SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 32
Descargar para leer sin conexión
VOZDAS
MISERICÓRDIASdirector: Paulo Moreira | ano: XXVI | outubro 2010 | publicação mensal
Iniciativa
Património
Santas Casas
nas jornadas
europeias
Protocolo
dá novo rumo
à cultura
Durante três dias, cerca de 400 en-
tidades portuguesas — públicas e
privadas — organizaram actividades
no âmbito das Jornadas Europeias
do Património. Sob o tema “Patri-
mónio — Um mapa da História”, a
iniciativa do Conselho Europeu con-
tou também com a participação de
duas Misericórdias: Ericeira e Pavia.
Em Acção, 6 e 7
As Misericórdias portuguesas têm
um novo protocolo de colaboração
assinado com o Ministério da Cultu-
ra, tendo em vista a defesa, o estudo,
a salvaguarda e a divulgação do pa-
trimónio imóvel, móvel museográfi-
co e móvel arquivístico. A assinatura
foi a 24 de Setembro, na Santa Casa
de Braga. Património, 28
Santas Casas defendem autonomia
O Conselho Nacional da União das
Misericórdias Portuguesas, reunido
extraordinariamente a 6 de Outu-
bro, considera que o Decreto Geral,
em que a Conferência Episcopal
Portuguesa (CEP) determina uni-
lateralmente que as Santas Casas
são associações públicas de fiéis,
sujeitando-se, por isso, ao parecer
dos bispos, provocará uma fractura
profunda nas relações entre milhares
de católicos portugueses e a CEP. As
Misericórdias não aceitam aquele
documento e reafirmam a sua iden-
tidade e autonomia. Destaque,4e5
Durante Outubro, as mãos pintaram-se de tons rubros para re-
colher os frutos da videira e do trabalho do homem. Numa região
produtora de vinhos, este néctar sempre garantiu a subsistência
de muitas famílias. Assim, também as Santas Casas de Macedo de
Cavaleiros e Valpaços apostaram no cultivo da vinha e na produ-
ção de vinhos que honrem a qualidade. Mais ao Sul, a congénere
de Aldeia Galega da Merceana também aposta no cultivo da uva
para reunir a comunidade. Reportagem, 16 a 18
Reportagem Vindimar para o sustento
União das Misericórdias
Portuguesas
Qualidade
Unidade
de Portimão
certificada
Saúde Pág. 22
Anexas
“Escola Superior
de Enfermagem é
das Misericórdias”
Em Foco Pág. 15
Oliveira Martins
O diálogo entre
a tradição e a
modernidade
Opinião Pág. 31
A FOTOGRAFIA
O Número
O Caso
A subir
Mais igualdade
de géneros
As mulheres no mercado
de trabalho fizeram
Portugal subir 14
posições no ranking
da igualdade de género.
O país ocupa agora o
32.º lugar num índice
da World Economic
Forum.
A Descer
Segurança Social
com mais queixas
Provedor de Justiça,
Alfredo José de Sousa,
afirmou recentemente
que em 2009 a
Segurança Social
foi a matéria mais
problemática, com 16
por cento das queixas
apresentadas na
Provedoria.
Comité Nobel
sobre o Prémio
Nobel da Paz 2010
o chinês Liu Xiaobo
“Liu Xiaobo foi
distinguido pela
sua luta longa
e não violenta
pelos direitos
fundamentais da
China”
A Frase
espaço sénior
Reencontro no
fim das férias
Acabaram as férias. O início de um ano lectivo
na Academia, tempo do reencontro, é sempre
de entusiasmo e alegria. Este ano, as aulas
começaram mais cedo para dar lugar a uma
inovação: a realização de encontros e workshops
Vila do Conde Misericórdia promoveu uma recolha de sangue
2100
Milhões em IVA e IRS
A Entidade Reguladora da Saúde
(ERS) revelou que recentemente
serviços de ortopedia de hospitais
públicos, privados e do sector so-
cial atingiram o nível de excelên-
cia máximo no âmbito do Sistema
Nacional de Avaliação dos Serviços
de Saúde (Sinas). Entre eles, dois
hospitais de Misericórdias: Vila
Verde e Riba d’Ave.
Este é mais um sinal de reconhe-
cimento público da excelência do
trabalho que vem sendo desen-
volvido pela instituição no campo
da saúde, reforçando a confiança,
a responsabilidade e o desafio de
todos os profissionais e voluntários
envolvidos esta causa de assegurar
os melhores cuidados e serviços
aos utentes”, afirmou o provedor
da Santa Casa de Vila Verde, Bento
Morais, ao Correio do Minho.
O provedor considera que os resul-
tados desta avaliação constituem
para os utentes “uma motivação
extra de confiança na qualidade
Saúde
Ortopedia
distinguida
pela ERS
dos serviços prestados”. Bento
Morais lembra que ainda recen-
temente foi enaltecido ao nível do
serviço de urgência, com a ERS
a reconhecer o cumprimento dos
critérios de funcionamento deste
tipo de serviço de acordo com o
que está estipulado para o Serviço
Nacional de Saúde.
Em Riba D’Ave, o prémio é con-
siderado pelo director clínico e
membro da administração do hos-
pital, a consequência da introdu-
ção de mecanismos de qualidade,
cujo objectivo, garantiu Salazar
Coimbra, “é dar garantias de ex-
celentes serviços a quem recorre
à Misericórdia”.
O Sinas visa «promover um sis-
tema de classificação de saúde
quanto à sua qualidade global, de
acordo com os critérios objectivos
e verificáveis, incluindo os índices
de satisfação dos utentes».
Os primeiros resultados conheci-
dos sobre os serviços de ortopedia
indicam que, dos 60 prestadores de
cuidados de saúde que voluntaria-
mente aderiram ao Sinas, pouco
mais de um terço não foram clas-
sificados
No nível máximo de excelência
(nível III) estão também os cen-
tros hospitalares do Alto Ave, do
Porto, da Póvoa de Varzim/Vila
do Conde, Entre Douro e Vouga e
de Setúbal, Hospital Santa Maria
Maior, em Barcelos, HPP Boavista
e Hospital de S. João, ambos no
Porto. Estão ainda a este nível os
hospitais S. Teotónio, em Viseu,
Hospital Professor Fernando Fon-
seca e Hospital do Espírito Santo,
em Évora e a Unidade Local de
Saúde de Castelo Branco.
A Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde promoveu uma recolha de sangue. A iniciativa,
que contou com a colaboração de uma brigada do Centro Regional do Porto do Instituto Português
de Sangue para fazer as colheitas, teve lugar a 30 de Setembro. Uma vez que a recolha de sangue tem uma
incidência maior em mulheres dadoras, aptas a dádivas de quatro em quatro meses, a Misericórdia
de Vila do Conde promove este tipo de iniciativas três vezes por ano. Na última recolha, em Abril,
foram registadas 110 inscrições de dadores, resultando na colheita de 80 unidades.
O Orçamento de Estado para 2011, se aprovado,
prevê arrecadar 34 mil milhões de euros, ou seja, um acréscimo
de 6,2 por cento face à receita a cobrar em 2010.
cabaram as férias. O início de
um ano lectivo na Academia,
tempo do reencontro, é sempre
de entusiasmo e alegria. Há uma
autêntica “sinfonia” de saudações,
perguntas e conversas que se cruzam, se
entrelaçam se confundem. Este clima de
alegre camaradagem é, para muitos, o
melhor remédio para diversos males que
têm de ser tratados.
Assim foi mais uma vez. Este ano,
porém, como já tinha sido determinado, a
Academia abriu mais cedo para dar lugar
a uma inovação: a realização de encontros
e workshops. Os participantes foram
muitos e pode considerar-se uma iniciativa
interessante que pode vir a ser uma mais-
valia na história da Academia. Há novas
disciplinas: Geografia e História do Traje.
Inscreveram-se 26 novos alunos e é de 461
a totalidade de associados para este ano
lectivo.
As aulas foram começando pouco a pouco,
por alguns professores se encontrarem
ainda em férias, fora de Lisboa.
Então, no dia 7 de Outubro, foi a grande
festa: um lanche - convívio para celebração
do 23º aniversário da Academia, o 10º
aniversário de ”O Mocho” e as saudações
aos novos colegas. Numa cerimónia
extremamente simples, reuniram-se o
Dr. José Nunes, representando a UMP, o
Conselho Directivo, colaboradores, alunos
e funcionárias.
O nosso Presidente, Eng. Luís Aires, em
breves palavras, assinalou estas três
intenções da festa e referiu alguns aspectos
respeitantes à Academia, principalmente
a apresentação dos novos membros da
Direcção. O Dr. José Nunes começou por
apresentar as saudações enviadas pelos
Dr. Manuel de Lemos, Dr. Carlos Andrade
e Padre Victor Melícias e, em seu nome,
desejou felicidades e progresso para o ano
2010-2011.
Saboreou-se o gostoso lanche, onde
não faltou o bolo de aniversário. Todos
cantaram os “Parabéns” e participaram
num brinde pela continuidade do sucesso
da nossa Academia.
Ao fim da tarde, na Igreja de
São João de Brito, realizou-
se uma missa lembrando
todos os nossos professores
e colegas que já não se
encontram entre nós.
A
panorama
www.ump.pt
Isabel Rodeia
Academia de Cultura
e Cooperação da UMP
academiadecultura@ump.pt
2 vm outubro 2010
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, inaugurou, em Setembro,
a Residência Rainha D. Isabel, da Misericórdia de Alcácer do Sal. O equipamento
tem 22 quartos duplos e 16 simples. A secretária de Estado Adjunta e da
Reabilitação, Idália Moniz, também marcou presença na cerimónia de inauguração.
Mais recentemente, o chefe de Estado esteve em Arcos de Valdevez,
onde inaugurou um centro social integrado, que reúne diversos equipamentos
da Santa Casa daquela localidade.
ON-LINE
Albino Poças
Provedor da Misericórdia de Valongo
Opinião
RADAR
A Irmandade da Misericórdia e de
São Roque de Lisboa festejou o Dia de
São Roque, que este ano se comemorou
a 3 de Outubro. As celebrações em honra
do patrono da Irmandade começaram
com uma novena, a 24 de Setembro,
e terminaram com uma procissão nas
ruas de Lisboa. A 1 de Outubro de 2010,
Dia Internacional do Idoso, realizou-se
uma Missa Festiva, na qual participa-
ram cerca de 220 utentes de muitos dos
equipamentos da Santa Casa de Lisboa.
Lisboa
Irmandade de S. Roque
celebra patrono
Alcácer do Sal Cavaco Silva inaugurou residência sénior
A Santa Casa da Misericórdia de Re-
guengos de Monsaraz está a comemorar
o seu 150º aniversário. O programa que
marca a data foi inaugurado a 1 de Ou-
tubro e vai decorrer até 7 de Abril do
próximo ano, data em que a instituição
completará 150 anos de existência. Entre
outras iniciativas que marcam a efeméri-
de, a Misericórdia organizou uma confe-
rência subordinada ao tema “Reguengos
e a República — Um contributo para
a história local”, proferida por Paula
Amendoeira.
Aniversário
Reguengos de Monsaraz
celebra 150 anos
A Misericórdia do Entroncamento
abriu recentemente as portas da Unidade
de Cuidados Continuados Integrados
Manuel Fanha Vieira – Provedor. O novo
equipamento tem 70 camas: 30 de Longa
Duração e Manutenção e 40 de Média
Duração e Reabilitação. Ao fecho deste
jornal, aquela unidade já estava a rece-
ber 40 utentes, mas com previsão de em
pouco tempo atingir a capacidade máxi-
ma. Recorde-se que a Rede Nacional de
Cuidados Continuados Integrados foi
criada em 2006.
Unidade
Entroncamento com
70 camas de continuados
A Santa Casa da Misericórdia de
Oliveira do Bairro iniciou uma forma-
ção sobre “Educação Parental”, a 11 de
Outubro. O objectivo da iniciativa é dar
resposta às necessidades e dificuldades
que pais e encarregados de educação
sentem no desempenho das suas funções
parentais, com vista ao desenvolvimento
de relações familiares mais saudáveis e
ao bem-estar emocional das crianças.
Os cursos, gratuitos, serão divididos por
temáticas e decorrem até Janeiro de 2011.
Oliveira do Bairro
Formação gratuita
sobre educação parental
Alerta para o presente
sem esquecer o futuro
Rigor no controle da despesa, na qualidade
dos produtos, na escolha dos fornecedores,
no cumprimento dos compromissos
da instituição, não esquecendo, também,
um forte rigor na selecção e ponderação
das nossas ambições
m tempo de crise é difícil gerir aquilo que é nosso…mas,
é muito mais difícil gerir aquilo que é dos outros”
Permitam-me que as palavras iniciais sejam, em
primeiro lugar para agradecer, publicamente, os
conselhos recebidos através do auditor Dr. Eduardo
campos, que orientou o Diagnóstico de Gestão, integrado no
programa de formação “Gestão Sustentável” na Misericórdia de
Valongo, em 2009.
A total abertura e o interesse com que os responsáveis da Santa
Casa da Misericórdia de Valongo encararam este trabalho,
fornecendo e disponibilizando todas as informações e dados
que foram solicitados resultaram, em nossa opinião, num
estudo sério e credível, do qual hoje já estamos a colher
benefícios. É que, da troca de impressões ocorrida ao longo
dos meses, levou-nos a ser ainda mais rígidos no controle das
despesas da instituição, servindo, também, para aprofundar a
nossa meditação em relação aos tempos difíceis que já então
se viviam, com sinais fortes de um sério agravamento, o que
infelizmente, está a acontecer.
Sempre pensamos que na gestão das nossas instituições a
palavra “rigor” não pode ser banida do nosso vocabulário
diário, mesmo nos tempos em que a situação nos pareça mais
favorável.
Rigor no controle da despesa, rigor na qualidade dos produtos,
rigor na escolha dos fornecedores, rigor no cumprimento
dos compromissos da instituição etc etc etc…não esquecendo,
também, porque é muito importante, um forte rigor na selecção
e ponderação das nossas ambições.
Foi com esta forma de estar e agir que a Misericórdia de
Valongo, ao longo destes últimos oito anos, conseguiu criar
condições para obter uma razoável estabilidade financeira,
que lhe permite, hoje, prestar aos sues utentes das várias
valências, uma qualidade de serviços e assistência sem quebra
de qualidade, pese embora, os cortes “cegos” nas receitas, de que
estamos a ser vítimas.
Por isso, meus caros amigos e senhores provedores:
Avançar, neste momento, com qualquer investimento mesmo
que de resultados promissores mais que só serão palpáveis a
médio ou longo prazo é, em nossa opinião, um grande risco.
Não nos podemos esquecer dos compromissos assumidos com os
utentes de que já temos acolhidos nas nossas diversas valências.
Temos que moderar as tais ambições incontroladas de que falei
atrás, se não queremos sentir o amargo do insucesso.
Para terminar, peço a todos que não vejam nesta minha opinião,
um excesso de pessimismo. É apenas a minha modesta opinião,
porque, estou certo, que os caminhos que as Misericórdias
terão de percorrer nos próximos anos vão ser caminhos muito
tormentosos e cheios de abrolhos, muito difíceis de transpor.
Ficarei muito satisfeito se, a curto prazo, através dos factos,
todos concluirmos que estou errado, dispondo-me, com toda
a humildade mas muita alegria, a ouvir as críticas
merecidas dos senhores provedores mais optimistas.
E
SLIDESHOW
www.ump.pt outubro 2010 vm 3
PRESIDÊNCIADARepública
DESTAQUE
www.ump.pt4 vm outubro 2010
Santas Casas defendem autonomia
Misericórdias não aceitam decreto em que a Conferência Episcopal determina que as Santas
Casas são associações públicas de fiéis e vão continuar a proceder de acordo com a sua tradição
O Conselho Nacional da União das
Misericórdias Portuguesas (UMP)
considera que o Decreto Geral, em
que a Conferência Episcopal Por-
tuguesa (CEP) determina unilate-
ralmente que as Santas Casas são
associações públicas de fiéis, sujei-
tando-se, por isso, ao parecer dos
bispos em diversos aspectos, pro-
vocará uma fractura profunda nas
relações entre milhares de católicos
portugueses e a CEP. A reunião extra-
ordinária teve lugar a 6 de Outubro,
na sede da UMP em Lisboa.
Os provedores presentes foram
unânimes em afirmar que não acei-
tam aquele documento. As Santas
Casas defendem e reafirmaram a sua
identidade e autonomia.
Na sequência da reunião, foi
tornado público, em conferência de
imprensa, um comunicado que pu-
blicamos na íntegra:
“O Conselho Nacional da União
das Misericórdias Portuguesas, reu-
nido, hoje, dia 6 de Outubro de 2010,
extraordinariamente, na cidade de
Lisboa, para analisar o Decreto Geral
paraasMisericórdias,produzidopela
Conferência Episcopal Portuguesa,
entendeu tornar público o seguinte:
— A CEP publicitou, em 24 de
Setembro de 2010, um Decreto Geral
para as Misericórdias Portuguesas,
com data de 23 de Abril de 2009;
— O referido Decreto, em sínte-
se, pretende cortar, de forma abrupta,
unilateral e autoritária, com a autono-
mia de gestão de que as Misericórdias
dispõem,háváriosséculos,nomeada-
mente no que respeita, à disposição
dos seus bens, à capacidade soberana
das suas Assembleias Gerais e à livre
eleição dos seus Corpos Sociais;
— As Misericórdias Portuguesas,
hojecerca de quatrocentas,foramsen-
docriadas,desdeoséculoXV,porCida-
dãos,eporReisesãodetentorasdeum
enormepatrimóniohistóricoecultural;
— Os princípios pelos quais sem-
preseregeramcoincidemcomosprin-
cípios essenciais da Igreja Católica e
nessa medida, a sua eclesialidade;
— Ao longo dos séculos, por re-
conhecimento da sua missão, têm
visto o seu património acrescido ao
serem contempladas com doações,
heranças e legados de cidadãos
benfeitores, sem distinção de credo
ou confissão e instituições públicas
que se traduzem, especialmente, em
bens imobiliários;
— As Misericórdias Portuguesas
são constituídas por sócios, a que se
dá a designação de Irmãos e estes,
de forma soberana e de acordo com
as normas estatutárias pelas quais se
regem, decidem, nomeadamente, so-
bre a disposição de bens, e em actos
eleitorais completamente livres es-
colhem, em momento próprio, os de
entre si que entendem dever assumir
a direcção e gestão das respectivas
Instituições;
— As Misericórdias Portugueses
são detentoras na área da saúde de
inúmeroshospitais,clínicas,eem2011
representarão70%dascamasdaRede
Nacional de Cuidados Continuados
Integrados,naáreasocialprestamser-
viços a mais de 500.000 utentes em
valências como Lares de Acolhimen-
to, Lares para Idosos Dependentes,
Centros de Dia, Apoio Domiciliário,
Acolhimento de Jovens em Risco,
Infantários, etc…e garantem emprego
estávelamaisde100.000portugueses;
— Vir agora a CEP, com o Decre-
to em causa, pretender alterar, sem
qualquer fundamento histórico, nem
jurídico, o enquadramento e a forma
como as Misericórdias são geridas
há séculos, causa a mais profunda
estranheza, espanto e perplexidade
nos muitos milhares de portugueses
que generosa e desinteressadamente
se associaram às Misericórdias para
auxiliarosseusconcidadãosmaisdes-
favorecidoseconómicaesocialmente;
— O Conselho Nacional lamenta
também a deselegância da CEP, por
intermédio do seu Presidente, ao di-
rigir no passado dia 28 de Setembro,
aos Provedores das Misericórdias,
através de e-mail enviado aos servi-
ços gerais de cada uma daquelas Ins-
tituições, uma nota pretensamente
explicativa, tornando assim pública
uma matéria que pela sua importân-
cia devia ser reservada;
— O Conselho Nacional lamenta
igualmente que essa deselegância
tenha chegado ao ponto de ultrapas-
sar a União das Misericórdias Portu-
guesas que, por certo, faria chegar
a missiva a todas as Misericórdias
Portuguesas, mesmo aquelas que
não têm endereço electrónico;
— O Conselho Nacional lamen-
ta, por fim, chocado (mas não sur-
preendido) que o primeiro parágrafo
do citado e-mail tenha como preocu-
pação evidente considerar os Bens
materiais das Misericórdias como
Bens Eclesiásticos, assim tornando
claro qual o verdadeiro objectivo do
Decreto Geral sobre as Misericórdias;
— O Conselho Nacional, ponde-
radas todas as implicações entende
que o Decreto Geral da CEP não é um
assunto que diga só respeito à Igreja
ou às Misericórdias, é um assunto de
Estado e da Sociedade Portuguesa;
— Neste contexto, o Conselho
Nacional repudia o Decreto Geral
sobre as Misericórdias, quer nos seus
termos, quer nos seus efeitos, por ser
lesivo das Comunidades Portuguesas
que sofrem, da actividade pastoral
da Igreja e da tradição pentasecular
das Misericórdias Portuguesas.
AS MISERICÓRDIAS
PORTUGUESAS NÃO
ACEITAM O DECRETO GERAL
— O Conselho Nacional considera
que a manutenção do Decreto Geral
sobre as Misericórdias provocará uma
fracturaprofundanasrelaçõesentremi-
lharesdecatólicosportugueseseaCEP;
— O Conselho Nacional da UMP
insta pois a CEP a, com humildade,
retirar o Decreto Geral e a repen-
sar, com a União das Misericórdias
Portuguesas, a sua relação com as
Misericórdias;
— O Conselho Nacional mani-
festou o seu apoio à forma como
o Secretariado Nacional encarou o
Decreto Geral sobre as Misericórdias
e regozija-se com a sua prudência,
responsabilidade e determinação,
assegurando, junto das suas filiadas,
a coesão e a serenidade, tão neces-
sárias no momento de grave crise
nacional, em que todos os dias cada
vez mais portugueses recorrem às
Santas Casas;
Tudo visto, o Conselho Nacional,
no âmbito das suas competências
específicas, recomenda ao Secreta-
riado Nacional:
Que não prossiga qualquer tipo
de diálogo com a CEP, enquanto o
Decreto Geral não for retirado;
Que desenvolva, por todos os
meios ao seu alcance, as iniciativas
necessários para que, na Ordem Ju-
rídica Portuguesa, os Compromissos
das Misericórdias tenham um estatu-
to idêntico ao das suas congéneres e
irmãs do Brasil, da Itália, da Espanha
e do Luxemburgo, nomeadamente
no que respeita à propriedade e dis-
ponibilidade plena dos seus Bens, e
à autonomia total de gestão;
Que solicite ao Presidente da
Confederação Internacional das Mi-
sericórdias, Senhor Dr. Manuel de
Lemos, que coloque esta questão
a toda a Confederação e a todas as
Misericórdias do Mundo.
O Conselho Nacional da UMP re-
afirma a eclesialidade do movimen-
to das Misericórdias Portuguesas, a
sua disponibilidade para colaborar
na actividade pastoral da Igreja, em
caridade cristã e em solidariedade
comosquemaisprecisamnorespeito
pelasuatotalautonomiaenatureza.”
www.ump.pt outubro 2010 vm 5
Quero começar por dizer que sou ca-
tólico, apostólico, romano. Tive edu-
cação cristã e os meus valores são
os valores da minha cultura católica
e tenho pautado a minha vida pelo
respeito a esses valores. Também
não pertenço, nem quero pertencer
a nenhuma agremiação específica.
Dito isto e com estes pressupostos,
gostaria de dizer o seguinte a propó-
sito do recente Decreto Geral.
Quando o Dr. Vítor Melícias me
seduziu para desempenhar as fun-
ções de Presidente do Secretariado
Nacional da União das Misericórdias
Portuguesas e quando os Senhores
Provedores me elegeram para o pri-
meiro mandato, devo confessar que
estava muito longe de qualquer que-
rela entre as Misericórdias Portugue-
sas e a Conferência Episcopal. Não
é que desconhecesse o problema.
Tinha até bem clara toda a proble-
mática, uma vez que o Dr. Vítor Me-
lícias, ao longo dos anos em que tive
o privilégio de colaborar com ele, me
foi iniciando nas especificidades do
Direito Canónico. Mas tinha a con-
vicção/esperança de que não seria
nos meus mandatos que a questão
se agudizaria. Pelo contrário, acredi-
tava, e continuo a acreditar, até que,
com bom senso e boa vontade, será
possível estabelecer um compromis-
so duradouro nas relações entre a
CEP e as Misericórdias Portuguesas.
Deus e alguns Homens sabem
que me tenho empenhado profun-
damente nessa solução. Com a con-
vicção séria de que o problema não
é um problema de fé ou sequer des-
respeito pela Hierarquia da Igreja e
a sua autoridade, que são questões
que não se colocam, mas uma ques-
tão de Direito.
Por isso, quando alguns Senho-
res Provedores colocam a questão
em sede de respeito aos Senhores
Bispos e ao que eles representam en-
quanto Pastores, estão, com o devido
respeito, a colocar mal a questão.
A questão, repito, é de Direito e de
História.
E se me permitem, vamos então
à essência da questão.
A primeira Misericórdia Portu-
guesa foi fundada em 1498, por uma
Rainha e cem Homens Bons. E, ao
longo dos séculos, este modelo foi
repetido por todo o território nacio-
nal e pela diáspora. Isto é, que se
saiba não há nenhum caso de ne-
nhuma Misericórdia constituída por
iniciativa de um Bispo enquanto tal,
embora, certamente, em algumas
Misericórdias houve Bispos, que en-
quanto homens, integraram a lista
dos Homens Bons que fundaram a
Misericórdia. Quero com isto dizer
que, em caso algum, houve erecção
canónica por parte dos Bispos (Or-
dinário do Lugar).
O que houve mais recentemente,
nos últimos 30 anos, foram vários
Opinião
Aceitar o Decreto
tranquilamente
seria eventualmente
muito cómodo mas
corresponderia a
deitar pela borda
fora, sem mais, toda
a História que tão
bem está descrita no
Portugaliae Monumenta
Misericordiarum.
Misericórdias, nos
últimos 10 anos,
