhe. Rememorava a noite
em que se haviam despedido. Regressava do interior fluminense, onde fora ter
com os pais, em repouso breve. Entretanto, inesperada queratite obrigara-lhe
a volta em momento imprevisto. E não olvidava o quadro que a ferira, fundo.
Penetrando em casa, surpreendera Tristão embriagado junto de outra. Ambos
agressivos. Inconvenientes. Dilacerada nos melhores sonhos, protestara,
chorando; contudo, o marido, alterado, atira-lhe as malas na rua. Expulsara-a
como se fora um animal corroído de peste. Acolhera-se à residência de
amigos e mudara o curso dos próprios passos.
O esposo, talvez mudado, tentara a aproximação, mas debalde. Ultrajada,
negou-se. Alugando pequeno apartamento em bairro distante, aceitou as
funções de datilografa quase anônima, em grande companhia comercial. E
mergulhara a mente no serviço. De quando em quando, esse ou aquele Dom
Juan de esquina lhe deitava olhos menos sensatos; todavia, pelo
comportamento irrepreensível, não lhes encorajava qualquer palavra
incorreta. O tempo correu lentamente. Um, dois, três, quatro anos. Sentia-se,
no entanto, intimamente desamparada. Ensaiava a aquisição de amizades
novas. Acabava, entretanto, desiludida. Algo faltava. Às vezes, supunha que
faltava Tristão, mas arredava para longe esse pensamento.
Surgiu, no entanto, uma noite diferente. Lia velho número de uma revista
sentimental e encontrara aí um convite a esmo. Cavalheiro, anunciando trinta
e dois anos de idade, desejava estabelecer amizade com alguém, por sentir-se
sozinho. O curioso anúncio era assinado por Benjamim Solis e apresentava
expressivo cunho de seriedade. Após refletir, resolveu arriscar. E ofereceu-se,
endereçando bela missiva datilografada para a caixa postal indicada. Dizia
chamar-se Rosalinda Marvar e informava a posta-restante para a resposta.
Benjamim escreveu, contente, feliz. Declarava adotar igualmente a
datilografia por sistema ideal, até que pudesse estabelecer um encontro
franco. E as cartas começaram afetivas para se tornarem longas e belas,
carinhosas e ardentes.
Confidências recíprocas. Autobiografias discretas. Flores e lembranças pelo
correio. Respeitosamente, contou-lhe Benjamim uma longa história. Era
casado. Mas via-se distanciado da esposa, desde muito. Não a acusava.
Informava, apenas, que não soubera fazê-la feliz. Em outras missivas,
historiava estranhos episódios. Relacionava dificuldades do pretérito. E dizia-
se um homem a caminho da regeneração. Enviava livros. Livros espíritas,
consoladores, que ela manuseava com imensa emoção. Aqueles apontamentos
dele inclinavam-na à alegria e à esperança. Falavam de renúncia,
entendimento, perdão. Ela mesma, com dez meses de correspondência, estava
modificada. Mais paciente mais tolerante.
E pensava: Se conhecesse tudo isso ao tempo de Tristão... Todavia,
mentalizava Benjamim e expulsava a imagem do esposo, buscando anular-lhe
o reflexo. Impossível que Benjamim fosse mau. E ainda que houvesse
cometido algo passível de justa reprovação, ali estava, naquelas cartas,
religiosamente datilografadas, plenamente refeito. Estava presa aos
compromissos legais. Contudo, nada a impedia de manter uma afeição pura e
nobre. Incentivo do coração que pudesse auxiliá-la a viver. Pensando em
como prosseguir no romance, revirava nas mãos a última carta. Antes,
deliberadamente, adiavam sempre, entre si, a remessa de fotos. Benjamim, no
entanto, convidava-a, agora, a que se avistassem.
Esperá-la-ia às dez horas em ponto, do dia seguinte, domingo, à porta do
velho Jardim Botânico. Envergaria costumes de linho alvo e traria gravata
escura com pequeno alfinete em forma de “R”. Respondera aquiescendo. E
informara que trajaria um vestido da mesma cor, mostrando um broche
singelo lembrando os contornos da mesma letra. Enfim, enfim o encontro.
Manhãzinha, Rosabela pôs-se em marcha. A princípio, o elétrico e, depois, o
lotação. Não quis, porém, descer, de chofre, nas imediações do jardim. Queria
movimentar-se um tanto. Preparar-se. E chegar às dez em ponto. Fez sinal e
apeou numa rua da Gávea. Aí mesmo, mal suportando a própria emoção,
retocou o semblante e realinhou os cabelos, utilizando pequena bolsa.
