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Com base no conto Calvário Materno, do livro “A Vida Escreve”, pelo
Espírito Hilário Silva.
Conta-nos assim o autor.
Quando Maria Quitéria, viúva e doente, chegou à casa do Dr. Lauro de
Melo, tinha o corpo mais morto que vivo. O médico e a senhora, amigos
de longo tempo, receberam-na entediados. Trazia Quitéria o semblante
deformado. Perdera um dos olhos e o outro se mostrava esbugalhado, a
verter uma lágrima que não chegava a cair. O rosto queimado meses antes
por grande porção de vitríolo, impunha-lhe dolorosa feição. Parecia muito
mais um monstro em corpo de mulher.
Estou quase cega, dizia, humilhada, e, além disso, com o acidente sou
hoje inútil. Espantam-se todos. Leio anúncios, pedindo serviçais.
Compareço. Entretanto, quando me veem, desanimam. Tento a
lavanderia; contudo, dizem que trago moléstia contagiosa. E
apresentando Licurgo, o filhinho de cinco anos, falou súplice: Ofereço-
lhes o menino. É meu único filho, mas vivemos os dois em fome e
penúria. D. Ninita, a dona da casa, olhou o pequeno com simpatia. Não
tinha filhos e dispunha-se a tutelá-lo. O petiz, mal vestido, correspondia-
lhe a atenção, com agudeza e inteligência. O garoto será nosso, disse.
Mas se vier com papel passado. Sem que você faça renúncia completa,
desisto.
A lágrima parada no olho doente fez-se mais grossa e o pranto jorrou.
Pranto resignado, silencioso. Ainda assim, Maria Quitéria teve forças
para acariciar o menino e entregá-lo, assumindo o compromisso de
assinar o sacrifício em cartório.
O menino Liturgo, agora o moço Licurgo de Melo, pela generosidade do
casal que o perfilhara, sempre que vinha de férias encontrava no lar a
pobre lavadeira cercando-o de atenções. Não compreendia por que os pais
adotivos facultavam a Maria Quitéria liberalidades tão grandes. E
somente à força dos bons conselhos em casa lhe suportava os carinhos.
Às vezes, noite alta, ao chegar da rua, ouvia passos de leve.
Podia esperar. Num minuto, a prestimosa lavadeira vinha trazer-lhe o
chocolate que não pedira. E, sorrindo, zombava de suas poucas letras,
exclamando: Você é uma excelente megera. Acostumada a vocabulário
restrito, a pobre criatura tartamudeava palavras de reconhecimento e
alegria, como se ele houvera dito: Você é uma excelente mamãe. À mesa,
servia-lhe quitutes raros em regime de exceção. Ele, porém, não perdia
oportunidade para magoá-la. Se lhe dirigisse qualquer olhar de
enternecimento, ao passar distraído, nas proximidades do tanque de lavar,
avançava de pronto, à feição de um gato ferido, mergulhando-lhe a
cabeça disforme na tina d'água.
Quando a via rondando o quarto, batia a porta, colérico. E, quando podia,
buscava os pejorativos mais duros para lançar-lhes no rosto, com
sorridente expressão, como se fossem elogios adocicados.
Jovem médico e recém-casado, o Dr. Licurgo de Melo, de parceria com o
pai pelo coração, consagrava-se, agora, à arruinada saúde de D. Ninita, a
caminho da morte. E, junto deles, Maria Quitéria, mais cansada, era
sombra a mover-se, ajudando calada. Vigílias. Dificuldades. Rosana, a
esposa jovem, mantinha-se a distância, no governo doméstico. Depois de
muitos dias e noites esfalfantes, a doente cerrou os olhos do corpo para
não mais abri-los. Inconsolável, o viúvo aceitou o alvitre de parentes
bondosos, decidindo-se por alguns meses no campo.
Maria Quitéria, abandonada agora aos caprichos dos donos mais moços
da casa, passou a sofrer rude trato. Nem mesmo a memória de D. Nina,
por ela invocada nos momentos difíceis, foi sequer respeitada. Dr.
Licurgo e Rosana, partilhando por ela a mesma antipatia gratuita,
submeteram-na a insuportáveis humilhações. Velhos sapatos no fogo.
Roupa humilde subtraída à velha canastra para servir como esfregão na
limpeza dos pisos. Comida escassa. E, por fim, a expulsão. Entretanto,
nunca se encorajava a sair, ainda mesmo sob ameaças. Tantas lhe foram,
porém, as dores e as privações, que um dia não mais se ergueu. Agora é
levá-la à força para o hospital, dissera Rosana, a dominadora; e Licurgo,
com toda a facilidade, desterrou-a para uma seção de indigentes.
