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PROJETO: “EXTRATIVISMO NÃO-MADEIREIRO E DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL NA AMAZÔNIA (ITTO – PD 31/99 Ver. 3 (I)”.
BANCO DE DADOS “NON WOOD”
NOME CIENTÍFICO: Acmella oleracea (L.) R.K. Jansen
FAMÍLIA: Asteraceae (Compositae)
SINÔNIMOS CIENTÍFICOS: Spilanthus oleracea L.
NOMES VULGARES:
Brasil: abecedária, agrião-bravo, agrião-do-brasil, agrião-do-norte, agrião-do-mato, agrião-
do-pará, agriãozinho, botão-de-ouro, erva-de-maluca, erva-medicinal, jambú, jambu-açu,
jambuaçu, jambuassu, jamburana, nhambu, mastruço, pimenteira, pimenteira-do-pará,
pimenta-do-pará, pimenta-d´água.
Outros Países: yuyo chisaca (Colômbia, Peru); botón de oro (Colômbia, Peru, Porto Rico);
chimaya, cóbiriqui, contrayerba, desflemadera, mata gusanos, somam, yerba del espanto
(Peru); hussarenknopf (alemão); berro de pará, botondero, jambú, yambu (espanhol);
cresson du pará (francês); para cress (inglês); parakresse (sueco); cabrito.
Descrição botânica
Herbácea anual, de 20 a 30 cm de altura, quase rasteira, caule cilíndrico, carnoso,
ramificado. Folhas simples, pecioladas, opostas, ovadas, membranáceas. Raiz principal
pivotante, com abundantes ramificações laterais. Inflorescência em capítulo globoso
terminal. Flores pequenas, amareladas dispostas em capítulos que medem cerca de 1cm de
diâmetro. O fruto é um aquênio pequeno com pericarpo cinza-escuro, quase preto,
parcialmente envolvido por partes membranáceas (Revilla, 2002).
_______________________________________
Informações adicionais
Alguns botânicos consideram a espécie como uma variedade de S. acmella
(“botoncillo”). Porém é mais provável que S. oleracea seja uma espécie diferente. São
necessários estudos taxonômicos que permitam uma caracterização mais precisa
(Villachica, 1996).
Distribuição
Espécie autóctone da América do Sul (Colômbia, Guianas, Venezuela e Brasil),
podendo ser encontrada cultivada ou subespontânea (Cardoso & Garcia, 1997). Conforme
Revilla (2001) ocorre nos estados do Pará e Amazonas.
Cultivada na região norte do país (Lorenzi & Matos, 2002). Há relatos de seu
cultivo também na Índia, na América Central e em alguns países da Europa (Cardoso &
Garcia, 1997).
Aspectos ecológicos
Ocorre nas zonas baixas e mal drenadas de terra firme, podendo aparecer, também,
nas várzeas altas do rio Solimões no Amazonas, em regiões de clima quente e úmido, com
temperatura anual de 25 a 39o
C e precipitação pluvial de 2.500 a 3.500mm/ano, em solo
argilo-arenoso e rico em matéria orgânica. É propícia a solos ácidos, mais ou menos
encharcados (Revilla, 2001).
Em geral, a espécie tem apresentado comportamento idêntico em condições de
clima tropical e subtropical. Em observações realizadas no Brasil Central, em localidades
com altitude de 1.100m e clima classificado como úmido mesotérmico (temperaturas anuais
médias entre 15 a 20o
C), o jambu mostrou ótimo desenvolvimento vegetativo e
florescimento constante. Nas condições da Amazônia, em que prevalecem temperaturas
elevadas e umidade relativa do ar em torno de 90%, o jambu também se desenvolve bem e
floresce continuamente (Cardoso & Garcia, 1997).
Suas flores são aromáticas (Berg et al., 1986) e apresentam autopolinização que
ocorre quando o estilete cresce e ultrapassa as anteras. Ao despontar no exterior, os
estigmas já se encontram cheios de pólen. Este modo de polinização é chamado de
cleistogamia (Poltronieri et al., 1999). A produção de sementes é abundante em cada planta
(Cardoso & Garcia, 1997).
Cultivo e manejo
O jambu tem plantio comercial em média escala e não apresenta potencial
extrativista (Revilla, 2001). O cultivo é essencialmente realizado por pequenos produtores,
que utilizam basicamente mão-de-obra familiar. A área de plantio não ultrapassa 1ha. As
variedades comumente utilizadas em cultivos comerciais são o jambu branco e o verde. A
diferença entre ambas está na coloração. O jambu branco apresenta coloração verde-clara
no caule e nas folhas e o jambu verde, coloração verde-escura (Poltronieri et al., 1998b).
A propagação pode ser tanto por via sexuada, bem como por estaquia, porém a
propagação sexuada é o método de uso corrente, usando-se como estrutura de propagação o
aquênio, que apresenta em média, 0,05 mg (Müller & Poltronieri, 1998). Para a produção
de mudas, as sementes devem ser colhidas sadias, evitando-se a época chuvosa, pois neste
período, as sementes retêm muita umidade, o que as torna vulneráveis à ação de
microorganismos, levando a perdas consideráveis. Em 1 (um) grama de sementes de jambu
com impurezas (palha), tem-se 2.000 sementes bem formadas. Em 1 (um) grama de
sementes limpas (livre de impurezas), tem-se 5.000 sementes. Para o produtor não é
conveniente obter sementes limpas devido ao trabalho para limpá-las, mesmo porque estas
impurezas, que são constituídas da palha que revestem as sementes e das flores não-
fecundadas e são facilmente decompostas, não prejudicando assim a germinação
(Poltronieri et al., 1998b).
É conveniente, para a conservação das sementes na propriedade, que as
inflorescências sejam colhidas de plantas sadias e que depois sejam secas à sombra,
acondicionadas em paneiros, durante seis meses. Após esse período, o poder germinativo
cai consideravelmente (Poltronieri et al., 1998b). Poltronieri et al. (2000) mencionam que a
semente, em meio ambiente, pode ser conservada até seis meses e, na geladeira, até doze
meses. Após este período, em ambos os casos ocorre uma queda no poder germinativo.
Segundo Villachica (1996), as sementes apresentam comportamento ortodoxo durante o
armazenamento e podem ser conservadas por longos períodos se armazenadas com
umidade em torno de 5%, quando usadas embalagens à prova de vapor de água e em
ambiente com temperatura menor que zero graus centígrados.
Um trabalho foi realizado para definir se as sementes de jambu apresentam
comportamento ortodoxo, intermediário ou recalcitrante. Os resultados obtidos mostraram
que sementes armazenadas com grau de umidade de 9,7 ± 0,2%, nas condições de ambiente
natural de Belém, sofreram perdas acentuadas na capacidade de germinação, após oito
meses de armazenamento, evidenciando apenas 17% de germinação. Porém, sementes com
o mesmo nível de umidade armazenadas em geladeira ou freezer apresentaram germinação
de 77,5% e 84,5%, respectivamente. As sementes armazenadas com 5,7 ± 0,3% e 4,4 ±
0,1% de umidade, nas mesmas condições de armazenamento, não sofreram perdas
acentuadas de germinação, após oito meses. Melhor comportamento, no entanto, foi
observado para sementes armazenadas em geladeira e freezer (Müller & Poltronieri, 1998).
Na produção de mudas, para obtenção de sementes, o produtor deverá seguir as
mesmas instruções dadas para produção de mudas para folhas, deixando, porém as plantas
florescerem normalmente. Quando os botões florais estiverem perdendo a tonalidade
amarelo-brilhante e ganhando uma tonalidade amarela mais escura, as inflorescências estão
no ponto de serem colhidas. Em seguida, devem ser postas para secar à sombra,
espalhando-as sobre um plástico ou lona, devendo-se sempre dar uma revolvida nas
mesmas para que sequem de modo uniforme. Em dias quentes, a secagem é processada em
uma semana, dependendo também da quantidade. No período chuvoso, a secagem é obtida
em 15 dias. Após a secagem, as inflorescências podem ser guardadas em sacos de papel ou
de plástico, no meio ambiente, ou guardam-se as sementes, retirando-as das inflorescências
e conservando-as no meio ambiente ou na geladeira (Poltronieri et al., 2000).
O cultivo do jambu pode ser feito em solos de várzea, quando estes são bem
drenados (Poltronieri et al., 1998b). Nas áreas inundáveis da Amazônia (várzeas), a
jamburana (um dos dois tipos de plantas reconhecidas na região amazônica) é propagada
apenas vegetativamente, uma vez que não se obtém sucesso com o plantio das sementes,
pois estas não germinam, fato este que pode estar relacionado com dormência da semente
ou ausência de embrião. Para sua preservação, quando as áreas estão alagadas, é usado o
recurso de cultivo em recipientes, para obtenção de estacas visando o plantio na descida das
águas (Cardoso & Garcia, 1997).
Em Belém (PA), a Embrapa Amazônia Oriental lançou em 1999 o cultivar Nazaré,
que apresenta plantas herbáceas com folhas e caules verde-escuros, vigorosos, com
inflorescência em capítulos graúdos, subglobosos de cor amarelo-intensa, com produção
média de oito ramos por planta, com precocidade, uniformidade, boa quantidade de massa
verde. Este cultivar é recomendado para as condições de clima quente e úmido, com
temperatura média de 25,9o
C, precipitação de 2.761 mm anuais e umidade relativa em torno
de 80%. Nas condições da Amazônia Oriental, recomenda-se o cultivo no período de abril a
dezembro, em campo aberto e durante o ano todo em cultivo protegido (túneis de plástico).
Os solos ideais para cultivo são os argilo-arenosos e ricos em matéria orgânica. O cultivar
não foi testado em condições de várzea (Poltronieri et al., 2000).
O cultivar Nazaré foi resultante do processo de sete ciclos de seleção individual,
com teste de progênies. Mediante testes iniciais, algumas plantas mostraram-se resistentes a
doenças como o carvão, Thecaphora spilanthes e à ferrugem, Puccinia cnici – oleracei.
Entre 1997-99 foram avaliadas algumas progênies com níveis desejados de resistência a
essas doenças, em ensaios juntamente com variedades locais e em cultivo de produtor no
Pará. Encontraram-se resultados satisfatórios em relação ao desempenho agronômico,
palatabilidade e qualidade da planta, tornando adequada a recomendação desta hortaliça do
estado do Pará aos produtores (Poltronieri et al., 2000).
O jambu pode ser cultivado em todos os meses do ano, mas uma produtividade
maior, com uma folhagem de melhor qualidade pode ser obtida no final de períodos
chuvosos (Villachica, 1996). As chuvas fortes e excessivas provocam estragos nas plantas,
e promovem a lavagem de nutrientes do solo, resultando assim numa baixa qualidade do
produto (Cardoso & Garcia, 1997). Também pode ser cultivado com outras hortaliças
(Revilla, 2001).
Para o cultivo do jambu (Poltronieri et al., 1998b) e de sua cultivar Nazaré, é
necessário preparar as mudas através de semeadura em sementeiras e transplantio em
canteiros definitivos (Poltronieri et al., 2000). A sementeira pode ser feita do modo
tradicional, preparando-se um canteiro com 1,0 m de largura e comprimento variável,
dependendo da quantidade de sementes a ser utilizada. O substrato a ser utilizado na
sementeira constitui-se de uma mistura de terra preta bem destorroada com esterco na
proporção de 3:1. A altura do substrato deve ser de 10cm, cobrindo-se as sementes com
palhas de palmeiras a uma altura de 0,50m a 1,00m do leito, evitando-se com isso a
incidência direta dos raios (Poltronieri et al., 1998b). Para a cultivar Nazaré a altura da
sementeira deve ficar em torno de 15 cm, não havendo necessidade de se fazer cobertura.
