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  A tua Patrulha e o teu Agrupamento


       Como Escuteiro, há alturas em que estás por tua conta. Identificas objectivos
pessoais e esforças-te por os atingir. Aprendes técnicas ao teu próprio ritmo e decides a
que velocidade queres trabalhar para dominar tudo o que um Escuteiro deve saber.

       Como membro de uma Patrulha, já não estás sozinho. Podes canalizar a tua
energia para os esforços de Patrulha e transformar planos interessantes em realidades
excitantes. Com uma Patrulha, podes ir para o monte, caminhar e acampar. Poderás
conseguir muito mais do que sozinho.

       O teu Agrupamento é ainda maior. Com a força de muitas Patrulhas, um
Agrupamento é uma comunidade de Escuteiros. Tem o tamanho e a liderança para levar
a cabo grandes projectos e aventuras. O Agrupamento é a estrutura onde te podes
desenvolver como Escuteiro, Cristão, e um líder.




A tua Patrulha
        Uma Patrulha é um grupo de bons amigos a trabalharem juntos para tornar ideias
em realidades. Porque sois todos diferentes, cada um tem muito para partilhar com os
outros. Em reuniões, podeis ensinar uns aos outros as técnicas que sabeis. Em campo,
podeis-vos ajudar mutuamente a montar tendas, cozinhar e limpar. Como amigos,
tomais conta uns dos outros. Diz aos outros quando uma situação insegura se
desenvolver. Anima-os quando estão cabisbaixos. Dá-lhes os parabéns quando
desempenham algo bem. Amizade, alegria, aventura - é isso uma Patrulha.



Símbolos da Patrulha

Tabela 1 – Principais símbolos dos Bandos, Patrulhas, Equipas de Pioneiros e
Equipas de Caminheiros

                    Nome do
    Secção                            Totem ou Patrono                                      Distintivo
                 pequeno grupo
Cores do Lobo         Triângulo equilátero, com um vértice pa
                                                               Bando
                       Bando

                                      (ex. Bando Castanho)
                                                                 Triângulo equilátero, com as pontas arredon
                                          Totem animal          baixo, partido verticalmente, com a silhueta
                                                                                            à partição
                      Patrulha

                                     (ex. Patrulha Pinguim)

                                          Totem animal          Triângulo equilátero, com as pontas arredon
                                                                    baixo, partido horizontalmente, com a s
                                                ou                                    sobreposta à partição

                                             Patrono
                    Equipa (de
                    Pioneiros)
                                        (Santo da Igreja,
                                         Benemérito da
                                          Humanidade,            ou representação do Patrono num círculo b

                                       ou Herói Nacional)
                                            Patrono             Triângulo equilátero, com as pontas arredon
                                                                 baixo, representação do Patrono num círcu
                      Equipa            (Santo da Igreja,                                  vermelho
                                         Benemérito da
                 (de Caminheiros)         Humanidade,

                                       ou Herói Nacional)



       Totem e Bandeirola de Patrulha

       Muitas Patrulhas têm um animal como totem. Talvez sejas membro da Patrulha
Pantera, ou um dos Tigres, Lobos, Cavalos, ou Pinguins. Outras Patrulhas escolhem
como Patrono uma pessoa, como Santos, notáveis e afins.

       Cada Patrulha tem a sua Bandeirola, com um emblema que representa o seu
nome. Tu podes ter a hipótese de ajudar a desenhar e a fazer uma Bandeirola para a tua
Patrulha, e levá-la para as reuniões e actividades. Além disso, usas uma insígnia no
braço esquerdo, com o símbolo ou o nome da tua Patrulha.

        Practica desenhar o vosso símbolo em poucas linhas simples, para que o possas
juntar à tua assinatura Escutista. O símbolo da tua Patrulha, aquela que estás a ajudar a
tornar na melhor Patrulha que há.