E caminhou, coração aos saltos, no rumo certo. Vários grupos se
movimentavam sob o arvoredo, à caça de ar puro. Avançou, trêmula. Olhou o
relógio. Dois minutos para dez. Mais alguns passos e estacou. O amigo lá
estava. Roupa branca e gravata escura. O alfinete em forma de “R” luzia, não
obstante minúsculo. Mas, aquele homem... Aquele homem era Tristão. O
marido muito pálido, veio ao encontro dela. Ambos, prestes a cair, abraçaram-
se, de manso.
- Pois é você, Rosa? Eu bem desconfiava. Somente você poderia escrever-me
como fez, tocando-me o coração. Perdoe-me, agora! Estou transformado,
creia. Sofri demais. Este encontro é a resposta do Mundo Espiritual às minhas
preces constantes! Louvado seja Deus!
Rosabela nada respondeu. O esposo, no entanto, abraçou-a mais forte, ao
notar que ela repousara a cabeça em seus ombros, e, depois de alguns
minutos, percebeu que a primorosa lapela surgia agora ensopada de lágrimas.
REFLEXÃO:
A jornada terrestre é sempre uma jornada de reajustes e aprendizado. Nela, o
equilíbrio e a paz necessários sí serão atingidos quando, purificando corações,
os homens forem capazes de reconhecer que ninguém neste planeta ainda é
digno do pedestal da perfeição. A reconciliação, o perdão, a compreensão, são
essenciais para a paz na vida do homem. Jesus foi o maior de todos por
estabelecer com seu exemplo uma conduta de amor e de perdão. Em Suas
Bem-aventuranças traçou um roteiro de iluminação, e nele indicou que todos
os aflitos seriam consolados.
O caminho da elevação indicado pelo Mestre Jesus, passa pelo imperativo do
amor incondicional. Muitos de nós, pensam saber o que seja o amor; raros são
aqueles capazes de perceber o que seja amar incondicionalmente. Tirando a
figura de Jesus, todos aqueles que gravitam, encarnados ou desencarnados,
neste planeta, são falíveis, e trazem nos milênios de suas existências, desde os
primórdios dos tempos, dívidas e falhas, e se apresentam ainda hoje
requerendo reparação e novas oportunidades. Jesus foi enfático diante
daqueles que desejavam apedrejar Madalena, dizendo: Aquele que não tiver
pecado, que atire a primeira pedra. Partindo dessa premissa, é essencial a
todos nós termos a consciência daquilo que somos, e a compreensão de que já
tivemos muitas quedas e muitas quedas ainda teremos, e que já
compreendemos que não somos perfeitos.
Um dos fatos mais notórios na vida de relação é o costume que temos de
colocar aqueles a quem dizemos amar num pedestal. A partir daí tornamo-nos
intolerantes com as fraquezas que venham a demonstrar, esquecendo-nos que
todos, sem exceção, somos carentes de compreensão e de perdão. Isso ocorre
com muita frequência na vida de relação, por exemplo, entre marido e mulher,
entre filhos e pais, entre irmãos. Olhando os grupos de relação, pelo ponto de
vista espiritual, vamos encontrar nas oficinas domésticas provas de reajuste
que requerem misericórdia, compreensão e perdão. Isto é, que requerem amor
incondicional. Assim, se buscas a paz em tua vida, mas alimentas a desilusão,
o desamor em teu coração; se procuras a compreensão e és carente de afeto,
mas agasalhas o queixume em relação a outras pessoas, e ainda atiras pedras
naqueles que te magoaram;
Se não és capaz de esquecer as ofensas, e não permites que a misericórdia e a
indulgência possam fazer parte de tua vida, medita na pequenez de nossa
existência e na necessidade de refazermos as experiências menos felizes.
Prepara teu coração para a luta contra ti mesmo; afasta a mágoa, pois, ela só
existe onde a imperfeição ainda faz morada; expande teu coração para o amor
incondicional, para que as Bem-aventuranças possam chegar até ti. Pede
forças para que possas vencer, em tuas experiências terrenas, a fraqueza que
ainda carregas. Busca reencontrar os afetos e os desafetos do caminho,
levando no coração o amor incondicional que auxilia, exemplifica, e ilumina
os caminhos. Verás como a paz há de chegar até ti, e compreenderás, melhor,
quem és e o que o Criador espera de ti. Exercitemos o perdão, e todas as
nossas dores serão acalmadas.
Muita Paz!
Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br
Com estudos comentados de O Livro dos Espíritos e de O Evangelho
Segundo o Espiritismo.

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é Preciso perdoar

  • 1.