cresceram como nunca
o tinham feito antes,
assumindo-se como
as mais importantes
Instituições de
desenvolvimento local
As principais
consequências, se
se aceitar que são
Associações Públicas
de Fiéis, têm a ver com
a sua autonomia no
que respeita aos Bens e
Órgãos Sociais.
decretos formais dos Senhores Bis-
pos a reconhecer às Misericórdias
personalidade jurídica na Ordem
Canónica. Porque na Ordem Civil,
as Misericórdias sempre tiveram per-
sonalidade jurídica (não é possível
viver 500 anos sem personalidade
jurídica!).
Esta circunstância, aliada à revi-
são do Código de Direito Canónico,
em 1983 que, entre outras novida-
des, divide as Associações de Fiéis
em Associações Públicas e Asso-
ciações Privadas, veio criar alguma
confusão em muitos espíritos. Desde
logo, em que subdivisão incluir as
Misericórdias? E sobre essa matéria
se debruçaram muitos civilistas e
canonistas, tendo, a maioria esmaga-
dora, concluído que as Misericórdias
são Associações Privadas de Fiéis.
Não foi esse, infelizmente, o en-
tendimento de alguns sectores da
CEP, que passaram a sustentar que
as Misericórdias são Associações Pú-
blicas de Fiéis. Mas, é dever da ver-
dade dizer que, desde 1983 até aos
nossos dias, muitíssimos Ordinários
aceitaram que as Misericórdias se
definissem como Associações Priva-
das de Fiéis ou, mais simplesmente,
como Associações de Fiéis. Tenho
para mim até, e nisto divirjo da maio-
ria da doutrina, que as Misericórdias,
vista a sua História penta secular, os
usos e costumes e, sobretudo, a sua
Missão, se deveriam simplesmente
designar como Associações de Fiéis
(o que, de resto, o Código permite e
está consagrado na maioria esmaga-
dora dos Compromissos das Miseri-
córdias Portuguesas). E, mais uma
vez, esclarecer que esta qualificação
não foi obstáculo ao crescimento
das Misericórdias Portuguesas que,
seguramente nos últimos 10 anos,
cresceram como nunca o tinham
feito antes, assumindo-se como as
mais importantes Instituições de de-
senvolvimento local, em Portugal.
Ora, desde a minha Posse, em
2006, que procurei estabelecer um
compromisso com a CEP, compro-
misso sempre balizado pelas deli-
berações das Assembleias-Gerais da
UMP, pela lei do Estado Português
e pela História das Misericórdias.
Infelizmente, porém, a CEP não se
mostrou sensível às minhas pro-
postas e aprovou e fez publicar o
Decreto Geral.
Neste contexto, importa, pois,
que os Senhores Provedores tenham
bem presente o que significa para
a vida das Misericórdias ser uma
Associação Pública de Fiéis e tam-
bém se o Decreto se aplica ou não às
Misericórdias já existentes.
As principais consequências
para as Misericórdias, se se aceitar
que são Associações Públicas de Fi-
éis têm a ver com a sua autonomia,
nomeadamente no que respeita à
disponibilidade dos Bens e ao pro-
cesso de indicação e eleição dos seus
Órgãos Sociais.
No que respeita aos Bens, a sua
disponibilidade fica completamente
nas mãos do Ordinário. Isto é, por
exemplo, a Mesa pode decidir pro-
por à Assembleia-Geral a alienação
de uma propriedade, e esta aprovar
por unanimidade a proposta mas, se
o Ordinário não concordar, a aliena-
ção não se faz (é legítimo perguntar,
então para que serve a Assembleia-
Geral?). E como compatibilizar tudo
isso com o Decreto-Lei nº 119/83
que, entre os poderes que confere à
Assembleia-Geral, está precisamente
o de deliberar sobre esta matéria?
A outra questão tem a ver com
a eleição dos Órgãos Sociais. É que
se as Misericórdias forem Associa-
ções Públicas de Fiéis, as listas con-
correntes têm de ser previamente
aprovadas pelo Ordinário que assim
decide quem pode concorrer e, logo,
condiciona definitivamente o resul-
tado. Por isso, algumas declarações
recentes de que não será permitido
aos Autarcas e outros responsáveis
políticos concorrer, uma vez que não
passarão na avaliação prévia.
Devo dizer, a este respeito, que
o que me choca nesta posição é que,
para além de a considerar uma into-
lerável restrição dos direitos demo-
cráticos dos cidadãos portugueses no
pós 25 de Abril e do atestado de me-
noridade passado às Assembleias-
Gerais, esta postura revela uma
desconfiança profunda em relação
aos políticos católicos. Não consigo
perceber, porque até vai contra as
orientações que o Papa Bento XVI
nos deixou na Sua visita a Portugal.
O segundo ponto tem a ver com a
aplicabilidade do Decreto. O cânone
nº 9 do Código do Direito Canónico
é explícito em dizer que a Lei não é
retroactiva. E o e-mail da CEP, envia-
do às Misericórdias no passado 28
de Setembro, confirma isso mesmo.
Apenas refere que, já em 1989, a CEP
tinha feito uma Declaração sobre
a matéria. Ora, para além de uma
Declaração não ter qualquer valor na
Ordem Jurídica Canónica, a verdade
é que não é admissível pensar que
um decreto de 2010 se aplica retroac-
tivamente a Misericórdias fundadas
a partir de 1498. Era retroagir uma
Lei mais de 500 anos!!!
Como se vê por esta nota ne-
cessariamente breve, esta matéria é
muito complexa e não pode ser trata-
da nem leviana nem unilateralmen-
te. Reparem que ainda não abordei a
matéria da relação das Misericórdias
com o Estado que se cruza com esta
e que deixarei para um próximo nú-
mero. Foi, aliás, por tudo isso que,
em tempos, o Dr. Melícias propôs
à CEP a criação de uma Comissão
Mista. Não para regulamentar um
qualquer decreto, como vem agora
sugerir a CEP no já referido e-mail,
mas para estudar toda esta matéria
que, repito, é delicadíssima. É por
isso que, como escrevi na primeira
carta que dirigi aos Senhores Pro-
vedores, que neste momento, cada
um deles é mais do que a sua pró-
pria circunstância. Aceitar o Decreto
tranquilamente seria eventualmente
muito cómodo mas corresponderia
a deitar pela borda fora, sem mais,
toda a História que tão bem está
descrita no Portugaliae Monumenta
Misericordiarum.
Apetece-me adaptar Fernando
Pessoa: “Vós aqui ao leme, são mais
do que vós!”
A terminar por agora esta primei-
ra abordagem, gostaria de reafirmar
a total disponibilidade das Miseri-
córdias para encontrar uma solução
equilibrada, séria e justa para ambos
os lados.
Como todos os Provedores de
Portugal sabem, as Misericórdias são
hoje grandes empresas, responsá-
veis pelo emprego de milhares de
pessoas e dedicadas a ajudar quem
precisa. Isto é o que nenhuma das
partes pode pôr em causa. Isto é o
que legitima a actividade da UMP e
o mandato que os seus Órgãos So-
ciais receberam dos Provedores de
Portugal.
Por isso intitulei esta série de
artigos por “O Dever da Verdade”,
porque tenho o dever de informar
os Senhores Provedores e todos os
Órgãos Sociais da verdade.
De boa fé e com a coragem e
tranquilidade que a Razão confere.
(continua)
Manuel de Lemos
Presidente da UMP
O dever
da verdade
21,4% em privação material
Segundo Instituto Nacional de Estatística, em 2009, 21,4% dos portugueses
sentiram dificuldades em pagar as rendas, manter a casa aquecida ou fazer
uma refeição de carne ou peixe de dois em dois dias
O Prof. Medina Carreira e o Dr.
Ricardo Costa escreveram um livro
com este título, que à época foi
considerado pessimista e irrealista.
Hoje, esta verdade é o nosso
quotidiano
em acção
www.ump.pt6 vm outubro 2010
Misericórdias integraram
jornadas do património
Durante três dias, cerca de 400 entidades portuguesas — públicas e privadas — integraram
as Jornadas Europeias do Património. Entre elas, duas Santas Casas: Ericeira e Pavia
Durante três dias, cerca de 400 en-
tidades portuguesas — públicas e
privadas — organizam 620 activida-
des que se realizaram em 248 sítios
localizados em 225 concelhos, no
âmbito das Jornadas Europeias do
Património. Sob o tema “Património
— Um mapa da História”, a inicia-
tiva do Conselho Europeu contou
também com a participação de duas
Misericórdias: Ericeira e Pavia.
“Que fixe!” ou “professora, isso
está em latim, não está?” foram al-
gumas das reacções dos jovens, com
idades entre os 10 e 12 anos, que
visitaram o Museu da Misericórdia
Bethania Pagin
da Ericeira. No dia em que começa-
ram as jornadas, a atenção naquela
localidade foi toda dedicada aos mais
pequenos.
Já era a segunda visita do dia.
Durante a manhã, crianças mais
jovens — dos oito aos 10 anos —
foram brindadas com um ateliê de
pintura, orientado pelo pintor Rui
Pinheiro. Da parte da tarde, cerca de
40 meninos da Escola EB 23 António
Bento Franco aprenderam um ofício
muito típico daquela localidade li-
gada ao mar, os nós de marinheiro.
Os trabalhos foram orientados pelo
Mestre Zé, pescador da Ericeira, e
por Normando Sereno, comandante
da marinha.
A actividade decorreu numa das
salasdomuseu,ondeasreferênciasàs
tradiçõesdaEriceirasãoevidentes.Ao
centro, um barco que recorda a fonte
do sustento das gentes dali. Divididos
em dois grupos, os miúdos estavam
em alvoroço. Observados pelas pro-
fessoras, os mais pequenos viam o
universo da vida ligada ao mar con-
cretizar-se em diversos tipos de nós.
Momentos antes, o grupo foi
recebido pelo vice-provedor da Mi-
sericórdia da Ericeira. Para José Gui-
lherme Durão, preservar e divulgar
a identidade local é fundamental,
especialmente num mundo globali-
zado. Além disso, a própria identi-
dade da Santa Casa é apresentada a
Alémdeummuseu,aSantaCasadaMi-
sericórdia da Ericeira é detentora ainda
deumvastoarquivo.Odocumentomais
antigodatade1446.Emconversacom
o VM, António Silva Gama explicou que
muitos documentos vieram para pos-
se da Santa Casa durante o período da
implementação da República. “Vieram
para Misericórdia para não serem des-
truídos”,comentou.Outrodocumentoa
merecer destaque pelo nosso anfitrião
data de 1487 e está assinado por D.
João II. “Era concedida a posse de ter-
renos a um senhor da Ericeira. Curiosa-
mente,trêsouquatroséculosdepois,os
terrenos vieram à posse da Misericór-
dia”. Aquele responsável contou ainda
que o arquivo é frequentemente pro-
curado por historiadores. “Há exemplo
de pessoas que encontram aqui docu-
mentos que não encontraram na Torre
do Tombo”, concluiu.
Além da Santa Casa da Misericórdia da
Ericeira, outras congéneres também
integraram as Jornadas Europeias do
Património. Pavia e Arcos de Valdevez
juntaram-se à iniciativa com uma pro-
gramação variada que foi das romarias
aos concertos musicais. Ver página se-
guinte.
Documento mais antigo é de 1446
Museu da Ericeira
recebeu crianças
e jovens
www.ump.pt
Cortes nos subsídios
Em 2011, caso seja aprovado o Orçamento de Estado, os subsídios
de férias e de Natal também estarão sujeitos ao corte entre 3,5
e 10 por cento, desde que tenham um valor superior a 1500 euros.
outubro 2010 vm 7
todos aqueles que visitam o museu.
No que diz respeito às Jornadas,
aquele dirigente destacou ao VM
que não obstante a valorização do
património, a iniciativa aproxima as
instituições das comunidades onde
estão inseridas.
E finalmente chega a hora da
visita ao museu. Aos poucos, as
professoras, sempre acompanhadas
pela mesária Maria Teresa Carvalho,
foram reunindo os meninos todos na
sala que dá acesso ao espaço onde
a Misericórdia de Ericeira não só
divulga, mas também protege, um
espólio rico que conta a história da
localidade.
Cada sala, uma história. Acom-
panhados por um dos mesários,
António Silva Gama, as crianças
tiveram oportunidade de ouvir as
histórias que davam vida às peças
que lá estão. Entre elas, uma espada
chama a atenção. “Foi do fundador
da Misericórdia da Ericeira. Um ca-
valeiro da Ordem de Cristo chamado
Francisco Franco. Esteve enterrada
durante muitos anos, mas consegui-
mos recuperá-la”, explicou António
Silva Gama aos meninos que ali es-
tiveram durante alguns momentos a
admirar aquela peça.
Sala do despacho, biblioteca e
igreja são alguns dos espaços que se
seguem. Com o museu só para elas,
as crianças comentaram e pergun-
taram, apesar de alguma distracção
provocada pela nossa máquina fo-
tográfica.
Além dos mais jovens, a San-
ta Casa da Misericórdia da Ericeira
também promoveu actividades dedi-
cadas aos mais crescidos. Nos dias
25 e 26, uma prova de vinhos e um
concerto, acompanhados de visitas
guiadas ao museu, concretizaram as
Jornadas Europeias do Património
naquela localidade.
Durante seis anos o museu es-
teve fechado ao público, mas agora
reabriu portas à comunidade através
dos esforços da actual mesa admi-
nistrativa. Sobre a realidade daque-
le espaço, Maria Teresa Carvalho e
António Silva Gama são unânimes
em afirmar que seria necessário um
investimento avultado para propor-
cionar as melhores condições a todo
o espólio da Santa Casa. Contudo,
recordam, a instituição não pode
perder de vista a sua missão essen-
cial, que é apoiar os carenciados, e
os apoios de outras entidades não
tem sido fácil de obter.
“ “
Há coisas que não
conhecemos nos museus.
Por isso, quando vimos cá
aprendemos coisas novas
José Maria
12 anos
Deveríamos olhar mais
pelo património, mas
isto nem sempre é possível
Cristina Bernardo
Misericórdia de Paiva
Acorde perfeito entre
música e comunidade
Misericórdia de Pavia
integrou as Jornadas
Europeias do Património.
O ritmo dos bombos
não deixou indiferente
a comunidade local
O arrojo dos ritmos dos bombos e a
mestria dos grupos de música não
deixaram indiferentes os populares
de Pavia. Nos dias 24, 25 e 26 de
Setembro no âmbito das Jornadas
Europeias do Património, a iniciativa
que procura sensibilizar a população
para a importância do património,
voltou a ser comemorada na vila
alentejana, desta vez com muita mú-
sica à mistura.
O evento foi preparado pela
Santa Casa da Misericórdia de Pavia
e contou com o apoio da Câmara
Municipal de Mora, da Junta de Fre-
guesia de Pavia e do IGESPAR, que
organizou as jornadas.
A comemoração teve início na
sexta-feira, dia 24, com a inaugu-
ração da exposição “Envelhecer a
recordar”. Logo a entrada, alguns
versos do Fernando Pessoa reflec-
tiam bem o espírito do evento e con-
vidavam a reflexão: “Não importa se
estação muda, se o século vira, se o
milénio é outro, se a idade aumenta.
Conserva a vontade de viver. Não se
chega a parte alguma sem ela.”
De facto, os alentejanos não dei-
xaram nada em mãos alheias e nesta
exposição recuperaram dos baús as
memórias mais antigas, sendo visí-
veis vários objectos que nos levam a
recordar os tempos que já passaram.
Além disso, a exposição apresentou
vários trabalhos manuais realizados
pela população local como rendas e
bordados. Segundo os guias presen-
tes na exposição, Lúcia Carvalho e
João Alves, “a reacção da população
foi muito positiva” e todos os visi-
tantes encontraram sempre alguns
objectos de interesse.
Uma das organizadoras do even-
to, a assistente social da Santa Casa
da Misericórdia Estela Ramos, con-
firmou que o acolhimento da exposi-
ção, por parte da população local, foi
tão caloroso que a iniciativa poderá
mesmo a ser repetida em Outubro,
altura da comemoração do mês do
idoso.
No sábado o grupo “Toca a
Bombar”anunciou o início da festa.
Durante trinta minutos jovens e ido-
sos partilharam emoções marcadas
pelo ritmo forte do instrumento de
percussão. Logo a seguir o grupo da
Escola de Música da Câmara Mu-
nicipal de Mora subiu ao coreto e
alegrou a noite alentejana.
A directora da área social da Mi-
sericórdia de Pavia, Cristina Bernar-
do, salientou a importância deste
tipo de iniciativa: “há cerca de seis,
sete anos que fazemos actividades
nesta área porque consideramos que
é uma altura própria para divulgar o
nosso património – não só o nosso
património físico (como é o caso da
igreja da Misericórdia) mas também
é uma forma de divulgar outras for-
mas do nosso património. A música
é uma delas e aqui em Pavia nós
contamos com o grupo Cantares que
faz a recolha de temas tradicionais
e é uma forma de não deixar morrer
este património.”
Cristina Bernardo destacou ainda
que “ao longo de todo o ano nós de-
veríamosolharmaispelopatrimónio,
mas se isto nem sempre é possível,
pelo menos nesta altura podemos
aproveitar para alertar as pessoas
para a importância da salvaguarda,
preservação e valorização do patri-
mónio, pois faz parte da memória do
nosso povo. Este evento é um conju-
gar de patrimónios e a Santa Casa da
Misericórdia de Pavia valoriza muito
todasasformasdepatrimónioetenta
diversificar as suas actividades: nós
temos os nossos equipamentos, mas
nós temos que inovar”.
O concerto oferecido pelo grupo
musical Cantares da Santa Casa da
Misericórdia de Pavia encerrou, no
dia 26, as comemorações.
Adriana Mello
O ritmo dos bombos
alegrou Pavia
8 vm outubro 2010 www.ump.pt
em acção
Terceiro sector indispensável
para a coesão social
União das Misericórdias
está a mobilizar as Santas
Casas em torno da questão
da pobreza e da exclusão
social. Sector social
é decisivo
Portugal detém a condição de país
mais desigual da União Europeia e de
portador de maior índice de pobreza
relativa.Opaísdestaca-se,ainda,pela
piorposiçãoquandosefaladepobreza
persistente. Por isso, e no âmbito do
AnoEuropeudeLutaContraaPobreza
e a Exclusão Social, o Gabinete de Ac-
Bethania Pagin
ção Social da União das Misericórdias
PortuguesasestáamobilizarasSantas
Casas em torno deste tema.
Um dos objectivos desta iniciati-
va, lê-se no documento daquele ga-
binete, é sensibilizar as instituições
para o facto de que “sem terceiro
sector, ou com um terceiro sector
frágil, qualquer política de inclusão
social e de coesão social, tendo por
base as actuais lógicas e dificuldades
do nosso Estado-Providência, dificil-
mente será viável”.
“Não é por acaso que a Cons-
tituição da República Portuguesa
consagra a protecção do sector co-
operativo social (artigo 80º) como
um dos princípios fundamentais
passos, continua o documento, é dis-
tinguir os termos. “A pobreza é uma
das dimensões, talvez a mais visível,
daexclusãosocial”.Enquantopobreza
é sobretudo um processo estático, a
exclusão é um processo dinâmico, as-
sociado a uma trajectória que conduz
àmarginalização.“Aexclusãorecobre
situações de precariedade e situações
de risco e afecta cada vez mais indiví-
duos, provenientes de um leque cada
vez mais amplo de grupos sociais”.
Este documento já foi apresen-
tado publicamente em reuniões de
alguns Secretariados Regionais e, até
ao fim deste ano, o Gabinete de Ac-
ção Social estará presente em outros
encontros oficiais das Santas Casas.
da organização económico-social.
O sector precisa de ser protegido,
porque tem uma natureza específica,
porque é diferente, nos seus fins, nos
seus meios e princípios.”
A solidariedade, lê-se, “é uma
imagemdemarcadaUniãoEuropeia.
Os modelos europeus de sociedade e
de previdência tem por objectivo in-
trínseco fazerem com que as pessoas
beneficiem do progresso económi-
co e social e para ele contribuam. A
missão das Misericórdias tenderá a
manter-seatodoocustoadaptandoa
visãoemconformidadecomosnovos
fenómenos sociais e as necessidades
específicas das populações”.
Para o efeito, um dos primeiros
Emprego
Segundo o Gabinete de Acção Social da
UMP, na génese de grande parte das re-
alidadesdeexclusãosocialestãosituações
de falta ou precariedade de emprego. Daí
quedevasercadavezmaiorapreocupação
políticadepromoveracçõesdeincentivoao
empregoedecombateaodesemprego.
Habitação
A questão da habitação é igualmente
importante. Para aqueles especialistas, é
essencial garantir o acesso à habitação.
“Em vez de bairros sociais dar incentivos
para a disseminação das pessoas sem
habitação ou com habitação precária
em todo o lado, com políticas de apoio
ao arrendamento social.
Estrutura familiar
Também as estruturas familiares, os va-
lores e as estruturas sócio-demográficas
se alteraram substancialmente e devem
ser tidas em consideração quando o ob-
jectivo é tentar combater a pobreza e a
exclusão social. A queda acentuada da
família numerosa, o aumento do núme-
ro de famílias monoparentais, da taxa
de divórcios e dos nascimentos fora do
casamento, entre outros, devem ser as-
pectosateremconta.“Asacçõesdirectas
às famílias deverão ser adaptadas a esta
nova realidade já que as actuais medidas
dogovernoenquadram-senomodelode
família nuclear base, esquecendo todas
as outras tipologias”.
Envelhecimento
Porúltimo,enãomenosimportante,está
a questão do envelhecimento. “Com a
nova forma de gestão dos problemas
sociais, resultantes da velhice e do enve-
lhecimento demográfico, os conflitos de
interesses reduzem-se a confrontações
entre responsáveis político-administra-
tivos e especialistas de instituições, num
processo que se tem verificado bastante
lento”.
Recorde-seque,jáem1999,oINEaler-
tava para o facto de que a reforma dos
sistemas públicos de pensões deveria
ser equacionada à luz da estratégia de
envelhecimento activo, tendo em conta
o aumento da longevidade, o valor eco-
nómico dos recursos humanos mais ido-
sos e a necessidade de novas prestações
pecuniárias e não pecuniárias orientadas
para a dependência crónica dos mais
idosos entre os idosos. “É que todas as
gerações tem a ganhar com a adopção
de políticas que tenham o objectivo de
promover a autonomia e diminuir a de-
pendência e a incapacidade das pessoas
idosos, uma vez que tal contribuirá para
conciliarasaspiraçõesdaspessoasidosos
a uma vida longa e de qualidade, com as
legítimas preocupações da sociedade no
quedizrespeitoáminimizaçãodoscustos
doenvelhecimentodemográfico”,conclui
o documento.
Factores de exclusão social
Pobreza é a face
visível da exclusão
social
Qualidade é
indispensável
no combate
à pobreza
Para fazer face à pobreza
e à exclusão social, é
imperativo compreender
que sustentabilidade
pressupõe credibilidade
e qualidade
Para fazer face aos desafios da pobre-
za e da exclusão social, é imperativo
compreender que a sustentabilidade
pressupõe credibilidade e qualidade
das acções sociais. De acordo com o
Gabinete de Acção Social da União
das Misericórdias Portuguesas, é im-
prescindível uma estratégia.
Segundo aquele gabinete, “as
Misericórdias sentem já o desequi-
líbrio no tríptico “sustentabilidade
— qualidade — participação” e “o
futuro aponta para alguns desafios
à gestão social, desafios estes que
necessitamos ter em conta para ga-
rantir a continuidade do papel das
Misericórdias no combate á exclusão
e pobreza social”.
“É crescente a compreensão de
que o poder público não consegue
suprir, sozinho, todas as exigências
sociais e de que, embora seja insubs-
tituível em funções regulatórias, ne-
cessita actuar em parceria com as
organizações da sociedade civil no
atendimento às necessidades básicas
da população, sobretudo a camada
de mais baixo poder económico”.
Aquele gabinete recorda ainda
que “toma corpo na sociedade a
consciência de que as práticas so-
lidárias devem fortalecer a autono-
mia das comunidades e capacitá-las
para resolver os seus próprios pro-
blemas”. Nesse cenário, continuam,
emergem novas possibilidades de
acção e de sustentabilidade das or-
ganizações sociais. “Definir uma
estratégia para enfrentar desafios e
aproveitar oportunidades desse novo
cenário é, hoje, um imperativo para
as Misericórdias”.
No que se refere aos caminhos a
seguir, o GAS destaca, entre outros,
queaincorporaçãodaplanificaçãoes-
tratégicanagestãosocialéincontorná-
vel.Também“énecessárioreforçaras
práticasgestionáriasedefinirmodelos
organizacionais claros, experimentar
práticasfundadasnaparceriaecoope-
ração”, conclui o documento.
Recentemente, o combate à po-
breza e à exclusão social marcaram
a agenda nacional num evento que
reuniu centenas de organizações por
todo o país, entre elas, as Misericór-
dias da Amadora e do Porto.
Ver página seguinte
Bethania Pagin
outubro 2010 vm 9www.ump.pt
2,5 planetas para Portugal
Seriam necessários dois planetas e meio para suportar o estilo de vida
dos portugueses, se toda a população mundial vivesse da mesma forma.
Mas pegada ecológica caiu entre 2005 e 2007. Os dados são da WWF.
em acção
Amadora e Porto na
luta contra a pobreza
O evento “24 Horas pelo
Combate à Pobreza e à
Exclusão Social” reuniu
centenas de organizações,
entre elas, as Misericórdias
da Amadora e do Porto
O evento “24 Horas pelo Combate à
Pobreza e à Exclusão Social”, que de-
correu a 6 de Outubro, reuniu cente-
nas de organizações que, ao longo do