      Embora hoje em dia seja possibilitado às Patrulhas e Equipas o desenho e
concepção da sua Bandeirola, esta é tradicionalmente triangular, branca debruada com a
cor da Secção. À semelhança do distintivo de Bando, Patrulha ou Equipa, a Iª Secção
apresenta uma cabeça de lobo da cor do Bando; na IIª a silhueta do animal totem; na IIIª
a silhueta do animal totem ou uma representação do patrono; na IVª Secção uma
representação do Patrono.

Fig. 1 – A bandeirola como símbolo do Bando e da Patrulha




       O Lema é escolhido pelos membros do pequeno grupo, e deve evocar o Totem
ou Patrono – os Bandos de Lobitos habitualmente não possuem lema.

        Além destes, deve existir ainda um ‘Livro de Ouro’, onde devem ser registados
itens como as características do animal totem ou a biografia do Patrono, biografia dos
elementos pertencentes, grandes momentos da vivência Escutista, tradições e histórias, e
afins.

Grito de Patrulha

        Cada Patrulha tem o seu grito. Se a tua Patrulha tem um animal como totem, usa
o seu som - o uivo de um lobo, ou o pio de um mocho. As Patrulhas que não têm um
animal como totem podem escolher o seu grito, mesmo entre os gritos de animais.

       Soltai o vosso grito de Patrulha quando ganheis um concurso ou jogo numa
reunião. Em campo, o cozinheiro da Patrulha pode soltá-lo quando o jantar estiver
pronto. O teu Guia fá-lo para reunir a Patrulha. Os membros da Patrulha compreendem,
mas os outros pensam que estão apenas a ouvir os sons da floresta.



O Guia de Patrulha
Cada Patrulha elege um dos seus membros para ser o seu Guia. Esta é uma
posição importante com muita responsabilidade. Tu vais querer escolher alguém que
respeites e cuja liderança estejas disposto a seguir e apoiar. Um Guia precisa da energia
e da vontade de ajudar a fazer da vossa Patrulha a melhor.

       O teu Guia é o responsável pela Patrulha, em reuniões e durante as actividades.
Ele sugere Boas Acções e projectos, e encoraja a Patrulha na sua execução. Quando o
moral vai abaixo, ele é o que diz “vinde lá” e recomeça. Trabalhando com o Chefe da
Unidade, o teu Guia concebe maneiras de todos progredirem no Escutismo, e ser
alguém.

       Há muitas responsabilidades numa Patrulha. Para ajudá-lo nos seus deveres, o
Guia escolhe um Sub-guia. Este lidera a Patrulha sempre que o Guia esteja ausente.

       O teu Guia e vós decidis que responsabilidades da Patrulha ficam com quem.
Um Escuteiro com jeito para a escrita e/ou desenho poderá ficar responsável pelo Livro
da Patrulha. Outro que cozinha bem poderá ficar encarregue de transmitir os seus
conhecimentos a outros que o ajudarão a preparar as refeições numa actividade.

        Um bom Guia partilha os deveres da liderança. Ele poderá deixar a ti a tarefa de
encontrar uma rota para a excursão de bicicleta do próximo mês, para seres o
cozinheiro-chefe, ou para ensinar aos outros Escuteiros como usar um fogareiro de
campo. Partilhando a liderança com todos vós, o teu Guia permite-vos aprender o que
significa ser responsável. Algum dia, quando tiveres experiência e tiveres demonstrado
a tua maturidade e sabedoria, os outros Escuteiros poderão escolher-te para Guia.

       Todos os membros da tua Patrulha deverão apoiar o Guia em todas as ocasiões.
Haverá alturas em que não quererás participar nos planos da Patrulha. Chuva pode
arrefecer um raid, ou uma Boa Acção pode ser mais difícil de levar a cabo do que o
esperado. Mas lembra-te que o Escutismo é baseado na cooperação e na boa disposição.
Por vezes terás que pôr para o lado os teus confortos para benefício da Patrulha. Um
“Escuteiro de Verão”, que só aparece quando o tempo está bom não tem muito valor
para uma Patrulha. É o “Escuteiro de todas as estações” que aproveita o Escutismo ao
máximo e põe a sua Patrulha a mexer. Quando tu e o resto da Patrulha superam
inconvenientes em conjunto, a satisfação e a recompensa aumentam.