  • 2. Com base no conto “O Encontro”, do livro A Vida Escreve, pelo Espírito Hilário Silva. (Momentos de Paz Maria da Luz). Nos conta assim o autor: Rosabela preparava-se. Não cabia em si de esperança. Visitara o cabelereiro, e experimentava, feliz, o vestido novo. Sozinha no apartamento, relia a última carta. A última carta de amor que a buscava, enfim. E a sós, enquanto a noite de sábado transbordava de música, recordava, recordava. Casara-se, havia cinco anos; todavia, Tristão, o esposo, revelara-se libertino. Não conseguia olvidar os primeiros tempos. A presença dele, suas palavras e promessas estavam em seu pensamento como inolvidável perfume.
  • 3. Ainda assim, tivera coragem de romper consigo própria e tentar outra experiência. Isso porque não tivera força de perdoar-lhe. Rememorava a noite em que se haviam despedido. Regressava do interior fluminense, onde fora ter com os pais, em repouso breve. Entretanto, inesperada queratite obrigara-lhe a volta em momento imprevisto. E não olvidava o quadro que a ferira, fundo. Penetrando em casa, surpreendera Tristão embriagado junto de outra. Ambos agressivos. Inconvenientes. Dilacerada nos melhores sonhos, protestara, chorando; contudo, o marido, alterado, atira-lhe as malas na rua. Expulsara-a como se fora um animal corroído de peste. Acolhera-se à residência de amigos e mudara o curso dos próprios passos.
  • 4. O esposo, talvez mudado, tentara a aproximação, mas debalde. Ultrajada, negou-se. Alugando pequeno apartamento em bairro distante, aceitou as funções de datilografa quase anônima, em grande companhia comercial. E mergulhara a mente no serviço. De quando em quando, esse ou aquele Dom Juan de esquina lhe deitava olhos menos sensatos; todavia, pelo comportamento irrepreensível, não lhes encorajava qualquer palavra incorreta. O tempo correu lentamente. Um, dois, três, quatro anos. Sentia-se, no entanto, intimamente desamparada. Ensaiava a aquisição de amizades novas. Acabava, entretanto, desiludida. Algo faltava. Às vezes, supunha que faltava Tristão, mas arredava para longe esse pensamento.
  • 5. Surgiu, no entanto, uma noite diferente. Lia velho número de uma revista sentimental e encontrara aí um convite a esmo. Cavalheiro, anunciando trinta e dois anos de idade, desejava estabelecer amizade com alguém, por sentir-se sozinho. O curioso anúncio era assinado por Benjamim Solis e apresentava expressivo cunho de seriedade. Após refletir, resolveu arriscar. E ofereceu-se, endereçando bela missiva datilografada para a caixa postal indicada. Dizia chamar-se Rosalinda Marvar e informava a posta-restante para a resposta. Benjamim escreveu, contente, feliz. Declarava adotar igualmente a datilografia por sistema ideal, até que pudesse estabelecer um encontro franco. E as cartas começaram afetivas para se tornarem longas e belas, carinhosas e ardentes.
  • 6. Confidências recíprocas. Autobiografias discretas. Flores e lembranças pelo correio. Respeitosamente, contou-lhe Benjamim uma longa história. Era casado. Mas via-se distanciado da esposa, desde muito. Não a acusava. Informava, apenas, que não soubera fazê-la feliz. Em outras missivas, historiava estranhos episódios. Relacionava dificuldades do pretérito. E dizia- se um homem a caminho da regeneração. Enviava livros. Livros espíritas, consoladores, que ela manuseava com imensa emoção. Aqueles apontamentos dele inclinavam-na à alegria e à esperança. Falavam de renúncia, entendimento, perdão. Ela mesma, com dez meses de correspondência, estava modificada. Mais paciente mais tolerante.
  • 7. E pensava: Se conhecesse tudo isso ao tempo de Tristão... Todavia, mentalizava Benjamim e expulsava a imagem do esposo, buscando anular-lhe o reflexo. Impossível que Benjamim fosse mau. E ainda que houvesse cometido algo passível de justa reprovação, ali estava, naquelas cartas, religiosamente datilografadas, plenamente refeito. Estava presa aos compromissos legais. Contudo, nada a impedia de manter uma afeição pura e nobre. Incentivo do coração que pudesse auxiliá-la a viver. Pensando em como prosseguir no romance, revirava nas mãos a última carta. Antes, deliberadamente, adiavam sempre, entre si, a remessa de fotos. Benjamim, no entanto, convidava-a, agora, a que se avistassem.
  • 8. Esperá-la-ia às dez horas em ponto, do dia seguinte, domingo, à porta do velho Jardim Botânico. Envergaria costumes de linho alvo e traria gravata escura com pequeno alfinete em forma de “R”. Respondera aquiescendo. E informara que trajaria um vestido da mesma cor, mostrando um broche singelo lembrando os contornos da mesma letra. Enfim, enfim o encontro. Manhãzinha, Rosabela pôs-se em marcha. A princípio, o elétrico e, depois, o lotação. Não quis, porém, descer, de chofre, nas imediações do jardim. Queria movimentar-se um tanto. Preparar-se. E chegar às dez em ponto. Fez sinal e apeou numa rua da Gávea. Aí mesmo, mal suportando a própria emoção, retocou o semblante e realinhou os cabelos, utilizando pequena bolsa.
