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CARTILHA DE CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA UMBANDISTA
“Trate bem a Terra, ela não lhe foi dada pelos seus pais, Ela lhe foi emprestada pelos seus filhos.”
(Provérbio Ameríndio)
“Trabalhamos pelo crescimento da consciência evolutiva, expressa através das mensagens de
nossas Entidades, sejam Caboclos ou Pretos-Velhos.”
(Caboclo das Sete Encruzilhadas através do médium Zélio Fernandino de Moraes – Revista Espiritual de Umbanda, 20ª edição)
''O homem há de perceber sua essência e deixará de sentir-se individualista ou de criar rivalidades
separando as pessoas através de classificações. Essa percepção acontecerá, tão logo, o homem
perceba o quanto ele está vendado pela ignobilidade do SER que compreende “civilizado". Passará
ouvir com atenção a todos, e perceberá o quanto um sentido completa o outro, não mais
renegando sua própria espécie.''
(Yakuy Tupinambá)
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“Os dramas humanos e as catástrofes ecológicas têm a mesma causa: o homem afastou-se do coração da natureza,
que é também o seu coração. Esquecendo a vida sensível do mundo, ele acabou por esquecer a si mesmo. Os
Cheyennes das planícies sabiam que a perda do devido respeito a todas as formas vivas, humanas, animais e vegetais,
conduziriam igualmente à perda do respeito devido ao próprio homem. Não tenhamos medo dos contrários, das
oposições que dividem o mundo e criam a ilusão de acontecimentos separados. Esta visão é fonte de conflito, de
sofrimento e de luta contínua. A noite não é inimiga do dia, assim como a morte não é inimiga da vida. É preciso haver
o encontro do fogo e da água, do sol e da umidade para criar um arco-íris. Entendermos isto, fará com que
encontremos o equilíbrio em nós. Entendermos isto, fará com que haja harmonia com a Terra Mãe. Entendermos isto,
fará com que entremos em linha de aproximação com o universo. Entendermos isto, fará com que um dia de fato,
sejamos irmãos.”
(Nuno Coelho)
Em razão e homenagem a festa comemorativa dos 100 anos de anunciação e surgimento da genuína e brasileira
religião de Umbanda, em 15 de novembro de 1908 – RJ, juntamente com o dia 20 de janeiro, onde se comemora
anualmente a festa de Oxóssi/Caboclos, em nosso calendário umbandista e o feriado da Cidade de São Sebastião
do Rio de Janeiro, não obstante, ao dia 21 de janeiro que já fora estabelecido oficialmente como “O Dia Nacional
de Combate a Intolerância Religiosa” (Lei nº 11.635, de 27/12/2007), viemos apresentar este trabalho, inspirados
por princípios que cremos ser urgente.
Esta Cartilha é uma singela homenagem aos “Povos Originários de Nosso Brasil” [Pindorama], os nativos
indígenas, primeira raça formadora de nossa brasilidade, bem como, a todas as Etnias e Nações Indígenas das
Américas, que do Astral para o físico, estabeleceram as bases para o surgimento desta sagrada religião de
síntese universal, e que até hoje nos mantém sob sua supervisão.
Cremos que por meio desta estaremos contribuindo com o Movimento Umbandista a tratar de um tema tão
atual, complexo e essencialmente necessário a todo ser vivente no mundo, sobretudo, aos irmãos de fé que
reverenciam as sagradas forças vivas e vibratórias da natureza, os seres que ali residem ou estagiam e seus
maiores representantes oficiais, os nossos queridos Orixás (Encantados, Ancestrais, Guias, Mentores, Devas,
etc.).
Este trabalho não contém em si nenhuma pretensão de esgotar o tema diante os problemas nele contidos ou
trazer soluções imediatas, do ponto de vista coletivo, mas sim nos levar a uma reflexão mais ampla e
aprofundada quanto a nossa participação e responsabilidade individual, enquanto cidadãos brasileiros e
umbandistas que somos.
Nossa experiência e percepção nos leva a conclusão que ainda necessitamos de maiores esclarecimentos,
visando fortalecer uma cultura espiritualmente preocupada com nossa qualidade de vida e meio-ambiente como
um todo, afim com os sublimes princípios e ensinamentos de Umbanda, pois nossa religião preserva a vida e sua
continuidade, bem como, a salutar manifestação do Plano Divino em todas as instâncias dos reinos naturais, que
para nós é sagrada e deve ser preservada.
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“Quando mostramos respeito a todas as coisas vivas, estas respondem-nos com respeito.”
(Índios Arapaho)
Não pretendemos satisfazer todas as necessidades, preferências e opiniões, claro, pois a unanimidade é utópica,
mas sim comungarmos de uma “unidade na diversidade”, dada a extensa complexidade do assunto. Entendemos
ser esta uma iniciativa básica, didática e positiva para nossas vidas, religião e ecossistema. Visamos com isso
estimular cada vez mais o interesse pelo tema, o bem estar comum dos seres vivos e equilíbrio de todo sistema
natural, pois nossa existência depende diretamente de nossa qualidade de vida e deste equilíbrio ambiental.
Esta Cartilha visa trazer princípios básicos para uma visão mais ampla e adequada às necessidades atualmente
vividas no Brasil e no mundo, do ponto de vista ambiental, espiritual, humano e social. Esta fora inspirada pelo
“modo nativo de ser”, nossa ancestral cultura indígena, povos originários de nosso país pré-Cabral e Colombo
que, em regra, nos serviram e ainda nos servem, com exemplos éticos de uma filosofia e práticas intimamente
afinadas e harmonizadas com princípios ecológicos, ainda tão carentes em nosso sistema urbano. Se
percebermos a natureza e a colocarmos como eixo central norteador de nossas vidas, aprenderemos e
despertaremos lições várias de espiritualização, interdependência, sustentabilidade, respeito, amor, paz,
humanização, valorização da vida, etc.
A natureza é, sem sombra de dúvidas, um espetáculo que deve ser apreciado com o coração sempre em prece,
respeito e agradecimento, como os nossos nobres e honrados ancestrais indígenas, Guias e Orixás em nossa
sagrada Lei de Umbanda. É nesse momento que Deus (Deus, Tupã, Zambi, Olorum, etc.) nos mostra o poder de
sua criação e amor, mais que uma esplendorosa obra de arquitetura cósmica, sobretudo, uma Criação repleta de
encantos, mistérios, fartura, beleza e magia.
Herdamos um rico paraíso natural de seres, alimentos, energia e água potável, que infelizmente é escassa em
diversas partes do mundo e ainda sofre com a insalubridade, pela desequilibrada ação humana, pois apenas 3%
de água existente no planeta é doce e própria para o consumo humano, sendo que 2/3 (dois terços) desse total
estão presentes nas geleiras e calotas polares, sobrando somente 1% (um por cento) para ser consumido em
todo mundo, sendo a maior parte desta presente em nosso país. Somando-se a isso, temos um extenso
escoamento de esgoto com lixos jogado nos rios e mares, águas ainda não tratadas, bem como vazamentos de
tubulações que se somadas seriam capazes de abastecer grande parte de toda Europa. Pergunta-se: o que nós
temos a ver diretamente com isso e o que é possível fazer para minimizarmos esses problemas e suas
conseqüências? Meditemos! Muitos ainda não sabem, mas os óleos de cozinha utilizados em frituras também
são motivos de grande impacto no meio ambiente, geralmente jogados em água corrente, vindo poluí-la
consideravelmente, pois 100ml de óleo de fritura contaminam cerca de 1 milhão de litros de água.
Vivemos em uma cultura e sistema que ainda muito negligencia a poluição dos rios, cachoeiras, ar, matas e
mares, sob a regência de um modelo de pensamento econômico voltado para seus próprios interesses,
crescimento desordenado e acúmulo de riquezas, não o bem estar comum. Tudo que nos fora ofertado por amor
sagrado e necessidade vital foi para que todos pudessem viver de forma saudável e equilibrada, não somente a
menor parte destes pudesse obter e consumir a maior fração dos benefícios e recursos. Desenvolvimento
sustentável é assunto atual em razão da maior observação dos consequentes eventos naturais do planeta, fruto
dos maus-tratos humanos em sua ação predatória. Acreditou-se que as riquezas naturais nunca se esgotariam ou
não nos afetaria com nossa demasiada interferência, mas agora todos estamos sentindo recair sobre nós seus
efeitos, que cada vez mais crescem, em consequência das ações humanas despreocupadas, descomedidas ou
desatentas a importância e urgência das ações para o (re) equilíbrio ambiental, que envolve diretamente a
natureza física em geral, bem como, o ambiente social, psicoemocional e espiritual.