Atendendo à oração de dois estudantes de Medicina, dedicados à
assistência cristã, conhecemos Maria Quitéria, em seu leito de angústia. A
cirrose do fígado agravava-se pouco a pouco. Nada conseguia deter a
esclerose retrátil, agora irreversível. Visitamos, assim, a casa principesca
do filho que a conhecia, desconhecendo-a. E vimos a volta do Dr. Lauro
de Melo ao antigo solar em que fora feliz. Era noite. Depois do chá, com
saborosos confeitos, perguntou pela serviçal, ao que Rosana informou,
displicente: Afinal de contas, Dr. Lauro, Maria Quitéria era um trambolho
difícil de conservar. O velho médico ouviu todo o relatório, carregando o
cenho, e, depois, tomando corajosamente a palavra, explicou-lhe a
verdade total.
A pedido da própria Maria Quitéria, a esposa desencarnada e ele se
abstiveram de dar-lhes a conhecer a realidade. Ela temia fazer o filho
infeliz, diante da aversão que sua presença sempre lhe causava. E, por
fim, ele, que conhecia agora os segredos do sofrimento moral, ante a
saudade constante da companheira, chorou intensivamente, ao contar que
fora o próprio Licurgo, quando menino de quatro anos, que lhe despejara
no rosto um vidro de ácido sulfúrico. O pai, operário simples de uma
grande oficina, possuía o corrosivo em casa, como material de serviço.
Na noite seguinte ao dia dos funerais dele, enquanto a infortunada viúva
dormia, Licurgo, na inconsciência infantil, entornara-lhe o ácido na face.
Maria Quitéria sofrera terrivelmente, mas escapara, embora conservando
monstruoso semblante. Licurgo chorava, abraçado à esposa, igualmente
banhada em pranto. Na mesma noite, demandaram a enfermaria, que se
abriu facilmente, extra ordens, ante as duas patentes médicas. Entre leitos
anônimos, Maria Quitéria agonizava. Dr. Lauro tomou-lhe o pulso e
abanou a cabeça. Era tarde. Licurgo e Rosana ajoelharam ao pé da cama;
Mamãe! Mamãe! Gritou ele, chorando, por que não me disse tudo? A
enferma, nas raias da morte, identificando as visitas, cobrou ânimo e
contemplou-o, enternecida. Daria tudo para erguer a mão quase fria e
afagar-lhe a cabeça, mas não pode. Licurgo, porém, viu que aquele
inesquecível olhar o reconhecera, e pediu:
Mamãe, minha mãe, perdoe-me, perdoe-me! Ela reunindo todas as forças
e como se nunca tivesse razões para perdoar, simplesmente falou: Deus te
abençoe, meu filho! E, passeando a triste expressão do olho semimorto
pelo aposento, disse ainda: Meu filho, meu filho, leve-me para casa.
Entretanto, não mais voltou. Ao calor do abraço filial, encharcado de
lágrimas, dormiu, e veio ter conosco. A morte, qual humanitária ciruegiã,
refizera-lhe o rosto. E dormindo em nossos braços, na viagem para a vida
melhor, guardava a expressão serena de um anjo.
REFLEXÃO:
A harmonia entre os homens, neste mundo de provas e expiações,
depende fundamentalmente da aceitação e do respeito...
Para com as diferenças individuais. Todos somos diferentes uns dos
outros, em dons, em talentos, em características físicas, morais ou
intelectuais, apesar de sermos iguais em Criação. As diferenças
individuais podem ser percebidas em diversos aspectos, como por
exemplo, em religião, em raça, em classe social, no nível intelectual, no
nível de conhecimento, na idade, na estrutura física, na estrutura moral,
Não saber lidar com essas diferenças, dá margem ao surgimento do
preconceito, que é filho do orgulho e segrega, separa, desarmoniza as
criaturas de Deus. O preconceito é uma herança do nosso instinto animal,
que tende a não aceitar animais de outras raças ou espécie, em nosso
habitat natural.
O homem expressa o preconceito diante das diferenças observadas,
sentindo-se mal diante delas; e o que é pior, negando qualquer valor
existente e que possa ser observado pelo semelhante. Se é diferente, não
serve; não presta, deve ser segregado, separado, ou mesmo eliminado.
