Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024
A mudança da gráfica para fornecedor de soluções
1. A dificuldade de
assumir riscos
e mudar o negócio...
mas mudar para o quê?
Em artigo anterior nesta revis-
ta ressaltei, entre os focos para
2013, a questão da ousadia: a bus-
ca de novos mercados, novos pro-
dutos ou formas de venda, nova organiza-
ção e modelos de negócio. Enfim, o sentido
de incorporar inovação como prática cor-
rente. Buscar algo novo que fuja dos mol-
des tradicionais ou que gradativamente
fuja do lugar comum, no sentido de a grá-
fica deixar de ser uma mera reprodutora de
originais para dar passos além, interagin-
do com as novas e crescentes necessidades
dos clientes de se comunicarem melhor, se-
rem mais eficientes, diminuírem custos e
encantarem seus clientes finais.
Para tanto, a gráfica deveria começar
a pensar em deixar de ser somente gráfi-
ca — o que por si já choca muitos puristas
— e gradualmente incorporar novas capa-
citações que hoje, em tese, não seriam afei-
tas ao negócio: ferramentas de marketing,
GESTÃO
Hamilton Terni Costa
De gráfica a fornecedor de soluções. Fonte: ANconsulting
Documentação
Produtivo
ConteúdoMarketing
Consumidores
De gráfica a gestor
de conteúdo
De gráfica a
fornecedor
de projetos
De gráfica a fornecedor
de serviços de gestão
De gráfica a
facilitador de criação
de bens pessoais
De gráfica a fornecedor de
serviços de marketing
Gestão e disponibilização
de conteúdos
Projetos: materiais,
design e novas
funcionalidades
Gestão de documentos
e processos críticos
Acesso e facilidade
de uso, cocriação
de valor
Base de dados,
análise, crossmedia,
conteúdo por mídia
REVISTA ABIGRAF março/abril 2013
42
2. criação, TI em diferentes níveis (de aplica-
ção e adequação de softwares a programa-
ção e desenvolvimento de aplicativos), lo-
gística avançada, novas mídias digitais e
por aí vai, até onde a criatividade e a res-
posta às necessidades dos clientes exigir.
Não posso dizer que várias gráficas já não
estejam nesse caminho, mas ainda são
minoria, poucas aqui no Brasil.
Enfim, por que tocar novamente nes-
se ponto se várias empresas gráficas estão
bem, obrigado? Porque muitas não estão
e muitas outras sentem uma insegurança
em relação ao mercado, pois 2012 já não
foi um bom ano, 2013 teima em ainda não
começar e, mais do que isso: algo está in-
comodando. De um lado pela questão con-
juntural, claro, pelo ritmo menor da econo-
mia, mas, de outro, por fatores estruturais
que a gráfica não consegue muitas vezes
medir, ou seja, a ampliação da digitaliza-
ção dos processos nos clientes e o aumen-
to da comunicação digital, ambos fortes
substituidores de material impresso.
O quanto as empresas estão deixando
de imprimir por esses fatores estruturais?
Não temos ainda uma medição exata no
Brasil, mas é um processo natural e inevi-
tável. O que está longe de significar que o
impresso vai morrer e toda aquela ladainha
que já estamos acostumados a ouvir, mas
implica que viver no modelo tradicional
gráfico de buscar demanda ou ser deman-
dado não será uma garantia de sobrevivên-
cia. Ou já não o é em muitos casos. A lógica
começa a se alterar no sentido de que temos
de gerar demanda nos clientes e, para isso,
conhecê-los mais, o que implica trafegar no
seu interior e conhecer e vender para a di-
retoria, os que tomam decisões. Incorpo-
rar soluções multicanais ou multimeios, em
que a oferta da impressão interage com os
meios digitais, e induzir percepções como
verdadeiros parceiros desses clientes. Mas
isso implica mudar, assumir riscos, correr
o risco de não dar certo.