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“A Sabedoria dos homens sempre se coloca entre os meandros da sua crueldade e de sua ignorância. Será que
podemos desanimar-nos, sabendo que existe dentro deles, uma centelha de Luz?”
(Citação dos índios da Tribo Cree)
O Meio Ambiente aos poucos vai entrando no cenário mundial com mais força e visibilidade, mas ainda carente
de tornar–se sinônimo de “consciência e princípio ético” a ser assimilado por todos. Os rios, atmosfera,
cachoeiras, matas e mares estão sendo cada vez mais transformado em canais de devastação e poluição, dejeto
de todos os tipos. Animais torturados e extintos desnecessariamente, lixo atômico, toneladas de gases tóxicos
despejados no ar, morte prematura gerada pela fome de indefesas criaturas provenientes do descaso e
crueldade do seu próprio semelhante, etc. E ainda fica a pergunta no ar: o que posso fazer para isso melhorar?!
Diante dos expostos acima, ainda contamos com as ações de alguns umbandistas, ainda desavisados, pouco
esclarecidos da real e gritante necessidade de uma consciência mais ecologicamente sustentável, pois
precisamos rever alguns conceitos e ações sobre determinados materiais nocivos em oferendas-mágico-
ritualísticas, que alguns ainda persistem em utilizá-los, pondo em risco o meio ambiente, a vida, o equilíbrio e a
saúde de seres, prejudicando a limpeza do local e a harmonia do habitat natural. Estes são verdadeiros sítios
sagrados, onde se honram os seres e as energias da natureza, os elementais, os Ancestrais, Guias e Orixás.
Ainda consideramos insuficiente o percentual dos que chamam sua consciência a este exame reflexivo, para os
possíveis danos gerados ao meio ambiente, através de materiais nocivos ainda deixados nas matas, cachoeiras,
praias, etc. Muitos alguidares, garrafas, copos de vidro e plástico, velas de parafina acesas em meio a locais que
possam correr riscos de incêndio, panos de murim, estátuas, materiais de louça, punhais, entre outros, que
resistem ao tempo e permanecem lá, após o término do período necessário para atuação magística da oferta
direcionada. Alguns materiais jogados nos rios e mares, podem ser engolidos por alguns animais que não os
distinguem de sua verdadeira alimentação e acabam morrendo pela sua ingestão, tais como as tampas plásticas
de garrafas, por exemplo.
Estes não só geram resíduos sólidos e bacteriológicos para natureza – como não bastasse o lixo energético que a
humanidade já produz no mundo – mas põe em risco a integridade de vida de qualquer pessoa ou ser vivente que
venha a ter contato com ambientes naturais que sofreu contaminação, venha se alimentar destes ou se
machucar com tais objetos ali deixados, como por exemplo, uma taça de vidro ou um punhal enferrujado,
tornado-se ainda mais grave, quando deixados em locais de difícil acesso para coleta de lixo urbano.
É sim possível e mais correto, do ponto de vista ecológico para nossa sagrada Umbanda, trabalharmos com as
folhas, flores, frutos e alimentos orgânicos, de fácil decomposição na natureza (biodegradáveis), que viram
adubo e fertiliza a terra, que não geram diretamente nenhum dano ambiental, inclusive para alimentação dos
animais. Precisamos avançar e despertar cada vez mais nossa consciência para a necessidade de preservação do
meio ambiente, que envolve a vida como um todo, pois sofremos diretamente os impactos deste.
O acelerado crescimento da exploração, agressão e poluição de nossa Terra-Mãe de alguns anos pra cá tem sido
assustador e preocupante. Há centenas de anos “Ela chora” sob as ações e juízos de nossa cultura dominante,
que não consegue identificar aí sua própria origem e necessidade real para seu existir. “É o término da vida e o
início da sobrevivência”, como bem assinalou o chefe indígena Seattle, no séc. XVIII.
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“Cada ser vivo e cada forma de vida representam mestres e amigos em potencial. Ao observarmos a natureza,
aprendemos as novas lições que ela está tentando nos transmitir.”
(Jamie Sams - As Cartas do Caminho Sagrado)
Os resultados dessa constante ação predatória, como o desmatamento da Amazônia, por exemplo, há tempos
vêm sendo apontados de forma preocupante por muitos indígenas, cientistas, biólogos, ambientalistas,
religiosos, naturalistas, etc., com isso intensificado o surgimento e ação dos Maremotos, Terremotos, Tornados,
Tsunamis, surtos de doenças desconhecidas ou raras, viroses, extinção de várias vidas animais e vegetais, a
destruição da camada de ozônio, o já tão conhecido aquecimento global, o derretimento das calotas polares e
muito mais.
Já possuímos problemas demais socioambientais como a desapropriação das terras de povos tradicionais, a
desigualdade social, o preconceito, a degradação do meio ambiente, etc., que ainda fazem parte de nosso
cenário e se arrastam em busca de soluções. Precisamos sofrer uma profunda mudança para a resolução
definitiva dos mesmos, mas sabemos que essa transformação é uma reforma interior que precisa começar em
nós e por nós, pelas lideranças de instituições religiosas, como a Umbanda (Federações, Templos, Tendas, etc.),
seus adeptos e toda população, não obstante, pelos dirigentes políticos e econômicos em nosso país e no
mundo.
Os resultados de nossa negligência e imprudência fatalmente acabam se voltando contra nós. Os fenômenos
naturais nem sempre fazem do autor sua própria vítima, mas cremos que a Justiça Divina assim o fará. Muitos
ainda resistem perceber os sinais divinos e naturais que nos alertam. Estes indicam que algo está profundamente
equivocado na maneira como conduzimos e nos relacionamos com todas as formas de vida existentes no
planeta. Está faltando maior atenção, cuidado, amor e respeito para com nosso semelhante. Novamente nos
perguntamos: como restaurar essa situação de desequilíbrio? Como mudar esse padrão, esse modelo de
pensamento estabelecido? A resposta está na autoconscientização e educação humana.
É preciso uma profunda reflexão capaz de expandir nossa percepção, mudar nossos paradigmas, princípios,
valores e ações a cerca desta realidade, pois a natureza e a existência humana, desta e das próximas gerações,
estão em perigo. Precisamos ampliar nossa consciência, para que tenhamos uma vida naturalmente mais
saudável e digna, pois a busca do Ter pelo Ser ganhou espaço maior que deveria no cenário mundial e isso tornou
a sobrevivência um risco para a humanidade.
A retomada da autoconsciência poderá ser a chave para que as futuras gerações tenham uma visão diferenciada
sobre a responsabilidade socioambiental e a importância do papel humano na manutenção harmônica da vida
planetária, de suas espécies e natural interdependência, da qual todos fazemos parte. Desta forma garantiremos
a continuidade de uma vida saudável em todas as esferas: física, social e espiritual.
As sementes do amanhã, nossas crianças, filhos, netos e bisnetos dependerão direta e exclusivamente do nosso
pensar e ações no hoje. É todo um sistema de autocondicionamentos e estilos de vida a serem revistos e
transformados em nós e por nós. Precisamos ser a realidade que queremos ver no mundo, que envolve
diretamente nossas crenças estabelecidas, nossa maneira de pensar, sentir e agir.
É dever cívico e planetário nosso contribuir para que a raça humana se humanize cada vez mais e como
umbandistas, nos autoconscientizar das necessidades reais da vida, bem como do funcionamento natural deste
grande organismo vivo do qual somos todos parte, chamado Terra. A energia dinâmica do universo vem
buscando acelerar nosso desenvolvimento espiritual, para uma vida mais digna e refinada com os princípios e
propósitos mais sublimes de uma existência mais elevada. A nossa desarmonia abala um sistema, um fio
estremece uma teia, o desequilíbrio do planeta é o nosso próprio desequilíbrio, pois ele é a nossa morada maior.
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O Grande Espírito porém, nos deu a todos a possibilidade de estudar a Universidade da Natureza, das Florestas, dos
Rios, das Montanhas e dos animais, dos quais, todos fazemos parte.
