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A Coerência Textual
II – PRÉ-REQUISITOS: Ler compreensivamente
III – META: Ao concluir o estudo deste roteiro, o aluno deverá ser capaz de:
• Conceituar coerência textual
• Identificar características que apontam para um texto coerente/incoerente
IV – ATIVIDADES DE ESTUDO: Ler com entendimento é pré-requisito para se aprender
qualquer coisa através da leitura. Portanto, faça o seguinte:
1. Tenha um dicionário de Português ao seu alcance para consultá-lo sobre as palavras que
você desconhece o sentido.
2. Leia sem pressa. Procure um lugar sossegado para ler os textos e fazer os exercícios.
Lembre-se: a pressa é inimiga da perfeição! Aquilo que você entender, jamais esquecerá!
3. Leia primeiro os textos; faça os exercícios logo em seguida, seguindo a ordem dos
Anexos; compare suas respostas com o gabarito; veja o que errou e retorne ao texto para
verificar o porquê do erro.
V – PÓS-AVALIAÇÃO: Após ter feito a leitura compreensiva dos textos e feitos os
exercícios, responda às questões da avaliação proposta na Pré-Avaliação. Creio que agora
você acertará todas. Caso isso não aconteça, consulte as orientações dadas nas Atividades
Suplementares.
VI – ATIVIDADES SUPLEMENTARES: Se você não conseguiu alcançar 80% de acerto na
Pós-Avaliação, não desanime. Volte à leitura dos textos. Sem pressa. Tenha ao seu lado um
dicionário para consultar o significado de algumas palavras que você não conhece. O
dicionário não é o “pai dos burros” e sim, dos inteligentes, pois são os inteligentes que não
perdem tempo (e nem dinheiro!). A leitura com entendimento é a base da aprendizagem.
A COERÊNCIA TEXTUAL
Antes de quebrarmos a cabeça tentando entender do que trata o titulo acima, vamos
recorrer ao bom e útil dicionário da língua portuguesa para encontrar uma pista. Segundo o
Mini Aurélio (6ª Edição revista e atualizada, 2005) registra:
1. Coerência: qualidade, estado ou atitude de coerente. Harmonia entre ideias ou
acontecimentos.
2. Coerente: em que há coesão, ligação ou adesão recíproca. Que procede com lógica.
3. Coesão: união íntima das partes com o todo. Conexão, concordância, união.
4. Coeso: ligado ou unido por coesão.
Podemos chegar à conclusão que “coerência” significa “não cair em contradição”. O
texto abaixo explica claramente o que vem a ser isso.
“Nunca se percebe num texto sua coerência, até o momento em que ele é perdida.
Qualquer incoerência se sobressai, ao passo que uma série de elementos bem ajustados e
harmoniosos muitas vezes não são notados, dando a impressão de que construir a unidade
de um texto é algo automático, que vem com a simples escolha das palavras.” (…)
“Mas há variadas ocasiões em que cometemos incoerência sem a intenção de fazê-lo,
pois quando o autor escreve não se dá conta, muitas vezes, das suas contradições. Pode
haver incoerência, por exemplo, na escolha de figuras para dar suporte a um tema; é o que
acontece quando selecionamos exemplificações para idéias que estamos expondo. Para
evitar contradições deve-se perguntar: o exemplo que estou sugerindo é, de fato, compatível
com a ideia que acabei de expor?” (…)
“A coerência de um texto também ficará prejudicada se, na figurativização, ao se narrar
um determinado fato, não forem respeitados dados de cronologia, posicionamento
geográfico e acontecimentos históricos. Igualmente é a “falta de lógica” que pode decorrer
tanto desse descuido mencionado, como da atitude de ignorar as reais capacidades dos
personagens citados, como no exemplo a seguir:
Oito horas da manhã. Um veículo cruza, em alta velocidade, a avenida Rebouças, em
São Paulo, transportando o malote que seria embarcado para uma filial, no voo que partiria
quinze minutos depois, do aeroporto de Guarulhos. Seus ocupantes também estavam de
posse de um cheque que pretendiam descontar antes de apresentarem-se no guichê da
companhia aérea, pois havia algumas despesas a pagar(…)
Sem problemas de construçao na parte sintática, o texto acima poderia convencer, se
não fosse por uma estrita consideração de coerência. De fato, quem conhece (a cidade de)
São Paulo sabe que no horário mencionado (8h), a Avenida Rebouças já apresenta um
tráfego altamente congestionado, provocando lentidão no movimento dos veículos. Seria,
portanto, impossível, percorrê-lo em alta velocidade. O mesmo fato torna humanamente
impossível, (mesmo admitindo-se que não houvesse o congestionamento habitual) que o
deslocamento para o aeroporto de Guarulhos pudesse ser feito em quinze minutos.
O narrador também não computou o tempo de estacionar diante do saguão, dirigir-se ao
guichê de despachos, etc, operações que levam muito tempo, talvez mais de uma hora ou
uma hora e meia. Além do mais, nenhum banco está aberto, em qualquer parte do país,
antes das nove ou dez horas da manhã e seria, por isso, impossível descontar o cheque, a
menos que um dos ocupantes o fizesse num posto de gasolina. Mas isto pressuporia, no
caso que parece ser o do texto (cheque de terceiros), que o interessado tivesse crédito
suficiente para isso junto à administração do posto. Mesmo assim, este procedimento nada
faria em benefício da economia de tempo, naquele momento criticamente necessária.
Nota-se, portanto, que nem sempre as dificuldades que a construção de
textos apresentam são de natureza puramente linguísticas. Sabemos da complexidade do
manejo sintático de uma língua como a portuguesa; não basta, porém, concentrar os
esforços unicamente na tarefa de transpor essa barreira. É necessário analisar a escrita que
se está produzindo, sob os dois planos indispensáveis para a sua construção: o da
expressão e o do conteúdo, dando-lhes igual importância e atenção.”