Deve-se efetuar irrigações pela manhã e no final da tarde, mantendo sempre umidade
favorável à germinação e ao desenvolvimento das plântulas (Poltronieri et al., 2000).
As sementes devem ser depositadas em sulcos de pouca profundidade,
aproximadamente meio centímetro, distanciados cinco centímetros entre si. Devem-se
cobrir os sulcos com uma fina camada de terra (Poltronieri et al., 2000). A germinação é do
tipo epígea, se realiza rápido e uniformemente, quando em ambientes sombreados e a uma
temperatura entre 25 e 30o
C (Villachica, 1996). Tem início a partir do quarto dia após a
semeadura e se estabiliza no oitavo dia. Os tratos culturais referentes ao período em que as
mudas estiverem nas sementeiras restringem-se à irrigação e a limpeza manual (monda),
para evitar a concorrência das ervas daninhas. O desbaste deve ser feito após a emissão de
duas folhas definitivas, com o objetivo de permitir o melhor desenvolvimento das mudas
(Poltronieri et al., 2000).
Quando a produção se dá por meio de estaquia podem ser usados segmentos do
caule que enraizam de 10 a 15 dias depois de serem colocados no substrato de
enraizamento. As estacas são colocadas em camas ou sacos e depois levadas para o viveiro,
devendo ser protegidas da radiação solar direta, podendo-se empregar folhas de palmeira
para isto. Por meio deste método, as estacas produzem depois de 55 a 65 dias. O
adubamento orgânico é essencial para o cultivo do jambu. A aplicação de esterco deve ser
efetuada de 10 a 15 dias antes da semeadura ou do transplante, sendo recomendado usar de
8 a 10 kg de esterco de gado ou 3 a 4 kg de esterco de galinha por metro quadrado. Obtém-
se um melhor desenvolvimento das plantas com a aplicação de adubos foliares com macro e
microelementos ou simplesmente com soluções de uréia na concentração de 0,1% na fase
inicial de crescimento e de 0,2 a 0,3% quando as plantas já estão bem desenvolvidas
(Villachica, 1996).
No preparo dos canteiros, o terreno deve estar limpo. No levantamento deve-se
utilizar terra preta, estabelecendo a largura de 1,0 m com comprimento variável, de acordo
com o número de plantas a serem obtidas. Os canteiros devem ser adubados com esterco de
curral (8 litros/m2
) ou de galinha (4 litros/m2
(Poltronieri et al., 1998b, 2000). O
transplantio para o canteiro definitivo deve ser efetuado quando as mudas estiverem com
quatro a seis folhas definitivas. O espaçamento recomendado é de 25cm x 25 cm
(Poltronieri et al., 1998b) e para a cultivar Nazaré é de 20cm x 20 cm, com a densidade de
quatro plantas por cova, facilitando, assim, o preparo dos maços na colheita (Poltronieri et
al., 2000). A irrigação deve ser feita por aspersão na época mais seca duas vezes ao dia, nas
primeiras horas da manhã e no final da tarde, pois a planta exige água (Poltronieri et al.,
1998b).
As plantas devem ser mantidas livres de ervas daninhas até o desenvolvimento,
permitindo o fechamento do canteiro. A eliminação das plantas daninhas deve ser feita
manualmente (monda). Na época seca recomenda-se cobrir o solo dos canteiros com uma
camada de casca de arroz para favorecer a retenção da umidade do solo e reduzir a
ocorrência de ervas daninhas (Poltronieri et al., 2000).
A adubação orgânica recomendada é de 3 kg de esterco de galinha ou de composto
orgânico (uma parte de serragem: uma parte de restos vegetais: uma parte de esterco de
curral) ou 8 kg de esterco de curral por metro quadrado de canteiro. Em latossolo amarelo
muito argiloso (baixa fertilidade) de terra firme da região amazônica, tem-se obtido
excelente desenvolvimento das plantas, com o uso de fertilização química nas doses de
200g de superfosfato simples e 50 g de cloreto de potássio por metro quadrado de canteiro,
e pulverizações foliares, semanalmente, com soluções de uréia. A dosagem inicial é de
0,1% (1 grama de uréia para 1 litro de água), aumentando-se para 0,2% quando a planta
encontra-se desenvolvida, podendo atingir até a 0,3%. Em solos de várzea naturalmente
férteis, não se faz uso de adubação química. Entretanto, em localidades com
disponibilidade de matéria orgânica, faz-se uso deste tipo de adubação, obtendo-se boa
resposta das plantas. As capinas são necessárias no início da instalação (Cardoso & Garcia,
1997).
Como adubação complementar da cultivar Nazaré recomendam-se três aplicações
de adubo foliar com a seguinte composição: 60 g/dm3
de nitrogênio (N); 60 g/dm3
de
fósforo (P2O5); 80 g/dm3
de potássio (K2O); 5 g/dm3
de magnésio (mg); 5 g/dm3
de enxofre
(S); e 0,3 g/dm3
de manganês (Mn), na dosagem de 1 ml por litro de água (Poltronieri et al.,
2000).
Na fase inicial o jambu pode sofrer danos causados por grilos e paquinhas (Cardoso
& Garcia, 1997). É comum após o transplantio, o aparecimento de grilos e paquinhas
cortando as plantas (Poltronieri et al., 2000). O grilo ataca raízes e caules de plântulas
recém germinadas (Villachica, 1996). Grilos e paquinhas atacam o jambu, causando
tombamento das mudas no campo. A fórmula de isca a seguir é indicada para o controle
desses insetos: um quilo de farelo de trigo, cem gramas de inseticida (Triclofon, Carbaril ou
Malathion), cem gramas de açúcar ou melaço e meio litro de água. No preparo mistura-se
primeiro o farelo com o inseticida, em seguida, o açúcar com a água e, finalmente,
misturam-se as duas partes até a formação de uma massa moldada. Devem-se aplicar as
iscas pelos canteiros, na forma de pequenos bolos de dez a vinte gramas, aproximadamente
um bolo por metro quadrado (Poltronieri et al., 1998b).
Nas plantas adultas as lagartas causam sérios danos às folhas. Podem ser
controladas com pulverizações de Decis a 1% (um grama do produto comercial para um
litro de água) (Poltronieri et al., 1998b). A lagarta-rosca ataca cortando as plantas jovens
rente ao solo. Para o seu controle, a isca deve ser: 100 g de inseticida Trichlorfon (pó
molhável a 80%), 200 g de açúcar, 2 kg de farelo de arroz e água suficiente para granular a
mistura. Esta quantidade é suficiente para 1.000 m2
de área. Espalhar ao anoitecer, por cima
do solo e próximo às plantas. À noite, as lagartas saem do solo e são atraídas pelas iscas
(Cardoso & Garcia, 1997).
Em fase mais adiantada de crescimento das plantas, tem sido constatado o ataque
de hemípteros (pulgões), principalmente nas folhas mais jovens, causando enrugamento. Os
pulgões podem ser controlados, pulverizando-se as plantas com calda de fumo, sendo esse
um inseticida natural pouco tóxico para o homem. A calda de fumo é preparada deixando-
se imerso em água (2 litros) e álcool (1 litro), 100g de tabaco, por 24 horas. Depois,
misturar com sabão em barra (50g), picado, dissolvido em água morna (1 litro). Misturar
tudo, diluir para 5 litros de água e aplicar. Pequenos besouros (coleópteros) que comem as
folhas podem causar danos ao jambu. Produtos químicos só devem ser empregados em
casos de extrema necessidade, pois se trata de uma hortaliça folhosa que pode ser
consumida crua. Como medida preventiva, deve-se evitar o plantio de jambu próximo a
leguminosas, pois isto favorece o aumento do nível populacional na área, contribuindo para
o ataque de insetos (Cardoso & Garcia, 1997).
O ataque de fungos também foi detectado e estes podem prejudicar os plantios de
jambu. Na fase inicial de crescimento, podem ser observados ataques por fungos de solo
causadores de “mela” ou “tombamento”. O controle torna-se mais fácil quando as mudas
são produzidas em sementeira onde a área é pequena e o solo pode ser tratado com produtos
específicos (Cardoso & Garcia, 1997). Pode-se usar Benomyl a 0,1% (Villachica, 1996).
A ferrugem é uma doença causada pelo fungo Puccinia spilanthes e caracteriza-se
inicialmente pelo aparecimento de pequenas lesões amarelo-esbranquiçadas na face inferior
das folhas. Essas lesões expandem-se até formarem pústulas de cor marrom-avermelhada
(cor de ferrugem) em ambas as faces das folhas. O controle é feito aplicando-se
pulverizações na fase inicial da doença com Triadimefon (Bayleton), na concentração de
0,1% (um grama do produto comercial para um litro de água) (Poltronieri et al., 1998b).
Outro fungo causador da ferrugem é Puccinia cnici-oleracei, podendo ocorrer próximo ou
durante o florescimento e frutificação, sendo mais freqüente no período chuvoso.
Preventivamente, deve-se efetuar a rotação de cultura para impedir o acúmulo de grande
concentração de inoculo; evitar o uso de adubações desequilibradas e o plantio em solos
compactados, que favorecem o surgimento de plantas debilitadas, suscetíveis ao ataque do
fungo. Outra estratégia no caso da doença já estabelecida (início) é fazer uso imediato do
produto, providenciando-se a colheita total das plantas (Cardoso & Garcia, 1997).
Carvão é uma doença causada pelo fungo Thecaphora spilanthes e caracteriza-se
pela presença de galhas distribuídas ao longo dos caules, algumas vezes sobre os pecíolos e
folhas e em ataques severos nas inflorescências (Poltronieri et al., 1998b). Essa
enfermidade teve aumento considerável nos últimos anos, nas áreas de produção de jambu,
e causou perdas elevadas na produção. A doença não é transmitida por sementes; o fungo é
predominantemente de solo (Poltronieri et al., 1999). Para o controle podem ser feitas
pulverizações preventivas uma vez por semana, durante três semanas com o fungicida
oxicloreto de cobre, na concentração de 2g do produto comercial para um litro de água.
Pode ser utilizado também óxido cuproso na mesma concentração (Poltronieri et al.,
1998b). Visando um controle eficiente e econômico desta doença, no nível de pequeno
produtor, por meio de métodos que não causem danos ao meio ambiente, foi desenvolvido
um trabalho de melhoramento genético para a obtenção de material genético com
resistência ao carvão. Como vantagens de se oferecer uma cultivar resistente podem ser
citadas a ausência de custo extra no preço da semente (tecnologia de controle “embutido”
na semente), tecnologia ambiental saudável e redução de custo de produtos e aplicações
(Poltronieri et al., 1999).
Os coeficientes técnicos para a instalação de um canteiro com 6,25 m2
e 76 plantas
são: 0,50 g de sementes; 50 kg de esterco de gado; 18,75 kg de esterco de galinha; 60 g de
adubo químico (uréia); 180 g de defensivos. Em relação à mão-de-obra, é necessário um
homem/dia para cada item: preparo da sementeira; semeadura; transplantio e tratos
culturais; e para o preparo do canteiro são necessários dois homens/dia (Poltronieri et al.,
1998b). Para a instalação de um canteiro com 6,25 m2
da cultivar Nazaré, os coeficientes
técnicos são semelhantes: 0,50 g de sementes; 50 kg de esterco de gado; 22 kg de esterco de
galinha; 60 g de adubo foliar; 180 g de inseticida. Em relação à mão-de-obra, é necessário
um homem/dia para cada item: preparo da sementeira; preparo do canteiro; semeadura;
transplantio; tratos culturais e colheita (Poltronieri et al., 2000).