Reuniões de Patrulha
As Patrulhas são uma componente tão fundamental do Escutismo que parte das
reuniões de Agrupamento deve ser para estas se reunirem. Uma Patrulha pode também
reunir-se na casa de algum dos seus membros ou outro local adequado.

       Durante as reuniões de Patrulha, os Escuteiros ajudam-se mutuamente a
compreender técnicas Escutistas. Também podeis planear as vossas actividades e
reuniões futuras. À medida que o planeamento é levado a cabo, cada um de vós terá a
responsabilidade de preparar a sua parte.



Actividades de Patrulha

       Uma Patrulha vive de aventuras. Algumas são passadas dentro de casa, como
preparar equipamento, practicar Primeiros Socorros, e dar nós.

       A tua Patrulha também pode ter muita diversão ao ar livre. Com a aprovação dos
vossos Chefes, podeis realizar acampamentos e saídas. O teu Guia deve ter a
experiência e a formação para encabeçar essas actividades por sua conta, ou a tua
Patrulha pode ser acompanhada por Dirigentes ou Pais.

        As saídas e os acampamentos são os pontos altos das vossas actividades. Essas
são as alturas em que podes pôr os teus conhecimentos a uso. Longe da escola e de casa,
tens tempo para desenvolver as tuas amizades e o vosso gosto pelo Portugal Natural. O
espírito de Patrulha atinge o seu máximo quando todos os membros da Patrulha são
bons amigos, acampam juntos, cozinham as suas refeições, e disfrutam do tempo que
passam assim. Em aventuras de Patrulha, estais perto do cerne do escutismo.




O teu Agrupamento



       Nenhuma Patrulha está só. Cada uma faz parte de um Agrupamento, constituído
por Unidades, que possuem até cinco Patrulhas cada. Podes considerar as Patrulhas
como os tijolos com que é feito o Agrupamento. Quanto mais fortes e activas forem as
Patrulhas, melhor será o Agrupamento.
Os teus Chefes. O Chefe de Unidade é o responsável pela Secção que dirige. Ele
trata de providenciar aprendizagem, aventura e diversão para ti e para os
outros Escuteiros. Ele está presente em quase todas as reuniões e vai à maioria
das actividades. Os Guias consultam-no para conselhos. Hás de vir a conhecê-lo
como um amigo mais velho a quem podes pedir ajuda e opiniões.

        Nenhum Dirigente é pago pelo tempo que dedica ao Escutismo. Ele vê o valor
do método Escutista, e quer ter mão na administração deste a ti e aos outros jovens da
Paróquia. Podes valorizar o tempo gasto pelos teus Chefes fazendo o que puderes por
tornar a tua Patrulha e do teu Agrupamento um sucesso.

        Uma Unidade tem outros Dirigentes que ajudam o teu Chefe de Unidade,
constituindo a Equipa de Animação. Por vezes, substituem-no na condução de reuniões
e actividades.

      O teu Guia de Unidade é um Escuteiro experimentado escolhido pelo Chefe de
Unidade ou pelo Conselho de Guias para coordenar e presidir a este.



O Conselho de Guias. As actividades da tua Unidade são planeadas pelo Conselho de
Guias, que é constituído pelo Guia de Unidade, pelos Guias de Patrulha e pelos
Dirigentes da Unidade.

       O Conselho reúne-se para discutir todos os assuntos de interesse para a Unidade.
O teu Guia de Patrulha representa a tua Patrulha, partilhando as vossas ideias com os
outros membros do Conselho. Juntos, os membros do Conselho de Guias consideram as
sugestões e necessidades dos Escuteiros, e daí estabelecem o plano de actividades.



Reuniões. Quando vais a uma reunião semanal, podes esperar actividade. Muitas vezes
haverá jogos que melhoram os teus conhecimentos de Escutismo. Demonstrações e
concursos ajudam-te a aprender novas técnicas. Durante parte da reunião, as Patrulhas
podem-se reunir por si. Com canções, pequenas cerimónias e orações, a reunião deve
ser interessante para todos.