(Furtado, Elza/Contani, Miguel L. Redação Passo a Passo. 2001, Londrina-PR)
Pela leitura do texto, pode-se concluir que é mais fácil descobrir um texto incoerente
do que perceber a sua coerência. Será que é porque estamos mais treinados a descobrir as
imperfeições existentes à nossa volta? E o que nos chama a atenção é justamente o que
não segue os padrões a que estamos acostumados?
Concluímos que para descobrir se um texto tem coerência, basta que procuremos
algo dentro dele que não siga uma sequência lógica dos fatos expostos. Caso encontremos
algo que não “diz coisa com coisa”, certamente estaremos diante de um caso de incoerência
textual. Podemos dizer que esse assunto apresenta-se como uma moeda de duas faces: a
coerência versus a incoerência. Ou o texto é coerente ou incoerente, dependendo de como
ele foi escrito e das ideias contidas nele.
Após a leitura do texto acima vamos aos exercícios:
1. Os textos seguintes apresentam algumas incoerências. Identifique-as e explique o porquê
da incoerência:
a) A ciência já demonstrou que o consumo exagerado de bebidas alcoólicas é
extremamente prejudicial à saúde. Adolescentes, aos dezesseis anos, ainda não têm
maturidade suficiente para avaliar os malefícios que o consumo imoderado de bebidas
alcoólicas lhes poderá causar. Além disso, nessa idade, gostam de novidades e, como
muitas vezes são tímidos, utilizam-se de bebidas alcoólicas para ficar extrovertidos sem
pensar nas conseqüências nefastas desse tipo de atitude. Por esses motivos, a lei que
proíbe a venda de bebidas alcoólicas para menores de dezoito anos deveria ser revogada.
b) A reunião para o acerto da venda das ações ocorreu num jantar, em um elegante e caro
restaurante, que era o preferido dos altos executivos de empresas do ramo de
telecomunicações. Enquanto os empresários, em voz baixa, selavam o acordo, um grupo
musical cantava música sertaneja e pagode. Na mesa ao lado, crianças comemoravam um
aniversário, deliciando-se com os hambúrgueres servidos e as batatas fritas, sobre as quais
colocavam bastanteKetchup.
c) Machado de Assis é, sem dúvida, um dos maiores escritores brasileiros, pois sua obra
não só enfoca a vida urbana do Rio de Janeiro, como também tem por cenário outras
regiões do pais. É o que se pode observar em seus romances regionais.
Gabarito
a) A incoerência se apresenta no último período do texto: “… a lei que proíbe a venda de
bebidas alcoólicas para menores de dezoito anos deveria ser revogada”. A ideia exposta
anteriormente, no texto, demonstra que o uso de bebida alcoólica é prejudicial à saúde. Se o
uso produz malefícios, a lei existente que proíbe o uso deve ser confirmada e não
REVOGADA, pois o significado desta palavra é: deixar de vigorar, de ter efeito, de ser
válida, anular.
b) A incoerência existente no texto é de natureza dos fatos. Um restaurante elegante e
caro até poderia alugar sua área para uma animada festa de aniversário com grupo musical
tocando música do tipo mencionado, mas com certeza não o faria no mesmo dia e hora em
que houvessem outros freqüentadores não convidados, como os empresários citados.
c) A incoerência existente é a respeito da informação sobre a obra produzida por
Machado de Assis. O cenário de seus romances são sempre urbanos, na sua maioria,
localizados na região do Rio de Janeiro. Ele não escreveu romances regionais. Quem
escreveu romances regionais foi José de Alencar.
ANEXO B –
O TEXTO: Uma Unidade de sentido.
“Produzimos textos porque pretendemos informar, divertir, explicar, convencer,
discordar, ordenar, etc., ou seja, o texto é uma unidade de significado produzida sempre
com uma determinada intenção.
Assim como a frase não é uma simples sucessão de palavras, o texto também não é
uma simples sucessão de frases, mas um todo organizado capaz de estabelecer contato
com nossos interlocutores, influindo sobre eles.
O sentido do texto decorre de um mecanismo de articulação. Ao pensar em
articulação, devemos perceber o texto como uma estrutura em que há diversos segmentos,
todos relacionados uns com os outros. Essa relações se estabelecem em dois planos: o do
conteúdo (ideias) e o da amarração (relações lingüísticas). (…)
O encadeamento de idéias pressupõe que não deve haver contradição entre os
diversos segmentos textuais: cada um deles é pressuposto do seguinte, que por sua vez,
será pressuposto para os que o sucederem, formando uma cadeia em que todos estejam
harmonicamente concatenados. Quando isso ocorre, dizemos que o texto é coerente. Se
houver quebra nessa concatenação ou um segmento textual estiver em contradição com um
anterior, o texto perde a coerência.
(livro “Português – de olho no mundo do trabalho” Vol. Único para o Ensino Médio, de Ernani Terra e José de Nicola).
. . . . . . . . . . .
A coerência é também resultante da adequação entre o que se diz e o contexto
extraverbal (aquilo a que o texto faz referência, que precisa ser conhecido pelo interlocutor).
. . . . . . . . . . .
Por outro lado, a coerência tem que ver com o tipo de texto e a sua produção.
Podemos, então falar de uma coerência argumentativa, uma coerência narrativa e
uma coerência descritiva.
