2. A avaliação é uma constante em nosso dia-a-dia. Não
aquela que fazemos ou que estamos comprometidos a
fazer quando nos encontramos na Escola, mas um outro
tipo, como aquele em que avaliamos impressões e
sentimentos. (...) É assim que, nas interações cotidianas,
em casa, em nossa trajetória profissional, durante o lazer,
a avaliação sempre se faz presente e inclui um julgamento
de valor sobre nós mesmos, sobre o que estamos
fazendo, sobre o resultado de trabalhos
3. Na ação escolar, a avaliação incide sobre ações
ou sobre objetos específicos - no caso, o
aproveitamento do aluno ou nosso plano de ação.
Avaliação, portanto, não pode ser confundida,
como por vezes se faz, com o momento exclusivo
de atribuição de notas ou com momentos em que
estamos analisando e julgando o mérito do
trabalho que os alunos desenvolveram. Vale dizer
que a avaliação recai sobre inúmeros objetos, não
só sobre o rendimento escolar.
4. Avaliação, portanto, não pode ser confundida,
como por vezes se faz, com o momento exclusivo
de atribuição de notas ou com momentos em que
estamos analisando e julgando o mérito do
trabalho que os alunos desenvolveram.
Portanto, além de ser uma atividade associada
intrinsecamente à nossa experiência cotidiana, a
avaliação, quando se formaliza, é considerada de
várias maneiras.
5. A própria literatura educacional aponta diversos
tipos de avaliação; por isso há quem se refira a ela
como sendo “um casaco de várias cores”,
figuradamente, justamente para mencionar essa
variedade - desde os tipos mais conhecidos, como
avaliação da aprendizagem escolar ou do
rendimento escolar, até as modalidades de
avaliação de cursos, programas, projetos,
currículos, sistemas educacionais, políticas
públicas.
6. A avaliação tem sido colocada como o grande vilão da
Escola brasileira, da educação infantil, fundamental e
média, chegando até a Universidade. A imprensa tem
mostrado muito a questão da avaliação das universidades.
Isto acaba levando a conclusões lineares. Se se resolver o
problema da avaliação, se todos fizerem uma avaliação
bem-feita, estará resolvida a questão da qualidade do
ensino. Estas afirmações acabam fazendo parte do ideário
dos educadores e até mesmo do senso comum.
7. A avaliação deve ser melhorada sim, mas dentro do
conjunto das práticas educativas do qual ela faz parte.
Sem isto, não tem sentido trabalhar especificamente
sobre a avaliação.
LUCKESI - pedagogia do exame EM substituição à
pedagogia do ensino e da aprendizagem, da produção
do conhecimento.
Inversões – a avaliação passou a ser o centro
controlador, transformando-se em instrumento de poder
do professor. “A avaliação é uma arma na mão do
professor”, diz a professora Maria Amélia AZEVEDO.
8. Para que serve então, a avaliação. Se ela não serve aos
propósitos nem de mobilizar o aluno para que se reveja,
perceba o patamar de conhecimento onde está, nem de
mobilizar o professor para retomar o trabalho, então ela
não está cumprindo seu papel principal, que é, realmente,
diagnosticar como o aluno está e poder através desse
diagnóstico, analisado de diferentes pontos de vista,
superar o que está ocorrendo no processo ensino-
aprendizagem, no sentido de rever o que se está fazendo,
dos pontos de vista do professor, do aluno e da relação
ensino-aprendizagem. A avaliação também não está
servindo, no caso, para que o aluno tome consciência de
que isso ocorre inserido num contexto educacional como
um todo.
9. O que acontece é que os alunos se sentem
culpados pelas notas baixas e, algumas vezes, os
próprios professores costumam afirmar que se o
aluno não foi bem é porque não estudou, ou
porque não teve apoio em casa ou porque não se
concentrou nas aulas. Isto é apontado tanto pelos
alunos quanto pelos professores. E aí a questão
dos maiores resultados acaba ficando uma
questão individual do aluno.
10. Esta tem sido a tônica, a característica marcante do
processo de avaliação. O contexto como um todo não é
analisado. É claro que o fato de o aluno se interessar, estar
atento, realizar uma série de ações complementares dentro
e fora da Escola está associado e é importante para seu
desempenho. No entanto, não é o único determinante do
bom desempenho. Pensar e afirmar isto, é estar apoiando o
nosso raciocínio e a nossa conclusão em pressupostos
individualistas, ainda de corte neoliberal: o sucesso
depende do esforço individual; quem se esforça, vence,
quem não se esforça, sai-se mal. Muitas vezes, esses
pressupostos não são conscientes, não são explicitados,
mas estão embalando as afirmações e a prática
educacional. Esta mesma análise está presente na
explicação da obtenção do sucesso na sociedade. As
pessoas esforçadas são as que vencem.