_______________________________________
Informações adicionais
A Embrapa Amazônia Oriental está realizando estudos para comprovação da
diversidade genética da espécie e coleta de germoplasma para formação de um banco de
germoplasma de jambu. Quando a espécie propaga-se por sementes, então o
armazenamento ao longo prazo é o método preferencialmente utilizado para conservação
do germoplasma, que necessita que as sementes suportem o dessecamento e temperaturas
abaixo de zero (Müller & Poltronieri, 1998).
Coleta, armazenamento e processamento:
Coleta
A colheita inicia-se 35 a 50 dias após plantio das estacas ou transplante das mudas.
Pode-se colher a planta inteira ou apenas os ramos mais desenvolvidos. Em último caso, o
corte a uns 5 a 7 cm do solo promoverá o surgimento de brotação uniforme e vigorosa.
Geralmente, este procedimento repete-se por duas vezes. Isto prolonga o período de
colheita e pode triplicar o rendimento dependendo do manejo e tratos culturais dispensados
à cultura (Cardoso & Garcia, 1997). De acordo com Revilla (2001), as plantas podem ser
colhidas durante o ano todo, 60 a 70 dias após o plantio.
A cultivar Nazaré pode ser colhida aos 40 dias após a semeadura. Na colheita
arrancam-se as plantas, preparando os maços para comercialização (Poltronieri et al.,
2000).
Na colheita do jambu normalmente obtêm-se quatro maços por metro quadrado,
contendo cada um, quatro plantas (Poltronieri et al., 1998b).
Armazenamento
Após a coleta, os ramos são amarrados em forma de maços de 200 a 300 g cada um,
sendo necessário ficar em local fresco e arejado, devendo-se aspergir periodicamente
pequenas quantidades de água para evitar que as folhas murchem. O prazo de
comercialização é de 24 horas, ou podem ser conservados em período de quatro a cinco
dias, quando forem armazenados em sacos de plástico e mantidos em refrigeração. Quando
desidratados, podem ser armazenados até seis meses (Revilla, 2001).
Utilização
Sabe-se que os índios da Amazônia empregavam o jambu de maneira adequada na
alimentação, na cura de doenças e como anestésico (Cardoso & Garcia, 1997). A planta tem
ampla utilização farmacêutica, na elaboração de creme dental, gomas de mascar, em jogos,
além de outros usos diversos.
 Alimento humano
A planta tem uso como alimento e condimento (Rosa et al., 1998). Trata-se de uma
hortaliça aromática, rica em vitaminas do complexo B, principalmente B2 e B5 (IEPA,
2000), vitamina A e cálcio (Poltronieri et al., 1998a). Apresenta baixo teor calórico (32 cal)
(Poltronieri et al., 1998b). Em 100 g estão presentes 162 mg de cálcio; 41 mg de fósforo; 4
mg de ferro; 89 g de água; 1,9 g de proteínas; 0,3 g de lipídios; 7,2 g de carboidratos; 1,3 g
de fibra; 1,6 g de cinza; 0,03 mg de vitamina B1; 0,21 mg de vitamina B2; 1 mg de niacina;
20 mg de vitamina C e outros elemento químicos (Revilla, 2002).
A planta tem sabor acre e picante. O sabor picante tão apreciado é devido à amina, o
espilantol, substância também muito abundante em outras espécies deste gênero, que
provoca grande salivação (Poltronieri et al., 1998b) e tremores na língua (Matta, 2003)
quando mastigadas as folhas e o caule, dando uma sensação anestésica na boca (Poltronieri
et al., 1998b).
É um ingrediente importante em alguns pratos típicos regionais e na alimentação
cotidiana (Poltronieri et al., 1998b). Em determinadas épocas do ano o jambu é a hortaliça
folhosa mais consumida em Belém (Müller & Poltronieri, 1998). Seu caule e folhas podem
ser consumidos cozidos, como acompanhamento de outros pratos. São amplamente usados
no preparo de iguarias típicas do Pará e Amapá, como peixes e carnes secas, como o pato-
no-tucupi, o vatapá (IEPA, 2000) e o tacacá. Estas iguarias são de origem indígena
(Cardoso & Garcia, 1997). O tacacá tem como ingredientes uma mescla bem dosada de
raízes de mandioca amarela (tucupi), previamente cozida com chicória e manjericão, com
amido diluído de mandioca (goma), adicionando folhas e ramos tenros de jambu e camarão
salgado. O pato no tucupi é amplamente consumido pela população na região amazônica,
onde o jambu é essencial para seu preparo (Villachica, 1996).
Suas folhas são úteis na alimentação, cruas em saladas, cozidas com carne (Le
Cointe, 1947) ou em sopas. Suas propriedades condimentares estão relacionadas com o
sabor acre e pungente de suas folhas. O uso, entretanto, deve ser feito com moderação, uma
vez que é uma planta também com propriedades terapêuticas, podendo provocar reações
adversas se for ingerida em quantidades inadequadas (Cardoso & Garcia, 1997). Os
capítulos são aproveitados na alimentação, sendo hábito reduzi-los em pequenos pedaços e
misturá-los com outras espécies para a obtenção de um sabor especial (Cruz, 1964).
 Isca
Sabe-se que índios da Amazônia empregavam o jambu como anestésico de peixes
para facilitar a pesca (Cardoso & Garcia, 1997).
 Medicinal
Recentes estudos químicos e farmacológicos confirmaram efeitos curativos do óleo
essencial do jambu, cujas substâncias apresentam atividade medicinal, evidenciando o
potencial da planta na indústria farmacêutica (Cardoso & Garcia, 1997).
A planta é excitante e vermicida. Tem emprego em tratamentos de inflamações
oculares, bronquites (SIAMAZONIA, 2002), afecções do aparelho digestivo, dores de
dente e febres (Cruz, 1964). Tem sido usada como coadjuvante em produtos de higiene
bucal, como em dentifrícios (Revilla, 2002). Serve, ainda, de base para o elixir “Paraguay
Roux”, de uso odontálgico (Matta, 2003).
Toda planta é antiescorbútica (Le Cointe, 1947). Para uso externo e nas gengivas é
prescrita, com vantagem, em doentes de escorbuto, a seguinte fórmula: alcoolatura de
espilanthes e dita de cochicaria. Para uso interno é prescrito: 4 a 10 gotas de tintura de
taiuiá; 20 a 30g de alcoolatura de espilantes e q.b. para 150.cc
de xarope antiescorbútico.
Deve-se usar uma colher das de sopa de hora em hora (Matta, 2003).
O chá feito com toda a planta é antiinflamatório, antiinfeccioso e é utilizado para o
fígado (Revilla, 2001). A infusão ou cozimento de toda a planta fresca é empregada sempre
em partes iguais (Matta, 2003). Sua tintura apresenta ação eficaz contra afecções da boca e
garganta (Cardoso & Garcia, 1997).
Na medicina popular regional, as folhas, flores, frutos e ramos tenros são utilizados
em infusões para combater anemia, dispepsia, infecções da boca e garganta, além de ter
ação anti-escorbútica (Villachica, 1996; Müller & Poltronieri, 1998). Extratos fluidos
(expressão a frio), a partir das folhas, flores e caules em forma de chás, tinturas, sumos,
compressas, e extrato culinário são empregados como analgésico (dor de dente), anti-
inflamatório, anti-infeccioso e para o fígado (Revilla, 2002). Das folhas, flor e raiz é feito
xarope antitussígeno e é usado para gripe (Luz, 2001).
Na forma in natura ou em chás, xaropes e tinturas, preparados a partir das folhas ou
flores, ou em associação com outras plantas, têm-se indicações que contemplam ação
excitante, tônica, emenagoga, febrífuga, cicatrizante, anti-espasmódica e afrodisíaca. Têm-
se indicações, ainda, contra problemas hepáticos e das vias respiratórias (tosse) (Cardoso &
Garcia, 1997). O chá das folhas e flores são úteis contra anemia, dispepsia, afecções da
boca e garganta; é sialagoga, estimulante estomático (Albuquerque, 1989) e anti-
escorbútico (Vieira, 1992). No uso interno para adultos prepara-se o chá por infusão,
utilizando-se três colheres (de sopa) de folhas e flores de jambu picadas, para um litro de
água fervente. Tomar três xícaras do chá morno, sem adoçantes, diariamente, pelo tempo
necessário à cura. Para crianças, de acordo com as suas idades, administram-se chás fracos,
proporcionais em porção-erva e posologia de sexta, terça ou meia parte das doses indicadas
aos maiores de idade (Silva, 2003). As flores e folhas são mastigadas, provocando uma
sensação de formigamento nos lábios e na língua, em conseqüência de sua ação anestésica
local, pela atividade do espilantol (Revilla, 2002).
Um punhado de folhas e caules picados em uma xícara (café) de água deve ser
tomado em jejum para tratar problemas de estômago, fígado, tosse, constipação intestinal e
cálculo na bexiga (IEPA, 2000). A resina presente em suas folhas e ramos mais tenros tem
propriedades odontálgicas e de ação contra cálculos da bexiga, doenças da boca, da
garganta (Poltronieri et al., 1999). As oleoresinas extraídas das folhas e caules do jambu
são utilizadas em pequena escala no Japão, para a elaboração de creme dental (Villachica,
1996).
Na Amazônia brasileira, o chá das folhas é utilizado contra males estomacais e o
xarope das folhas é usado para gripe e tuberculose; ambos são usados contra asma (Estrella,
1995). Para anemia e dispepsia é feito um xarope com 100 g de folhas para 900 g de açúcar.
Deve-se ferver em um pouco de água até ter a consistência de um xarope. Tomar algumas
colheres (de sopa) ao dia. Para doenças do fígado deve-se colocar um pequeno punhado de
amor crescido (Portulaca pilosa L.) juntamente com um punhado de folhas de jambu em
um litro de água. Deixar ferver por 20 minutos e deixar esfriar. Depois coar e tomar como
água a mesma dosagem durante uma semana no mínimo. Para gases (estômago), devem-se
colocar algumas folhas de jambu em um litro de água e deixar ferver por 15 minutos.
Depois de esfriar, beber até melhorar (Vieira, 1991, 1992).
A alcoolatura das flores frescas é usada contra dores de dente (Le Cointe, 1947).
Usa-se a alcoolatura concentrada das flores recém-colhidas e em peso igual para álcool a
90o
. Até 15g por dia. Algumas gotas bastam para debelar as dores de dente. Externamente e
nas gengivas é prescrita, com vantagem, em doentes de escorbuto, a seguinte fórmula:
alcoolatura de jambu e dita de cochicaria. Para uso interno é prescrito: 4 a 10 gotas de
tintura de taiuiá, 20 a 30g de alcoolatura de jambu e q.b. para 150.cc
de xarope
antiescorbútico. Deve-se usar uma colher de sopa de hora em hora (Matta, 2003).
 Outros
No Japão, as oleoresinas extraídas das folhas e do caule são empregadas na
composição de gomas de mascar (Villachica, 1996).