1. Coerência argumentativa
Nos textos argumentativos, apresentamos dados, opiniões, exemplos, a fim de
defender uma determinada ideia ou questionar determinado assunto. Nesse caso, a
coerência se dá pela apresentação concatenada da ideia que será defendida, dos
argumentos que sustentam essa idéia e do remate dado pela conclusão. Tudo isso por meio
de uma sequência lógica e um dialogo interno entre a ideia a ser defendida, os exemplos
em que se apóia a argumentação e a própria conclusão. Tal conformidade interna torna o
texto argumentativo coerente e, claro, não contraditório.
Na produção de textos argumentativos, muitas vezes discutimos assuntos polêmicos,
como a pena de morte e a legalização do aborto, em que estão presentes convicções de
natureza ética e religiosa que variam de indivíduo para indivíduo. Portanto, qualquer que
seja a tese defendida, sempre haverá pessoas que discordarão. O que importa nesse caso
não é a tese em si, como vimos, as pessoas têm – felizmente – opiniões diferentes sobre
um mesmo tema, mas a coerência textual, ou seja, a argumentação deve estar em
conformidade com a tese, e a conclusão deve ser uma decorrência lógica da
argumentação.”
Exemplo de texto com coerência argumentativa.
Início do Sermão de Santo Antonio ou dos Peixes pregado pelo Padre Antonio Vieira,
no ano de 1654, na cidade de São Luís do Maranhão.
“Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e
chama-lhes sal da terra porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é
impedir a corrupção, mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo
tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser, a causa desta corrupção? Ou
é porque o sal não salga ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga
e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e
os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque
o sal não salga e os pregadores dizem uma coisa e fazem outra; ou porque a terra se não
deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que (a) fazer o que dizem.
Ou é porque o sal não salga e os pregadores se pregam a si, e não a Cristo; ou porque a
terra se não deixa salgar e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem (a)os seus
apetites. Não é tudo isso verdade? Ainda mal!
Suposto, pois, que, ou o sal não salgue ou a terra se não deixe salgar, que se há de
fazer a este sal e que se há de fazer a esta terra? O que se há de fazer ao sal que não
salga, Cristo o disse logo: “Quod si sal evanuerit, in quo salietur? Ad nihilum valet ultra, nisi
ut mittatur foras, et conculcetur ab hominibus.” Se o sal perder a substância e a virtude, e o
pregador faltar à doutrina e ao exemplo, o que se lhe há de fazer é lançá-lo fora como inútil
para que seja pisado de(por) todos. Quem se atrevera a dizer a tal coisa, se o mesmo Cristo
a não pronunciara? Assim como não há quem seja mais digno de reverência e de ser posto
sobre a cabeça que o pregador, que ensina e faz o que deve; assim é merecedor de todo o
desprezo, e de ser metido debaixo dos pés, o que com a palavra, ou com a vida prega o
contrário.”
Comentário sobre a coerência existente no texto.
Padre Antonio Vieira é considerado o maior dos pregadores sacros da língua
portuguesa. O sermão do qual nos valemos para ilustrar o assunto sobre coerência textual,
é de uma beleza literária como poucos existem em português. Vamos à análise:
O texto inicia com uma frase dita por Jesus para seus discípulos que se encontra no
Evangelho de Mateus 5:13: “Vós sois o sal da terra”. Essa é a tese que o escritor vai
desenvolver ao longo do seu discurso.
Primeiro ele esclarece porque Jesus chamou seus discípulos de sal da terra: porque
o Senhor quer que os discípulos tenham o mesmo poder do sal, isto é, evitar que as
pessoas “apodreçam”, se corrompam, se tornem pecadoras contumazes. Em seguida, ele
aponta para uma realidade crua na época, (que também pode ser vista nos dias de hoje).
Apesar de haver tanto sal espalhado na terra (os pregadores e os discípulos cristãos) a
terra, isto é, as pessoas continuam corruptas. Faz então uma pergunta: por que havendo
tantos pregadores há ainda tanta corrupção?
A partir deste ponto, o escritor passa a enumerar as possíveis causas da ineficácia do
combate à corrupção:
1. Ou é porque o sal não salga ou porque a terra se não deixa salgar.
2. Ou é porque o sal não salga e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina;
3. ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que
lhes dão, a não querem receber.
4. Ou é porque o sal não salga e os pregadores dizem uma coisa e fazem outra;
5. ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles
fazem, que (a) fazer o que dizem.
6. Ou é porque o sal não salga e os pregadores se pregam a si, e não a Cristo;
7. ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, em vez de servir a Cristo,
servem (a)os seus apetites.
Após enumerar as possíveis causas da ineficácia do sal, o escritor faz outra pergunta: o
que se deve fazer com o sal que não salga e a terra que não se deixa salgar? Em outras
palavras, o que se deve fazer com o pregador que não prega e com o que não ouve a
pregação? A conclusão vem em seguida:
“Se o sal perder a substância e a virtude, e o pregador faltar à doutrina e ao exemplo, o
que se lhe há de fazer é lançá-lo fora como inútil para que seja pisado de(por) todos. Quem
se atrevera a dizer a tal coisa, se o mesmo Cristo a não pronunciara? Assim como não há
quem seja mais digno de reverência e de ser posto sobre a cabeça que o pregador, que
ensina e faz o que deve; assim é merecedor de todo o desprezo, e de ser metido debaixo
dos pés, o que com a palavra, ou com a vida prega o contrário.”
A tese defendida por Pe. Antonio Vieira é de que se alguém tem como missão pregar os
ensinamentos de Cristo, deve fazê-lo de maneira que a sua pregação seja ouvida, entendida
e seguida; caso contrário, se a pregação não é eficaz por causa do pregador, a alternativa é
extirpá-lo do trabalho, pois sua pregação é inútil e ainda produz mais corrupção. Em
nenhum momento do texto, o escritor fugiu do tema proposto ou apresentou idéias que não
se coadunassem com o mesmo:
1. apresentou a tese:
“Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e
chama-lhes sal da terra porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é
impedir a corrupção, mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo
tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser, a causa desta corrupção?
