SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 9
Milho transgênico: uma morte lenta e silenciosa. Entrevista especial com
Antônio Inácio Andrioli
Antônio Inácio Andrioli, um dos pesquisadores a por em pauta esse debate no Brasil, está
desapontado com a opção do país, e diz que a longo prazo o cultivo representará uma
catástrofe para os agricultores. "Já sabemos que o milho transgênico vai produzir menos que o
convencional e sua produção vai custar mais caro”, adverte.
Além dos malefícios para a agricultura, produtos geneticamente modificados podem estar
relacionados a uma série de epidemias que crescem na sociedade contemporânea, como o
câncer e alergias alimentares. As plantas produzidas através da transgenia, explica o
pesquisador, são imunodeficientes, ou seja, piores que as desenvolvidas através do
melhoramento genético tradicional. “Recentes pesquisas realizadas na Europa demostram que
animais consumidores de produtos imunodeficientes também passaram a apresentar
imunodeficiência, e, consequentemente, foram mais atacados por doenças”, alerta. E
recomenda: “Deveríamos fazer a seguinte análise com relação aos impactos que isso gera no
ser humano: Essas plantas às quais me refiro contêm dentro de suas célula – como no caso do
milho transgênico – uma toxina sendo produzida por um bacilo (Bacillusthuringiensis). Como já
sabemos que o contato de animais com o referido bacilo têm causado alterações no sistema
imunológico e reprodutivo, há uma grande probabilidade de estarem aumentando as doenças
no mundo, o que parece ser uma das estratégias da indústria farmacêutica”.
No caso das plantas resistentes a herbicidas, o agravante são os resíduos de glifosato
verificados nos alimentos, pois esses cultivos, como a soja transgênica, permitem a aplicação
de glifosato sobre a planta. Segundo o pesquisador, “mesmo se utilizássemos uma fórmula de
glifosato cem vezes menor do que a utilizada na agricultura através do Roundup, teríamos uma
alteração celular dos animais e seres humanos, conforme revela recente estudo realizado na
França”. Andrioli também aponta para um segundo problema: uma alteração no DNA (ácido
desoxirribonucleico), onde se encontram as características hereditárias de um ser vivo. “O DNA
está sendo afetado em função do uso do glifosato que passa através dos alimentos em forma
de resíduos.”
Depois de retornar do curso de pós-doutorado, na Áustria, o pesquisador está impressionado
com o anonimato brasileiro em relação aos transgênicos, com a desinformação da população
brasileira e a falta de interesse nesse debate. “Essa é uma discussão que interessa a todos,
porque não tem ninguém que não coma. Portanto, todos estão sendo afetados pelo cultivo de
transgênicos.” O pesquisador alertou para o boicote de informações e denuncia que
pesquisadores são perseguidos por colocar seus estudos à disposição do público.
Antônio Inácio Andrioli é graduado em Filosofia, pela Universidade Regional do Noroeste do
Estado do Rio Grande do Sul (Unijui), mestre em Educação nas Ciências, pela mesma
universidade, doutor em Ciências Econômicas Sociais, pela Universität Osnabrück, Alemanha,
e pós-doutor, pelo Instituto de Sociologia da Universidade Johannes-Kepler de Linz, Áustria.
Atualmente, é professor do mestrado em Educação nas Ciências, na Unijuí e docente do
Instituto de Sociologia da Universidade Johannes Kepler de Linz. Ele é autor de Transgênicos:
as sementes do mal (São Paulo: Editora Expressão Popular, 2006). Acompanhe mais
informações no site do pesquisador www.andrioli.com.br
Confira a entrevista.
Se a produção alimentícia do planeta é superior ao consumo dos seres humanos, por
que a fome ainda é um problema não resolvido? Os transgênicos estão contribuindo
para esse cenário?
Antônio Inácio Andrioli – A fome é um problema distributivo e não técnico. Assim, temos de
discutir as causas da desigualdade social, ou seja, temos muito mais produção do que
consumo. Mas o problema clássico da fome é o difícil acesso aos alimentos produzidos, por
parte de uma maioria que passa fome e está abaixo da linha da pobreza no mundo.
Paradoxalmente, a maioria das pessoas que passam fome no mundo são agricultores que
vivem no meio rural, exatamente num local onde poderiam ser produzidos alimentos. Um
elemento central para entender isso – e que também nos remete à produção dos transgênicos
como fator importante – é o fato de os pequenos agricultores não terem conseguido sobreviver
ou serem inviabilizados na atividade agrícola devido à monocultura. Eles têm dificuldades de
conseguir sobreviver no mercado, porque precisam aumentar a área de produção para tornar
viável a monocultura.
A base que está por detrás disso é muito simples: a ideia liberal que fundamenta a lógica do
mercado, de que o agricultor deveria se especializar – isso significa que ele diminui o próprio
acesso à alimentação, portanto não produz mais comida para si mesmo –, na expectativa de
receber dinheiro suficiente para comprar alimentos. Essa lógica não funciona, porque, ao
aumentar a produção dessas monoculturas, ocorre a diminuição de seu preço e um aumento
dos custos em função dos problemas técnicos gerados por esse modelo de cultivo. Como
acontece essa inversão, há uma menor renda agregada para o trabalho desses agricultores,
que estão se endividando para comprar novas terras, insumos, e alguns até perdendo suas
terras para pagar as dívidas, se tornando assim agricultores sem terras.
Um problema técnico e estrutural
Então, temos um problema estrutural, ou seja, um empobrecimento dos pequenos agricultores,
o que contribui para aumentar a fome no campo e o êxodo rural. E é claro que, se utilizarmos a
tecnologia dos transgênicos – que contribuem para o aumento dos custos de produção e ao
mesmo tempo são cultivos que têm uma produtividade inferior aos convencionais –,
aprofundaremos a lógica de dependência das técnicas. O agravante é que, como nunca antes
visto, agora temos a dependência desde a gênese do alimento. O agricultor que planta a soja
transgênica irá pagar royalties não só sobre a soja, mas também sobre o próprio glifosato que
está embutido nesse pacote de compra das sementes. A empresa fatura duas vezes, enquanto
o agricultor paga duas vezes. Essa é uma das grandes explicações para o aumento da
desigualdade social e da fome na agricultura. É uma vergonha para o mundo ter 900 milhões
de pessoas passando fome, mesmo numa situação de superprodução de alimentos.
Além de ser um problema político e de distribuição, essa crise alimentícia é também um
problema de produção, pois estamos produzindo alimentos que não consumimos como a soja,
os quais têm servido para a criação intensiva de animais na Europa. Os produtos oriundos
dessa soja passam a interferir nos mercados mundiais quando apresentam um valor mais
abaixo em relação ao preço desses mercados, o que faz com que localmente a produção seja
atingida e cause mais fome. Um exemplo claro disso é a exportação de frango brasileiro para a
Europa. Os europeus compram esse produto a um preço que permite descartar as partes que
eles não comem. O que não é consumido passa a ser doado para a África. Isso tem destruído
a produção africana de frango, porque é uma concorrência insustentável.
Além de contribuir para a desigualdade social, em que medida a produção de
transgênicos também aumenta os impactos da crise ambiental e financeira?
Antônio Inácio Andrioli – Um dos grandes problemas da crise é a utilização de fonte
energética limitada. Não temos condições de continuar produzindo uma agricultura através de
químicos resultantes e derivados de recursos fósseis. Os transgênicos são apenas uma nova
fase da indústria química. Não é por acaso que as empresas químicas financiam os
transgênicos. As plantas produzidas através da transgenia são imunodeficientes, ou seja, são
piores do que as plantas desenvolvidas através do melhoramento genético tradicional. Então, a
indústria química construiu uma forma de vender mais produtos químicos com falsos
argumentos de estamos numa nova fase em que se substituiria a química. Essa agricultura tem
gerado no mundo uma dependência enorme de importação desses produtos, pois, para
importá-los, muitos países têm aumentado suas exportações agrícolas. Isso faz com que se
destruam os recursos naturais através das monoculturas.
No capitalismo, com a lei das vantagens comparativas, cada agricultor deveria conseguir se
aproveitar de uma situação em que ele possa ter os menores custos, ou seja, produzir o que é
mais adequado para um determinado momento do mercado e ter uma vantagem comparativa
em relação a outro produtor. Essa vantagem comparativa em relação ao outro fez com que
hoje tivéssemos a generalização dessa lógica: cada país produzindo o que tem menor custo,
ampliando o mercado mundial. O fato é que, com uma situação de comércio mundial
generalizada – e o Brasil se insere dentro dessa lógica ao apostar na agroexportação –,
surgem problemas claros, na época não apontados pelos liberais. O transporte, por exemplo,
se baseia no uso de combustíveis fósseis e o valor desse transporte precisa ser embutido nos
custos do produto. Esses gastos (ambientais e financeiros) poderiam ser destinados à melhoria
da qualidade de vida, da produção de alimentos etc., ao invés de ser usado para destruição da
natureza. Entramos assim na lógica da mundialização do capital com a expansão do comércio
e daquilo que os liberais anunciavam como a grande esperança em termos distributivos.
Como sabemos, na lógica da concorrência se destroem muitos recursos e investimentos.
Surgem, então, como resultado final disso, as crises que fazem com que se destrua a produção
para que os preços não caiam.
Com a ajuda do Estado, lógica perversa do capitalismo se sustenta
Em muitos momentos, vimos a necessidade de interferência do Estado, mas, para que ele
possa agir, é necessário deixar de investir em infraestrutura e programas sociais. Assim, esse
tipo de ajuda faz com que se aumente a desigualdade social, porque aquelas empresas que
lucraram nesse processo de globalização são agora as beneficiadas novamente através do
Estado que usa recursos que deveriam ser destinados à população, para salvar essas
instituições. São tais empresas que, também dentro da lógica capitalista, contribuíram para o
acontecimento desse caos.
Essa crise financeira é apenas o reflexo de um problema muito maior: a maneira como
produzimos e organizamos o consumo no mundo. No momento que a forma de produção
também está em crise, deveríamos pensar em outras alternativas possíveis. Na agricultura, por
exemplo, deveríamos priorizar formas de produção menos dependentes de recursos externos,
e priorizar a agricultura que pudesse produzir localmente para um mercado local. Assim,
diminuiríamos as distâncias entre consumidor e produtor. Esse tipo de economia regional que
defendo seria uma alternativa diante daquilo que hoje é o responsável, em boa parte, pela crise
que estamos vivendo.
Como o senhor avalia a opção do Brasil pelo milho transgênico, considerando o
exemplo de recusa dos europeus e também as desvantagens já conhecidas pelos
agricultores com o plantio de soja transgênica?
Antônio Inácio Andrioli – Já sabemos que o milho modificado vai produzir menos que o
convencional e sua produção vai custar mais caro. Então, não poderia ter um interesse do
agricultor em cultivar uma planta que não lhe oferece vantagens. Mas, novamente, existe uma
promessa de que essa planta seja resistente a um determinado inseto, e isso realmente só
será possível se esse inseto se tornar, de fato, uma praga. É claro que em muitos países esse
inseto já é considerado praga, mas temos de nos perguntar também: por que ele se tornou
uma praga? Se com o uso desse tipo milho vamos aumentar a incidência de pragas e o
número de doenças – porque essa planta é imunodeficiente –, então, a longo prazo, isso será
uma catástrofe para o agricultor.
Mas, infelizmente, há uma ideologia muito grande por trás desse debate: a ideologia da
técnica. A técnica sempre carrega consigo uma ideologia, ou seja, os interesses pelos quais
uma técnica foi produzida. Esses interesses não são os mesmos dos agricultores; pelo
contrário, as empresas esperam que, através dos problemas técnicos que esses produtos
geram na agricultura, se possa aumentar o consumo de produtos que essas indústrias
fornecem, o que logicamente significa um aumento no custo de produção dos agricultores.
O grande problema, no caso do Brasil, é que os responsáveis pela liberação desses produtos
através da CTNBio (que está acima do governo e da própria Constituição), são, em sua
maioria, cientistas financiados pela indústria química, interessada na expansão dos cultivos
transgênicos.
O milho transgênico pode contaminar as plantações tradicionais, produtos derivados e
carne?
Antônio Inácio Andrioli – O milho se contamina de uma lavoura para a outra, pois é uma
planta de pulverização aberta e cruzada, diferente da soja, que se autofecunda. Então, com o
milho transgênico teremos uma contaminação rápida, decorrente dos primeiros cultivos. Em
relação à contaminação da carne, isso já ocorre com a soja transgênica, que tem resíduos do
glifosato, e, portanto, não deveria ser destinada à ração animal, pois produtos como leite, ovos,
carne são contaminados e geram problemas para a saúde. Essa é uma soja que contêm de 14
a 33 miligramas de glifosato, por quilo, o que está acima dos nossos próprios limites
estabelecidos em lei (já aumentados em 50 vezes por ocasião da liberação do cultivo de
transgênicos no Brasil).
O milho tem um agravante, pois o utilizamos na nossa própria alimentação e também como
ração animal. Então, ele entrará diretamente na nossa cadeia alimentar. Nós já consumimos o
óleo de soja e a lecitina da soja está em milhares de produtos, mas no milho isso é muito mais
grave. Isso porque o brasileiro come milho, e os seus derivados estão em toda a nossa cultura
alimentar. No momento em que o milho passa a ser transgênico, consumimos uma planta que
produz uma toxina em todas as suas células e essa toxina, inadequada para a saúde, passa a
fazer parte da nossa alimentação humana, pois está gerando imunodeficiência no mundo
inteiro.
O milho modificado poderá ser usado para a produção de agrocombustíveis? Quais as
implicações disso?
Antônio Inácio Andrioli – Essa tem sido a esperança anunciada por alguns defensores da
introdução de milho e soja transgênico, como o próprio presidente Lula, ao afirmar que a soja
transgênica não prejudicaria os motores. Entretanto, precisamos avaliar se a água e o meio
ambiente no entorno dessa produção transgênica não está sendo contaminada.
Em que sentido a produção de transgênicos implica no adiamento da reforma agrária e
da produção sustentável?
Antônio Inácio Andrioli – Temos em torno de 100 milhões de hectares de terras no Brasil que
estão ociosas. Os transgênicos estão contribuindo para que mais agricultores se tornem sem
terras, porque estão se endividando. Para produzir soja transgênica, a viabilidade é de uma
pessoa trabalhando em 200 hectares, isso significa que há uma necessidade de expansão da
terra, ou seja, a exclusão de pequenos agricultores, porque a terra é um recurso limitado e não
podemos aumentá-la.
Os transgênicos aumentam a concentração de terra, a desigualdade social, o êxito rural. Por
isso, temos de dizer que os transgênicos são uma tecnologia não apropriada aos interesses da
maioria da população, porque geram problemas ambientais, sociais e de saúde pública. Desse
ponto de vista, a reforma agrária tende a ser mais difícil no Brasil com o avanço dos
transgênicos. Além disso, as terras improdutivas estão sendo destinadas à reforma agrária,
hoje passaram a ser “produtivas” com a soja transgênica. Isso é um gravíssimo problema,
porque a soja transgênica permite a ampliação em milhares de hectares, com menos gente
trabalhando.
O senhor percebe relações entre as empresas que produzem transgênicos, alimentos, as
que desenvolvem agrotóxicos e as farmacêuticas?
Antônio Inácio Andrioli – Com certeza. As grandes empresas têm outras instituições sob seu
controle. A Novartis, que antes era uma empresa farmacêutica, hoje está dentro da Syngenta.
Gradativamente, se mudam os nomes dessas empresas por questões relacionadas a sua
imagem. Mas sabemos que as quatro empresas que produzem transgênicos são e foram
indústrias farmacêuticas e são indústrias químicas. A Monsanto, por exemplo, tem mais de 100
anos e enriqueceu através do fornecimento de químicos para as duas Grandes Guerras
Mundiais. A empresa difundiu, entre outros, o agente laranja – utilizado na Guerra do Vietnã –
como um produto que apenas dissecava plantas. Depois, se utilizou isso na agricultura com o
2,4-D, um produto ainda usado no Brasil, embora proibido. A Monsanto também tem difundido
a utilização de um hormônio para crescimento bovino, a somatotropina (1), um produto proibido
na Europa, mas liberado nos Estados Unidos e no Brasil. Agora, essas empresas desenvolvem
plantas imunodeficientes: as plantas transgênicas resistentes a herbicidas e a insetos, que são,
comprovadamente, mais atacadas por pragas e doenças, o que demonstra que elas são piores
que as convencionais. Entretanto, elas permanecem no mercado porque são uma grande fonte
de riqueza para a indústria farmacêutica.
Uma explicação para a imunodeficiência