_______________________________________
Informações adicionais
Na Região Amazônica podem ser detectados dois tipos de plantas reconhecidas como
jambu: o mais cultivado, denominado jambuassu ou botão-de-ouro, de flores amarelo-ouro
e sementes cinza-escuras; o outro, conhecido como jambu-zebu, jambu-branco ou
jamburana (jambuarana), de flores amarelo-claras e sementes esbranquiçadas. As
denominações jambuassu e jamburana são de origem indígena; jambuassu significa
“espécie de maior jambu”, do tupi assu=grande; jamburana quer dizer “planta semelhante
ao jambu, do tupi rana=igual, semelhante (Cardoso & Garcia, 1997).
Na avaliação popular, o valor condimentar do jambuassu é tido como superior ao do
jamburana, devido ao sabor mais acentuado de suas folhas, sendo por isso mais utilizado
como hortaliça. O jamburana é mais usado como planta medicinal. Os dois tipos têm sido
relatados como variedades da mesma espécie, mas perduram dúvidas a este respeito
(Cardoso & Garcia, 1997).
A planta encerra mucilagem, matéria corante e tem como princípio ativo: espilantina
(Matta, 2003), afinina, fitosterina, colina (Vieira, 1991), espilantol (amido de ácido não
saturado, responsável pelo sabor picante do jambu) e azeite. Nas partes aéreas da planta
foram identificadas a presença de apigenina-7-glucosido, apigenina-7-neoesperidosideo,
quercitina-3-glucosídeo e rutina (Estrella, 1995).
Altas doses do extrato hexânico desta planta produziram convulsões tônico-crônicas
em ratos, com traçado eletroencefalográfico semelhante à epilepsia (Revilla, 2002).
Dados sócio-culturais
A espécie pertence ao orixá Oxum. Tem aplicação em obrigações de cabeça e nos
abô, para a purificação dos filhos. A planta é empregada do mesmo modo como axé, nos
assentamentos da deusa das águas doces (Portugal, 1987).
Em Cuba é usada como um truque nas brigas de galo. Muitos afirmam que o galo
cuja plumagem é untada com o sumo desta planta, não volta a ser bicado pelo outro galo
que brigar porque este, depois da primeira bicada, sentirá a sensação produzida pela sumo
de S. oleracea e, conseqüentemente, não bicará novamente (Roig y Mesa, 1945).
Informações econômicas
O Brasil tem feito pequenas exportações para o Japão (Villachica, 1996). O
mercado consumidor apresenta-se em nível local, regional e nacional. O maior consumo é a
varejo nos mercados e feiras, e em menor escala no atacado para empresas produtoras de
complementos alimentícios e fitoterápicos (Revilla, 2001).
A demanda do jambu como hortaliça deverá aumentar na região amazônica em
função do esperado crescimento do setor de turismo ecológico, que vem sendo bastante
incentivado. Em decorrência disso, as comidas típicas regionais são amplamente
requisitadas como elemento ativo das tradições culturais da população. Com isso, o cultivo
adquire maior expressão econômica e social, passando a requerer maiores estudos para
melhora de seu cultivo, comercialização e conservação do produto (Cardoso & Garcia,
1997). Em Belém (Pará), por ocasião da festa religiosa tradicional de “Ciro de Nazaré”, o
consumo de jambu supera o de todas as outras hortaliças comercializadas na cidade.
Entretanto, não é possível estimar o volume de produção, já que o cultivo é essencialmente
praticado por pequenos produtores, com a comercialização efetuada em feiras livres ou
diretamente em postos populares de tacacá (Villachica, 1996).
A produtividade atende à demanda local. Uma parte do produto vem do cultivo e a
outra do extrativismo, principalmente no Pará onde faz parte da culinária paraense (Revilla,
2002). Tem-se uma produção de 3 toneladas/ha/ano, em peso fresco. Dependendo do trato
agrícola e seleção das variedades, pode chegar a 5 toneladas em situações ideais (Revilla,
2001). O rendimento do cultivar Nazaré é de 140.000 maços/ha, ficando o volume dos
maços dependente do preço do mercado varejista (Poltronieri et al., 2000).
Os recursos gerados por essa cultura dependem da oferta e da demanda local. No
varejo é comercializado no valor médio de R$ 0,60 o quilo. O ganho bruto pode ficar entre
R$ 1.800,00 a R$ 3.000,00/ha/ano; e no atacado o valor médio vendido é por R$ 0,40 o
quilo, gerando (bruto) R$ 1.200,00 a R$ 2.000,00/ha/ano. No varejo pode gerar R$
1.500,00 a R$ 2.400,00/ha/ano. O ganho líquido anual no varejo pode ficar entre R$
1.500,00 e R$ 2.400,00/ha/ano; e no atacado pode gerar R$ 1.000,00/ha/ano (Revilla,
2001).
A planta pode ser comercializada inteira (Villachica, 1996), em ramos frescos, ou
caules e folhas desidratadas. Agrega-se valor quando comercializada em cápsulas, tinturas,
xaropes, pratos típicos e saladas (Revilla, 2001). A planta inteira com o sistema radicular é
comercializada em pacotes de 200 a 300 gramas. Quando comercializada na forma de
ramos também são feitos pacotes 200 a 300g. Quando a planta é comercializada inteira
tem-se maior durabilidade do produto, porém deve ser comercializado até 24 horas após a
colheita (Villachica, 1996). Na proximidade das festas juninas, os maços grandes de ramos
que podem conter flores, alcançam altas cotações no mercado, devido a sua utilização em
pratos típicos da época. O preço do maço varia muito com a época do ano (Cardoso &
Garcia, 1997).
Quadro resumo de usos
Quadro resumo de uso de Acmella oleracea (L.) R.K. Jansen:
Parte da
Planta
Forma
Categoria de
Uso
Uso
- - Isca Anestésico de peixes.
- - Medicinal Excitante, vermicida; para inflamações oculares, dores de
dente, febre, higiene bucal, afecções do aparelho digestivo
e bronquite. Base de elixir odontálgico.
Caule Cozido
Alimento
humano Acompanha diversos pratos.
Caule Extrato Medicinal Analgésico, anti-inflamatório, anti-infeccioso. Para
problemas do estômago, fígado, constipação intestinal e
cálculo da bexiga.
Caule Infusão Medicinal
Analgésico, antiinflamatório, antiinfeccioso; para o fígado.
Ação antiescorbútica, combate anemia, dispepsia, afecções
da boca e da garganta.
Caule Resina Medicinal
Propriedades odontálgicas e de ação contra cálculos da
bexiga, doenças da boca, da garganta.
Caule Suco Medicinal Analgésico, antiinflamatório e antiinfeccioso, para o
fígado.
Caule Tintura Medicinal Analgésico, antiinflamatório, antiinfeccioso e para o
fígado.
Caule Oleo Medicinal Elaboração de creme dental.
Caule Oleo Outros Goma de mascar.
Flor Integral
Alimento
humano
Os capítilos picados são misturados com outras plantas
para dar um sabor especial.
Flor Extrato Medicinal Para problemas do estômago, tosse, constipação intestinal
e cálculo da bexiga.
Flor In natura Medicinal Ação excitante, tônica, emenagoga, febrífuga, cicatrizante,
anti-espasmódica e afrodisíaca. Contra problemas
hepáticos e das vias respiratórias (tosse). É anestésica.
Flor Infusão Medicinal Analgésico, anti-inflamatório, anti-infeccioso; sialagogo;
estimulante estomático; anti-escorbútico; usada para
problemas de fígado, para combater anemia, dispepsia,
infecções da boca e garganta. Para problemas do estômago,
tosse, constipação intestinal e cálculo da bexiga.
Flor Suco Medicinal Analgésico, antiinflamatório, antiinfeccioso e para o
fígado.
Flor Tintura Medicinal Analgésico, antiinflamatório, antiinfeccioso e para o
fígado. Ação excitante, tônica, emenagoga, febrífuga,
cicatrizante, anti-esparmódica e afrodisíaca. Contra
problemas hepáticos e das vias respiratórias (tosse).
Alcoolatura para dores de dente.
Flor Xarope Medicinal Analgésico, anti-inflamatório, anti-infeccioso; para o
fígado, problemas do estômago, tosse, gripe, constipação
intestinal e cálculo da bexiga.
Folha Cozido Alimento
humano
Em vários pratos, com carne e em sopas.
Folha In natura Alimento
humano
Em saladas.
Folha Extrato Medicinal Analgésico, anti-inflamatório, anti-infeccioso; para o
fígado. Para problemas do estômago, tosse, constipação
intestinal e cálculo da bexiga.
Folha In natura Medicinal Ação excitante, tônica, emenagoga, febrífuga, cicatrizante,
anti-esparmódica e afrodisíaca. Contra problemas
hepáticos e das vias respiratórias (tosse).
Folha Infusão Medicinal Com ação anti-escorbútica, excitante, tônica, emenagoga,
sialagoga, febrífuga, cicatrizante, analgésica, anti-
espasmódica, anti-infecciosa, anti-inflamatória,
afrodisíaca; para combater anemia, dispepsia, infecções da
boca e garganta; indicado contra problemas hepáticos, das
vias respiratórias, estômago, para tosse, febre, gripe. Tem
propriedade anestésica.
Folha Óleo Medicinal Elaboração de creme dental.
Folha Resina Medicinal Propriedades odontálgicas e de ação contra cálculos da
bexiga, doenças da boca, da garganta.
Folha Suco Medicinal Analgésico, antiinflamatório e anti-infeccioso; para o
fígado.
Folha Tintura Medicinal Analgésico, antiinflamatório, antiinfeccioso e para o
fígado. Ação excitante, tônica, emenagoga, febrífuga,
cicatrizante, anti-esparmódica e afrodisíaca. Contra
problemas hepáticos e das vias respiratórias (tosse).
Folha Xarope Medicinal Ação excitante, tônica, emenagoga, febrífuga, cicatrizante,
anti-esparmódica e afrodisíaca. Para problemas hepáticos
e das vias respiratórias (tosse), gripe, tuberculose, anemia,
dispepsia.
Folha Óleo Outros Goma de mascar.
Fruto Infusão Medicinal Antiescorbútica, combate anemia, dispepsia, infecções da
boca e da garganta.
Inteira Infusão Medicinal Anti-inflamatório, anti-infeccioso; para o fígado.
Inteira Tintura Medicinal Afecções da boca e garganta; anti-escorbútica.
Raiz Xarope Medicinal Gripe e antitussígeno.
Bibliografia
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INSTITUTO DE PESQUISA CIENTÍFICA E TECNOLOGIA DO ESTADO DO AMAPÁ
- IEPA. Farmácia da terra: plantas medicinais e alimentícias. Macapá: IEPA, 2000.
LE COINTE, P. Árvores e plantas úteis (indígenas e aclimadas): nomes vernáculos e
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São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1947. p.506. (A Amazônia Brasileira, 3).