2. enumerou as causas das distorções da tese apresentada:
Ou é porque o sal não salga ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal
não salga e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não
deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem
receber. Ou é porque o sal não salga e os pregadores dizem uma coisa e fazem outra; ou
porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que
(a) fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga e os pregadores se pregam a si, e não a
Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, em vez de servir a Cristo,
servem (a)os seus apetites. Não é tudo isso verdade? Ainda mal!
3. anunciou como o problema deve ser resolvido:
Suposto, pois, que, ou o sal não salgue ou a terra se não deixe salgar, que se há de
fazer a este sal e que se há de fazer a esta terra? O que se há de fazer ao sal que não
salga, Cristo o disse logo: “Quod si sal evanuerit, in quo salietur? Ad nihilum valet ultra, nisi
ut mittatur foras, et conculcetur ab hominibus.” Se o sal perder a substância e a virtude, e o
pregador faltar à doutrina e ao exemplo, o que se lhe há de fazer é lançá-lo fora como inútil
para que seja pisado de(por) todos.
4. e justifica seu posicionamento:
Assim como não há quem seja mais digno de reverência e de ser posto sobre a
cabeça que o pregador, que ensina e faz o que deve; assim é merecedor de todo o
desprezo, e de ser metido debaixo dos pés, o que com a palavra, ou com a vida prega o
contrário.”
2. Coerência narrativa.
A base de um texto narrativo é a sequência de ações e a caracterização de
personagens que as executam. A coerência vai estar presente nesse tipo de texto na
decorrência lógica das ações e da relação entre a ação e o personagem que a executa. Os
acontecimentos devem ser verossímeis.
Nos textos narrativos, as ações se sucedem temporalmente, isto é, uma ação
posterior pressupõe uma ação anterior com a qual não pode estar em contradição, sob pena
de tornar a narrativa inverossímil. Se, num primeiro momento, afirmamos que um
determinado personagem, ao sair para fazer compras, deixou em casa o único talão de
cheques que tinha, não podemos, em seguida, dizer que ele pagou as compras com
cheque. Teríamos um caso de incoerência narrativa; quem não tem cheque não pode pagar
com cheque.
Nas narrações, as incoerências podem também ser decorrentes da caracterização
de um personagem em relação às ações atribuídas a ele. Por exemplo, um personagem
taxista que passa o tempo todo trabalhando mas tem fobia a dirigir carros é, no mínimo,
inusitado e nada coerente.
3. Coerência descritiva
Nos textos descritivos, apresentamos um retrato verbal de pessoas, coisas u
ambientes, enfatizando elementos que os caracterizam. Se se trata da descrição de um
funeral, recorremos a figuras como “roupas negras”, “pessoas tristes”, “coroas de flores”,
“orações”, etc. Nesse caso, as figuras utilizadas são coerentes com a cena que está sendo
descrita.
Se estivermos descrevendo um dia ensolarado de verão, não podemos afirmar que
as pessoas andam pelas ruas protegidas por pesados casacos, pois essa descrição seria
incoerente, já que a figura “pesados casacos” está em contradição com o pressuposto “dia
ensolarado de verão”.
___________________________________________
Após a leitura das explicações dadas, faça os exercícios a seguir.
Nos textos abaixo ocorrem algum tipo de incoerência. Identifique-os e explique o tipo de
incoerência que você vê.
a) Devo confessar que morria de inveja de minha coleguinha por causa daquela boneca
que o pai lhe trouxera da Suécia: ria, chorava, balbuciava palavras, tomava mamadeira e
fazia xixi. Ela me alucinava. Sonhei com ela noites a fio. Queria dormir com ela uma noite
que fosse.
Um dia, minha vizinha esqueceu-a em minha casa. Fui dormir e, no dia seguinte, quando
acordei, lá estava a boneca no mesmo lugar em que minha amiguinha havia deixado.
Imaginando que ele estivesse preocupada, telefonei-lhe e ela mais do que depressa veio
buscá-la.
b) Era meia-noite. Oswaldo preparou o despertador para acordar às seis da manhã e
encarar mais um dia de trabalho. Ouvindo o rádio, deu conta de que fizera sozinho a quina
da Loto. Fora de si, acordou toda a família e bebeu durante a noite inteira. Às quinze para as
seis, sem forças sequer para erguer-se da cadeira, o filho mais velho teve de carregá-lo
para a cama. Não tinha mais força nem para erguer o braço.
Quando o despertador tocou, Oswaldo, esquecido da loteria, pôs-se imediatamente de pé e
ia preparar-se para ir trabalhar. Mas o filho, rindo, disse: – Pai, você não precisa trabalhar
nunca mais na vida!
c) Embora existam políticos competentes e honestos, preocupados com as legítimas
causas populares, os jornais, na semana passada, noticiaram casos de corrupção
comprovada, praticados por um político eleito pelo povo. Isso demonstra que o povo não
sabe escolher seus governantes.
__________________________________________________________________
Gabarito.
a) A incoerência está no 2º parágrafo. Se a narradora ansiava em dormir com a boneca
da vizinha, ao se apresentar a oportunidade deveria tê-lo feito. É certo que se alguém
deseja ardentemente algo, não deixará passar a oportunidade de tê-lo, quando esta se
apresentar.
b) A narrativa do segundo parágrafo não está de acordo com os acontecimentos
narrados no primeiro parágrafo. Como alguém que bebeu a noite inteira, foi para a cama
carregado porque não tinha forças para nada, e quinze minutos depois estava de pé pronto
para ir ao trabalho?
c) A incoerência está na afirmação de que o povo não sabe escolher seus governantes.
