Este documento analisa a situação atual da arquivologia no Brasil, com foco na oferta de cursos superiores e vagas por estado. O Nordeste se destaca como a região com maior número de vagas, especialmente a Paraíba, que oferece os dois únicos cursos de arquivologia no estado e a maior oferta de vagas entre todas as universidades brasileiras.
A Estrutura do Fluxo Informacional do Sistema Nacional de Transplantes: uma i...
Arquivologia na Paraíba: UEPB e UFPB lideram formação
1. III SBA – Simpósio Baiano de Arquivologia
26 a 28 de outubro de 2011 – Salvador – Bahia
Políticas arquivísticas na Bahia e no Brasil
Arquivologia no Brasil: contribuição do Estado da Paraíba
Isaac Newton Cesarino da Nóbrega Alves
Graduando em Arquivologia (UEPB)
maxsteelbr@hotamil.com
André Luiz Dias de França
Graduado em Comunicação Social- Relações Públicas
(UFPB), Especialista em Língua Portuguesa (UFPB),
Mestrando em Ciência da Informação (UFPB),
andreluizjpb@gmail.com
The Archivistics in Brazil: contribution of the State of Paraíba
Modalidade de apresentação: Pôster
Resumo: Essa pesquisa tem como propósito o estudo da situação atual da aquivística
brasileira no que tange aos cursos superiores da referida área, tendo seu percurso
metodológico traçado até o momento pelo levantamento das Instituições de Ensino Superior
que têm em seus quadros a arquivologia como graduação, seu número de vagas e turnos em
que os cursos ocorrem. Pela reconhecida incipiência deste estudo, conseguimos vislumbrar
alguns traços que configuram o Norte/Nordeste como um eixo distinto do eixo Sul/Sudeste
para o ensino da arquivística e mais, a Paraíba como o Estado que mais oferta capacitação na
referida área.
Palavras-chave: Arquivologia. Brasil. Arquivística. Cursos superiores. Paraíba.
Abstract: This research aims to study the current situation of Brazilian Archivistics in regard to
the courses above that area, with its methodological approach outlined thus far by the survey
of institutions of higher education that has on its staff as a graduate archival, your
number vacancies and shifts occurring in the courses. Recognized by the paucity of this study,
we glimpse some traits that make up the North / Northeast as a separate axle shaft South /
Southeast to the teaching of archival and more, as the Paraiba state that offer more training in
that area.
Keywords: Archives. Brazil. Archivistics. Courses. Paraíba.
2. 1 INTRODUÇÃO
Entende-se por arquivo “o conjunto de documentos escritos, desenhos e material
impresso, recebidos ou produzidos oficialmente por determinado órgão administrativo ou por
um dos seus funcionários [...]” (SILVA et al, 2009, p. 117) e Arquivologia como sendo “uma
ciência que tem como objeto a informação registrada sob os mais variados suportes”
(Associação dos Arquivistas Brasileiros, 2010), tendo o seu ensino sistemático originado na
Europa na metade do século XX (Universidade de Federal de Santa Maria – UFSM, 2010).
No Brasil, a Arquivologia surge a partir do Curso Técnico de Arquivo criado em 1922
pelo Arquivo Nacional. Em 1958 passa por regulamentação e mudança de denominação,
ficando então conhecido por Curso Permanente de Arquivos. Mas é no ano de 1973 que o
Ministério da Educação e Cultura - MEC certifica o curso como sendo de nível universitário.
Ainda na década de 1970, é criada a Associação dos Arquivistas Brasileiros - AAB e a
regulamentação da profissão de arquivista, bem como a exigência para a formação desse
profissional. No tocante ao campo do conhecimento, a arquivística assim como a
Biblioteconomia, a Informática, a Comunicação Social, entre outras, dialogam fortemente
com a Ciência da Informação. (SILVA et al,2009).
2 ARQUIVOLOGIA NO BRASIL
Atualmente, o Brasil possui cerca de quinze cursos superiores de Arquivologia,
conforme exposto no site da Associação dos Arquivistas do Estado do Rio Grande do Sul,
identificados com o ano de sua criação, turno de funcionamento, universidade e respectiva
sigla, conforme podem ser observados na Tabela 1 a seguir:
Criação Instituição de Ensino Superior Sigla Estado Turno
1976 Univ. Federal de Santa Maria UFSM RS Diurno
1977 Univ. Federal do Estado do Rio de Janeiro UNIRIO RJ Noturno
1978 Univ. Federal Fluminense UFF RJ Diurno
1990 Univ. de Brasília UNB DF Noturno
1997 Univ. Estadual de Londrina UEL PR Noturno
1997 Univ. Federal da Bahia UFBA BA Diurno
1999 Univ. Federal do Espírito Santo UFES ES Noturno
1999 Univ. Federal do Rio Grande do Sul UFRGS RS Noturno
2003 Univ. Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho UNESP SP Diurno
2006 Univ. Estadual da Paraíba UEPB PB Noturno
/ diurno
2008 Fundação Univ. de Rio Grande FURG RS Noturno
2008 Univ. Federal da Paraíba UFPB PB Noturno
3. 2008 Univ. Federal do Amazonas UFAM AM Noturno
2008 Univ. Federal de Minas Gerais UFMG MG Noturno
2009 Univ. Federal de Santa Catarina UFSC SC Diurno
Tabela 1 – Distribuição de cursos
Fonte: Adaptado de < http://www.aargs.com.br/arquivologia_cursos.asp> Acesso em: 23
Jun.2010.