país,organizaramdiversasactividades
para sensibilizar a comunidade. As
Misericórdias da Amadora e do Porto
também se associaram à iniciativa.
Na Amadora, um ateliê de costu-
ra marcou a iniciativa com crianças
e jovens de contextos desfavoreci-
dos e quatro idosos do centro de
dia daquela Misericórdia. A tarde
iniciou-se tímida, lenta mas numa
sinestesia de emoções. Aos poucos
e poucos os jovens foram ocupan-
do as cadeiras dispostas na sala do
ateliê, em redor de um manequim
que, mais tarde, faria o seu papel
solene de preparação de fatos. Cada
um, com a sua caixa de costura, foi
arriscando, devagar, dar os primeiros
passos naquela que se tornaria uma
tarde cheia de coisas novas.
Mergulhados na pilha de roupas
e tecidos ao dispor, os jovens absor-
veram os conhecimentos ancestrais
das artes da costura e confecção.
Quatro senhoras deliciavam-se com
os sorrisos das crianças que, atenta-
mente escutavam as suas palavras
e seguiam, com olhares plenos de
curiosidade, os dedos enrugados que
descreviam as linhas para se coser.
Com mais ou menos confusão, o
grupoiaabrindoasasàsuaimaginação
e desenhava potenciais fatos, escolhia
as cores que mais se identificassem
com o logótipo da acção, pensava e
discutia palavras alusivas ao tema.
Em alguns momentos, pela rapi-
dezdeprocessamentoeesquecimento
de algumas informações, os monito-
res reforçavam as ideias relacionadas
comotemacentraldaactividade.Tom
sobre palavra. Palavra sobre acção.
Acções para combater – em paz - a
pobreza e a exclusão social.
No Porto, diversas iniciativas
marcaram o dia. Um stand da San-
ta Casa, localizado na Avenida dos
Aliados, ofereceu atendimento psi-
cossocial, despiste glicémico e da
tensão. Já nas instalações da Mise-
ricórdia, durante a tarde teve lugar
uma tertúlia sob o tema “Envelhecer
com Qualidade” sob a orientação
de Constança Paúl, professora uni-
versitária e investigadora no âmbito
do envelhecimento activo. A noite
foi dedicada aos mais jovens, com
a exibição de um filme sobre a pro-
blemática da institucionalização de
crianças e jovens.
Ver página 8
Vila Flor com 201 empregos
Misericórdia de Vila Flor, no distrito de Bragança,
é a instituição que mais gente emprega.
Instalada num concelho com cerca
de sete mil habitantes, a Misericórdia
de Vila Flor, no distrito de Bragança,
é a instituição que mais gente em-
prega. Em todos os equipamentos
trabalham 201 pessoas.
“Amaiorpartedosnossosfuncio-
nários está no quadro. Apenas uma
meia dúzia foi colocada através do
Centro de Emprego”, orgulha-se, em
declarações ao Jornal de Notícias, o
provedor da Santa Casa de Vila Flor,
Vítor Costa, realçando assim a im-
portância que a instituição assume
no concelho.  
O pessoal está distribuído por 33
respostassociais:seislares,novecen-
tros de dia, uma unidade de cuidados
continuados com 29 camas, jardim-
de-infância, empresas de inserção e
apoio domiciliário, entre outros.
Entre as empresas, destaque
para a padaria. Criada para abaste-
cer de pão e pastelaria as unidades
da instituição, serve 500 refeições
diárias, mas neste momento também
já vende ao público. “É uma forma
de gerar alguma receita”, justifica
Vítor Costa.
Ateliê de costura
marcou iniciativa
na Amadora
A UNIÃO PARA AS SANTAS CASAS
Centro de Formação
Profissional
O Centro de Formação Profissional da
UMP, constituído em 1996, veio dar
resposta a um conjunto de preocupa-
ções das Misericórdias Portuguesas,
conscientes da necessidade de recur-
soshumanosdevidamentequalificados.
Percorrido um caminho de progressi-
va evolução nas respostas formativas
que foi disponibilizando, o Ceforcórdia,
afirmou-se como uma das principais
Linhas de Serviço que a UMP oferece
às suas associadas.
Não é alheio a esta situação o facto
de as Misericórdias estarem cada vez
mais empenhadas na qualidade, pois,
para uma prestação de bons serviços,
a formação, motivação e qualificação
dos trabalhadores, são factores indis-
sociáveis. Contribuiu igualmente para
este desempenho do Ceforcórdia o ex-
pressivo apoio de fundos comunitários
e do Instituto do Emprego e Formação
Profissional. Só através de candidatu-
ras apresentadas regularmente aos
quadros comunitários de apoio e pela
contribuição anual do protocolo de co-
laboração com o IEFP, foi possível atin-
gir elevados níveis de execução da for-
mação profissional estimando-se que,
até este ano, tenhamos atingido um
volume de mais de vinte mil pessoas
envolvidas em processos de formação.
Actualmente o Ceforcórdia desenvol-
ve a sua actividade disponibilizando, a
todas as Misericórdias, varias ofertas
formativas tendo a preocupação de
abranger a diversidade de profissionais
que diariamente actuam nas institui-
ções. Temos igualmente uma preo-
cupação em disponibilizar formação e
informação a outros grupos actuantes
na instituição, como são os dirigentes,
voluntários e até utentes e seus fami-
liares.
O Centro de Formação conta actual-
mente com onze colaboradores que
asseguram a preparação e monitoriza-
ção de todos os processos formativos
que se desenvolvem nas Misericórdias.
No terreno, recorremos aos coordena-
dores locais da formação e a formado-
res seleccionados regionalmente.
Quanto a conteúdos formativos temos
desenvolvido esforços no sentido de
adequar as matérias aos seus directos
destinatários de acordo com as funções
que cada grupo exerce na instituição.
Nesta linha de actuação assume espe-
cial relevância a opção do Ceforcórdia
pelos referenciais do Catálogo Nacional
das Qualificações.
Referir ainda que o Ceforcórdia viu
recentemente renovada a acreditação
como entidade formadora, tendo a
DGERT valorizado e esse propósito, a
sua politica e planeamento estratégico,
a gestão dos seus recursos humanos,
os resultados e melhoria contínua assim
como as práticas e normas de conduta.
O Ceforcórdia para além de integrar
algumas plataformas de reflexão e
acompanhamento, como é o caso da
Comissão de Acompanhamento do
POPH, tem assegurado a represen-
tação das Misericórdias em projectos
como a Iniciativa EQUAL, Projecto
Novas Oportunidades, Programa de
Aprendizagem e, por último, a gestão
do Protocolo IEFP com especial des-
taque para as empresas de inserção e
medidas de emprego.
Neste espaço, apresentaremos, ao longo das próximas
edições, os diversos serviços prestados pela União das
Misericórdias Portuguesas às suas associadas
10 vm outubro 2010
Hoje será um concerto único,
com um momento alto na “rei-
nauguração” do órgão?
O momento alto será, sem dúvi-
da, o órgão recuperado, depois de
muitos anos em mau estado. Estou
muito feliz porque, estive cá a fa-
zer um programa televisivo sobre
o órgão no estado em que estava,
e talvez tenha contribuído para a
recuperação que aconteceu. Esta
recuperação devia ser um exemplo
para muitos órgãos que existem no
país e que estão ao abandono. Uma
coisa é não deitar dinheiro à rua,
outra é deitar dinheiro à rua deixan-
do estragar património. A política
portuguesa em matéria cultural
é uma política de desperdício, ao
contrário do que se pretende dar a
entender às pessoas.
Desperdício e limitações?
Desperdício e limitações, sim,
quando se limita que instrumentos
que estavam estragados e históricos
se recuperem. Desperdiçar talentos
não lhes dando trabalho. Enfim, a
política cultural em Portugal é mar-
cada pelo desperdício.
Desperdiçar talentos em que
sentido?
Nunca na história em Portugal hou-
ve tantos jovens e bons a seguir
música. Há músicos como nunca
houve, tantos e tão bons. Mas não
são aproveitados, pela tal política
do desperdício. As pessoas não sa-
bem que eles existem.
O que o move a continuar a
calcorrear o país?
O que me move é a profissão. É a
música. É ganhar a vida como pro-
fissional da música, esta é que é a
realidade. Não esquecendo que eu
não tenho reforma. Gostaria de não
ter de o fazer por necessidade, mas
faço-o.
www.ump.pt
em acção
Arouca encerra 400
anos com música
Santa Casa de Arouca
encerrou as comemorações
do 400.º aniversário
com um Concerto de
Órgão no Cadeiral do
Mosteiro de Arouca
A Santa Casa da Misericórdia de
Arouca está a comemorar o 400.º
aniversário. Ao longo do ano, foram
vários os eventos que se realizaram,
tendo o epílogo das comemorações
acontecido no passado dia 2 de Ou-
tubro, com um Concerto de Órgão
no Cadeiral do Mosteiro de Arouca,
o maior edifício português de gra-
nito. O evento contou com as pre-
senças do maestro António Vitorino
D’Almeida e do Prof. Dr. Antoine
Sibertin-Blanc, organista titular da Sé
Patriarcal de Lisboa, e de D. Manuel
Martins, bispo emérito de Setúbal.
Ao comemorar 400 anos da fun-
dação da Misericórdia de Arouca,
Vítor Brandão, provedor da institui-
ção, acredita que se vive um “virar
de página”. Em declarações à Voz
das Misericórdias, o provedor arou-
quense afirma que “a Santa Casa
Vera Campos
O mosteiro encheu-
se de convidados da
Misericórdia
atingiu o apogeu máximo de toda a
sua existência”
Do passado mais recente, Vítor
Brandão acaba por eleger a saúde
como a área que mereceu maior
investimento. Através da reestrutu-
ração do hospital, e do esforço con-
junto de várias instâncias, este res-
ponsável garante que “pela primeira
vez o povo Arouca tem à disposição
um conjunto de serviços e exames
complementares convencionados,
a custo zero ou com as respectivas
taxas moderadoras”, que nunca an-
tes estivera tão acessível. Mesmo
assim, e sublinhando que a força
interior de todos os que colaboram
com a Santa Casa permitiu que esta
se tornasse “num mini império em
Arouca ao serviço da população”, há
metas mais ambiciosas a alcançar.
“Só no dia em que sentirmos que
nenhuma pessoa de Arouca passa
dificuldades, estaremos em paz”,
refere o provedor, aludindo à extensa
área do concelho, um dos maiores da
Grande Área Metropolitana do Porto.
Depois da aposta forte no pa-
trimónio, com o restauro de todas
as peças de arte da Santa Casa, que
podem ser apreciadas na capela e
no museu da instituição, segue-se
um novo desafio. A construção de
uma creche, que nascerá junto ao
Hospital da Misericórdia, cujo con-
curso já foi lançado e a inauguração,
em breve, do Centro de Dia de Urrô.
Órgão restaurado
Com uma presença regular em
Arouca, o maestro António Vitorino
D’Almeida acabaria por confessar
alguma vaidade. “Sinto vaidade ao
pensar que, de certa maneira, par-
ticipei na recuperação deste órgão,
com mais de um século [207 anos],
através de um programa de TV que
fiz aqui”. Crítico quanto ao desperdí-
cio de verbas e maus investimentos,
o maestro lembrou que “numa época
como a nossa, esbanjar inutilmente
é erro. Mas mais errado é não tirar
proveito daquilo que temos: jovens
talentosos, património, cabeças”
Por sua vez, o organista titular
da Sé Patriarcal de Lisboa e consi-
derado um dos melhores organistas
da Europa, Antoine Sibertin-Blanc,
regressou a Arouca, onde estivera a
tocar precisamente na inauguração
do órgão, que agora sofreu restaura-
ção. “É um grande prazer para mim
tocar aqui, passados 25 anos”, refe-
riu o organista.
António Vitorino
Maestro
4P?
“Tudo faremos para
minimizar os momentos
difíceis que se antevêem
para Portugal
Vítor Brandão
As Santas Casas são
instituições de solidariedade
com identidade própria,
são espaço único de
voluntariado
D. Manuel Martins
outubro 2010 vm 11www.ump.pt
Missão cumprida no Chile
Em menos de 24 horas foram resgatados, através da cápsula Fénix,
os 33 mineiros - 32 chilenos e um boliviano - que estavam
há 69 dias presos na mina de San José, no Chile. Foi a 13 de Outubro.
em acção
Receitas nas misericórdias
Bucho Recheado
de Arganil
Ingredientes:
informação nutricional:
Preço:
DIFICUDADE:
MODO DE PREPARAção:
1 Bucho de porco
0,750 Kg Lombo de porco
,01 Kg Arroz
0,2 Kg Sangue de porco
1 Ramo de salsa
4 Dentes de alho
Sal e piri-piri quanto baste
Zerpão quanto baste
2 Dl Vinho Tinto
0,3 Kg Limão
2 (fl) louro
274,5 Kcal
7,7g Proteínas
40,2 g Hidratos de carbono
8,3g Gordura
€€€€€
,,,,,
Lave bem o bucho de porco em água
corrente e deixe de véspera com sal,
alho esmagado e limão. Corte o lombo
em pedaços pequenos e coloque em
vinha-d’alhos, com sal, alho picado, sal-
sa picada, pimenta ou pirir-piri, louro,
zerpão e vinho tinto (pode substituir
o zerpão por tomilho ou por uma pe-
quena quantidade de orégãos). Dê uma
pré-cozedura ao arroz; Junte o arroz à
carne, o sangue esfarelado e rectifique
o tempero. Lave bem o bucho e recheie
com o preparado anterior, cosa com
uma agulha e linha e leve a cozer em
água temperada com sal, louro e alho
esmagado, durante 2 a 3 horas. Duran-
te a cozedura vá picando o bucho com
uma agulha para que ele não rebente.
Sirva frio cortado em fatias.
Gestão e recursos
humanos com
maior impacto
O projecto Gestão
Sustentável I obteve
avaliação positiva. Formação
de recursos humanos foi
uma das áreas a iniciativa
teve maior impacto
O projecto Gestão Sustentável I, pro-
movido pela União das Misericórdias
Portuguesas (UMP) no âmbito do
Programa Operacional Potencial Hu-
mano, na medida Formação Acção,
obteve avaliação positiva por parte
dos provedores. No relatório final,
a formação de recursos humanos
surge como uma das áreas em que
a iniciativa teve maior impacto. Ao
todo participaram 75 Santas Casas e
já começou o segundo projecto, que
envolve uma centena de instituições.
De acordo com o relatório final,
promovido pela Associação Empre-
sarial de Portugal (AEP) enquanto
entidadeavaliadora,dadosrecolhidos
junto de 40 Misericórdias permitem
concluir que “o contributo do projec-
toparaodiagnósticodenecessidades
da organização e para a formação de
recursos humanos são os resultados
assinalados como mais intensos”.
“A gestão global, a utilização das
TIC e a estratégia da organização
surgem como o segundo grupo de
domínios de impacto forte do pro-
jecto, o que pode permitir assinalar a
pertinência do projecto, traduzida na
concretização de resultados relevan-
tes na melhoria da gestão das Miseri-
córdias”, lê-se naquele documento.
Outro aspecto destacado pela
equipa da AEP é o facto de que os
resultados finais coincidem com
as expectativas iniciais. “Este facto
permitirá concluir pela relevância
do projecto, que costuma ser enten-
dida como conseguida quando os
resultados obtidos por um projecto
vão de encontro às expectativas dos
respectivos stakeholders”.
Recorde-se que este projecto visa
aperfeiçoar metodologias de gestão
e princípios organizacionais nas Mi-
sericórdias, assim como abordar as
qualificações dos recursos humanos.
“A especificidade das Santas Casas
no panorama da economia social
portuguesa justifica que tenhamos
preocupações em disponibilizar a
estas instituições os melhores instru-
mentos de gestão e os mais adequa-
dos conhecimentos”, refere o centro
de formação da UMP - Ceforcórdia.
No projecto gestão Sustentável II estão
envolvidas as seguintes Santas Casas:
Espinho, Oliveira de Azeméis, Barcelos,
Vieira do Minho, Vila Nova de Famali-
cão, Vila Verde, Riba D´Ave, Vinhais,
Tabuaço, Miranda do Douro, Vimioso,
Vila Nova de Foz Côa, Lousada, Mar-
co de Canavezes, Paredes, Penafiel,
Unhão, Trofa, Paços de Ferreira, Arcos
de Valdevez, Melgaço, Ponte da Barca,
Valença, Viana do Castelo, Alijó, Arou-
ca, Peso da Régua, Vila Real, Armamar,
Moimenta da Beira, Resende, Tarouca,
Vale de Cambra, Anadia, Aveiro, Mea-
lhada, Oliveira do Bairro, Proença-a-
Nova, Castelo Branco, Fundão, Oleiros,
Sertã,Montemor-o-Velho,VilaNovade
Poiares, Pampilhosa da Serra, Tábua,
Guarda,Manteigas,Meda,Sabugal,An-
sião, Caldas da Rainha, Leiria, Óbidos,
Alenquer, Arruda dos Vinhos, Sobral
de Monte Agraço, Abrantes, Constân-
cia, Porto de Mós, Mação, Castro Daire,
S. Pedro do Sul, Confraria da Nazaré,
Aljustrel, Alvito, Beja, Moura, Odemira,
Cuba, Alcáçovas, Évora, Mora, Pavia,
Vendas Novas, Cabrela, Azambuja,
Avis, Castelo de Vide, Alegrete, Cabeço
de Vide, Monforte, Sousel, Almeirim,
Fronteira, Gavião, Rio Maior, Torres
Novas, Grândola, Torrão, Alvor, Loulé,
Olhão e Tavira.
Santas Casas no segundo projecto
Estarreja
conta 75
anos
em livro
A edição é um estudo
histórico da autoria de
Marco Pereira e conta
com diversos testemunhos,
entre eles, a provedora,
Rosa Figueiredo
A Santa Casa da Misericórdia de Es-
tarreja está a completar os 75 anos de
existência. Nos dias 22 e 23 de Ou-
tubro, história e reflexão marcaram
o tom das comemorações.
De acordo com a provedora, Rosa
Figueiredo, o dia 22 contou com uma
palestra proferida pelo Professor
Daniel Serrão subordinada ao tema
“Reflexão Médica e Ética sobre a Eu-
tanásia”. “Tema bastante pertinente e
fracturantenasociedadeportuguesae
queseráconcertezaumgrandecontri-
butoparareflexão”,afirmouarespon-
sável sobre a iniciativa que decorreu
na Biblioteca Municipal de Estarreja.
No dia seguinte, 23 de Outubro,
foi lançado o livro “História da Santa
Casa da Misericórdia de Estarreja”. A
cerimónia teve lugar na Câmara Mu-
nicipal daquela localidade. A edição
é um estudo histórico da autoria de
Marco Pereira e conta com diversos
testemunhos, entre eles, a provedo-
ra, Rosa Figueiredo.
Segundooautor,“noiníciode1923
começavamosesforçosparaacriação
de uma Misericórdia e um Hospital.
Não tardou que se juntassem as elites
doconcelhodeEstarrejanumagrande
reunião. No entanto os entusiasmos
esmoreceram pouco tempo depois e
as comissões ficaram definitivamente
inactivas”. E foi, portanto, em 1926
queoViscondeseSalreu,enriquecido
no Brasil e benemérito na terra natal,
ficousensibilizadoeprometeucustear
a construção do hospital.
“Construído entre 1926 e 1935, o
Hospital Visconde de Salreu era con-
siderado nos primeiros anos um dos
melhores do país, possuindo equipa-
mentos e características avançados
para a época. Salazar, que o visita
em 1935, mostra-se impressionado
com o que vê”, refere Marco Pereira.
A edição “História da Santa Casa da
Misericórdia de Estarreja” faz ainda
o levantamento de todos provedores
que passaram por aquela instituição.
No dia 23, as comemorações
ficaram ainda marcadas por uma
eucaristia.
Misericórdia de Estarreja
está a completar os 75 anos
de existência. História
e reflexão marcaram
o tom das comemorações
www.ump.pt
em acção
12 vm outubro 2010
Economia familiar e bem-estar
na horta social da Trofa
Misericórdia da Trofa
inaugurou uma horta social.
Para além da importância
na economia familiar, este
espaço é uma mais-valia
para a saúde
A Santa Casa da Misericórdia da Tro-
fa inaugurou recentemente a horta
social “O Meu Cantinho de Terra”.
Para além da importância na eco-
nomia familiar, este espaço é uma
mais-valia para a saúde, uma vez
que os “agricultores” apenas podem
produzir produtos biológicos.
De acordo com o jornal Notícias
da Trofa (NT), a horta social da Mise-
ricórdia pretende ser uma ajuda para
os trofenses que mais precisam e que
podem, desta forma, economizar al-
guns euros no supermercado. Gorete
Sousa é um dos muitos exemplos de
pessoasquevãousufruirdainiciativa.
Mãe de cinco crianças, Gorete
actualmente vive em S. Martinho
de Bougado e vai contar com a
sabedoria da mãe, Adelina Alves,
para cuidar do seu cantinho de terra.
“Eu tive conhecimento deste espaço
através do meu técnico - de Acção
Social - e disse logo que estava in-
teressada, porque somos muitos em
casa. Tenho cinco crianças, portanto
gastamos muitas hortaliças e se eu
puder cultivar em vez de comprar
é muito melhor para nós: poupa-se
dinheiro, ocupa-se mais o tempo e
os produtos têm mais qualidade do
que se forem comprados na feira
ou no mercado”, explicou. Gorete
considera esta oportunidade “muito
boa”, mas “muito rara”.
Amadeu Castro Pinheiro, prove-
dor da Santa Casa da Misericórdia da
Trofa, acredita que este projecto vai
“ao encontro da pretensão de muitos
casais e de muitas famílias que gosta-
riamdeterumbocadinhodeterrapara
agricultura e que, por motivos vários,
não têm essa possibilidade”. “Vimos,
realmente,aoencontrodaquiloqueas
pessoas precisavam”, afirmou.
A horta social é um local onde
as diferenças são esquecidas: portu-
gueses, imigrantes de Leste, paquis-
taneses e pessoas de etnia cigana
partilham a mesma terra. O provedor
recordou uma conversa com uma
mulher de etnia cigana que lhe dizia
que na horta social “se sentia igual
aos outros”.
O Meu Cantinho de Terra conta
com a parceria de várias entidades,
empresaseassociaçõescomoaADAP-
TA (Associação para a Defesa do Am-
biente e do Património da Trofa).
Barcelos
inaugura
serviço de
hidroterapia
Serviço de hidroterapia
da Misericórdia de
Barcelos inclui uma
piscina terapêutica em
temperatura ambiente de
36º, única no concelho
Dentro de dois anos, a Santa Casa da
Misericórdia de Barcelos vai ter uma
nova unidade de cuidados continu-
ados integrados (UCCI). O anúncio
foi feito a 8 de Outubro, aquando
da inauguração oficial do novo ser-
viço de hidroterapia, no centro de
medicina física e de reabilitação da
instituição.
De acordo com o provedor, Antó-
nio Pedras, o serviço de hidroterapia
inclui uma piscina terapêutica em
temperatura ambiente de 36º, úni-
ca no concelho de Barcelos; banho
turco; duche escocês; pressoterapia;
duche vichy e massagem manual.
Todos estes tratamentos são acompa-
nhados gratuitamente pelos médicos
fisiatras daquele centro.
Os interessados em usufruírem
destes serviços podem deslocar-se
à Rua Dr. Santos Júnior (Quinta da
Ordem), onde passarão numa fase
inicial pelo médico que aconselhará
o tratamento mais adequado. Este
serviço tem capacidade para receber
diariamente 140 utentes.
Por sua vez, a UCCI anunciada
por António Pedras terá espaço para
22 camas de média duração e 33 de
longa duração e irá criar 52 postos
de trabalho. Ao todo, o novo equipa-
mento custará 2,5 milhões de euros,
sendo que 750 mil foram compar-
ticipados no âmbito do Programa
Modelar.
A nova unidade vai representar
também uma mais-valia para as fa-
mílias da região. O provedor relem-
brou que, actualmente, os utentes
são obrigados a deslocarem-se a ci-
dades vizinhas para receber este tipo
de assistência, o que dificulta a vida
dos familiares que querem visitar os
seus doentes.
A Mesa Administrativa optou
pela construção de um edifício de
raiz, como alternativa à espera da de-
volução das instalações do Hospital
de Barcelos, que só acontecerá quan-
do for construído o novo hospital no
concelho, sem data prevista ainda.
Nessa altura, o provedor adiantou a
possibilidade de transformar aquele
edifício em Unidade Hoteleira de Tu-
rismo Sénior.
Recorde-se que neste momento
as Misericórdias representam cerca
de 70% da Rede Nacional de Cuida-
dos Continuados Integrados.
Vila Verde prepara casais para o parto
Spa da Misericórdia de Vila Verde lançou curso de
preparação aquática para o parto e a parentalidade
A Santa Casa da Misericórdia de Vila
Verde lançou recentemente um curso
de preparação aquática para o parto
e parentalidade, através dos serviços
da unidade de Medical Spa. O objec-
tivo é promover a saúde e qualidade
de vida de muitas mulheres grávidas,
mas os pais também podem partici-
par se quiserem.
Segundo o jornal Correio do Mi-
nho, o curso será leccionado por um
profissional de saúde e constituído
por oito aulas, quatro delas em pisci-
na aquecida e as restantes centrar-se-
ão na sala de fitness e de formação.
A quem não interessar a frequência
do curso completo, poderá adquirir
a frequência individualizada das ses-
sões que pretender.
Para além disso, os cuidados
continuam após o nascimento do
bebé. Além de acompanhamento
telefónico e ao domicílio, a Miseri-
córdia de Vila Verde disponibilizará
outros serviços como, por exemplo,
o pezinho ao bebé.
O curso de preparação aquáti-
ca para o parto e parentalidade tem
como objectivos identificar necessi-
dades do casal, fornecer informação
actualizada, mostrar uma diferente
percepção do desconforto do traba-
lho de parto, elucidar o casal sobre
os métodos farmacológicos e não
farmacológicos do alívio da dor.
A Medical Spa da Misericórdia
de Vila Verde está aberta ao público
há pouco mais de um ano.
Trata-se de um espaço dedicado
ao bem-estar, exercício físico, saú-
de e prevenção, equilíbrio, beleza,
que conta com uma vasta oferta de