Recentes pesquisas realizadas na França
mostram que animais consumidores de
produtos imunodeficientes também passaram a
apresentar imunodeficiência, sendo,
consequentemente, mais atacados por
doenças. Deveríamos fazer uma análise
seguinte com os impactos que isso gera no ser
humano que consome alimentos contaminados
por glifosato (2). Esses alimentos
contaminados aos quais me refiro tem dentro
de sua célula – como no caso do milho
transgênico – uma toxina sendo produzida por
um bacilo, o bacillusthuringiensis. Isso mostra
que há uma grande probabilidade de aumentar
as doenças do mundo, o que parece confirmar
uma das estratégias da indústria farmacêutica.
Infelizmente, essas questões não são
compreendidas pela população, e tampouco
impedidas pelos órgãos públicos que liberam
esse tipo de produtos no Brasil, enquanto na
Europa já há oito países proibindo.
Tem crescido bastante o número de pessoas com alergia alimentar e as epidemias de
câncer são evidentes. Esses prognósticos podem estar relacionados aos transgênicos,
agrotóxicos e a outras substâncias que estão presentes nos alimentos industrializados?

Antônio Inácio Andrioli – Nós precisamos
fazer uma análise muito profunda disso.
Apenas temos alguns indicativos de pesquisas
que estão sendo feitas. Em primeiro lugar,
temos poucos profissionais da área da saúde
dedicados a esse tipo de estudo, até porque as
pesquisas nessa área são, em sua grande
maioria, financiadas pelas multinacionais
interessadas na divulgação desses produtos.
Mesmo assim, temos 10% de pesquisas
independentes no mundo, as quais alertam
para os riscos relacionados à saúde.
Uma morte lenta
Sabemos que há uma modificação celular se
utilizarmos o glifosato na alimentação; se
utilizássemos uma fórmula de glifosato cem
vezes menor do que a utilizada na agricultura
através do Roundup (3), teríamos uma
alteração celular. Essa alteração celular é um
problema, porque as células estão crescendo
desordenadamente. Isso poderia confimar
nossa suspeita de causarem câncer. Um
segundo elemento importante é que hoje
estamos vendo que há uma alteração inclusive
do ácido desoxirribonucléico, responsável pelas
características hereditárias. Ele está sendo
afetado em função do uso do glifosato que
passa através dos alimentos em forma de
resíduos.
O bacillusthuringiensis pode provocar
imunodeficiência. A bactéria produz uma toxina
que forma cristais no intestino. Nos intestinos
de insetos, após a ingestão desse milho, é
constatada uma desregulação intestinal, com
consequencias letais. Precisamos refletir sobre
isso, porque o intestino é responsável pelo
controle daquilo que precisa sair e daquilo que
fica no organismo. Se desregularmos isso,
passamos a produzir substâncias nocivas ou
passamos a acumulá-las no organismo.
Há inúmeros outros estudos preliminares que
estão sendo divulgados pelo mundo e apontam
para o aumento das alergias, porque estamos,
de fato, com um elemento novo sendo
introduzido dentro de uma planta, sem que as
pessoas saibam ou sem que elas tenham
consciência de que estão consumindo um
alimento novo, para o qual o organismo não
está preparado. Assim como a planta não está
preparada para receber determinados gens
estranhos a ela – porque essa é a
característica da transgenia, cruzando espécies
vivas que na natureza não se cruzam –, é claro
que esses organismos terão uma reação, ou
seja, irão produzir também reações que não
conhecemos. Eu posso ter uma alergia a uma
determinada planta e, quando os seus gens
são inseridos dentro de outra, aumenta-se a
probabilidade de pessoas alérgicas.
É claro que não temos estudos numa dimensão
que nos permitam afirmar que o aumento do
índice de câncer, das alergias, da depressão e
de outras doenças que temos hoje seja em
função do uso dos transgênicos. Mas os dados
são alarmantes, e sabemos que a
imunodeficiência pode ser resultado do
consumo dos transgênicos, o que abre campo
para um conjunto de doenças que pareciam
combatidas.
Contaminação
Uma segunda questão é o aumento dos produtos químicos na agricultura. Na produção
transgênica do Brasil, são misturados herbicidas, inseticidas, fungicidas, tudo no mesmo
pulverizador para facilitar a aplicação de uma só vez. Só que não sabemos o efeito dessas
bombas químicas que hoje são despejadas nos alimentos e no lençol freático. Estamos
consumindo águas e alimentos com resíduos de produtos químicos, cujos efeitos não
conhecemos. Existem produtos no mundo hoje, como pesticidas, inseticidas, fungicidas, que
têm propiciado determinados tipos de câncer, e que hoje deveriam estar proibidos, mas são
utilizados porque os agricultores não conseguem dar conta dos inços que tem se tornado
resistentes ao glifosato, sem analisar as consequências que isso tem a saúde.
Existe a lei da rotulagem e identificação desses produtos, mas ela apenas confirma que a
maioria dos produtos a base de soja são transgênicos. Ainda não há uma consciência de que
os transgênicos são responsáveis por problemas de saúde, problemas técnicos na agricultura,
que eles têm contribuído para o aumento da fome, porque essa informação não chega. Os
meios de comunicação no Brasil não têm colocado na pauta essa informação.
Notas:
(1) Somatotropina é um hormônio secretado pela glândula pituitária. Esse é um potente
hormônio anabólico que afeta todo o corpo humano, tendo funções como o crescimento
muscular, ligamentar e cartilaginoso, influência na textura da pele, diminuição da lipólise e
outros efeitos.
(2) O glifosato é um herbicida sistêmico não seletivo (mata qualquer tipo de planta)
desenvolvido para matar ervas, principalmente perenes. É o ingrediente principal do Roundup,
herbicida da Monsanto.
(3) O Roundup é um pesticida fabricado pela Monsanto cuja base é o glifosato. Estudos
indicam que mesmo em pequenas quantidades o pesticida pode ser nocivo à saúde humana. O
surgimento de Roundup se deu em 1970, com a síntese do glifosato, ingrediente ativo do
herbicida. Em 1974, Roundup foi registrado pela primeira vez para uso na Malásia e no Reino
Unido e dois anos depois nos Estados Unidos. O Brasil recebeu sua primeira amostra para
testes em 1972 e em 1978 o produto, ainda importado, chegava ao País para ser
comercializado. Ele passou a ser produzido no Brasil em 1984.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Revolução verde
Revolução verdeRevolução verde
Revolução verdekomartiins
 