Ora, se o povo não sabe escolhê-los, então não deveria haver nenhum político honesto e
preocupado com as causas do povo. Pela afirmação final, todos os políticos eleitos
deveriam ser corruptos uma vez que todo o povo não sabe escolher seus governantes.
Entretanto ainda cabe, outras análises do texto, sob outros pontos de vista.
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A coerência

  • 1. A Coerência Textual II – PRÉ-REQUISITOS: Ler compreensivamente III – META: Ao concluir o estudo deste roteiro, o aluno deverá ser capaz de: • Conceituar coerência textual • Identificar características que apontam para um texto coerente/incoerente IV – ATIVIDADES DE ESTUDO: Ler com entendimento é pré-requisito para se aprender qualquer coisa através da leitura. Portanto, faça o seguinte: 1. Tenha um dicionário de Português ao seu alcance para consultá-lo sobre as palavras que você desconhece o sentido. 2. Leia sem pressa. Procure um lugar sossegado para ler os textos e fazer os exercícios. Lembre-se: a pressa é inimiga da perfeição! Aquilo que você entender, jamais esquecerá! 3. Leia primeiro os textos; faça os exercícios logo em seguida, seguindo a ordem dos Anexos; compare suas respostas com o gabarito; veja o que errou e retorne ao texto para verificar o porquê do erro. V – PÓS-AVALIAÇÃO: Após ter feito a leitura compreensiva dos textos e feitos os exercícios, responda às questões da avaliação proposta na Pré-Avaliação. Creio que agora você acertará todas. Caso isso não aconteça, consulte as orientações dadas nas Atividades Suplementares. VI – ATIVIDADES SUPLEMENTARES: Se você não conseguiu alcançar 80% de acerto na Pós-Avaliação, não desanime. Volte à leitura dos textos. Sem pressa. Tenha ao seu lado um dicionário para consultar o significado de algumas palavras que você não conhece. O dicionário não é o “pai dos burros” e sim, dos inteligentes, pois são os inteligentes que não perdem tempo (e nem dinheiro!). A leitura com entendimento é a base da aprendizagem. A COERÊNCIA TEXTUAL
  • 2. Antes de quebrarmos a cabeça tentando entender do que trata o titulo acima, vamos recorrer ao bom e útil dicionário da língua portuguesa para encontrar uma pista. Segundo o Mini Aurélio (6ª Edição revista e atualizada, 2005) registra: 1. Coerência: qualidade, estado ou atitude de coerente. Harmonia entre ideias ou acontecimentos. 2. Coerente: em que há coesão, ligação ou adesão recíproca. Que procede com lógica. 3. Coesão: união íntima das partes com o todo. Conexão, concordância, união. 4. Coeso: ligado ou unido por coesão. Podemos chegar à conclusão que “coerência” significa “não cair em contradição”. O texto abaixo explica claramente o que vem a ser isso. “Nunca se percebe num texto sua coerência, até o momento em que ele é perdida. Qualquer incoerência se sobressai, ao passo que uma série de elementos bem ajustados e harmoniosos muitas vezes não são notados, dando a impressão de que construir a unidade de um texto é algo automático, que vem com a simples escolha das palavras.” (…) “Mas há variadas ocasiões em que cometemos incoerência sem a intenção de fazê-lo, pois quando o autor escreve não se dá conta, muitas vezes, das suas contradições. Pode haver incoerência, por exemplo, na escolha de figuras para dar suporte a um tema; é o que acontece quando selecionamos exemplificações para idéias que estamos expondo. Para evitar contradições deve-se perguntar: o exemplo que estou sugerindo é, de fato, compatível com a ideia que acabei de expor?” (…) “A coerência de um texto também ficará prejudicada se, na figurativização, ao se narrar um determinado fato, não forem respeitados dados de cronologia, posicionamento geográfico e acontecimentos históricos. Igualmente é a “falta de lógica” que pode decorrer tanto desse descuido mencionado, como da atitude de ignorar as reais capacidades dos personagens citados, como no exemplo a seguir: Oito horas da manhã. Um veículo cruza, em alta velocidade, a avenida Rebouças, em São Paulo, transportando o malote que seria embarcado para uma filial, no voo que partiria quinze minutos depois, do aeroporto de Guarulhos. Seus ocupantes também estavam de posse de um cheque que pretendiam descontar antes de apresentarem-se no guichê da companhia aérea, pois havia algumas despesas a pagar(…) Sem problemas de construçao na parte sintática, o texto acima poderia convencer, se não fosse por uma estrita consideração de coerência. De fato, quem conhece (a cidade de) São Paulo sabe que no horário mencionado (8h), a Avenida Rebouças já apresenta um tráfego altamente congestionado, provocando lentidão no movimento dos veículos. Seria, portanto, impossível, percorrê-lo em alta velocidade. O mesmo fato torna humanamente impossível, (mesmo admitindo-se que não houvesse o congestionamento habitual) que o deslocamento para o aeroporto de Guarulhos pudesse ser feito em quinze minutos. O narrador também não computou o tempo de estacionar diante do saguão, dirigir-se ao guichê de despachos, etc, operações que levam muito tempo, talvez mais de uma hora ou uma hora e meia. Além do mais, nenhum banco está aberto, em qualquer parte do país, antes das nove ou dez horas da manhã e seria, por isso, impossível descontar o cheque, a menos que um dos ocupantes o fizesse num posto de gasolina. Mas isto pressuporia, no caso que parece ser o do texto (cheque de terceiros), que o interessado tivesse crédito suficiente para isso junto à administração do posto. Mesmo assim, este procedimento nada faria em benefício da economia de tempo, naquele momento criticamente necessária.