(Tatanga Mani, Índio Stoney)
A estrutura bioquímica de nossos corpos físicos contém preciosos metais contidos na Natureza. Por analogia,
nossos corpos físicos possuem em média, o mesmo percentual de água existente no globo terrestre e os mares
são os maiores produtores de oxigênio. Somos um verdadeiro oceano líquido. A Amazônia é o nosso pulmão,
filtra e refrigera o ar, também divide a tarefa com os oceanos de nos fornecer oxigênio, nos dando impulso e
energia vital. Rios percorrem em seus leitos e afluentes, como o sangue que percorre em nossas veias e artérias
junto com o coração, oxigenando o corpo e cérebro. Somos fogo, terra, água, ar e éter, pois assim como o sol
ilumina a Terra, nossa consciência espiritual nos anima, dá vida e luz a matéria orgânica de nossos corpos físicos
e energéticos, sob a égide do Grande Espírito, criador de todos os seres, pois o universo interno (esotérico) e
externo (exotérico) estão inter-relacionados. A magia fenomênica da própria natureza está presente em nossos
corpos, que é a base que sustenta e alimenta nossa vida. Somos filhos da Mãe-Terra, pelo seu corpo de barro
fomos gerados e a ele retornaremos, doados com amor a nós e a todas criaturas viventes, que ainda insistimos
maltratar. Sentimos essas lesões provocadas em nosso próprio corpo e em nosso comportamento,
desarmonizando o ser e nosso campo espiritual, pois tudo está interligado, o corpo dela é o nosso mesmo corpo.
Nós humanos dependemos diretamente da existência da natureza e não o contrário, a continuidade e
preservação da vida planetária seriam garantidas muito bem, com exceção dos fenômenos naturais, se aqui não
tivéssemos. Com tudo isso, fica claro entendermos que somos o reflexo e consequência da própria Criação da
Natureza Divina. Respeitemos Sua Obra, que levou bilhares de anos para se desenvolver, para poder aqui nos
abrigar, dando-nos o alimento e o sustento necessário para a nossa e as futuras gerações, que a largos passos
estão sendo destruídos. Somos filhos criados do mesmo Pai Céu, nosso espírito-consciência tem sua origem e
alimento na luz das estrelas. Fragmentos de nossa alma ainda hibernam na inconsciência da refletida luz da
Senhora Lua, e nossos corpos físicos, provenientes e embalados do grande ventre materno, são constantemente
alimentados pela nossa Terra-Mãe, mas ainda assim, insistimos em cometer os mesmos deslizes, atentando
contra sua natureza e o genocídio desenfreado de bilhares de criaturas. Somos, portanto, o princípio da unidade
indivisível, uma pequena fração, uma parte do Todo Indivisível, que habita em tudo. Concluímos que Deus-
Homem-Natureza não caminham separadamente, não podem ser dissociados, pois estão intimamente
conectados.
Tudo faz parte de uma mesma teia-cósmica, uma mesma trama, pois os antigos nativos já afirmavam e a ciência
gradualmente vem reconhecendo esses fenômenos naturais, pois estamos retomando o curso natural em busca
da unidade, portanto, o mal que fizermos a um dos fios da teia, refletirá em toda teia.
Muitos ainda adormecem no ventre sagrado de nossa Mãe, como crianças ainda não despertas, que ainda
fantasiam e distorcem a realidade. Pensamos que já somos espiritualmente adultos, maduros, conscientes,
autônomos, plenos de si e do que nos cerca. Cremos que caminhamos em “terra firme”, com nossas próprias
pernas, mas a grande maioria ainda caminha a pequenos passos para esse re-despertar, para a nossa essência
real, natural e verdadeira, que é divina, é eterna, pois ainda muito se maltrata a fonte de sua própria origem,
andando “de costas para luz”. Despertemos para a verdadeira semente que ainda adormece no mais íntimo de
nosso ser. Não nos acomodemos nesta ociosidade perniciosa de nossos devaneios, ilusões e na insanidade de
nossos inflados egos vaidosos que nos conduzem à cegueira, tornando-nos vítimas, juízes e réus de nós mesmos
e de nosso semelhante, gerando com isso obstáculos internos que nos impedem de viver a verdadeira vida,
crescimento, liberdade, felicidade e amor.
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“Ainda que estejamos em diferentes barcos, você no seu veleiro e nós na nossa canoa, dividimos o mesmo rio da vida.”
(Chefe Oren Lyons, Nação Indígena Onandaga)
Atentemo-nos que ausentar-se da responsabilidade que cabe a cada um de zelar pelo meio ambiente é decretar
um futuro cruel para os nossos sucessores. O Homem só conseguirá entender o profundo sentido da vida quando
entenderes a linguagem oculta contida em cada ser, aí sim ele honrará até a menor espécie vivente no reino
natural e perceberá a si mesmo como uma pequenina célula pertencente a este imenso organismo vivo.
Todo ser vivente tem sua missão e razão de existir no Planeta. Saiamos de nossas trincheiras internas que nos
limitam, aprisionam e adoecem, dos barulhos ensurdecedores de nossas mentes inquietas e das grandes cidades
que ofuscam o silêncio da alma e a paz do coração, que trazem a verdade harmônica e essência natural contida
no ser.
Precisamos perceber o sentido da conexão presente em tudo que é vivo, a voz que sussurra suave, a fim de
distinguirmos o canto alegre ou o lamento de um pássaro. Os índios muito aprenderam com os animais, plantas,
árvores e pedras, honravam todas as formas de vida, pois tudo contém uma alma, uma essência divina, sua
contraparte espiritual, porque toda natureza se comunica e contém segredos do Criador.
O ato de preservação da vida, além de ação de amor e honra, é também de bom senso, lógica e justiça, assim
garantimos às futuras gerações a dádiva e a dignidade do bem-viver, porque este já é um natural direito
adquirido de todos. Uma consciência verdadeiramente comprometida com a vida e espiritualidade é capaz de
viver de maneira interdependente e interdisciplinar com todos os seres viventes, honrando toda Criação.
Faz-se urgente reformularmos um modelo de pensamento que já está ultrapassado e esgota cada vez mais
nossos recursos naturais, que não consegue resolver nossos problemas reais, humanos, sociais e ambientais de
nosso planeta. Honrar a Criação é honrar seu Criador. Preservar a natureza é honrar nossos antepassados, nossos
ancestrais e garantirmos a qualidade de vida das nossas futuras e indefesas gerações.
É necessário não somente ensinarmos a reutilizarmos e reciclarmos o lixo que produzimos, mas, sobretudo, é
preciso que aprendamos a reciclar nossos vícios, egos, pensamentos e ações, a tudo que agride a nós mesmos e
ao nosso próximo, pois estes são os maiores lixos tóxicos que produzimos para sobrevivência humana e natural.
A Umbanda comemorou seu centenário com muita alegria e felicidade. Cada vez mais nos fortalecemos e nos
auto-afirmamos enquanto uma identidade religiosa brasileira. Buscamos cada vez mais a unidade através do
amor-fraterno e respeito às diversidades. Este trabalho tem como finalidade conscientizar cada vez mais nossos
irmãos umbandistas a cerca de temas tão inerentes a nossa sagrada religião.
Esta Cartilha nos estimula a uma nova compreensão e relação com o sagrado, que é o existir em Deus,
convocando a todos para a iminente necessidade de um (re) despertar cada vez maior de nossas consciências e
de nossa participação mais pró-ativa na parte que nos cabe, seja como indivíduos ou instituições, em pleno
Terceiro Milênio, para dignificar e honrar cada vez mais a nossa Sagrada Lei de Umbanda. Devemos honra-la e
contribuir ainda mais para conduzi-la ao seu devido patamar, não obstante, aos de nossos Guias e Orixás, que
coordenam esses “sítios naturais” e de lá também sorvem energia para cura de todo tipo de malefício humano.
Através desta possibilitaremos maior conscientização de todos, pois não devemos mais falar em amor e devoção
às divindades do “Ministério de Deus”, nossos Ancestrais, Orixás e Encantados, que comandam estes sítios
sagrados e habitat’s naturais, com seus Falangeiros-Guias, além das pequeninas consciências vivas que lá
estagiam e zelam pelo equilíbrio dos mesmos, tendo ações infundadas e incoerentes que desarmonizam física e
vibratoriamente o ambiente sagrado, desestabilizando o equilíbrio energético e paisagístico naturais.