Lm consea - transgenicos - 8-7-13p (2)
Lm    consea - transgenicos - 8-7-13p (2)Lm    consea - transgenicos - 8-7-13p (2)
Lm consea - transgenicos - 8-7-13p (2)João Siqueira da Mata
 
Revolução Verde
Revolução VerdeRevolução Verde
Revolução VerdeZeca B.
 
Folder da campanha Não aos Transgênicos, Sim à Soberania Alimentar e à Justiç...
Folder da campanha Não aos Transgênicos, Sim à Soberania Alimentar e à Justiç...Folder da campanha Não aos Transgênicos, Sim à Soberania Alimentar e à Justiç...
Folder da campanha Não aos Transgênicos, Sim à Soberania Alimentar e à Justiç...Eduardo Magalhães
 
PRODUÇÃO DE ENERGIA : MILHO X CANA DE AÇÚCAR
PRODUÇÃO DE ENERGIA : MILHO X CANA DE AÇÚCARPRODUÇÃO DE ENERGIA : MILHO X CANA DE AÇÚCAR
PRODUÇÃO DE ENERGIA : MILHO X CANA DE AÇÚCARConceição Fontolan
 
Revolução verde, transgênico e agronegócio
Revolução verde, transgênico e agronegócioRevolução verde, transgênico e agronegócio
Revolução verde, transgênico e agronegócioJoão José Ferreira Tojal
 
Agroecologia short-port
Agroecologia  short-portAgroecologia  short-port
Agroecologia short-portDamis Padilha
 
Nova edição da Revista de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pec...
Nova edição da Revista de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pec...Nova edição da Revista de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pec...
Nova edição da Revista de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pec...Rural Pecuária
 
Território caipira: curso saúde no solo jun /jul 2017
Território caipira: curso saúde no solo jun /jul 2017Território caipira: curso saúde no solo jun /jul 2017
Território caipira: curso saúde no solo jun /jul 2017Blanco agriCultura
 

Mais procurados (20)

Assuntos de Interesse - Julho 2019
Assuntos de Interesse - Julho 2019Assuntos de Interesse - Julho 2019
Assuntos de Interesse - Julho 2019
 
Univap EcoInforme
Univap EcoInformeUnivap EcoInforme
Univap EcoInforme
 
Críticas à revolução verde
Críticas à revolução verde Críticas à revolução verde
Críticas à revolução verde
 
Meio ambiente x agronegocios
Meio ambiente  x agronegociosMeio ambiente  x agronegocios
Meio ambiente x agronegocios
 
2º Mc Grupo 06
2º Mc   Grupo 062º Mc   Grupo 06
2º Mc Grupo 06
 
Teoria populacional
Teoria populacionalTeoria populacional
Teoria populacional
 
Revolução verde
Revolução verdeRevolução verde
Revolução verde
 
Lm consea - transgenicos - 8-7-13p (2)
Lm    consea - transgenicos - 8-7-13p (2)Lm    consea - transgenicos - 8-7-13p (2)
Lm consea - transgenicos - 8-7-13p (2)
 
Revolução Verde
Revolução VerdeRevolução Verde
Revolução Verde
 
Caçadores de mitos
Caçadores de mitosCaçadores de mitos
Caçadores de mitos
 
Revolução verde ketlen
Revolução verde ketlenRevolução verde ketlen
Revolução verde ketlen
 
Folder da campanha Não aos Transgênicos, Sim à Soberania Alimentar e à Justiç...
Folder da campanha Não aos Transgênicos, Sim à Soberania Alimentar e à Justiç...Folder da campanha Não aos Transgênicos, Sim à Soberania Alimentar e à Justiç...
Folder da campanha Não aos Transgênicos, Sim à Soberania Alimentar e à Justiç...
 
PRODUÇÃO DE ENERGIA : MILHO X CANA DE AÇÚCAR
PRODUÇÃO DE ENERGIA : MILHO X CANA DE AÇÚCARPRODUÇÃO DE ENERGIA : MILHO X CANA DE AÇÚCAR
PRODUÇÃO DE ENERGIA : MILHO X CANA DE AÇÚCAR
 
Revolucao verde
Revolucao verdeRevolucao verde
Revolucao verde
 
Artigo bioterra v15_n2_05
Artigo bioterra v15_n2_05Artigo bioterra v15_n2_05
Artigo bioterra v15_n2_05
 
Neomalthusianismo
NeomalthusianismoNeomalthusianismo
Neomalthusianismo
 
Revolução verde, transgênico e agronegócio
Revolução verde, transgênico e agronegócioRevolução verde, transgênico e agronegócio
Revolução verde, transgênico e agronegócio
 
Agroecologia short-port
Agroecologia  short-portAgroecologia  short-port
Agroecologia short-port
 
Nova edição da Revista de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pec...
Nova edição da Revista de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pec...Nova edição da Revista de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pec...
Nova edição da Revista de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pec...
 