        Nem todas as reuniões acontecem no mesmo sítio, ou à mesma hora. Aqui e
além, uma reunião pode ter lugar num quartel de Bombeiros, por exemplo, para
saberdes como é que a tua cidade é protegida dos incêndios. Noutra ocasião, podeis-vos
reunir na piscina municipal e trabalhar para alguma insígnia.



Saídas e acampamentos. Um Agrupamento forte e saudável têm muitas actividades ao
ar livre. Uma vez por mês, deves ter um acampamento, ou uma actividade do género.
Na maior parte das saídas, deveis sair em Patrulha. Actividades com outras Patrulhas
fornecem uma oportunidade para ver se a vossa Patrulha está a trabalhar bem, e se as
técnicas são correctamente aprendidas e postas em prática.

        A tua Patrulha é tão boa quanto os membros que a compõe estão dispostos a
torná-la. De igual modo, o sucesso do teu Agrupamento depende da energia de cada
Escuteiro ao usar o número do seu Agrupamento na manga direita. Tu podes manter as
reuniões vivas e interessantes chegando a horas, participando nelas a sério. Aparece
para as actividades marcadas como quer que esteja o clima. Faz teu objectivo ser um
dos melhores Escuteiros do teu Agrupamento.

       Lembra-te que tudo o que acontece na Patrulha e no Agrupamento acontece
porque tu e outros tem orgulho em ser Escuteiros. Tu és a tua Patrulha e Agrupamento.
Eles são uma reflexão tua, enquanto Escuteiro. Quanto mais te deres ao Escutismo, mais
o Escutismo te dará.




O teu Núcleo e a tua Região



        A área da tua Diocese onde o teu Agrupamento está localizado é uma Região.
Quando o número de Agrupamentos o justifica, é criada uma estrutura intermédia
chamada um Núcleo, e que corresponde mais ou menos à área de um arciprestado.
Núcleos de grandes dimensões podem-se dividir em Zonas, para a organização de
actividades.



Actividades de Núcleo e Regionais. Muitas Zonas, Núcleos e Regiões organizam
acampamentos para todos os Agrupamentos da sua área. Através de jogos e concursos,
os Escuteiros travam conhecimentos e desenvolvem-se.

     Outros organizam também festivais, exposições, demonstrações e
comemorações. Nos últimos anos, tem-se assistido a um esforço das Regiões para que
cada uma consiga ter pelo menos um Centro Escutista, disponível para todos os
Escuteiros, do CNE e não só.




Insígnias e distintivos
As insígnias no teu uniforme mostram até onde avançaste na tua Vida Escutista.

Distintivos de Identificação. Os primeiros distintivos que usas indicam a tua Patrulha,
o teu Agrupamento, o teu Núcleo e a tua Região.

 Distintivo                Exemplo


  Patrulha




Agrupamento




   Núcleo




   Região




Insígnias de Progresso. Adesão, Bronze, Prata e Ouro - as etapas do Sistema de
Progresso revelam os teus conhecimentos Escutistas. As insígnias de Competência
levam-te a explorar os teus interesses em muitas áreas. As insígnias de etapa usam-se no
braço esquerdo, e as de competência no braço direito.

   Etapa de Bronze /             Etapa de Prata /
                                                          Etapa de Ouro / Animação
      Autonomia                  Responsabilidade
Insígnias de Função. Algum dia, os Escuteiros da tua Patrulha poderão reconhecer as
tuas capacidades de liderança e técnicas, escolhendo-te para Guia - é uma grande honra
e uma grande responsabilidade. Usa as tuas duas fitas no bolso esquerdo com orgulho e
devoção. Enquanto esse dia não chega, cumpre as tuas funções dentro da Patrulha. Usa
a tua insígnia de função acima do botão da pala do bolso esquerdo.