Consideram-se como sendo os primeiros cursos da área arquivística os da UFSM
criado em 1976, seguidos pela Universidade Federal do Estado do Rio de janeiro - UFRJ em
1977 e Universidade Federal Fluminense – UFF no ano de 1978. Na década de 1990, Fonseca
(2007) observa a consolidação do campo da arquivística a partir do aumento significativo do
número de cursos de arquivologia e da melhoria da qualificação do corpo docente desses
cursos. A autora cita a criação de novos cursos das seguintes universidades: Universidade de
Brasília, Universidade Federal da Bahia, Universidade Federal do Rio grande do Sul,
Universidade Estadual de Londrina e Universidade Federal do Espírito Santo.
2.1 Ofertas de vagas na área arquivística nas Universidades Brasileiras
Nas pesquisas nos manuais dos vestibulares das universidades, foram encontrados os
seguintes números dispostos na Tabela 2 abaixo.
Universidade Vagas
Universidade Estadual da Paraíba - UEPB 138
Universidade Federal da Bahia – UFBA 90
Universidade Federal da Paraíba - UFPB 80
Universidade Federal do Espírito Santo – UFES 80
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC 60
Universidade Federal Fluminense – UFF 60
Universidade de Brasília - UNB 42
Fundação Universidade de Rio Grande - FURG 40
Universidade Estadual de Londrina - UEL 40
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG 40
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UNIRIO 40
Universidade Estadual Paulista – UNESP 30
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS 30
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM 24
Universidade Federal do Amazonas – UFAM 21
Total – 815
Tabela 2: Oferta de vagas
Fonte: Desenvolvimento nosso
4. De acordo com a tabela acima, a UEPB destaca-se dentre as demais com a maior
oferta de vagas (138) seguida da UFBA com 90 e UFPB e UFES com 80 vagas. Ao
segmentarmos o número de vagas por estado da nação, podemos observar em quais unidades
federativas a área recebe maior destaque:
Estados/Distrito Federal Vagas
Paraíba
Rio de Janeiro
Rio Grande do Sul
218
100
94
Bahia 90
Espírito Santo 80
Santa Catarina 60
Brasília 42
Minas Gerais 40
Paraná 40
São Paulo 30
Amazonas 21
Tabela 3: Distribuição das vagas pelos Estados da Federação
Fonte: Desenvolvimento nosso
Pelo exposto nas tabelas acima, sentimos a motivação em observar quais as
contribuições de cada região no desenvolvimento da arquivística. Assim, o Gráfico 1
apresenta o comportamento do Nordeste, Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Norte, nessa
perspectiva :
37,79%
30,67%
23,80%
5,15% 2,58%
Nordeste (308)
Sudeste (250)
Sul (194)
Centro-Oeste (42)
Norte (21)
Gráfico 1: Distribuição de vagas por região
Fonte: Desenvolvimento nosso
Observa-se que o Gráfico 1 corrobora com o que as tabelas apresentaram, uma vez que
as três primeiras Instituições de Ensino Superior são nordestina, sendo duas delas no Estado
da Paraíba. Desse modo, o Nordeste contribui com a formação de 308 profissionais, seguido
do Sudeste, com 250 e Sul, apresentando 194.
5. 2.2 A Arquivologia no Estado da Paraíba
Em 5 de agosto de 1585, a Paraíba elevou-se a condição de Estado, depois se ser
capitania e província. Atualmente, segundo os dados apresentados pelo do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística – IBGE, de acordo com o censo 2010, o referido estado possui
cerca de 3.766.528 habitantes, distribuídos pelos 223 municípios. Sua capital data da mesma
época da fundação do estado e cujo nome é João Pessoa.
Apesar de ser um Estado com um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano -
IDH (0.723) do país (PNUD-Brasil, 2005), a Paraíba se destaca na Arquivologia e oferece a
sua população dois cursos nessa área, sendo um na Universidade Estadual da Paraíba – UEPB
e outro na Universidade Federal da Paraíba – UFPB.
2.2.1 UEPB, PIONEIRA NO CURSO DE ARQUIVOLOGIA NO ESTADO
Investido nas funções de prefeito constitucional, o advogado Williams de Souza arruda
sancionou a Lei n° 23, de 15 de março de 1966 cria a Universidade Regional do Nordeste –
URNe, mantida pela Fundação Universidade Regional do Nordeste, hoje denominada
Universidade Estadual da Paraíba – UEPB.