Território caipira: curso saúde no solo jun /jul 2017
Território caipira: curso saúde no solo jun /jul 2017Território caipira: curso saúde no solo jun /jul 2017
Território caipira: curso saúde no solo jun /jul 2017
 

Destaque (11)

Milho transgênico para silagem
Milho transgênico para silagemMilho transgênico para silagem
Milho transgênico para silagem
 
2º Ma Grupo 06
2º Ma   Grupo 062º Ma   Grupo 06
2º Ma Grupo 06
 
Q60
Q60Q60
Q60
 
Agroecológico Dezembro 2012
Agroecológico Dezembro 2012Agroecológico Dezembro 2012
Agroecológico Dezembro 2012
 
2º Va Grupo 06
2º Va   Grupo 062º Va   Grupo 06
2º Va Grupo 06
 
Trabalho de CN - OGN
Trabalho de CN - OGNTrabalho de CN - OGN
Trabalho de CN - OGN
 
Biotecnologia trangenicos
Biotecnologia trangenicosBiotecnologia trangenicos
Biotecnologia trangenicos
 
Alimentos Transgênicos
Alimentos Transgênicos Alimentos Transgênicos
Alimentos Transgênicos
 
Apresentação sobre Transgênicos (UFBA)
Apresentação sobre Transgênicos (UFBA)Apresentação sobre Transgênicos (UFBA)
Apresentação sobre Transgênicos (UFBA)
 
Transgênicos
TransgênicosTransgênicos
Transgênicos
 
TRANSGÊNICOS
TRANSGÊNICOSTRANSGÊNICOS
TRANSGÊNICOS
 

Semelhante a Os impactos ambientais e sociais do milho transgênico

Caderno de formacao um
Caderno de formacao umCaderno de formacao um
Caderno de formacao umEliege Fante
 
Cartilha agrotoxicos mpa
Cartilha agrotoxicos mpaCartilha agrotoxicos mpa
Cartilha agrotoxicos mpaLuciana Souza
 
Alimentos transgénicos Andrea Ortega
Alimentos transgénicos   Andrea OrtegaAlimentos transgénicos   Andrea Ortega
Alimentos transgénicos Andrea OrtegaAndrea Ortega
 
Agrotóxico MATA
Agrotóxico MATAAgrotóxico MATA
Agrotóxico MATAFETAEP
 
A Evolução do Setor Agrícola
A Evolução do Setor AgrícolaA Evolução do Setor Agrícola
A Evolução do Setor AgrícolaJosevani Tocchetto
 
Trabalho TransgêNicos
Trabalho TransgêNicosTrabalho TransgêNicos
Trabalho TransgêNicossilasco
 
Produção de transgênicos semeia dúvidas
Produção de transgênicos semeia dúvidasProdução de transgênicos semeia dúvidas
Produção de transgênicos semeia dúvidasGrazicomz
 
Seminario da agricultura tradicional à biotecnologia
Seminario da agricultura tradicional à biotecnologiaSeminario da agricultura tradicional à biotecnologia
Seminario da agricultura tradicional à biotecnologiaLUIS ABREU
 
O caminho para a sustentabilidade
O caminho para a sustentabilidadeO caminho para a sustentabilidade
O caminho para a sustentabilidadeElton Zanoni
 
Sustentabilidade na produção e o papel da comunicação
Sustentabilidade na produção e o papel da comunicaçãoSustentabilidade na produção e o papel da comunicação
Sustentabilidade na produção e o papel da comunicaçãoMarcelo Pereira de Carvalho
 
Associação entre Neoliberalismo, Aquecimento Global e Transgênicos
Associação entre Neoliberalismo, Aquecimento Global e TransgênicosAssociação entre Neoliberalismo, Aquecimento Global e Transgênicos
Associação entre Neoliberalismo, Aquecimento Global e TransgênicosMarcielle Angélica
 
Moção sectorial - Um contributo para o crescimento da economia
Moção sectorial - Um contributo para o crescimento da economiaMoção sectorial - Um contributo para o crescimento da economia
Moção sectorial - Um contributo para o crescimento da economiajsribatejo
 
Moção Sectorial - Um contributo para o crescimento da economia
Moção Sectorial - Um contributo para o crescimento da economiaMoção Sectorial - Um contributo para o crescimento da economia
Moção Sectorial - Um contributo para o crescimento da economiajssantarem
 

Semelhante a Os impactos ambientais e sociais do milho transgênico (20)

Caderno de formacao um
Caderno de formacao umCaderno de formacao um
Caderno de formacao um
 
Caderno de formacao um
Caderno de formacao umCaderno de formacao um
Caderno de formacao um
 
2º Mb Grupo 06
2º Mb   Grupo 062º Mb   Grupo 06
2º Mb Grupo 06
 
Agricultura mundial
Agricultura mundialAgricultura mundial
Agricultura mundial
 
Cartilha agrotoxicos mpa
Cartilha agrotoxicos mpaCartilha agrotoxicos mpa
Cartilha agrotoxicos mpa
 
Impactos da revolução verde
Impactos da revolução verdeImpactos da revolução verde
Impactos da revolução verde
 
Alimentos transgénicos Andrea Ortega
Alimentos transgénicos   Andrea OrtegaAlimentos transgénicos   Andrea Ortega
Alimentos transgénicos Andrea Ortega
 
Agrotóxico MATA
Agrotóxico MATAAgrotóxico MATA
Agrotóxico MATA
 
A Evolução do Setor Agrícola
A Evolução do Setor AgrícolaA Evolução do Setor Agrícola
A Evolução do Setor Agrícola
 
Trabalho TransgêNicos
Trabalho TransgêNicosTrabalho TransgêNicos
Trabalho TransgêNicos
 
Produção de transgênicos semeia dúvidas
Produção de transgênicos semeia dúvidasProdução de transgênicos semeia dúvidas
Produção de transgênicos semeia dúvidas
 
Transgenicos.pptx
Transgenicos.pptxTransgenicos.pptx
Transgenicos.pptx
 
Capitulo201
Capitulo201Capitulo201
Capitulo201
 
Seminario da agricultura tradicional à biotecnologia
Seminario da agricultura tradicional à biotecnologiaSeminario da agricultura tradicional à biotecnologia
Seminario da agricultura tradicional à biotecnologia
 
O caminho para a sustentabilidade
O caminho para a sustentabilidadeO caminho para a sustentabilidade
O caminho para a sustentabilidade
 
Sustentabilidade na produção e o papel da comunicação
Sustentabilidade na produção e o papel da comunicaçãoSustentabilidade na produção e o papel da comunicação
Sustentabilidade na produção e o papel da comunicação
 
Associação entre Neoliberalismo, Aquecimento Global e Transgênicos
Associação entre Neoliberalismo, Aquecimento Global e TransgênicosAssociação entre Neoliberalismo, Aquecimento Global e Transgênicos
Associação entre Neoliberalismo, Aquecimento Global e Transgênicos
 
Terra viva
Terra vivaTerra viva
Terra viva
 
Moção sectorial - Um contributo para o crescimento da economia
Moção sectorial - Um contributo para o crescimento da economiaMoção sectorial - Um contributo para o crescimento da economia
Moção sectorial - Um contributo para o crescimento da economia
 
Moção Sectorial - Um contributo para o crescimento da economia
Moção Sectorial - Um contributo para o crescimento da economiaMoção Sectorial - Um contributo para o crescimento da economia
Moção Sectorial - Um contributo para o crescimento da economia
 