11. A questão, portanto, não está exclusivamente na
avaliação. Trabalhar com avaliação é importante, no
sentido de que a entendamos vinculada a uma prática
educacional necessária para que se saiba como se está,
enquanto aluno, professor e conjunto da Escola; o que já
se conseguiu avançar, como se vai vencer o que não foi
superado e como essa prática será mobilizadora para os
alunos, para os professores, para os pais. Aí sim, vale a
pena pensar na reformulação do processo de avaliação,
juntamente com a reformulação de todo o processo da
Educação, servindo às nossas crenças, às nossas
atuações, às nossas ações do cotidiano.
12. Esforço de trabalhar simultaneamente a
mudança e a reorientação do currículo da Escola
e acentuar o trabalho todo de projetos
pedagógicos próprios das escolas, para que elas
possam estar avançando nisso.
E avançar nesse processo requer,
necessariamente, uma formação permanente e
constante dos profissionais, de todos os
envolvidos no processo de Educação. Não seria
possível, e seria também uma prática autoritária,
fazer alterações do projeto político-pedagógico,
sem uma discussão de fundo com as escolas,
com os professores, e sem acoplar a isso um
programa permanente de formação.
13. Trabalhar com avaliação é importante, no sentido
de que a entendamos vinculada a uma prática
educacional necessária para que se saiba como
se está, enquanto aluno, professor e conjunto da
Escola; o que já se conseguiu avançar, como se
vai vencer o que não foi superado e como essa
prática será mobilizadora para os alunos, para os
professores e para os pais.
14. Os modelos de avaliação decorrem de teorias
educacionais que traduzem diferentes
concepções de ser humano, de sociedade, de
processo de ensino e aprendizagem.
Modelos de avaliação
Tradicional ( não vamos abordar)
Democrático e participativo
15. para o combate acirrado contra o fracasso
escolar
Para garantir que o aluno aprenda
Para cuidar da aprendizagem
Quem cuida, não perde de vista o
objeto/ser avaliado.
Avaliação precisa ser “pedagógica”, não
instrucionista.
16. Avalia-se para garantir o direito de aprender. O aluno
precisa elaborar toda semana – este é requisito
fundamental. Em vez de ficar só escutando o
professor; tomando nota do que diz ou escreve no
quadro, copiar a apostila ou o livro didático, o aluno
deve ser levado a produzir textos próprios.
Tudo que existe em sala de aula não passa de
“material de pesquisa”, que deve ser manejado pelo
aluno na condição de sujeito, não de objeto.
17.
18.
19. O processo avaliativo parte do pressuposto de
que se defrontar com dificuldades é inerente ao
ato de aprender. Assim, o diagnóstico de
dificuldades e facilidades deve ser compreendido
não como um veredito que irá culpar ou absolver
o aluno, mas sim como uma análise da situação
escolar atual do aluno, em função das condições
de ensino que estão sendo oferecidas.
20. A principal função da forma de avaliação é
verificar o que o aluno aprendeu e tomar uma
base de decisão para aperfeiçoar
subseqüentemente o processo ensino-
aprendizagem na busca de melhores resultados.
Os resultados obtidos pelos alunos na
aprendizagem, nos mais diferentes momentos do
trabalho, estão diretamente ligados aos
procedimentos de ensino utilizados pelo
professor.
21. Três tipos de funções: diagnóstica (analítica),
formativa (controladora) e somativa
(classificatória).
A) A avaliação diagnóstica é aquela que ao se
iniciar um curso ou um período letivo, dado à
diversidade de saberes, o professor deve verificar
o conhecimento prévio dos alunos com a
finalidade de constatar os pré-requisitos
necessários de conhecimento ou habilidades
imprescindíveis de que os educandos possuem
para o preparo de novas aprendizagens.
22. “Para que a avaliação diagnóstica seja possível, é preciso
compreendê-la e realizá-la comprometida com uma
concepção pedagógica. No caso, considerarmos que ela
deva estar comprometida com uma proposta pedagógica
histórico-crítica, uma vez que esta concepção está
preocupada com a perspectiva de que o educando deverá
apropriar-se criticamente de conhecimentos e habilidades
necessárias à sua realização como sujeito crítico dentro
desta sociedade que se caracteriza pelo modo capitalista
de produção. A avaliação diagnostica não se propõe e
nem existe uma forma solta isolada. É condição de sua
existência e articulação com uma concepção pedagógica
progressista”. (Luckesi 2003, p.82)
23. Sendo realizada antes do processo, objetiva sondar se o
aluno apresenta os comportamentos necessários para que
a aprendizagem possa ser iniciada. Ocorrendo durante o
processo, será utilizada para identificar as causas das
falhas de aprendizagem e possibilitar a implementação de
recursos para corrigi-las.