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“Necessitamos muito mais do que reciclar materiais e reduzir a poluição. Existe uma necessidade de despertar o
respeito a todos as criaturas vivas. Nós chegamos ao nosso fim lógico, que nos leva de volta para o início do nosso
Círculo de Vida, ou nas palavras do Chefe Seattle: ‘Tudo o que fizermos a Terra, estaremos fazendo a nós próprios, pois
nós somos a Terra’.”
(Poncho – Secwepemc, Born 1896)
Precisamos assumir de vez a responsabilidade de construirmos um planeta melhor para nós e nossos sucessores,
pois essa iniciativa começa em nós e por nós, independente dos erros pertinentes à iniciativa pública ou privada e
a carência de informações nos meios de comunicação. Se como formiguinhas fizermos nossa parte, estaremos
dando uma grande contribuição planetária.
Não devemos criar sempre expectativas e dependências constantes, colocando a iniciativa de nossas ações nas
mãos de outros, pois já contemos informações básicas suficientes para reformularmos a base de alguns
pensamentos e ações, nem tampouco incumbirmos somente aos Guias Espirituais a responsabilidade de nosso
despertar e o constante interceder por nós diante o “martelo dos justos”.
Devemos tomar para nós a parte que nos cabe e que já vem sendo sinalizada, pois a urgência iminente de
mudança constitui o pilar que alicerça as bases de uma religião-Mãe ainda em transformação e crescimento .
A Umbanda está para todos, abrigando seus filhos em seu ventre materno, alimentando-nos como pequeninas e
indefesas criaturas, acalentadas em vosso colo, fragilizadas por emoções e desejos ainda pueris, por ainda nos
faltar o amadurecido discernimento necessário, a fim de que possamos caminhar com nossas próprias pernas e
mentes despertas.
Ao entendermos a natureza como um ser e organismo vivo, nos colocaremos diante desta de maneira
sensivelmente mais humana e sagrada, dando-nos a oportunidade de recriarmos nossa realidade e despertarmos
nossa consciência a partir do nobre e puro sentimento do amor, compreensão, alegria e fé, abrindo-nos as portas
do ser natural e para a divina realidade espiritual.
Já nos perguntamos alguma vez se Yara, Oxum, Janaína ou Iemanjá ficam felizes em ver suas águas
contaminadas por diversos tipos de lixos lá depositados pela falta de consciência ambiental de seus filhos? Será
que Iemanjá se sente homenageada ao receber no mar garrafas de vidro ou pet, dentre tantos outros elementos
estranhos à vida marinha, que desarmonizam, deterioram, matam e intoxicam suas águas e habitat natural?
Como estão e ficam nossas matas e cachoeiras após oferenda que contenha elementos nocivos à natureza, a
saúde e a vida?
É importante entendermos a relação magística e alquímica das energias internas e externas presente nas
oferendas-rituais, não somente como elementos simbólicos e exotéricos do imediatismo utilitarista de nossos
desejos humanos, mas sim como uma transformação de elementos naturais e energias sutis ali contidas para
dinamização e geração de forças, reequilíbrio espiritual e ressonância harmônica do ser, sobretudo, como um ato
de alta relevância intrínseca e esotérica capaz de alterar substancialmente nossa percepção e vibração,
despertando e ampliando setores da consciência, podendo revelar dons e habilidades até então inexplorados
anteriormente por nós.
É imperativa a necessidade de convocar a consciência e atuar como fiscal de suas próprias ações, pois esse é o
verdadeiro sacerdócio, amor, respeito e cidadania planetária. Precisamos abraçar a vida em todas as instâncias
possíveis, para que um dia possamos “caminhar em beleza”, reencontrarmos em nós a prometida “Terra Sem
Males” (Yvy Marã Ey), sinalizada pelos Karaí, xamãs-profetas Guarani, o estado de graça, o retorno ao paraíso.
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Logo abaixo trazemos informações ilustrativas a cerca dos diversos materiais despejados na natureza pela ação
humana e seu tempo aproximado de decomposição no meio ambiente:
Casca de frutas – 3 meses
Restos orgânicos – de 2 a 6 meses
Papel – de 3 a 6 meses
Pano – de 6 meses a 1 ano
Palito - 6 a 12 meses
Tampas de garrafa – 100 a 500
anos
Fralda descartável – 450 a 600
anos
Lata de alumínio – de 100 a 500
anos
Isopor – tempo indeterminado
Vidro – tempo indeterminado
Sacos e copos de plástico – de
200 a 450 anos
Pneu (borracha) – tempo
indeterminado
Filtro de cigarro – 5 anos
Pastilha elástica – 5 anos
Madeira pintada – 13 anos
Nylon – de 30 a 40 anos
Lata de aço – 100 anos
Pilhas – de 100 a 500 anos
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Verificamos nas fotos abaixo, elementos materiais presentes em oferendas-rituais que geram perigo à vida e dano ao meio
ambiente, geralmente deixados de forma permanente, de difícil decomposição natural e acesso dos profissionais da coleta
de lixo urbano, preparados para o retiro de materiais de cunho mágico-religioso.
”Temos de proteger as florestas para nossos filhos, netos e para todos aqueles que ainda estão por nascer. Temos de
proteger as florestas para aqueles que não podem falar por si próprios, como os pássaros, os animais, peixes e as
árvores.
(Qwatsinas, Nação Indígena Nuxalk)
(abaixo: mesa ritual homenageando Caboclos/Oxóssi em jan/09 pela Tenda de Umbanda Xamânica Filhos do Vento, na
Praia do Flamengo – Rio de janeiro/RJ. Após ritual e ceia, tudo foi adequadamente descartado e o local limpo)
“Somos nós filhos de Umbanda e filhos de uma energia geradora, desde a água da nascente até o nascimento da lava
de um vulcão, responsáveis em transmitir o verdadeiro respeito ao Plano Divino.”
(Ancestral Indígena Vento do Norte/Caboclo Ventania)
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“Talvez se mais pessoas tocassem seus seres com os lagos, com as árvores, com a terra, não haveria tanta poluição e
destruição espalhada como vemos atualmente. Eles sentiriam o elo precioso que os une e não estariam tão prontos a
nela enterrar tanta química e lixo. Eles não mais ousariam ferir uma árvore com um canivete.”
(trecho do livro de Mary Summer Rain, DREAMWALKER)
Hino da Umbanda:
(Letra: José Manoel Alves – música: Dalmo da Trindade Reis /1961)
Refletiu a luz divina
Em todo seu esplendor
Vem do Reino de Oxalá
Onde há paz e amor
Luz que refletiu na Terra
Luz que refletiu no Mar
Luz que veio de Aruanda
Para tudo iluminar
Umbanda é paz e amor
Um mundo cheio de luz
É força que nos dá vida
E a grandeza nos conduz
Avante filhos de fé
Como a nossa lei não há
Levando ao mundo inteiro
A Bandeira de Oxalá !
“Que o Grande-Espírito guie nossos passos sobre a Estrada da Vida. Respeitemos Sua Criação, nossa Mãe-Terra,
preservando-a a fim de que Ela nos preserve.”
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[na foto: Pajé Guarani]
"Unir-se é um bom começo, manter a união é um progresso e trabalhar em conjunto é a vitória"
(Antonio Cabrera Guarani - Tupã Ñemboagueraviju)
“Esperamos ter contribuído positivamente para somarmos nossas bases e fortalecer cada vez mais os elos de
nossa Sagrada Lei de Umbanda, bem como, pelo serviço de utilidade pública e cidadania planetária prestados,
pois precisamos transformar nossos medos, nosso ‘sistema de crença limitante’, em lampejos de consciência,
para o despertar evolutivo espiritual, a fim de garantirmos a paz, o amor e a qualidade de vida natural da Terra.”
A Natureza, a Espiritualidade Maior e a humanidade agradecem!
Anauê Ñhanderú Eté, Tupã e Ñhandecy! (Salve Nosso Deus Verdadeiro, Tupã e Nossa Deusa-Mãe)
Anauê Yvy Sy! (Salve Mãe Terra)
Nosso fraternal Saravá a todos irmãos!!!