  • 9. E caminhou, coração aos saltos, no rumo certo. Vários grupos se movimentavam sob o arvoredo, à caça de ar puro. Avançou, trêmula. Olhou o relógio. Dois minutos para dez. Mais alguns passos e estacou. O amigo lá estava. Roupa branca e gravata escura. O alfinete em forma de “R” luzia, não obstante minúsculo. Mas, aquele homem... Aquele homem era Tristão. O marido muito pálido, veio ao encontro dela. Ambos, prestes a cair, abraçaram- se, de manso. - Pois é você, Rosa? Eu bem desconfiava. Somente você poderia escrever-me como fez, tocando-me o coração. Perdoe-me, agora! Estou transformado, creia. Sofri demais. Este encontro é a resposta do Mundo Espiritual às minhas preces constantes! Louvado seja Deus!
  • 10. Rosabela nada respondeu. O esposo, no entanto, abraçou-a mais forte, ao notar que ela repousara a cabeça em seus ombros, e, depois de alguns minutos, percebeu que a primorosa lapela surgia agora ensopada de lágrimas. REFLEXÃO: A jornada terrestre é sempre uma jornada de reajustes e aprendizado. Nela, o equilíbrio e a paz necessários sí serão atingidos quando, purificando corações, os homens forem capazes de reconhecer que ninguém neste planeta ainda é digno do pedestal da perfeição. A reconciliação, o perdão, a compreensão, são essenciais para a paz na vida do homem. Jesus foi o maior de todos por estabelecer com seu exemplo uma conduta de amor e de perdão. Em Suas Bem-aventuranças traçou um roteiro de iluminação, e nele indicou que todos os aflitos seriam consolados.
  • 11. O caminho da elevação indicado pelo Mestre Jesus, passa pelo imperativo do amor incondicional. Muitos de nós, pensam saber o que seja o amor; raros são aqueles capazes de perceber o que seja amar incondicionalmente. Tirando a figura de Jesus, todos aqueles que gravitam, encarnados ou desencarnados, neste planeta, são falíveis, e trazem nos milênios de suas existências, desde os primórdios dos tempos, dívidas e falhas, e se apresentam ainda hoje requerendo reparação e novas oportunidades. Jesus foi enfático diante daqueles que desejavam apedrejar Madalena, dizendo: Aquele que não tiver pecado, que atire a primeira pedra. Partindo dessa premissa, é essencial a todos nós termos a consciência daquilo que somos, e a compreensão de que já tivemos muitas quedas e muitas quedas ainda teremos, e que já compreendemos que não somos perfeitos.
  • 12. Um dos fatos mais notórios na vida de relação é o costume que temos de colocar aqueles a quem dizemos amar num pedestal. A partir daí tornamo-nos intolerantes com as fraquezas que venham a demonstrar, esquecendo-nos que todos, sem exceção, somos carentes de compreensão e de perdão. Isso ocorre com muita frequência na vida de relação, por exemplo, entre marido e mulher, entre filhos e pais, entre irmãos. Olhando os grupos de relação, pelo ponto de vista espiritual, vamos encontrar nas oficinas domésticas provas de reajuste que requerem misericórdia, compreensão e perdão. Isto é, que requerem amor incondicional. Assim, se buscas a paz em tua vida, mas alimentas a desilusão, o desamor em teu coração; se procuras a compreensão e és carente de afeto, mas agasalhas o queixume em relação a outras pessoas, e ainda atiras pedras naqueles que te magoaram;
  • 13. Se não és capaz de esquecer as ofensas, e não permites que a misericórdia e a indulgência possam fazer parte de tua vida, medita na pequenez de nossa existência e na necessidade de refazermos as experiências menos felizes. Prepara teu coração para a luta contra ti mesmo; afasta a mágoa, pois, ela só existe onde a imperfeição ainda faz morada; expande teu coração para o amor incondicional, para que as Bem-aventuranças possam chegar até ti. Pede forças para que possas vencer, em tuas experiências terrenas, a fraqueza que ainda carregas. Busca reencontrar os afetos e os desafetos do caminho, levando no coração o amor incondicional que auxilia, exemplifica, e ilumina os caminhos. Verás como a paz há de chegar até ti, e compreenderás, melhor, quem és e o que o Criador espera de ti. Exercitemos o perdão, e todas as nossas dores serão acalmadas.
  • 14. Muita Paz! Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br Com estudos comentados de O Livro dos Espíritos e de O Evangelho Segundo o Espiritismo.