PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
Ensinando a ler com compreensão nas aulas de História
1. Ensinando a ler com compreensão nas aulas de História
Ano/Série/ciclo:
Segundo ciclo do ensino fundamental.
Tempo necessário:
Quatro a cinco aulas de 50 minutos cada (A velocidade da realização da leitura depende da
quantidade de alunos envolvidos e da motivação dos mesmos em discutir o texto).
Introdução:
Hoje, mais do que nunca, percebemos a importância de criar situações em sala de aula em
que sejam ensinados aos alunos conteúdos relacionados ao saber fazer que serão
fundamentais para o seu desenvolvimento escolar e intelectual.
É dentro desta perspectiva de saber procedimental que o ensino das estratégias de leitura
está colocado. O ensino destas estratégias é algo complexo e exige um trabalho permanente
em todas as disciplinas. Neste plano de aula, apresentamos algumas delas, as quais podem
ser aplicadas com seus alunos durante a leitura de um texto de História.
Objetivos, em termos de competências e habilidades:
Identificar e utilizar os sinais de um texto para extrair informações relevantes ao assunto
trabalhado;
Reconhecer a importância de fazer anotações ou grifar informações durante a leitura de um
texto;
Saber formular perguntas ao texto antes e durante a leitura;
2. Entender a leitura como algo mais do que decifrar palavras e frases do texto (Enxergando-a
como um processo em que o leitor tem um papel ativo: pergunta, questiona, levanta
hipóteses, faz anotações, relê e debate).
Recursos didáticos necessários:
Texto que contenha recursos gráficos como palavras negritas ou em itálico no corpo do texto,
box, gráficos, fotos, títulos e subtítulos, desenhos;
Giz e lousa.
Organização da sala de aula:
Num primeiro momento, sentados individualmente (em fileira ou círculo). Depois, em trios ou
quartetos.
Desenvolvimento da atividade/procedimentos:
Primeira aula:
Primeiro momento (5 minutos):
Inicie o trabalho apresentando uma questão aos alunos e informando-os de que trouxe um
texto (ou que há um texto no livro-didático) que irá fornecer informações para que o grupo a
responda. A questão não pode ser respondida literalmente pelo texto. Ela deve requerer uma
compreensão do texto como um todo.
Neste plano de aula, o exemplo utilizado é a leitura do texto intitulado: Uma historinha bem
realista extraído de: SCHIMIDT, Mario Furley. Nova história crítica do Brasil: 500 anos de
história mal contada. São Paulo: Nova Geração, 1997, p. 10 - 11).
3. A pergunta formulada é “O que aconteceu com os nativos brasileiros após a chegada dos
navegadores europeus?
Segundo momento (20 minutos):
Antes de entregar o texto aos alunos, inicie uma discussão perguntando o que sabem sobre
o assunto relacionado à questão;
Faça uma lista na lousa das informações obtidas e solicite que os alunos as copiem em seus
cadernos.
Objetivos deste primeiro momento:
Possibilitar que os alunos organizem as informações que têm sobre o tema;
Possibilitar um primeiro momento de aproximação do tema que será tratado no texto já que,
ao listar as informações, amplia-se o repertório do aluno;
Iniciar a aprendizagem de informações e conceitos ligados ao assunto já que, muitas vezes,
há alunos que sabem muitas coisas e que, nesse momento, terão a chance de compartilhar
esse saber com seus colegas.
Obs.: Inicialmente, eles acharão que não sabem nada, por isso é fundamental que a
professora os incentive a falar, pois o que se está fazendo é mapeando o que a sala sabe
“por cima” sobre aquele assunto. Para incentivá-los, use perguntas como: “Nunca ouviu nada
na TV?”, “Nunca folheou uma revista e algo do tipo o chamou a atenção?”, “Nunca ouviu
seus pais ou amigos conversarem sobre o assunto?”
Segunda aula:
Terceiro momento (20 minutos):
4. Ainda sem entregar o texto, solicite aos seus alunos que formulem perguntas sobre o
assunto. O objetivo é que eles exponham o que consideram relevante saber para responder
a grande questão colocada sobre o tema “a situação dos nativos com a chegada dos
navegadores europeus”;
Liste as perguntas e peça que eles as copiem em seus cadernos.
Obs.: Nesse momento é importante que, além das perguntas dos alunos, você liste também
questões relacionadas a assuntos que considere relevantes para o debate. Pode ser que as
perguntas sejam formuladas espontaneamente pelo grupo, mas, caso isso não ocorra, você
pode sugeri-las (“Não seria importante perguntarmos também sobre...?”). Nesse caso, os
alunos ajudariam na formulação da questão proposta (“Então, como poderíamos escrever
esta pergunta?”).
Quarto momento (25 a 30 minutos):
Entregue o texto aos alunos (ou peça para abrirem na página do livro onde o texto se
encontra);
Discuta como eles normalmente iniciam a leitura de um livro (“Vocês abrem e começam a
ler? Ou vocês folheiam? Se folheiam, olham o quê? Por que olham essas coisas?”);
A idéia aqui é mostrar ao aluno o conceito de que a leitura não é somente o ato de abrir o
livro (ou texto) e iniciar pela primeira linha. Um leitor experiente faz uma leitura diagonal
(panorâmica) observando aspectos do texto que lhe dêem pistas sobre o que será tratado.