LORENZI, H.; MATOS, F.J.A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova
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Cultivo e usos do jambu (Acmella oleracea

  • 1. PROJETO: “EXTRATIVISMO NÃO-MADEIREIRO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA AMAZÔNIA (ITTO – PD 31/99 Ver. 3 (I)”. BANCO DE DADOS “NON WOOD” NOME CIENTÍFICO: Acmella oleracea (L.) R.K. Jansen FAMÍLIA: Asteraceae (Compositae) SINÔNIMOS CIENTÍFICOS: Spilanthus oleracea L. NOMES VULGARES: Brasil: abecedária, agrião-bravo, agrião-do-brasil, agrião-do-norte, agrião-do-mato, agrião- do-pará, agriãozinho, botão-de-ouro, erva-de-maluca, erva-medicinal, jambú, jambu-açu, jambuaçu, jambuassu, jamburana, nhambu, mastruço, pimenteira, pimenteira-do-pará, pimenta-do-pará, pimenta-d´água. Outros Países: yuyo chisaca (Colômbia, Peru); botón de oro (Colômbia, Peru, Porto Rico); chimaya, cóbiriqui, contrayerba, desflemadera, mata gusanos, somam, yerba del espanto (Peru); hussarenknopf (alemão); berro de pará, botondero, jambú, yambu (espanhol); cresson du pará (francês); para cress (inglês); parakresse (sueco); cabrito. Descrição botânica Herbácea anual, de 20 a 30 cm de altura, quase rasteira, caule cilíndrico, carnoso, ramificado. Folhas simples, pecioladas, opostas, ovadas, membranáceas. Raiz principal pivotante, com abundantes ramificações laterais. Inflorescência em capítulo globoso terminal. Flores pequenas, amareladas dispostas em capítulos que medem cerca de 1cm de diâmetro. O fruto é um aquênio pequeno com pericarpo cinza-escuro, quase preto, parcialmente envolvido por partes membranáceas (Revilla, 2002). _______________________________________ Informações adicionais Alguns botânicos consideram a espécie como uma variedade de S. acmella (“botoncillo”). Porém é mais provável que S. oleracea seja uma espécie diferente. São necessários estudos taxonômicos que permitam uma caracterização mais precisa (Villachica, 1996). Distribuição Espécie autóctone da América do Sul (Colômbia, Guianas, Venezuela e Brasil), podendo ser encontrada cultivada ou subespontânea (Cardoso & Garcia, 1997). Conforme Revilla (2001) ocorre nos estados do Pará e Amazonas. Cultivada na região norte do país (Lorenzi & Matos, 2002). Há relatos de seu cultivo também na Índia, na América Central e em alguns países da Europa (Cardoso & Garcia, 1997).
  • 2. Aspectos ecológicos Ocorre nas zonas baixas e mal drenadas de terra firme, podendo aparecer, também, nas várzeas altas do rio Solimões no Amazonas, em regiões de clima quente e úmido, com temperatura anual de 25 a 39o C e precipitação pluvial de 2.500 a 3.500mm/ano, em solo argilo-arenoso e rico em matéria orgânica. É propícia a solos ácidos, mais ou menos encharcados (Revilla, 2001). Em geral, a espécie tem apresentado comportamento idêntico em condições de clima tropical e subtropical. Em observações realizadas no Brasil Central, em localidades com altitude de 1.100m e clima classificado como úmido mesotérmico (temperaturas anuais médias entre 15 a 20o C), o jambu mostrou ótimo desenvolvimento vegetativo e florescimento constante. Nas condições da Amazônia, em que prevalecem temperaturas elevadas e umidade relativa do ar em torno de 90%, o jambu também se desenvolve bem e floresce continuamente (Cardoso & Garcia, 1997). Suas flores são aromáticas (Berg et al., 1986) e apresentam autopolinização que ocorre quando o estilete cresce e ultrapassa as anteras. Ao despontar no exterior, os estigmas já se encontram cheios de pólen. Este modo de polinização é chamado de cleistogamia (Poltronieri et al., 1999). A produção de sementes é abundante em cada planta (Cardoso & Garcia, 1997). Cultivo e manejo O jambu tem plantio comercial em média escala e não apresenta potencial extrativista (Revilla, 2001). O cultivo é essencialmente realizado por pequenos produtores, que utilizam basicamente mão-de-obra familiar. A área de plantio não ultrapassa 1ha. As variedades comumente utilizadas em cultivos comerciais são o jambu branco e o verde. A diferença entre ambas está na coloração. O jambu branco apresenta coloração verde-clara no caule e nas folhas e o jambu verde, coloração verde-escura (Poltronieri et al., 1998b). A propagação pode ser tanto por via sexuada, bem como por estaquia, porém a propagação sexuada é o método de uso corrente, usando-se como estrutura de propagação o aquênio, que apresenta em média, 0,05 mg (Müller & Poltronieri, 1998). Para a produção de mudas, as sementes devem ser colhidas sadias, evitando-se a época chuvosa, pois neste período, as sementes retêm muita umidade, o que as torna vulneráveis à ação de microorganismos, levando a perdas consideráveis. Em 1 (um) grama de sementes de jambu com impurezas (palha), tem-se 2.000 sementes bem formadas. Em 1 (um) grama de sementes limpas (livre de impurezas), tem-se 5.000 sementes. Para o produtor não é conveniente obter sementes limpas devido ao trabalho para limpá-las, mesmo porque estas impurezas, que são constituídas da palha que revestem as sementes e das flores não- fecundadas e são facilmente decompostas, não prejudicando assim a germinação (Poltronieri et al., 1998b). É conveniente, para a conservação das sementes na propriedade, que as inflorescências sejam colhidas de plantas sadias e que depois sejam secas à sombra,
  • 3. acondicionadas em paneiros, durante seis meses. Após esse período, o poder germinativo cai consideravelmente (Poltronieri et al., 1998b). Poltronieri et al. (2000) mencionam que a semente, em meio ambiente, pode ser conservada até seis meses e, na geladeira, até doze meses. Após este período, em ambos os casos ocorre uma queda no poder germinativo. Segundo Villachica (1996), as sementes apresentam comportamento ortodoxo durante o armazenamento e podem ser conservadas por longos períodos se armazenadas com umidade em torno de 5%, quando usadas embalagens à prova de vapor de água e em ambiente com temperatura menor que zero graus centígrados. Um trabalho foi realizado para definir se as sementes de jambu apresentam comportamento ortodoxo, intermediário ou recalcitrante. Os resultados obtidos mostraram que sementes armazenadas com grau de umidade de 9,7 ± 0,2%, nas condições de ambiente natural de Belém, sofreram perdas acentuadas na capacidade de germinação, após oito meses de armazenamento, evidenciando apenas 17% de germinação. Porém, sementes com o mesmo nível de umidade armazenadas em geladeira ou freezer apresentaram germinação de 77,5% e 84,5%, respectivamente. As sementes armazenadas com 5,7 ± 0,3% e 4,4 ± 0,1% de umidade, nas mesmas condições de armazenamento, não sofreram perdas acentuadas de germinação, após oito meses. Melhor comportamento, no entanto, foi observado para sementes armazenadas em geladeira e freezer (Müller & Poltronieri, 1998). Na produção de mudas, para obtenção de sementes, o produtor deverá seguir as mesmas instruções dadas para produção de mudas para folhas, deixando, porém as plantas florescerem normalmente. Quando os botões florais estiverem perdendo a tonalidade amarelo-brilhante e ganhando uma tonalidade amarela mais escura, as inflorescências estão no ponto de serem colhidas. Em seguida, devem ser postas para secar à sombra, espalhando-as sobre um plástico ou lona, devendo-se sempre dar uma revolvida nas mesmas para que sequem de modo uniforme. Em dias quentes, a secagem é processada em uma semana, dependendo também da quantidade. No período chuvoso, a secagem é obtida em 15 dias. Após a secagem, as inflorescências podem ser guardadas em sacos de papel ou de plástico, no meio ambiente, ou guardam-se as sementes, retirando-as das inflorescências e conservando-as no meio ambiente ou na geladeira (Poltronieri et al., 2000). O cultivo do jambu pode ser feito em solos de várzea, quando estes são bem drenados (Poltronieri et al., 1998b). Nas áreas inundáveis da Amazônia (várzeas), a jamburana (um dos dois tipos de plantas reconhecidas na região amazônica) é propagada apenas vegetativamente, uma vez que não se obtém sucesso com o plantio das sementes, pois estas não germinam, fato este que pode estar relacionado com dormência da semente ou ausência de embrião. Para sua preservação, quando as áreas estão alagadas, é usado o recurso de cultivo em recipientes, para obtenção de estacas visando o plantio na descida das águas (Cardoso & Garcia, 1997). Em Belém (PA), a Embrapa Amazônia Oriental lançou em 1999 o cultivar Nazaré, que apresenta plantas herbáceas com folhas e caules verde-escuros, vigorosos, com inflorescência em capítulos graúdos, subglobosos de cor amarelo-intensa, com produção média de oito ramos por planta, com precocidade, uniformidade, boa quantidade de massa verde. Este cultivar é recomendado para as condições de clima quente e úmido, com temperatura média de 25,9o C, precipitação de 2.761 mm anuais e umidade relativa em torno
  • 4. de 80%. Nas condições da Amazônia Oriental, recomenda-se o cultivo no período de abril a dezembro, em campo aberto e durante o ano todo em cultivo protegido (túneis de plástico). Os solos ideais para cultivo são os argilo-arenosos e ricos em matéria orgânica. O cultivar não foi testado em condições de várzea (Poltronieri et al., 2000). O cultivar Nazaré foi resultante do processo de sete ciclos de seleção individual, com teste de progênies. Mediante testes iniciais, algumas plantas mostraram-se resistentes a doenças como o carvão, Thecaphora spilanthes e à ferrugem, Puccinia cnici – oleracei. Entre 1997-99 foram avaliadas algumas progênies com níveis desejados de resistência a essas doenças, em ensaios juntamente com variedades locais e em cultivo de produtor no Pará. Encontraram-se resultados satisfatórios em relação ao desempenho agronômico, palatabilidade e qualidade da planta, tornando adequada a recomendação desta hortaliça do estado do Pará aos produtores (Poltronieri et al., 2000). O jambu pode ser cultivado em todos os meses do ano, mas uma produtividade maior, com uma folhagem de melhor qualidade pode ser obtida no final de períodos chuvosos (Villachica, 1996). As chuvas fortes e excessivas provocam estragos nas plantas, e promovem a lavagem de nutrientes do solo, resultando assim numa baixa qualidade do produto (Cardoso & Garcia, 1997). Também pode ser cultivado com outras hortaliças (Revilla, 2001). Para o cultivo do jambu (Poltronieri et al., 1998b) e de sua cultivar Nazaré, é necessário preparar as mudas através de semeadura em sementeiras e transplantio em canteiros definitivos (Poltronieri et al., 2000). A sementeira pode ser feita do modo tradicional, preparando-se um canteiro com 1,0 m de largura e comprimento variável, dependendo da quantidade de sementes a ser utilizada. O substrato a ser utilizado na sementeira constitui-se de uma mistura de terra preta bem destorroada com esterco na proporção de 3:1. A altura do substrato deve ser de 10cm, cobrindo-se as sementes com palhas de palmeiras a uma altura de 0,50m a 1,00m do leito, evitando-se com isso a incidência direta dos raios (Poltronieri et al., 1998b). Para a cultivar Nazaré a altura da sementeira deve ficar em torno de 15 cm, não havendo necessidade de se fazer cobertura. Deve-se efetuar irrigações pela manhã e no final da tarde, mantendo sempre umidade favorável à germinação e ao desenvolvimento das plântulas (Poltronieri et al., 2000). As sementes devem ser depositadas em sulcos de pouca profundidade, aproximadamente meio centímetro, distanciados cinco centímetros entre si. Devem-se cobrir os sulcos com uma fina camada de terra (Poltronieri et al., 2000). A germinação é do tipo epígea, se realiza rápido e uniformemente, quando em ambientes sombreados e a uma temperatura entre 25 e 30o C (Villachica, 1996). Tem início a partir do quarto dia após a semeadura e se estabiliza no oitavo dia. Os tratos culturais referentes ao período em que as mudas estiverem nas sementeiras restringem-se à irrigação e a limpeza manual (monda), para evitar a concorrência das ervas daninhas. O desbaste deve ser feito após a emissão de duas folhas definitivas, com o objetivo de permitir o melhor desenvolvimento das mudas (Poltronieri et al., 2000). Quando a produção se dá por meio de estaquia podem ser usados segmentos do caule que enraizam de 10 a 15 dias depois de serem colocados no substrato de