Outro dia convidei o Rodrigo Abreu,
hoje dono da franquia da Alphagraphics
no Brasil e um inovador por excelência, a
dar seu depoimento de carreira e de evo-
lução de negócios para nossos alunos na
pós-gradução em Gestão na Faculdade Se-
nai. Entre muitas outras coisas ele relatou
esse sentido de gerar demanda nos clien
tes e citou os cases que desenvolveu com a
AgDirect para a Google, Microsoft e Map
fre, entre outros clientes. Dizia ele: “Vo-
cês acham que essas empresas vieram nos
procurar para perguntar por essas soluções
que envolvem diferentes mídias? Não, elas
nem sequer sabiam que as soluções propos-
tas podiam ser criadas. Nós é que fomos
até eles para entender o que necessitavam
para aumentar os pontos de contato com
seus clientes, gerar leads ou aumentar ven-
das. Nossas soluções os encantaram por
atingir o que buscavam”.
Para ele, correr riscos é parte do seu
processo de inovação ao qual ele dedica
20% do seu tempo de trabalho, buscando
novos produtos, novas aplicações, novos
softwares ou mesmo investigando empre-
sas start-up para investir. Ele sabe que po-
derá acertar um em dez, mas entende que
é esse processo que manterá sua empresa
viva. É crescente no grupo o percentual de
faturamento advindo de produtos criados
há menos de dois anos e ele pretende fazer
que esse percentual cresça.
O exemplo do Rodrigo é extremamen-
te válido para o setor. Primeiro, ele tem um
foco estratégico claro. Ele entende que o seu
grupo — em pleno crescimento — será cada
vez mais um prestador de serviços, de solu-
ções de comunicação e de marketing para
seus clientes, e ainda que a base seja de co-
municação impressa, ele não será limitado
a isso. Mantém, portanto, o seu negócio bá-
sico, mas o amplia estrategicamente. Com
essa estrada pela frente ele pavimenta esse
caminho com ações constantes e planeja-
das, criando a visão no seu pessoal direto e
em todos os seus franqueados, procurando
estimular a inovação e o medo do risco.
O medo de assumir riscos estratégicos
limita as empresas gráficas. É claro que
digo isso já com uma boa bagagem como
consultor, mas também baseado na mi-
nha vida profissional, passada em boa par-
te na linha de frente de diferentes empre-
sas onde buscar alternativas significava se
manter vivo no mercado. Mudar é difícil e
Venha para a
Os melhores papéis
nacionais e importados
■
Linha completa
editorial e promocional
■
Atendimento rápido,
técnico e personalizado
■
Entregas em qualquer
cidade do Brasil!
tels: (11) 3259 2255
(11) 3121 2255
demais regiões:
0300 772 5200
www.vivox.com.br
20
anos
43
março/abril 2013 REVISTA ABIGRAF
3. Documentação
Produtivo
Conteúdo
Marketing
Consumidores
Hamilton Terni Costa, hternii@anconsulting.
com.br, é diretor geral da ANconsulting,
www.ansconsulting.com.br, ex-presidente
da ABTG e um dos criadores e coordenadores
do curso de pós-graduação em Gestão
Inovadora da Empresa Gráfica na Faculdade
Senai Theobaldo De Nigris, onde ministra
a matéria de Gestão Estratégica.
trabalhoso, mas não mudar, hoje em dia,
pode significar morrer, o que me disse há
pouco tempo um gráfico de uma empresa
bem tradicional cujo auge foi anos atrás:
“Antes eu me escondia dos clientes por não
ter como atendê-los por limite de produção;
hoje já não sei onde encontrá-los . . .”.
Quero dizer que o tempo não avisa, as
mudanças ocorrem diariamente e, quando
menos percebemos, estamos como a velha
história da adaptação da rã na panela que
gradualmente esquenta; como a rã se adap-
ta a cada aumento da temperatura e não
salta da panela . . .