Vivenciando os seus 45 anos de existência, a UEPB apresenta-se com uma estrutura
capaz de promover o desenvolvimento educacional e sócio-cultural da região nordeste, em
particular o Estado da Paraíba, já que possui atualmente sete campi, sediados nas principais
cidades, disponibilizando a demanda de 42 cursos superiores. A instituição também agrega
duas escolas agrícolas, a denominada de Escola Assis Chateaubriand, localizada em Campina
Grande e a Escola Agrotécnica do Cajueiro, no campus da cidade de Catolé do Rocha.
Em 29 de agosto de 2006, foi fundando o curso de Arquivologia, o primeiro do
estado paraibano, no Campus V – Ministro Alcides Carneiro, situado na cidade de João
Pessoa. O referido curso foi criado pela Resolução n° 010/2006 – CONSUNI/UEPB, na
modalidade Bacharelado, com carga horária de 3.520 hora/aula com duração mínima de 4
anos e máxima de 7 anos, no turno diurno e noturno.
2.2.2 NA UFPB NASCE O SEGUNDO CURSO DA ÁREA ARQUIVÍSTICA.
No ano de 1934, foi criada a Escola de agronomia do Nordeste de nível superior, na
cidade de Areia, brejo paraibano, que deu origem a Universidade Federal da Paraíba. Já no
6. ano de 1955, a existência de onze escolas de nível superior possibilitou a criação da
Universidade da Paraíba, através da Lei Estadual n° 1.366. A sua federalização só
aconteceria no ano de 1960, por meio da Lei n° 3.835, passando a ter a denominação de
Universidade Federal da Paraíba.
Atualmente, a UFPB tem em sua estrutura quatro campi, nas cidades de João Pessoa,
Areia, Bananeiras e Rio Tinto/Mamanguape.
Foi a partir da Resolução 41/2008 do CONSEPE que a UFPB criou seu curso de
Arquivologia, diante da demanda de alunos do curso de Biblioteconomia que buscavam
realizar estágios em arquivos, conforme relato da sua então coordenadora, Professora Rosa
Zuleide Lima de Brito. Essa graduação na modalidade de Bacharelado possui duração mínima
de quatro anos para o turno da tarde e mínima de cinco anos no turno da noite, com carga
horária de 2.760 horas-aula.
3 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
3 .1 Os indicativos dos números da Arquivologia
Pelos números apresentados sobre a ciência Arquivística, identificamos o Estado da
Paraíba como primeiro lugar na oferta das vagas dentre todos os estados brasileiros, bem
como possuidor da universidade que apresenta a maior demanda entre todas as universidades,
no caso a Universidade Estadual da Paraíba. Nesse mesmo quesito, a Região Nordeste
desbanca as demais e garante as maiores possibilidades para quem deseja seguir os estudos na
Arquivologia.
Dentre outros itens, pode-se perceber que a Universidade Federal de Santa Maria, a
pioneira nessa área, quando da criação do seu curso conforme consta em seu site,
contemplava a sociedade com a oferta de vinte e cinco vagas e atualmente, apesar de um
número considerado pequeno, esse ainda apresenta queda passando a ter apenas vinte e uma
oportunidades. È também importante destacar que o estado de São Paulo, maior
economicamente e popularmente que os demais, disponibilize pequena quantidade de
oportunidades, tanto no que tange as vagas quanto o ao número de cursos.
Outra observação a ser feita é sobre a quantidade de Estados que ainda não possuem o
referido curso. Os números apontam para dezesseis, já que o Brasil possui 26 Estados, e
desses apenas dez e o Distrito federal possuem cursos voltados para a arquivística. Os
números também mostram que a oferta dos cursos de Arquivologia vem crescendo, e que
7. somente no ano de 2008 quatro novos cursos foram implantados em Instituições de Ensino
Superior no Brasil.
3.2 Reflexões
O resultado inicial desse trabalho sobre a realidade atual da arquivologia no Brasil
apresenta resultados diferentes nas regiões e nos Estados brasileiros, conforme percebemos a
partir dos números levantados, demonstrando a necessidade da expansão dos cursos
superiores da área arquivística para os Estados que ainda não os possuem. Por se tratar de uma
“ciência de informação social, que estuda os arquivos” (SILVA et al, 2009, p.214), a
arquivologia torna-se relevante para a sociedade, independente de região, economia, política,
etc. Percebe-se também, que o ensino arquivístico se destaca em outro eixo que não o
Sul/Sudeste, neste caso o Nordeste que apresenta uma situação privilegiada no tocante às
oportunidades de estudo na referida área. Inserido nesse contexto, o Estado da Paraíba se
firma com um grande incentivador desse campo do conhecimento, sendo referência para os
demais Estados brasileiros. Dessa forma, essa pesquisa irá se aprofundar e buscar entender os
motivos pelos quais o ensino da arquivologia no país ainda não foi democratizado no âmbito
de todas as universidades públicas brasileiras.
Referências
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