Os impactos ambientais e sociais do milho transgênico

  • 1. Milho transgênico: uma morte lenta e silenciosa. Entrevista especial com Antônio Inácio Andrioli Antônio Inácio Andrioli, um dos pesquisadores a por em pauta esse debate no Brasil, está desapontado com a opção do país, e diz que a longo prazo o cultivo representará uma catástrofe para os agricultores. "Já sabemos que o milho transgênico vai produzir menos que o convencional e sua produção vai custar mais caro”, adverte. Além dos malefícios para a agricultura, produtos geneticamente modificados podem estar relacionados a uma série de epidemias que crescem na sociedade contemporânea, como o câncer e alergias alimentares. As plantas produzidas através da transgenia, explica o pesquisador, são imunodeficientes, ou seja, piores que as desenvolvidas através do melhoramento genético tradicional. “Recentes pesquisas realizadas na Europa demostram que animais consumidores de produtos imunodeficientes também passaram a apresentar imunodeficiência, e, consequentemente, foram mais atacados por doenças”, alerta. E recomenda: “Deveríamos fazer a seguinte análise com relação aos impactos que isso gera no ser humano: Essas plantas às quais me refiro contêm dentro de suas célula – como no caso do milho transgênico – uma toxina sendo produzida por um bacilo (Bacillusthuringiensis). Como já sabemos que o contato de animais com o referido bacilo têm causado alterações no sistema imunológico e reprodutivo, há uma grande probabilidade de estarem aumentando as doenças no mundo, o que parece ser uma das estratégias da indústria farmacêutica”. No caso das plantas resistentes a herbicidas, o agravante são os resíduos de glifosato verificados nos alimentos, pois esses cultivos, como a soja transgênica, permitem a aplicação de glifosato sobre a planta. Segundo o pesquisador, “mesmo se utilizássemos uma fórmula de glifosato cem vezes menor do que a utilizada na agricultura através do Roundup, teríamos uma alteração celular dos animais e seres humanos, conforme revela recente estudo realizado na França”. Andrioli também aponta para um segundo problema: uma alteração no DNA (ácido desoxirribonucleico), onde se encontram as características hereditárias de um ser vivo. “O DNA está sendo afetado em função do uso do glifosato que passa através dos alimentos em forma de resíduos.” Depois de retornar do curso de pós-doutorado, na Áustria, o pesquisador está impressionado com o anonimato brasileiro em relação aos transgênicos, com a desinformação da população brasileira e a falta de interesse nesse debate. “Essa é uma discussão que interessa a todos, porque não tem ninguém que não coma. Portanto, todos estão sendo afetados pelo cultivo de transgênicos.” O pesquisador alertou para o boicote de informações e denuncia que pesquisadores são perseguidos por colocar seus estudos à disposição do público. Antônio Inácio Andrioli é graduado em Filosofia, pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijui), mestre em Educação nas Ciências, pela mesma universidade, doutor em Ciências Econômicas Sociais, pela Universität Osnabrück, Alemanha, e pós-doutor, pelo Instituto de Sociologia da Universidade Johannes-Kepler de Linz, Áustria. Atualmente, é professor do mestrado em Educação nas Ciências, na Unijuí e docente do Instituto de Sociologia da Universidade Johannes Kepler de Linz. Ele é autor de Transgênicos: as sementes do mal (São Paulo: Editora Expressão Popular, 2006). Acompanhe mais informações no site do pesquisador www.andrioli.com.br Confira a entrevista. Se a produção alimentícia do planeta é superior ao consumo dos seres humanos, por que a fome ainda é um problema não resolvido? Os transgênicos estão contribuindo para esse cenário? Antônio Inácio Andrioli – A fome é um problema distributivo e não técnico. Assim, temos de discutir as causas da desigualdade social, ou seja, temos muito mais produção do que consumo. Mas o problema clássico da fome é o difícil acesso aos alimentos produzidos, por parte de uma maioria que passa fome e está abaixo da linha da pobreza no mundo.
  • 2. Paradoxalmente, a maioria das pessoas que passam fome no mundo são agricultores que vivem no meio rural, exatamente num local onde poderiam ser produzidos alimentos. Um elemento central para entender isso – e que também nos remete à produção dos transgênicos como fator importante – é o fato de os pequenos agricultores não terem conseguido sobreviver ou serem inviabilizados na atividade agrícola devido à monocultura. Eles têm dificuldades de conseguir sobreviver no mercado, porque precisam aumentar a área de produção para tornar viável a monocultura. A base que está por detrás disso é muito simples: a ideia liberal que fundamenta a lógica do mercado, de que o agricultor deveria se especializar – isso significa que ele diminui o próprio acesso à alimentação, portanto não produz mais comida para si mesmo –, na expectativa de receber dinheiro suficiente para comprar alimentos. Essa lógica não funciona, porque, ao aumentar a produção dessas monoculturas, ocorre a diminuição de seu preço e um aumento dos custos em função dos problemas técnicos gerados por esse modelo de cultivo. Como acontece essa inversão, há uma menor renda agregada para o trabalho desses agricultores, que estão se endividando para comprar novas terras, insumos, e alguns até perdendo suas terras para pagar as dívidas, se tornando assim agricultores sem terras. Um problema técnico e estrutural Então, temos um problema estrutural, ou seja, um empobrecimento dos pequenos agricultores, o que contribui para aumentar a fome no campo e o êxodo rural. E é claro que, se utilizarmos a tecnologia dos transgênicos – que contribuem para o aumento dos custos de produção e ao mesmo tempo são cultivos que têm uma produtividade inferior aos convencionais –, aprofundaremos a lógica de dependência das técnicas. O agravante é que, como nunca antes visto, agora temos a dependência desde a gênese do alimento. O agricultor que planta a soja transgênica irá pagar royalties não só sobre a soja, mas também sobre o próprio glifosato que está embutido nesse pacote de compra das sementes. A empresa fatura duas vezes, enquanto o agricultor paga duas vezes. Essa é uma das grandes explicações para o aumento da desigualdade social e da fome na agricultura. É uma vergonha para o mundo ter 900 milhões de pessoas passando fome, mesmo numa situação de superprodução de alimentos. Além de ser um problema político e de distribuição, essa crise alimentícia é também um problema de produção, pois estamos produzindo alimentos que não consumimos como a soja, os quais têm servido para a criação intensiva de animais na Europa. Os produtos oriundos dessa soja passam a interferir nos mercados mundiais quando apresentam um valor mais abaixo em relação ao preço desses mercados, o que faz com que localmente a produção seja atingida e cause mais fome. Um exemplo claro disso é a exportação de frango brasileiro para a Europa. Os europeus compram esse produto a um preço que permite descartar as partes que eles não comem. O que não é consumido passa a ser doado para a África. Isso tem destruído a produção africana de frango, porque é uma concorrência insustentável. Além de contribuir para a desigualdade social, em que medida a produção de transgênicos também aumenta os impactos da crise ambiental e financeira? Antônio Inácio Andrioli – Um dos grandes problemas da crise é a utilização de fonte energética limitada. Não temos condições de continuar produzindo uma agricultura através de químicos resultantes e derivados de recursos fósseis. Os transgênicos são apenas uma nova fase da indústria química. Não é por acaso que as empresas químicas financiam os transgênicos. As plantas produzidas através da transgenia são imunodeficientes, ou seja, são piores do que as plantas desenvolvidas através do melhoramento genético tradicional. Então, a indústria química construiu uma forma de vender mais produtos químicos com falsos argumentos de estamos numa nova fase em que se substituiria a química. Essa agricultura tem gerado no mundo uma dependência enorme de importação desses produtos, pois, para importá-los, muitos países têm aumentado suas exportações agrícolas. Isso faz com que se destruam os recursos naturais através das monoculturas. No capitalismo, com a lei das vantagens comparativas, cada agricultor deveria conseguir se aproveitar de uma situação em que ele possa ter os menores custos, ou seja, produzir o que é