  • 3. Nota-se, portanto, que nem sempre as dificuldades que a construção de textos apresentam são de natureza puramente linguísticas. Sabemos da complexidade do manejo sintático de uma língua como a portuguesa; não basta, porém, concentrar os esforços unicamente na tarefa de transpor essa barreira. É necessário analisar a escrita que se está produzindo, sob os dois planos indispensáveis para a sua construção: o da expressão e o do conteúdo, dando-lhes igual importância e atenção.” (Furtado, Elza/Contani, Miguel L. Redação Passo a Passo. 2001, Londrina-PR) Pela leitura do texto, pode-se concluir que é mais fácil descobrir um texto incoerente do que perceber a sua coerência. Será que é porque estamos mais treinados a descobrir as imperfeições existentes à nossa volta? E o que nos chama a atenção é justamente o que não segue os padrões a que estamos acostumados? Concluímos que para descobrir se um texto tem coerência, basta que procuremos algo dentro dele que não siga uma sequência lógica dos fatos expostos. Caso encontremos algo que não “diz coisa com coisa”, certamente estaremos diante de um caso de incoerência textual. Podemos dizer que esse assunto apresenta-se como uma moeda de duas faces: a coerência versus a incoerência. Ou o texto é coerente ou incoerente, dependendo de como ele foi escrito e das ideias contidas nele. Após a leitura do texto acima vamos aos exercícios: 1. Os textos seguintes apresentam algumas incoerências. Identifique-as e explique o porquê da incoerência: a) A ciência já demonstrou que o consumo exagerado de bebidas alcoólicas é extremamente prejudicial à saúde. Adolescentes, aos dezesseis anos, ainda não têm maturidade suficiente para avaliar os malefícios que o consumo imoderado de bebidas alcoólicas lhes poderá causar. Além disso, nessa idade, gostam de novidades e, como muitas vezes são tímidos, utilizam-se de bebidas alcoólicas para ficar extrovertidos sem pensar nas conseqüências nefastas desse tipo de atitude. Por esses motivos, a lei que proíbe a venda de bebidas alcoólicas para menores de dezoito anos deveria ser revogada. b) A reunião para o acerto da venda das ações ocorreu num jantar, em um elegante e caro restaurante, que era o preferido dos altos executivos de empresas do ramo de telecomunicações. Enquanto os empresários, em voz baixa, selavam o acordo, um grupo musical cantava música sertaneja e pagode. Na mesa ao lado, crianças comemoravam um aniversário, deliciando-se com os hambúrgueres servidos e as batatas fritas, sobre as quais colocavam bastanteKetchup. c) Machado de Assis é, sem dúvida, um dos maiores escritores brasileiros, pois sua obra não só enfoca a vida urbana do Rio de Janeiro, como também tem por cenário outras regiões do pais. É o que se pode observar em seus romances regionais. Gabarito a) A incoerência se apresenta no último período do texto: “… a lei que proíbe a venda de bebidas alcoólicas para menores de dezoito anos deveria ser revogada”. A ideia exposta
  • 4. anteriormente, no texto, demonstra que o uso de bebida alcoólica é prejudicial à saúde. Se o uso produz malefícios, a lei existente que proíbe o uso deve ser confirmada e não REVOGADA, pois o significado desta palavra é: deixar de vigorar, de ter efeito, de ser válida, anular. b) A incoerência existente no texto é de natureza dos fatos. Um restaurante elegante e caro até poderia alugar sua área para uma animada festa de aniversário com grupo musical tocando música do tipo mencionado, mas com certeza não o faria no mesmo dia e hora em que houvessem outros freqüentadores não convidados, como os empresários citados. c) A incoerência existente é a respeito da informação sobre a obra produzida por Machado de Assis. O cenário de seus romances são sempre urbanos, na sua maioria, localizados na região do Rio de Janeiro. Ele não escreveu romances regionais. Quem escreveu romances regionais foi José de Alencar. ANEXO B – O TEXTO: Uma Unidade de sentido.
  • 5. “Produzimos textos porque pretendemos informar, divertir, explicar, convencer, discordar, ordenar, etc., ou seja, o texto é uma unidade de significado produzida sempre com uma determinada intenção. Assim como a frase não é uma simples sucessão de palavras, o texto também não é uma simples sucessão de frases, mas um todo organizado capaz de estabelecer contato com nossos interlocutores, influindo sobre eles. O sentido do texto decorre de um mecanismo de articulação. Ao pensar em articulação, devemos perceber o texto como uma estrutura em que há diversos segmentos, todos relacionados uns com os outros. Essa relações se estabelecem em dois planos: o do conteúdo (ideias) e o da amarração (relações lingüísticas). (…) O encadeamento de idéias pressupõe que não deve haver contradição entre os diversos segmentos textuais: cada um deles é pressuposto do seguinte, que por sua vez, será pressuposto para os que o sucederem, formando uma cadeia em que todos estejam harmonicamente concatenados. Quando isso ocorre, dizemos que o texto é coerente. Se houver quebra nessa concatenação ou um segmento textual estiver em contradição com um anterior, o texto perde a coerência. (livro “Português – de olho no mundo do trabalho” Vol. Único para o Ensino Médio, de Ernani Terra e José de Nicola). . . . . . . . . . . . A coerência é também resultante da adequação entre o que se diz e o contexto extraverbal (aquilo a que o texto faz referência, que precisa ser conhecido pelo interlocutor). . . . . . . . . . . . Por outro lado, a coerência tem que ver com o tipo de texto e a sua produção. Podemos, então falar de uma coerência argumentativa, uma coerência narrativa e uma coerência descritiva. 1. Coerência argumentativa Nos textos argumentativos, apresentamos dados, opiniões, exemplos, a fim de defender uma determinada ideia ou questionar determinado assunto. Nesse caso, a coerência se dá pela apresentação concatenada da ideia que será defendida, dos argumentos que sustentam essa idéia e do remate dado pela conclusão. Tudo isso por meio de uma sequência lógica e um dialogo interno entre a ideia a ser defendida, os exemplos em que se apóia a argumentação e a própria conclusão. Tal conformidade interna torna o texto argumentativo coerente e, claro, não contraditório. Na produção de textos argumentativos, muitas vezes discutimos assuntos polêmicos, como a pena de morte e a legalização do aborto, em que estão presentes convicções de natureza ética e religiosa que variam de indivíduo para indivíduo. Portanto, qualquer que seja a tese defendida, sempre haverá pessoas que discordarão. O que importa nesse caso não é a tese em si, como vimos, as pessoas têm – felizmente – opiniões diferentes sobre um mesmo tema, mas a coerência textual, ou seja, a argumentação deve estar em conformidade com a tese, e a conclusão deve ser uma decorrência lógica da argumentação.” Exemplo de texto com coerência argumentativa. Início do Sermão de Santo Antonio ou dos Peixes pregado pelo Padre Antonio Vieira, no ano de 1654, na cidade de São Luís do Maranhão.