serviços, profissionais de excelên-
cia e, acima de tudo, preços sociais,
atentos e à semelhança dos valores
intrínsecos desta instituição.
ONOTÍCIASDATROFA
Horta social para
ajudar a poupar
www.ump.pt
Menos liberdade de imprensa
Portugal continua a cair na tabela de liberdade de imprensa, elaborada pela
Associação Repórteres Sem Fronteiras. Em 2010, o país surge no 40º lugar,
caindo dez posições face a 2009. Em 2008, Portugal estava no 16º lugar.
em acção
outubro 2010 vm 13
Alhos Vedros comemora 510 anos
A Misericórdia de Alhos Vedros comemorou recentemente os 510 anos
da instituição. Durante a cerimónia, foi prestada uma homenagem a Fre-
derico Fatia, ex-provedor falecido no último ano. A sua fotografia foi colo-
cada na galeria dos ex-provedores. “É uma homenagem singela mas sen-
tida”, disse tesoureiro da instituição. A Santa Casa prepara-se ainda para
inaugurar uma unidade de cuidados continuados. “Estava previsto estar
pronta este mês, mas está com dois meses de atraso, perspectivando-se
que esteja concluída em Dezembro, e seja inaugurada em Fevereiro de
2011”, concluiu Alberto Morgado.
630Mil portugueses. No final de Junho, havia 630 mil portugueses com
crédito vencido junto das instituições financeiras que operam em ter-
ritório nacional, revelam dados recentemente divulgados pelo Banco
de Portugal.
Universidade Sénior da
Madalena tem 20 alunos
Universidade Sénior da Santa Casa
da Misericórdia da Madalena, nos
Açores, tem 20 alunos inscritos
para o ano lectivo 2010/2011,
mas espera ter muitos mais. As
aulas começaram recentemente e
na sessão de abertura, o provedor
daquela instituição, José António
Soares,afirmouqueainiciativa,cujo
objectivo desta passa pela “apren-
dizagem e confraternização”, tem
sido “uma experiência enriquece-
dora” e tem tido “resultados po-
sitivos de ano para ano”. Ao todo,
serão leccionadas nove disciplinas
e para cada disciplina há um pro-
fessor voluntário. A Universidade
Sénior da Santa Casa da Misericór-
diadaMadalenaexistehátrêsanos.
“A Misericórdia de Castelo
Branco pretender cons-
truir uma nova creche e
jardim-de-infância, um
novo lar para idosos, uma
piscina aquecida, um gi-
násio e seis apartamentos
independentes para quem
esteja válido, mas queira
viver no campo e apoiado
pela Misericórdia.
Guardado Moreira
Provedor
VOLTAAPORTUGAL
Mealhada celebra 104 anos com reflexão
Santa Casa da Misericórdia
da Mealhada celebrou
recentemente 104 anos
de existência e assinalou
o aniversário com um
momento de reflexão
A Santa Casa da Misericórdia da Me-
alhada celebrou recentemente 104
anos. Mas apesar de a instituição
estar “viva”, o provedor, João Peres,
preferiu assinalar o aniversário com
um momento de reflexão.
Em declarações ao Diário de
Coimbra, aquele responsável afir-
mou que a função da Misericórdia
“não é fazer festas, mas sim aplicar
os poucos recursos que temos em
prol da sociedade”. Por isso, naquele
dia, celebrado a 15 de Outubro, o ob-
jectivo era “não esquecer o passado
e projectar o futuro”.
E o futuro passa, essencialmente,
por dar mais e melhores condições
ao Hospital Misericórdia da Mealha-
da(HMM),emfuncionamentodesde
2006 e que se tem afirmado como
“um marco de referência na região e
no país”, revela um comunicado da
instituição. João Peres vai mais longe
e afirma mesmo que o hospital, que
hoje dispõe de um variado conjunto
de serviços de saúde, se tem afirman-
do como alternativa “à altura” dos
hospitais centrais, concretamente
de Coimbra, poupando tempo e di-
nheiro às populações que, em muitos
casos, deixam de ser obrigadas a
deslocações a hospitais maiores.
Além da saúde, as restantes res-
postas sociais também estão a ser
alvo da atenção da Mesa Adminis-
trativa da Misericórdia da Mealha-
da. Segundo João Peres, apesar de
haver grande procura pelos serviços
da instituição, o objectivo para os
próximos tempos é dar melhores
condições de vida aos utentes. A
construção de um novo lar é uma
prioridade, mas “a médio prazo”,
conta o provedor, frisando que não
se trata de um projecto que tem em
vista o aumento da capacidade, mas
sim uma “modernização”.
O objectivo é fazer uma constru-
ção nova, em local ainda a definir,
e deixar o velho edifício do lar para
outras utilizações, de apoio ao hos-
pital, por exemplo, ou para outras
respostas sociais.
Destaque também para o apoio
que a Misericórdia da Mealhada
presta na área da infância, com as
valências de creche, pré-escolar e
ATL, onde o ensino da música e as
várias actividades na área musical
têm merecido uma especial atenção.
“A função da Misericórdia
“não é fazer festas, mas sim
aplicar os poucos recursos
que temos em prol da
sociedade”. O objectivo é
“não esquecer o passado e
projectar o futuro”.
68835utentes foram ad-
mitidos no hospital
entre Janeiro e Setembro de 2010
30 é o número de camas na uni-
dadedecuidadoscontinuados
integrados da Misericórdia da Mealhada
261crianças são apoiadas nas
respostassociaisdecreche,
pré-escolar e ATL
160idosos são diariamente
acompanhados nas respos-
tasdelar,centrodediaeapoiodomiciliário
387colaboradores é com que
conta a Santa Casa da Me-
alhada actualmente
Números
14 vm outubro 2010 www.ump.pt
em acção
PARCERIAS
Rui Filipe Leite
Responsável pelo Protocolo entre Carclasse e UMP
Uma das nossas missões é
o apoio à actividade social
Há Quanto tempo a Carclasse
trabalha com as Misericórdias?
A Carclasse – Comércio de Automó-
veis, S.A. é Concessionário Oficial
das marcas Mercedes-Benz, Smart,
Suzuki Automóveis e Land Rover.
Sendo representante oficial Merce-
des-Benz desde 1993 para todo dis-
trito de Braga e formalmente des-
de 1999 para todo o Minho e após
os primeiros anos de implantação
no mercado iniciamos em 1996 os
contactos com as Misericórdias da
nossa região apresentando solu-
ções para transporte de pessoas
(de 2 a 23 lugares), bem como para
Transporte Especial de Pessoas com
Mobilidade Reduzida, de forma a
garantir uma resposta real às ne-
cessidades de cada instituição e de
cada população.
A Carclasse, S.A. define como uma
das suas missões o apoio à activida-
de social através de donativos bem
como através do fornecimento de
produtos adequados às necessida-
des de transporte de pessoas ou
apoio domiciliário.
Que avaliação faz do protocolo
com a UMP?
A Carclasse, S.A. tem adoptado uma
política assente em condições espe-
cialmente definidas para as Miseri-
córdias, pelo que consideramos esta
parceria de elevada importância
uma vez que o protocolo permitiu
por um lado, alargar a nossa rede
de contactos a nível nacional pro-
movendo a diversidade de viaturas
disponíveis junto das Misericórdias,
cujas necessidades são específicas.
Por outro lado, com este protocolo
a Carclasse, S.A. assume-se agora
como o principal fornecedor de via-
turas neste contexto.
Quais são as principais van-
tagens – comerciais e outras
– desta parceria para as Santas
Casas?
No âmbito deste Protocolo a Car-
classe, S.A. para além do forne-
cimento de equipamentos com
custos de aquisição em condições
especiais através de preços unifor-
mizados e competitivos, apresenta
soluções de transporte de pessoas
com e sem mobilidade reduzida,
veículos de apoio domiciliário e MI-
NIBUS visando as necessidades re-
ais de cada uma das Misericórdias.
Estas viaturas são reconhecidas no
mercado como as que apresentam
níveis de segurança, conforto e fia-
bilidade mais elevados.
Há projectos para o futuro?
A Carclasse, S.A. tem conhecido
um desenvolvimento sem paralelo,
em que o crescimento do número
de vendas tem sido uma constan-
te, sendo acompanhado pelo cres-
cimento das infra-estruturas e do
volume do serviço após-venda. A
Carclasse, S.A. é, neste momento,
um dos mais importantes conces-
sionários nacionais, dispondo de
instalações nas cidades de Bra-
ga (sede), Barcelos, Vila Nova de
Famalicão, Guimarães e Viana do
Castelo. Prosseguindo no seu esfor-
ço de crescimento e incremento da
qualidade do serviço ao Cliente, a
Carclasse, S.A. tem previsto inau-
gurar, a curto prazo, as suas novas
instalações na cidade de Lisboa, na
Avenida Marechal Gomes da Costa.
Desta forma pretendemos ser líde-
res de mercado na satisfação dos
Clientes, implementando com esse
propósito acções que desenvolvam
relações duradouras e de confiança.
Reflexão nos 500
anos de Vila Viçosa
Misericórdia de Vila Viçosa
celebrou 500 anos com
uma jornada de debate
e reflexão acerca do
trabalho que tem vindo a
desenvolver na localidade
No âmbito das comemorações dos
500 anos da Santa Casa da Miseri-
córdia de Vila Viçosa a instituição
promoveu no dia 2 de Outubro, no
Cine-teatro Florbela Espanca, uma
jornada de debate e reflexão acerca
do trabalho que tem vindo a desen-
volver em prol dos mais carenciados.
Na sessão de abertura das jorna-
das todos os oradores - o provedor
Jorge Rosa, o presidente da Câmara
Municipal de Vila Viçosa, Luís Cal-
deirinha Roma, o representante da
União das Misericórdias Portuguesas
(UMP), Aurelino Ramalho e o arce-
bispo da Arquidiocese de Évora, D.
José Alves – assinalaram a impor-
tância deste género de instituição.
Ostemposdifíceisqueopaísatra-
vessa também estiveram na ordem
do dia e foram motivo de reflexão.
O representante da UMP constatou
que “as Misericórdias vivem e ac-
tuam em contra-ciclo. Quando há
uma crise no país as Misericórdias
estão na primeira linha a ajudar os
mais necessitados”. Ao sublinhar a
importância da instituição para a
população calipolense, o presidente
CâmaraMunicipallocal,afirmouque
“a Santa Casa, em tempo de crise,
conseguecriarsituaçõesdeapoioque
muitas vezes o Estado não consegue
dar resposta”. Por sua vez, o bispo
de Évora também destacou “a ajuda
indispensável” que as Misericórdias
representam para o país em áreas de
actuaçãovariadascomosaúde,tercei-
ra idade e apoio à infância.
Durante a jornada de trabalhos
foi, ainda, apresentado o livro “A
misericórdia de Vila Viçosa: de fi-
nais do Antigo Regime à República”,
da autoria de Maria Marta Lobo de
Araújo. Esta obra visa comemorar os
cinco séculos de existência da insti-
tuição. No entanto, como a autora do
livro assinalou: “Nós não sabemos
exactamente a data da fundação da
Misericórdia de Vila Viçosa. Mas
podemos afirmar que há 500 anos
houve a integração do hospital do
Espírito Santo na Misericórdia cali-
polense”. Ou seja, há mais de cinco
séculos que a instituição faz parte
da vida da vila alentejana. Com a
publicação deste livro, Maria Marta
Lobo de Araújo deu continuidade
aos estudos que já havia realizado e,
desta vez, centrou a sua investigação
entre 1800 e 1910. Segundo a investi-
gadora: “ foi um período muito difícil
para o país. A Misericórdia chegou
à República muito desfalecida, mas
soube viver, renascer e está na actu-
alidade cheia de vitalidade.”
O papel activo da instituição
também foi destacado pelo provedor
Jorge Rosa: “a Santa Casa possui lar
juvenil, casa de repouso, centros de
dia, serviço de apoio domiciliário,
equipa de intervenção precoce, ateliê
de tempos livres para jovens e crian-
ças e jardim-de-infância.” Inegável é,
ainda, que a instituição é uma das
principais empregadoras da região.
Voltada para o futuro, a Santa Casa
de Vila Viçosa promete continuar a
cumprir com a sua missão, estando
prevista a construção (ainda para
2010) de uma unidade de cuidados
continuados para acolher doentes
acamados ou na fase final da vida.
As comemorações dos 500 anos
da Misericórdia de Vila Viçosa ain-
da vão contar com outros eventos.
No dia 30 de Outubro está previsto
cortejo, sessão solene e convívio. O
benfeitor Augusto do Couto Jardim
vai ser lembrado no dia 14 de No-
vembro. Finalmente, no dia 29 de
Dezembro, encerram-se as come-
morações.
Adriana Mello
Crise do país foi
tema de debate em
Vila Viçosa
“Durante a jornada de traba-
lhos foi, ainda, apresentado
o livro “A Misericórdia de
Vila Viçosa: de finais do An-
tigo Regime à República”,
da autoria de Maria Marta
Lobo de Araújo.
EM FOCO
www.ump.pt outubro 2010 vm 15
Ensinar enfermagem
com coração e qualidade
A Escola Superior de Enfermagem São Francisco das Misericórdias aposta
no ensino de elevada qualidade, mas não descura a dimensão de apoio social
Quanto aos projectos para o futuro, o
directordaescolaafirmouqueaforma-
ção à distância é deles. Embora ainda
numa fase embrionária, o projecto pre-
tende, em outros aspectos, apoiar as
Santas Casas nos processos de forma-
çãocontínua.Comatençãoaosdesafios
que estas instituições vão enfrentar por
causadoenvelhecimentodapopulação,
a escola quer ser “o sustentáculo for-
mativo” do trabalho em áreas como a
reabilitaçãoeoscuidadospaliativos,por
exemplo.“AescolaédasMisericórdias”,
concluiu João Paulo Nunes.
A prevenção e o tratamento de feridas
tambémirãomarcaraagendadaescola
nospróximostempos. Emparceriacom
aEuropeanWoundManagementAsso-
ciation, a ESESFM espera brevemente
iniciar uma investigação sobre feridas
em Portugal.
“A escola é das
Misericórdias”Nos próximos meses, o VM vai
apresentar o panorama geral das
instituições anexas da União das
Misericórdias Portuguesas. A Escola
Superior de Enfermagem São Fran-
cisco das Misericórdias (ESESFM),
que em 2010 está a completar, 60
anos de existência, inaugura esta
nova rubrica.
Os tempos que se aproximam
não serão fáceis. Quem afirma é o
director da escola, João Paulo Nu-
nes. Com 270 alunos inscritos, neste
momento cerca de 30 por cento estão
a passar por dificuldades financei-
ras e não têm condições para pagar
as mensalidades. “O desemprego
de que ouvimos falar está a afec-
tar directamente muitos dos jovens
que aqui estão”, afirma preocupado
aquele responsável.
Apesar do regulamento daquele
estabelecimento de ensino superior
Bethania Pagin
contemplar que ao fim de dois me-
ses sem pagamento fica suspensa a
matrícula, a direcção da escola quer
apoiar os estudantes com dificulda-
des. “Várias pessoas já pensaram
em desistir, mas estamos a tentar
ajudá-las”. Para o efeito, uma das
iniciativas no âmbito do gabinete
de apoio social da ESESFM tem sido
negociar modalidades especiais de
pagamento com alguns bancos. “Te-
mos de minimizar as dificuldades
por que estão a passar as famílias e
assegurar que o futuro desses jovens
não fique comprometido por razões
financeiras e essa preocupação tem
a ver com a nossa missão enquanto
escola de enfermagem: além da for-
mação, preocupa-nos a dimensão do
apoio social”.
No que respeita à formação, a
escola aposta num ensino de elevada
qualidade que assegure, posterior-
mente, uma boa taxa de emprega-
bilidade. Daí que, na abertura do
ano lectivo 2010/2011, a oração de
sapiência vai ter como tema o em-
preendedorismo. “Queremos formar
profissionais e cidadãos capazes de
orientar o seu próprio destino”, re-
feriu João Paulo Nunes.
E formar os jovens passa tam-
bém por contar a história da própria
União. No início deste ano lectivo,
os novos alunos estiveram na sede
da UMP para uma sessão de acolhi-
mento. “Fazia todo sentido visto que
naquele espaço começou a nossa
escola e mesmo ali ao lado estão as
Irmãs Missionárias de Maria que nos
fundaram. Mostrar aquele espaço
aos jovens é mostra-lhes a história
da escola e da União e o acolhimento
também é uma obra de misericór-
dia”, afirmou.
Para o director da ESESFM, as
obras de misericórdias estão intrin-
secamente ligadas à enfermagem,
especialmente as corporais. “Dar
de comer, de beber, vestir etc são
acções que fazem parte das práticas
de trabalho dos enfermeiros”, co-
mentou o responsável, destacando
que nas obras espirituais também é
possível encontrar ligações, perdoar
as injúrias, por exemplo, já que nem
sempre os doentes percebem os cui-
dados que lhes estão a ser prestados.
Actualmente a escola está a fun-
cionar nas instalações da Universi-
dade Autónoma de Lisboa (UAL),
mesmo no coração da cidade. Sobre
a parceria, João Paulo Nunes afir-
mou que são muitas as razões para
continuar. Além do espaço, que é
bom, o trabalho com a UAL também
passa pelo desenvolvimento de pro-
jectos formativos na área da saúde.
Neste momento está a ser preparado
um mestrado na área da saúde men-
tal, contou o responsável. Em suma,
queremos o nosso trabalho assente
em três pilares fundamentais: quali-
dade, certificação e sustentabilida-
de”, concluiu o responsável.
Escola tem
270 alunos inscritos
270 alunos inscritos
No ano lectivo 2010/2011, a Escola
Superior de Enfermagem São Francis-
co das Misericórdias tem cerca de 270
alunos inscritos em licenciatura e pós-
graduações.
60 anos de história
A Escola Superior de Enfermagem São
Francisco das Misericórdias está a com-
pletar60anosem2010.Diversasinicia-
tivas estão a marcar a efeméride.
Concurso de fotografia
A escola está a promover um Concurso
de Fotografia a nível nacional. Objectivo
é promover o aparecimento de imagens
que traduzam os valores intrínsecos à
enfermagem.
Certificação de qualidade
AEscolaSuperiordeEnfermageméuma
entidade com acreditação de qualidade
segundo a norma internacional ISO
9001/2000. O certificado foi entregue
em 2009.
Formação diversificada
A Escola Superior de Enfermagem tem
diversas pós-graduações a decorrer. In-
tervençãoHumanitáriaeCatástrofeeEn-
fermagemForensesãoalgunsexemplos.
Centro de bioética
A Escola de Enfermagem das Misericór-
dias é a primeira instituição portuguesa a
dedicar-seaquestõesbioéticasnoâmbi-
to da enfermagem. O centro de bioética
foi criado em 2005.
60 anos de história
celebrados em 2010
reportagem
www.ump.pt16 vm outubro 2010
urante Outubro, as
mãos pintaram-se
de tons rubros para
recolher os frutos da
videira e do trabalho do
homem. Numa região produtora de
vinhos, este néctar sempre garantiu
a subsistência de muitas famílias.
Assim, também as Santas Casas de
Macedo de Cavaleiros e Valpaços
apostaram no cultivo da vinha e na
produção de vinhos que honrem a
qualidade.
Quando decidiu plantar vinha,
o provedor da Santa Casa de
Macedo de Cavaleiros, Castanheira
Pinto, pensou na sustentabilidade
da instituição. “Havia necessidade
de termos vinho para consumo
próprio e pensei já na sustenta-
bilidade futura com o desenvol-
vimento do casal agrícola, onde
agora produzimos de tudo, desde
a batata ao feijão, passando pelo
azeite.” A comercialização iniciou-
se em 2003. “Temos tinto e branco,
com castas nobres: as tourigas
nacional e franca, a Tinta Roriz;
nos brancos, temos cá o Alvarinho
e a Malvasia branca. Vinificamos
separadamente e fazemos o lote
das castas”, relatava o provedor.
À lista acrescenta-se ainda a
produção de espumante, que foi
distinguido, em 2004, com uma
medalha de ouro num concurso
mundial. De dois em dois anos,
são produzidas entre 1500 a 2000
garrafas, cujo preço ronda os seis
Patrícia Posse
D
Vindimar para o sustento
Em Trás-os-Montes, a colheita de uvas destina-se ao consumo doméstico das Santas Casas
e à comercialização, em pequena escala, para o mercado nacional
euros. “Têm notas de frutos secos,
bolha persistente e fina e rondam
os 11,5 a 12 graus”, desvenda o
enólogo Fernando Guerra.
Os vinhos Quinta do Lombo
têm uma produção anual média
de 20 mil litros “de qualidade”.
“O tinto topo de gama é o mais
produzido, tem os aromas típicos
dos frutos vermelhos, 13 graus de
álcool e é bastante encorpado. O
branco tem aromas frutados, com
muitas notas florais e acidez equili-
brada. Este ano, está pela primeira
vez no mercado.” As 1600 garrafas
de branco vão ter um preço médio
de quatro euros, enquanto os tintos
de colheita e reserva se vendem a
7,5 e os correntes a 4.
O mercado consumidor é prin-
cipalmente local, com vendas para
restaurantes e particulares. “Como
a produção ainda não é muito
grande, normalmente vêm-nos pro-
curar a casa”, diz Fernando Guerra,
depois de augurar um “ano dos
melhores” em termos de qualidade.
Todas as mãos são necessárias
Os cinco hectares de vinha,
distribuídos pela zona do Lombo
e Cortiços, ficam a cargo dos 15
funcionários agrícolas, que por esta
altura são ajudados por colegas de
outros serviços. Fernanda Cepeda,
56 anos, é costureira no lar, mas
nas vindimas, troca as agulhas pela
tesoura de podar. “É um trabalho
diferente. A gente alivia a cabeça e
o convívio com os colegas é bom.”
E também aqui não se pode dar
ponto sem nó: “temos que ter cui-
dado para não deixar cair as uvas
ao chão, porque se os bagos caem
não vão para o vinho”. “É tentar
aproveitar ao máximo”, frisa.
Daniel Augusto Arratel vem
vindimar todos os anos, sempre
munido com uma ferramenta
atípica: uma faca com ponta arre-
dondada. “Trouxe-a de Espanha há
uns 16 anos. Já cortou muitas uvas
e continua a cortar.” Além de evitar
cortes nos dedos, tem outra van-
tagem: “é raro avariar”. “O melaço
da uva apanha a mola da tesoura
e não a deixa abrir ou fechar ou a
mola por vezes salta, com isto é só
andar”, explica o sexagenário.
Em Lombo, a 20 km de Ma-
cedo de Cavaleiros, a jornada de
trabalho arranca às 7h, com pausa
a meio da manhã para aconche-
gar o estômago com o fumeiro
transmontano, o pão e o queijo.
Sempre aos pares, os vindimadores
dizimam as cepas e colocam as
uvas em caixas de plástico, que
serão transportadas para a adega
da Quinta do Lombo. “Vêm em cai-
xas, porque as condições higiénicas
e de saúde para as uvas são as
melhores. As uvas não fazem tanto
peso umas em cima das outras,
evitando macerações”, justifica o
enólogo. Aí são colocadas no tape-
te de escolha, onde se retiram os
bagos podres, os secos e as folhas.
“Depois de esmagadas, se for bran-
co vai directamente à prensa, se for
tinto ou vai para o lagar ou para a
cuba, depende da casta.”
Às vindimas está também
associado um ritual religioso que
precede o corte, com a “bênção
dos frutos novos”, e culmina com
uma missa na adega. “Coroamos a
vindima com a eucaristia, onde se
congregam todos os funcionários
para que, dessa forma, façamos
uma festa não só pela colheita,
mas também um agradecimento a
Deus, por tudo aquilo que temos e
fazemos”, diz o capelão da Santa
Casa, Eduardo Novo.
Em prol da autonomia
A Santa Casa de Valpaços
comercializa vinhos há uma dé-
cada pela necessidade de angariar
fundos para o financiamento das
diferentes respostas sociais. “Deve
ser política das instituições conse-
guir o maior número de receitas.
Procuramos ter autonomia para
sobreviver”, sustenta o provedor
Eugénio Morais.
Os 10 hectares de vinha ren-
dem, em média, 50 mil garrafas de
vinho por ano, sendo 2/3 de tinto.
“Actualmente comercializamos
mais os vinhos regionais do que os
correntes. Estes são praticamente
para consumo da casa, nomeada-
mente para a confecção dos enchi-
dos”, refere Luís Sousa, responsá-
vel pela produção vitícola.
Os vinhos são absorvidos,
sobretudo, pelo mercado regional,
embora haja já algumas vendas no
Porto e em Lisboa. “Neste momen-
to, há vinhos de alta qualidade
e, por conseguinte, estamos já a
pensar na exportação. Aqui ao
lado, em Espanha, já estão interes-
sados”, adianta o provedor. Este
ano, a produção de uma monocas-
ta, de Touriga Nacional, para um
lote de 10 mil garrafas, constitui a
principal novidade. “Este vinho irá
ser engarrafado e levará o primeiro
rótulo que tivemos na Santa Casa,
que se chama “O Franciscano”, em
homenagem ao padre Vítor Melí-
cias. Os nossos vinhos de reserva e
de qualidade terão sempre o rótulo
desse homem que muito fez pelas
Santas Casas, homenageando com
a figura dele as Misericórdias todas
de Portugal”, acrescenta.
Os vinhos em circulação foram
baptizados com os nomes de
Formigueira, Toca da Lebre e Sexta-
Feira 13. Este último foi lançado
recentemente em homenagem aos
consumidores fiéis de Montalegre,
cidade onde todas as sextas-feiras
13 são transformadas em eventos
de grande atractividade turística
daquela localidade.
Na Santa Casa de Macedo
de Cavaleiros, os vinhos
Quinta do Lombo têm uma
produção anual média de
20 mil litros “de qualidade”
Os 10 hectares de vinha
da Misericórdia de Valpaços
rendem, em média, 50 mil
garrafas de vinho por ano,
sendo 2/3 de tinto
Vinhas começaram
com intenção de
sustentabilidade
Jvm10 10
Jvm10 10
Jvm10 10
Jvm10 10
Jvm10 10
Jvm10 10
Jvm10 10
Jvm10 10
Jvm10 10
Jvm10 10
Jvm10 10
Jvm10 10
Jvm10 10
Jvm10 10
Jvm10 10
Jvm10 10

