3. Texto Básico: I Coríntios 6.1-20 Ousa algum de vós, tendo algum negócio contra outro, ir a juízo perante os injustos, e não perante os santos? Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida? Então, se tiverdes negócios em juízo, pertencentes a esta vida, pondes para julgá-los os que são de menos estima na igreja? Para vos envergonhar o digo. Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos? Mas o irmão vai a juízo com o irmão, e isto perante infiéis. Na verdade é já realmente uma falta entre vós, terdes demandas uns contra os outros. Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não sofreis antes o dano? Mas vós mesmos fazeis a injustiça e fazeis o dano, e isto aos irmãos. Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.
4. E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus. Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma. Os alimentos são para o estômago e o estômago para os alimentos; Deus, porém, aniquilará tanto um como os outros. Mas o corpo não é para a prostituição, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo. Ora, Deus, que também ressuscitou o Senhor, nos ressuscitará a nós pelo seu poder. Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo, e fá-los-ei membros de uma meretriz? Não, por certo. Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque serão, disse, dois numa só carne. Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito. Fugi da prostituição. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo. Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.
5. Objetivo Decidir viver segundo os padrões espirituais e éticos do reino de Deus.
6. Introdução A Bíblia ensina, especialmente no Novo Testamento, o princípio da separação entre a igreja e o Estado. Jesus disse: Daí, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus (Mt 22.21). César representa o governo civil e Deus o governo espiritual ou a igreja. Cada um deles tem a sua própria esfera de autoridade e todos estão sob a autoridade soberana de Deus. O governo civil existe para promover o bem e a justiça social, na aplicação da lei, na cobrança de impostos e na manutenção da ordem (Rm 13.1-7). A igreja exerce a sua autoridade com a pregação da Palavra, na administração dos sacramentos e na prática da ética cristã (Mt 16.19).
7. “A lição que este princípio ensina é que a igreja está no mundo, mas que ela não pertence ao mundo. Por isso o povo de Deus deve viver segundo os padrões espirituais e éticos do reino de Deus.”
8. 1. Sujeira se Lava em Casa (vv.1-8). Diz o ditado popular: “Roupa suja se lava em casa”. A lição do ditado é: há certos assuntos e problemas que não devem ser tratados publicamente, mas intimamente. Em Corinto, os litígios entre os irmãos, ao invés de serem tratados no âmbito da igreja, eram levados aos tribunais seculares: Aventura-se algum de vós, tendo questão contra outro, a submetê-lo a juízo perante os injustos e não perante os santos? (v.1). Este versículo nos revela três verdades importantes. Primeira, a igreja não é um lugar perfeito. Os crentes não são perfeitos e brigam entre si gerando muitas contendas. O fato de Deus habitar na igreja e no cristão não impede as contendas entre irmãos.
9. Segunda, várias contendas que acontecem entre irmãos na igreja são graves e precisam ser julgadas por um tribunal eclesiástico. As faltas graves cometidas na igreja devem ser resolvidas no âmbito eclesiástico. Terceira, toda contenda entre irmãos na igreja, por mais grave que seja, não deve ser julgada por tribunais compostos por incrédulos. Paulo apresenta cinco razões para que as contendas da igreja não sejam julgadas pelos tribunais do mundo:
10. Razão teológica ou escatológica:Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deverá ser julgado por vós, sois, acaso, indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos? Quanto mais as coisas desta vida! (vv.2,3). Se um dia os santos vão julgar o mundo e os anjos, por que eles não podiam resolver as pequenas brigas existentes entre eles? Mt 19.28; 1Ts 3.13. Razão espiritual:Entretanto, vós, quando tendes a julgar negócios terrenos, constituís um tribunal daqueles que não têm nenhuma aceitação na igreja (v.4). Homens mundanos não têm autoridade espiritual e nem referencial ético para julgar assuntos na igreja.
11. Razão do testemunho cristão:Para vergonha vo-lo digo. Não há, porventura, nem ao menos um sábio entre vós, que possa julgar no meio da irmandade? (v.5). É uma vergonha para a igreja ou um escândalo espiritual quando os assuntos éticos da igreja são conhecidos e julgados pelos ímpios. A igreja deve identificar e julgar os seus erros internos. Razão legal:Mas irá um irmão a juízo contra outro irmão, e isto perante incrédulos! (v.6). Irmãos ofendidos não devem entrar em juízo contra os seus irmãos ofensores. O fórum onde as questões espirituais e éticas da igreja devem ser julgadas não é o magistrado civil.
12. Razão do crescimento espiritual:O só existir entre vós demandas já é completa derrota para vós outros. Por que não sofreis, antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano? Mas vós mesmos fazeis a injustiça e fazeis o dano, e isto aos próprios irmãos! (vv.7,8). Primeiro, o só existir a contenda já revela derrota ou imaturidade espiritual. Segundo, irmãos ofendidos precisam aprender a sofrer a injustiça e o dano. Esta é uma maneira de crescer espiritualmente. O amor não faz mal ao irmão (Rm 13.10).
13. 2. Vocês já Foram Lavados (vv.9-11) Paulo lembra um aspecto fundamental da doutrina da salvação: os injustos não herdarão o reino dos céus: Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? (v.9). O justo salário do pecado é a morte (Rm 6.23). E aqueles que são injustos jamais serão membros da verdadeira igreja na terra e nem tampouco serão admitidos no céu (Ap 21.8). Paulo passa a especificar vários tipos de pecadores com suas práticas específicas que ficarão fora do reino de Deus. São dez: (1) Impuros: significa qualquer forma de perversão sexual, imoralidade e fornicação – 1Co 5.1. (2) Idólatras: trata da imoralidade sexual ligada ao culto pagão da época. (3) Adúlteros: aqueles que violam a aliança do matrimônio através da prática sexual.
14. (4) Efeminados: literalmente “macios” ou “suaves”, isto é, aqueles que perderam a sua virilidade masculina. É o homossexual passivo. (5) Sodomitas: é o termo usado para descrever os homossexuais ativos, os parceiros dos efeminados. (6) Ladrões: são aqueles que têm a mania de furtar – cleptomaníacos. (7) Avarentos: são os gananciosos ou ávidos por dinheiro ou lucro. (8) Bêbados: significa aqueles que se entregam à bebida de uma maneira incontrolável. (9) Maldizentes: é alguém que injuria outros – Mt 5.22. (10) Roubadores: são os ladrões de qualquer tipo ou forma. Aqueles que roubam de forma pensada e ostensiva.
15. 3. Mantenham-se Limpos (v.13-20) A última parte do capítulo é uma advertência contra a impureza sexual ou a fornicação. Paulo inicia dizendo: Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas (v.12). John Piper diz que este verso apresenta as duas leis que regem a vida de um cristão: a lei do amor e a lei da liberdade. A primeira, faz com que abramos mão da nossa vontade, visando a edificação do outro (1Co 10.23,24). O amor edifica (1Co 8.1) e não se conduz inconvenientemente (1Co 13.5). A segunda, faz com que não sejamos mais escravos de nada. Somos livres! A lei da liberdade é a vida dirigida e controlada pelo Espírito Santo (Rm 8.2). Agostinho disse: “Ame a Deus e faça o que quiser”. Razões para a santificação do corpo: