A tua Patrulha e o teu Agrupamento: Como trabalhar em equipe no Escutismo
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A tua Patrulha e o teu Agrupamento
Como Escuteiro, há alturas em que estás por tua conta. Identificas objectivos
pessoais e esforças-te por os atingir. Aprendes técnicas ao teu próprio ritmo e decides a
que velocidade queres trabalhar para dominar tudo o que um Escuteiro deve saber.
Como membro de uma Patrulha, já não estás sozinho. Podes canalizar a tua
energia para os esforços de Patrulha e transformar planos interessantes em realidades
excitantes. Com uma Patrulha, podes ir para o monte, caminhar e acampar. Poderás
conseguir muito mais do que sozinho.
O teu Agrupamento é ainda maior. Com a força de muitas Patrulhas, um
Agrupamento é uma comunidade de Escuteiros. Tem o tamanho e a liderança para levar
a cabo grandes projectos e aventuras. O Agrupamento é a estrutura onde te podes
desenvolver como Escuteiro, Cristão, e um líder.
A tua Patrulha
Uma Patrulha é um grupo de bons amigos a trabalharem juntos para tornar ideias
em realidades. Porque sois todos diferentes, cada um tem muito para partilhar com os
outros. Em reuniões, podeis ensinar uns aos outros as técnicas que sabeis. Em campo,
podeis-vos ajudar mutuamente a montar tendas, cozinhar e limpar. Como amigos,
tomais conta uns dos outros. Diz aos outros quando uma situação insegura se
desenvolver. Anima-os quando estão cabisbaixos. Dá-lhes os parabéns quando
desempenham algo bem. Amizade, alegria, aventura - é isso uma Patrulha.
Símbolos da Patrulha
Tabela 1 – Principais símbolos dos Bandos, Patrulhas, Equipas de Pioneiros e
Equipas de Caminheiros
Nome do
Secção Totem ou Patrono Distintivo
pequeno grupo
2. Cores do Lobo Triângulo equilátero, com um vértice pa
Bando
Bando
(ex. Bando Castanho)
Triângulo equilátero, com as pontas arredon
Totem animal baixo, partido verticalmente, com a silhueta
à partição
Patrulha
(ex. Patrulha Pinguim)
Totem animal Triângulo equilátero, com as pontas arredon
baixo, partido horizontalmente, com a s
ou sobreposta à partição
Patrono
Equipa (de
Pioneiros)
(Santo da Igreja,
Benemérito da
Humanidade, ou representação do Patrono num círculo b
ou Herói Nacional)
Patrono Triângulo equilátero, com as pontas arredon
baixo, representação do Patrono num círcu
Equipa (Santo da Igreja, vermelho
Benemérito da
(de Caminheiros) Humanidade,
ou Herói Nacional)
Totem e Bandeirola de Patrulha
Muitas Patrulhas têm um animal como totem. Talvez sejas membro da Patrulha
Pantera, ou um dos Tigres, Lobos, Cavalos, ou Pinguins. Outras Patrulhas escolhem
como Patrono uma pessoa, como Santos, notáveis e afins.
Cada Patrulha tem a sua Bandeirola, com um emblema que representa o seu
nome. Tu podes ter a hipótese de ajudar a desenhar e a fazer uma Bandeirola para a tua
Patrulha, e levá-la para as reuniões e actividades. Além disso, usas uma insígnia no
braço esquerdo, com o símbolo ou o nome da tua Patrulha.
Practica desenhar o vosso símbolo em poucas linhas simples, para que o possas
juntar à tua assinatura Escutista. O símbolo da tua Patrulha, aquela que estás a ajudar a
tornar na melhor Patrulha que há.
Embora hoje em dia seja possibilitado às Patrulhas e Equipas o desenho e
concepção da sua Bandeirola, esta é tradicionalmente triangular, branca debruada com a
3. cor da Secção. À semelhança do distintivo de Bando, Patrulha ou Equipa, a Iª Secção
apresenta uma cabeça de lobo da cor do Bando; na IIª a silhueta do animal totem; na IIIª
a silhueta do animal totem ou uma representação do patrono; na IVª Secção uma
representação do Patrono.
Fig. 1 – A bandeirola como símbolo do Bando e da Patrulha
O Lema é escolhido pelos membros do pequeno grupo, e deve evocar o Totem
ou Patrono – os Bandos de Lobitos habitualmente não possuem lema.
Além destes, deve existir ainda um ‘Livro de Ouro’, onde devem ser registados
itens como as características do animal totem ou a biografia do Patrono, biografia dos
elementos pertencentes, grandes momentos da vivência Escutista, tradições e histórias, e
afins.
Grito de Patrulha
Cada Patrulha tem o seu grito. Se a tua Patrulha tem um animal como totem, usa
o seu som - o uivo de um lobo, ou o pio de um mocho. As Patrulhas que não têm um
animal como totem podem escolher o seu grito, mesmo entre os gritos de animais.
Soltai o vosso grito de Patrulha quando ganheis um concurso ou jogo numa
reunião. Em campo, o cozinheiro da Patrulha pode soltá-lo quando o jantar estiver
pronto. O teu Guia fá-lo para reunir a Patrulha. Os membros da Patrulha compreendem,
mas os outros pensam que estão apenas a ouvir os sons da floresta.
O Guia de Patrulha
4. Cada Patrulha elege um dos seus membros para ser o seu Guia. Esta é uma
posição importante com muita responsabilidade. Tu vais querer escolher alguém que
respeites e cuja liderança estejas disposto a seguir e apoiar. Um Guia precisa da energia
e da vontade de ajudar a fazer da vossa Patrulha a melhor.
O teu Guia é o responsável pela Patrulha, em reuniões e durante as actividades.
Ele sugere Boas Acções e projectos, e encoraja a Patrulha na sua execução. Quando o
moral vai abaixo, ele é o que diz “vinde lá” e recomeça. Trabalhando com o Chefe da
Unidade, o teu Guia concebe maneiras de todos progredirem no Escutismo, e ser
alguém.
Há muitas responsabilidades numa Patrulha. Para ajudá-lo nos seus deveres, o
Guia escolhe um Sub-guia. Este lidera a Patrulha sempre que o Guia esteja ausente.
O teu Guia e vós decidis que responsabilidades da Patrulha ficam com quem.
Um Escuteiro com jeito para a escrita e/ou desenho poderá ficar responsável pelo Livro
da Patrulha. Outro que cozinha bem poderá ficar encarregue de transmitir os seus
conhecimentos a outros que o ajudarão a preparar as refeições numa actividade.
Um bom Guia partilha os deveres da liderança. Ele poderá deixar a ti a tarefa de
encontrar uma rota para a excursão de bicicleta do próximo mês, para seres o
cozinheiro-chefe, ou para ensinar aos outros Escuteiros como usar um fogareiro de
campo. Partilhando a liderança com todos vós, o teu Guia permite-vos aprender o que
significa ser responsável. Algum dia, quando tiveres experiência e tiveres demonstrado
a tua maturidade e sabedoria, os outros Escuteiros poderão escolher-te para Guia.
Todos os membros da tua Patrulha deverão apoiar o Guia em todas as ocasiões.
Haverá alturas em que não quererás participar nos planos da Patrulha. Chuva pode
arrefecer um raid, ou uma Boa Acção pode ser mais difícil de levar a cabo do que o
esperado. Mas lembra-te que o Escutismo é baseado na cooperação e na boa disposição.
Por vezes terás que pôr para o lado os teus confortos para benefício da Patrulha. Um
“Escuteiro de Verão”, que só aparece quando o tempo está bom não tem muito valor
para uma Patrulha. É o “Escuteiro de todas as estações” que aproveita o Escutismo ao
máximo e põe a sua Patrulha a mexer. Quando tu e o resto da Patrulha superam
inconvenientes em conjunto, a satisfação e a recompensa aumentam.
Reuniões de Patrulha
5. As Patrulhas são uma componente tão fundamental do Escutismo que parte das
reuniões de Agrupamento deve ser para estas se reunirem. Uma Patrulha pode também
reunir-se na casa de algum dos seus membros ou outro local adequado.
Durante as reuniões de Patrulha, os Escuteiros ajudam-se mutuamente a
compreender técnicas Escutistas. Também podeis planear as vossas actividades e
reuniões futuras. À medida que o planeamento é levado a cabo, cada um de vós terá a
responsabilidade de preparar a sua parte.
Actividades de Patrulha
Uma Patrulha vive de aventuras. Algumas são passadas dentro de casa, como
preparar equipamento, practicar Primeiros Socorros, e dar nós.
A tua Patrulha também pode ter muita diversão ao ar livre. Com a aprovação dos
vossos Chefes, podeis realizar acampamentos e saídas. O teu Guia deve ter a
experiência e a formação para encabeçar essas actividades por sua conta, ou a tua
Patrulha pode ser acompanhada por Dirigentes ou Pais.
As saídas e os acampamentos são os pontos altos das vossas actividades. Essas
são as alturas em que podes pôr os teus conhecimentos a uso. Longe da escola e de casa,
tens tempo para desenvolver as tuas amizades e o vosso gosto pelo Portugal Natural. O
espírito de Patrulha atinge o seu máximo quando todos os membros da Patrulha são
bons amigos, acampam juntos, cozinham as suas refeições, e disfrutam do tempo que
passam assim. Em aventuras de Patrulha, estais perto do cerne do escutismo.
O teu Agrupamento
Nenhuma Patrulha está só. Cada uma faz parte de um Agrupamento, constituído
por Unidades, que possuem até cinco Patrulhas cada. Podes considerar as Patrulhas
como os tijolos com que é feito o Agrupamento. Quanto mais fortes e activas forem as
Patrulhas, melhor será o Agrupamento.
6. Os teus Chefes. O Chefe de Unidade é o responsável pela Secção que dirige. Ele
trata de providenciar aprendizagem, aventura e diversão para ti e para os
outros Escuteiros. Ele está presente em quase todas as reuniões e vai à maioria
das actividades. Os Guias consultam-no para conselhos. Hás de vir a conhecê-lo
como um amigo mais velho a quem podes pedir ajuda e opiniões.
Nenhum Dirigente é pago pelo tempo que dedica ao Escutismo. Ele vê o valor
do método Escutista, e quer ter mão na administração deste a ti e aos outros jovens da
Paróquia. Podes valorizar o tempo gasto pelos teus Chefes fazendo o que puderes por
tornar a tua Patrulha e do teu Agrupamento um sucesso.
Uma Unidade tem outros Dirigentes que ajudam o teu Chefe de Unidade,
constituindo a Equipa de Animação. Por vezes, substituem-no na condução de reuniões
e actividades.
O teu Guia de Unidade é um Escuteiro experimentado escolhido pelo Chefe de
Unidade ou pelo Conselho de Guias para coordenar e presidir a este.
O Conselho de Guias. As actividades da tua Unidade são planeadas pelo Conselho de
Guias, que é constituído pelo Guia de Unidade, pelos Guias de Patrulha e pelos
Dirigentes da Unidade.
O Conselho reúne-se para discutir todos os assuntos de interesse para a Unidade.
O teu Guia de Patrulha representa a tua Patrulha, partilhando as vossas ideias com os
outros membros do Conselho. Juntos, os membros do Conselho de Guias consideram as
sugestões e necessidades dos Escuteiros, e daí estabelecem o plano de actividades.
Reuniões. Quando vais a uma reunião semanal, podes esperar actividade. Muitas vezes
haverá jogos que melhoram os teus conhecimentos de Escutismo. Demonstrações e
concursos ajudam-te a aprender novas técnicas. Durante parte da reunião, as Patrulhas
7. podem-se reunir por si. Com canções, pequenas cerimónias e orações, a reunião deve
ser interessante para todos.
Nem todas as reuniões acontecem no mesmo sítio, ou à mesma hora. Aqui e
além, uma reunião pode ter lugar num quartel de Bombeiros, por exemplo, para
saberdes como é que a tua cidade é protegida dos incêndios. Noutra ocasião, podeis-vos
reunir na piscina municipal e trabalhar para alguma insígnia.
Saídas e acampamentos. Um Agrupamento forte e saudável têm muitas actividades ao
ar livre. Uma vez por mês, deves ter um acampamento, ou uma actividade do género.