Disque óleo vegetal usado (soja, milho, girassol, etc.):
www.disqueoleo.com.br ou contato@disqueoleo.com.br
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Idealizadores:
 Hugo Acauã (Diretor do Panela de Barro – Instituto Étnico Cultural e Ambiental. Ogã, Terapeuta
Xamânico e pesquisador de culturas indígenas - hugoacauan@yahoo.com.br)
 Carla Sindhara (Médium do Caboclo Ventania ou “Vento do Norte”, Linha de Umbanda Xamânica;
Terapeuta Holística, escritora e colaboradora do Panela de Barro - carlasindhara@hotmail.com)
Rio de Janeiro, 20 janeiro de 2009. (revisada em 04/07/15)

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Cartilha Eco Umbandista

  • 1. CARTILHA DE CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA UMBANDISTA “Trate bem a Terra, ela não lhe foi dada pelos seus pais, Ela lhe foi emprestada pelos seus filhos.” (Provérbio Ameríndio) “Trabalhamos pelo crescimento da consciência evolutiva, expressa através das mensagens de nossas Entidades, sejam Caboclos ou Pretos-Velhos.” (Caboclo das Sete Encruzilhadas através do médium Zélio Fernandino de Moraes – Revista Espiritual de Umbanda, 20ª edição) ''O homem há de perceber sua essência e deixará de sentir-se individualista ou de criar rivalidades separando as pessoas através de classificações. Essa percepção acontecerá, tão logo, o homem perceba o quanto ele está vendado pela ignobilidade do SER que compreende “civilizado". Passará ouvir com atenção a todos, e perceberá o quanto um sentido completa o outro, não mais renegando sua própria espécie.'' (Yakuy Tupinambá)
  • 2. 2 “Os dramas humanos e as catástrofes ecológicas têm a mesma causa: o homem afastou-se do coração da natureza, que é também o seu coração. Esquecendo a vida sensível do mundo, ele acabou por esquecer a si mesmo. Os Cheyennes das planícies sabiam que a perda do devido respeito a todas as formas vivas, humanas, animais e vegetais, conduziriam igualmente à perda do respeito devido ao próprio homem. Não tenhamos medo dos contrários, das oposições que dividem o mundo e criam a ilusão de acontecimentos separados. Esta visão é fonte de conflito, de sofrimento e de luta contínua. A noite não é inimiga do dia, assim como a morte não é inimiga da vida. É preciso haver o encontro do fogo e da água, do sol e da umidade para criar um arco-íris. Entendermos isto, fará com que encontremos o equilíbrio em nós. Entendermos isto, fará com que haja harmonia com a Terra Mãe. Entendermos isto, fará com que entremos em linha de aproximação com o universo. Entendermos isto, fará com que um dia de fato, sejamos irmãos.” (Nuno Coelho) Em razão e homenagem a festa comemorativa dos 100 anos de anunciação e surgimento da genuína e brasileira religião de Umbanda, em 15 de novembro de 1908 – RJ, juntamente com o dia 20 de janeiro, onde se comemora anualmente a festa de Oxóssi/Caboclos, em nosso calendário umbandista e o feriado da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, não obstante, ao dia 21 de janeiro que já fora estabelecido oficialmente como “O Dia Nacional de Combate a Intolerância Religiosa” (Lei nº 11.635, de 27/12/2007), viemos apresentar este trabalho, inspirados por princípios que cremos ser urgente. Esta Cartilha é uma singela homenagem aos “Povos Originários de Nosso Brasil” [Pindorama], os nativos indígenas, primeira raça formadora de nossa brasilidade, bem como, a todas as Etnias e Nações Indígenas das Américas, que do Astral para o físico, estabeleceram as bases para o surgimento desta sagrada religião de síntese universal, e que até hoje nos mantém sob sua supervisão. Cremos que por meio desta estaremos contribuindo com o Movimento Umbandista a tratar de um tema tão atual, complexo e essencialmente necessário a todo ser vivente no mundo, sobretudo, aos irmãos de fé que reverenciam as sagradas forças vivas e vibratórias da natureza, os seres que ali residem ou estagiam e seus maiores representantes oficiais, os nossos queridos Orixás (Encantados, Ancestrais, Guias, Mentores, Devas, etc.). Este trabalho não contém em si nenhuma pretensão de esgotar o tema diante os problemas nele contidos ou trazer soluções imediatas, do ponto de vista coletivo, mas sim nos levar a uma reflexão mais ampla e aprofundada quanto a nossa participação e responsabilidade individual, enquanto cidadãos brasileiros e umbandistas que somos. Nossa experiência e percepção nos leva a conclusão que ainda necessitamos de maiores esclarecimentos, visando fortalecer uma cultura espiritualmente preocupada com nossa qualidade de vida e meio-ambiente como um todo, afim com os sublimes princípios e ensinamentos de Umbanda, pois nossa religião preserva a vida e sua continuidade, bem como, a salutar manifestação do Plano Divino em todas as instâncias dos reinos naturais, que para nós é sagrada e deve ser preservada.
  • 3. 3 “Quando mostramos respeito a todas as coisas vivas, estas respondem-nos com respeito.” (Índios Arapaho) Não pretendemos satisfazer todas as necessidades, preferências e opiniões, claro, pois a unanimidade é utópica, mas sim comungarmos de uma “unidade na diversidade”, dada a extensa complexidade do assunto. Entendemos ser esta uma iniciativa básica, didática e positiva para nossas vidas, religião e ecossistema. Visamos com isso estimular cada vez mais o interesse pelo tema, o bem estar comum dos seres vivos e equilíbrio de todo sistema natural, pois nossa existência depende diretamente de nossa qualidade de vida e deste equilíbrio ambiental. Esta Cartilha visa trazer princípios básicos para uma visão mais ampla e adequada às necessidades atualmente vividas no Brasil e no mundo, do ponto de vista ambiental, espiritual, humano e social. Esta fora inspirada pelo “modo nativo de ser”, nossa ancestral cultura indígena, povos originários de nosso país pré-Cabral e Colombo que, em regra, nos serviram e ainda nos servem, com exemplos éticos de uma filosofia e práticas intimamente afinadas e harmonizadas com princípios ecológicos, ainda tão carentes em nosso sistema urbano. Se percebermos a natureza e a colocarmos como eixo central norteador de nossas vidas, aprenderemos e despertaremos lições várias de espiritualização, interdependência, sustentabilidade, respeito, amor, paz, humanização, valorização da vida, etc. A natureza é, sem sombra de dúvidas, um espetáculo que deve ser apreciado com o coração sempre em prece, respeito e agradecimento, como os nossos nobres e honrados ancestrais indígenas, Guias e Orixás em nossa sagrada Lei de Umbanda. É nesse momento que Deus (Deus, Tupã, Zambi, Olorum, etc.) nos mostra o poder de sua criação e amor, mais que uma esplendorosa obra de arquitetura cósmica, sobretudo, uma Criação repleta de encantos, mistérios, fartura, beleza e magia. Herdamos um rico paraíso natural de seres, alimentos, energia e água potável, que infelizmente é escassa em diversas partes do mundo e ainda sofre com a insalubridade, pela desequilibrada ação humana, pois apenas 3% de água existente no planeta é doce e própria para o consumo humano, sendo que 2/3 (dois terços) desse total estão presentes nas geleiras e calotas polares, sobrando somente 1% (um por cento) para ser consumido em todo mundo, sendo a maior parte desta presente em nosso país. Somando-se a isso, temos um extenso escoamento de esgoto com lixos jogado nos rios e mares, águas ainda não tratadas, bem como vazamentos de tubulações que se somadas seriam capazes de abastecer grande parte de toda Europa. Pergunta-se: o que nós temos a ver diretamente com isso e o que é possível fazer para minimizarmos esses problemas e suas conseqüências? Meditemos! Muitos ainda não sabem, mas os óleos de cozinha utilizados em frituras também são motivos de grande impacto no meio ambiente, geralmente jogados em água corrente, vindo poluí-la consideravelmente, pois 100ml de óleo de fritura contaminam cerca de 1 milhão de litros de água. Vivemos em uma cultura e sistema que ainda muito negligencia a poluição dos rios, cachoeiras, ar, matas e mares, sob a regência de um modelo de pensamento econômico voltado para seus próprios interesses, crescimento desordenado e acúmulo de riquezas, não o bem estar comum. Tudo que nos fora ofertado por amor sagrado e necessidade vital foi para que todos pudessem viver de forma saudável e equilibrada, não somente a menor parte destes pudesse obter e consumir a maior fração dos benefícios e recursos. Desenvolvimento sustentável é assunto atual em razão da maior observação dos consequentes eventos naturais do planeta, fruto dos maus-tratos humanos em sua ação predatória. Acreditou-se que as riquezas naturais nunca se esgotariam ou não nos afetaria com nossa demasiada interferência, mas agora todos estamos sentindo recair sobre nós seus efeitos, que cada vez mais crescem, em consequência das ações humanas despreocupadas, descomedidas ou desatentas a importância e urgência das ações para o (re) equilíbrio ambiental, que envolve diretamente a natureza física em geral, bem como, o ambiente social, psicoemocional e espiritual.
