A retomada do “voto de cabresto” e a constante alienação política no Amapá
1. Pré-projeto:
A retomada do “voto de cabresto” e a constante
alienação política no Amapá
Universidade Federal do Amapá
Macapá, 14 de dezembro, 2010
Isabella Costa Araujo Carneiro
Professora: Karla Cristina
Disciplina: Metodologia Científica
Turma: Bacharelado em História 2010.2
2. Introdução [1/3]
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O tema desta pesquisa apresenta uma metáfora que nos remonta ao
início do período republicano no Brasil (fim do século XIX e começo do século
XX), em que vigorou um sistema popularmente conhecido como coronelismo. A
partir dessa comparação, a proposta desta pesquisa é analisar, compreender e
buscar soluções para a atual crise de consciência política existente no Amapá.
Uma das principais características do coronelismo diz respeito ao
“voto de cabresto”, ocorrido na República Velha (1989-1930). O sistema eleitoral
era muito frágil e fácil de ser manipulado. Os coronéis compravam votos para
seus candidatos ou trocavam votos por bens materiais (pares de sapato, óculos,
alimentos, materiais de construção, etc). Como o voto era aberto, os coronéis
mandavam capangas para os locais de votação, com objetivo de intimidar os
eleitores e ganhar votos. As regiões controladas politicamente pelos coronéis
eram conhecidas como currais eleitorais.
Tema: Ideologia política: a retomada do “voto de cabresto” e a
constante alienação política no Amapá.
3. 3
Introdução [2/3]
Segundo Leal:
O “coronelismo” é sobretudo um compromisso, uma troca de proveitos
entre o poder público, progressivamente fortalecido, a decadente influência social dos
chefes locais, notadamente dos senhores de terras [...] Desse compromisso
fundamental resultam as características secundárias do sistema “coronelista”, como
sejam, entre outras, o mandonismo, o filhotismo, o falseamento do voto, a
desorganização dos serviços públicos locais. (LEAL, Victor Nunes, 1975, p. 20)
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Introdução [3/3]
O presente trabalho pretende abordar a herança
coronelística no Estado do Amapá relacionando-a com:
compra e venda de votos, clientelismo, filhotismo,
mandonismo, subordinação, sujeição, conformismo e falta de
ética, características secundárias do sistema coronelista, no
entanto permanecem explicitamente atuais.
5. Problematização
5
Como se aplica a ideologia política sob o
prisma do processo de assujeitamento e sua
reversão na sociedade de Macapá?
6. Justificativa
6
Existem poucos livros a respeito da cultura e ideologia política
predominantes no Amapá. É ainda mais escassa a publicação de
trabalhos científicos com relatos sobre infrações eleitorais no
Estado, pois é um trabalho que requer tempo para investigação e
coragem para a divulgação, haja vista que pode haver
perseguições e retaliações dos acusados, como confessa Manoel
Pastana que trabalhou diretamente na investigação de crimes
eleitorais no Amapá (2010, p. 375), “Durante os quatro anos que
passei no Amapá estive sob ameaça de morte e precisei andar
com seguranças. Alguns amigos preocupados comigo
perguntavam se não tinha medo de morrer, diante do trabalho
perigoso que fazia”.
Esta pesquisa, portanto, visa descrever e interpretar a conduta
social em Macapá no que diz respeito ao valor dado ao sufrágio
universal. Haja vista que as eleições têm sido reflexo da
deficiência política que aflige a cidade, uma vez que é perceptível
o conformismo de grande parcela da população em relação à
corrupção eleitoral.
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Objetivos [1/2]
Objetivo Geral
Pesquisar a história política da sociedade
macapaense buscando compreender a visão política
social. Para tanto, faz-se necessário investigar a
opinião e o comportamento dos universitários e
acadêmicos, além de analisar a vivência da
sociedade em geral, com ênfase nos bairros
periféricos, que são os mais atingidos pelo “voto de
cabresto”, devido a situação paupérrima e a falta de
educação de qualidade, além da falta de
oportunidades de desenvolvimento profissional, entre
outros motivos.
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Objetivos [2/2]
Objetivos específicos
Pesquisar por que ocorre o assujeitamento
social aos crimes eleitorais.
Descobrir possíveis soluções à atual situação
de constantes infrações eleitorais na cidade.
Buscar soluções que tornem a campanha
eleitoral mais justa.
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Hipóteses
a) Processo de conscientização política mediante a melhoria
na Educação;
b) A implantação de uma disciplina sobre “História Política do
Amapá” na educação básica;
c) Implementar políticas públicas que visem erradicar o
desemprego e a pobreza, que são fortes fatores para a
retomada do “voto de cabresto”;
d) A influência familiar e escolar no processo de consciência
política da nova geração.
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Metodologia
Trata-se de uma pesquisa aplicada que objetiva gerar
conhecimentos e encontrar soluções para a crise política no
Amapá.
Pesquisa bibliográfica: a princípio, será realizada a leitura
dos livros e periódicos científicos que contém uma visão da
história política, econômica e espacial do Amapá.
Pesquisa documental: também será realizada a leitura e
interpretação de documentos disponíveis sobre corrupção no
Amapá.
Estudo de campo: Será realizada entrevistas e
questionários a universitários, trabalhadores, jovens e
moradores de bairros centrais e periféricos para analisar como
cada pessoa pensa e vive a política no estado, levando em
consideração as peculiaridades e contexto social de cada um.
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Cronograma
Atividades AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO
Levantamento
de Literatura X
Montagem do
Projeto X
Coleta de
dados X
Tratamento
dos dados X
Revisão do
texto X
Entrega do
trabalho X
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Referências
Material jornalístico variado (reportagens, jornal
impresso, notícias), utilizado como fonte de
divulgação dos diversos casos de corrupção
ocorridos no Amapá ao longo dos anos.
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Referências
O livro: “De Faxineiro a Procurador da
República”, escrito por Manoel Pastana,
membro do Ministério Público Federal
(MPF) que relata - do capítulo 28 a 33 -
casos de corrupção eleitoral vivenciadas
por ele no Estado do Amapá em 2002
enquanto trabalhava como Procurador
Eleitoral e Procurador-Chefe da
Procuradoria da República do Amapá.
14. Referências
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BEISIEGEL, Celso de Rui. Política e Educação Popular. São Paulo: Ática,
1982.
CARVALHO, José Murilo. Os bestializados. São Paulo: Companhia das Letras,
2004.
JANOTTI, Maria de Lourdes Mônaco. O Coronelismo: uma política de
compromissos. São Paulo: Brasiliense, 1992.
LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime
representativo no Brasil. São Paulo:Alfa-Ômega, 1975.
MORAIS, Paulo Dias. História do Amapá: o passado é o espelho do presente.
Macapá: JM Gráfica, 2009.
PASTANA, Manoel do Socorro Tavares. De Faxineiro a Procurador da
República. Porto Alegre: Pastana, 2010.