Na maior parte das saídas, deveis sair em Patrulha. Actividades com outras Patrulhas
fornecem uma oportunidade para ver se a vossa Patrulha está a trabalhar bem, e se as
técnicas são correctamente aprendidas e postas em prática.
A tua Patrulha é tão boa quanto os membros que a compõe estão dispostos a
torná-la. De igual modo, o sucesso do teu Agrupamento depende da energia de cada
Escuteiro ao usar o número do seu Agrupamento na manga direita. Tu podes manter as
reuniões vivas e interessantes chegando a horas, participando nelas a sério. Aparece
para as actividades marcadas como quer que esteja o clima. Faz teu objectivo ser um
dos melhores Escuteiros do teu Agrupamento.
Lembra-te que tudo o que acontece na Patrulha e no Agrupamento acontece
porque tu e outros tem orgulho em ser Escuteiros. Tu és a tua Patrulha e Agrupamento.
Eles são uma reflexão tua, enquanto Escuteiro. Quanto mais te deres ao Escutismo, mais
o Escutismo te dará.
O teu Núcleo e a tua Região
A área da tua Diocese onde o teu Agrupamento está localizado é uma Região.
Quando o número de Agrupamentos o justifica, é criada uma estrutura intermédia
chamada um Núcleo, e que corresponde mais ou menos à área de um arciprestado.
Núcleos de grandes dimensões podem-se dividir em Zonas, para a organização de
actividades.
Actividades de Núcleo e Regionais. Muitas Zonas, Núcleos e Regiões organizam
acampamentos para todos os Agrupamentos da sua área. Através de jogos e concursos,
os Escuteiros travam conhecimentos e desenvolvem-se.
Outros organizam também festivais, exposições, demonstrações e
comemorações. Nos últimos anos, tem-se assistido a um esforço das Regiões para que
8. cada uma consiga ter pelo menos um Centro Escutista, disponível para todos os
Escuteiros, do CNE e não só.
Insígnias e distintivos
As insígnias no teu uniforme mostram até onde avançaste na tua Vida Escutista.
Distintivos de Identificação. Os primeiros distintivos que usas indicam a tua Patrulha,
o teu Agrupamento, o teu Núcleo e a tua Região.
Distintivo Exemplo
Patrulha
Agrupamento
Núcleo
Região
Insígnias de Progresso. Adesão, Bronze, Prata e Ouro - as etapas do Sistema de
Progresso revelam os teus conhecimentos Escutistas. As insígnias de Competência
levam-te a explorar os teus interesses em muitas áreas. As insígnias de etapa usam-se no
braço esquerdo, e as de competência no braço direito.
Etapa de Bronze / Etapa de Prata /
Etapa de Ouro / Animação
Autonomia Responsabilidade
9. Insígnias de Função. Algum dia, os Escuteiros da tua Patrulha poderão reconhecer as
tuas capacidades de liderança e técnicas, escolhendo-te para Guia - é uma grande honra
e uma grande responsabilidade. Usa as tuas duas fitas no bolso esquerdo com orgulho e
devoção. Enquanto esse dia não chega, cumpre as tuas funções dentro da Patrulha. Usa
a tua insígnia de função acima do botão da pala do bolso esquerdo.
Guarda do Relações
Animador Cozinheiro Secretário Socorrista Tesoureiro
Material Públicas
Funções Funções Funções Funções Funções Funções Funções
Insígnias específicas. Quando tomas parte de uma actividade especial, como um
Acampamento Nacional, podes receber uma insígnia para usar no braço direito (até um
máximo de duas insígnias) até um ano depois de a receberes. Estas insígnias
temporárias mostram aos outros o que fizeste, e recordam-te do que te divertiste e
aprendeste.
10. Outras insígnias. Quando tiveres andado nos Escuteiros há algum tempo, e tiveres
pertencido a mais do que uma Secção, podes colocar no teu braço esquerdo as Insígnias
de Secção a que pertenceste.
Quando tiveres alguma experiência de acampamentos, podes receber a Insígnia
de Campo, que reconhece as tuas 25, 50, 75 e 100 noites de campo.
Vamos acampar!
Veste o teu uniforme e calça as tuas botas. Mete a mochila às costas. És um
Escuteiro, e isso quer dizer que vais acampar! Podes apostar que não há nada melhor
que montar a tenda e passar a noite ao ar livre.
Que vais encontrar num acampamento? Apenas algumas das melhores aventuras
da tua vida! Podes usar as tuas técnicas Escutistas para seguir trilhos nos montes,
através de pedregulhos e sobreiros. Abre os teus olhos, olha e vê, poderás ver falcões,
lebres e talvez até um lobo. Sobe ao alto ventoso de um monte, desce ao fundo de um
rio.
11. Depois de um dia cheio, vais fazer o teu jantar. Que tal um assado nas brasas, ou
um pão com chouriço feito por ti? Após o jantar, mais um pouco de lenha transforma as
brasas quentes em chamas acolhedoras, e com os teus amigos revives as vossas
melhores histórias. O Fogo de Conselho tem sido uma tradição calorosa no Escutismo, e
muito Velho Lobo relembra com saudade o seu tempo à volta de uma fogueira.
Depois mete-te no teu saco-cama. O cansaço de um dia vivido em pleno
ressente--se, mas antes de adormeceres olha para o céu. Alguma vez viste tantas
estrelas? Ouve, escuta os sons da noite - ao longe um carro, mais perto de ti e do teu
coração o pio de um mocho, o bater de asas de um morcego. Não te esqueças de
agradecer Àquele que te deu um dia tão bom, e de pedir que guarde a ti e aos teus
amigos e familiares.
O Escutismo faz-se ao ar livre. Escutismo é acampar. Escutismo é andar de
bicicleta, nadar, fazer canoagem, vela, orientação, primeiros socorros, e muitos outros
desafios. O Escutismo tem o seu campo de acção na Natureza, no ar livre.
Este trabalho tenta ensinar-te a ser um bom campista. O teu Chefe, o teu Guia e
os outros Escuteiros também te hão de ajudar, e tu, por tua vez, hás-de ajudar outros. E
com a tua energia e boa disposição, nada te poderá impedir.
Por isso, deixa de sonhar e vai fazer a tua mochila. A maior aventura da tua vida
começa quando pões os teus pés ao caminho.
O Desafio do mínimo impacto
"Quando fordes acampar, não deixeis nada além de agradecimentos ao
proprietário, e não tireis nada a não ser fotografias." - é este o desafio que te é posto
como Escuteiro.
Quando o Escutismo surgiu, podia-se quase acampar em qualquer lado. Fora das
cidades, a maior parte da terra era terreno agrícola ou florestal. As necessidades de uma
nação em crescimento alterou essa situação - barragens para fornecimento de energia
submergiram terrenos e casas, novas e melhores estradas rasgaram montes e vales,
chegando a pontos de Portugal de difícil acesso. Montados foram arrasados para
fornecimento de recursos, casas surgiram em terrenos de cultivo. Muitas das mudanças
foram positivas, outras nem por isso, mas todas tiveram impacto no Portugal Natural.
O facto de a nossa Pátria se ter desenvolvido rapidamente nos últimos anos
causou muitos danos, pois não houve tempo de adaptação às novas circunstâncias. No
início do século, o lixo podia ser deitado em quase qualquer lado, pois era
biodegradável, e a própria Natureza se encarregava de o fazer desaparecer. Agora a
mentalidade persiste, mas o lixo também - os plásticos, borrachas e outras substâncias
não são facilmente biodegradáveis, e cabe-nos fazer a reciclagem desses produtos, uma
vez que eles não são naturais.
12. O Portugal Natural é a casa de muitas espécies de animais e plantas - daqui vem
o ar puro e a água limpa, e nos lembramos como costumava ser a nossa terra. Quando as
pessoas querem fugir da cidade, têm ao dispor parques, reservas, florestas, e muito
terreno natural.
Com a liberdade de sair para o Portugal Natural, vem a responsabilidade de
cuidar dele. Essa responsabilidade é de todos os Portugueses, mas especialmente tua.
Como Escuteiro é teu dever especial conservar esses tesouros naturais, e ajudar outros a
fazê-lo, para que todos possamos ter uma qualidade de vida melhor ainda.
Quando sais para o campo, deves ter o cuidado de causar o mínimo impacto.
Milhares de Escuteiros saem para o campo todos os anos, e que seria de nós e da nossa
Terra, se eles não tentassem preservar o que ainda resta! Faz tudo o que puderes para
que o Portugal (e o Mundo) Natural fique tão maravilhoso quanto antes de tu e os teus
amigos o encontrardes, ou melhor.
Experimenta estes tipos de acampamento
Bivaque é um acampamento curto, geralmente de fim-de-semana ou três dias. O
objectivo do teu Agrupamento deve ser fazer um destes mais ou menos todos os meses.
No Inverno pode parecer difícil, mas tens os Parques Escutistas à vossa disposição, e
muitos destes têm casas que vos podem abrigar, se o tempo estiver mau.
Acampamento de longa duração é o preferido para o Verão. Uma semana ou duas
(talvez até mais...) com os teus amigos Escuteiros, ou planeia umas expedições baseadas
no local de acampamento. Não deixes passar oportunidades de férias para acampar, o
Verão pode estar longe...
Acampamento volante combina acampar com viajar, seja a pé, de bicicleta, de canoa ou
de outro meio. Excelente diversão para os Escuteiros mais experimentados, é
particularmente apropriado a projectos específicos, como levantamentos ecológicos, de
património, etc.
Planeia o teu acampamento
Se fores como a maioria dos Escuteiros, deves estar mortinho por ir acampar.
Mas antes de partires com a tua Unidade ou Patrulha, precisas de fazer as seguintes
perguntas. As tuas respostas vão-te ajudar a planear uma aventura interessante, divertida
e em segurança.
Onde quereis ir? Todas as partes do País tem boas áreas onde Escuteiros
podem acampar. Os teus Chefes conhecerão algumas. Mas tu também podes conhecer
outras. Pedindo educadamente, muitas pessoas deixarão os Escuteiros acampar nos
seus terrenos.
Há água disponível para beber, cozinhar e higiene? Em muitos locais é possível obter
água da rede pública ou de fontes e minas seguras. Quando em dúvida, ferve a água
13. por alguns minutos, tendo a certeza que borbulha bem.
É permitido fazer fogo? Entre Junho e Setembro é proibido fazer fogo em qualquer
área florestal, devido ao risco de incêndio. Em alguns locais é proibido fazer fogo
durante o ano inteiro. Usa sempre o local apropriado, e toma sempre as medidas de
segurança para evitar que a tua fogueira danifique o Portugal Natural .
De que tamanho é o teu grupo? Locais de acampamento especializados conseguem
aguentar o impacto de muitos Escuteiros, mas a maioria dos locais não. Muitos pés
pisoteiam e devastam a vegetação, assim como as muitas tendas necessárias. Para
minimizar o impacto, as Patrulhas devem acampar e deslocar-se separadamente.
O que queres fazer? Pioneirismo, natação, 'raids', cozinha selvagem, observação
natural, plantio de árvores - as possibilidades são infinitas! Os teus Chefes podem
sugerir actividades para o local para onde quereis ir, e vice-versa: podem sugerir um
local baseado no que quereis fazer. Como é que ides? A pé, de bicicleta são opções
viáveis para aqueles sítios próximos. Para distâncias maiores, há sempre os
transportes públicos, ou algum bom parente que ajuda com a sua carrinha.
Quanto é que vai custar? Acampar deve ser simples, barato, e divertido. Vais precisar
de algum material próprio, mas a maior parte pode ser comprado nos Depósitos de
Material e Fardamento do CNE, ou em lojas por eles recomendadas. O teu
Agrupamento deve ter tendas, material de cozinha, etc. Provavelmente, ser-te-á
pedido que comparticipes nos custos das refeições e viagens. Se não tens dinheiro que
chegue, fala com o teu Chefe - nenhum Escuteiro deve ser impedido de participar em
actividades por falta de dinheiro.
Tens autorização? Conta aos teus Pais ou Encarregados os detalhes da actividade,
explica o que vais fazer, quando vais, quando voltas. Os teus Chefes devem contactá-
los (ou vice-versa) para garantir a tua presença.