  • 4. 4 “A Sabedoria dos homens sempre se coloca entre os meandros da sua crueldade e de sua ignorância. Será que podemos desanimar-nos, sabendo que existe dentro deles, uma centelha de Luz?” (Citação dos índios da Tribo Cree) O Meio Ambiente aos poucos vai entrando no cenário mundial com mais força e visibilidade, mas ainda carente de tornar–se sinônimo de “consciência e princípio ético” a ser assimilado por todos. Os rios, atmosfera, cachoeiras, matas e mares estão sendo cada vez mais transformado em canais de devastação e poluição, dejeto de todos os tipos. Animais torturados e extintos desnecessariamente, lixo atômico, toneladas de gases tóxicos despejados no ar, morte prematura gerada pela fome de indefesas criaturas provenientes do descaso e crueldade do seu próprio semelhante, etc. E ainda fica a pergunta no ar: o que posso fazer para isso melhorar?! Diante dos expostos acima, ainda contamos com as ações de alguns umbandistas, ainda desavisados, pouco esclarecidos da real e gritante necessidade de uma consciência mais ecologicamente sustentável, pois precisamos rever alguns conceitos e ações sobre determinados materiais nocivos em oferendas-mágico- ritualísticas, que alguns ainda persistem em utilizá-los, pondo em risco o meio ambiente, a vida, o equilíbrio e a saúde de seres, prejudicando a limpeza do local e a harmonia do habitat natural. Estes são verdadeiros sítios sagrados, onde se honram os seres e as energias da natureza, os elementais, os Ancestrais, Guias e Orixás. Ainda consideramos insuficiente o percentual dos que chamam sua consciência a este exame reflexivo, para os possíveis danos gerados ao meio ambiente, através de materiais nocivos ainda deixados nas matas, cachoeiras, praias, etc. Muitos alguidares, garrafas, copos de vidro e plástico, velas de parafina acesas em meio a locais que possam correr riscos de incêndio, panos de murim, estátuas, materiais de louça, punhais, entre outros, que resistem ao tempo e permanecem lá, após o término do período necessário para atuação magística da oferta direcionada. Alguns materiais jogados nos rios e mares, podem ser engolidos por alguns animais que não os distinguem de sua verdadeira alimentação e acabam morrendo pela sua ingestão, tais como as tampas plásticas de garrafas, por exemplo. Estes não só geram resíduos sólidos e bacteriológicos para natureza – como não bastasse o lixo energético que a humanidade já produz no mundo – mas põe em risco a integridade de vida de qualquer pessoa ou ser vivente que venha a ter contato com ambientes naturais que sofreu contaminação, venha se alimentar destes ou se machucar com tais objetos ali deixados, como por exemplo, uma taça de vidro ou um punhal enferrujado, tornado-se ainda mais grave, quando deixados em locais de difícil acesso para coleta de lixo urbano. É sim possível e mais correto, do ponto de vista ecológico para nossa sagrada Umbanda, trabalharmos com as folhas, flores, frutos e alimentos orgânicos, de fácil decomposição na natureza (biodegradáveis), que viram adubo e fertiliza a terra, que não geram diretamente nenhum dano ambiental, inclusive para alimentação dos animais. Precisamos avançar e despertar cada vez mais nossa consciência para a necessidade de preservação do meio ambiente, que envolve a vida como um todo, pois sofremos diretamente os impactos deste. O acelerado crescimento da exploração, agressão e poluição de nossa Terra-Mãe de alguns anos pra cá tem sido assustador e preocupante. Há centenas de anos “Ela chora” sob as ações e juízos de nossa cultura dominante, que não consegue identificar aí sua própria origem e necessidade real para seu existir. “É o término da vida e o início da sobrevivência”, como bem assinalou o chefe indígena Seattle, no séc. XVIII.
  • 5. 5 “Cada ser vivo e cada forma de vida representam mestres e amigos em potencial. Ao observarmos a natureza, aprendemos as novas lições que ela está tentando nos transmitir.” (Jamie Sams - As Cartas do Caminho Sagrado) Os resultados dessa constante ação predatória, como o desmatamento da Amazônia, por exemplo, há tempos vêm sendo apontados de forma preocupante por muitos indígenas, cientistas, biólogos, ambientalistas, religiosos, naturalistas, etc., com isso intensificado o surgimento e ação dos Maremotos, Terremotos, Tornados, Tsunamis, surtos de doenças desconhecidas ou raras, viroses, extinção de várias vidas animais e vegetais, a destruição da camada de ozônio, o já tão conhecido aquecimento global, o derretimento das calotas polares e muito mais. Já possuímos problemas demais socioambientais como a desapropriação das terras de povos tradicionais, a desigualdade social, o preconceito, a degradação do meio ambiente, etc., que ainda fazem parte de nosso cenário e se arrastam em busca de soluções. Precisamos sofrer uma profunda mudança para a resolução definitiva dos mesmos, mas sabemos que essa transformação é uma reforma interior que precisa começar em nós e por nós, pelas lideranças de instituições religiosas, como a Umbanda (Federações, Templos, Tendas, etc.), seus adeptos e toda população, não obstante, pelos dirigentes políticos e econômicos em nosso país e no mundo. Os resultados de nossa negligência e imprudência fatalmente acabam se voltando contra nós. Os fenômenos naturais nem sempre fazem do autor sua própria vítima, mas cremos que a Justiça Divina assim o fará. Muitos ainda resistem perceber os sinais divinos e naturais que nos alertam. Estes indicam que algo está profundamente equivocado na maneira como conduzimos e nos relacionamos com todas as formas de vida existentes no planeta. Está faltando maior atenção, cuidado, amor e respeito para com nosso semelhante. Novamente nos perguntamos: como restaurar essa situação de desequilíbrio? Como mudar esse padrão, esse modelo de pensamento estabelecido? A resposta está na autoconscientização e educação humana. É preciso uma profunda reflexão capaz de expandir nossa percepção, mudar nossos paradigmas, princípios, valores e ações a cerca desta realidade, pois a natureza e a existência humana, desta e das próximas gerações, estão em perigo. Precisamos ampliar nossa consciência, para que tenhamos uma vida naturalmente mais saudável e digna, pois a busca do Ter pelo Ser ganhou espaço maior que deveria no cenário mundial e isso tornou a sobrevivência um risco para a humanidade. A retomada da autoconsciência poderá ser a chave para que as futuras gerações tenham uma visão diferenciada sobre a responsabilidade socioambiental e a importância do papel humano na manutenção harmônica da vida planetária, de suas espécies e natural interdependência, da qual todos fazemos parte. Desta forma garantiremos a continuidade de uma vida saudável em todas as esferas: física, social e espiritual. As sementes do amanhã, nossas crianças, filhos, netos e bisnetos dependerão direta e exclusivamente do nosso pensar e ações no hoje. É todo um sistema de autocondicionamentos e estilos de vida a serem revistos e transformados em nós e por nós. Precisamos ser a realidade que queremos ver no mundo, que envolve diretamente nossas crenças estabelecidas, nossa maneira de pensar, sentir e agir. É dever cívico e planetário nosso contribuir para que a raça humana se humanize cada vez mais e como umbandistas, nos autoconscientizar das necessidades reais da vida, bem como do funcionamento natural deste grande organismo vivo do qual somos todos parte, chamado Terra. A energia dinâmica do universo vem buscando acelerar nosso desenvolvimento espiritual, para uma vida mais digna e refinada com os princípios e propósitos mais sublimes de uma existência mais elevada. A nossa desarmonia abala um sistema, um fio estremece uma teia, o desequilíbrio do planeta é o nosso próprio desequilíbrio, pois ele é a nossa morada maior.
  • 6. 6 O Grande Espírito porém, nos deu a todos a possibilidade de estudar a Universidade da Natureza, das Florestas, dos Rios, das Montanhas e dos animais, dos quais, todos fazemos parte. (Tatanga Mani, Índio Stoney) A estrutura bioquímica de nossos corpos físicos contém preciosos metais contidos na Natureza. Por analogia, nossos corpos físicos possuem em média, o mesmo percentual de água existente no globo terrestre e os mares são os maiores produtores de oxigênio. Somos um verdadeiro oceano líquido. A Amazônia é o nosso pulmão, filtra e refrigera o ar, também divide a tarefa com os oceanos de nos fornecer oxigênio, nos dando impulso e energia vital. Rios percorrem em seus leitos e afluentes, como o sangue que percorre em nossas veias e artérias junto com o coração, oxigenando o corpo e cérebro. Somos fogo, terra, água, ar e éter, pois assim como o sol ilumina a Terra, nossa consciência espiritual nos anima, dá vida e luz a matéria orgânica de nossos corpos físicos e energéticos, sob a égide do Grande Espírito, criador de todos os seres, pois o universo interno (esotérico) e externo (exotérico) estão inter-relacionados. A magia fenomênica da própria natureza está presente em nossos corpos, que é a base que sustenta e alimenta nossa vida. Somos filhos da Mãe-Terra, pelo seu corpo de barro fomos gerados e a ele retornaremos, doados com amor a nós e a todas criaturas viventes, que ainda insistimos maltratar. Sentimos essas lesões provocadas em nosso próprio corpo e em nosso comportamento, desarmonizando o ser e nosso campo espiritual, pois tudo está interligado, o corpo dela é o nosso mesmo corpo. Nós humanos dependemos diretamente da existência da natureza e não o contrário, a continuidade e preservação da vida planetária seriam garantidas muito bem, com exceção dos fenômenos naturais, se aqui não tivéssemos. Com tudo isso, fica claro entendermos que somos o reflexo e consequência da própria Criação da Natureza Divina. Respeitemos Sua Obra, que levou bilhares de anos para se desenvolver, para poder aqui nos abrigar, dando-nos o alimento e o sustento necessário para a nossa e as futuras gerações, que a largos passos estão sendo destruídos. Somos filhos criados do mesmo Pai Céu, nosso espírito-consciência tem sua origem e alimento na luz das estrelas. Fragmentos de nossa alma ainda hibernam na inconsciência da refletida luz da Senhora Lua, e nossos corpos físicos, provenientes e embalados do grande ventre materno, são constantemente alimentados pela nossa Terra-Mãe, mas ainda assim, insistimos em cometer os mesmos deslizes, atentando contra sua natureza e o genocídio desenfreado de bilhares de criaturas. Somos, portanto, o princípio da unidade indivisível, uma pequena fração, uma parte do Todo Indivisível, que habita em tudo. Concluímos que Deus- Homem-Natureza não caminham separadamente, não podem ser dissociados, pois estão intimamente conectados. Tudo faz parte de uma mesma teia-cósmica, uma mesma trama, pois os antigos nativos já afirmavam e a ciência gradualmente vem reconhecendo esses fenômenos naturais, pois estamos retomando o curso natural em busca da unidade, portanto, o mal que fizermos a um dos fios da teia, refletirá em toda teia. Muitos ainda adormecem no ventre sagrado de nossa Mãe, como crianças ainda não despertas, que ainda fantasiam e distorcem a realidade. Pensamos que já somos espiritualmente adultos, maduros, conscientes, autônomos, plenos de si e do que nos cerca. Cremos que caminhamos em “terra firme”, com nossas próprias pernas, mas a grande maioria ainda caminha a pequenos passos para esse re-despertar, para a nossa essência real, natural e verdadeira, que é divina, é eterna, pois ainda muito se maltrata a fonte de sua própria origem, andando “de costas para luz”. Despertemos para a verdadeira semente que ainda adormece no mais íntimo de nosso ser. Não nos acomodemos nesta ociosidade perniciosa de nossos devaneios, ilusões e na insanidade de nossos inflados egos vaidosos que nos conduzem à cegueira, tornando-nos vítimas, juízes e réus de nós mesmos e de nosso semelhante, gerando com isso obstáculos internos que nos impedem de viver a verdadeira vida, crescimento, liberdade, felicidade e amor.
  • 7. 7 “Ainda que estejamos em diferentes barcos, você no seu veleiro e nós na nossa canoa, dividimos o mesmo rio da vida.” (Chefe Oren Lyons, Nação Indígena Onandaga) Atentemo-nos que ausentar-se da responsabilidade que cabe a cada um de zelar pelo meio ambiente é decretar um futuro cruel para os nossos sucessores. O Homem só conseguirá entender o profundo sentido da vida quando entenderes a linguagem oculta contida em cada ser, aí sim ele honrará até a menor espécie vivente no reino natural e perceberá a si mesmo como uma pequenina célula pertencente a este imenso organismo vivo. Todo ser vivente tem sua missão e razão de existir no Planeta. Saiamos de nossas trincheiras internas que nos limitam, aprisionam e adoecem, dos barulhos ensurdecedores de nossas mentes inquietas e das grandes cidades que ofuscam o silêncio da alma e a paz do coração, que trazem a verdade harmônica e essência natural contida no ser. Precisamos perceber o sentido da conexão presente em tudo que é vivo, a voz que sussurra suave, a fim de distinguirmos o canto alegre ou o lamento de um pássaro. Os índios muito aprenderam com os animais, plantas, árvores e pedras, honravam todas as formas de vida, pois tudo contém uma alma, uma essência divina, sua contraparte espiritual, porque toda natureza se comunica e contém segredos do Criador. O ato de preservação da vida, além de ação de amor e honra, é também de bom senso, lógica e justiça, assim garantimos às futuras gerações a dádiva e a dignidade do bem-viver, porque este já é um natural direito adquirido de todos. Uma consciência verdadeiramente comprometida com a vida e espiritualidade é capaz de viver de maneira interdependente e interdisciplinar com todos os seres viventes, honrando toda Criação. Faz-se urgente reformularmos um modelo de pensamento que já está ultrapassado e esgota cada vez mais nossos recursos naturais, que não consegue resolver nossos problemas reais, humanos, sociais e ambientais de nosso planeta. Honrar a Criação é honrar seu Criador. Preservar a natureza é honrar nossos antepassados, nossos ancestrais e garantirmos a qualidade de vida das nossas futuras e indefesas gerações. É necessário não somente ensinarmos a reutilizarmos e reciclarmos o lixo que produzimos, mas, sobretudo, é preciso que aprendamos a reciclar nossos vícios, egos, pensamentos e ações, a tudo que agride a nós mesmos e ao nosso próximo, pois estes são os maiores lixos tóxicos que produzimos para sobrevivência humana e natural. A Umbanda comemorou seu centenário com muita alegria e felicidade. Cada vez mais nos fortalecemos e nos auto-afirmamos enquanto uma identidade religiosa brasileira. Buscamos cada vez mais a unidade através do amor-fraterno e respeito às diversidades. Este trabalho tem como finalidade conscientizar cada vez mais nossos irmãos umbandistas a cerca de temas tão inerentes a nossa sagrada religião. Esta Cartilha nos estimula a uma nova compreensão e relação com o sagrado, que é o existir em Deus, convocando a todos para a iminente necessidade de um (re) despertar cada vez maior de nossas consciências e de nossa participação mais pró-ativa na parte que nos cabe, seja como indivíduos ou instituições, em pleno Terceiro Milênio, para dignificar e honrar cada vez mais a nossa Sagrada Lei de Umbanda. Devemos honra-la e contribuir ainda mais para conduzi-la ao seu devido patamar, não obstante, aos de nossos Guias e Orixás, que coordenam esses “sítios naturais” e de lá também sorvem energia para cura de todo tipo de malefício humano. Através desta possibilitaremos maior conscientização de todos, pois não devemos mais falar em amor e devoção às divindades do “Ministério de Deus”, nossos Ancestrais, Orixás e Encantados, que comandam estes sítios sagrados e habitat’s naturais, com seus Falangeiros-Guias, além das pequeninas consciências vivas que lá estagiam e zelam pelo equilíbrio dos mesmos, tendo ações infundadas e incoerentes que desarmonizam física e vibratoriamente o ambiente sagrado, desestabilizando o equilíbrio energético e paisagístico naturais.