  • 5. enraizamento. As estacas são colocadas em camas ou sacos e depois levadas para o viveiro, devendo ser protegidas da radiação solar direta, podendo-se empregar folhas de palmeira para isto. Por meio deste método, as estacas produzem depois de 55 a 65 dias. O adubamento orgânico é essencial para o cultivo do jambu. A aplicação de esterco deve ser efetuada de 10 a 15 dias antes da semeadura ou do transplante, sendo recomendado usar de 8 a 10 kg de esterco de gado ou 3 a 4 kg de esterco de galinha por metro quadrado. Obtém- se um melhor desenvolvimento das plantas com a aplicação de adubos foliares com macro e microelementos ou simplesmente com soluções de uréia na concentração de 0,1% na fase inicial de crescimento e de 0,2 a 0,3% quando as plantas já estão bem desenvolvidas (Villachica, 1996). No preparo dos canteiros, o terreno deve estar limpo. No levantamento deve-se utilizar terra preta, estabelecendo a largura de 1,0 m com comprimento variável, de acordo com o número de plantas a serem obtidas. Os canteiros devem ser adubados com esterco de curral (8 litros/m2 ) ou de galinha (4 litros/m2 (Poltronieri et al., 1998b, 2000). O transplantio para o canteiro definitivo deve ser efetuado quando as mudas estiverem com quatro a seis folhas definitivas. O espaçamento recomendado é de 25cm x 25 cm (Poltronieri et al., 1998b) e para a cultivar Nazaré é de 20cm x 20 cm, com a densidade de quatro plantas por cova, facilitando, assim, o preparo dos maços na colheita (Poltronieri et al., 2000). A irrigação deve ser feita por aspersão na época mais seca duas vezes ao dia, nas primeiras horas da manhã e no final da tarde, pois a planta exige água (Poltronieri et al., 1998b). As plantas devem ser mantidas livres de ervas daninhas até o desenvolvimento, permitindo o fechamento do canteiro. A eliminação das plantas daninhas deve ser feita manualmente (monda). Na época seca recomenda-se cobrir o solo dos canteiros com uma camada de casca de arroz para favorecer a retenção da umidade do solo e reduzir a ocorrência de ervas daninhas (Poltronieri et al., 2000). A adubação orgânica recomendada é de 3 kg de esterco de galinha ou de composto orgânico (uma parte de serragem: uma parte de restos vegetais: uma parte de esterco de curral) ou 8 kg de esterco de curral por metro quadrado de canteiro. Em latossolo amarelo muito argiloso (baixa fertilidade) de terra firme da região amazônica, tem-se obtido excelente desenvolvimento das plantas, com o uso de fertilização química nas doses de 200g de superfosfato simples e 50 g de cloreto de potássio por metro quadrado de canteiro, e pulverizações foliares, semanalmente, com soluções de uréia. A dosagem inicial é de 0,1% (1 grama de uréia para 1 litro de água), aumentando-se para 0,2% quando a planta encontra-se desenvolvida, podendo atingir até a 0,3%. Em solos de várzea naturalmente férteis, não se faz uso de adubação química. Entretanto, em localidades com disponibilidade de matéria orgânica, faz-se uso deste tipo de adubação, obtendo-se boa resposta das plantas. As capinas são necessárias no início da instalação (Cardoso & Garcia, 1997). Como adubação complementar da cultivar Nazaré recomendam-se três aplicações de adubo foliar com a seguinte composição: 60 g/dm3 de nitrogênio (N); 60 g/dm3 de fósforo (P2O5); 80 g/dm3 de potássio (K2O); 5 g/dm3 de magnésio (mg); 5 g/dm3 de enxofre
  • 6. (S); e 0,3 g/dm3 de manganês (Mn), na dosagem de 1 ml por litro de água (Poltronieri et al., 2000). Na fase inicial o jambu pode sofrer danos causados por grilos e paquinhas (Cardoso & Garcia, 1997). É comum após o transplantio, o aparecimento de grilos e paquinhas cortando as plantas (Poltronieri et al., 2000). O grilo ataca raízes e caules de plântulas recém germinadas (Villachica, 1996). Grilos e paquinhas atacam o jambu, causando tombamento das mudas no campo. A fórmula de isca a seguir é indicada para o controle desses insetos: um quilo de farelo de trigo, cem gramas de inseticida (Triclofon, Carbaril ou Malathion), cem gramas de açúcar ou melaço e meio litro de água. No preparo mistura-se primeiro o farelo com o inseticida, em seguida, o açúcar com a água e, finalmente, misturam-se as duas partes até a formação de uma massa moldada. Devem-se aplicar as iscas pelos canteiros, na forma de pequenos bolos de dez a vinte gramas, aproximadamente um bolo por metro quadrado (Poltronieri et al., 1998b). Nas plantas adultas as lagartas causam sérios danos às folhas. Podem ser controladas com pulverizações de Decis a 1% (um grama do produto comercial para um litro de água) (Poltronieri et al., 1998b). A lagarta-rosca ataca cortando as plantas jovens rente ao solo. Para o seu controle, a isca deve ser: 100 g de inseticida Trichlorfon (pó molhável a 80%), 200 g de açúcar, 2 kg de farelo de arroz e água suficiente para granular a mistura. Esta quantidade é suficiente para 1.000 m2 de área. Espalhar ao anoitecer, por cima do solo e próximo às plantas. À noite, as lagartas saem do solo e são atraídas pelas iscas (Cardoso & Garcia, 1997). Em fase mais adiantada de crescimento das plantas, tem sido constatado o ataque de hemípteros (pulgões), principalmente nas folhas mais jovens, causando enrugamento. Os pulgões podem ser controlados, pulverizando-se as plantas com calda de fumo, sendo esse um inseticida natural pouco tóxico para o homem. A calda de fumo é preparada deixando- se imerso em água (2 litros) e álcool (1 litro), 100g de tabaco, por 24 horas. Depois, misturar com sabão em barra (50g), picado, dissolvido em água morna (1 litro). Misturar tudo, diluir para 5 litros de água e aplicar. Pequenos besouros (coleópteros) que comem as folhas podem causar danos ao jambu. Produtos químicos só devem ser empregados em casos de extrema necessidade, pois se trata de uma hortaliça folhosa que pode ser consumida crua. Como medida preventiva, deve-se evitar o plantio de jambu próximo a leguminosas, pois isto favorece o aumento do nível populacional na área, contribuindo para o ataque de insetos (Cardoso & Garcia, 1997). O ataque de fungos também foi detectado e estes podem prejudicar os plantios de jambu. Na fase inicial de crescimento, podem ser observados ataques por fungos de solo causadores de “mela” ou “tombamento”. O controle torna-se mais fácil quando as mudas são produzidas em sementeira onde a área é pequena e o solo pode ser tratado com produtos específicos (Cardoso & Garcia, 1997). Pode-se usar Benomyl a 0,1% (Villachica, 1996). A ferrugem é uma doença causada pelo fungo Puccinia spilanthes e caracteriza-se inicialmente pelo aparecimento de pequenas lesões amarelo-esbranquiçadas na face inferior das folhas. Essas lesões expandem-se até formarem pústulas de cor marrom-avermelhada (cor de ferrugem) em ambas as faces das folhas. O controle é feito aplicando-se
  • 7. pulverizações na fase inicial da doença com Triadimefon (Bayleton), na concentração de 0,1% (um grama do produto comercial para um litro de água) (Poltronieri et al., 1998b). Outro fungo causador da ferrugem é Puccinia cnici-oleracei, podendo ocorrer próximo ou durante o florescimento e frutificação, sendo mais freqüente no período chuvoso. Preventivamente, deve-se efetuar a rotação de cultura para impedir o acúmulo de grande concentração de inoculo; evitar o uso de adubações desequilibradas e o plantio em solos compactados, que favorecem o surgimento de plantas debilitadas, suscetíveis ao ataque do fungo. Outra estratégia no caso da doença já estabelecida (início) é fazer uso imediato do produto, providenciando-se a colheita total das plantas (Cardoso & Garcia, 1997). Carvão é uma doença causada pelo fungo Thecaphora spilanthes e caracteriza-se pela presença de galhas distribuídas ao longo dos caules, algumas vezes sobre os pecíolos e folhas e em ataques severos nas inflorescências (Poltronieri et al., 1998b). Essa enfermidade teve aumento considerável nos últimos anos, nas áreas de produção de jambu, e causou perdas elevadas na produção. A doença não é transmitida por sementes; o fungo é predominantemente de solo (Poltronieri et al., 1999). Para o controle podem ser feitas pulverizações preventivas uma vez por semana, durante três semanas com o fungicida oxicloreto de cobre, na concentração de 2g do produto comercial para um litro de água. Pode ser utilizado também óxido cuproso na mesma concentração (Poltronieri et al., 1998b). Visando um controle eficiente e econômico desta doença, no nível de pequeno produtor, por meio de métodos que não causem danos ao meio ambiente, foi desenvolvido um trabalho de melhoramento genético para a obtenção de material genético com resistência ao carvão. Como vantagens de se oferecer uma cultivar resistente podem ser citadas a ausência de custo extra no preço da semente (tecnologia de controle “embutido” na semente), tecnologia ambiental saudável e redução de custo de produtos e aplicações (Poltronieri et al., 1999). Os coeficientes técnicos para a instalação de um canteiro com 6,25 m2 e 76 plantas são: 0,50 g de sementes; 50 kg de esterco de gado; 18,75 kg de esterco de galinha; 60 g de adubo químico (uréia); 180 g de defensivos. Em relação à mão-de-obra, é necessário um homem/dia para cada item: preparo da sementeira; semeadura; transplantio e tratos culturais; e para o preparo do canteiro são necessários dois homens/dia (Poltronieri et al., 1998b). Para a instalação de um canteiro com 6,25 m2 da cultivar Nazaré, os coeficientes técnicos são semelhantes: 0,50 g de sementes; 50 kg de esterco de gado; 22 kg de esterco de galinha; 60 g de adubo foliar; 180 g de inseticida. Em relação à mão-de-obra, é necessário um homem/dia para cada item: preparo da sementeira; preparo do canteiro; semeadura; transplantio; tratos culturais e colheita (Poltronieri et al., 2000). _______________________________________ Informações adicionais A Embrapa Amazônia Oriental está realizando estudos para comprovação da diversidade genética da espécie e coleta de germoplasma para formação de um banco de germoplasma de jambu. Quando a espécie propaga-se por sementes, então o armazenamento ao longo prazo é o método preferencialmente utilizado para conservação do germoplasma, que necessita que as sementes suportem o dessecamento e temperaturas abaixo de zero (Müller & Poltronieri, 1998).
  • 8. Coleta, armazenamento e processamento: Coleta A colheita inicia-se 35 a 50 dias após plantio das estacas ou transplante das mudas. Pode-se colher a planta inteira ou apenas os ramos mais desenvolvidos. Em último caso, o corte a uns 5 a 7 cm do solo promoverá o surgimento de brotação uniforme e vigorosa. Geralmente, este procedimento repete-se por duas vezes. Isto prolonga o período de colheita e pode triplicar o rendimento dependendo do manejo e tratos culturais dispensados à cultura (Cardoso & Garcia, 1997). De acordo com Revilla (2001), as plantas podem ser colhidas durante o ano todo, 60 a 70 dias após o plantio. A cultivar Nazaré pode ser colhida aos 40 dias após a semeadura. Na colheita arrancam-se as plantas, preparando os maços para comercialização (Poltronieri et al., 2000). Na colheita do jambu normalmente obtêm-se quatro maços por metro quadrado, contendo cada um, quatro plantas (Poltronieri et al., 1998b). Armazenamento Após a coleta, os ramos são amarrados em forma de maços de 200 a 300 g cada um, sendo necessário ficar em local fresco e arejado, devendo-se aspergir periodicamente pequenas quantidades de água para evitar que as folhas murchem. O prazo de comercialização é de 24 horas, ou podem ser conservados em período de quatro a cinco dias, quando forem armazenados em sacos de plástico e mantidos em refrigeração. Quando desidratados, podem ser armazenados até seis meses (Revilla, 2001). Utilização Sabe-se que os índios da Amazônia empregavam o jambu de maneira adequada na alimentação, na cura de doenças e como anestésico (Cardoso & Garcia, 1997). A planta tem ampla utilização farmacêutica, na elaboração de creme dental, gomas de mascar, em jogos, além de outros usos diversos.  Alimento humano A planta tem uso como alimento e condimento (Rosa et al., 1998). Trata-se de uma hortaliça aromática, rica em vitaminas do complexo B, principalmente B2 e B5 (IEPA,
  • 9. 2000), vitamina A e cálcio (Poltronieri et al., 1998a). Apresenta baixo teor calórico (32 cal) (Poltronieri et al., 1998b). Em 100 g estão presentes 162 mg de cálcio; 41 mg de fósforo; 4 mg de ferro; 89 g de água; 1,9 g de proteínas; 0,3 g de lipídios; 7,2 g de carboidratos; 1,3 g de fibra; 1,6 g de cinza; 0,03 mg de vitamina B1; 0,21 mg de vitamina B2; 1 mg de niacina; 20 mg de vitamina C e outros elemento químicos (Revilla, 2002). A planta tem sabor acre e picante. O sabor picante tão apreciado é devido à amina, o espilantol, substância também muito abundante em outras espécies deste gênero, que provoca grande salivação (Poltronieri et al., 1998b) e tremores na língua (Matta, 2003) quando mastigadas as folhas e o caule, dando uma sensação anestésica na boca (Poltronieri et al., 1998b). É um ingrediente importante em alguns pratos típicos regionais e na alimentação cotidiana (Poltronieri et al., 1998b). Em determinadas épocas do ano o jambu é a hortaliça folhosa mais consumida em Belém (Müller & Poltronieri, 1998). Seu caule e folhas podem ser consumidos cozidos, como acompanhamento de outros pratos. São amplamente usados no preparo de iguarias típicas do Pará e Amapá, como peixes e carnes secas, como o pato- no-tucupi, o vatapá (IEPA, 2000) e o tacacá. Estas iguarias são de origem indígena (Cardoso & Garcia, 1997). O tacacá tem como ingredientes uma mescla bem dosada de raízes de mandioca amarela (tucupi), previamente cozida com chicória e manjericão, com amido diluído de mandioca (goma), adicionando folhas e ramos tenros de jambu e camarão salgado. O pato no tucupi é amplamente consumido pela população na região amazônica, onde o jambu é essencial para seu preparo (Villachica, 1996). Suas folhas são úteis na alimentação, cruas em saladas, cozidas com carne (Le Cointe, 1947) ou em sopas. Suas propriedades condimentares estão relacionadas com o sabor acre e pungente de suas folhas. O uso, entretanto, deve ser feito com moderação, uma vez que é uma planta também com propriedades terapêuticas, podendo provocar reações adversas se for ingerida em quantidades inadequadas (Cardoso & Garcia, 1997). Os capítulos são aproveitados na alimentação, sendo hábito reduzi-los em pequenos pedaços e misturá-los com outras espécies para a obtenção de um sabor especial (Cruz, 1964).  Isca Sabe-se que índios da Amazônia empregavam o jambu como anestésico de peixes para facilitar a pesca (Cardoso & Garcia, 1997).  Medicinal Recentes estudos químicos e farmacológicos confirmaram efeitos curativos do óleo essencial do jambu, cujas substâncias apresentam atividade medicinal, evidenciando o potencial da planta na indústria farmacêutica (Cardoso & Garcia, 1997). A planta é excitante e vermicida. Tem emprego em tratamentos de inflamações oculares, bronquites (SIAMAZONIA, 2002), afecções do aparelho digestivo, dores de dente e febres (Cruz, 1964). Tem sido usada como coadjuvante em produtos de higiene
  • 10. bucal, como em dentifrícios (Revilla, 2002). Serve, ainda, de base para o elixir “Paraguay Roux”, de uso odontálgico (Matta, 2003). Toda planta é antiescorbútica (Le Cointe, 1947). Para uso externo e nas gengivas é prescrita, com vantagem, em doentes de escorbuto, a seguinte fórmula: alcoolatura de espilanthes e dita de cochicaria. Para uso interno é prescrito: 4 a 10 gotas de tintura de taiuiá; 20 a 30g de alcoolatura de espilantes e q.b. para 150.cc de xarope antiescorbútico. Deve-se usar uma colher das de sopa de hora em hora (Matta, 2003). O chá feito com toda a planta é antiinflamatório, antiinfeccioso e é utilizado para o fígado (Revilla, 2001). A infusão ou cozimento de toda a planta fresca é empregada sempre em partes iguais (Matta, 2003). Sua tintura apresenta ação eficaz contra afecções da boca e garganta (Cardoso & Garcia, 1997). Na medicina popular regional, as folhas, flores, frutos e ramos tenros são utilizados em infusões para combater anemia, dispepsia, infecções da boca e garganta, além de ter ação anti-escorbútica (Villachica, 1996; Müller & Poltronieri, 1998). Extratos fluidos (expressão a frio), a partir das folhas, flores e caules em forma de chás, tinturas, sumos, compressas, e extrato culinário são empregados como analgésico (dor de dente), anti- inflamatório, anti-infeccioso e para o fígado (Revilla, 2002). Das folhas, flor e raiz é feito xarope antitussígeno e é usado para gripe (Luz, 2001). Na forma in natura ou em chás, xaropes e tinturas, preparados a partir das folhas ou flores, ou em associação com outras plantas, têm-se indicações que contemplam ação excitante, tônica, emenagoga, febrífuga, cicatrizante, anti-espasmódica e afrodisíaca. Têm- se indicações, ainda, contra problemas hepáticos e das vias respiratórias (tosse) (Cardoso & Garcia, 1997). O chá das folhas e flores são úteis contra anemia, dispepsia, afecções da boca e garganta; é sialagoga, estimulante estomático (Albuquerque, 1989) e anti- escorbútico (Vieira, 1992). No uso interno para adultos prepara-se o chá por infusão, utilizando-se três colheres (de sopa) de folhas e flores de jambu picadas, para um litro de água fervente. Tomar três xícaras do chá morno, sem adoçantes, diariamente, pelo tempo necessário à cura. Para crianças, de acordo com as suas idades, administram-se chás fracos, proporcionais em porção-erva e posologia de sexta, terça ou meia parte das doses indicadas aos maiores de idade (Silva, 2003). As flores e folhas são mastigadas, provocando uma sensação de formigamento nos lábios e na língua, em conseqüência de sua ação anestésica local, pela atividade do espilantol (Revilla, 2002). Um punhado de folhas e caules picados em uma xícara (café) de água deve ser tomado em jejum para tratar problemas de estômago, fígado, tosse, constipação intestinal e cálculo na bexiga (IEPA, 2000). A resina presente em suas folhas e ramos mais tenros tem propriedades odontálgicas e de ação contra cálculos da bexiga, doenças da boca, da garganta (Poltronieri et al., 1999). As oleoresinas extraídas das folhas e caules do jambu são utilizadas em pequena escala no Japão, para a elaboração de creme dental (Villachica, 1996). Na Amazônia brasileira, o chá das folhas é utilizado contra males estomacais e o xarope das folhas é usado para gripe e tuberculose; ambos são usados contra asma (Estrella,
  • 11. 1995). Para anemia e dispepsia é feito um xarope com 100 g de folhas para 900 g de açúcar. Deve-se ferver em um pouco de água até ter a consistência de um xarope. Tomar algumas colheres (de sopa) ao dia. Para doenças do fígado deve-se colocar um pequeno punhado de amor crescido (Portulaca pilosa L.) juntamente com um punhado de folhas de jambu em um litro de água. Deixar ferver por 20 minutos e deixar esfriar. Depois coar e tomar como água a mesma dosagem durante uma semana no mínimo. Para gases (estômago), devem-se colocar algumas folhas de jambu em um litro de água e deixar ferver por 15 minutos. Depois de esfriar, beber até melhorar (Vieira, 1991, 1992). A alcoolatura das flores frescas é usada contra dores de dente (Le Cointe, 1947). Usa-se a alcoolatura concentrada das flores recém-colhidas e em peso igual para álcool a 90o . Até 15g por dia. Algumas gotas bastam para debelar as dores de dente. Externamente e nas gengivas é prescrita, com vantagem, em doentes de escorbuto, a seguinte fórmula: alcoolatura de jambu e dita de cochicaria. Para uso interno é prescrito: 4 a 10 gotas de tintura de taiuiá, 20 a 30g de alcoolatura de jambu e q.b. para 150.cc de xarope antiescorbútico. Deve-se usar uma colher de sopa de hora em hora (Matta, 2003).  Outros No Japão, as oleoresinas extraídas das folhas e do caule são empregadas na composição de gomas de mascar (Villachica, 1996). _______________________________________ Informações adicionais Na Região Amazônica podem ser detectados dois tipos de plantas reconhecidas como jambu: o mais cultivado, denominado jambuassu ou botão-de-ouro, de flores amarelo-ouro e sementes cinza-escuras; o outro, conhecido como jambu-zebu, jambu-branco ou jamburana (jambuarana), de flores amarelo-claras e sementes esbranquiçadas. As denominações jambuassu e jamburana são de origem indígena; jambuassu significa “espécie de maior jambu”, do tupi assu=grande; jamburana quer dizer “planta semelhante ao jambu, do tupi rana=igual, semelhante (Cardoso & Garcia, 1997). Na avaliação popular, o valor condimentar do jambuassu é tido como superior ao do jamburana, devido ao sabor mais acentuado de suas folhas, sendo por isso mais utilizado como hortaliça. O jamburana é mais usado como planta medicinal. Os dois tipos têm sido relatados como variedades da mesma espécie, mas perduram dúvidas a este respeito (Cardoso & Garcia, 1997). A planta encerra mucilagem, matéria corante e tem como princípio ativo: espilantina (Matta, 2003), afinina, fitosterina, colina (Vieira, 1991), espilantol (amido de ácido não saturado, responsável pelo sabor picante do jambu) e azeite. Nas partes aéreas da planta foram identificadas a presença de apigenina-7-glucosido, apigenina-7-neoesperidosideo, quercitina-3-glucosídeo e rutina (Estrella, 1995). Altas doses do extrato hexânico desta planta produziram convulsões tônico-crônicas em ratos, com traçado eletroencefalográfico semelhante à epilepsia (Revilla, 2002).