Como vais proteger o terreno? Orgulhai-vos de deixar o local de acampamento
melhor do que estava quando o encontrastes. Apanhai todo o lixo, e perguntai aos
proprietários se há algum serviço que possais fazer como retribuição pela sua
gentileza em vos deixar acampar nas suas terras.
Como ides ser Escuteiros? Quando as pessoas vêem um grupo de jovens acampados,
antes de verem o uniforme pensam nos Escuteiros. E também pensam que bom é tê-
los ali! Cabe a ti e aos teus amigos provar-lhes que tem razão - fazei as vossas
actividades sem importunar ninguém, convidai as pessoas para o Fogo de Conselho
ou as crianças da terra para alguma actividade que possa ser participada..
Fazei uma Boa Acção - qualquer coisa simples, como limpar o lixo de um local
público, ou qualquer outra tarefa útil. Perguntai ao Pároco, ou ao Presidente da Junta de
Freguesia.
Participai activamente na Eucaristia, fazendo uma leitura, por exemplo, e dai
mostras da vossa Fé, como Escuteiros Católicos. Estas mostras podem ser para o
exterior, mas que sejam mais do que tudo, para vós mesmos - lembrai-vos de Deus em
todas as vossas horas: foi Ele que criou os locais onde estais, é Ele que vos proporciona
esta actividade, é Ele que, dia após dia, toma conta de vós.
14. De que material precisas?
Nos tempos de antanho, os nossos navegadores partiam em jornadas que
duravam anos, indo a locais pouco ou nada explorados, em barcos pequenos. Todo o
material que seria necessário ao longo dessas viagens tinha que ser transportado nos
barcos, bem como os mantimentos. Mas as reservas nem sempre chegavam até ao fim
das viagens, especialmente quando começaram as que iam cada vez mais longe. Mas
havia a esperança e Fé em Deus, que os havia de prover.
A água doce era recolhida das chuvas quando as havia, mas na sua falta era
preciso ir a terra buscar água e comida. Por vezes, era possível obter esses bens por
troca com os nativos, mas muitas vezes era preciso buscá-los no interior dessas terras
novas, usando o material que tinham trazido.
Hoje, a situação é outra para os nossos Escuteiros - mas ainda tens de levar o teu
material para as actividades. Como possivelmente vais carregar tudo às costas,
interessa-te levar o menor peso. Mete na mochila aquilo que realmente precisas para ter
uma boa actividade, e deixa o resto em casa. Como os antigos exploradores, em breve
apreenderás a viver com pouco.
O Essencial
O material essencial descrito abaixo são as ferramentas que deves trazer contigo
em todas as actividades. Tornam uma viagem agradável melhor ainda, e numa
emergência, podem ajudar a salvar vidas.
Canivete - um canivete é a ferramenta pessoal mais útil. mantém o teu limpo e afiado.
Estojo de Primeiros Socorros - além do estojo completo que alguém terá que trazer,
deves ter o teu a postos para as pequenas feridas. Bastam coisas como pensos rápidos,
creme para bolhas e calos, um desinfectante, uma pinça, alguns trocos e um cartão
telefónico para um telefonema de emergência (já que muitos telefones públicos não
aceitam moedas).
Inclui um lenço ou compressa limpo, para hemorragias maiores, bem como um cartão
com os números de telefone mais importantes: casa, Chefe, emergência (112), incêndios
florestais (117). Acrescenta também comida energética, como chocolate e/ou frutos
secos, para uma emergência (e só!).
Roupa sobresselente - ter frio ou estar molhado num raid é horrível, e pode ser mau para
a saúde. Uma camisola grossa e um impermeável resolvem a maioria dos problemas;
em tempo mais frio, um anorak, umas luvas e um gorro. Quando faz mais calor, não
será necessária tanta roupa, mas cuidado com as noites orvalhadas do Verão e os Verões
de S.Martinho - bonitos mas frios.
Impermeável - um poncho protege-te a ti e à mochila. Em caso de chuvada inesperada,
um saco do lixo pode ser transformado depressa numa protecção.
15. Cantil ou garrafa de água - no Verão é fácil desidratar, mas mesmo no tempo mais
fresco isso pode acontecer numa actividade mais longa. Leva sempre um cantil cheio ou
uma garrafinha plástica (pesa menos) e vai-os re-enchendo. Bebe golos pequenos
Lanterna - dá muito jeito onde não há luz eléctrica, como em tendas! De igual modo, em
actividade no escuro. Uma lanterna resistente que usa duas pilhas AA é ideal: pesa
pouco e é mais do que suficiente. Mantém-na à mão na mochila, e toma cuidado para
que não se ligue sem dares conta. As pilhas recarregáveis são mais vantajosas.
Boné/chapéu - no Verão é fácil apanhar uma queimadura, uma insolação ou um golpe
de calor. Um chapéu de abas largas protege o teu rosto e a tua cabeça, e em sol forte
uma camisa de mangas compridas é a melhor opção (não te esqueças do protector
solar). No Inverno, as abas também ajudam a proteger da chuva (especialmente se
usares óculos).
Mochila - onde levar o material, de tamanho conforme o que é preciso levar. Uma
mochila é, basicamente, um saco com asas para transporte. Ajuda a carregar peso e
liberta as tuas mãos. Usa sempre as duas asas, e se a mochila tiver cinto, aperta-o - tudo
isso contribui para a melhor distribuição do peso, e evita dores e cansaços.
Mapa - se viajares em áreas desconhecidas, uma carta topográfica, preferivelmente
acompanhada de uma bússola ser-te-á de muito uso.
Em Bivaque
O teu material essencial acompanha-te em todas as saídas, e é a parte mais
importante do teu equipamento. Quando pretenderes passar a noite debaixo das estrelas,
precisas de levar mais qualquer coisa para pernoitar.
Saco-cama - em casa, o colchão e as cobertas mantém-te quente. Fora da tua cama, um
par de cobertores faz o mesmo. Dobra os cobertores em forma de envelope, e prende as
pontas com alfinetes de segurança. Mas se tens escolha, usa um saco-cama. Como é
um saco, detém o calor melhor do que cobertores. além disso é mais leve e mais fácil de
levar na mochila. Se fores acampar no Inverno e o teu saco-cama for muito fino, podes
sempre meter um cobertor dentro do saco, á tua volta. Se tiveres calor, podes sempre
usar esse cobertor extra como colchonete.
Colchonete - um colchão de ar ou um colchonete melhorarão o teu conforto e ajudarão
a manter-te quente (o colchonete é preferível por uma questão de peso e facilidade de
arrumação). Estes protegem-te do frio do chão, o que é mais importante do que
protecção do frio do ar, e tornam um solo duro mais confortável. Para ajudar a isolar o
colchonete podes usar um plástico grosso - até o poderás prender à parte de baixo do
colchonete. Será bom para resguardar-te da humidade do solo.
Faz a tua cama
16. Chegaste ao campo e jantaste. Agora preparas-te para a noite. Qual é o melhor
modo de arrumar a tua tralha para uma noite confortável?
Encontra um local razoavelmente plano. Se for debaixo de uma árvore, menos
orvalho se condensará na tua tenda ou saco-cama. Arbustos e pedras podem funcionar
como tapa-ventos. Remove pedras e paus que possam rasgar a tenda ou o saco-cama,
mas deixa folhas e pruma - vão-te servir como colchão e minimizar o teu impacto no
local.
Estende o teu plástico/chão, e põe o colchonete por cima, seguido do saco-cama
ou dos cobertores. Queres uma almofada? Pega na tua roupa e mete-a dentro de uma
camisola. Em tempo húmido será melhor usares uma tenda, mas se a não tiveres trazido,
deixa as tuas coisas arrumadas até à hora de deitar, para evitar que absorvam humidade.
Se tiveres tenda, aproveita para estender o saco-cama, para que ganhe a sua forma
Quando te meteres no saco-cama, mantém as tuas botas perto. Mete pequenos
objectos, relógio e óculos numa delas, e na outra a tua lanterna. Usa a língua da bota
para que o orvalho não humedeça o interior das botas. De manhã, antes de as calçares,
sacode-as bem; os nossos pequenos amigos animais podem entrar nelas para se
aquecerem, e provavelmente ficarás admirado com a quantidade de terra e pedrinhas
que entrou durante as actividades do dia anterior.
Se estiver mesmo fresco (mesmo dentro da tenda), um gorro, meias grossas, uma
camisola e mesmo luvas podem tornar uma noite de frigorífico numa experiência mais
agradável. Os sacos-cama são quentes porque o seu acolchoado guarda ar, que é
aquecido pelo próprio corpo. A qualidade isolante do material ajuda a conservar a
temperatura.
Por último, não vás para a cama sem fazer uma ceia - o corpo "queima" calorias
para te manter quente, mas só se tiveres calorias, nem sem aquecer a alma com algumas
orações.
Utensílios para comer
As refeições em campo têm que ser substanciais, e a maioria pode ser comida
com utensílios simples. Um prato resistente, preferivelmente de sopa (serve para sopa e
comida sólida), um copo ou caneca, de preferência com medidas marcadas (útil na
cozinha) e talheres: garfo, colher, e faca.
Em actividades invernais, uma caneca isolada (termos) mantém a sopa e as
bebidas quentes, e não queima os teus lábios e mãos de segurar. Se te tiveres esquecido
dos teus utensílios (vê a lista, da próxima vez) podes sempre deitar mão do Método
Escutista, e fazer os teus próprios. Com o teu canivete, podes experimentar talhar num
ramo um garfo numa ponta e uma colher noutra (o canivete serve-te de faca). E já agora,
se os Orientais conseguem comer com dois pauzinhos, porque não experimentar.
17. Apoia um dos paus na cova do polegar e na ponta do dedo anelar, e segura-o
com o polegar. O outro deve ser seguro com o polegar e com o dedo médio, e movido
com a ajuda do indicador.
Toma conta de ti
Parte da alegria de uma actividade é não te preocupares em sujar-te ou manter-te
limpo. Se for só um bivaque, não há problema, quando chegares a casa tomas um bom
duche. Mas se a actividade durar mais, vais querer limpar-te. Se te lavares antes de
deitar, sentir-te-ás melhor, e o teu saco-cama ficará mais limpo. Não te esqueças de
trazer as seguintes peças de equipamento, e não te esqueças de as usar.
Sabão/sabonete - tanto quanto necessário, mas não é preciso um novo nem para um
acampamento de uma semana; uma barra pequena ou uma grande que esteja quase
usada chegam. Guarda dentro de uma caixa ou saco plástico.
Toalha e esfrega - a esfrega molhada serve para tomar o "banho à Escuteiro" quando
não há instalações; esfrega-te com força e com sabão para tirar bem o sujo. A toalha é
para te secares. Escolhe-as de cor escura, para não se ver tanto o sujo, e se ficares mais
de uma semana em campo, lava a toalha.
Escova, fio e pasta dos dentes - um bocado de pasta dentífrica lava muitos dentes;
arranja um tubo pequeno, ou um grande perto do fim. Arranja uma escova média, e lava
os dentes pelo menos duas vezes por dia, ou se puderes, no fim de todas as refeições; o
fio dental garante a limpeza entre dentes, que é onde muito bom dente se arruina.
Extras
Uns poucos extras podem melhorar ainda mais uma actividade. Talvez queiras
trazer alguns dos seguintes:
máquina fotográfica e rolo (guarda em saco plástico)
bloco de notas e lápis
repelente de insectos
fato de banho
18. óculos de sol
binóculos
livro
livro de orações ou Bíblia
Que mochila?
Há vários géneros de mochila: desde aquela que se leva para a escola e serve
perfeitamente para uma saída de um dia, à outra gigante que se destina a meter vivendas
inteiras, sem esquecer a ligação à rede de esgotos.
Uma mochila pequena dá para conter todos os essenciais para um dia em campo.
Qualquer coisa um pouco maior já dá para um bivaque, e depois há mochilas maiores
para actividades mais compridas, com estrutura metálica que pode ser exterior ou
interior.