Frases como estas, são frequentes entre os homens: Ah! Ele não passa de
um mendigo; esse cara é um debiloide. O preconceito produz a
iniquidade, ferindo a lei da igualdade entre as criaturas, lei de Deus. O
pior, é que, preconceito gera preconceito, conforme a lei da ação e reação.
Apenas o cumprimento da lei do amor, consegue vencer essa cadeia de
preconceitos.
O preconceito é tão nocivo que leva nações inteiras a se digladiarem, em
guerra. Na Idade Média, por exemplo, o preconceito religioso matou
muita gente. Jesus foi um dos maiores mártires, crucificado pelo
preconceito, e veio apenas nos exemplificar o amor. O preconceito julga
ter valores superiores que, mais das vezes, não existe. Um dos piores
preconceitos que pode ser observado, é a aversão natural que sentimos
diante de deficientes físicos, principalmente, daqueles cujas deficiências
físicas aparentes identificam graves mutilações ou transformações na
estrutura do corpo. Muitos de nós, ainda não nos sentimos preparados
para conviver com essas criaturas que, em geral, necessitam de nossa
ajuda, por não terem condições de sobreviverem isoladas.
A Espiritualidade nos diz que o amor cobre a imensidão dos pecados; o
amor nada exige, tudo suporta, e a tudo entende. O amor não se queixa, a
tudo releva e perdoa; o amor é resignado, tolerante, fazendo nascer no
coração a esperança, reforça a fé, ensinando desprendimento e caridade.
O amor de mãe, com muito maior razão, faz com que os filhos sempre
sejam vistos como os melhores, ao mais capazes. A experiência materna,
a oportunidade de ser mãe, talvez seja a mais elevada dádiva que Deus
concede a seus filhos. Só o amor é capaz de vencer o preconceito, pois, é
capaz de tirar as máscaras das desigualdades naqueles que o
experimentam.
Para o amor das mães, os filhos não têm defeitos; suas falhas morais
sempre são vistas como pequenas fraquezas, que não comprometem. Não
existe nada mais sublime no mundo que o amor de mãe. Que Deus
abençoe a todas elas.
Muita Paz!
Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br
Com estudos comentados de O Livro dos Espíritos e de O Evangelho
Segundo o Espiritismo.

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Sobre o preconceito

  • 1.
  • 2. Com base no conto Calvário Materno, do livro “A Vida Escreve”, pelo Espírito Hilário Silva. Conta-nos assim o autor. Quando Maria Quitéria, viúva e doente, chegou à casa do Dr. Lauro de Melo, tinha o corpo mais morto que vivo. O médico e a senhora, amigos de longo tempo, receberam-na entediados. Trazia Quitéria o semblante deformado. Perdera um dos olhos e o outro se mostrava esbugalhado, a verter uma lágrima que não chegava a cair. O rosto queimado meses antes por grande porção de vitríolo, impunha-lhe dolorosa feição. Parecia muito mais um monstro em corpo de mulher.
  • 3. Estou quase cega, dizia, humilhada, e, além disso, com o acidente sou hoje inútil. Espantam-se todos. Leio anúncios, pedindo serviçais. Compareço. Entretanto, quando me veem, desanimam. Tento a lavanderia; contudo, dizem que trago moléstia contagiosa. E apresentando Licurgo, o filhinho de cinco anos, falou súplice: Ofereço- lhes o menino. É meu único filho, mas vivemos os dois em fome e penúria. D. Ninita, a dona da casa, olhou o pequeno com simpatia. Não tinha filhos e dispunha-se a tutelá-lo. O petiz, mal vestido, correspondia- lhe a atenção, com agudeza e inteligência. O garoto será nosso, disse. Mas se vier com papel passado. Sem que você faça renúncia completa, desisto.
  • 4. A lágrima parada no olho doente fez-se mais grossa e o pranto jorrou. Pranto resignado, silencioso. Ainda assim, Maria Quitéria teve forças para acariciar o menino e entregá-lo, assumindo o compromisso de assinar o sacrifício em cartório. O menino Liturgo, agora o moço Licurgo de Melo, pela generosidade do casal que o perfilhara, sempre que vinha de férias encontrava no lar a pobre lavadeira cercando-o de atenções. Não compreendia por que os pais adotivos facultavam a Maria Quitéria liberalidades tão grandes. E somente à força dos bons conselhos em casa lhe suportava os carinhos. Às vezes, noite alta, ao chegar da rua, ouvia passos de leve.