  • 12. Dados sócio-culturais A espécie pertence ao orixá Oxum. Tem aplicação em obrigações de cabeça e nos abô, para a purificação dos filhos. A planta é empregada do mesmo modo como axé, nos assentamentos da deusa das águas doces (Portugal, 1987). Em Cuba é usada como um truque nas brigas de galo. Muitos afirmam que o galo cuja plumagem é untada com o sumo desta planta, não volta a ser bicado pelo outro galo que brigar porque este, depois da primeira bicada, sentirá a sensação produzida pela sumo de S. oleracea e, conseqüentemente, não bicará novamente (Roig y Mesa, 1945). Informações econômicas O Brasil tem feito pequenas exportações para o Japão (Villachica, 1996). O mercado consumidor apresenta-se em nível local, regional e nacional. O maior consumo é a varejo nos mercados e feiras, e em menor escala no atacado para empresas produtoras de complementos alimentícios e fitoterápicos (Revilla, 2001). A demanda do jambu como hortaliça deverá aumentar na região amazônica em função do esperado crescimento do setor de turismo ecológico, que vem sendo bastante incentivado. Em decorrência disso, as comidas típicas regionais são amplamente requisitadas como elemento ativo das tradições culturais da população. Com isso, o cultivo adquire maior expressão econômica e social, passando a requerer maiores estudos para melhora de seu cultivo, comercialização e conservação do produto (Cardoso & Garcia, 1997). Em Belém (Pará), por ocasião da festa religiosa tradicional de “Ciro de Nazaré”, o consumo de jambu supera o de todas as outras hortaliças comercializadas na cidade. Entretanto, não é possível estimar o volume de produção, já que o cultivo é essencialmente praticado por pequenos produtores, com a comercialização efetuada em feiras livres ou diretamente em postos populares de tacacá (Villachica, 1996). A produtividade atende à demanda local. Uma parte do produto vem do cultivo e a outra do extrativismo, principalmente no Pará onde faz parte da culinária paraense (Revilla, 2002). Tem-se uma produção de 3 toneladas/ha/ano, em peso fresco. Dependendo do trato agrícola e seleção das variedades, pode chegar a 5 toneladas em situações ideais (Revilla, 2001). O rendimento do cultivar Nazaré é de 140.000 maços/ha, ficando o volume dos maços dependente do preço do mercado varejista (Poltronieri et al., 2000). Os recursos gerados por essa cultura dependem da oferta e da demanda local. No varejo é comercializado no valor médio de R$ 0,60 o quilo. O ganho bruto pode ficar entre R$ 1.800,00 a R$ 3.000,00/ha/ano; e no atacado o valor médio vendido é por R$ 0,40 o quilo, gerando (bruto) R$ 1.200,00 a R$ 2.000,00/ha/ano. No varejo pode gerar R$ 1.500,00 a R$ 2.400,00/ha/ano. O ganho líquido anual no varejo pode ficar entre R$ 1.500,00 e R$ 2.400,00/ha/ano; e no atacado pode gerar R$ 1.000,00/ha/ano (Revilla, 2001).
  • 13. A planta pode ser comercializada inteira (Villachica, 1996), em ramos frescos, ou caules e folhas desidratadas. Agrega-se valor quando comercializada em cápsulas, tinturas, xaropes, pratos típicos e saladas (Revilla, 2001). A planta inteira com o sistema radicular é comercializada em pacotes de 200 a 300 gramas. Quando comercializada na forma de ramos também são feitos pacotes 200 a 300g. Quando a planta é comercializada inteira tem-se maior durabilidade do produto, porém deve ser comercializado até 24 horas após a colheita (Villachica, 1996). Na proximidade das festas juninas, os maços grandes de ramos que podem conter flores, alcançam altas cotações no mercado, devido a sua utilização em pratos típicos da época. O preço do maço varia muito com a época do ano (Cardoso & Garcia, 1997). Quadro resumo de usos Quadro resumo de uso de Acmella oleracea (L.) R.K. Jansen: Parte da Planta Forma Categoria de Uso Uso - - Isca Anestésico de peixes. - - Medicinal Excitante, vermicida; para inflamações oculares, dores de dente, febre, higiene bucal, afecções do aparelho digestivo e bronquite. Base de elixir odontálgico. Caule Cozido Alimento humano Acompanha diversos pratos. Caule Extrato Medicinal Analgésico, anti-inflamatório, anti-infeccioso. Para problemas do estômago, fígado, constipação intestinal e cálculo da bexiga. Caule Infusão Medicinal Analgésico, antiinflamatório, antiinfeccioso; para o fígado. Ação antiescorbútica, combate anemia, dispepsia, afecções da boca e da garganta. Caule Resina Medicinal Propriedades odontálgicas e de ação contra cálculos da bexiga, doenças da boca, da garganta. Caule Suco Medicinal Analgésico, antiinflamatório e antiinfeccioso, para o fígado. Caule Tintura Medicinal Analgésico, antiinflamatório, antiinfeccioso e para o fígado. Caule Oleo Medicinal Elaboração de creme dental. Caule Oleo Outros Goma de mascar. Flor Integral Alimento humano Os capítilos picados são misturados com outras plantas para dar um sabor especial. Flor Extrato Medicinal Para problemas do estômago, tosse, constipação intestinal e cálculo da bexiga. Flor In natura Medicinal Ação excitante, tônica, emenagoga, febrífuga, cicatrizante, anti-espasmódica e afrodisíaca. Contra problemas hepáticos e das vias respiratórias (tosse). É anestésica. Flor Infusão Medicinal Analgésico, anti-inflamatório, anti-infeccioso; sialagogo; estimulante estomático; anti-escorbútico; usada para problemas de fígado, para combater anemia, dispepsia, infecções da boca e garganta. Para problemas do estômago,
  • 14. tosse, constipação intestinal e cálculo da bexiga. Flor Suco Medicinal Analgésico, antiinflamatório, antiinfeccioso e para o fígado. Flor Tintura Medicinal Analgésico, antiinflamatório, antiinfeccioso e para o fígado. Ação excitante, tônica, emenagoga, febrífuga, cicatrizante, anti-esparmódica e afrodisíaca. Contra problemas hepáticos e das vias respiratórias (tosse). Alcoolatura para dores de dente. Flor Xarope Medicinal Analgésico, anti-inflamatório, anti-infeccioso; para o fígado, problemas do estômago, tosse, gripe, constipação intestinal e cálculo da bexiga. Folha Cozido Alimento humano Em vários pratos, com carne e em sopas. Folha In natura Alimento humano Em saladas. Folha Extrato Medicinal Analgésico, anti-inflamatório, anti-infeccioso; para o fígado. Para problemas do estômago, tosse, constipação intestinal e cálculo da bexiga. Folha In natura Medicinal Ação excitante, tônica, emenagoga, febrífuga, cicatrizante, anti-esparmódica e afrodisíaca. Contra problemas hepáticos e das vias respiratórias (tosse). Folha Infusão Medicinal Com ação anti-escorbútica, excitante, tônica, emenagoga, sialagoga, febrífuga, cicatrizante, analgésica, anti- espasmódica, anti-infecciosa, anti-inflamatória, afrodisíaca; para combater anemia, dispepsia, infecções da boca e garganta; indicado contra problemas hepáticos, das vias respiratórias, estômago, para tosse, febre, gripe. Tem propriedade anestésica. Folha Óleo Medicinal Elaboração de creme dental. Folha Resina Medicinal Propriedades odontálgicas e de ação contra cálculos da bexiga, doenças da boca, da garganta. Folha Suco Medicinal Analgésico, antiinflamatório e anti-infeccioso; para o fígado. Folha Tintura Medicinal Analgésico, antiinflamatório, antiinfeccioso e para o fígado. Ação excitante, tônica, emenagoga, febrífuga, cicatrizante, anti-esparmódica e afrodisíaca. Contra problemas hepáticos e das vias respiratórias (tosse). Folha Xarope Medicinal Ação excitante, tônica, emenagoga, febrífuga, cicatrizante, anti-esparmódica e afrodisíaca. Para problemas hepáticos e das vias respiratórias (tosse), gripe, tuberculose, anemia, dispepsia. Folha Óleo Outros Goma de mascar. Fruto Infusão Medicinal Antiescorbútica, combate anemia, dispepsia, infecções da boca e da garganta. Inteira Infusão Medicinal Anti-inflamatório, anti-infeccioso; para o fígado. Inteira Tintura Medicinal Afecções da boca e garganta; anti-escorbútica. Raiz Xarope Medicinal Gripe e antitussígeno.
  • 15. Bibliografia ALBUQUERQUE, J. M. Plantas medicinais de uso popular. Brasília: ABEAS/Ministério da educação, 1989. 96p. BERG, M.E. van den. Ver-o-peso: the ethnobotany of an amazonian market. In: PRANCE, G.T.; KALLUNKI, JA. (eds.) Ethnobotany in the neotropics. Advances in Economic Botany. Bronx: The New York Botanical Garden, 1984. v.l. p.140-149. BERG, M.E. van den; SILVA, M.H.L. Plantas medicinais do amazonas. In: SIMPÓSIO DO TRÓPICO ÚMIDO, 1., 1984, Belém. Anais... Brasília: departamento de difusão de tecnologia, 1986. v.2. BERG, M.E. van den; SILVA, M.H. L. da; SILVA, M.G. da. Plantas aromáticas da Amazônia. In: SIMPÓSIO DO TRÓPICO ÚMIDO, 1., 1984, Belém. Anais... Belém, Embrapa-CPTAU, 1986. v.6. p.95-117. (Embrapa-CPATU. Documentos, 36). BRASIL. Ministério do Meio Ambiente – MMA. Programa piloto para proteção das florestas tropicais do Brasil – PPG – 7. Projeto Reservas extrativistas. Relatório final. Brasília: MMA, 1995-1997. CARDOSO, M.O.; GARCIA, L.C. Jambu (Spilanthes oleraceae L.). In: CARDOSO, M.O. (coord.). Hortaliças não-convencionais da Amazônia. Brasília: EMBRAPA-SPI; Manaus: EMBRAPA-CPAA, 1997. CRUZ, GL Dicionário das plantas úteis do Brasil. 4.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil S.A., 1964. 599p. ESTRELLA, E. Plantas medicinales amazonicas: realidad y perspectivas. Lima: TCA, 1995. 301p. (TCA, 28). HOMMA, A.K.O. História da agricultura na Amazônia: da era pré-colombiana ao terceiro milênio. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2003. 274p. INSTITUTO DE PESQUISA CIENTÍFICA E TECNOLOGIA DO ESTADO DO AMAPÁ - IEPA. Farmácia da terra: plantas medicinais e alimentícias. Macapá: IEPA, 2000. LE COINTE, P. Árvores e plantas úteis (indígenas e aclimadas): nomes vernáculos e nomes vulgares, classificação botânica, habitat, principais aplicações e propriedades. 2.ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1947. p.506. (A Amazônia Brasileira, 3). LORENZI, H.; MATOS, F.J.A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa: Plantarum, 2002. 512p. Il.
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