Ou seja, ao se folhear um texto ou livro já se inicia a leitura do mesmo;
Depois dessa discussão, procure listar com eles quais são os sinais do texto que conhecem
(negrito, fotografias, tabelas, títulos, subtítulos, box);
Em seguida, solicite que eles procurem descobrir sobre o que o texto vai tratar observando
apenas os sinais que o texto traz. Liste na lousa as respostas dos alunos.
Quinto momento (40 minutos):
Faça uma retomada geral das informações listadas no segundo momento (primeira aula),
lembrando também as questões e as hipóteses formuladas no quarto momento (segunda
aula). Recupere também o objetivo da leitura (“Não se esqueçam: vamos ler esse texto com
5. o objetivo de, além de responder as perguntas que a classe fez, responder também uma
outra questão: a questão central”.);
Forme trio ou quarteto;
Peça que os grupos iniciem a leitura do texto e que chequem oralmente se as informações
que haviam listado no terceiro momento (segunda aula) batem com o que estão lendo;
Você poderá solicitar também que eles façam anotações ou grifem aquelas informações que
considerarem mais relevantes em relação aos objetivos da leitura colocados inicialmente;
Poderá ser solicitado aqui que tentem responder em seus cadernos (individualmente ou em
grupo) a questão colocada como objetivo da leitura;
Nesse momento é fundamental que você circule pela sala, ensinando aos alunos as
estratégias de leitura. Observe a atuação de seus alunos e interfira para ajudá-los quando: a)
eles a chamarem ou b) quando perceber que precisa ensinar-lhes alguma estratégia. Sua
interferência nesse momento deverá, além de indagadora, servir de modelo aos alunos. Ou
seja, você deverá ensinar fazendo e não só verbalizando como deve ser feito;
Estratégias que deverão ser trabalhadas neste momento:
Retomada constante do objetivo da leitura. Sempre que o aluno se mostrar perdido na hora
de selecionar as informações mais relevantes, problematize a situação de forma que ele
releia o objetivo da leitura e o leve em consideração durante a seleção de informações;
Retomada de trechos já lidos. Sempre que o aluno demonstrar dificuldade para entender o
significado de um trecho, ou mesmo a quem se refere um determinado pronome (esta
dificuldade é muito comum), demonstre como fazer para descobrir. É preciso reler os trechos
anteriores procurando identificar seus elementos-chave. (“Vamos reler o trecho anterior? E
então? A quem será que o trecho seguinte está se referindo? Que relação será que este
pronome tem com as frases anteriores”);
Trabalhar com o vocabulário dentro do contexto do texto ou recorrendo ao dicionário.
Quando os alunos tiverem dúvidas com relação ao vocabulário é possível: a) reler com ele o
trecho onde a palavra se encontra e pensar sobre o seu significado a partir do contexto; b)
perguntar ao grupo ou a toda a classe se alguém conhece o significado de tal palavra e se
poderia explicar aos outros; c) utilizar o dicionário junto com o aluno e incentivando-o a fazê-
lo sozinho. d) Utilizar os conhecimentos prévios (lista de informações feita no segundo
momento) para atribuir significado ao texto. É muito importante incentivar os alunos a reler a
lista de informações feita antes da leitura texto e verificar a adequação dessas informações.
À medida que ancora as novas informações às antigas, de maneira organizada, o aluno
amplia sua aprendizagem, tornando-a mais significativa.
Quarta aula:
Sexto momento (40 minutos):
6. Debata o tema com os alunos, iniciando pela resolução das questões que eles colocaram
(elas não precisam ser respondidas no papel, mas apenas oralmente, pois a função delas é a
de guiar a leitura do aluno);
Haverá, sem dúvida, questões não respondidas. Você deverá então decidir com o grupo o
que fazer com elas (“São relevantes para o trabalho? Se sim, como poderíamos resolvê-las?
Se não, o que fazer?”);
Por fim, debata a resposta da questão central e, se quiser, elabore uma resposta coletiva
(que não deverá substituir a resposta que deram anteriormente, mas anotada e comparada).
Avaliação:
As situações de ensino de estratégias de leitura não requerem um momento propriamente
dito de aplicação de provas, pois implicam um longo processo de aprendizagem por parte
dos alunos e alunas. A avaliação consistiria basicamente de observação e auto-avaliação.
Dessa forma, a avaliação deve ser feita o tempo todo, pois o planejamento de novas
situações dependerá da observação do desempenho do aluno nas atividades aplicadas.
Durante a aplicação da atividade - Deverão ser observados aspectos relacionados à
ampliação da capacidade do aluno de estabelecer relações entre as informações do texto e,
conseqüentemente, a ampliação de sua capacidade de compreensão do mesmo. Para
verificar isso é preciso perguntar-se, por exemplo, se o aluno consegue retomar o objetivo da
leitura a todo o momento, mantendo-o como guia? (Se o aluno grifa muito o texto, é possível
perceber que ele não está conseguindo selecionar a informação mais importante em função
do objetivo colocado. Portanto, é necessário colocá-lo em outras situações de leitura e de
debate com colegas e com você, onde possa exercitar); se ele confronta aquilo que sabia
com as novas informações; se tenta entender o significado das palavras pelo contexto como
primeiro recurso (ao invés de perguntar primeiro); se relê o texto sempre que necessário.
Para que o aluno passe gradualmente a se responsabilizar pelo seu processo de
aprendizagem, regulando suas ações, é importante promover momentos de auto-avaliação.
A auto-avaliação (guiada por uma ficha) também é importante para que o aluno atente
gradualmente para aspectos que passaram desapercebidos, construindo desta forma um
saber mais eficiente relacionado ao como ler.