O estudo avaliou os efeitos do tratamento do DMG leve em complicações maternas e perinatais. Embora o tratamento não tenha reduzido significativamente a mortalidade perinatal ou complicações neonatais, ele reduziu o risco de crescimento fetal excessivo, distócia de ombro, cesarianas e pré-eclâmpsia.
N Engl J Med 2009;361:1339-48: Tratamento da DMG leve reduz cesáreas e pré-eclâmpsia
1. The New England Journal of Medicine
Volume 361(14):1339-1348
01 de outubro de 2009
2. Diabetes melitus gestacional (DMG) é definido como intolerância à
glicose que ocorre pela primeira vez ou que é identificado pela
primeira vez durante a gravidez, mas que desaparece após o parto.
A frequência da doença é crescente nos Estados Unidos e ocorre
em 1-14% de todas as gestações de acordo com as características
da população estudada.
O'Sullivan e Mahan há mais de 40 anos desenvolveram critérios
para o teste de tolerância à glicose para diagnóstico da DMG.
Os critérios diagnósticos foram desenvolvidos com base no
desenvolvimento subsequente de diabetes no adulto, e não
baseado em qualquer associação entre intolerância à glicose
descoberta durante a gestação (DMG) e resultados adversos da
gestação.
3. A DMG aumenta o risco de desenvolvimento de DM2, porém a sua
importância clínica no que diz respeito aos vários resultados adversos
da gravidez tem sido incerto.
DMG com níveis muito elevados de glicemia em jejum, sem tratamento,
parece ter um risco aumentado de macrossomia fetal e complicações
perinatais, mas a associação de formas mais leves de diabetes
gestacional, com tais resultados tem sido pouco clara.
O HAPO ( Hiperglicemia e Resultados Adversos na Gravidez)
evidenciou forte associação permanente entre as concentrações de
glicose materna e aumento do peso ao nascer , dos níveis séricos de
peptídeo C no sangue do cordão umbilical, e de outros marcadores de
complicações perinatais, mesmo em concentrações de glicose abaixo
das que são geralmente de diagnóstico de DMG.
Introdução
4. Várias organizações profissionais recomendam o rastreamento
para DMG para a maioria das mulheres grávidas apesar de poucas
provas de que a identificação e o tratamento da DMG leve,
evidenciem vantagens.
O estudo ACHOIS (Estudo Australiano da Intolerância ao
Carboidrato na Mulher Grávida) concluiu que o tratamento reduz
complicações perinatais graves e pode também melhorar a
qualidade de vida.
As diretrizes 2008 da Força Tarefa de Prevenção dos Estado
Unidos concluiu que a evidencia atual é insuficiente para avaliar o
custo benefício em relação ao rastreio e tratamento da DMG.
5. O presente estudo randomizado foi realizado para determinar se o
tratamento de mulheres com DMG leve, reduz as complicações
perinatais e obstétricas.
6.
7. Critérios de inclusão:
◦ Mulheres com IG entre 24 semanas e 30 semanas e 6 dias
gestação;
◦ Mulheres com concentração de glicose no sangue entre 135 e
200 mg/dl, uma hora depois de um 50 g teste de sobrecarga de
glicose.
8. Critérios de exclusão:
◦ Diabetes pré-existente,
◦ Um resultado anormal em um teste de despistagem de glicose
antes de 24 semanas de gestação,
◦ Diabetes gestacional prévio ,
◦ História de natimorto,
◦ Gestação multifetal,
◦ Asma ou hipertensão arterial crônica;
◦ Se eles estavam tomando corticosteróides,
◦ Se houve uma anomalia fetal conhecido,
◦ (ou se iminente ou parto prematuro foi provavelmente por causa
da mãe doença ou condição fetal.) ?????
9. Diabetes mellitus gestacional leve foi definido como glicemia de
jejum menor de 95 mg / dL (5,3 mmol / l) e duas ou três medições
cronometradas de glicose que excediam os limites estabelecidos:
◦ 1ª hora: 180 mg /dl (10.0 mmol per liter);
◦ 2ª hora : 155 mg/dl (8.6 mmol per liter);
◦ 3ª hora :140mg/dl (7.8 mmol per liter)
Mulheres que preenchiam estes critérios foram distribuídas
aleatoriamente pelo centro de coordenação.
