Paulo repreende a igreja de Corinto por distorcer a celebração da Ceia do Senhor, transformando-a em uma festa pagã. Ele explica que a Ceia foi instituída por Cristo na noite em que foi traído e deve ser celebrada em memória dele até seu retorno. Aqueles que se aproximam da mesa do Senhor de forma indigna, sem discernimento, serão julgados.
1. EXPOSIÇÃO DO TEXTO DE I CORÍNTIOS
11:23-34 - ORIENTAÇÕES DO APÓSTOLO
PAULO SOBRE A CEIA DO SENHOR
Prof. Presb. Augusto Brayner
2. EXORTAÇÃO DE PAULO A IGREJA
• V. 17,- Apesar de em muitos sentidos o apóstolo está satisfeito com a igreja
de Corinto, quanto a participação dos irmãos na Ceia e em outras práticas
de culto, ele tinha que os repreender (cf. I Co. 14). A reunião da igreja para a
Ceia não estava sendo motivo de melhora, mas levava muitos a sua própria
condenação. Isso nos faz concluir que nem todo ajuntamento da igreja é
agradável ao Senhor.
• V.18 – Paulo recebeu informações seguras que a igreja estava dividida.
Havia arrogância e vaidade entre os irmãos e isso chegava até o momento
da ceia. Quando ele fala que “em parte, o creio” não quer evidenciar dúvida
sobre a informação, mas Paulo está dando uma possibilidade de ouvir a
versão deles (Calvino, p. 343).
• V. 19 – O problema da divisão da igreja é exposto pelo apóstolo como
“partidos”, “divergências”. As heresias espalhadas na igreja haviam dividido
os irmãos, mas Paulo diz que isso seria necessário, pois Deus iria reverter
algo que aparentemente era mal em bem. Dessa forma, os fiéis seriam mais
claramente evidenciados em meio aos hereges.
3. O PROBLEMA NA CELEBRAÇÃO DA CEIA
• V.20 – A simples reunião da igreja não estava sendo aceita como verdadeira
celebração da Ceia do Senhor. Ainda permanecia sendo uma ceia, mas não
do Senhor (Leon Morris, p. 127).
• V. 21,22 – Pouco tempo após Paulo haver saído de Corinto a igreja já estava
mergulhada em uma heresia aceita como tradição. A revelação dada por
Paulo já havia sido substituída por outra. Provavelmente, como afirmam
Crisóstomo e Tertuliano, a igreja estava celebrando a ceia como uma festa
pagã chamada “festa do amor” (agape). No início, essa festa era celebrada
com os ricos levando comidas e dividindo-as com os pobres, mas com o
passar do tempo só eles comiam, em virtude dos escravos chegarem
sempre atrasados. Assim começou a haver uma humilhação pública dos
pobres que ficavam com fome, enquanto os ricos se embriagavam e se
empanturravam de tanto comer.
4. O PROBLEMA NA CELEBRAÇÃO DA CEIA
• V. 22 – O sentido da Ceia fora perdido. A igreja sempre se reunia para
cultuar ao Senhor com orações, cânticos, pregação da Palavra e ministração
dos sacramentos, mas os Corintos haviam profanado o sacramento o
transformando em festa (Calvino, p. 349). Eles deviam separar o momento
de culto das demais comemorações. Eles não estavam distorcendo o ensino
dos apóstolos, por isso, Paulo afirma que não tinha como elogia-los nisso.
• Então, qual seria a forma correta de ministrar a Ceia do Senhor? Paulo
começa a mostrar a igreja mais uma vez.
5. A CEIA DO SENHOR
• V.23 – O apóstolo evidencia que a única fonte de autoridade da igreja é a
revelação divina. Enquanto, os corintos haviam pervertido o sacramento
com ensinamentos humanos, Paulo reforça que seu ensinamento vem
diretamente do Senhor.