  • 5. Podia esperar. Num minuto, a prestimosa lavadeira vinha trazer-lhe o chocolate que não pedira. E, sorrindo, zombava de suas poucas letras, exclamando: Você é uma excelente megera. Acostumada a vocabulário restrito, a pobre criatura tartamudeava palavras de reconhecimento e alegria, como se ele houvera dito: Você é uma excelente mamãe. À mesa, servia-lhe quitutes raros em regime de exceção. Ele, porém, não perdia oportunidade para magoá-la. Se lhe dirigisse qualquer olhar de enternecimento, ao passar distraído, nas proximidades do tanque de lavar, avançava de pronto, à feição de um gato ferido, mergulhando-lhe a cabeça disforme na tina d'água.
  • 6. Quando a via rondando o quarto, batia a porta, colérico. E, quando podia, buscava os pejorativos mais duros para lançar-lhes no rosto, com sorridente expressão, como se fossem elogios adocicados. Jovem médico e recém-casado, o Dr. Licurgo de Melo, de parceria com o pai pelo coração, consagrava-se, agora, à arruinada saúde de D. Ninita, a caminho da morte. E, junto deles, Maria Quitéria, mais cansada, era sombra a mover-se, ajudando calada. Vigílias. Dificuldades. Rosana, a esposa jovem, mantinha-se a distância, no governo doméstico. Depois de muitos dias e noites esfalfantes, a doente cerrou os olhos do corpo para não mais abri-los. Inconsolável, o viúvo aceitou o alvitre de parentes bondosos, decidindo-se por alguns meses no campo.
  • 7. Maria Quitéria, abandonada agora aos caprichos dos donos mais moços da casa, passou a sofrer rude trato. Nem mesmo a memória de D. Nina, por ela invocada nos momentos difíceis, foi sequer respeitada. Dr. Licurgo e Rosana, partilhando por ela a mesma antipatia gratuita, submeteram-na a insuportáveis humilhações. Velhos sapatos no fogo. Roupa humilde subtraída à velha canastra para servir como esfregão na limpeza dos pisos. Comida escassa. E, por fim, a expulsão. Entretanto, nunca se encorajava a sair, ainda mesmo sob ameaças. Tantas lhe foram, porém, as dores e as privações, que um dia não mais se ergueu. Agora é levá-la à força para o hospital, dissera Rosana, a dominadora; e Licurgo, com toda a facilidade, desterrou-a para uma seção de indigentes.
  • 8. Atendendo à oração de dois estudantes de Medicina, dedicados à assistência cristã, conhecemos Maria Quitéria, em seu leito de angústia. A cirrose do fígado agravava-se pouco a pouco. Nada conseguia deter a esclerose retrátil, agora irreversível. Visitamos, assim, a casa principesca do filho que a conhecia, desconhecendo-a. E vimos a volta do Dr. Lauro de Melo ao antigo solar em que fora feliz. Era noite. Depois do chá, com saborosos confeitos, perguntou pela serviçal, ao que Rosana informou, displicente: Afinal de contas, Dr. Lauro, Maria Quitéria era um trambolho difícil de conservar. O velho médico ouviu todo o relatório, carregando o cenho, e, depois, tomando corajosamente a palavra, explicou-lhe a verdade total.
  • 9. A pedido da própria Maria Quitéria, a esposa desencarnada e ele se abstiveram de dar-lhes a conhecer a realidade. Ela temia fazer o filho infeliz, diante da aversão que sua presença sempre lhe causava. E, por fim, ele, que conhecia agora os segredos do sofrimento moral, ante a saudade constante da companheira, chorou intensivamente, ao contar que fora o próprio Licurgo, quando menino de quatro anos, que lhe despejara no rosto um vidro de ácido sulfúrico. O pai, operário simples de uma grande oficina, possuía o corrosivo em casa, como material de serviço. Na noite seguinte ao dia dos funerais dele, enquanto a infortunada viúva dormia, Licurgo, na inconsciência infantil, entornara-lhe o ácido na face.