  • 6. “Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção, mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser, a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga e os pregadores dizem uma coisa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que (a) fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga e os pregadores se pregam a si, e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem (a)os seus apetites. Não é tudo isso verdade? Ainda mal! Suposto, pois, que, ou o sal não salgue ou a terra se não deixe salgar, que se há de fazer a este sal e que se há de fazer a esta terra? O que se há de fazer ao sal que não salga, Cristo o disse logo: “Quod si sal evanuerit, in quo salietur? Ad nihilum valet ultra, nisi ut mittatur foras, et conculcetur ab hominibus.” Se o sal perder a substância e a virtude, e o pregador faltar à doutrina e ao exemplo, o que se lhe há de fazer é lançá-lo fora como inútil para que seja pisado de(por) todos. Quem se atrevera a dizer a tal coisa, se o mesmo Cristo a não pronunciara? Assim como não há quem seja mais digno de reverência e de ser posto sobre a cabeça que o pregador, que ensina e faz o que deve; assim é merecedor de todo o desprezo, e de ser metido debaixo dos pés, o que com a palavra, ou com a vida prega o contrário.” Comentário sobre a coerência existente no texto. Padre Antonio Vieira é considerado o maior dos pregadores sacros da língua portuguesa. O sermão do qual nos valemos para ilustrar o assunto sobre coerência textual, é de uma beleza literária como poucos existem em português. Vamos à análise: O texto inicia com uma frase dita por Jesus para seus discípulos que se encontra no Evangelho de Mateus 5:13: “Vós sois o sal da terra”. Essa é a tese que o escritor vai desenvolver ao longo do seu discurso. Primeiro ele esclarece porque Jesus chamou seus discípulos de sal da terra: porque o Senhor quer que os discípulos tenham o mesmo poder do sal, isto é, evitar que as pessoas “apodreçam”, se corrompam, se tornem pecadoras contumazes. Em seguida, ele aponta para uma realidade crua na época, (que também pode ser vista nos dias de hoje). Apesar de haver tanto sal espalhado na terra (os pregadores e os discípulos cristãos) a terra, isto é, as pessoas continuam corruptas. Faz então uma pergunta: por que havendo tantos pregadores há ainda tanta corrupção? A partir deste ponto, o escritor passa a enumerar as possíveis causas da ineficácia do combate à corrupção: 1. Ou é porque o sal não salga ou porque a terra se não deixa salgar. 2. Ou é porque o sal não salga e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; 3. ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. 4. Ou é porque o sal não salga e os pregadores dizem uma coisa e fazem outra; 5. ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que (a) fazer o que dizem. 6. Ou é porque o sal não salga e os pregadores se pregam a si, e não a Cristo; 7. ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem (a)os seus apetites.
  • 7. Após enumerar as possíveis causas da ineficácia do sal, o escritor faz outra pergunta: o que se deve fazer com o sal que não salga e a terra que não se deixa salgar? Em outras palavras, o que se deve fazer com o pregador que não prega e com o que não ouve a pregação? A conclusão vem em seguida: “Se o sal perder a substância e a virtude, e o pregador faltar à doutrina e ao exemplo, o que se lhe há de fazer é lançá-lo fora como inútil para que seja pisado de(por) todos. Quem se atrevera a dizer a tal coisa, se o mesmo Cristo a não pronunciara? Assim como não há quem seja mais digno de reverência e de ser posto sobre a cabeça que o pregador, que ensina e faz o que deve; assim é merecedor de todo o desprezo, e de ser metido debaixo dos pés, o que com a palavra, ou com a vida prega o contrário.” A tese defendida por Pe. Antonio Vieira é de que se alguém tem como missão pregar os ensinamentos de Cristo, deve fazê-lo de maneira que a sua pregação seja ouvida, entendida e seguida; caso contrário, se a pregação não é eficaz por causa do pregador, a alternativa é extirpá-lo do trabalho, pois sua pregação é inútil e ainda produz mais corrupção. Em nenhum momento do texto, o escritor fugiu do tema proposto ou apresentou idéias que não se coadunassem com o mesmo: 1. apresentou a tese: “Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção, mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser, a causa desta corrupção? 2. enumerou as causas das distorções da tese apresentada: Ou é porque o sal não salga ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga e os pregadores dizem uma coisa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que (a) fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga e os pregadores se pregam a si, e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem (a)os seus apetites. Não é tudo isso verdade? Ainda mal! 3. anunciou como o problema deve ser resolvido: Suposto, pois, que, ou o sal não salgue ou a terra se não deixe salgar, que se há de fazer a este sal e que se há de fazer a esta terra? O que se há de fazer ao sal que não salga, Cristo o disse logo: “Quod si sal evanuerit, in quo salietur? Ad nihilum valet ultra, nisi ut mittatur foras, et conculcetur ab hominibus.” Se o sal perder a substância e a virtude, e o pregador faltar à doutrina e ao exemplo, o que se lhe há de fazer é lançá-lo fora como inútil para que seja pisado de(por) todos. 4. e justifica seu posicionamento: Assim como não há quem seja mais digno de reverência e de ser posto sobre a cabeça que o pregador, que ensina e faz o que deve; assim é merecedor de todo o desprezo, e de ser metido debaixo dos pés, o que com a palavra, ou com a vida prega o contrário.”