  • 8. 8 “Necessitamos muito mais do que reciclar materiais e reduzir a poluição. Existe uma necessidade de despertar o respeito a todos as criaturas vivas. Nós chegamos ao nosso fim lógico, que nos leva de volta para o início do nosso Círculo de Vida, ou nas palavras do Chefe Seattle: ‘Tudo o que fizermos a Terra, estaremos fazendo a nós próprios, pois nós somos a Terra’.” (Poncho – Secwepemc, Born 1896) Precisamos assumir de vez a responsabilidade de construirmos um planeta melhor para nós e nossos sucessores, pois essa iniciativa começa em nós e por nós, independente dos erros pertinentes à iniciativa pública ou privada e a carência de informações nos meios de comunicação. Se como formiguinhas fizermos nossa parte, estaremos dando uma grande contribuição planetária. Não devemos criar sempre expectativas e dependências constantes, colocando a iniciativa de nossas ações nas mãos de outros, pois já contemos informações básicas suficientes para reformularmos a base de alguns pensamentos e ações, nem tampouco incumbirmos somente aos Guias Espirituais a responsabilidade de nosso despertar e o constante interceder por nós diante o “martelo dos justos”. Devemos tomar para nós a parte que nos cabe e que já vem sendo sinalizada, pois a urgência iminente de mudança constitui o pilar que alicerça as bases de uma religião-Mãe ainda em transformação e crescimento . A Umbanda está para todos, abrigando seus filhos em seu ventre materno, alimentando-nos como pequeninas e indefesas criaturas, acalentadas em vosso colo, fragilizadas por emoções e desejos ainda pueris, por ainda nos faltar o amadurecido discernimento necessário, a fim de que possamos caminhar com nossas próprias pernas e mentes despertas. Ao entendermos a natureza como um ser e organismo vivo, nos colocaremos diante desta de maneira sensivelmente mais humana e sagrada, dando-nos a oportunidade de recriarmos nossa realidade e despertarmos nossa consciência a partir do nobre e puro sentimento do amor, compreensão, alegria e fé, abrindo-nos as portas do ser natural e para a divina realidade espiritual. Já nos perguntamos alguma vez se Yara, Oxum, Janaína ou Iemanjá ficam felizes em ver suas águas contaminadas por diversos tipos de lixos lá depositados pela falta de consciência ambiental de seus filhos? Será que Iemanjá se sente homenageada ao receber no mar garrafas de vidro ou pet, dentre tantos outros elementos estranhos à vida marinha, que desarmonizam, deterioram, matam e intoxicam suas águas e habitat natural? Como estão e ficam nossas matas e cachoeiras após oferenda que contenha elementos nocivos à natureza, a saúde e a vida? É importante entendermos a relação magística e alquímica das energias internas e externas presente nas oferendas-rituais, não somente como elementos simbólicos e exotéricos do imediatismo utilitarista de nossos desejos humanos, mas sim como uma transformação de elementos naturais e energias sutis ali contidas para dinamização e geração de forças, reequilíbrio espiritual e ressonância harmônica do ser, sobretudo, como um ato de alta relevância intrínseca e esotérica capaz de alterar substancialmente nossa percepção e vibração, despertando e ampliando setores da consciência, podendo revelar dons e habilidades até então inexplorados anteriormente por nós. É imperativa a necessidade de convocar a consciência e atuar como fiscal de suas próprias ações, pois esse é o verdadeiro sacerdócio, amor, respeito e cidadania planetária. Precisamos abraçar a vida em todas as instâncias possíveis, para que um dia possamos “caminhar em beleza”, reencontrarmos em nós a prometida “Terra Sem Males” (Yvy Marã Ey), sinalizada pelos Karaí, xamãs-profetas Guarani, o estado de graça, o retorno ao paraíso.
  • 9. 9 Logo abaixo trazemos informações ilustrativas a cerca dos diversos materiais despejados na natureza pela ação humana e seu tempo aproximado de decomposição no meio ambiente: Casca de frutas – 3 meses Restos orgânicos – de 2 a 6 meses Papel – de 3 a 6 meses Pano – de 6 meses a 1 ano Palito - 6 a 12 meses Tampas de garrafa – 100 a 500 anos Fralda descartável – 450 a 600 anos Lata de alumínio – de 100 a 500 anos Isopor – tempo indeterminado Vidro – tempo indeterminado Sacos e copos de plástico – de 200 a 450 anos Pneu (borracha) – tempo indeterminado Filtro de cigarro – 5 anos Pastilha elástica – 5 anos Madeira pintada – 13 anos Nylon – de 30 a 40 anos Lata de aço – 100 anos Pilhas – de 100 a 500 anos
  • 10. 10 Verificamos nas fotos abaixo, elementos materiais presentes em oferendas-rituais que geram perigo à vida e dano ao meio ambiente, geralmente deixados de forma permanente, de difícil decomposição natural e acesso dos profissionais da coleta de lixo urbano, preparados para o retiro de materiais de cunho mágico-religioso. ”Temos de proteger as florestas para nossos filhos, netos e para todos aqueles que ainda estão por nascer. Temos de proteger as florestas para aqueles que não podem falar por si próprios, como os pássaros, os animais, peixes e as árvores. (Qwatsinas, Nação Indígena Nuxalk) (abaixo: mesa ritual homenageando Caboclos/Oxóssi em jan/09 pela Tenda de Umbanda Xamânica Filhos do Vento, na Praia do Flamengo – Rio de janeiro/RJ. Após ritual e ceia, tudo foi adequadamente descartado e o local limpo) “Somos nós filhos de Umbanda e filhos de uma energia geradora, desde a água da nascente até o nascimento da lava de um vulcão, responsáveis em transmitir o verdadeiro respeito ao Plano Divino.” (Ancestral Indígena Vento do Norte/Caboclo Ventania)
  • 11. 11 “Talvez se mais pessoas tocassem seus seres com os lagos, com as árvores, com a terra, não haveria tanta poluição e destruição espalhada como vemos atualmente. Eles sentiriam o elo precioso que os une e não estariam tão prontos a nela enterrar tanta química e lixo. Eles não mais ousariam ferir uma árvore com um canivete.” (trecho do livro de Mary Summer Rain, DREAMWALKER) Hino da Umbanda: (Letra: José Manoel Alves – música: Dalmo da Trindade Reis /1961) Refletiu a luz divina Em todo seu esplendor Vem do Reino de Oxalá Onde há paz e amor Luz que refletiu na Terra Luz que refletiu no Mar Luz que veio de Aruanda Para tudo iluminar Umbanda é paz e amor Um mundo cheio de luz É força que nos dá vida E a grandeza nos conduz Avante filhos de fé Como a nossa lei não há Levando ao mundo inteiro A Bandeira de Oxalá ! “Que o Grande-Espírito guie nossos passos sobre a Estrada da Vida. Respeitemos Sua Criação, nossa Mãe-Terra, preservando-a a fim de que Ela nos preserve.”
  • 12. 12 [na foto: Pajé Guarani] "Unir-se é um bom começo, manter a união é um progresso e trabalhar em conjunto é a vitória" (Antonio Cabrera Guarani - Tupã Ñemboagueraviju) “Esperamos ter contribuído positivamente para somarmos nossas bases e fortalecer cada vez mais os elos de nossa Sagrada Lei de Umbanda, bem como, pelo serviço de utilidade pública e cidadania planetária prestados, pois precisamos transformar nossos medos, nosso ‘sistema de crença limitante’, em lampejos de consciência, para o despertar evolutivo espiritual, a fim de garantirmos a paz, o amor e a qualidade de vida natural da Terra.” A Natureza, a Espiritualidade Maior e a humanidade agradecem! Anauê Ñhanderú Eté, Tupã e Ñhandecy! (Salve Nosso Deus Verdadeiro, Tupã e Nossa Deusa-Mãe) Anauê Yvy Sy! (Salve Mãe Terra) Nosso fraternal Saravá a todos irmãos!!! Disque óleo vegetal usado (soja, milho, girassol, etc.): www.disqueoleo.com.br ou contato@disqueoleo.com.br (21) 2260 3386 / 9782 79446 Idealizadores:  Hugo Acauã (Diretor do Panela de Barro – Instituto Étnico Cultural e Ambiental. Ogã, Terapeuta Xamânico e pesquisador de culturas indígenas - hugoacauan@yahoo.com.br)  Carla Sindhara (Médium do Caboclo Ventania ou “Vento do Norte”, Linha de Umbanda Xamânica; Terapeuta Holística, escritora e colaboradora do Panela de Barro - carlasindhara@hotmail.com) Rio de Janeiro, 20 janeiro de 2009. (revisada em 04/07/15)