Podemos observar que a avaliação diagnóstica possui três
objetivos. O primeiro, é identificar a realidade dos alunos
que irão participar do processo. O segundo, é verificar se
os alunos apresentam ou não habilidades e/ou pré-
requisitos para o processo. O terceiro propósito está
relacionado com a identificação das causas, de
dificuldades recorrentes na aprendizagem. Assim o
educando poderá rever sua ação educativa para sanar os
problemas.
24. B) A avaliação formativa é aquela com a função
controladora sendo realizada durante todo o decorrer do
período letivo, com o intuito de verificar se os alunos
estão atingindo os objetivos previstos. Logo, a avaliação
formativa visa, basicamente, avaliar se o aluno domina
gradativamente e hierarquicamente cada etapa da
aprendizagem, antes de prosseguir para uma outra etapa
subseqüente de ensino-aprendizagem, os objetivos em
questão. É através da avaliação formativa que o aluno
toma conhecimento dos seus erros e acertos e encontra
estímulo para um estudo sistemático. Essa modalidade de
avaliação é orientadora, porque orienta o estudo do aluno
ao trabalho do professor. É motivadora porque evita as
tensões causadas pelas avaliações.
25. “No modelo de avaliação formativa, a ênfase
está no aprender, gerando uma mudança em todos os
níveis educacionais: currículo, gestão escolar, organização
da sala de aula, tipos de atividades e o próprio jeito de
avaliar a turma. A avaliação formativa, prevê que os
estudantes possuem processo e rítmos de aprendizagem
diferentes”.
A avaliação formativa permite ao professor detectar e
identificar deficiências na forma de ensinar, orientando-o
na reformulação do seu trabalho didático, visando
aperfeiçoá-lo. Ela deve ser planejada em função dos
objetivos, deste modo o docente continuará seu trabalho
ou irá direcioná-lo, de modo que a maioria dos alunos
alcance os objetivos propostos.
26. Avaliar os objetivos atingidos pelos alunos e
quais os resultados que alcançaram;
Obter as evidências que descrevem os
eventos que nos
interessam
Determinar critérios conforme os níveis de
aproveitamento e diagnosticar os resultados
corrigindo as falhas do processo ensino-
aprendizagem
27. “Seja qual for a avaliação formativa tem por único
fim: reconhecer onde e em que o aluno sente
dificuldade e procurar informá-lo. Esta avaliação
não se traduz em nota, nem muito menos em
“scores”. Trata-se de um “feedback para o aluno e
para o professor”.
Landsheere (1976, p. 254)
28. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB), é determinado que a avaliação seja
contínua e cumulativa e que os aspectos
qualitativos prevaleçam sobre os quantitativos.
CAPÍTULO II – da Educação Básica
SEÇÃO I – das Disposições Gerais
29. V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes
critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno,
com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos
e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais
provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com
atraso escolar;
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante
verificação do aprendizado;
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência
paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento
escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em
seus regimentos;
30. Nesse sentido a avaliação é um meio ou
instrumento de controle da qualidade objetivando
um ensino de excelência em todos os níveis de
todos os cursos.
C) A avaliação somativa/classificatória tem por
função básica a classificação dos alunos, sendo
realizada ao final de um curso ou unidade de
ensino, classificando os alunos de acordo com os
níveis de aproveitamento previamente
estabelecidos.
No momento atual a classificação do aluno se
processa segundo o rendimento alcançado, tendo
por parâmetro os objetivos previstos.
31. Para Bloom (1983), a avaliação somativa “objetiva
avaliar de maneira geral o grau em que os
resultados mais amplos têm sido alcançados ao
longo e final de um curso”.
Essas três formas de avaliação devem ser
vinculadas ou conjugadas para se garantir a
eficiência do sistema de avaliação e a excelência
do processo ensino-aprendizagem.
32. A avaliação é um processo sistemático e
não apenas um resultado, como tal, deve
acontecer ao longo de todo o período letivo.
Desta forma, não faz sentido limitar a avaliação a
momentos especiais. Ao privilegiarmos em
demasia esses momentos, jogamos toda a luz
sobre eles, obscurecendo assim o processo
cotidiano da aprendizagem.