Más contenido relacionado

La actualidad más candente (7)

Folha 243
Folha 243Folha 243
Folha 243
 
Informativo 29
Informativo 29Informativo 29
Informativo 29
 
Acontece agora ed333
Acontece agora ed333Acontece agora ed333
Acontece agora ed333
 
Serrano 187
Serrano 187Serrano 187
Serrano 187
 
Acontece 388
Acontece 388Acontece 388
Acontece 388
 
Oeiras
OeirasOeiras
Oeiras
 
Informativo
InformativoInformativo
Informativo
 

Destacado

Destacado (17)

Ejercicios de matematica i funciones
Ejercicios de matematica i funciones Ejercicios de matematica i funciones
Ejercicios de matematica i funciones
 
Regimen de tributación
Regimen de tributación Regimen de tributación
Regimen de tributación
 
Tablas de mortalidad svs
Tablas de mortalidad svsTablas de mortalidad svs
Tablas de mortalidad svs
 
Portada blog
Portada blogPortada blog
Portada blog
 
PORTAFOLIO DE SALUD ALIMENTARIA
PORTAFOLIO DE SALUD ALIMENTARIAPORTAFOLIO DE SALUD ALIMENTARIA
PORTAFOLIO DE SALUD ALIMENTARIA
 
Three Signs It's Time to Move to the Cloud
Three Signs It's Time to Move to the CloudThree Signs It's Time to Move to the Cloud
Three Signs It's Time to Move to the Cloud
 
English for Academic Purposes Teaching Week 1
English for Academic Purposes Teaching Week 1English for Academic Purposes Teaching Week 1
English for Academic Purposes Teaching Week 1
 
La valla
La vallaLa valla
La valla
 
Tutorial inkscape v actividad de nodos
Tutorial inkscape v actividad de nodosTutorial inkscape v actividad de nodos
Tutorial inkscape v actividad de nodos
 
Apresentação1
Apresentação1Apresentação1
Apresentação1
 
Scholarship scams : avoid scammers
Scholarship scams : avoid scammersScholarship scams : avoid scammers
Scholarship scams : avoid scammers
 
Steve hanks(pinturas)
Steve hanks(pinturas)Steve hanks(pinturas)
Steve hanks(pinturas)
 
Informatica basica
Informatica basicaInformatica basica
Informatica basica
 
Diploma
DiplomaDiploma
Diploma
 
Tributación
TributaciónTributación
Tributación
 
[IIAM] Análise da Vulnerabilidade Climática na Aptidão de Algumas Culturas
[IIAM] Análise da Vulnerabilidade Climática na Aptidão de Algumas Culturas[IIAM] Análise da Vulnerabilidade Climática na Aptidão de Algumas Culturas
[IIAM] Análise da Vulnerabilidade Climática na Aptidão de Algumas Culturas
 
Figuras tridimensionales pdf - X. Serrano
Figuras tridimensionales pdf - X. SerranoFiguras tridimensionales pdf - X. Serrano
Figuras tridimensionales pdf - X. Serrano
 

Similar a Jvm10 10

Novembro 2010
Novembro 2010Novembro 2010
Novembro 2010JSDAveiro
 
Catálogo da exposição Artistas Solidários 2016 - Health4Moz
Catálogo da exposição Artistas Solidários 2016 - Health4Moz Catálogo da exposição Artistas Solidários 2016 - Health4Moz
Catálogo da exposição Artistas Solidários 2016 - Health4Moz Pedro Rigueira
 
Catálogo exposição Artistas Solidarios - Health4MOZ 2016
Catálogo exposição Artistas Solidarios - Health4MOZ 2016Catálogo exposição Artistas Solidarios - Health4MOZ 2016
Catálogo exposição Artistas Solidarios - Health4MOZ 2016Pedro Rigueira
 
Jornal da União de Freguesias de Trouxemil e Torre de Vilela
Jornal da União de Freguesias de Trouxemil e Torre de VilelaJornal da União de Freguesias de Trouxemil e Torre de Vilela
Jornal da União de Freguesias de Trouxemil e Torre de Vilelaclcoimbra
 
Newsletter E pulmao 05 (2012)
Newsletter E pulmao 05 (2012)Newsletter E pulmao 05 (2012)
Newsletter E pulmao 05 (2012)Sandra Campos
 
Ernesto Heinzelmann e o Musicarium
Ernesto Heinzelmann e o MusicariumErnesto Heinzelmann e o Musicarium
Ernesto Heinzelmann e o MusicariumErnesto Heinzelmann
 
PS Salvaterra de Magos - 1 ano depois…
PS Salvaterra de Magos - 1 ano depois…PS Salvaterra de Magos - 1 ano depois…
PS Salvaterra de Magos - 1 ano depois…Nuno Antão
 
Triptico aldeia do mato e souto digital
Triptico aldeia do mato e souto digitalTriptico aldeia do mato e souto digital
Triptico aldeia do mato e souto digitalGuilherme Pires
 
Coura somos todos - Programa da candidatura
Coura somos todos - Programa da candidaturaCoura somos todos - Programa da candidatura
Coura somos todos - Programa da candidaturaVitorPauloPereira
 
Aula de História do porto S. João do Porto - Artur filipe dos santos - Univer...
Aula de História do porto S. João do Porto - Artur filipe dos santos - Univer...Aula de História do porto S. João do Porto - Artur filipe dos santos - Univer...
Aula de História do porto S. João do Porto - Artur filipe dos santos - Univer...Universidade Sénior Contemporânea do Porto
 
Acta do dia 26 de novembro de 2010[1]
Acta do dia 26 de novembro de 2010[1]Acta do dia 26 de novembro de 2010[1]
Acta do dia 26 de novembro de 2010[1]socialcvpcb
 
Plano de governo - Drª Anne 40
Plano de governo - Drª Anne 40Plano de governo - Drª Anne 40
Plano de governo - Drª Anne 40Paulo Peterson
 

Similar a Jvm10 10 (20)

Novembro 2010
Novembro 2010Novembro 2010
Novembro 2010
 
Catálogo da exposição Artistas Solidários 2016 - Health4Moz
Catálogo da exposição Artistas Solidários 2016 - Health4Moz Catálogo da exposição Artistas Solidários 2016 - Health4Moz
Catálogo da exposição Artistas Solidários 2016 - Health4Moz
 
Catálogo exposição Artistas Solidarios - Health4MOZ 2016
Catálogo exposição Artistas Solidarios - Health4MOZ 2016Catálogo exposição Artistas Solidarios - Health4MOZ 2016
Catálogo exposição Artistas Solidarios - Health4MOZ 2016
 
Jornal da União de Freguesias de Trouxemil e Torre de Vilela
Jornal da União de Freguesias de Trouxemil e Torre de VilelaJornal da União de Freguesias de Trouxemil e Torre de Vilela
Jornal da União de Freguesias de Trouxemil e Torre de Vilela
 
Newsletter E pulmao 05 (2012)
Newsletter E pulmao 05 (2012)Newsletter E pulmao 05 (2012)
Newsletter E pulmao 05 (2012)
 
Informativo sm
Informativo smInformativo sm
Informativo sm
 
O Alterense 39.pdf
O Alterense 39.pdfO Alterense 39.pdf
O Alterense 39.pdf
 
O Alterense 4
O Alterense 4O Alterense 4
O Alterense 4
 
Ernesto Heinzelmann e o Musicarium
Ernesto Heinzelmann e o MusicariumErnesto Heinzelmann e o Musicarium
Ernesto Heinzelmann e o Musicarium
 
PS Salvaterra de Magos - 1 ano depois…
PS Salvaterra de Magos - 1 ano depois…PS Salvaterra de Magos - 1 ano depois…
PS Salvaterra de Magos - 1 ano depois…
 
Triptico aldeia do mato e souto digital
Triptico aldeia do mato e souto digitalTriptico aldeia do mato e souto digital
Triptico aldeia do mato e souto digital
 
História do porto s. joão do porto
História do porto   s. joão do portoHistória do porto   s. joão do porto
História do porto s. joão do porto
 
Coura somos todos - Programa da candidatura
Coura somos todos - Programa da candidaturaCoura somos todos - Programa da candidatura
Coura somos todos - Programa da candidatura
 
Informativo da sm
Informativo da smInformativo da sm
Informativo da sm
 
Aula de História do porto S. João do Porto - Artur filipe dos santos - Univer...
Aula de História do porto S. João do Porto - Artur filipe dos santos - Univer...Aula de História do porto S. João do Porto - Artur filipe dos santos - Univer...
Aula de História do porto S. João do Porto - Artur filipe dos santos - Univer...
 
Ds 2017 01_20
Ds 2017 01_20Ds 2017 01_20
Ds 2017 01_20
 
Acta do dia 26 de novembro de 2010[1]
Acta do dia 26 de novembro de 2010[1]Acta do dia 26 de novembro de 2010[1]
Acta do dia 26 de novembro de 2010[1]
 
Plano de governo - Drª Anne 40
Plano de governo - Drª Anne 40Plano de governo - Drª Anne 40
Plano de governo - Drª Anne 40
 
Ano2011
Ano2011Ano2011
Ano2011
 
Acontece agora ed373
Acontece agora ed373Acontece agora ed373
Acontece agora ed373
 