A capacidade das mochilas mede-se em Litros. Uma mochila pequena (tipo
escolar) tem em média 10 litros, uma média 32, e uma grande (a mochila típica) cerca
de 65 litros. Mas cabe a cada um escolher o tamanho que lhe dá mais jeito. Quanto
maior uma mochila, mais tentados estamos em a encher, e portanto a aumentar o peso
que vamos levar às costas. Por outro lado, também não é aconselhável ter uma tão
pequena que quando lhe colocamos o material essencial fique prestes a rebentar,
esperando apenas o momento pior possível para o fazer. Mais vale portanto escolher
uma mochila mais para o pequeno que para o grande.
19. Fazer a mochila
As mochilas da nova geração são em forma de marco, que se abre com
um fecho de correr, como uma mala. O formato tradicional das mochilas carrega-se pela
parte de cima, com um cabeção, geralmente com um bolso, a fazer de tampa. Como
estas ainda continuam a ser a grande maioria, vamos falar sobre estas, embora os
princípios sejam os mesmos.
Em casa és capaz de ter um armário, ou gavetas com as tuas coisas. Em campo, a
tua mochila funciona como armário. Em vez de gavetas, podes usar sacos plásticos para
manter tudo junto e seco. Fazer isto é particularmente importante se há a possibilidade
de chover. Nenhuma mochila neste mundo continua impermeável depois de várias horas
de chuva. Por consequência, nenhuma roupa que tu lá tenhas continua seca! Usa os
sacos plásticos. Quando precisares de mudar de roupa, já sabes que no saco azul estão
as meias, no verde os agasalhos, etc.
Ou podes fazer os teus próprios sacos, com as pernas de calças velhas que
estejam em mau estado (e portanto não podem ser dadas a quem precisa). Corta uma
perna, e cose o fundo com linha grossa, ou com uma máquina de coser. Na boca do
saco, dobra uns dois centímetros, fazendo-lhe uma gola. Faz dois pequenos buracos no
mesmo extremo dessa gola, e insere uma corda por um, dá a volta, e faz a corda sair
pelo outro buraco. Cose a gola, para que o fio não escape. Vira o saco do avesso, e está
pronto!
Quando fazes a mochila, lembra-te das palavras de Jesus: "Os primeiros serão os
últimos e os últimos serão os primeiros" (Mt 20, 16* ). Neste contexto, quer dizer que
aquilo que puseres dentro da mochila primeiro terá que sair em último, e vice-versa,
logo deixa aquilo que pensas precisar cedo para ser posto por último.
Se fores carregar com a tua mochila, o material mais leve deve ser colocado
mais para o fundo da mochila, pois quanto mais acima e mais próximo das tuas costas
estiver a maior parte do peso, menos curvado terás que andar, devido ao centro de
gravidade. Também por cima devem ficar coisas como um agasalho ou um
impermeável, caso ameace arrefecer ou chover.
Nos bolsos laterais que as mochilas maiores tem podes guardar aquele
equipamento essencial que te falamos acima, para estar facilmente à mão. O saco-cama,
por ser leve, deve ser das primeiras coisas a entrar na mochila. Siga-se a roupa, e depois
o equipamento mais pesado.
Além das tuas coisas poderás ter que carregar algum do material da Patrulha. A
tua parte pode incluir cantinas, tendas, e alguma comida.
Uma mochila não é uma árvore de Natal - leva o material dentro da mochila, e
não pendurado no lado de fora
Levar carga a mais é tão mau como levar material a menos. A responsabilidade
recai sobre os teus ombros (literalmente!) - todo o caminho para lá e para cá. A carga
20. máxima que alguém deve carregar é igual a um quarto do peso do seu corpo; isto é, se
pesas 50 Kilogramas, não deves carregar mais de 12, 5 Kilos.
O famoso Escuteiro e campista americano Steward E. White tinha um método
para decidir o que levava. Quando voltares de um acampamento, divide o teu material
em três pilhas:
1 - o que usaste todos os dias (inclui aqui o teu estojo de higiene e o de primeiros
socorros)
2 - o que usaste ocasionalmente
3 - o que nem sequer usaste
Da próxima vez, deixa a terceira pilha, e pensa bem sobre a segunda...
Regular e carregar a mochila
As mochilas modernas tem a particularidade de serem reguláveis, isto é, de
permitirem distribuir o seu peso de forma a que este fique o mais equilibrado possível, e
se torne, pois, mais fácil de carregar.
O truque é simplesmente carregar a mochila tendo por apoio a zona das ancas,
enquanto que as correias servem sobretudo para manter o equilíbrio. O segundo ponto a
ter em conta é que todas as correias com regulação tem uma razão de existir.
Para regular uma mochila, põe-na às costas, e dá folga às correias até que a
correia da cintura fique ao nível da largura máxima das ancas. Fecha a correia da
cintura, de modo a que todo o peso da mochila fique nas ancas. Pega então nas outras
correias, e puxa-as até que sintas o peso da mochila ficar repartido entre a bacia e os
ombros. Se sentires uma compressão ao nível dos ombros, é porque as correias ficaram
demasiado apertadas. A correia estreita que une as duas ombreiras ao nível do peito tem
por função repartir melhor estes esforços.
Nas mochilas grandes, um par de tiras liga as ombreiras ao bolso da tampa. Estas
permitem deslocar o sentido de gravidade da mochila, em função do relevo do terreno
onde se caminha. Numa subida, apertam-se para aproximar o peso dos ombros; numa
descida, alargam-se para fazer descer o peso do saco ao nível dos rins.
Abrigo
Há muitos anos, os campistas de então, pioneiros e bandeirantes na sua maioria,
quando precisavam de abrigo, cortavam ramos e árvores e construíam abrigos "em A".
Demorava algum tempo e causava danos permanentes à Natureza.
21. Hoje, um oleado ou uma tenda fornecem protecção dos elementos rapidamente,
em qualquer lugar. Protegem-te do mau tempo, dos insectos, e dão-te privacidade.
Quando te queres ir embora, é só desmontar a tenda; ao contrário do abrigo "em A", é
um método que deixa poucos vestígios, e menos ainda se fores consciente.
O grande segredo para passar um acampamento sem frio é saber que na maior
parte dos casos, o frio vem do chão. Um dos desenhos de BP no Escutismo para rapazes
exemplifica muito bem essa regra.
A condução é o fenómeno físico que ocorre quando um objecto mais quente
entra em contacto com um mais frio. É o que acontece se tu pegares num objecto de
metal frio e o segurares na tua mão durante tempo suficiente - ele aquece e a tua mão
arrefece ligeiramente. Como o teu corpo está sempre a produzir calor (necessário para
as reacções que se dão nas tuas células, e produto delas mesmas) e o objecto metálico é
pequeno ou se calhar não estava muito frio, pouco notaste.
Mas se em vez de um objecto frio na mão te deitares em cima de um chão
realmente frio, o calor produzido pelo teu corpo pode não ser suficiente, e arrefecerás
durante a noite, o que pode resultar numa constipação ou pior. Assim, a conclusão a
tirar é que é realmente importante isolares-te do chão, com cobertores, colchonetes,
folhas de papeis ou ervas secas, fetos ou pruma.
Também a chuva e o vento são factores a ter em conta, porque agravam os
efeitos do frio e são elementos de desconforto.
Toldos
O abrigo mais simples em campo é um toldo grande, que pode ser de lona ou de
plástico. Os de lona são mais antigos, e chamam-se ainda panos de tenda, por serem
usados como chão nas tendas antigas, que o não tinham - se não lhes tocares e os
esticares bem, podem ser quase tão impermeáveis quanto os de plástico. Os de plástico
podem vir em várias cores e transparente. São adequados para cobrir a área das
refeições, ou a cozinha.
Os panos de tenda e alguns linóleos vêm com aneis de metal, chamados ilhós,
que servem para prender cordas. Se não tiverem isso, com uma pedra média ou uma
pinha pequena e corda fina podes fazer uma improvisação, usando o nó de barqueiro (vê
o desenho).
Para tornar um desses panos num tecto para a cozinha ou para a "sala de jantar",
usa uma corda para atar duas árvores, e deitar por cima dessa corda o toldo. Com as
espias (cordas usadas para prender algo como linóleos, e tendas) esticas os cantos. Se o
tempo piorar, baixas a corda central, e regulas as espias.
Para usá-lo como abrigo de dormir, é só baixar o toldo - se as bordas forem mais
baixas do que o resto, proteger-te-á melhor contra o vento.
22. Tendas
As tendas costumavam ser feitas de lona, e poderás encontrar ainda muitas feitas
nesse material, que foi a origem da ganga que hoje se usa para fazer calças (e não só).
As tendas eram impermeabilizadas por uma variedade de métodos, que podiam incluir
parafina e gordura entre outros.
Hoje, as tendas são feitas de materiais artificiais que não precisam de
impermeabilização, e oferecem várias alternativas conforme a intenção pretendida. Seja
qual for o tipo escolhido, o modo de montar e utilizar obedece sempre aos mesmos
princípios. A resistência ao vento e a impermeabilização dependem da correcta
observação desses princípios.
O tecido deve ficar completamente esticado e sem rugas. Para isso a tenda deve
ficar correctamente presa ao chão. Nem sempre é fácil espetar os espeques (ou estacas)
num solo pedregoso ou demasiado duro. Do mesmo modo pode ser difícil manter os
espeques espetados num solo demasiado mole. Um martelo e alguma atenção podem
resolver os problemas da dureza excessiva, enquanto que a substituição do espeque por
pedras pesadas pode ser a solução para os terrenos moles.
A condensação é um dos maiores inconvenientes das tendas ligeiras. A nossa
respiração liberta vapor de água para a atmosfera (podes fazer o teste respirando para
um espelho ou vidro, que ficará embaciado devido ao vapor de água contido no ar que
expiras), e numa tenda fechada este vapor terá tendência a condensar nas paredes da
tenda. Se dormires com outros Escuteiros na mesma tenda, poder-te-á parecer uma
verdadeira fuga de água. Para evitar isto, dorme com a porta da tenda entreaberta. Aliás,
fechar a tenda por completo só se justifica no caso de frio intenso, chuva ou insectos.
Nunca acendas um fogo dentro de uma tenda!
Mesmo uma vela ou um isqueiro não deve ficar mais do que alguns segundos
dentro de uma tenda. Os materiais de que são feitas as tendas não são à prova de
fogo, e podem arder em poucos segundos, com resultados muito graves, e até
mortais, para quem está no seu interior!
O modelo canadiano foi durante muitos anos o modelo de tenda mais popular,
mas hoje em dia, os novos materiais utilizados permitem outros formatos, muito mais
habitáveis e leves, como os igloos e os túneis.
23. Como escolher um local de acampamento
Quando vais acampar, precisas de encontrar um local para passar a noite. Eis
alguns factores a ter em conta na escolha desse local.
Impacto ambiental - sempre que possível, o melhor é usar parques Escutistas,
especialmente se for um grupo grande. Uma Patrulha tem outra liberdade, mas deveis
ser conscenciosos.
Segurança - evita perigos. Não montes a tua tenda debaixo de uma árvore morta nem
de árvores isoladas ou com ramos secos, que podem cair com o vento ou atrair raios.
Distancia-te de linhas de água e regos, que podem "entrar em funcionamento" com uma
chuvada. Mantém-te longe de cumes altos e vales fundos pelas mesmas razões, e não
acampes perto de trilhos e zonas de caça.
Tamanho - um local de acampamento deve ter tamanho suficiente para as vossas tendas
e áreas de cozinha e afins. Guarda os locais pequenos para os acampamentos e bivaques
de Patrulha, não de Agrupamento.
Abrigo - vê se tem protecção do vento e do Sol. À noite, insectos e ar húmido têm
tendência a concentrar-se nos vales. Um acampamento numa encosta poderá ser mais
ventoso, mas mais seco e com menos insectos. Os cumes são adequados em bom tempo,
mas proibidos em caso de mau tempo.
Água - precisais de água para beber, cozinha e lavar, o que quer dizer vários litros por
dia por pessoa. A água da rede de abastecimento pública é a melhor opção, mas verifica
sempre com as pessoas do lugar se assim é, e se há outras fontes seguras É boa ideia
ferver toda a água. Acampar em áreas secas é estupidez, pois força-vos a levar toda a
água que necessitais.