• V.23 – A noite em que foi traído, traz a indicação de que o momento
designado pelo Senhor para celebração da Ceia era o de maior angústia, o
dia no qual ele se entregaria por amor aos eleitos. Jesus institui a Ceia
pouco tempo antes de sua morte para que os apóstolos não esperassem
muito até verem o corpo e o sangue sendo esntregues (Calvino, p. 351).
• V. 24 – A atitude de dar graças não diz respeito apenas a provisão material
do pão e vinho, mas a uma benção espiritual superior revelada no momento
que o Deus Justo e Santo entrega seu filho por amor de alguns pecadores
miseráveis. Isso nos ensina como devemos sempre nos aproximar em
gratidão a mesa do Senhor.
6. A CEIA DO SENHOR
• V. 24,25 – Isto é o meu corpo – Paulo não repete as palavras de Cristo para
dizer que o pão é literalmente o corpo de Cristo (este está no céu e limitado
a ele – At. 2:33-36, cf Credo Apostólico), mas o pão e o vinho são símbolos
da obra de Cristo na cruz (vide uma estátua de um nobre homem).
• Doutrina da Transubstanciação ou Consubstanciação: “Tomai e comei” não
está presente nos manuscritos mais antigos, e mesmo que estivessem não
defendem a ideia do corpo e sangue literal como querem os romanos e os
luteranos. Além disso, no versículo seguinte, o cálice não é “o meu sangue”,
mas a nova aliança “no meu sangue”.
• Em Memória de Mim – Não podemos pensar nessa expressão de forma tão
vazia como Zwinglio, apenas um memorial, mas aqui vemos a presença
espiritual de Cristo nos elementos da Ceia. A extensão do seu mandamento
é até que ele volte.
• Quando Paulo fala sobre o cálice afirma ser esse a confirmação de uma
nova aliança (renovada), assim como o corpo também o é (dado por vós =
aliança). Aqui temos Jesus não apenas alimentando a igreja espiritualmente,
mas relembrando-a que o seu resgate é alicerçado por uma aliança entre
Deus e o homem, mas cumprida apenas por Ele.
7. A CEIA DO SENHOR
• V. 26 - “anunciais a morte de Cristo até que ele venha” – A Ceia além de nos
beneficiar com o alimento espiritual e com a presença de Cristo nos lembrando
da sua promessa, também anuncia para o mundo que ele voltará.
• V. 27 – Comer e beber indignamente não está relacionado com a capacidade do
homem de se achegar a mesa do Senhor, mas sua rejeição obstinada e
contínua a obra de Cristo o torna indigno. Enquanto que um outro pecador
verdadeiramente arrependido e cheio de fé é recebido como digno.
• V. 28 – O verbo utilizado no original traduzido por “examinar-se” tem o sentido
de testar o metal. O homem precisa se auto-examinar (diferente da confissão
auricular) para que se aproxime dignamente e não entre na condenação do
verso anterior.
• V.29 – A falta de discernimento, separação entre uma refeição comum e a Ceia,
traria juízo (não se trata de condenação eterna – cf. Calvino e Leon Morris) para
os que se aproximassem da mesa.
8. A CEIA DO SENHOR
• v.30 – Paulo explica aos corintos o motivo de muitos estarem doentes e até
morrerem. O Senhor estava exercitando o castigo sobre os seus filhos.
• v. 31 ele coloca uma possibilidade do homem julgar-se a si mesmo, mas
uma melhor tradução seria “ o homem deve discernir entre o que ele é e o
que realmente deveria ser.”
• V. 32 – Como os corintos não o faziam conforme indicado no verso anterior,
então o Senhor os fez discernir “a força”, com um intuito, não serem
condenados com o mundo. Ele nos chama ao caminho reto para que os
seus não se percam.
• V.33 - 34 – Paulo finaliza suas orientações quanto a Ceia falando sobre o
modo correto de celebrarem em comunhão (todos os irmãos juntos), de
forma ordeira e solene, como exige o sacramento.