                        Guarda do Relações
Animador Cozinheiro                        Secretário Socorrista Tesoureiro
                         Material Públicas




Funções      Funções      Funções     Funções     Funções      Funções      Funções




Insígnias específicas. Quando tomas parte de uma actividade especial, como um
Acampamento Nacional, podes receber uma insígnia para usar no braço direito (até um
máximo de duas insígnias) até um ano depois de a receberes. Estas insígnias
temporárias mostram aos outros o que fizeste, e recordam-te do que te divertiste e
aprendeste.
Outras insígnias. Quando tiveres andado nos Escuteiros há algum tempo, e tiveres
pertencido a mais do que uma Secção, podes colocar no teu braço esquerdo as Insígnias
de Secção a que pertenceste.




      Quando tiveres alguma experiência de acampamentos, podes receber a Insígnia
de Campo, que reconhece as tuas 25, 50, 75 e 100 noites de campo.




                         Vamos acampar!


       Veste o teu uniforme e calça as tuas botas. Mete a mochila às costas. És um
Escuteiro, e isso quer dizer que vais acampar! Podes apostar que não há nada melhor
que montar a tenda e passar a noite ao ar livre.

        Que vais encontrar num acampamento? Apenas algumas das melhores aventuras
da tua vida! Podes usar as tuas técnicas Escutistas para seguir trilhos nos montes,
através de pedregulhos e sobreiros. Abre os teus olhos, olha e vê, poderás ver falcões,
lebres e talvez até um lobo. Sobe ao alto ventoso de um monte, desce ao fundo de um
rio.
Depois de um dia cheio, vais fazer o teu jantar. Que tal um assado nas brasas, ou
um pão com chouriço feito por ti? Após o jantar, mais um pouco de lenha transforma as
brasas quentes em chamas acolhedoras, e com os teus amigos revives as vossas
melhores histórias. O Fogo de Conselho tem sido uma tradição calorosa no Escutismo, e
muito Velho Lobo relembra com saudade o seu tempo à volta de uma fogueira.

        Depois mete-te no teu saco-cama. O cansaço de um dia vivido em pleno
ressente--se, mas antes de adormeceres olha para o céu. Alguma vez viste tantas
estrelas? Ouve, escuta os sons da noite - ao longe um carro, mais perto de ti e do teu
coração o pio de um mocho, o bater de asas de um morcego. Não te esqueças de
agradecer Àquele que te deu um dia tão bom, e de pedir que guarde a ti e aos teus
amigos e familiares.

        O Escutismo faz-se ao ar livre. Escutismo é acampar. Escutismo é andar de
bicicleta, nadar, fazer canoagem, vela, orientação, primeiros socorros, e muitos outros
desafios. O Escutismo tem o seu campo de acção na Natureza, no ar livre.

       Este trabalho tenta ensinar-te a ser um bom campista. O teu Chefe, o teu Guia e
os outros Escuteiros também te hão de ajudar, e tu, por tua vez, hás-de ajudar outros. E
com a tua energia e boa disposição, nada te poderá impedir.

      Por isso, deixa de sonhar e vai fazer a tua mochila. A maior aventura da tua vida
começa quando pões os teus pés ao caminho.




O Desafio do mínimo impacto

       "Quando fordes acampar, não deixeis nada além de agradecimentos ao
proprietário, e não tireis nada a não ser fotografias." - é este o desafio que te é posto
como Escuteiro.

       Quando o Escutismo surgiu, podia-se quase acampar em qualquer lado. Fora das
cidades, a maior parte da terra era terreno agrícola ou florestal. As necessidades de uma
nação em crescimento alterou essa situação - barragens para fornecimento de energia
submergiram terrenos e casas, novas e melhores estradas rasgaram montes e vales,
chegando a pontos de Portugal de difícil acesso. Montados foram arrasados para
fornecimento de recursos, casas surgiram em terrenos de cultivo. Muitas das mudanças
foram positivas, outras nem por isso, mas todas tiveram impacto no Portugal Natural.