Jvm10 10

  • 1. VOZDAS MISERICÓRDIASdirector: Paulo Moreira | ano: XXVI | outubro 2010 | publicação mensal Iniciativa Património Santas Casas nas jornadas europeias Protocolo dá novo rumo à cultura Durante três dias, cerca de 400 en- tidades portuguesas — públicas e privadas — organizaram actividades no âmbito das Jornadas Europeias do Património. Sob o tema “Patri- mónio — Um mapa da História”, a iniciativa do Conselho Europeu con- tou também com a participação de duas Misericórdias: Ericeira e Pavia. Em Acção, 6 e 7 As Misericórdias portuguesas têm um novo protocolo de colaboração assinado com o Ministério da Cultu- ra, tendo em vista a defesa, o estudo, a salvaguarda e a divulgação do pa- trimónio imóvel, móvel museográfi- co e móvel arquivístico. A assinatura foi a 24 de Setembro, na Santa Casa de Braga. Património, 28 Santas Casas defendem autonomia O Conselho Nacional da União das Misericórdias Portuguesas, reunido extraordinariamente a 6 de Outu- bro, considera que o Decreto Geral, em que a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) determina uni- lateralmente que as Santas Casas são associações públicas de fiéis, sujeitando-se, por isso, ao parecer dos bispos, provocará uma fractura profunda nas relações entre milhares de católicos portugueses e a CEP. As Misericórdias não aceitam aquele documento e reafirmam a sua iden- tidade e autonomia. Destaque,4e5 Durante Outubro, as mãos pintaram-se de tons rubros para re- colher os frutos da videira e do trabalho do homem. Numa região produtora de vinhos, este néctar sempre garantiu a subsistência de muitas famílias. Assim, também as Santas Casas de Macedo de Cavaleiros e Valpaços apostaram no cultivo da vinha e na produ- ção de vinhos que honrem a qualidade. Mais ao Sul, a congénere de Aldeia Galega da Merceana também aposta no cultivo da uva para reunir a comunidade. Reportagem, 16 a 18 Reportagem Vindimar para o sustento União das Misericórdias Portuguesas Qualidade Unidade de Portimão certificada Saúde Pág. 22 Anexas “Escola Superior de Enfermagem é das Misericórdias” Em Foco Pág. 15 Oliveira Martins O diálogo entre a tradição e a modernidade Opinião Pág. 31
  • 2. A FOTOGRAFIA O Número O Caso A subir Mais igualdade de géneros As mulheres no mercado de trabalho fizeram Portugal subir 14 posições no ranking da igualdade de género. O país ocupa agora o 32.º lugar num índice da World Economic Forum. A Descer Segurança Social com mais queixas Provedor de Justiça, Alfredo José de Sousa, afirmou recentemente que em 2009 a Segurança Social foi a matéria mais problemática, com 16 por cento das queixas apresentadas na Provedoria. Comité Nobel sobre o Prémio Nobel da Paz 2010 o chinês Liu Xiaobo “Liu Xiaobo foi distinguido pela sua luta longa e não violenta pelos direitos fundamentais da China” A Frase espaço sénior Reencontro no fim das férias Acabaram as férias. O início de um ano lectivo na Academia, tempo do reencontro, é sempre de entusiasmo e alegria. Este ano, as aulas começaram mais cedo para dar lugar a uma inovação: a realização de encontros e workshops Vila do Conde Misericórdia promoveu uma recolha de sangue 2100 Milhões em IVA e IRS A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) revelou que recentemente serviços de ortopedia de hospitais públicos, privados e do sector so- cial atingiram o nível de excelên- cia máximo no âmbito do Sistema Nacional de Avaliação dos Serviços de Saúde (Sinas). Entre eles, dois hospitais de Misericórdias: Vila Verde e Riba d’Ave. Este é mais um sinal de reconhe- cimento público da excelência do trabalho que vem sendo desen- volvido pela instituição no campo da saúde, reforçando a confiança, a responsabilidade e o desafio de todos os profissionais e voluntários envolvidos esta causa de assegurar os melhores cuidados e serviços aos utentes”, afirmou o provedor da Santa Casa de Vila Verde, Bento Morais, ao Correio do Minho. O provedor considera que os resul- tados desta avaliação constituem para os utentes “uma motivação extra de confiança na qualidade Saúde Ortopedia distinguida pela ERS dos serviços prestados”. Bento Morais lembra que ainda recen- temente foi enaltecido ao nível do serviço de urgência, com a ERS a reconhecer o cumprimento dos critérios de funcionamento deste tipo de serviço de acordo com o que está estipulado para o Serviço Nacional de Saúde. Em Riba D’Ave, o prémio é con- siderado pelo director clínico e membro da administração do hos- pital, a consequência da introdu- ção de mecanismos de qualidade, cujo objectivo, garantiu Salazar Coimbra, “é dar garantias de ex- celentes serviços a quem recorre à Misericórdia”. O Sinas visa «promover um sis- tema de classificação de saúde quanto à sua qualidade global, de acordo com os critérios objectivos e verificáveis, incluindo os índices de satisfação dos utentes». Os primeiros resultados conheci- dos sobre os serviços de ortopedia indicam que, dos 60 prestadores de cuidados de saúde que voluntaria- mente aderiram ao Sinas, pouco mais de um terço não foram clas- sificados No nível máximo de excelência (nível III) estão também os cen- tros hospitalares do Alto Ave, do Porto, da Póvoa de Varzim/Vila do Conde, Entre Douro e Vouga e de Setúbal, Hospital Santa Maria Maior, em Barcelos, HPP Boavista e Hospital de S. João, ambos no Porto. Estão ainda a este nível os hospitais S. Teotónio, em Viseu, Hospital Professor Fernando Fon- seca e Hospital do Espírito Santo, em Évora e a Unidade Local de Saúde de Castelo Branco. A Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde promoveu uma recolha de sangue. A iniciativa, que contou com a colaboração de uma brigada do Centro Regional do Porto do Instituto Português de Sangue para fazer as colheitas, teve lugar a 30 de Setembro. Uma vez que a recolha de sangue tem uma incidência maior em mulheres dadoras, aptas a dádivas de quatro em quatro meses, a Misericórdia de Vila do Conde promove este tipo de iniciativas três vezes por ano. Na última recolha, em Abril, foram registadas 110 inscrições de dadores, resultando na colheita de 80 unidades. O Orçamento de Estado para 2011, se aprovado, prevê arrecadar 34 mil milhões de euros, ou seja, um acréscimo de 6,2 por cento face à receita a cobrar em 2010. cabaram as férias. O início de um ano lectivo na Academia, tempo do reencontro, é sempre de entusiasmo e alegria. Há uma autêntica “sinfonia” de saudações, perguntas e conversas que se cruzam, se entrelaçam se confundem. Este clima de alegre camaradagem é, para muitos, o melhor remédio para diversos males que têm de ser tratados. Assim foi mais uma vez. Este ano, porém, como já tinha sido determinado, a Academia abriu mais cedo para dar lugar a uma inovação: a realização de encontros e workshops. Os participantes foram muitos e pode considerar-se uma iniciativa interessante que pode vir a ser uma mais- valia na história da Academia. Há novas disciplinas: Geografia e História do Traje. Inscreveram-se 26 novos alunos e é de 461 a totalidade de associados para este ano lectivo. As aulas foram começando pouco a pouco, por alguns professores se encontrarem ainda em férias, fora de Lisboa. Então, no dia 7 de Outubro, foi a grande festa: um lanche - convívio para celebração do 23º aniversário da Academia, o 10º aniversário de ”O Mocho” e as saudações aos novos colegas. Numa cerimónia extremamente simples, reuniram-se o Dr. José Nunes, representando a UMP, o Conselho Directivo, colaboradores, alunos e funcionárias. O nosso Presidente, Eng. Luís Aires, em breves palavras, assinalou estas três intenções da festa e referiu alguns aspectos respeitantes à Academia, principalmente a apresentação dos novos membros da Direcção. O Dr. José Nunes começou por apresentar as saudações enviadas pelos Dr. Manuel de Lemos, Dr. Carlos Andrade e Padre Victor Melícias e, em seu nome, desejou felicidades e progresso para o ano 2010-2011. Saboreou-se o gostoso lanche, onde não faltou o bolo de aniversário. Todos cantaram os “Parabéns” e participaram num brinde pela continuidade do sucesso da nossa Academia. Ao fim da tarde, na Igreja de São João de Brito, realizou- se uma missa lembrando todos os nossos professores e colegas que já não se encontram entre nós. A panorama www.ump.pt Isabel Rodeia Academia de Cultura e Cooperação da UMP academiadecultura@ump.pt 2 vm outubro 2010
  • 3. O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, inaugurou, em Setembro, a Residência Rainha D. Isabel, da Misericórdia de Alcácer do Sal. O equipamento tem 22 quartos duplos e 16 simples. A secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, Idália Moniz, também marcou presença na cerimónia de inauguração. Mais recentemente, o chefe de Estado esteve em Arcos de Valdevez, onde inaugurou um centro social integrado, que reúne diversos equipamentos da Santa Casa daquela localidade. ON-LINE Albino Poças Provedor da Misericórdia de Valongo Opinião RADAR A Irmandade da Misericórdia e de São Roque de Lisboa festejou o Dia de São Roque, que este ano se comemorou a 3 de Outubro. As celebrações em honra do patrono da Irmandade começaram com uma novena, a 24 de Setembro, e terminaram com uma procissão nas ruas de Lisboa. A 1 de Outubro de 2010, Dia Internacional do Idoso, realizou-se uma Missa Festiva, na qual participa- ram cerca de 220 utentes de muitos dos equipamentos da Santa Casa de Lisboa. Lisboa Irmandade de S. Roque celebra patrono Alcácer do Sal Cavaco Silva inaugurou residência sénior A Santa Casa da Misericórdia de Re- guengos de Monsaraz está a comemorar o seu 150º aniversário. O programa que marca a data foi inaugurado a 1 de Ou- tubro e vai decorrer até 7 de Abril do próximo ano, data em que a instituição completará 150 anos de existência. Entre outras iniciativas que marcam a efeméri- de, a Misericórdia organizou uma confe- rência subordinada ao tema “Reguengos e a República — Um contributo para a história local”, proferida por Paula Amendoeira. Aniversário Reguengos de Monsaraz celebra 150 anos A Misericórdia do Entroncamento abriu recentemente as portas da Unidade de Cuidados Continuados Integrados Manuel Fanha Vieira – Provedor. O novo equipamento tem 70 camas: 30 de Longa Duração e Manutenção e 40 de Média Duração e Reabilitação. Ao fecho deste jornal, aquela unidade já estava a rece- ber 40 utentes, mas com previsão de em pouco tempo atingir a capacidade máxi- ma. Recorde-se que a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados foi criada em 2006. Unidade Entroncamento com 70 camas de continuados A Santa Casa da Misericórdia de Oliveira do Bairro iniciou uma forma- ção sobre “Educação Parental”, a 11 de Outubro. O objectivo da iniciativa é dar resposta às necessidades e dificuldades que pais e encarregados de educação sentem no desempenho das suas funções parentais, com vista ao desenvolvimento de relações familiares mais saudáveis e ao bem-estar emocional das crianças. Os cursos, gratuitos, serão divididos por temáticas e decorrem até Janeiro de 2011. Oliveira do Bairro Formação gratuita sobre educação parental Alerta para o presente sem esquecer o futuro Rigor no controle da despesa, na qualidade dos produtos, na escolha dos fornecedores, no cumprimento dos compromissos da instituição, não esquecendo, também, um forte rigor na selecção e ponderação das nossas ambições m tempo de crise é difícil gerir aquilo que é nosso…mas, é muito mais difícil gerir aquilo que é dos outros” Permitam-me que as palavras iniciais sejam, em primeiro lugar para agradecer, publicamente, os conselhos recebidos através do auditor Dr. Eduardo campos, que orientou o Diagnóstico de Gestão, integrado no programa de formação “Gestão Sustentável” na Misericórdia de Valongo, em 2009. A total abertura e o interesse com que os responsáveis da Santa Casa da Misericórdia de Valongo encararam este trabalho, fornecendo e disponibilizando todas as informações e dados que foram solicitados resultaram, em nossa opinião, num estudo sério e credível, do qual hoje já estamos a colher benefícios. É que, da troca de impressões ocorrida ao longo dos meses, levou-nos a ser ainda mais rígidos no controle das despesas da instituição, servindo, também, para aprofundar a nossa meditação em relação aos tempos difíceis que já então se viviam, com sinais fortes de um sério agravamento, o que infelizmente, está a acontecer. Sempre pensamos que na gestão das nossas instituições a palavra “rigor” não pode ser banida do nosso vocabulário diário, mesmo nos tempos em que a situação nos pareça mais favorável. Rigor no controle da despesa, rigor na qualidade dos produtos, rigor na escolha dos fornecedores, rigor no cumprimento dos compromissos da instituição etc etc etc…não esquecendo, também, porque é muito importante, um forte rigor na selecção e ponderação das nossas ambições. Foi com esta forma de estar e agir que a Misericórdia de Valongo, ao longo destes últimos oito anos, conseguiu criar condições para obter uma razoável estabilidade financeira, que lhe permite, hoje, prestar aos sues utentes das várias valências, uma qualidade de serviços e assistência sem quebra de qualidade, pese embora, os cortes “cegos” nas receitas, de que estamos a ser vítimas. Por isso, meus caros amigos e senhores provedores: Avançar, neste momento, com qualquer investimento mesmo que de resultados promissores mais que só serão palpáveis a médio ou longo prazo é, em nossa opinião, um grande risco. Não nos podemos esquecer dos compromissos assumidos com os utentes de que já temos acolhidos nas nossas diversas valências. Temos que moderar as tais ambições incontroladas de que falei atrás, se não queremos sentir o amargo do insucesso. Para terminar, peço a todos que não vejam nesta minha opinião, um excesso de pessimismo. É apenas a minha modesta opinião, porque, estou certo, que os caminhos que as Misericórdias terão de percorrer nos próximos anos vão ser caminhos muito tormentosos e cheios de abrolhos, muito difíceis de transpor. Ficarei muito satisfeito se, a curto prazo, através dos factos, todos concluirmos que estou errado, dispondo-me, com toda a humildade mas muita alegria, a ouvir as críticas merecidas dos senhores provedores mais optimistas. E SLIDESHOW www.ump.pt outubro 2010 vm 3 PRESIDÊNCIADARepública
  • 4. DESTAQUE www.ump.pt4 vm outubro 2010 Santas Casas defendem autonomia Misericórdias não aceitam decreto em que a Conferência Episcopal determina que as Santas Casas são associações públicas de fiéis e vão continuar a proceder de acordo com a sua tradição O Conselho Nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) considera que o Decreto Geral, em que a Conferência Episcopal Por- tuguesa (CEP) determina unilate- ralmente que as Santas Casas são associações públicas de fiéis, sujei- tando-se, por isso, ao parecer dos bispos em diversos aspectos, pro- vocará uma fractura profunda nas relações entre milhares de católicos portugueses e a CEP. A reunião extra- ordinária teve lugar a 6 de Outubro, na sede da UMP em Lisboa. Os provedores presentes foram unânimes em afirmar que não acei- tam aquele documento. As Santas Casas defendem e reafirmaram a sua identidade e autonomia. Na sequência da reunião, foi tornado público, em conferência de imprensa, um comunicado que pu- blicamos na íntegra: “O Conselho Nacional da União das Misericórdias Portuguesas, reu- nido, hoje, dia 6 de Outubro de 2010, extraordinariamente, na cidade de Lisboa, para analisar o Decreto Geral paraasMisericórdias,produzidopela Conferência Episcopal Portuguesa, entendeu tornar público o seguinte: — A CEP publicitou, em 24 de Setembro de 2010, um Decreto Geral para as Misericórdias Portuguesas, com data de 23 de Abril de 2009; — O referido Decreto, em sínte- se, pretende cortar, de forma abrupta, unilateral e autoritária, com a autono- mia de gestão de que as Misericórdias dispõem,háváriosséculos,nomeada- mente no que respeita, à disposição dos seus bens, à capacidade soberana das suas Assembleias Gerais e à livre eleição dos seus Corpos Sociais; — As Misericórdias Portuguesas, hojecerca de quatrocentas,foramsen- docriadas,desdeoséculoXV,porCida- dãos,eporReisesãodetentorasdeum enormepatrimóniohistóricoecultural; — Os princípios pelos quais sem- preseregeramcoincidemcomosprin- cípios essenciais da Igreja Católica e nessa medida, a sua eclesialidade; — Ao longo dos séculos, por re- conhecimento da sua missão, têm visto o seu património acrescido ao serem contempladas com doações, heranças e legados de cidadãos benfeitores, sem distinção de credo ou confissão e instituições públicas que se traduzem, especialmente, em bens imobiliários; — As Misericórdias Portuguesas são constituídas por sócios, a que se dá a designação de Irmãos e estes, de forma soberana e de acordo com as normas estatutárias pelas quais se regem, decidem, nomeadamente, so- bre a disposição de bens, e em actos eleitorais completamente livres es- colhem, em momento próprio, os de entre si que entendem dever assumir a direcção e gestão das respectivas Instituições; — As Misericórdias Portugueses são detentoras na área da saúde de inúmeroshospitais,clínicas,eem2011 representarão70%dascamasdaRede Nacional de Cuidados Continuados Integrados,naáreasocialprestamser- viços a mais de 500.000 utentes em valências como Lares de Acolhimen- to, Lares para Idosos Dependentes, Centros de Dia, Apoio Domiciliário, Acolhimento de Jovens em Risco, Infantários, etc…e garantem emprego estávelamaisde100.000portugueses; — Vir agora a CEP, com o Decre- to em causa, pretender alterar, sem qualquer fundamento histórico, nem jurídico, o enquadramento e a forma como as Misericórdias são geridas há séculos, causa a mais profunda estranheza, espanto e perplexidade nos muitos milhares de portugueses que generosa e desinteressadamente se associaram às Misericórdias para auxiliarosseusconcidadãosmaisdes- favorecidoseconómicaesocialmente; — O Conselho Nacional lamenta também a deselegância da CEP, por intermédio do seu Presidente, ao di- rigir no passado dia 28 de Setembro, aos Provedores das Misericórdias, através de e-mail enviado aos servi- ços gerais de cada uma daquelas Ins- tituições, uma nota pretensamente explicativa, tornando assim pública uma matéria que pela sua importân- cia devia ser reservada; — O Conselho Nacional lamenta igualmente que essa deselegância tenha chegado ao ponto de ultrapas- sar a União das Misericórdias Portu- guesas que, por certo, faria chegar a missiva a todas as Misericórdias Portuguesas, mesmo aquelas que não têm endereço electrónico; — O Conselho Nacional lamen- ta, por fim, chocado (mas não sur- preendido) que o primeiro parágrafo do citado e-mail tenha como preocu- pação evidente considerar os Bens materiais das Misericórdias como Bens Eclesiásticos, assim tornando claro qual o verdadeiro objectivo do Decreto Geral sobre as Misericórdias; — O Conselho Nacional, ponde- radas todas as implicações entende que o Decreto Geral da CEP não é um assunto que diga só respeito à Igreja ou às Misericórdias, é um assunto de Estado e da Sociedade Portuguesa; — Neste contexto, o Conselho Nacional repudia o Decreto Geral sobre as Misericórdias, quer nos seus termos, quer nos seus efeitos, por ser lesivo das Comunidades Portuguesas que sofrem, da actividade pastoral da Igreja e da tradição pentasecular das Misericórdias Portuguesas. AS MISERICÓRDIAS PORTUGUESAS NÃO ACEITAM O DECRETO GERAL — O Conselho Nacional considera que a manutenção do Decreto Geral sobre as Misericórdias provocará uma fracturaprofundanasrelaçõesentremi- lharesdecatólicosportugueseseaCEP; — O Conselho Nacional da UMP insta pois a CEP a, com humildade, retirar o Decreto Geral e a repen- sar, com a União das Misericórdias Portuguesas, a sua relação com as Misericórdias; — O Conselho Nacional mani- festou o seu apoio à forma como o Secretariado Nacional encarou o Decreto Geral sobre as Misericórdias e regozija-se com a sua prudência, responsabilidade e determinação, assegurando, junto das suas filiadas, a coesão e a serenidade, tão neces- sárias no momento de grave crise nacional, em que todos os dias cada vez mais portugueses recorrem às Santas Casas; Tudo visto, o Conselho Nacional, no âmbito das suas competências específicas, recomenda ao Secreta- riado Nacional: Que não prossiga qualquer tipo de diálogo com a CEP, enquanto o Decreto Geral não for retirado; Que desenvolva, por todos os meios ao seu alcance, as iniciativas necessários para que, na Ordem Ju- rídica Portuguesa, os Compromissos das Misericórdias tenham um estatu- to idêntico ao das suas congéneres e irmãs do Brasil, da Itália, da Espanha e do Luxemburgo, nomeadamente no que respeita à propriedade e dis- ponibilidade plena dos seus Bens, e à autonomia total de gestão; Que solicite ao Presidente da Confederação Internacional das Mi- sericórdias, Senhor Dr. Manuel de Lemos, que coloque esta questão a toda a Confederação e a todas as Misericórdias do Mundo. O Conselho Nacional da UMP re- afirma a eclesialidade do movimen- to das Misericórdias Portuguesas, a sua disponibilidade para colaborar na actividade pastoral da Igreja, em caridade cristã e em solidariedade comosquemaisprecisamnorespeito pelasuatotalautonomiaenatureza.”
  • 5. www.ump.pt outubro 2010 vm 5 Quero começar por dizer que sou ca- tólico, apostólico, romano. Tive edu- cação cristã e os meus valores são os valores da minha cultura católica e tenho pautado a minha vida pelo respeito a esses valores. Também não pertenço, nem quero pertencer a nenhuma agremiação específica. Dito isto e com estes pressupostos, gostaria de dizer o seguinte a propó- sito do recente Decreto Geral. Quando o Dr. Vítor Melícias me seduziu para desempenhar as fun- ções de Presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas e quando os Senhores Provedores me elegeram para o pri- meiro mandato, devo confessar que estava muito longe de qualquer que- rela entre as Misericórdias Portugue- sas e a Conferência Episcopal. Não é que desconhecesse o problema. Tinha até bem clara toda a proble- mática, uma vez que o Dr. Vítor Me- lícias, ao longo dos anos em que tive o privilégio de colaborar com ele, me foi iniciando nas especificidades do Direito Canónico. Mas tinha a con- vicção/esperança de que não seria nos meus mandatos que a questão se agudizaria. Pelo contrário, acredi- tava, e continuo a acreditar, até que, com bom senso e boa vontade, será possível estabelecer um compromis- so duradouro nas relações entre a CEP e as Misericórdias Portuguesas. Deus e alguns Homens sabem que me tenho empenhado profun- damente nessa solução. Com a con- vicção séria de que o problema não é um problema de fé ou sequer des- respeito pela Hierarquia da Igreja e a sua autoridade, que são questões que não se colocam, mas uma ques- tão de Direito. Por isso, quando alguns Senho- res Provedores colocam a questão em sede de respeito aos Senhores Bispos e ao que eles representam en- quanto Pastores, estão, com o devido respeito, a colocar mal a questão. A questão, repito, é de Direito e de História. E se me permitem, vamos então à essência da questão. A primeira Misericórdia Portu- guesa foi fundada em 1498, por uma Rainha e cem Homens Bons. E, ao longo dos séculos, este modelo foi repetido por todo o território nacio- nal e pela diáspora. Isto é, que se saiba não há nenhum caso de ne- nhuma Misericórdia constituída por iniciativa de um Bispo enquanto tal, embora, certamente, em algumas Misericórdias houve Bispos, que en- quanto homens, integraram a lista dos Homens Bons que fundaram a Misericórdia. Quero com isto dizer que, em caso algum, houve erecção canónica por parte dos Bispos (Or- dinário do Lugar). O que houve mais recentemente, nos últimos 30 anos, foram vários Opinião Aceitar o Decreto tranquilamente seria eventualmente muito cómodo mas corresponderia a deitar pela borda fora, sem mais, toda a História que tão bem está descrita no Portugaliae Monumenta Misericordiarum. Misericórdias, nos últimos 10 anos, cresceram como nunca o tinham feito antes, assumindo-se como as mais importantes Instituições de desenvolvimento local As principais consequências, se se aceitar que são Associações Públicas de Fiéis, têm a ver com a sua autonomia no que respeita aos Bens e Órgãos Sociais. decretos formais dos Senhores Bis- pos a reconhecer às Misericórdias personalidade jurídica na Ordem Canónica. Porque na Ordem Civil, as Misericórdias sempre tiveram per- sonalidade jurídica (não é possível viver 500 anos sem personalidade jurídica!). Esta circunstância, aliada à revi- são do Código de Direito Canónico, em 1983 que, entre outras novida- des, divide as Associações de Fiéis em Associações Públicas e Asso- ciações Privadas, veio criar alguma confusão em muitos espíritos. Desde logo, em que subdivisão incluir as Misericórdias? E sobre essa matéria se debruçaram muitos civilistas e canonistas, tendo, a maioria esmaga- dora, concluído que as Misericórdias são Associações Privadas de Fiéis. Não foi esse, infelizmente, o en- tendimento de alguns sectores da CEP, que passaram a sustentar que as Misericórdias são Associações Pú- blicas de Fiéis. Mas, é dever da ver- dade dizer que, desde 1983 até aos nossos dias, muitíssimos Ordinários aceitaram que as Misericórdias se definissem como Associações Priva- das de Fiéis ou, mais simplesmente, como Associações de Fiéis. Tenho para mim até, e nisto divirjo da maio- ria da doutrina, que as Misericórdias, vista a sua História penta secular, os usos e costumes e, sobretudo, a sua Missão, se deveriam simplesmente designar como Associações de Fiéis (o que, de resto, o Código permite e está consagrado na maioria esmaga- dora dos Compromissos das Miseri- córdias Portuguesas). E, mais uma vez, esclarecer que esta qualificação não foi obstáculo ao crescimento das Misericórdias Portuguesas que, seguramente nos últimos 10 anos, cresceram como nunca o tinham feito antes, assumindo-se como as mais importantes Instituições de de- senvolvimento local, em Portugal. Ora, desde a minha Posse, em 2006, que procurei estabelecer um compromisso com a CEP, compro- misso sempre balizado pelas deli- berações das Assembleias-Gerais da UMP, pela lei do Estado Português e pela História das Misericórdias. Infelizmente, porém, a CEP não se mostrou sensível às minhas pro- postas e aprovou e fez publicar o Decreto Geral. Neste contexto, importa, pois, que os Senhores Provedores tenham bem presente o que significa para a vida das Misericórdias ser uma Associação Pública de Fiéis e tam- bém se o Decreto se aplica ou não às Misericórdias já existentes. As principais consequências para as Misericórdias, se se aceitar que são Associações Públicas de Fi- éis têm a ver com a sua autonomia, nomeadamente no que respeita à disponibilidade dos Bens e ao pro- cesso de indicação e eleição dos seus Órgãos Sociais. No que respeita aos Bens, a sua disponibilidade fica completamente nas mãos do Ordinário. Isto é, por exemplo, a Mesa pode decidir pro- por à Assembleia-Geral a alienação de uma propriedade, e esta aprovar por unanimidade a proposta mas, se o Ordinário não concordar, a aliena- ção não se faz (é legítimo perguntar, então para que serve a Assembleia- Geral?). E como compatibilizar tudo isso com o Decreto-Lei nº 119/83 que, entre os poderes que confere à Assembleia-Geral, está precisamente o de deliberar sobre esta matéria? A outra questão tem a ver com a eleição dos Órgãos Sociais. É que se as Misericórdias forem Associa- ções Públicas de Fiéis, as listas con- correntes têm de ser previamente aprovadas pelo Ordinário que assim decide quem pode concorrer e, logo, condiciona definitivamente o resul- tado. Por isso, algumas declarações recentes de que não será permitido aos Autarcas e outros responsáveis políticos concorrer, uma vez que não passarão na avaliação prévia. Devo dizer, a este respeito, que o que me choca nesta posição é que, para além de a considerar uma into- lerável restrição dos direitos demo- cráticos dos cidadãos portugueses no pós 25 de Abril e do atestado de me- noridade passado às Assembleias- Gerais, esta postura revela uma desconfiança profunda em relação aos políticos católicos. Não consigo perceber, porque até vai contra as orientações que o Papa Bento XVI nos deixou na Sua visita a Portugal. O segundo ponto tem a ver com a aplicabilidade do Decreto. O cânone nº 9 do Código do Direito Canónico é explícito em dizer que a Lei não é retroactiva. E o e-mail da CEP, envia- do às Misericórdias no passado 28 de Setembro, confirma isso mesmo. Apenas refere que, já em 1989, a CEP tinha feito uma Declaração sobre a matéria. Ora, para além de uma Declaração não ter qualquer valor na Ordem Jurídica Canónica, a verdade é que não é admissível pensar que um decreto de 2010 se aplica retroac- tivamente a Misericórdias fundadas a partir de 1498. Era retroagir uma Lei mais de 500 anos!!! Como se vê por esta nota ne- cessariamente breve, esta matéria é muito complexa e não pode ser trata- da nem leviana nem unilateralmen- te. Reparem que ainda não abordei a matéria da relação das Misericórdias com o Estado que se cruza com esta e que deixarei para um próximo nú- mero. Foi, aliás, por tudo isso que, em tempos, o Dr. Melícias propôs à CEP a criação de uma Comissão Mista. Não para regulamentar um qualquer decreto, como vem agora sugerir a CEP no já referido e-mail, mas para estudar toda esta matéria que, repito, é delicadíssima. É por isso que, como escrevi na primeira carta que dirigi aos Senhores Pro- vedores, que neste momento, cada um deles é mais do que a sua pró- pria circunstância. Aceitar o Decreto tranquilamente seria eventualmente muito cómodo mas corresponderia a deitar pela borda fora, sem mais, toda a História que tão bem está descrita no Portugaliae Monumenta Misericordiarum. Apetece-me adaptar Fernando Pessoa: “Vós aqui ao leme, são mais do que vós!” A terminar por agora esta primei- ra abordagem, gostaria de reafirmar a total disponibilidade das Miseri- córdias para encontrar uma solução equilibrada, séria e justa para ambos os lados. Como todos os Provedores de Portugal sabem, as Misericórdias são hoje grandes empresas, responsá- veis pelo emprego de milhares de pessoas e dedicadas a ajudar quem precisa. Isto é o que nenhuma das partes pode pôr em causa. Isto é o que legitima a actividade da UMP e o mandato que os seus Órgãos So- ciais receberam dos Provedores de Portugal. Por isso intitulei esta série de artigos por “O Dever da Verdade”, porque tenho o dever de informar os Senhores Provedores e todos os Órgãos Sociais da verdade. De boa fé e com a coragem e tranquilidade que a Razão confere. (continua) Manuel de Lemos Presidente da UMP O dever da verdade 21,4% em privação material Segundo Instituto Nacional de Estatística, em 2009, 21,4% dos portugueses sentiram dificuldades em pagar as rendas, manter a casa aquecida ou fazer uma refeição de carne ou peixe de dois em dois dias O Prof. Medina Carreira e o Dr. Ricardo Costa escreveram um livro com este título, que à época foi considerado pessimista e irrealista. Hoje, esta verdade é o nosso quotidiano