Relevo - o terreno é levemente inclinado para boa drenagem de águas? Vegetação,
folhas, pruma e outro coberto natural evitam que o terreno se torne lamacento, e ajudam
a prevenir enxurradas - nunca o removas propositadamente, apenas aquele como rochas
e ramos que te podem magoar. … abrigado do vento?
24. Combustível - é preferível levar de casa pequenas botijas de gás. Vê se o proprietário
tem uma pilha de lenha e se te deixaria usar um pouco - usa o mínimo possível! Se o
terreno tiver madeira vê a que podes usar sem cometer excessos. Lembra-te sempre do
risco de incêndio.
Privacidade - o campismo é uma actividade popular, não só com quem pratica, como
com quem vê! Respeita a privacidade de outros grupos acampados; árvores e arbustos
podem isolar o teu acampamento de outros e do exterior. Privacidade pode querer dizer
segurança!
Permissão - nunca acampes sem pedir as permissões necessárias: ao proprietário/
responsável, ao teu Chefe, aos teus Pais ou Encarregados.
Cuidado com a Terra
Muitas áreas do nosso Portugal são especialmente delicadas, e como tal,
protegidas. Essa protecção especial é necessária devido ao pouco cuidado que a maioria
das pessoas tem na sua utilização, ou à existência de espécies ou ecossistemas raros.
Em algumas dessas áreas, os Escuteiros podem acampar, e ter experiências
únicas. A nossa responsabilidade é portanto dupla: em primeiro lugar, somos
Escuteiros; em segundo, temos uma oportunidade que não é para todos.
Mesmo fora dessas áreas protegidas, é necessário cuidado especial em partes do
Portugal Natural. Especialmente no que diz respeito à água. Rios, ribeiros, linhas de
água, lagoas, mar - todos os ambientes aquáticos têm vida, e são muito necessários a
esta.
Limpeza
Muito trabalho e muita diversão podem deixar-te sujo. Lava sempre as mãos
com água e sabão antes de comer. Num bivaque, não precisarás de mais do que isso e de
lavar os dentes antes de ires dormir. Podes-te lavar quando chegares a casa.
Em aventuras mais compridas, sentir-te-ás bem melhor se tomares banho
frequentemente. Fazê-lo correctamente evita danos ao meio ambiente.
25. Muitos tipos de sabonetes e produtos afins contem químicos que fazem mal às
plantas e animais, especialmente aquáticos. Sabão biodegradável é mais seguro, mas
mantém todo o género de produto de limpeza a mais de 200 passos de qualquer massa
de água, seja nascente, ribeiro ou lagoa.
Enche uma bacia com água, e lava-te com essa água. Quando acabares, espalha-
a pelo terreno, ou deita-a numa fossa para líquidos.
Toma as mesmas precauções quando lavares algo, sejam roupas ou coisas de
cozinha. Mistura detergente à água quente ou morna, e mete aí o que pretenderes lavar,
deixando uns minutos ou mais para soltar o grosso do sujo. Com roupa, depois esfrega-a
bem, torce-a e põe-na a secar. Com pratos e panelas, usa uma esfregona ou escova
própria e seca-os.
Latrinas
É preciso algum cuidado no tratamento dos produtos de excreção humanos. Em
locais com casas de banho, usa-as. Quando não as houver, cava uma latrina. A latrina
deve ficar a 200 passos de qualquer água (poça ou curso), e colocada a jusante* do
vento.
Cava-a com uma enxada ou semelhante, para que a largura não seja maior que
30 ou 40 centímetros. A profundeza das latrinas dependerá do tempo que pensas ficar
no mesmo sítio. O mínimo de profundidade que uma latrina deve ter é de 30
centímetros.
Guarda o solo que escavares, para servir para ir tapando a latrina. ¿ medida que
for sendo usada, é importante cobrir todos as fezes com uma camada de solo, ou o mau
cheiro começará a incomodar os campistas e a atrair insectos.
O uso da latrina pode ser tornado mais fácil com o uso de alguns apoios, basta
um para as pernas e um para as costas - vê mais à frente como fazer isso.
Se a latrina encher, aumenta-a para o lado. Usa pouco papel higiénico, pois este
não é tão biodegradável quanto os excrementos. Nunca te esqueças de lavar as mãos no
fim de usares a latrina.
Um Código pessoal de Ambiente
Este código é-te proposto pelo Secretariado da Organização Mundial do
Movimento Escutista como um desafio para a tua vida. Segue-o e colabora com a
Criação de Deus.
26. Respeitarei todos os seres vivos, pois cada um é um elo na corrente que mantém a Vida
na Terra
Retirarei da Natureza apenas o que pode ser substituído, para que nenhuma espécie
desapareça
Nunca poluirei o ar, a terra ou a água
Não comprarei produtos feitos com plantas, animais ou de florestas em perigo
Manterei a minha área de residência limpa, e respeitarei o ambiente onde quer que vá
Chamarei a atenção para casos de poluição e qualquer outro abuso da Natureza
Não desperdiçarei água, combustível ou energia
Darei exemplo de preservação da Natureza, e mostrarei aos outros as razões porque é
importante que todos o façam
Celebrarei a beleza e maravilha da Criação de Deus todos os dias da minha vida
As 7 chaves do mínimo impacto
Planeamento
a) guardem a comida em contentores que trareis para casa no final da viajem
b) levai sacos do lixo, e usai-os
c) planeiem actividade para uma ou duas Patrulhas (até 14 Escuteiros)
Viajem
a) mantenham-se nos trilhos
b) evitem 'atalhos'
c) usem terreno duro para corta-mato
27. Local
a) evitem campismo selvagem em áreas protegidas
b) não acampem em, ou logo ao lado de, trilhos e linhas de água
c) não cavem regos à volta das tendas
Fogo
a) usem fogões ou façam fogueiras apenas onde adequado
b) usem locais já utilizados para fogueiras
c) queimem madeira miúda apanhada do chão
d) assegurem-se que apagam bem todos os fogos
e) tenham cuidado com o risco de incêndio, e respeitem as indicações legais
Higiene
a) usem todos os produtos de limpeza a 200 passos de água
b) deitem a água utilizada numa fossa de líquidos
c) cavem as latrinas a 75 passos do acampamento e a 200 de água
d) tapem latrinas e fossas quando levantarem campo e reponham a cobertura
e) tragam todo o lixo
Respeito
a) desviem-se de animais e bicicletas
b) não apanhem plantas silvestres. Apreciem o que há, e deixem para os outros verem
c) façam o mínimo de barulho perto de outros campistas e excursionistas, e não
assustem os animais. Deixem rádios e equipamentos do género em casa, ou usem-nos
moderadamente
28. * Mt 20, 16- Evangelho de S. Mateus, capítulo 20, versículo 16
* diz-se jusante ou montante conforme algo está para o lado do destino ou da origem de
rios e afins. Assim, montante significa para o lado da nascente, e jusante para o lado da
foz.
Homem à água!
“Anda lá, a água está óptima.” Um grito familiar, muito ouvido em acampamentos à
beira-mar, beira-rio, beira-piscinas...beira-água, basicamente! Num dia quente de Verão,
nada sabe tão bem como nadar, chapinhar e diversão na água.
Nadar é algo importante a saber. Aprende a nadar, e serás capaz de tomar conta
de ti próprio se alguma vez caíres de um barco ou escorregares para um rio. Com treino
de salva-vidas, podes acudir a alguém que se afoga.
Há uma maneira correcta de nadar. Emprega tempo a aprender o básico, e depois
pratica sempre em segurança. Começa aprendendo umas regras simples.
Regras de segurança:
1. Nunca nades sem um adulto responsável a supervisionar. Este deve ser treinado em
métodos de salvação, ou ter assistentes que o sejam. Os assistentes devem ser os
melhores nadadores.
29. 2. Pelo menos duas pessoas devem estar fora da água, com um meio de auxílio (corda
ou bóia). Um vigilante deve estar onde possa ver e ouvir toda a área.
3. Cada nadador deve garantir a sua boa saúde, entregando uma ficha de saúde assinada
pelo Encarregado de Educação e por um médico.
4. A área de natação deve estar demarcada. Para não-nadadores, a água não deve ter
mais do que um metro de profundidade (ou conforme a altura de cada um), pouco mais
funda para principiantes (sabe flutuar e nadar 30 metros), e sem pé para aqueles que
sabem nadar (sabe mergulhar e nadar 100 metros ou mais). Mantenha-se a área longe de
zona de pesca e/ou mergulhos.
5. Os Escuteiros devem nadar em grupo nas áreas conforme o seu nível de natação.
6. Mantenha-se a disciplina na área de natação. Todos devem compreender as regras e
obedecer prontamente aos responsáveis. Obedece sempre às bandeiras na praia.
Permitido tomar
banho e nadar Proibido nadar e
Praia
desde que tomar banho;
Proibido nadar temporariamente
cumprindo todas as proibido entrar na
sem vigilância
regras e água
recomendações
O Instituto de Socorros a Náufragos recomenda:
REGRAS DE SEGURANÇA:
1. Frequente praias vigiadas.
2. Respeite os sinais das bandeiras.
3. Respeite as instruções dos nadadores salvadores.
4. Evite tomar banho antes de decorridas 3 horas após as refeições.
5. Nunca nade contra a corrente.
6. Ao nadar não se afaste demasiado, nade paralelamente à costa.
RECOMENDAÇÕES:
1. Vigie atenta e permanentemente as suas crianças.
2. Após longos períodos de exposição ao sol, não entre de rompante na água.
3. Procure nadar acompanhado.
30. 4. Em caso de aflição não hesite em pedir imediatamente socorro.
5. Procure conhecer as praias que frequenta.
Aprende a nadar
A melhor maneira de aprender a nadar é fazer um curso organizado por
instituições autorizadas, com instrutores credenciados. Entidades como clubes
desportivos e as Piscinas Municipais são os organizadores mais comuns. Pergunta na
piscina pública mais perto de ti.
Pergunta ao teu Chefe se conhece onde te podes informar, e quais os requisitos
para a Insígnia de Competência de Nadador. Quando já souberes nadar razoavelmente
bem, pede ao teu instrutor que te avalie nas provas necessárias.
Sabes que podes flutuar? Eis uma maneira de o provar. Entra em água pouco
profunda (até à tua cintura) com alguém que saiba nadar bem ao lado. Segura o fôlego,
dobra-te e enrola-te como uma bola. Abraça as tuas pernas. Vais ver que vens à tona!
Vira-te de cara para a borda da água e agarra-te a algo (a borda de uma piscina,
ou os braços de alguém). Segurando o fôlego, tenta espalhar-te na água, com as pernas
abertas. Relaxa-te, e larga uma mão, abrindo os braços. Quando te sentires confiante da
tua flutuabilidade, experimenta largar a outra mão.
Agora experimenta o mesmo, mas desta vez deita-te de costas. Podes não gostar
da sensação de um pouco de água a entrar para os teus ouvidos, mas a experiência de
flutuar e respirar, e ver a cara sorridente do teu companheiro de natação vale a pena.
Estilos de natação
Um estilo muito comum na Natureza é o que nós chamamos nadar “à cão”. Isto
porque os cães usam-no, bem como quase todos os animais de quatro patas. Consiste
em bater os braços debaixo do teu tronco, para manter a cabeça fora de água, ao mesmo
tempo que bates os pés. Muitos nadadores que aprendem sozinhos começam assim.
Mas este não é um método muito eficiente: cansa muito, e impulsiona pouco.
Assim desenvolveram-se outros estilos: bruços, crawl, e mariposa são os mais comuns.
Destes, bruços é o mais confortável, e mariposa o mais rápido. O crawl é um óptimo
intermédio. Todos os estilos tem 3 partes: a respiração, o golpe de braços e o golpe de
pernas.
31. Crawl
O crawl pode ser usado para distâncias relativamente curtas, mas cansa ao fim
de um certo tempo.
Para o golpe de pernas, segura-te a algo (borda de uma piscina ou braços de alguém), ou
apoia as mãos em água rasa. Mexe as tuas pernas desde as ancas, levantando e descendo
os pés. Mantém as pernas na mesma posição, mas não presas. Experimenta ir-te
movendo impulsionado pelo golpe das pernas, boiando de cabeça para baixo e mexendo
somente as pernas.