10. Grupo Tratamento:
◦ Orientação nutricional e dietoterapia, juntamente com a insulina,
se necessário;
Grupo Controle:
◦ Assistência pré-natal usual;
◦ Além disso, um coorte de mulheres que tiveram um resultado
positivo no teste de carga de 50 g de glicose, mais um resultado
normal em um teste oral de tolerância à glicose posterior , que
foram combinados com um coorte de estudo de acordo à raça e
IMC, que foram divididos em menos de 27 ou 27 ou mais, e
foram registrados pelos dados do centro de coordenação no
grupo que recebeu assistência pré-natal usual .
11. As mulheres com um nível de glicemia de jejum de 95 mg / dL ou
mais no diagnóstico do TOTG foram excluídos do estudo;
A ultra-sonografia foi realizada em todas as participantes antes do
TOTG para confirmar a idade gestacional.
A insulina foi prescrito se: a maioria dos valores de glicemia em
jejum ou pós-prandial, e valores elevados entre as visitas de
estudo:
◦ Glicemia de jejum ≥ 95 mg / dL
◦ Ou 2 horas pós-prandial ≥ 120 mg/dl.
12. Se, durante uma visita pré-natal, havia uma suspeita clínica de
hiperglicemia em um paciente que estava no grupo de controle, o
nível de glicose no sangue era medido, a critério do prestador.
Se o nível aleatório de glicose no sangue é
de 160 mg / dL ou mais, ou um nível de glicemia de jejum de 95
mg/dl ou mais foi detectado, o cuidador do paciente deve iniciar o
tratamento e notificar o investigador principal local e o pessoal do
estudo.
13. Nonstress testes, testes de perfil biofísico, e ultra-sonografia para
avaliar o crescimento fetal não foram realizados rotineiramente no
grupo de tratamento, mas foram reservados como padrão para
indicações obstétricas;
No entanto, todas as mulheres que estavam matriculados no
estudo foram instruídos sobre o cotidiano da avaliação da atividade
fetal;
Se a entrega não foi o resultado do trabalho de parto espontâneo,
a lógica para a época e o método de entrega foi
documentado. ?????????
14. Variáveis para Resultado Primário:
- Mortalidade perinatal ( natimorto ou morte neonatal)
- Complicações associadas a hiperglicemia materna:
- hipoglicemia
- hiperbilirrubinemia
- hiperinsulinemia neonatal
- Trauma ao nascimento
- paralisia do plexo braquial
- fratura de clavícula, úmero ou ossos do
crânio.
15. Peptídeo C – sangue do cordão
- hiperinsulinemia ( PCR > que o percentil 95 ou >1,77 ng/ml
Glicose sérica neonatal
- sangue periférico 2 hrs após nascimento e antes da
alimentação
- hipoglicemia: < 35 mg/dl
Bilirrubina
- após 16 -36 hrs após nascimento
* Qualquer valor acima do percentil 95 é considerado elevado.
16. * Variáveis para Resultado Secundário:
- peso ao nascer > 4000g
- Grande para Idade Gestacional ( acima do percentil 90 )
- Pequeno para Idade Gestacional ( abaixo do percentil 10)
- Internação em UTI neonatal
- Síndrome do Desconforto Respiratório
17. * Variáveis Maternas para Resultados Secundários:
- Ganho de peso durante gestação
- Hipertensão Gestacional ( HG)
- Pre-eclampsia ( HG + proteinúria)
- Parto Cesário
- Indução do Parto
- Distocia de ombro
18. * Variáveis Maternas para Resultados Secundários:
- Ganho de peso durante gestação
- Hipertensão Gestacional ( HG)
PAS ≥ 140 ou PAD ≥ 100 em pelo menos 2
ocasiões com intervalo de 4 hrs entre elas ou em 1 ocasião
após uso de medicação antihipertensivas
- Pre-eclampsia ( HG + proteinúria)
- Parto Cesário
- Indução do Parto
- Distocia de ombro
19. - Variáveis Maternas para Resultados Secundários:
- Ganho de peso durante gestação
- Hipertensão Gestacional ( HG)
- Pre-eclampsia ( HG + proteinúria)
Proteinúria de 24hrs: ≥ 300 mg ou 2+ ou mais em fita
reagente em amostra isolada de urina
Elevação da PA com elevação da AST ≥ 70 U/L ou
trombocitopenia ( < 100.000 )
- Parto Cesário
- Indução do Parto
- Distocia de ombro
20. * Variáveis Maternas para Resultados Secundários:
- Ganho de peso durante gestação
- Hipertensão Gestacional ( HG)
- Pre-eclampsia ( HG + proteinúria)
- Parto Cesário
- Indução do Parto
- Distocia de ombro
Diagnóstico clinico e com descrição de manobras
* Todos os dados sobre anteparto, intraparto e pós-parto foram
revisadas nos protuários.