  • 6. em acção www.ump.pt6 vm outubro 2010 Misericórdias integraram jornadas do património Durante três dias, cerca de 400 entidades portuguesas — públicas e privadas — integraram as Jornadas Europeias do Património. Entre elas, duas Santas Casas: Ericeira e Pavia Durante três dias, cerca de 400 en- tidades portuguesas — públicas e privadas — organizam 620 activida- des que se realizaram em 248 sítios localizados em 225 concelhos, no âmbito das Jornadas Europeias do Património. Sob o tema “Património — Um mapa da História”, a inicia- tiva do Conselho Europeu contou também com a participação de duas Misericórdias: Ericeira e Pavia. “Que fixe!” ou “professora, isso está em latim, não está?” foram al- gumas das reacções dos jovens, com idades entre os 10 e 12 anos, que visitaram o Museu da Misericórdia Bethania Pagin da Ericeira. No dia em que começa- ram as jornadas, a atenção naquela localidade foi toda dedicada aos mais pequenos. Já era a segunda visita do dia. Durante a manhã, crianças mais jovens — dos oito aos 10 anos — foram brindadas com um ateliê de pintura, orientado pelo pintor Rui Pinheiro. Da parte da tarde, cerca de 40 meninos da Escola EB 23 António Bento Franco aprenderam um ofício muito típico daquela localidade li- gada ao mar, os nós de marinheiro. Os trabalhos foram orientados pelo Mestre Zé, pescador da Ericeira, e por Normando Sereno, comandante da marinha. A actividade decorreu numa das salasdomuseu,ondeasreferênciasàs tradiçõesdaEriceirasãoevidentes.Ao centro, um barco que recorda a fonte do sustento das gentes dali. Divididos em dois grupos, os miúdos estavam em alvoroço. Observados pelas pro- fessoras, os mais pequenos viam o universo da vida ligada ao mar con- cretizar-se em diversos tipos de nós. Momentos antes, o grupo foi recebido pelo vice-provedor da Mi- sericórdia da Ericeira. Para José Gui- lherme Durão, preservar e divulgar a identidade local é fundamental, especialmente num mundo globali- zado. Além disso, a própria identi- dade da Santa Casa é apresentada a Alémdeummuseu,aSantaCasadaMi- sericórdia da Ericeira é detentora ainda deumvastoarquivo.Odocumentomais antigodatade1446.Emconversacom o VM, António Silva Gama explicou que muitos documentos vieram para pos- se da Santa Casa durante o período da implementação da República. “Vieram para Misericórdia para não serem des- truídos”,comentou.Outrodocumentoa merecer destaque pelo nosso anfitrião data de 1487 e está assinado por D. João II. “Era concedida a posse de ter- renos a um senhor da Ericeira. Curiosa- mente,trêsouquatroséculosdepois,os terrenos vieram à posse da Misericór- dia”. Aquele responsável contou ainda que o arquivo é frequentemente pro- curado por historiadores. “Há exemplo de pessoas que encontram aqui docu- mentos que não encontraram na Torre do Tombo”, concluiu. Além da Santa Casa da Misericórdia da Ericeira, outras congéneres também integraram as Jornadas Europeias do Património. Pavia e Arcos de Valdevez juntaram-se à iniciativa com uma pro- gramação variada que foi das romarias aos concertos musicais. Ver página se- guinte. Documento mais antigo é de 1446 Museu da Ericeira recebeu crianças e jovens
  • 7. www.ump.pt Cortes nos subsídios Em 2011, caso seja aprovado o Orçamento de Estado, os subsídios de férias e de Natal também estarão sujeitos ao corte entre 3,5 e 10 por cento, desde que tenham um valor superior a 1500 euros. outubro 2010 vm 7 todos aqueles que visitam o museu. No que diz respeito às Jornadas, aquele dirigente destacou ao VM que não obstante a valorização do património, a iniciativa aproxima as instituições das comunidades onde estão inseridas. E finalmente chega a hora da visita ao museu. Aos poucos, as professoras, sempre acompanhadas pela mesária Maria Teresa Carvalho, foram reunindo os meninos todos na sala que dá acesso ao espaço onde a Misericórdia de Ericeira não só divulga, mas também protege, um espólio rico que conta a história da localidade. Cada sala, uma história. Acom- panhados por um dos mesários, António Silva Gama, as crianças tiveram oportunidade de ouvir as histórias que davam vida às peças que lá estão. Entre elas, uma espada chama a atenção. “Foi do fundador da Misericórdia da Ericeira. Um ca- valeiro da Ordem de Cristo chamado Francisco Franco. Esteve enterrada durante muitos anos, mas consegui- mos recuperá-la”, explicou António Silva Gama aos meninos que ali es- tiveram durante alguns momentos a admirar aquela peça. Sala do despacho, biblioteca e igreja são alguns dos espaços que se seguem. Com o museu só para elas, as crianças comentaram e pergun- taram, apesar de alguma distracção provocada pela nossa máquina fo- tográfica. Além dos mais jovens, a San- ta Casa da Misericórdia da Ericeira também promoveu actividades dedi- cadas aos mais crescidos. Nos dias 25 e 26, uma prova de vinhos e um concerto, acompanhados de visitas guiadas ao museu, concretizaram as Jornadas Europeias do Património naquela localidade. Durante seis anos o museu es- teve fechado ao público, mas agora reabriu portas à comunidade através dos esforços da actual mesa admi- nistrativa. Sobre a realidade daque- le espaço, Maria Teresa Carvalho e António Silva Gama são unânimes em afirmar que seria necessário um investimento avultado para propor- cionar as melhores condições a todo o espólio da Santa Casa. Contudo, recordam, a instituição não pode perder de vista a sua missão essen- cial, que é apoiar os carenciados, e os apoios de outras entidades não tem sido fácil de obter. “ “ Há coisas que não conhecemos nos museus. Por isso, quando vimos cá aprendemos coisas novas José Maria 12 anos Deveríamos olhar mais pelo património, mas isto nem sempre é possível Cristina Bernardo Misericórdia de Paiva Acorde perfeito entre música e comunidade Misericórdia de Pavia integrou as Jornadas Europeias do Património. O ritmo dos bombos não deixou indiferente a comunidade local O arrojo dos ritmos dos bombos e a mestria dos grupos de música não deixaram indiferentes os populares de Pavia. Nos dias 24, 25 e 26 de Setembro no âmbito das Jornadas Europeias do Património, a iniciativa que procura sensibilizar a população para a importância do património, voltou a ser comemorada na vila alentejana, desta vez com muita mú- sica à mistura. O evento foi preparado pela Santa Casa da Misericórdia de Pavia e contou com o apoio da Câmara Municipal de Mora, da Junta de Fre- guesia de Pavia e do IGESPAR, que organizou as jornadas. A comemoração teve início na sexta-feira, dia 24, com a inaugu- ração da exposição “Envelhecer a recordar”. Logo a entrada, alguns versos do Fernando Pessoa reflec- tiam bem o espírito do evento e con- vidavam a reflexão: “Não importa se estação muda, se o século vira, se o milénio é outro, se a idade aumenta. Conserva a vontade de viver. Não se chega a parte alguma sem ela.” De facto, os alentejanos não dei- xaram nada em mãos alheias e nesta exposição recuperaram dos baús as memórias mais antigas, sendo visí- veis vários objectos que nos levam a recordar os tempos que já passaram. Além disso, a exposição apresentou vários trabalhos manuais realizados pela população local como rendas e bordados. Segundo os guias presen- tes na exposição, Lúcia Carvalho e João Alves, “a reacção da população foi muito positiva” e todos os visi- tantes encontraram sempre alguns objectos de interesse. Uma das organizadoras do even- to, a assistente social da Santa Casa da Misericórdia Estela Ramos, con- firmou que o acolhimento da exposi- ção, por parte da população local, foi tão caloroso que a iniciativa poderá mesmo a ser repetida em Outubro, altura da comemoração do mês do idoso. No sábado o grupo “Toca a Bombar”anunciou o início da festa. Durante trinta minutos jovens e ido- sos partilharam emoções marcadas pelo ritmo forte do instrumento de percussão. Logo a seguir o grupo da Escola de Música da Câmara Mu- nicipal de Mora subiu ao coreto e alegrou a noite alentejana. A directora da área social da Mi- sericórdia de Pavia, Cristina Bernar- do, salientou a importância deste tipo de iniciativa: “há cerca de seis, sete anos que fazemos actividades nesta área porque consideramos que é uma altura própria para divulgar o nosso património – não só o nosso património físico (como é o caso da igreja da Misericórdia) mas também é uma forma de divulgar outras for- mas do nosso património. A música é uma delas e aqui em Pavia nós contamos com o grupo Cantares que faz a recolha de temas tradicionais e é uma forma de não deixar morrer este património.” Cristina Bernardo destacou ainda que “ao longo de todo o ano nós de- veríamosolharmaispelopatrimónio, mas se isto nem sempre é possível, pelo menos nesta altura podemos aproveitar para alertar as pessoas para a importância da salvaguarda, preservação e valorização do patri- mónio, pois faz parte da memória do nosso povo. Este evento é um conju- gar de patrimónios e a Santa Casa da Misericórdia de Pavia valoriza muito todasasformasdepatrimónioetenta diversificar as suas actividades: nós temos os nossos equipamentos, mas nós temos que inovar”. O concerto oferecido pelo grupo musical Cantares da Santa Casa da Misericórdia de Pavia encerrou, no dia 26, as comemorações. Adriana Mello O ritmo dos bombos alegrou Pavia
  • 8. 8 vm outubro 2010 www.ump.pt em acção Terceiro sector indispensável para a coesão social União das Misericórdias está a mobilizar as Santas Casas em torno da questão da pobreza e da exclusão social. Sector social é decisivo Portugal detém a condição de país mais desigual da União Europeia e de portador de maior índice de pobreza relativa.Opaísdestaca-se,ainda,pela piorposiçãoquandosefaladepobreza persistente. Por isso, e no âmbito do AnoEuropeudeLutaContraaPobreza e a Exclusão Social, o Gabinete de Ac- Bethania Pagin ção Social da União das Misericórdias PortuguesasestáamobilizarasSantas Casas em torno deste tema. Um dos objectivos desta iniciati- va, lê-se no documento daquele ga- binete, é sensibilizar as instituições para o facto de que “sem terceiro sector, ou com um terceiro sector frágil, qualquer política de inclusão social e de coesão social, tendo por base as actuais lógicas e dificuldades do nosso Estado-Providência, dificil- mente será viável”. “Não é por acaso que a Cons- tituição da República Portuguesa consagra a protecção do sector co- operativo social (artigo 80º) como um dos princípios fundamentais passos, continua o documento, é dis- tinguir os termos. “A pobreza é uma das dimensões, talvez a mais visível, daexclusãosocial”.Enquantopobreza é sobretudo um processo estático, a exclusão é um processo dinâmico, as- sociado a uma trajectória que conduz àmarginalização.“Aexclusãorecobre situações de precariedade e situações de risco e afecta cada vez mais indiví- duos, provenientes de um leque cada vez mais amplo de grupos sociais”. Este documento já foi apresen- tado publicamente em reuniões de alguns Secretariados Regionais e, até ao fim deste ano, o Gabinete de Ac- ção Social estará presente em outros encontros oficiais das Santas Casas. da organização económico-social. O sector precisa de ser protegido, porque tem uma natureza específica, porque é diferente, nos seus fins, nos seus meios e princípios.” A solidariedade, lê-se, “é uma imagemdemarcadaUniãoEuropeia. Os modelos europeus de sociedade e de previdência tem por objectivo in- trínseco fazerem com que as pessoas beneficiem do progresso económi- co e social e para ele contribuam. A missão das Misericórdias tenderá a manter-seatodoocustoadaptandoa visãoemconformidadecomosnovos fenómenos sociais e as necessidades específicas das populações”. Para o efeito, um dos primeiros Emprego Segundo o Gabinete de Acção Social da UMP, na génese de grande parte das re- alidadesdeexclusãosocialestãosituações de falta ou precariedade de emprego. Daí quedevasercadavezmaiorapreocupação políticadepromoveracçõesdeincentivoao empregoedecombateaodesemprego. Habitação A questão da habitação é igualmente importante. Para aqueles especialistas, é essencial garantir o acesso à habitação. “Em vez de bairros sociais dar incentivos para a disseminação das pessoas sem habitação ou com habitação precária em todo o lado, com políticas de apoio ao arrendamento social. Estrutura familiar Também as estruturas familiares, os va- lores e as estruturas sócio-demográficas se alteraram substancialmente e devem ser tidas em consideração quando o ob- jectivo é tentar combater a pobreza e a exclusão social. A queda acentuada da família numerosa, o aumento do núme- ro de famílias monoparentais, da taxa de divórcios e dos nascimentos fora do casamento, entre outros, devem ser as- pectosateremconta.“Asacçõesdirectas às famílias deverão ser adaptadas a esta nova realidade já que as actuais medidas dogovernoenquadram-senomodelode família nuclear base, esquecendo todas as outras tipologias”. Envelhecimento Porúltimo,enãomenosimportante,está a questão do envelhecimento. “Com a nova forma de gestão dos problemas sociais, resultantes da velhice e do enve- lhecimento demográfico, os conflitos de interesses reduzem-se a confrontações entre responsáveis político-administra- tivos e especialistas de instituições, num processo que se tem verificado bastante lento”. Recorde-seque,jáem1999,oINEaler- tava para o facto de que a reforma dos sistemas públicos de pensões deveria ser equacionada à luz da estratégia de envelhecimento activo, tendo em conta o aumento da longevidade, o valor eco- nómico dos recursos humanos mais ido- sos e a necessidade de novas prestações pecuniárias e não pecuniárias orientadas para a dependência crónica dos mais idosos entre os idosos. “É que todas as gerações tem a ganhar com a adopção de políticas que tenham o objectivo de promover a autonomia e diminuir a de- pendência e a incapacidade das pessoas idosos, uma vez que tal contribuirá para conciliarasaspiraçõesdaspessoasidosos a uma vida longa e de qualidade, com as legítimas preocupações da sociedade no quedizrespeitoáminimizaçãodoscustos doenvelhecimentodemográfico”,conclui o documento. Factores de exclusão social Pobreza é a face visível da exclusão social Qualidade é indispensável no combate à pobreza Para fazer face à pobreza e à exclusão social, é imperativo compreender que sustentabilidade pressupõe credibilidade e qualidade Para fazer face aos desafios da pobre- za e da exclusão social, é imperativo compreender que a sustentabilidade pressupõe credibilidade e qualidade das acções sociais. De acordo com o Gabinete de Acção Social da União das Misericórdias Portuguesas, é im- prescindível uma estratégia. Segundo aquele gabinete, “as Misericórdias sentem já o desequi- líbrio no tríptico “sustentabilidade — qualidade — participação” e “o futuro aponta para alguns desafios à gestão social, desafios estes que necessitamos ter em conta para ga- rantir a continuidade do papel das Misericórdias no combate á exclusão e pobreza social”. “É crescente a compreensão de que o poder público não consegue suprir, sozinho, todas as exigências sociais e de que, embora seja insubs- tituível em funções regulatórias, ne- cessita actuar em parceria com as organizações da sociedade civil no atendimento às necessidades básicas da população, sobretudo a camada de mais baixo poder económico”. Aquele gabinete recorda ainda que “toma corpo na sociedade a consciência de que as práticas so- lidárias devem fortalecer a autono- mia das comunidades e capacitá-las para resolver os seus próprios pro- blemas”. Nesse cenário, continuam, emergem novas possibilidades de acção e de sustentabilidade das or- ganizações sociais. “Definir uma estratégia para enfrentar desafios e aproveitar oportunidades desse novo cenário é, hoje, um imperativo para as Misericórdias”. No que se refere aos caminhos a seguir, o GAS destaca, entre outros, queaincorporaçãodaplanificaçãoes- tratégicanagestãosocialéincontorná- vel.Também“énecessárioreforçaras práticasgestionáriasedefinirmodelos organizacionais claros, experimentar práticasfundadasnaparceriaecoope- ração”, conclui o documento. Recentemente, o combate à po- breza e à exclusão social marcaram a agenda nacional num evento que reuniu centenas de organizações por todo o país, entre elas, as Misericór- dias da Amadora e do Porto. Ver página seguinte Bethania Pagin
  • 9. outubro 2010 vm 9www.ump.pt 2,5 planetas para Portugal Seriam necessários dois planetas e meio para suportar o estilo de vida dos portugueses, se toda a população mundial vivesse da mesma forma. Mas pegada ecológica caiu entre 2005 e 2007. Os dados são da WWF. em acção Amadora e Porto na luta contra a pobreza O evento “24 Horas pelo Combate à Pobreza e à Exclusão Social” reuniu centenas de organizações, entre elas, as Misericórdias da Amadora e do Porto O evento “24 Horas pelo Combate à Pobreza e à Exclusão Social”, que de- correu a 6 de Outubro, reuniu cente- nas de organizações que, ao longo do país,organizaramdiversasactividades para sensibilizar a comunidade. As Misericórdias da Amadora e do Porto também se associaram à iniciativa. Na Amadora, um ateliê de costu- ra marcou a iniciativa com crianças e jovens de contextos desfavoreci- dos e quatro idosos do centro de dia daquela Misericórdia. A tarde iniciou-se tímida, lenta mas numa sinestesia de emoções. Aos poucos e poucos os jovens foram ocupan- do as cadeiras dispostas na sala do ateliê, em redor de um manequim que, mais tarde, faria o seu papel solene de preparação de fatos. Cada um, com a sua caixa de costura, foi arriscando, devagar, dar os primeiros passos naquela que se tornaria uma tarde cheia de coisas novas. Mergulhados na pilha de roupas e tecidos ao dispor, os jovens absor- veram os conhecimentos ancestrais das artes da costura e confecção. Quatro senhoras deliciavam-se com os sorrisos das crianças que, atenta- mente escutavam as suas palavras e seguiam, com olhares plenos de curiosidade, os dedos enrugados que descreviam as linhas para se coser. Com mais ou menos confusão, o grupoiaabrindoasasàsuaimaginação e desenhava potenciais fatos, escolhia as cores que mais se identificassem com o logótipo da acção, pensava e discutia palavras alusivas ao tema. Em alguns momentos, pela rapi- dezdeprocessamentoeesquecimento de algumas informações, os monito- res reforçavam as ideias relacionadas comotemacentraldaactividade.Tom sobre palavra. Palavra sobre acção. Acções para combater – em paz - a pobreza e a exclusão social. No Porto, diversas iniciativas marcaram o dia. Um stand da San- ta Casa, localizado na Avenida dos Aliados, ofereceu atendimento psi- cossocial, despiste glicémico e da tensão. Já nas instalações da Mise- ricórdia, durante a tarde teve lugar uma tertúlia sob o tema “Envelhecer com Qualidade” sob a orientação de Constança Paúl, professora uni- versitária e investigadora no âmbito do envelhecimento activo. A noite foi dedicada aos mais jovens, com a exibição de um filme sobre a pro- blemática da institucionalização de crianças e jovens. Ver página 8 Vila Flor com 201 empregos Misericórdia de Vila Flor, no distrito de Bragança, é a instituição que mais gente emprega. Instalada num concelho com cerca de sete mil habitantes, a Misericórdia de Vila Flor, no distrito de Bragança, é a instituição que mais gente em- prega. Em todos os equipamentos trabalham 201 pessoas. “Amaiorpartedosnossosfuncio- nários está no quadro. Apenas uma meia dúzia foi colocada através do Centro de Emprego”, orgulha-se, em declarações ao Jornal de Notícias, o provedor da Santa Casa de Vila Flor, Vítor Costa, realçando assim a im- portância que a instituição assume no concelho.   O pessoal está distribuído por 33 respostassociais:seislares,novecen- tros de dia, uma unidade de cuidados continuados com 29 camas, jardim- de-infância, empresas de inserção e apoio domiciliário, entre outros. Entre as empresas, destaque para a padaria. Criada para abaste- cer de pão e pastelaria as unidades da instituição, serve 500 refeições diárias, mas neste momento também já vende ao público. “É uma forma de gerar alguma receita”, justifica Vítor Costa. Ateliê de costura marcou iniciativa na Amadora A UNIÃO PARA AS SANTAS CASAS Centro de Formação Profissional O Centro de Formação Profissional da UMP, constituído em 1996, veio dar resposta a um conjunto de preocupa- ções das Misericórdias Portuguesas, conscientes da necessidade de recur- soshumanosdevidamentequalificados. Percorrido um caminho de progressi- va evolução nas respostas formativas que foi disponibilizando, o Ceforcórdia, afirmou-se como uma das principais Linhas de Serviço que a UMP oferece às suas associadas. Não é alheio a esta situação o facto de as Misericórdias estarem cada vez mais empenhadas na qualidade, pois, para uma prestação de bons serviços, a formação, motivação e qualificação dos trabalhadores, são factores indis- sociáveis. Contribuiu igualmente para este desempenho do Ceforcórdia o ex- pressivo apoio de fundos comunitários e do Instituto do Emprego e Formação Profissional. Só através de candidatu- ras apresentadas regularmente aos quadros comunitários de apoio e pela contribuição anual do protocolo de co- laboração com o IEFP, foi possível atin- gir elevados níveis de execução da for- mação profissional estimando-se que, até este ano, tenhamos atingido um volume de mais de vinte mil pessoas envolvidas em processos de formação. Actualmente o Ceforcórdia desenvol- ve a sua actividade disponibilizando, a todas as Misericórdias, varias ofertas formativas tendo a preocupação de abranger a diversidade de profissionais que diariamente actuam nas institui- ções. Temos igualmente uma preo- cupação em disponibilizar formação e informação a outros grupos actuantes na instituição, como são os dirigentes, voluntários e até utentes e seus fami- liares. O Centro de Formação conta actual- mente com onze colaboradores que asseguram a preparação e monitoriza- ção de todos os processos formativos que se desenvolvem nas Misericórdias. No terreno, recorremos aos coordena- dores locais da formação e a formado- res seleccionados regionalmente. Quanto a conteúdos formativos temos desenvolvido esforços no sentido de adequar as matérias aos seus directos destinatários de acordo com as funções que cada grupo exerce na instituição. Nesta linha de actuação assume espe- cial relevância a opção do Ceforcórdia pelos referenciais do Catálogo Nacional das Qualificações. Referir ainda que o Ceforcórdia viu recentemente renovada a acreditação como entidade formadora, tendo a DGERT valorizado e esse propósito, a sua politica e planeamento estratégico, a gestão dos seus recursos humanos, os resultados e melhoria contínua assim como as práticas e normas de conduta. O Ceforcórdia para além de integrar algumas plataformas de reflexão e acompanhamento, como é o caso da Comissão de Acompanhamento do POPH, tem assegurado a represen- tação das Misericórdias em projectos como a Iniciativa EQUAL, Projecto Novas Oportunidades, Programa de Aprendizagem e, por último, a gestão do Protocolo IEFP com especial des- taque para as empresas de inserção e medidas de emprego. Neste espaço, apresentaremos, ao longo das próximas edições, os diversos serviços prestados pela União das Misericórdias Portuguesas às suas associadas
  • 10. 10 vm outubro 2010 Hoje será um concerto único, com um momento alto na “rei- nauguração” do órgão? O momento alto será, sem dúvi- da, o órgão recuperado, depois de muitos anos em mau estado. Estou muito feliz porque, estive cá a fa- zer um programa televisivo sobre o órgão no estado em que estava, e talvez tenha contribuído para a recuperação que aconteceu. Esta recuperação devia ser um exemplo para muitos órgãos que existem no país e que estão ao abandono. Uma coisa é não deitar dinheiro à rua, outra é deitar dinheiro à rua deixan- do estragar património. A política portuguesa em matéria cultural é uma política de desperdício, ao contrário do que se pretende dar a entender às pessoas. Desperdício e limitações? Desperdício e limitações, sim, quando se limita que instrumentos que estavam estragados e históricos se recuperem. Desperdiçar talentos não lhes dando trabalho. Enfim, a política cultural em Portugal é mar- cada pelo desperdício. Desperdiçar talentos em que sentido? Nunca na história em Portugal hou- ve tantos jovens e bons a seguir música. Há músicos como nunca houve, tantos e tão bons. Mas não são aproveitados, pela tal política do desperdício. As pessoas não sa- bem que eles existem. O que o move a continuar a calcorrear o país? O que me move é a profissão. É a música. É ganhar a vida como pro- fissional da música, esta é que é a realidade. Não esquecendo que eu não tenho reforma. Gostaria de não ter de o fazer por necessidade, mas faço-o. www.ump.pt em acção Arouca encerra 400 anos com música Santa Casa de Arouca encerrou as comemorações do 400.º aniversário com um Concerto de Órgão no Cadeiral do Mosteiro de Arouca A Santa Casa da Misericórdia de Arouca está a comemorar o 400.º aniversário. Ao longo do ano, foram vários os eventos que se realizaram, tendo o epílogo das comemorações acontecido no passado dia 2 de Ou- tubro, com um Concerto de Órgão no Cadeiral do Mosteiro de Arouca, o maior edifício português de gra- nito. O evento contou com as pre- senças do maestro António Vitorino D’Almeida e do Prof. Dr. Antoine Sibertin-Blanc, organista titular da Sé Patriarcal de Lisboa, e de D. Manuel Martins, bispo emérito de Setúbal. Ao comemorar 400 anos da fun- dação da Misericórdia de Arouca, Vítor Brandão, provedor da institui- ção, acredita que se vive um “virar de página”. Em declarações à Voz das Misericórdias, o provedor arou- quense afirma que “a Santa Casa Vera Campos O mosteiro encheu- se de convidados da Misericórdia atingiu o apogeu máximo de toda a sua existência” Do passado mais recente, Vítor Brandão acaba por eleger a saúde como a área que mereceu maior investimento. Através da reestrutu- ração do hospital, e do esforço con- junto de várias instâncias, este res- ponsável garante que “pela primeira vez o povo Arouca tem à disposição um conjunto de serviços e exames complementares convencionados, a custo zero ou com as respectivas taxas moderadoras”, que nunca an- tes estivera tão acessível. Mesmo assim, e sublinhando que a força interior de todos os que colaboram com a Santa Casa permitiu que esta se tornasse “num mini império em Arouca ao serviço da população”, há metas mais ambiciosas a alcançar. “Só no dia em que sentirmos que nenhuma pessoa de Arouca passa dificuldades, estaremos em paz”, refere o provedor, aludindo à extensa área do concelho, um dos maiores da Grande Área Metropolitana do Porto. Depois da aposta forte no pa- trimónio, com o restauro de todas as peças de arte da Santa Casa, que podem ser apreciadas na capela e no museu da instituição, segue-se um novo desafio. A construção de uma creche, que nascerá junto ao Hospital da Misericórdia, cujo con- curso já foi lançado e a inauguração, em breve, do Centro de Dia de Urrô. Órgão restaurado Com uma presença regular em Arouca, o maestro António Vitorino D’Almeida acabaria por confessar alguma vaidade. “Sinto vaidade ao pensar que, de certa maneira, par- ticipei na recuperação deste órgão, com mais de um século [207 anos], através de um programa de TV que fiz aqui”. Crítico quanto ao desperdí- cio de verbas e maus investimentos, o maestro lembrou que “numa época como a nossa, esbanjar inutilmente é erro. Mas mais errado é não tirar proveito daquilo que temos: jovens talentosos, património, cabeças” Por sua vez, o organista titular da Sé Patriarcal de Lisboa e consi- derado um dos melhores organistas da Europa, Antoine Sibertin-Blanc, regressou a Arouca, onde estivera a tocar precisamente na inauguração do órgão, que agora sofreu restaura- ção. “É um grande prazer para mim tocar aqui, passados 25 anos”, refe- riu o organista. António Vitorino Maestro 4P? “Tudo faremos para minimizar os momentos difíceis que se antevêem para Portugal Vítor Brandão As Santas Casas são instituições de solidariedade com identidade própria, são espaço único de voluntariado D. Manuel Martins
  • 11. outubro 2010 vm 11www.ump.pt Missão cumprida no Chile Em menos de 24 horas foram resgatados, através da cápsula Fénix, os 33 mineiros - 32 chilenos e um boliviano - que estavam há 69 dias presos na mina de San José, no Chile. Foi a 13 de Outubro. em acção Receitas nas misericórdias Bucho Recheado de Arganil Ingredientes: informação nutricional: Preço: DIFICUDADE: MODO DE PREPARAção: 1 Bucho de porco 0,750 Kg Lombo de porco ,01 Kg Arroz 0,2 Kg Sangue de porco 1 Ramo de salsa 4 Dentes de alho Sal e piri-piri quanto baste Zerpão quanto baste 2 Dl Vinho Tinto 0,3 Kg Limão 2 (fl) louro 274,5 Kcal 7,7g Proteínas 40,2 g Hidratos de carbono 8,3g Gordura €€€€€ ,,,,, Lave bem o bucho de porco em água corrente e deixe de véspera com sal, alho esmagado e limão. Corte o lombo em pedaços pequenos e coloque em vinha-d’alhos, com sal, alho picado, sal- sa picada, pimenta ou pirir-piri, louro, zerpão e vinho tinto (pode substituir o zerpão por tomilho ou por uma pe- quena quantidade de orégãos). Dê uma pré-cozedura ao arroz; Junte o arroz à carne, o sangue esfarelado e rectifique o tempero. Lave bem o bucho e recheie com o preparado anterior, cosa com uma agulha e linha e leve a cozer em água temperada com sal, louro e alho esmagado, durante 2 a 3 horas. Duran- te a cozedura vá picando o bucho com uma agulha para que ele não rebente. Sirva frio cortado em fatias. Gestão e recursos humanos com maior impacto O projecto Gestão Sustentável I obteve avaliação positiva. Formação de recursos humanos foi uma das áreas a iniciativa teve maior impacto O projecto Gestão Sustentável I, pro- movido pela União das Misericórdias Portuguesas (UMP) no âmbito do Programa Operacional Potencial Hu- mano, na medida Formação Acção, obteve avaliação positiva por parte dos provedores. No relatório final, a formação de recursos humanos surge como uma das áreas em que a iniciativa teve maior impacto. Ao todo participaram 75 Santas Casas e já começou o segundo projecto, que envolve uma centena de instituições. De acordo com o relatório final, promovido pela Associação Empre- sarial de Portugal (AEP) enquanto entidadeavaliadora,dadosrecolhidos junto de 40 Misericórdias permitem concluir que “o contributo do projec- toparaodiagnósticodenecessidades da organização e para a formação de recursos humanos são os resultados assinalados como mais intensos”. “A gestão global, a utilização das TIC e a estratégia da organização surgem como o segundo grupo de domínios de impacto forte do pro- jecto, o que pode permitir assinalar a pertinência do projecto, traduzida na concretização de resultados relevan- tes na melhoria da gestão das Miseri- córdias”, lê-se naquele documento. Outro aspecto destacado pela equipa da AEP é o facto de que os resultados finais coincidem com as expectativas iniciais. “Este facto permitirá concluir pela relevância do projecto, que costuma ser enten- dida como conseguida quando os resultados obtidos por um projecto vão de encontro às expectativas dos respectivos stakeholders”. Recorde-se que este projecto visa aperfeiçoar metodologias de gestão e princípios organizacionais nas Mi- sericórdias, assim como abordar as qualificações dos recursos humanos. “A especificidade das Santas Casas no panorama da economia social portuguesa justifica que tenhamos preocupações em disponibilizar a estas instituições os melhores instru- mentos de gestão e os mais adequa- dos conhecimentos”, refere o centro de formação da UMP - Ceforcórdia. No projecto gestão Sustentável II estão envolvidas as seguintes Santas Casas: Espinho, Oliveira de Azeméis, Barcelos, Vieira do Minho, Vila Nova de Famali- cão, Vila Verde, Riba D´Ave, Vinhais, Tabuaço, Miranda do Douro, Vimioso, Vila Nova de Foz Côa, Lousada, Mar- co de Canavezes, Paredes, Penafiel, Unhão, Trofa, Paços de Ferreira, Arcos de Valdevez, Melgaço, Ponte da Barca, Valença, Viana do Castelo, Alijó, Arou- ca, Peso da Régua, Vila Real, Armamar, Moimenta da Beira, Resende, Tarouca, Vale de Cambra, Anadia, Aveiro, Mea- lhada, Oliveira do Bairro, Proença-a- Nova, Castelo Branco, Fundão, Oleiros, Sertã,Montemor-o-Velho,VilaNovade Poiares, Pampilhosa da Serra, Tábua, Guarda,Manteigas,Meda,Sabugal,An- sião, Caldas da Rainha, Leiria, Óbidos, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Sobral de Monte Agraço, Abrantes, Constân- cia, Porto de Mós, Mação, Castro Daire, S. Pedro do Sul, Confraria da Nazaré, Aljustrel, Alvito, Beja, Moura, Odemira, Cuba, Alcáçovas, Évora, Mora, Pavia, Vendas Novas, Cabrela, Azambuja, Avis, Castelo de Vide, Alegrete, Cabeço de Vide, Monforte, Sousel, Almeirim, Fronteira, Gavião, Rio Maior, Torres Novas, Grândola, Torrão, Alvor, Loulé, Olhão e Tavira. Santas Casas no segundo projecto Estarreja conta 75 anos em livro A edição é um estudo histórico da autoria de Marco Pereira e conta com diversos testemunhos, entre eles, a provedora, Rosa Figueiredo A Santa Casa da Misericórdia de Es- tarreja está a completar os 75 anos de existência. Nos dias 22 e 23 de Ou- tubro, história e reflexão marcaram o tom das comemorações. De acordo com a provedora, Rosa Figueiredo, o dia 22 contou com uma palestra proferida pelo Professor Daniel Serrão subordinada ao tema “Reflexão Médica e Ética sobre a Eu- tanásia”. “Tema bastante pertinente e fracturantenasociedadeportuguesae queseráconcertezaumgrandecontri- butoparareflexão”,afirmouarespon- sável sobre a iniciativa que decorreu na Biblioteca Municipal de Estarreja. No dia seguinte, 23 de Outubro, foi lançado o livro “História da Santa Casa da Misericórdia de Estarreja”. A cerimónia teve lugar na Câmara Mu- nicipal daquela localidade. A edição é um estudo histórico da autoria de Marco Pereira e conta com diversos testemunhos, entre eles, a provedo- ra, Rosa Figueiredo. Segundooautor,“noiníciode1923 começavamosesforçosparaacriação de uma Misericórdia e um Hospital. Não tardou que se juntassem as elites doconcelhodeEstarrejanumagrande reunião. No entanto os entusiasmos esmoreceram pouco tempo depois e as comissões ficaram definitivamente inactivas”. E foi, portanto, em 1926 queoViscondeseSalreu,enriquecido no Brasil e benemérito na terra natal, ficousensibilizadoeprometeucustear a construção do hospital. “Construído entre 1926 e 1935, o Hospital Visconde de Salreu era con- siderado nos primeiros anos um dos melhores do país, possuindo equipa- mentos e características avançados para a época. Salazar, que o visita em 1935, mostra-se impressionado com o que vê”, refere Marco Pereira. A edição “História da Santa Casa da Misericórdia de Estarreja” faz ainda o levantamento de todos provedores que passaram por aquela instituição. No dia 23, as comemorações ficaram ainda marcadas por uma eucaristia. Misericórdia de Estarreja está a completar os 75 anos de existência. História e reflexão marcaram o tom das comemorações