Para o golpe de braços, entra em água que te dê pela barriga/peito. Dobra-te e
põe-te numa posição de nadador. Estende o teu braço direito para a frente o mais que
puderes. Com os dedos fechados, puxa o teu braço até à tua anca. Levanta o cotovelo e
estica o teu braço outra vez. Alterna com o teu braço esquerdo, e depois tenta fazer com
os dois ao mesmo tempo.
Começa a deslizar pela água. Uma os golpes de pernas e de braços ao mesmo
tempo para te mover pela água. Quando precisares de ar, vira a tua cabeça para o lado
do braço que estás a levantar fora da água, e inspira pela boca. Expira debaixo de água
pelo nariz.
Outros estilos
Depois de aprenderes o crawl, e de melhorares o teu estilo até conseguires
atravessar uma piscina sem pôr o pé no chão, podes começar a experimentar outros
estilos. Bruços, de costas e de lado são três estilos que te darão confiança na água e mais
técnica.
Bruços. Na posição de flutuar de cara para baixo, estende as tuas mãos para a frente.
Com os dedos fechados, puxa as tuas mãos até ao teu peito. Junta-as e estende-as outra
vez. Quando puxas as tuas mãos, a força deve ser suficiente para levantar a tua cabeça
fora de água para que inspires. Expira pelo nariz enquanto estendes os braços. Com os
pés dá pontapés para trás de ti. Como as tuas mãos, enquanto fazes a força estão
separados, junta-los para os retrair.
Costas. Na posição de flutuar de cara para cima, estende o teu braço direito para trás de
ti, e puxa-o até à tua anca (como no crawl, mas de costas). Para os pés, dá pontapés
como no estilo bruços.
Lateral. Um forte pontapé em tesoura é a força deste estilo. A tua cara deve estar
sempre acima da água, por isso não há problemas com a respiração. Deitado de lado,
puxa os joelhos para o peito. Estica as tuas pernas uma para cada lado e fecha-as, como
se estivesses a fechar uma tesoura. Ao mesmo tempo, estica o braço do lado sobre que
estás deitado, e puxa-o até à tua anca. O braço que fica de fora da água pode contribuir
para o impulso, mas pode também ser usado para puxar alguém.
32. Se já sabes nadar bem, porque não experimentas aprender técnicas de salvação?
Podes desenvolver por ti o estilo lateral, e algumas técnicas, mas não tentes socorrer
alguém a nado sem ter formação específica dada pelo Instituto de Socorros a Náufragos
ou outra entidade credenciada.
Resgates na água
Muitas pessoas morrem afogadas todos os anos, especialmente no Verão. Tu
podes tratar de ti na água se souberes nadar, e respeitares as indicações de segurança.
Para ajudar pessoas em dificuldades, precisas de aprender as técnicas antes de te
aventurares a fazê-lo. Pratica resgates na piscina com os Escuteiros, ou tira um curso
especializado - podes receber a Insígnia de Competência de Nadador-Salvador. Mesmo
com treino especializado, nunca tentes resgates a nadar se existem outras possibilidades.
Os métodos mais seguros são: alcançar, atirar ou ir apoiado.
Alcançar. A maioria dos acidentes aquáticos ocorrem perto da beira da água. Tenta
alcançar a vítima com algo como um ramo, vara, ramo, toalha, corda, ou a tua mão.
Atirar. Há alguma bóia disponível? Um colchão de ar, um colete de salvação, ou uma
bola de praia? Atira-o à vítima. Ou atira uma corda, tendo a certeza que prendeste um
dos extremos
Ir apoiado. Quando uma vítima não pode ser resgatada alcançando-a ou atirando-lhe
algo, então vai ter com ela com apoio. Com alguém, vai até à vítima remando num
barco, canoa, prancha de surf ou bodyboard.
Se tudo o resto falha. Sob circunstâncias extremas, poderás ter que ir a nadar até à
pessoa. Nunca experimentes isto a menos que sejas um bom nadador! Pode-te pôr em
risco de afogares também !
Vai apenas se já tiveres praticado métodos de salvação. Uma pessoa que luta
pela vida entra em pânico. Nessa situação, ela poderá agarrar-te e não mais largar. A
menos que saibas o que fazer, isso poderá afogar-te com ela.
Quando não há outro meio de resgatar alguém, tira a camisa e leva-a nos dentes.
Usa o estilo bruços para chegar até à vítima, e mantém-te longe o suficiente para lhe
atirares uma ponta da camisa. Atira-lhe uma manga, segurando a outra, e reboca a
pessoa até a um ponto seguro.
Se a vítima ameaça a tua segurança, afasta-te e espera que ele se acalme mesmo
que isso signifique que perca a consciência ! Depois reboca-a. Se te chegares
demasiado e a pessoa te agarrar, mergulha até a pessoa te largar. Em último caso,
poderás ter que lhe bater.
33. Flutuar para sobreviver
Os marinheiros são treinados para usarem a flutuação como método de
sobrevivência, para se manterem seguros por minutos ou mesmo horas, à espera
de socorro. Inspira, e relaxa-te completamente, flutuando na vertical e com a
cara dentro de água. Quando precisares de ar, dá impulso com um golpe de
pernas e braços, e levanta a cara. Relaxa e volta a flutuar verticalmente.
Jogar na água
Diversão na água aumenta a tua confiança, a tua natação e as tuas técnicas.
Depois de aprenderes a nadar, experimenta alguns destas ideias.
Snorkeling. Este é o nome dado a nadar com máscara, respirador (snorchel, palavra
alemã que se lê senórquel) e barbatanas. Estes aumentam a tua velocidade e a tua visão
subaquática. Num rio ou mar podes apreciar a vegetação e animais aquáticos. Podes
fazer uma corrida de obstáculos submarina, ver quem consegue trazer objectos do fundo
mais depressa, etc. Se gostares, poderás fazer um curso de mergulho, onde te poderão
ensinar a utilizar botijas de oxigénio, o que te permitirá nadar debaixo de água durante
um longo período.
Resgates. Experimenta trazer amigos teus que finjam estar-se a afogar para pontos
seguros. Usa o estilo lateral, e com o braço livre, segura-o pelo queixo. Não vale fazer
isso onde seja perigoso, e não vale usares os pés para andar.
Alternativamente, podes usar o estilo de costas. Pedes ao teu amigo que dê as mãos à
volta das tuas costas, e que ajude o teu impulso batendo com as suas pernas. Cuidado,
não lhe batas com força com os teus pés.
Sobre a água
Os Portugueses sempre estiveram muito ligados ao Oceano, desde que este se
apresentou como uma fronteira entre Mundos, até que se revelou uma ponte entre esses
mesmos Mundos.
Torna-te um bom nadador antes de experimentares qualquer actividade náutica.
Testa a tua capacidade e auto-confiança numa piscina. Usa sempre um colete de
salvação sempre que pratiques desportos aquáticos
34. Jangadas
Construir uma jangada é uma das actividades que todo o Escuteiro deverá fazer pelo
menos uma vez na sua vida Escutista. Além de ser divertida de usar, uma jangada é
divertida de fazer, mas requer bom conhecimento das técnicas Escutistas. Utiliza uma
jangada apenas em águas calmas
Basicamente, uma jangada é uma plataforma colocada em cima de (e presa a) objectos
que flutuam.
Para flutuadores, podes usar bóias ou câmaras de ar de pneus, de preferência grandes.
Deves prender bem as bóias umas às outras, por forma a que não se soltem. Os
remadores podem mesmo sentar-se nas bóias, mas não é muito seguro ou estável.
A plataforma, que deve ser mais pequena do que o conjunto dos flutuadores, pode ser
feita de madeira. Algumas tábuas atadas ou pregadas (muito cuidado com os pregos –
podes furar as bóias!) serão suficientes.
Uma jangada pode ser governada através de remos, ideal quando se trata de uma
Patrulha, ou por uma vara, adequado para quando só há um ou dois marinheiros. Com
os remos, os remadores devem-se sentar ou ajoelhar nos lados da jangada, e remar ao
mesmo ritmo. No caso da vara, vais empurrar a jangada, por isso é importante que a
água não seja muito funda. Toma cuidado para que a vara não fique presa no fundo,
rodando-a antes de a levantares. Mantém-te sempre bem equilibrado, apoiando a vara na
tua coxa se precisares de mais força. Se tiveres apenas um remo, poderás impulsionar a
jangada fazendo movimentos em 8 com a face plana do remo virado para trás.
Canoagem
B.P. é quem to diz
Impele a tua própria canoa
Não te deixes ir à toa,
Impele a tua própria canoa.
35. Eis o coro de uma velha canção Escutista que podes cantar quando estiveres a
remar a tua canoa com a pagaia (o remo duplo que se usa na canoagem) num dos nossos
rios. Com golpes suaves e poderosos da pagaia, a tua canoa desliza suavemente pela
superfície da água.
Na albufeira de um rio, no Oceano ou noutra massa de água, uma canoa dá-te
horas de entretenimento. Podes flutuar calmamente numa albufeira, ou descer rápidos.
Durante gerações, os nativos da América construíram canoas de diversos feitios,
conforme as suas necessidades, a partir de materiais como peles e madeira. Hoje, as
canoas são feitas de alumínio, madeira e materiais artificiais mais resistentes, mas o seu
desenho básico mudou pouco. O kayak dos Esquimós, a 'canadiana' dos Peles-
vermelhas são os mais comuns, com algumas alterações. Quando usas uma canoa, estás
a impulsionar a história de centenas de anos.
Não te esqueças de usar sempre o colete de salvação, e usa também um capacete,
especialmente se vais praticar canoagem em cursos de água ou onde a profundidade não
for grande. Se alguma vez virares, segura-te à canoa. Além de ser muito mais visível do
que tu, uma canoa flutua, mesmo que esteja cheia de água e seja feita de metal! Com
algum cuidado, podes tentar voltar para dentro dela, e voltar à margem - cuidado não
vires a canoa...para cima de ti.
A canoa
Uma canoa tipo canadiana tem a grande vantagem de poder transportar mais de
uma pessoa e carga, mas ser quase tão fácil de manobrar mesmo se estiveres sozinho.
Numa canoa deve entrar uma pessoa de cada vez, ocupando o lugar correcto.
Para melhor controlo, não te deves sentar no banco, mas sim apoiares-te num joelho, ou
mesmo nos dois, encostando as costas ao banco. O teu peso deve estar bem ao centro, e
não te deves inclinar ou debruçar.
Nas canoas, rema-se sempre do mesmo lado, excepto quando estais a manobrar,
ou quando estás sozinho. Os remadores, normalmente dois, devem coordenar os seus
movimentos, para que a canoa se desloque em linha recta.
Agarra a cabeça do remo com a mão oposta ao lado em que vais remar, com os
dedos sobre o topo, e o polegar de lado. A mão do lado em que estás a remar deve estar
mais ou menos a meio do remo, ou seja no início do cabo. Com a mão do lado em que
estás a remar vais puxar o remo para trás, enquanto que com a outra vais empurrar o
topo para a frente, e do final de cada impulso rodar a pá do remo para que este saia
verticalmente. Lembra-te: a pá entra de lado e sai verticalmente.
Para manobrar a canoa, terás que te coordenar com o outro remador. Para virar à
direita, aquele que rema do lado esquerdo continua, enquanto que o do lado direito pára
ou deixa o remo dentro de água, e vice-versa. Para uma inversão de marcha, o remador
do lado para onde se vira pode remar para trás, afim de acelerar o processo.
36. O Kayak
O kayak começou por ser uma versão fechada por cima e um pouco mais
pequena da canoa, sendo usados inicialmente em águas frias (como as do Ártico, onde
vivem os esquimós) ou revoltas. Actualmente, os kayaks já não estão limitados a
practicamente lugar nenhum – há kayaks especializados para águas calmas, para mar,
etc.
Um kayak deve ser transportado por duas pessoas utilizando as pegas. Se
carregado por uma pessoa só, usa as duas mãos para pegar no cocpit e mantém as
costas direitas, usando as pernas para elevar e baixar o kayak.