  • 8. 2. Coerência narrativa. A base de um texto narrativo é a sequência de ações e a caracterização de personagens que as executam. A coerência vai estar presente nesse tipo de texto na decorrência lógica das ações e da relação entre a ação e o personagem que a executa. Os acontecimentos devem ser verossímeis. Nos textos narrativos, as ações se sucedem temporalmente, isto é, uma ação posterior pressupõe uma ação anterior com a qual não pode estar em contradição, sob pena de tornar a narrativa inverossímil. Se, num primeiro momento, afirmamos que um determinado personagem, ao sair para fazer compras, deixou em casa o único talão de cheques que tinha, não podemos, em seguida, dizer que ele pagou as compras com cheque. Teríamos um caso de incoerência narrativa; quem não tem cheque não pode pagar com cheque. Nas narrações, as incoerências podem também ser decorrentes da caracterização de um personagem em relação às ações atribuídas a ele. Por exemplo, um personagem taxista que passa o tempo todo trabalhando mas tem fobia a dirigir carros é, no mínimo, inusitado e nada coerente. 3. Coerência descritiva Nos textos descritivos, apresentamos um retrato verbal de pessoas, coisas u ambientes, enfatizando elementos que os caracterizam. Se se trata da descrição de um funeral, recorremos a figuras como “roupas negras”, “pessoas tristes”, “coroas de flores”, “orações”, etc. Nesse caso, as figuras utilizadas são coerentes com a cena que está sendo descrita. Se estivermos descrevendo um dia ensolarado de verão, não podemos afirmar que as pessoas andam pelas ruas protegidas por pesados casacos, pois essa descrição seria incoerente, já que a figura “pesados casacos” está em contradição com o pressuposto “dia ensolarado de verão”. ___________________________________________ Após a leitura das explicações dadas, faça os exercícios a seguir. Nos textos abaixo ocorrem algum tipo de incoerência. Identifique-os e explique o tipo de incoerência que você vê. a) Devo confessar que morria de inveja de minha coleguinha por causa daquela boneca que o pai lhe trouxera da Suécia: ria, chorava, balbuciava palavras, tomava mamadeira e fazia xixi. Ela me alucinava. Sonhei com ela noites a fio. Queria dormir com ela uma noite que fosse. Um dia, minha vizinha esqueceu-a em minha casa. Fui dormir e, no dia seguinte, quando acordei, lá estava a boneca no mesmo lugar em que minha amiguinha havia deixado. Imaginando que ele estivesse preocupada, telefonei-lhe e ela mais do que depressa veio buscá-la. b) Era meia-noite. Oswaldo preparou o despertador para acordar às seis da manhã e encarar mais um dia de trabalho. Ouvindo o rádio, deu conta de que fizera sozinho a quina da Loto. Fora de si, acordou toda a família e bebeu durante a noite inteira. Às quinze para as seis, sem forças sequer para erguer-se da cadeira, o filho mais velho teve de carregá-lo para a cama. Não tinha mais força nem para erguer o braço.
  • 9. Quando o despertador tocou, Oswaldo, esquecido da loteria, pôs-se imediatamente de pé e ia preparar-se para ir trabalhar. Mas o filho, rindo, disse: – Pai, você não precisa trabalhar nunca mais na vida! c) Embora existam políticos competentes e honestos, preocupados com as legítimas causas populares, os jornais, na semana passada, noticiaram casos de corrupção comprovada, praticados por um político eleito pelo povo. Isso demonstra que o povo não sabe escolher seus governantes. __________________________________________________________________ Gabarito.
  • 10. a) A incoerência está no 2º parágrafo. Se a narradora ansiava em dormir com a boneca da vizinha, ao se apresentar a oportunidade deveria tê-lo feito. É certo que se alguém deseja ardentemente algo, não deixará passar a oportunidade de tê-lo, quando esta se apresentar. b) A narrativa do segundo parágrafo não está de acordo com os acontecimentos narrados no primeiro parágrafo. Como alguém que bebeu a noite inteira, foi para a cama carregado porque não tinha forças para nada, e quinze minutos depois estava de pé pronto para ir ao trabalho? c) A incoerência está na afirmação de que o povo não sabe escolher seus governantes. Ora, se o povo não sabe escolhê-los, então não deveria haver nenhum político honesto e preocupado com as causas do povo. Pela afirmação final, todos os políticos eleitos deveriam ser corruptos uma vez que todo o povo não sabe escolher seus governantes. Entretanto ainda cabe, outras análises do texto, sob outros pontos de vista. http://portugues.camerapro.com.br/