  • 12. www.ump.pt em acção 12 vm outubro 2010 Economia familiar e bem-estar na horta social da Trofa Misericórdia da Trofa inaugurou uma horta social. Para além da importância na economia familiar, este espaço é uma mais-valia para a saúde A Santa Casa da Misericórdia da Tro- fa inaugurou recentemente a horta social “O Meu Cantinho de Terra”. Para além da importância na eco- nomia familiar, este espaço é uma mais-valia para a saúde, uma vez que os “agricultores” apenas podem produzir produtos biológicos. De acordo com o jornal Notícias da Trofa (NT), a horta social da Mise- ricórdia pretende ser uma ajuda para os trofenses que mais precisam e que podem, desta forma, economizar al- guns euros no supermercado. Gorete Sousa é um dos muitos exemplos de pessoasquevãousufruirdainiciativa. Mãe de cinco crianças, Gorete actualmente vive em S. Martinho de Bougado e vai contar com a sabedoria da mãe, Adelina Alves, para cuidar do seu cantinho de terra. “Eu tive conhecimento deste espaço através do meu técnico - de Acção Social - e disse logo que estava in- teressada, porque somos muitos em casa. Tenho cinco crianças, portanto gastamos muitas hortaliças e se eu puder cultivar em vez de comprar é muito melhor para nós: poupa-se dinheiro, ocupa-se mais o tempo e os produtos têm mais qualidade do que se forem comprados na feira ou no mercado”, explicou. Gorete considera esta oportunidade “muito boa”, mas “muito rara”. Amadeu Castro Pinheiro, prove- dor da Santa Casa da Misericórdia da Trofa, acredita que este projecto vai “ao encontro da pretensão de muitos casais e de muitas famílias que gosta- riamdeterumbocadinhodeterrapara agricultura e que, por motivos vários, não têm essa possibilidade”. “Vimos, realmente,aoencontrodaquiloqueas pessoas precisavam”, afirmou. A horta social é um local onde as diferenças são esquecidas: portu- gueses, imigrantes de Leste, paquis- taneses e pessoas de etnia cigana partilham a mesma terra. O provedor recordou uma conversa com uma mulher de etnia cigana que lhe dizia que na horta social “se sentia igual aos outros”. O Meu Cantinho de Terra conta com a parceria de várias entidades, empresaseassociaçõescomoaADAP- TA (Associação para a Defesa do Am- biente e do Património da Trofa). Barcelos inaugura serviço de hidroterapia Serviço de hidroterapia da Misericórdia de Barcelos inclui uma piscina terapêutica em temperatura ambiente de 36º, única no concelho Dentro de dois anos, a Santa Casa da Misericórdia de Barcelos vai ter uma nova unidade de cuidados continu- ados integrados (UCCI). O anúncio foi feito a 8 de Outubro, aquando da inauguração oficial do novo ser- viço de hidroterapia, no centro de medicina física e de reabilitação da instituição. De acordo com o provedor, Antó- nio Pedras, o serviço de hidroterapia inclui uma piscina terapêutica em temperatura ambiente de 36º, úni- ca no concelho de Barcelos; banho turco; duche escocês; pressoterapia; duche vichy e massagem manual. Todos estes tratamentos são acompa- nhados gratuitamente pelos médicos fisiatras daquele centro. Os interessados em usufruírem destes serviços podem deslocar-se à Rua Dr. Santos Júnior (Quinta da Ordem), onde passarão numa fase inicial pelo médico que aconselhará o tratamento mais adequado. Este serviço tem capacidade para receber diariamente 140 utentes. Por sua vez, a UCCI anunciada por António Pedras terá espaço para 22 camas de média duração e 33 de longa duração e irá criar 52 postos de trabalho. Ao todo, o novo equipa- mento custará 2,5 milhões de euros, sendo que 750 mil foram compar- ticipados no âmbito do Programa Modelar. A nova unidade vai representar também uma mais-valia para as fa- mílias da região. O provedor relem- brou que, actualmente, os utentes são obrigados a deslocarem-se a ci- dades vizinhas para receber este tipo de assistência, o que dificulta a vida dos familiares que querem visitar os seus doentes. A Mesa Administrativa optou pela construção de um edifício de raiz, como alternativa à espera da de- volução das instalações do Hospital de Barcelos, que só acontecerá quan- do for construído o novo hospital no concelho, sem data prevista ainda. Nessa altura, o provedor adiantou a possibilidade de transformar aquele edifício em Unidade Hoteleira de Tu- rismo Sénior. Recorde-se que neste momento as Misericórdias representam cerca de 70% da Rede Nacional de Cuida- dos Continuados Integrados. Vila Verde prepara casais para o parto Spa da Misericórdia de Vila Verde lançou curso de preparação aquática para o parto e a parentalidade A Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde lançou recentemente um curso de preparação aquática para o parto e parentalidade, através dos serviços da unidade de Medical Spa. O objec- tivo é promover a saúde e qualidade de vida de muitas mulheres grávidas, mas os pais também podem partici- par se quiserem. Segundo o jornal Correio do Mi- nho, o curso será leccionado por um profissional de saúde e constituído por oito aulas, quatro delas em pisci- na aquecida e as restantes centrar-se- ão na sala de fitness e de formação. A quem não interessar a frequência do curso completo, poderá adquirir a frequência individualizada das ses- sões que pretender. Para além disso, os cuidados continuam após o nascimento do bebé. Além de acompanhamento telefónico e ao domicílio, a Miseri- córdia de Vila Verde disponibilizará outros serviços como, por exemplo, o pezinho ao bebé. O curso de preparação aquáti- ca para o parto e parentalidade tem como objectivos identificar necessi- dades do casal, fornecer informação actualizada, mostrar uma diferente percepção do desconforto do traba- lho de parto, elucidar o casal sobre os métodos farmacológicos e não farmacológicos do alívio da dor. A Medical Spa da Misericórdia de Vila Verde está aberta ao público há pouco mais de um ano. Trata-se de um espaço dedicado ao bem-estar, exercício físico, saú- de e prevenção, equilíbrio, beleza, que conta com uma vasta oferta de serviços, profissionais de excelên- cia e, acima de tudo, preços sociais, atentos e à semelhança dos valores intrínsecos desta instituição. ONOTÍCIASDATROFA Horta social para ajudar a poupar
  • 13. www.ump.pt Menos liberdade de imprensa Portugal continua a cair na tabela de liberdade de imprensa, elaborada pela Associação Repórteres Sem Fronteiras. Em 2010, o país surge no 40º lugar, caindo dez posições face a 2009. Em 2008, Portugal estava no 16º lugar. em acção outubro 2010 vm 13 Alhos Vedros comemora 510 anos A Misericórdia de Alhos Vedros comemorou recentemente os 510 anos da instituição. Durante a cerimónia, foi prestada uma homenagem a Fre- derico Fatia, ex-provedor falecido no último ano. A sua fotografia foi colo- cada na galeria dos ex-provedores. “É uma homenagem singela mas sen- tida”, disse tesoureiro da instituição. A Santa Casa prepara-se ainda para inaugurar uma unidade de cuidados continuados. “Estava previsto estar pronta este mês, mas está com dois meses de atraso, perspectivando-se que esteja concluída em Dezembro, e seja inaugurada em Fevereiro de 2011”, concluiu Alberto Morgado. 630Mil portugueses. No final de Junho, havia 630 mil portugueses com crédito vencido junto das instituições financeiras que operam em ter- ritório nacional, revelam dados recentemente divulgados pelo Banco de Portugal. Universidade Sénior da Madalena tem 20 alunos Universidade Sénior da Santa Casa da Misericórdia da Madalena, nos Açores, tem 20 alunos inscritos para o ano lectivo 2010/2011, mas espera ter muitos mais. As aulas começaram recentemente e na sessão de abertura, o provedor daquela instituição, José António Soares,afirmouqueainiciativa,cujo objectivo desta passa pela “apren- dizagem e confraternização”, tem sido “uma experiência enriquece- dora” e tem tido “resultados po- sitivos de ano para ano”. Ao todo, serão leccionadas nove disciplinas e para cada disciplina há um pro- fessor voluntário. A Universidade Sénior da Santa Casa da Misericór- diadaMadalenaexistehátrêsanos. “A Misericórdia de Castelo Branco pretender cons- truir uma nova creche e jardim-de-infância, um novo lar para idosos, uma piscina aquecida, um gi- násio e seis apartamentos independentes para quem esteja válido, mas queira viver no campo e apoiado pela Misericórdia. Guardado Moreira Provedor VOLTAAPORTUGAL Mealhada celebra 104 anos com reflexão Santa Casa da Misericórdia da Mealhada celebrou recentemente 104 anos de existência e assinalou o aniversário com um momento de reflexão A Santa Casa da Misericórdia da Me- alhada celebrou recentemente 104 anos. Mas apesar de a instituição estar “viva”, o provedor, João Peres, preferiu assinalar o aniversário com um momento de reflexão. Em declarações ao Diário de Coimbra, aquele responsável afir- mou que a função da Misericórdia “não é fazer festas, mas sim aplicar os poucos recursos que temos em prol da sociedade”. Por isso, naquele dia, celebrado a 15 de Outubro, o ob- jectivo era “não esquecer o passado e projectar o futuro”. E o futuro passa, essencialmente, por dar mais e melhores condições ao Hospital Misericórdia da Mealha- da(HMM),emfuncionamentodesde 2006 e que se tem afirmado como “um marco de referência na região e no país”, revela um comunicado da instituição. João Peres vai mais longe e afirma mesmo que o hospital, que hoje dispõe de um variado conjunto de serviços de saúde, se tem afirman- do como alternativa “à altura” dos hospitais centrais, concretamente de Coimbra, poupando tempo e di- nheiro às populações que, em muitos casos, deixam de ser obrigadas a deslocações a hospitais maiores. Além da saúde, as restantes res- postas sociais também estão a ser alvo da atenção da Mesa Adminis- trativa da Misericórdia da Mealha- da. Segundo João Peres, apesar de haver grande procura pelos serviços da instituição, o objectivo para os próximos tempos é dar melhores condições de vida aos utentes. A construção de um novo lar é uma prioridade, mas “a médio prazo”, conta o provedor, frisando que não se trata de um projecto que tem em vista o aumento da capacidade, mas sim uma “modernização”. O objectivo é fazer uma constru- ção nova, em local ainda a definir, e deixar o velho edifício do lar para outras utilizações, de apoio ao hos- pital, por exemplo, ou para outras respostas sociais. Destaque também para o apoio que a Misericórdia da Mealhada presta na área da infância, com as valências de creche, pré-escolar e ATL, onde o ensino da música e as várias actividades na área musical têm merecido uma especial atenção. “A função da Misericórdia “não é fazer festas, mas sim aplicar os poucos recursos que temos em prol da sociedade”. O objectivo é “não esquecer o passado e projectar o futuro”. 68835utentes foram ad- mitidos no hospital entre Janeiro e Setembro de 2010 30 é o número de camas na uni- dadedecuidadoscontinuados integrados da Misericórdia da Mealhada 261crianças são apoiadas nas respostassociaisdecreche, pré-escolar e ATL 160idosos são diariamente acompanhados nas respos- tasdelar,centrodediaeapoiodomiciliário 387colaboradores é com que conta a Santa Casa da Me- alhada actualmente Números
  • 14. 14 vm outubro 2010 www.ump.pt em acção PARCERIAS Rui Filipe Leite Responsável pelo Protocolo entre Carclasse e UMP Uma das nossas missões é o apoio à actividade social Há Quanto tempo a Carclasse trabalha com as Misericórdias? A Carclasse – Comércio de Automó- veis, S.A. é Concessionário Oficial das marcas Mercedes-Benz, Smart, Suzuki Automóveis e Land Rover. Sendo representante oficial Merce- des-Benz desde 1993 para todo dis- trito de Braga e formalmente des- de 1999 para todo o Minho e após os primeiros anos de implantação no mercado iniciamos em 1996 os contactos com as Misericórdias da nossa região apresentando solu- ções para transporte de pessoas (de 2 a 23 lugares), bem como para Transporte Especial de Pessoas com Mobilidade Reduzida, de forma a garantir uma resposta real às ne- cessidades de cada instituição e de cada população. A Carclasse, S.A. define como uma das suas missões o apoio à activida- de social através de donativos bem como através do fornecimento de produtos adequados às necessida- des de transporte de pessoas ou apoio domiciliário. Que avaliação faz do protocolo com a UMP? A Carclasse, S.A. tem adoptado uma política assente em condições espe- cialmente definidas para as Miseri- córdias, pelo que consideramos esta parceria de elevada importância uma vez que o protocolo permitiu por um lado, alargar a nossa rede de contactos a nível nacional pro- movendo a diversidade de viaturas disponíveis junto das Misericórdias, cujas necessidades são específicas. Por outro lado, com este protocolo a Carclasse, S.A. assume-se agora como o principal fornecedor de via- turas neste contexto. Quais são as principais van- tagens – comerciais e outras – desta parceria para as Santas Casas? No âmbito deste Protocolo a Car- classe, S.A. para além do forne- cimento de equipamentos com custos de aquisição em condições especiais através de preços unifor- mizados e competitivos, apresenta soluções de transporte de pessoas com e sem mobilidade reduzida, veículos de apoio domiciliário e MI- NIBUS visando as necessidades re- ais de cada uma das Misericórdias. Estas viaturas são reconhecidas no mercado como as que apresentam níveis de segurança, conforto e fia- bilidade mais elevados. Há projectos para o futuro? A Carclasse, S.A. tem conhecido um desenvolvimento sem paralelo, em que o crescimento do número de vendas tem sido uma constan- te, sendo acompanhado pelo cres- cimento das infra-estruturas e do volume do serviço após-venda. A Carclasse, S.A. é, neste momento, um dos mais importantes conces- sionários nacionais, dispondo de instalações nas cidades de Bra- ga (sede), Barcelos, Vila Nova de Famalicão, Guimarães e Viana do Castelo. Prosseguindo no seu esfor- ço de crescimento e incremento da qualidade do serviço ao Cliente, a Carclasse, S.A. tem previsto inau- gurar, a curto prazo, as suas novas instalações na cidade de Lisboa, na Avenida Marechal Gomes da Costa. Desta forma pretendemos ser líde- res de mercado na satisfação dos Clientes, implementando com esse propósito acções que desenvolvam relações duradouras e de confiança. Reflexão nos 500 anos de Vila Viçosa Misericórdia de Vila Viçosa celebrou 500 anos com uma jornada de debate e reflexão acerca do trabalho que tem vindo a desenvolver na localidade No âmbito das comemorações dos 500 anos da Santa Casa da Miseri- córdia de Vila Viçosa a instituição promoveu no dia 2 de Outubro, no Cine-teatro Florbela Espanca, uma jornada de debate e reflexão acerca do trabalho que tem vindo a desen- volver em prol dos mais carenciados. Na sessão de abertura das jorna- das todos os oradores - o provedor Jorge Rosa, o presidente da Câmara Municipal de Vila Viçosa, Luís Cal- deirinha Roma, o representante da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Aurelino Ramalho e o arce- bispo da Arquidiocese de Évora, D. José Alves – assinalaram a impor- tância deste género de instituição. Ostemposdifíceisqueopaísatra- vessa também estiveram na ordem do dia e foram motivo de reflexão. O representante da UMP constatou que “as Misericórdias vivem e ac- tuam em contra-ciclo. Quando há uma crise no país as Misericórdias estão na primeira linha a ajudar os mais necessitados”. Ao sublinhar a importância da instituição para a população calipolense, o presidente CâmaraMunicipallocal,afirmouque “a Santa Casa, em tempo de crise, conseguecriarsituaçõesdeapoioque muitas vezes o Estado não consegue dar resposta”. Por sua vez, o bispo de Évora também destacou “a ajuda indispensável” que as Misericórdias representam para o país em áreas de actuaçãovariadascomosaúde,tercei- ra idade e apoio à infância. Durante a jornada de trabalhos foi, ainda, apresentado o livro “A misericórdia de Vila Viçosa: de fi- nais do Antigo Regime à República”, da autoria de Maria Marta Lobo de Araújo. Esta obra visa comemorar os cinco séculos de existência da insti- tuição. No entanto, como a autora do livro assinalou: “Nós não sabemos exactamente a data da fundação da Misericórdia de Vila Viçosa. Mas podemos afirmar que há 500 anos houve a integração do hospital do Espírito Santo na Misericórdia cali- polense”. Ou seja, há mais de cinco séculos que a instituição faz parte da vida da vila alentejana. Com a publicação deste livro, Maria Marta Lobo de Araújo deu continuidade aos estudos que já havia realizado e, desta vez, centrou a sua investigação entre 1800 e 1910. Segundo a investi- gadora: “ foi um período muito difícil para o país. A Misericórdia chegou à República muito desfalecida, mas soube viver, renascer e está na actu- alidade cheia de vitalidade.” O papel activo da instituição também foi destacado pelo provedor Jorge Rosa: “a Santa Casa possui lar juvenil, casa de repouso, centros de dia, serviço de apoio domiciliário, equipa de intervenção precoce, ateliê de tempos livres para jovens e crian- ças e jardim-de-infância.” Inegável é, ainda, que a instituição é uma das principais empregadoras da região. Voltada para o futuro, a Santa Casa de Vila Viçosa promete continuar a cumprir com a sua missão, estando prevista a construção (ainda para 2010) de uma unidade de cuidados continuados para acolher doentes acamados ou na fase final da vida. As comemorações dos 500 anos da Misericórdia de Vila Viçosa ain- da vão contar com outros eventos. No dia 30 de Outubro está previsto cortejo, sessão solene e convívio. O benfeitor Augusto do Couto Jardim vai ser lembrado no dia 14 de No- vembro. Finalmente, no dia 29 de Dezembro, encerram-se as come- morações. Adriana Mello Crise do país foi tema de debate em Vila Viçosa “Durante a jornada de traba- lhos foi, ainda, apresentado o livro “A Misericórdia de Vila Viçosa: de finais do An- tigo Regime à República”, da autoria de Maria Marta Lobo de Araújo.
  • 15. EM FOCO www.ump.pt outubro 2010 vm 15 Ensinar enfermagem com coração e qualidade A Escola Superior de Enfermagem São Francisco das Misericórdias aposta no ensino de elevada qualidade, mas não descura a dimensão de apoio social Quanto aos projectos para o futuro, o directordaescolaafirmouqueaforma- ção à distância é deles. Embora ainda numa fase embrionária, o projecto pre- tende, em outros aspectos, apoiar as Santas Casas nos processos de forma- çãocontínua.Comatençãoaosdesafios que estas instituições vão enfrentar por causadoenvelhecimentodapopulação, a escola quer ser “o sustentáculo for- mativo” do trabalho em áreas como a reabilitaçãoeoscuidadospaliativos,por exemplo.“AescolaédasMisericórdias”, concluiu João Paulo Nunes. A prevenção e o tratamento de feridas tambémirãomarcaraagendadaescola nospróximostempos. Emparceriacom aEuropeanWoundManagementAsso- ciation, a ESESFM espera brevemente iniciar uma investigação sobre feridas em Portugal. “A escola é das Misericórdias”Nos próximos meses, o VM vai apresentar o panorama geral das instituições anexas da União das Misericórdias Portuguesas. A Escola Superior de Enfermagem São Fran- cisco das Misericórdias (ESESFM), que em 2010 está a completar, 60 anos de existência, inaugura esta nova rubrica. Os tempos que se aproximam não serão fáceis. Quem afirma é o director da escola, João Paulo Nu- nes. Com 270 alunos inscritos, neste momento cerca de 30 por cento estão a passar por dificuldades financei- ras e não têm condições para pagar as mensalidades. “O desemprego de que ouvimos falar está a afec- tar directamente muitos dos jovens que aqui estão”, afirma preocupado aquele responsável. Apesar do regulamento daquele estabelecimento de ensino superior Bethania Pagin contemplar que ao fim de dois me- ses sem pagamento fica suspensa a matrícula, a direcção da escola quer apoiar os estudantes com dificulda- des. “Várias pessoas já pensaram em desistir, mas estamos a tentar ajudá-las”. Para o efeito, uma das iniciativas no âmbito do gabinete de apoio social da ESESFM tem sido negociar modalidades especiais de pagamento com alguns bancos. “Te- mos de minimizar as dificuldades por que estão a passar as famílias e assegurar que o futuro desses jovens não fique comprometido por razões financeiras e essa preocupação tem a ver com a nossa missão enquanto escola de enfermagem: além da for- mação, preocupa-nos a dimensão do apoio social”. No que respeita à formação, a escola aposta num ensino de elevada qualidade que assegure, posterior- mente, uma boa taxa de emprega- bilidade. Daí que, na abertura do ano lectivo 2010/2011, a oração de sapiência vai ter como tema o em- preendedorismo. “Queremos formar profissionais e cidadãos capazes de orientar o seu próprio destino”, re- feriu João Paulo Nunes. E formar os jovens passa tam- bém por contar a história da própria União. No início deste ano lectivo, os novos alunos estiveram na sede da UMP para uma sessão de acolhi- mento. “Fazia todo sentido visto que naquele espaço começou a nossa escola e mesmo ali ao lado estão as Irmãs Missionárias de Maria que nos fundaram. Mostrar aquele espaço aos jovens é mostra-lhes a história da escola e da União e o acolhimento também é uma obra de misericór- dia”, afirmou. Para o director da ESESFM, as obras de misericórdias estão intrin- secamente ligadas à enfermagem, especialmente as corporais. “Dar de comer, de beber, vestir etc são acções que fazem parte das práticas de trabalho dos enfermeiros”, co- mentou o responsável, destacando que nas obras espirituais também é possível encontrar ligações, perdoar as injúrias, por exemplo, já que nem sempre os doentes percebem os cui- dados que lhes estão a ser prestados. Actualmente a escola está a fun- cionar nas instalações da Universi- dade Autónoma de Lisboa (UAL), mesmo no coração da cidade. Sobre a parceria, João Paulo Nunes afir- mou que são muitas as razões para continuar. Além do espaço, que é bom, o trabalho com a UAL também passa pelo desenvolvimento de pro- jectos formativos na área da saúde. Neste momento está a ser preparado um mestrado na área da saúde men- tal, contou o responsável. Em suma, queremos o nosso trabalho assente em três pilares fundamentais: quali- dade, certificação e sustentabilida- de”, concluiu o responsável. Escola tem 270 alunos inscritos 270 alunos inscritos No ano lectivo 2010/2011, a Escola Superior de Enfermagem São Francis- co das Misericórdias tem cerca de 270 alunos inscritos em licenciatura e pós- graduações. 60 anos de história A Escola Superior de Enfermagem São Francisco das Misericórdias está a com- pletar60anosem2010.Diversasinicia- tivas estão a marcar a efeméride. Concurso de fotografia A escola está a promover um Concurso de Fotografia a nível nacional. Objectivo é promover o aparecimento de imagens que traduzam os valores intrínsecos à enfermagem. Certificação de qualidade AEscolaSuperiordeEnfermageméuma entidade com acreditação de qualidade segundo a norma internacional ISO 9001/2000. O certificado foi entregue em 2009. Formação diversificada A Escola Superior de Enfermagem tem diversas pós-graduações a decorrer. In- tervençãoHumanitáriaeCatástrofeeEn- fermagemForensesãoalgunsexemplos. Centro de bioética A Escola de Enfermagem das Misericór- dias é a primeira instituição portuguesa a dedicar-seaquestõesbioéticasnoâmbi- to da enfermagem. O centro de bioética foi criado em 2005. 60 anos de história celebrados em 2010
  • 16. reportagem www.ump.pt16 vm outubro 2010 urante Outubro, as mãos pintaram-se de tons rubros para recolher os frutos da videira e do trabalho do homem. Numa região produtora de vinhos, este néctar sempre garantiu a subsistência de muitas famílias. Assim, também as Santas Casas de Macedo de Cavaleiros e Valpaços apostaram no cultivo da vinha e na produção de vinhos que honrem a qualidade. Quando decidiu plantar vinha, o provedor da Santa Casa de Macedo de Cavaleiros, Castanheira Pinto, pensou na sustentabilidade da instituição. “Havia necessidade de termos vinho para consumo próprio e pensei já na sustenta- bilidade futura com o desenvol- vimento do casal agrícola, onde agora produzimos de tudo, desde a batata ao feijão, passando pelo azeite.” A comercialização iniciou- se em 2003. “Temos tinto e branco, com castas nobres: as tourigas nacional e franca, a Tinta Roriz; nos brancos, temos cá o Alvarinho e a Malvasia branca. Vinificamos separadamente e fazemos o lote das castas”, relatava o provedor. À lista acrescenta-se ainda a produção de espumante, que foi distinguido, em 2004, com uma medalha de ouro num concurso mundial. De dois em dois anos, são produzidas entre 1500 a 2000 garrafas, cujo preço ronda os seis Patrícia Posse D Vindimar para o sustento Em Trás-os-Montes, a colheita de uvas destina-se ao consumo doméstico das Santas Casas e à comercialização, em pequena escala, para o mercado nacional euros. “Têm notas de frutos secos, bolha persistente e fina e rondam os 11,5 a 12 graus”, desvenda o enólogo Fernando Guerra. Os vinhos Quinta do Lombo têm uma produção anual média de 20 mil litros “de qualidade”. “O tinto topo de gama é o mais produzido, tem os aromas típicos dos frutos vermelhos, 13 graus de álcool e é bastante encorpado. O branco tem aromas frutados, com muitas notas florais e acidez equili- brada. Este ano, está pela primeira vez no mercado.” As 1600 garrafas de branco vão ter um preço médio de quatro euros, enquanto os tintos de colheita e reserva se vendem a 7,5 e os correntes a 4. O mercado consumidor é prin- cipalmente local, com vendas para restaurantes e particulares. “Como a produção ainda não é muito grande, normalmente vêm-nos pro- curar a casa”, diz Fernando Guerra, depois de augurar um “ano dos melhores” em termos de qualidade. Todas as mãos são necessárias Os cinco hectares de vinha, distribuídos pela zona do Lombo e Cortiços, ficam a cargo dos 15 funcionários agrícolas, que por esta altura são ajudados por colegas de outros serviços. Fernanda Cepeda, 56 anos, é costureira no lar, mas nas vindimas, troca as agulhas pela tesoura de podar. “É um trabalho diferente. A gente alivia a cabeça e o convívio com os colegas é bom.” E também aqui não se pode dar ponto sem nó: “temos que ter cui- dado para não deixar cair as uvas ao chão, porque se os bagos caem não vão para o vinho”. “É tentar aproveitar ao máximo”, frisa. Daniel Augusto Arratel vem vindimar todos os anos, sempre munido com uma ferramenta atípica: uma faca com ponta arre- dondada. “Trouxe-a de Espanha há uns 16 anos. Já cortou muitas uvas e continua a cortar.” Além de evitar cortes nos dedos, tem outra van- tagem: “é raro avariar”. “O melaço da uva apanha a mola da tesoura e não a deixa abrir ou fechar ou a mola por vezes salta, com isto é só andar”, explica o sexagenário. Em Lombo, a 20 km de Ma- cedo de Cavaleiros, a jornada de trabalho arranca às 7h, com pausa a meio da manhã para aconche- gar o estômago com o fumeiro transmontano, o pão e o queijo. Sempre aos pares, os vindimadores dizimam as cepas e colocam as uvas em caixas de plástico, que serão transportadas para a adega da Quinta do Lombo. “Vêm em cai- xas, porque as condições higiénicas e de saúde para as uvas são as melhores. As uvas não fazem tanto peso umas em cima das outras, evitando macerações”, justifica o enólogo. Aí são colocadas no tape- te de escolha, onde se retiram os bagos podres, os secos e as folhas. “Depois de esmagadas, se for bran- co vai directamente à prensa, se for tinto ou vai para o lagar ou para a cuba, depende da casta.” Às vindimas está também associado um ritual religioso que precede o corte, com a “bênção dos frutos novos”, e culmina com uma missa na adega. “Coroamos a vindima com a eucaristia, onde se congregam todos os funcionários para que, dessa forma, façamos uma festa não só pela colheita, mas também um agradecimento a Deus, por tudo aquilo que temos e fazemos”, diz o capelão da Santa Casa, Eduardo Novo. Em prol da autonomia A Santa Casa de Valpaços comercializa vinhos há uma dé- cada pela necessidade de angariar fundos para o financiamento das diferentes respostas sociais. “Deve ser política das instituições conse- guir o maior número de receitas. Procuramos ter autonomia para sobreviver”, sustenta o provedor Eugénio Morais. Os 10 hectares de vinha ren- dem, em média, 50 mil garrafas de vinho por ano, sendo 2/3 de tinto. “Actualmente comercializamos mais os vinhos regionais do que os correntes. Estes são praticamente para consumo da casa, nomeada- mente para a confecção dos enchi- dos”, refere Luís Sousa, responsá- vel pela produção vitícola. Os vinhos são absorvidos, sobretudo, pelo mercado regional, embora haja já algumas vendas no Porto e em Lisboa. “Neste momen- to, há vinhos de alta qualidade e, por conseguinte, estamos já a pensar na exportação. Aqui ao lado, em Espanha, já estão interes- sados”, adianta o provedor. Este ano, a produção de uma monocas- ta, de Touriga Nacional, para um lote de 10 mil garrafas, constitui a principal novidade. “Este vinho irá ser engarrafado e levará o primeiro rótulo que tivemos na Santa Casa, que se chama “O Franciscano”, em homenagem ao padre Vítor Melí- cias. Os nossos vinhos de reserva e de qualidade terão sempre o rótulo desse homem que muito fez pelas Santas Casas, homenageando com a figura dele as Misericórdias todas de Portugal”, acrescenta. Os vinhos em circulação foram baptizados com os nomes de Formigueira, Toca da Lebre e Sexta- Feira 13. Este último foi lançado recentemente em homenagem aos consumidores fiéis de Montalegre, cidade onde todas as sextas-feiras 13 são transformadas em eventos de grande atractividade turística daquela localidade. Na Santa Casa de Macedo de Cavaleiros, os vinhos Quinta do Lombo têm uma produção anual média de 20 mil litros “de qualidade” Os 10 hectares de vinha da Misericórdia de Valpaços rendem, em média, 50 mil garrafas de vinho por ano, sendo 2/3 de tinto Vinhas começaram com intenção de sustentabilidade