Para entrar no kayak, deves apoiar a pagaia transversalmente na parte de trás do
cockpit, e apoiando-te nela, deslizar para o interior, sem brusquidão.
Agarra na pagaia com ambas as mãos no alinhamento dos ombros, com os nós
dos dedos de cada mão alinhados pela pá do lado respectivo. Para remares, inclina o
corpo para a frente e mete a pá de lado o mais à frente que conseguires (sem te
debruçares demais). Mantendo a pá próxima do kayak, puxa a mão do lado em que estás
a remar, e empurra com a outra. Roda a pagaia o necessário para que a pá do outro lado
repita a mesma rotina.
Inicialmente, poderá parecer-te que não consegues remar em linha recta, mas
com a prática melhorarás. Apenas a prática e a instrução te conseguirão
transformar num canoista, mas além de não deveres nunca praticar uma
actividade aquática sozinho, deves fazê-lo com a supervisão de alguém com
qualificação técnica para te aconselhar. Uma última chamada de atenção: por
serem fechados e por serem relativamente fáceis de virar, não deves tentar
fazer canoagem antes de aprenderes os procedimentos de segurança a
cumprir nesses casos. Não te assustes – são fáceis, e não há registos de
pessoas que ficaram presas nos kayaks virados ao contrário!
Remo
Remar é uma excelente actividade física para os teus braços, peitorais e sistema
cardiovascular, se for feita correctamente. Numa emergência, remar dá-te uma forma de
socorrer alguém que se afoga. Um barco pode-te levar a pontos nas margens ou em
ilhéus inacessíveis a pé e a pontos de pesca propícios.
Em alguns parques há lagos artificiais onde qualquer pessoa pode alugar um
barco e aprender a remar. Em todas as actividades aquáticas deves ter o cuidado de usar
um colete de salvação e um capacete - se virares a canoa e a água for rasa podes-te
magoar, e mesmo ficar inconsciente. O capacete protege a tua cabeça de danos piores, e
o colete mantém-te à superfície, voltado para cima para poderes respirar. Vais aprender
o método certo de entrar num barco, e como usar os remos para impulso e direcção.
37. Remar exige prática e leva algum tempo, até te habituares aos movimentos e ao
sentares-te voltado de costas. Executa os movimentos devagar e vira a cabeça para
saberes em que direcção vais.
Fixa os remos nos toletes e coloca a pá de cada remo dentro de água, bem atrás
de ti, na direcção da proa. Inclina-te para a frente e estica os braços para a frente.
Mantendo as costas bem direitas, dobra os braços e puxa os remos na tua direcção.
Levanta os remos da água e empurra-os na direcção da proa para recomeçares. Para
dirigires o barco poderás impulsionar apenas com o remo oposto ao lado para onde
queres virar, deixando o outro remo deslizar na água (sempre segurando-o bem).
Vela
38. Velejar é um desporto olímpico que até à pouco tempo era exclusivo
daqueles que tinham posses para comprar um barco. Hoje em dia, com os
clubes náuticos e novos tipos de barcos, velejar está ao alcance de muitos de
nós. Este Manual não pretende ser de forma alguma um tratado sobre tudo, de
modo que falar-te-emos apenas de alguns conceitos.
O governo de uma embarcação à vela exige conhecimento das técnicas de
mareação e de manobra – em caso algum deves tentar fazê-lo sem um
profissional qualificado!
Marear é orientar as velas em relação ao vento. As mareações são classificadas
de acordo com o grau de incidência do vento na embarcação (0º sendo a frente,
ou proa, da embarcação, e 180º a popa).
39. Aproximar a proa da linha do vento designa-se por orçar, enquanto que arribar
é afastar a proa do vento. Barlavento é o lado de onde sopra o vento e sotavento
o lado para onde sopra o vento.
Mareação Ângulo de Vento
incidência do vento
Bolina cerrada 0º – 67,5º
De amura
Bolina folgada 67,5º - 90º
A um largo 90º - 157,5º
À popa 157,5º - 180º De feição
À popa arrasada 180º
Manobrar são as acções que visam alterar o movimento de uma embarcação –
operar as velas, atracar (encostar e fixar uma embarcação a um cais) e largar ,
fundear (ancorar) e suspender (levantar a âncora), virar de bordo, etc. Todas
estas manobras requerem conhecimento das técnicas adequadas, por fáceis que
possam parecer, e nunca devem ser feitas sem pelo menos a supervisão de um
adulto qualificado
Marés
As marés são causadas pelas forças da gravidade exercida pelo Sol e pela Lua, sendo a
Lua mais determinante (apesar do seu tamanho muito menor, está bastante mais
próxima da Terra que o Sol).
A altura do mar é variável conforme as marés. Em Portugal, as marés são semi-diurnas,
isto é, acontecem duas marés altas (ou preia-mar, PM) e duas marés baixas (ou baixa-
mar, BM) por dia, num ciclo de cerca de 24 horas e 48 minutos. Entre uma BM e a PM
seguinte decorrem aproximadamente 6 horas e 12 minutos.
O nível médio é a média dos níveis da água medidos ao longo do tempo. Seria o nível
constante do mar se não houvesse marés, e constitui o ponto a partir do qual se medem
altitudes em terra.
Zero hidrográfico é o plano horizontal imaginário que se situa abaixo da mais baixa
BM. A partir do zero hidrográfico mede-se a preia-mar (o plano da água mais elevado
que o mar atinge) e a baixa mar (o plano da água mais baixo que o mar atinge).
A amplitude da maré é a diferença de altura entre a PM e a BM. As amplitudes variam
de acordo com as posições relativas da Lua, do Sol e da Terra:
40. quando os três astros estão em conjunção ou em oposição, formando uma
linha (Lua Cheia ou Lua Nova) verificam-se as marés vivas, de grande
amplitude.
quando os três astros estão em quadratura (Quarto Crescente e Quarto
Minguante) ocorrem as marés mortas, de pequena amplitude.
As massas de água, ao movimentarem-se, dão origem às correntes de maré, que se
dizem de afluxo ou enchente, e de refluxo ou vazante. Quando se atinge a PM ou a BM
há uma estabilização que se chama de estofo.
Regulamento Internacional para Evitar
Abalroamentos
Os navegantes precisam de prestar muita atenção ao cumprimento das regras do RIEA,
porque disso depende a segurança de todos. Aqui se reproduzem apenas os pontos mais
importantes
é obrigatório manter uma vigia visual e auditiva permante
em canais, as embarcações devem encostar a estibordo
se duas embarcações à vela recebem o vento por bordos diferentes, aquele
que o receber por bombordo deve dar passagem ao outro
se duas embarcações à vela recebem o vento pelo mesmo bordo, aquele que
estiver a barlavento deve dar passagem ao que estiver a sotavento
as embarcações a motor devem guinar para estibordo afim de se desviarem
de outras embarcações
a cedência de passagem é feita através de abrandamento, paragem ou
mudança de rumo
a embarcação prioritária não deve alterar nem o rumo nem a velocidade
A ordem de prioridades é a seguinte:
navio desgovernado (o mais prioritário)
navio com capacidade de manobra reduzida *
navio condicionado pelo seu calado *
navio em faina de pesca
navio à vela
41. navio a motor (o menos prioritário)
Sinalização
As embarcações de pequenas dimensões não necessitam de transportar luzes de
sinalização, mas devem ter uma lanterna potente para emergências no caso de haver
possibilidade de haver outras embarcações no local.
Todas as embarcações devem possuir um ou mais dos seguintes faróis, de acordo com a
sua categoria:
farol de mastro – uma luz branca projectando luz num arco de 225º para a
frente da embarcação, centrado na linha proa-popa
farol de popa (ou de caça) – uma luz branca projectanto luz num arco de
135º para ré da embarcação, centrado na linha proa-popa
faróis de borda – uma luz verde colocada a estibordo e outra de luz
vermelha colocada a bombordo
As embarcações têm prioridade sobre todas as embarcações que se aproximam do sector
vermelho, e dá prioridade a todas as que se aproximam do sector verde, devendo
manobrar para as passar pela popa daquelas.
Além daqueles, existem outros faróis:
farol de reboque – como o farol de popa mas de cor amarela
farol visível em todo o horizonte – arco de 360º
farol de relâmpagos – com 120 ou mais relâmpagos regulares por minuto
O número de faróis, e o alcance (potência) deles, varia conforme o tamanho, o tipo, e da
actividade de cada embarcação.
Balizagem
A navegação na entrada de portos, barras e águas interiores (rios, lagos, canais) é
orientada por um conjunto de marcas de sinalização, chamado Sistema de Balizagem
Marítima - IALA.
Existem dois tipos de marcas – a bóia e a baliza. A bóia está presa ao fundo por uma
amarra, fixa a uma poita no fundo, e são bons indicadores da corrente de maré,
inclinando-se para o lado contrário da corrente. A baliza é uma estaca fixo ao fundo. De
noite, as bóias e balizas devem ser iluminadas – as que o não são chamam-se cegas. A
identificação das bóias e balizas faz-se através da sua forma, ou da forma do alvo (a
42. peça que coroa as bóias e balizas), a sua cor, a sua numeração e pela característica da
luz que emitem de noite.
As marcas laterais delimitam um canal navegável. As marcas de bombordo são
vermelhas, de formato cilíndrico, numeração par e de noite têm luz vermelha fixa. As
marcas de estibordo são verdes, de formato cónico, numeração impar e de noite têm cor
verde fixa.
Nota: Em Portugal, na Europa, África, Oceânia e Ásia (com excepção do Japão,
República da Coreia do Sul e Filipinas) utiliza-se este sistema, em que o
vermelho corresponde a bombordo. Todo o continente Americano, Japão,
República da Coreia do Sul e Filipinas constituem a chamada Região B, em que
o vermelho corresponde a estibordo – e o verde a bombordo.
As marcas cardeais sinalizam a existência de perigos, indicando ao navegador a zona de
passagem segura de acordo com os quatro pontos cardeais. Por exemplo, uma bóia
‘Norte’ deve ser passada a Norte da bóia – pois a bóia (ou baliza) está colocada a Norte
do obstáculo.
Código Internacional de Sinais
INSERIR IMAGEM DAS BANDEIRAS MARÍTIMAS
Comunicações
43. Cartas de Navegador de Recreio
Se as actividades aquáticas são para ti um interesse, porque não obter uma das Cartas de
Navegador de Recreio? Para menores de 18 anos, só está disponível a Carta de
Marinheiro, carta essa que te habilita a governar uma embarcação de recreio em
navegação diurna à vista da costa (com algumas limitações conforme a tua idade).
Carta Condições de Área Tamanho da Potência
navegação navegável à embarcação instalada
distância
Marinheiro (14 Navegação Até 3 milhas da Até 5 metros de 22,5 KW
a 18 anos) diurna à vista costa e até 6 comprimento
da costa milhas de um (30hp)
porto de abrigo
Marinheiro (+ Navegação Até 3 milhas da Até 7 metros de 45 KW
de 18 anos) diurna à vista costa e até 6 comprimento
da costa milhas de um (60hp)
porto de abrigo
Patrão Local Navegação Até 5 milhas da Até 24 metros Sem limite
(diurna e costa e até 10 de
nocturna) à milhas de um comprimento
vista da costa porto de abrigo
Patrão de Costa Navegação Até 25 milhas Até 24 metros Sem limite
livre à vista da da costa de
costa comprimento
Patrão de Alto Navegação Sem limite Até 24 metros Sem limite
Mar oceânica de
44. comprimento
Insígnias de competência
Nadador (Grupo Amarelo)
Nadador Salvador (Grupo Vermelho)
Aquólogo (Grupo Azul)
Barqueiro/Canoeiro (Grupo Azul)
Navegador (Grupo Azul)
Pescador (Grupo Azul)
Velejador (Grupo Azul)
Carpinteiro Naval (Grupo Anil)
Ferramentas
Alguma vez precisaste de cortar uma corda? E abrir uma lata de comida? Cortar
uma fatia de pão ou fazer um furo num cinto? Precisas de apertar um parafuso? Um
45. canivete pode-te ajudar a fazer todas estas tarefas, e outras 1001! De facto, uma lâmina
tem tantos usos que é difícil imaginar um acampamento ou uma actividade sem uma.