21. •Estudo da população
- 19665 mulheres com alteração no resultado de tolerância a glicose
- 10989 preencheram os critérios de inclusão
- 7381 participaram do teste de tolerância a glicose em 3 horas
- 1889 foram incluídas
485 com DMG leve para o tratamento do estudo e 473 para
o pré-natal
- Não houve diferenças nas variáveis demográficas ou nos
resultados entre os testes de tolerância a glicose entre os grupos.
22. Perinatal e Neonatal
- não houve diferenças significativas na frequência do resultado
perinatal primário (32,4% no estudo e 37% no controle)
25. Maternos
- 7 consultas pre- natal no grupo tratamento em relação a 5 no
controle
- Indução do trabalho de parto foi semelhante entre os grupos
- 37 mulheres no grupo tratamento precisaram de insulina e 2 no
controle
27. Não Reduziu a frequência dos principais eventos
Reduziu:
◦ Mortalidade Fetal
◦ Cesariana
◦ Pré-eclâmpsia
Utilizados 100g p/ TOTG x 75g ACHOIS
28. Menores taxas de depressão pós parto (ACHOIS)
Avaliar: (HAPO)
◦ N° Neonato ou Natimorto
◦ Hipoglicemia Neonatal
◦ Hiperbilirrubinemia
◦ Trauma ao nascimento
ACHOIS
Tratamento não Reduz:
◦ Taxas de hipoglicemia neonatal
◦ Icterícia
29. Mais estudos são necessários
◦ para avaliar se o tratamento do DMG reduz o risco de
complicações.
O Fato do DMG está presente
◦ Aumento da taxa de cesarianas
30. Resultados Estudo HAPO
◦ Glicemia de Jejum > 100mg/dl
Macrossomia
Distócia do ombro
Lesão do plexo braquial
Estudo ACHOIS
◦ Redução na taxa de distócia
◦ Grav. que receberam tratamento (1% x 3%NT)
31. Mostrou redução significativa na taxa de cesariana no grupo com
tratamento intensivo em comparação com a taxa entre as mulheres
no grupo controle.
Houve resultados similares quanto a taxa de indução do parto nos
dois grupos.
Não se sabe quanto a redução no tamanho fetal e na freqüência
de RN GIG influenciou na redução da taxa de cesarianas.
32. O estudo HAPO mostrou uma associação linear entre os resultados
dos TOTG e taxas de pre-eclampsia.
O estudo encontrou uma significativa redução das taxas de pré-
eclâmpsia entre as mulheres que receberam tratamento para a
DMG leve. Resultados melhores que no estudo ACHOIS
(provavelmente explicada pelo uso de critérios diagnosticos mais
rigoroso no presente estudo).
Não foi divulgado os resultados dos TOTG para nenhum dos dois
grupos, a fim de minimizar a probabilidade de auto-tratamento
(limitação em estudos anteriores).
33. Evidenciou diminuição das complicações perinatal “grave" no grupo
em estudo. Melhores resultados que no estudo ACHOIS (+ casos
de distocia de ombro).
A frequencia do desfecho primário não foram significativamente
diminuídas.
Os resultados mostram que as mulheres, com DMG e glicemia de
jejum normal, tratadas reduziram o risco de crescimento fetal
excessivo, distócias de ombro, cesarianas e de doença
hipertensiva específica da gravidez (pré-eclâmpsia).
34. Embora o tratamento do DMG leve não reduziu significativamente a
frequência de natimorto ou óbito fetal e de diversas complicações
neonatal, ele fez reduzir o risco de crescimento excessivo fetal,
distócia de ombro, cesarianas e transtornos hipertensivos.