        O facto de a nossa Pátria se ter desenvolvido rapidamente nos últimos anos
causou muitos danos, pois não houve tempo de adaptação às novas circunstâncias. No
início do século, o lixo podia ser deitado em quase qualquer lado, pois era
biodegradável, e a própria Natureza se encarregava de o fazer desaparecer. Agora a
mentalidade persiste, mas o lixo também - os plásticos, borrachas e outras substâncias
não são facilmente biodegradáveis, e cabe-nos fazer a reciclagem desses produtos, uma
vez que eles não são naturais.
O Portugal Natural é a casa de muitas espécies de animais e plantas - daqui vem
o ar puro e a água limpa, e nos lembramos como costumava ser a nossa terra. Quando as
pessoas querem fugir da cidade, têm ao dispor parques, reservas, florestas, e muito
terreno natural.

        Com a liberdade de sair para o Portugal Natural, vem a responsabilidade de
cuidar dele. Essa responsabilidade é de todos os Portugueses, mas especialmente tua.
Como Escuteiro é teu dever especial conservar esses tesouros naturais, e ajudar outros a
fazê-lo, para que todos possamos ter uma qualidade de vida melhor ainda.

        Quando sais para o campo, deves ter o cuidado de causar o mínimo impacto.
Milhares de Escuteiros saem para o campo todos os anos, e que seria de nós e da nossa
Terra, se eles não tentassem preservar o que ainda resta! Faz tudo o que puderes para
que o Portugal (e o Mundo) Natural fique tão maravilhoso quanto antes de tu e os teus
amigos o encontrardes, ou melhor.



Experimenta estes tipos de acampamento

Bivaque é um acampamento curto, geralmente de fim-de-semana ou três dias. O
objectivo do teu Agrupamento deve ser fazer um destes mais ou menos todos os meses.
No Inverno pode parecer difícil, mas tens os Parques Escutistas à vossa disposição, e
muitos destes têm casas que vos podem abrigar, se o tempo estiver mau.

Acampamento de longa duração é o preferido para o Verão. Uma semana ou duas
(talvez até mais...) com os teus amigos Escuteiros, ou planeia umas expedições baseadas
no local de acampamento. Não deixes passar oportunidades de férias para acampar, o
Verão pode estar longe...

Acampamento volante combina acampar com viajar, seja a pé, de bicicleta, de canoa ou
de outro meio. Excelente diversão para os Escuteiros mais experimentados, é
particularmente apropriado a projectos específicos, como levantamentos ecológicos, de
património, etc.



Planeia o teu acampamento

       Se fores como a maioria dos Escuteiros, deves estar mortinho por ir acampar.
Mas antes de partires com a tua Unidade ou Patrulha, precisas de fazer as seguintes
perguntas. As tuas respostas vão-te ajudar a planear uma aventura interessante, divertida
e em segurança.

          Onde quereis ir? Todas as partes do País tem boas áreas onde Escuteiros
  podem acampar. Os teus Chefes conhecerão algumas. Mas tu também podes conhecer
  outras. Pedindo educadamente, muitas pessoas deixarão os Escuteiros acampar nos
  seus terrenos.
  Há água disponível para beber, cozinhar e higiene? Em muitos locais é possível obter
  água da rede pública ou de fontes e minas seguras. Quando em dúvida, ferve a água
por alguns minutos, tendo a certeza que borbulha bem.
  É permitido fazer fogo? Entre Junho e Setembro é proibido fazer fogo em qualquer
  área florestal, devido ao risco de incêndio. Em alguns locais é proibido fazer fogo
  durante o ano inteiro. Usa sempre o local apropriado, e toma sempre as medidas de
  segurança para evitar que a tua fogueira danifique o Portugal Natural .
  De que tamanho é o teu grupo? Locais de acampamento especializados conseguem
  aguentar o impacto de muitos Escuteiros, mas a maioria dos locais não. Muitos pés
  pisoteiam e devastam a vegetação, assim como as muitas tendas necessárias. Para
  minimizar o impacto, as Patrulhas devem acampar e deslocar-se separadamente.