  • 3. mais adequado para um determinado momento do mercado e ter uma vantagem comparativa em relação a outro produtor. Essa vantagem comparativa em relação ao outro fez com que hoje tivéssemos a generalização dessa lógica: cada país produzindo o que tem menor custo, ampliando o mercado mundial. O fato é que, com uma situação de comércio mundial generalizada – e o Brasil se insere dentro dessa lógica ao apostar na agroexportação –, surgem problemas claros, na época não apontados pelos liberais. O transporte, por exemplo, se baseia no uso de combustíveis fósseis e o valor desse transporte precisa ser embutido nos custos do produto. Esses gastos (ambientais e financeiros) poderiam ser destinados à melhoria da qualidade de vida, da produção de alimentos etc., ao invés de ser usado para destruição da natureza. Entramos assim na lógica da mundialização do capital com a expansão do comércio e daquilo que os liberais anunciavam como a grande esperança em termos distributivos. Como sabemos, na lógica da concorrência se destroem muitos recursos e investimentos. Surgem, então, como resultado final disso, as crises que fazem com que se destrua a produção para que os preços não caiam. Com a ajuda do Estado, lógica perversa do capitalismo se sustenta Em muitos momentos, vimos a necessidade de interferência do Estado, mas, para que ele possa agir, é necessário deixar de investir em infraestrutura e programas sociais. Assim, esse tipo de ajuda faz com que se aumente a desigualdade social, porque aquelas empresas que lucraram nesse processo de globalização são agora as beneficiadas novamente através do Estado que usa recursos que deveriam ser destinados à população, para salvar essas instituições. São tais empresas que, também dentro da lógica capitalista, contribuíram para o acontecimento desse caos. Essa crise financeira é apenas o reflexo de um problema muito maior: a maneira como produzimos e organizamos o consumo no mundo. No momento que a forma de produção também está em crise, deveríamos pensar em outras alternativas possíveis. Na agricultura, por exemplo, deveríamos priorizar formas de produção menos dependentes de recursos externos, e priorizar a agricultura que pudesse produzir localmente para um mercado local. Assim, diminuiríamos as distâncias entre consumidor e produtor. Esse tipo de economia regional que defendo seria uma alternativa diante daquilo que hoje é o responsável, em boa parte, pela crise que estamos vivendo. Como o senhor avalia a opção do Brasil pelo milho transgênico, considerando o exemplo de recusa dos europeus e também as desvantagens já conhecidas pelos agricultores com o plantio de soja transgênica? Antônio Inácio Andrioli – Já sabemos que o milho modificado vai produzir menos que o convencional e sua produção vai custar mais caro. Então, não poderia ter um interesse do agricultor em cultivar uma planta que não lhe oferece vantagens. Mas, novamente, existe uma promessa de que essa planta seja resistente a um determinado inseto, e isso realmente só será possível se esse inseto se tornar, de fato, uma praga. É claro que em muitos países esse inseto já é considerado praga, mas temos de nos perguntar também: por que ele se tornou uma praga? Se com o uso desse tipo milho vamos aumentar a incidência de pragas e o número de doenças – porque essa planta é imunodeficiente –, então, a longo prazo, isso será uma catástrofe para o agricultor. Mas, infelizmente, há uma ideologia muito grande por trás desse debate: a ideologia da técnica. A técnica sempre carrega consigo uma ideologia, ou seja, os interesses pelos quais uma técnica foi produzida. Esses interesses não são os mesmos dos agricultores; pelo contrário, as empresas esperam que, através dos problemas técnicos que esses produtos geram na agricultura, se possa aumentar o consumo de produtos que essas indústrias fornecem, o que logicamente significa um aumento no custo de produção dos agricultores. O grande problema, no caso do Brasil, é que os responsáveis pela liberação desses produtos através da CTNBio (que está acima do governo e da própria Constituição), são, em sua
  • 4. maioria, cientistas financiados pela indústria química, interessada na expansão dos cultivos transgênicos. O milho transgênico pode contaminar as plantações tradicionais, produtos derivados e carne? Antônio Inácio Andrioli – O milho se contamina de uma lavoura para a outra, pois é uma planta de pulverização aberta e cruzada, diferente da soja, que se autofecunda. Então, com o milho transgênico teremos uma contaminação rápida, decorrente dos primeiros cultivos. Em relação à contaminação da carne, isso já ocorre com a soja transgênica, que tem resíduos do glifosato, e, portanto, não deveria ser destinada à ração animal, pois produtos como leite, ovos, carne são contaminados e geram problemas para a saúde. Essa é uma soja que contêm de 14 a 33 miligramas de glifosato, por quilo, o que está acima dos nossos próprios limites estabelecidos em lei (já aumentados em 50 vezes por ocasião da liberação do cultivo de transgênicos no Brasil). O milho tem um agravante, pois o utilizamos na nossa própria alimentação e também como ração animal. Então, ele entrará diretamente na nossa cadeia alimentar. Nós já consumimos o óleo de soja e a lecitina da soja está em milhares de produtos, mas no milho isso é muito mais grave. Isso porque o brasileiro come milho, e os seus derivados estão em toda a nossa cultura alimentar. No momento em que o milho passa a ser transgênico, consumimos uma planta que produz uma toxina em todas as suas células e essa toxina, inadequada para a saúde, passa a fazer parte da nossa alimentação humana, pois está gerando imunodeficiência no mundo inteiro. O milho modificado poderá ser usado para a produção de agrocombustíveis? Quais as implicações disso? Antônio Inácio Andrioli – Essa tem sido a esperança anunciada por alguns defensores da introdução de milho e soja transgênico, como o próprio presidente Lula, ao afirmar que a soja transgênica não prejudicaria os motores. Entretanto, precisamos avaliar se a água e o meio ambiente no entorno dessa produção transgênica não está sendo contaminada. Em que sentido a produção de transgênicos implica no adiamento da reforma agrária e da produção sustentável? Antônio Inácio Andrioli – Temos em torno de 100 milhões de hectares de terras no Brasil que estão ociosas. Os transgênicos estão contribuindo para que mais agricultores se tornem sem terras, porque estão se endividando. Para produzir soja transgênica, a viabilidade é de uma pessoa trabalhando em 200 hectares, isso significa que há uma necessidade de expansão da terra, ou seja, a exclusão de pequenos agricultores, porque a terra é um recurso limitado e não podemos aumentá-la. Os transgênicos aumentam a concentração de terra, a desigualdade social, o êxito rural. Por isso, temos de dizer que os transgênicos são uma tecnologia não apropriada aos interesses da maioria da população, porque geram problemas ambientais, sociais e de saúde pública. Desse ponto de vista, a reforma agrária tende a ser mais difícil no Brasil com o avanço dos transgênicos. Além disso, as terras improdutivas estão sendo destinadas à reforma agrária, hoje passaram a ser “produtivas” com a soja transgênica. Isso é um gravíssimo problema, porque a soja transgênica permite a ampliação em milhares de hectares, com menos gente trabalhando. O senhor percebe relações entre as empresas que produzem transgênicos, alimentos, as que desenvolvem agrotóxicos e as farmacêuticas? Antônio Inácio Andrioli – Com certeza. As grandes empresas têm outras instituições sob seu controle. A Novartis, que antes era uma empresa farmacêutica, hoje está dentro da Syngenta. Gradativamente, se mudam os nomes dessas empresas por questões relacionadas a sua