O canivete, a serra, a machada/o machado, são as mesmas ferramentas usadas à
muitos anos por profissões tão diversas como lenhadores, guardas florestais, jardineiros,
exploradores, etc. Quando rachas lenha para o fogo, consertas equipamentos, ou limpas
um trilho, as ferramentas tornam a tua tarefa mais fácil. Orgulha-te de aprenderes o
método correcto de as usares.
Tão importante quanto saber o que fazer com as ferramentas, é saber o que NÃO
fazer com elas. Cortar ou talhar árvores pode matá-las. Brincadeiras de tiro ao alvo
podem falhar e causar danos permanentes. Nunca brinques com ferramentas - são coisas
sérias. Nunca brinques com uma lâmina - não exponhas superfícies cortantes quando
não a estiveres a usar e assegura-te que as ferramentas são devolvidas ao seu sítio
devido depois de as usares
O teu canivete
Uma das melhores ferramentas ‘todo-o-terreno’ é um canivete, com uma ou duas
lâminas para cortar, e utensílios especiais para abrir latas, apertar parafusos e fazer
buracos (tipo Canivete Suíço). Segue sempre estas regras quando usares o teu canivete:
mantém fechados os utensílios e lâminas que não estiveres a usar. corta no sentido
para longe de ti
mantém o teu canivete limpo e as lâminas afiadas. Uma lâmina afiada é mais fácil de
controlar, e limpa dura mais.
nunca andes com as lâminas cortantes abertas
não uses as lâminas ou o canivete como martelo - podes partir ou torcer as lâminas ou
mesmo desconjuntar o canivete
nunca atires um canivete com lâminas abertas, nem nenhum objecto cortante
não ponhas lâminas no fogo - estas são “temperadas”, ou endurecidas com a
quantidade certa de calor. Reaquecê-las pode arruinar esse tratamento e enfraquecer a
lâmina.
Cuidados com o teu canivete
A maioria dos canivetes actuais é feito com uma liga de aço que não enferruja
(não oxida - é aço inoxidável). Mas o lixo que se vai acumulando dentro, e o uso normal
vai tirando o fio à lâmina.
Limpando o canivete. Abre todas as lâminas e utensílios, tomando cuidado com os teus
dedos. Pega numa cotonete ou enrola um pouco de algodão ou papel higiénico na ponta
46. de um palito. Molha-a com óleo, e limpa o interior do canivete. Vê que limpes a junta
na base de cada lâmina. Com um lenço retira o óleo a mais. Se usaste o teu canivete
para cortar comida ou espalhar cobertura no pão, lava a lâmina em água tépida com um
pouco de sabão.
Afiando o canivete. Podes afiar as lâminas com uma pedra de esmeril. A maior parte
destas são feitas de granito e outros materiais mais duros que o metal das lâminas.
Algumas são cobertas com pó de diamante. As pedras de afiar usam-se secas, ou com
algumas gotas de água ou óleo.
Empurra a lâmina pela pedra como se estivesses a cortar uma fatia. A superfície
áspera da pedra vai afiar a lâmina, do mesmo modo que a lixa amacia a madeira. Para
afiar o outro lado, vira a lâmina, e repete os procedimentos. Limpa os pequenos
pedacinhos de metal que ficam na pedra batendo-a na tua mão ou na tua perna.
Passa a lâmina algumas vezes pela pedra. Limpa a lâmina com um pano limpo, e
olha para o fio da mesma ao Sol, ou debaixo de uma luz forte. Um fio pouco afiado
reflecte a luz e parece brilhante. Um bem afiado não.
A pior coisa que pode acontecer a um canivete é ser perdido. Sabe sempre do
teu, guardando-o numa bolsinha no teu cinto, ou prende-o com um fio. Arranja um fio
de um metro de comprimento, e dá um lais de guia na argola que os canivetes
geralmente têm. Prende o outro extremo do fio a um passador das tuas calças com outro
lais de guia. Ou então arranja um fio mais pequeno, ata-o com o nó direito ou com o nó
carrigue, mas vê que o fio seja bem colorido - assim poderás vê-lo mais facilmente se o
deixares cair no meio da erva.
A serra
A serra é o melhor instrumento para cortar madeira em campo. Os modelos em
que a lâmina dobra para dentro do corpo principal são os mais seguros, e são mais fáceis
de arrumar. A maioria possui um tubo metálico curvo com lâmina “sueca”.
Segurança da serra
Os dentes de uma serra são bem afiados. Trata as serras e todos os instrumentos
cortantes como o teu canivete. Fecha todas as lâminas dobráveis quando não as estejas a
usar, e guarda-as no sítio adequado, como a tenda do material/intendência.
Manutenção da serra
Podes proteger a lâmina de uma serra normal com um bocado de mangueira
velha, cortado longitudinalmente. Insere a lâmina pelo corte, e prende a mangueira com
47. um bocado de fio em cada ponta. Antes de guardares uma serra, unta-a com óleo para
que não enferruje.
Usar a serra
Atenta ao tipo de corte que queres fazer, e ao tipo de serra que tens - existem
vários tipos, com dentes diferentes, pensados para vários géneros de trabalhos.
Apoia bem a madeira a cortar. Começa devagar, até fazeres uns sulcos na
madeira que te ajudarão a ‘entrar na madeira’. Segura a serra o mais perto possível da
lâmina e usa movimentos suaves (golpes é para os machados) e longos (usa o poder
cortante de toda a lâmina). Dá uma pequena ajuda ao peso da serra para esta entrar na
madeira. Mantém a serra direita, ou poderá partir.
Quando fores cortar um ramo seco de uma árvore, faz um corte inicial por baixo
do ramo, e depois serra de cima para baixo. O corte inicial evita que o ramo a cair
arranque casca e madeira do tronco da árvore, deixando uma feia cicatriz. Quando
cortares troncos pequenos (como de arbustos ou árvores pequenas) corta-os bem rentes
ao chão, para que ninguém tropece neles.
Afiar a serra
Podes afiar os dentes de uma serra com uma lima grossa, triangular de
preferência. Usa luvas de protecção, e move a lima de baixo para cima em todos os
dentes de um lado da serra. Depois repete do outro lado da serra.
Os dentes de uma serra devem estar inclinados alternadamente. Caso contrário o
corte que a serra faz pode prender a serra, e parti-la. Com uma chave de fendas, roda-a
um pouco entre os dentes da lâmina.
O machado e a machada
O machado é usado para cortar árvores e rachar lenha à muitos anos - para os
Escuteiros, a machada é talvez a ferramenta cortante mais usada, e por isso vamo-nos
referir mais a ela - as técnicas envolvidas são quase iguais.
Os Escuteiros de hoje estão mais interessados em preservar as árvores, do que
em as deitar abaixo, mas saber utilizar estes instrumentos é do nosso interesse para
várias situações num acampamento, como para o pioneirismo.
Segurança da machada
48. Devido à maneira como são utilizados, estas ferramentas podem ser mais
perigosas do que outras. Remove a carneira ou bolsa de cabedal da cabeça do machado
apenas quando o fores usar. Dá-lhe toda a tua atenção.
Um machado tem que estar afiado e em boa condição. Se a cabeça está solta,
mergulha-a em água por umas horas. A madeira do cabo incha, e segura a cabeça por
algumas horas. Assim que puderes, arranja uma cunha para o cabo, ou substitui-o.
Usa sempre botas sólidas quando utilizares o machado, e remove o lenço, ou
outros itens como cachecóis. Não deves ter ninguém à tua volta no raio de dois metros,
pelo menos. Mantém os teus olhos e a tua atenção no que estás a fazer. Apoia bem o
que queres cortar, e nunca cortes no chão.
Usar o machado
Cortar os ramos de uma árvore caída chama-se limpá-la. Põe-te de um lado do
tronco. Corta os da base para a copa, o mais perto do tronco possível, sem fazer entalhes
neste. Se o machado falhar um ramo, os teus pés estão protegidos pelo tronco. Vai
“saltitando” de um lado para o outro à medida que vais da base do tronco para o topo.
Para cortar um tronco (ou um ramo bastante grosso) com o machado, coloca-te
de frente para ele, com os pés afastados à largura dos ombros. No caso do machado,
segura-o com uma mão perto da cabeça e com a outra perto da ponta do cabo. Levanta a
cabeça do machado acima da tua, e com a ajuda das tuas mãos para o apontar, deixa que
o peso do metal faça a força (no caso do machado, deixa a mão deslizar, ajudando-te a
apontar a lâmina). Levanta e repete do outro lado.
No caso da machada (ramos grossos) segura-a o mais afastado da cabeça que
puderes sem perder aderência da mão e faz o mesmo que com o machado.
O teu objectivo é fazer cortes em V - dá o golpe inclinado a ângulos de 60_ -
ora de um lado, ora de outro. Nunca se bate com a lâmina a direito, pois apenas
amassará a madeira, e fará “bocas” no fio do machado.
Usa um cepo para apoiar o que vais cortar (apenas no caso de troncos grossos
isso não é necessário). Um cepo é um bocado de madeira grosso, geralmente uma fatia
de um tronco, preso ao chão ou bem pesado. Deve ter cerca de meio metro de altura,
para não teres de te curvar para usar o machado. Um cepo é importante para tua
segurança - se falhares um golpe, provavelmente acertarás o cepo, e não as tuas pernas.
Quando não estiveres a usar o machado temporariamente (como enquanto vais
buscar outro pedaço de lenha para rachar), espeta a cabeça do machado no cepo - nunca
o deixes ou craves no chão, pois as pedras e a humidade estragam a lâmina. À noite,
guarda-o num lugar abrigado e seguro.
Para rachar um bocado de madeira, põe-no no cepo de pé. Com um golpe
pequeno, espeta a lâmina no bocado. Se não abrir uma rachadura, retira o machado e
repete. Se a cabeça do machado ficar presa, levanta machado e bloco apenas até à altura
dos teus ombros e deixa cair. A gravidade e o fio da lâmina devem fazer o resto - repete
até rachar completamente.
49. Carregar com segurança
Coloca uma cobertura sobre a lâmina - se não tiver uma bolsa própria, podes
usar um bocado de um ramo médio. Pega no machado pela cabeça, voltando a lâmina
para trás de ti. Se tropeçares, atira o machado para longe de ti. Nunca carregues um
machado sobre o ombro.
Para entregar um machado a outra pessoa, segura na cabeça e estende o cabo
para a outra pessoa pegar. Não largues antes da pessoa a quem entregas o machado o ter
bem seguro.
Afiar o machado
Um machado afiado é mais seguro do que um mal afiado - este vibra de um
modo incerto. Calça luvas para afiar um machado.
Usa uma pedra de esmeril, fazendo com ela movimentos alternados de um lado
para outro, e de cima para baixo, evitando que a lâmina fique mais afiada nuns sítios
que noutros. Para um machado em pior estado, com bocas no fio, usa uma lima média
movendo-a na direcção do olho para o fio.
Podes também usar uma pedra fixa rotativa. Nesse caso, deslocas a lâmina de
um lado para outro, acompanhando o movimento de rotação da pedra. Vira o machado
para afiar o outro lado.
Abater uma árvore
Só em casos excepcionais é que um Escuteiro ou outro particular se abatem
árvores, como a árvore está seca ou doente e ameaça cair, ou se trate de um eucalipto,
verdadeira praga que infesta a floresta portuguesa.
Abater uma árvore é uma manobra perigosa e delicada. A primeira coisa a
pensar é na queda da árvore. Marca exactamente a direcção em que queres que a árvore
caia - tem cuidado com o seu tamanho, não vá danificar outras árvores ou objectos (vê o
capítulo sobre observação para medires alturas).
Faz uma incisão do lado escolhido, perto do chão, até metade do diâmetro do
tronco, no máximo. Se ouvires estalos, para imediatamente com os golpes - é sinal que a
árvore vai cair. Começa então uma segunda incisão, no lado contrário e um pouco mais
acima.
Quando o topo da árvore começar a vibrar, ou começares a ouvir estalos, afasta-
te para o lado. Nunca te afastes para trás da direcção da queda, pois pode acontecer que
a árvore esporeie contra o tronco e dê um sacão para trás.