Pois bem, falei em foco estratégico
e em horizonte de tempo. Para melhor
exemplificar isso àqueles que buscam al-
ternativas para suas empresas procuro co-
locar primeiro os diferentes mercados e ti-
pos de produtos gráficos que os compõem.
A partir disso peço que olhem para esses
mercados nos próximos 10 ou 15 anos, de
forma que, se esse for o caminho escolhi-
do, pense-se no que sua empresa deveria
ter como foco estratégico para que possa
pavimentar sua estrada nessa direção e
ter com mais clareza a visão do que deve
incorporar de novas capacitações e co-
nhecimentos e que modelos de negócios
desenvolverá ao longo do tempo. Essa es-
quematização facilita o entendimento das
mudanças a que se estará sujeito ao longo
do tempo (veja figura à página 42).
Primeiro, tenho minha classificação do
que chamo da cadeia produtiva de serviços
gráficos, seja qual for: produtivo, documen-
tação, marketing, consumidor e conteúdo.
Os produtivos são todos aqueles que se in-
corporam aos produtos dos clientes: emba-
lagens, rótulos, bulas, manuais, impressão
deeletrônicosetc.Documentaçãosãotodos
os documentos corporativos não destina-
dos a promoção e os de segurança: formu
lários, impressos transacionais, relatórios,
cheques, cartões de crédito etc. Marketing
são todos os produtos voltados à área pro
mocional: folhetos, cartazes, fôlderes, ca-
tálogos etc. Consumidor — produtos de
venda direta ao consumo: material de pa-
pelaria em geral, cadernos, fotoálbum, pro-
dutos de imagem, cartões de expressão so
cial, autopublicação de livros etc. Conteúdo
— são, em essência, os materiais editoriais:
livros, jornais, revistas, guias etc.
Alguns produtos até podem abranger
duas categorias, como o transpromo, por
exemplo, em documentação e marketing,
mas para o exercício vale a visão geral.
Pois bem, em cada uma dessas catego
rias eu ressalto as angústias ou pontos de
dor dos clientes, de forma que sua solução
e as oportunidades decorrentes implicarão
um foco estratégico que ao longo do tempo
determinará as novas competências neces
sárias, assim como a transformação da grá-
fica da posição de reprodutora de originais
para a de fornecedora de algum tipo de so-
lução diferenciada em uma nova gráfica, se
a palavra ainda couber.
No caso de materiais produtivos, ser
fornecedor de projetos com inovações de
material em embalagens inteligentes e no-
vas aplicações como, por exemplo, QRco-
des, Realidade Aumentada e outras apli-
cações que virão; no de documentação,
fornecedor de elementos de gestão e me-
lhoria de processos críticos; no de marke
ting, fornecedor de serviços de marketing
e de crossmedia com mensagens relevantes;
no de conteúdo, gestão e disponibilização
de conteúdos em diferentes mídias; no de
consumidores, fornecedor de meios para
criação de experiências pessoais e emoções
Pois bem, isso assusta. O receio de fa-
zer essa transição ou mesmo o entendi-
mento de não possuir as competências ne
cessárias para tanto faz que muitos recuem
pelo risco do processo de transição. E tam-
bém geram afirmações como: “sempre fui
gráfico, sou gráfico e morrerei gráfico”.
Absolutamente nada contra. É uma deci-
são estratégica e fim, mas ele deve se pre-
parar para ser cada vez mais cobrado em
termos de volumes de trabalho eventual
mente declinantes, mudanças de processos
e sua automatização, eficiência, rapidez.
Características, aliás, também embutidas
nas transformações sugeridas acima, pois
fazem parte do processo.
Pondere e assuma o risco da mudança.
Seu futuro poderá depender disso.
Vamos lá?
Documentação
Produtivo
Conte
Marketing
Consumidores
Produtivo
Documentação
Conteúdo
Marketing
Consumidores
REVISTA ABIGRAF março/abril 2013
44