  • 5. imagem. Mas sabemos que as quatro empresas que produzem transgênicos são e foram indústrias farmacêuticas e são indústrias químicas. A Monsanto, por exemplo, tem mais de 100 anos e enriqueceu através do fornecimento de químicos para as duas Grandes Guerras Mundiais. A empresa difundiu, entre outros, o agente laranja – utilizado na Guerra do Vietnã – como um produto que apenas dissecava plantas. Depois, se utilizou isso na agricultura com o 2,4-D, um produto ainda usado no Brasil, embora proibido. A Monsanto também tem difundido a utilização de um hormônio para crescimento bovino, a somatotropina (1), um produto proibido na Europa, mas liberado nos Estados Unidos e no Brasil. Agora, essas empresas desenvolvem plantas imunodeficientes: as plantas transgênicas resistentes a herbicidas e a insetos, que são, comprovadamente, mais atacadas por pragas e doenças, o que demonstra que elas são piores que as convencionais. Entretanto, elas permanecem no mercado porque são uma grande fonte de riqueza para a indústria farmacêutica. Uma explicação para a imunodeficiência Recentes pesquisas realizadas na França mostram que animais consumidores de produtos imunodeficientes também passaram a apresentar imunodeficiência, sendo, consequentemente, mais atacados por doenças. Deveríamos fazer uma análise seguinte com os impactos que isso gera no ser humano que consome alimentos contaminados por glifosato (2). Esses alimentos contaminados aos quais me refiro tem dentro de sua célula – como no caso do milho transgênico – uma toxina sendo produzida por um bacilo, o bacillusthuringiensis. Isso mostra que há uma grande probabilidade de aumentar as doenças do mundo, o que parece confirmar uma das estratégias da indústria farmacêutica. Infelizmente, essas questões não são compreendidas pela população, e tampouco impedidas pelos órgãos públicos que liberam esse tipo de produtos no Brasil, enquanto na Europa já há oito países proibindo.
  • 6. Tem crescido bastante o número de pessoas com alergia alimentar e as epidemias de câncer são evidentes. Esses prognósticos podem estar relacionados aos transgênicos, agrotóxicos e a outras substâncias que estão presentes nos alimentos industrializados? Antônio Inácio Andrioli – Nós precisamos fazer uma análise muito profunda disso. Apenas temos alguns indicativos de pesquisas que estão sendo feitas. Em primeiro lugar, temos poucos profissionais da área da saúde dedicados a esse tipo de estudo, até porque as pesquisas nessa área são, em sua grande maioria, financiadas pelas multinacionais interessadas na divulgação desses produtos. Mesmo assim, temos 10% de pesquisas independentes no mundo, as quais alertam para os riscos relacionados à saúde. Uma morte lenta Sabemos que há uma modificação celular se utilizarmos o glifosato na alimentação; se utilizássemos uma fórmula de glifosato cem vezes menor do que a utilizada na agricultura através do Roundup (3), teríamos uma alteração celular. Essa alteração celular é um problema, porque as células estão crescendo desordenadamente. Isso poderia confimar nossa suspeita de causarem câncer. Um segundo elemento importante é que hoje estamos vendo que há uma alteração inclusive do ácido desoxirribonucléico, responsável pelas características hereditárias. Ele está sendo afetado em função do uso do glifosato que
  • 7. passa através dos alimentos em forma de resíduos. O bacillusthuringiensis pode provocar imunodeficiência. A bactéria produz uma toxina que forma cristais no intestino. Nos intestinos de insetos, após a ingestão desse milho, é constatada uma desregulação intestinal, com consequencias letais. Precisamos refletir sobre isso, porque o intestino é responsável pelo controle daquilo que precisa sair e daquilo que fica no organismo. Se desregularmos isso, passamos a produzir substâncias nocivas ou passamos a acumulá-las no organismo. Há inúmeros outros estudos preliminares que estão sendo divulgados pelo mundo e apontam para o aumento das alergias, porque estamos, de fato, com um elemento novo sendo introduzido dentro de uma planta, sem que as pessoas saibam ou sem que elas tenham consciência de que estão consumindo um alimento novo, para o qual o organismo não está preparado. Assim como a planta não está preparada para receber determinados gens estranhos a ela – porque essa é a característica da transgenia, cruzando espécies vivas que na natureza não se cruzam –, é claro que esses organismos terão uma reação, ou seja, irão produzir também reações que não conhecemos. Eu posso ter uma alergia a uma
  • 8. determinada planta e, quando os seus gens são inseridos dentro de outra, aumenta-se a probabilidade de pessoas alérgicas. É claro que não temos estudos numa dimensão que nos permitam afirmar que o aumento do índice de câncer, das alergias, da depressão e de outras doenças que temos hoje seja em função do uso dos transgênicos. Mas os dados são alarmantes, e sabemos que a imunodeficiência pode ser resultado do consumo dos transgênicos, o que abre campo para um conjunto de doenças que pareciam combatidas. Contaminação Uma segunda questão é o aumento dos produtos químicos na agricultura. Na produção transgênica do Brasil, são misturados herbicidas, inseticidas, fungicidas, tudo no mesmo pulverizador para facilitar a aplicação de uma só vez. Só que não sabemos o efeito dessas bombas químicas que hoje são despejadas nos alimentos e no lençol freático. Estamos consumindo águas e alimentos com resíduos de produtos químicos, cujos efeitos não conhecemos. Existem produtos no mundo hoje, como pesticidas, inseticidas, fungicidas, que têm propiciado determinados tipos de câncer, e que hoje deveriam estar proibidos, mas são utilizados porque os agricultores não conseguem dar conta dos inços que tem se tornado resistentes ao glifosato, sem analisar as consequências que isso tem a saúde. Existe a lei da rotulagem e identificação desses produtos, mas ela apenas confirma que a maioria dos produtos a base de soja são transgênicos. Ainda não há uma consciência de que os transgênicos são responsáveis por problemas de saúde, problemas técnicos na agricultura, que eles têm contribuído para o aumento da fome, porque essa informação não chega. Os meios de comunicação no Brasil não têm colocado na pauta essa informação. Notas: (1) Somatotropina é um hormônio secretado pela glândula pituitária. Esse é um potente hormônio anabólico que afeta todo o corpo humano, tendo funções como o crescimento muscular, ligamentar e cartilaginoso, influência na textura da pele, diminuição da lipólise e outros efeitos. (2) O glifosato é um herbicida sistêmico não seletivo (mata qualquer tipo de planta) desenvolvido para matar ervas, principalmente perenes. É o ingrediente principal do Roundup, herbicida da Monsanto. (3) O Roundup é um pesticida fabricado pela Monsanto cuja base é o glifosato. Estudos indicam que mesmo em pequenas quantidades o pesticida pode ser nocivo à saúde humana. O surgimento de Roundup se deu em 1970, com a síntese do glifosato, ingrediente ativo do
  • 9. herbicida. Em 1974, Roundup foi registrado pela primeira vez para uso na Malásia e no Reino Unido e dois anos depois nos Estados Unidos. O Brasil recebeu sua primeira amostra para testes em 1972 e em 1978 o produto, ainda importado, chegava ao País para ser comercializado. Ele passou a ser produzido no Brasil em 1984.