  • 10. Maria Quitéria sofrera terrivelmente, mas escapara, embora conservando monstruoso semblante. Licurgo chorava, abraçado à esposa, igualmente banhada em pranto. Na mesma noite, demandaram a enfermaria, que se abriu facilmente, extra ordens, ante as duas patentes médicas. Entre leitos anônimos, Maria Quitéria agonizava. Dr. Lauro tomou-lhe o pulso e abanou a cabeça. Era tarde. Licurgo e Rosana ajoelharam ao pé da cama; Mamãe! Mamãe! Gritou ele, chorando, por que não me disse tudo? A enferma, nas raias da morte, identificando as visitas, cobrou ânimo e contemplou-o, enternecida. Daria tudo para erguer a mão quase fria e afagar-lhe a cabeça, mas não pode. Licurgo, porém, viu que aquele inesquecível olhar o reconhecera, e pediu:
  • 11. Mamãe, minha mãe, perdoe-me, perdoe-me! Ela reunindo todas as forças e como se nunca tivesse razões para perdoar, simplesmente falou: Deus te abençoe, meu filho! E, passeando a triste expressão do olho semimorto pelo aposento, disse ainda: Meu filho, meu filho, leve-me para casa. Entretanto, não mais voltou. Ao calor do abraço filial, encharcado de lágrimas, dormiu, e veio ter conosco. A morte, qual humanitária ciruegiã, refizera-lhe o rosto. E dormindo em nossos braços, na viagem para a vida melhor, guardava a expressão serena de um anjo. REFLEXÃO: A harmonia entre os homens, neste mundo de provas e expiações, depende fundamentalmente da aceitação e do respeito...
  • 12. Para com as diferenças individuais. Todos somos diferentes uns dos outros, em dons, em talentos, em características físicas, morais ou intelectuais, apesar de sermos iguais em Criação. As diferenças individuais podem ser percebidas em diversos aspectos, como por exemplo, em religião, em raça, em classe social, no nível intelectual, no nível de conhecimento, na idade, na estrutura física, na estrutura moral, Não saber lidar com essas diferenças, dá margem ao surgimento do preconceito, que é filho do orgulho e segrega, separa, desarmoniza as criaturas de Deus. O preconceito é uma herança do nosso instinto animal, que tende a não aceitar animais de outras raças ou espécie, em nosso habitat natural.
  • 13. O homem expressa o preconceito diante das diferenças observadas, sentindo-se mal diante delas; e o que é pior, negando qualquer valor existente e que possa ser observado pelo semelhante. Se é diferente, não serve; não presta, deve ser segregado, separado, ou mesmo eliminado. Frases como estas, são frequentes entre os homens: Ah! Ele não passa de um mendigo; esse cara é um debiloide. O preconceito produz a iniquidade, ferindo a lei da igualdade entre as criaturas, lei de Deus. O pior, é que, preconceito gera preconceito, conforme a lei da ação e reação. Apenas o cumprimento da lei do amor, consegue vencer essa cadeia de preconceitos.
  • 14. O preconceito é tão nocivo que leva nações inteiras a se digladiarem, em guerra. Na Idade Média, por exemplo, o preconceito religioso matou muita gente. Jesus foi um dos maiores mártires, crucificado pelo preconceito, e veio apenas nos exemplificar o amor. O preconceito julga ter valores superiores que, mais das vezes, não existe. Um dos piores preconceitos que pode ser observado, é a aversão natural que sentimos diante de deficientes físicos, principalmente, daqueles cujas deficiências físicas aparentes identificam graves mutilações ou transformações na estrutura do corpo. Muitos de nós, ainda não nos sentimos preparados para conviver com essas criaturas que, em geral, necessitam de nossa ajuda, por não terem condições de sobreviverem isoladas.
  • 15. A Espiritualidade nos diz que o amor cobre a imensidão dos pecados; o amor nada exige, tudo suporta, e a tudo entende. O amor não se queixa, a tudo releva e perdoa; o amor é resignado, tolerante, fazendo nascer no coração a esperança, reforça a fé, ensinando desprendimento e caridade. O amor de mãe, com muito maior razão, faz com que os filhos sempre sejam vistos como os melhores, ao mais capazes. A experiência materna, a oportunidade de ser mãe, talvez seja a mais elevada dádiva que Deus concede a seus filhos. Só o amor é capaz de vencer o preconceito, pois, é capaz de tirar as máscaras das desigualdades naqueles que o experimentam.
  • 16. Para o amor das mães, os filhos não têm defeitos; suas falhas morais sempre são vistas como pequenas fraquezas, que não comprometem. Não existe nada mais sublime no mundo que o amor de mãe. Que Deus abençoe a todas elas. Muita Paz! Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br Com estudos comentados de O Livro dos Espíritos e de O Evangelho Segundo o Espiritismo.