  O que queres fazer? Pioneirismo, natação, 'raids', cozinha selvagem, observação
  natural, plantio de árvores - as possibilidades são infinitas! Os teus Chefes podem
  sugerir actividades para o local para onde quereis ir, e vice-versa: podem sugerir um
  local baseado no que quereis fazer. Como é que ides? A pé, de bicicleta são opções
  viáveis para aqueles sítios próximos. Para distâncias maiores, há sempre os
  transportes públicos, ou algum bom parente que ajuda com a sua carrinha.
  Quanto é que vai custar? Acampar deve ser simples, barato, e divertido. Vais precisar
  de algum material próprio, mas a maior parte pode ser comprado nos Depósitos de
  Material e Fardamento do CNE, ou em lojas por eles recomendadas. O teu
  Agrupamento deve ter tendas, material de cozinha, etc. Provavelmente, ser-te-á
  pedido que comparticipes nos custos das refeições e viagens. Se não tens dinheiro que
  chegue, fala com o teu Chefe - nenhum Escuteiro deve ser impedido de participar em
  actividades por falta de dinheiro.
  Tens autorização? Conta aos teus Pais ou Encarregados os detalhes da actividade,
  explica o que vais fazer, quando vais, quando voltas. Os teus Chefes devem contactá-
  los (ou vice-versa) para garantir a tua presença.
  Como vais proteger o terreno? Orgulhai-vos de deixar o local de acampamento
  melhor do que estava quando o encontrastes. Apanhai todo o lixo, e perguntai aos
  proprietários se há algum serviço que possais fazer como retribuição pela sua
  gentileza em vos deixar acampar nas suas terras.
  Como ides ser Escuteiros? Quando as pessoas vêem um grupo de jovens acampados,
  antes de verem o uniforme pensam nos Escuteiros. E também pensam que bom é tê-
  los ali! Cabe a ti e aos teus amigos provar-lhes que tem razão - fazei as vossas
  actividades sem importunar ninguém, convidai as pessoas para o Fogo de Conselho
  ou as crianças da terra para alguma actividade que possa ser participada..

       Fazei uma Boa Acção - qualquer coisa simples, como limpar o lixo de um local
público, ou qualquer outra tarefa útil. Perguntai ao Pároco, ou ao Presidente da Junta de
Freguesia.

        Participai activamente na Eucaristia, fazendo uma leitura, por exemplo, e dai
mostras da vossa Fé, como Escuteiros Católicos. Estas mostras podem ser para o
exterior, mas que sejam mais do que tudo, para vós mesmos - lembrai-vos de Deus em
todas as vossas horas: foi Ele que criou os locais onde estais, é Ele que vos proporciona
esta actividade, é Ele que, dia após dia, toma conta de vós.
De que material precisas?

       Nos tempos de antanho, os nossos navegadores partiam em jornadas que
duravam anos, indo a locais pouco ou nada explorados, em barcos pequenos. Todo o
material que seria necessário ao longo dessas viagens tinha que ser transportado nos
barcos, bem como os mantimentos. Mas as reservas nem sempre chegavam até ao fim
das viagens, especialmente quando começaram as que iam cada vez mais longe. Mas
havia a esperança e Fé em Deus, que os havia de prover.

        A água doce era recolhida das chuvas quando as havia, mas na sua falta era
preciso ir a terra buscar água e comida. Por vezes, era possível obter esses bens por
troca com os nativos, mas muitas vezes era preciso buscá-los no interior dessas terras
novas, usando o material que tinham trazido.

        Hoje, a situação é outra para os nossos Escuteiros - mas ainda tens de levar o teu
material para as actividades. Como possivelmente vais carregar tudo às costas,
interessa-te levar o menor peso. Mete na mochila aquilo que realmente precisas para ter
uma boa actividade, e deixa o resto em casa. Como os antigos exploradores, em breve
apreenderás a viver com pouco.



O Essencial

      O material essencial descrito abaixo são as ferramentas que deves trazer contigo
em todas as actividades. Tornam uma viagem agradável melhor ainda, e numa
emergência, podem ajudar a salvar vidas.

Canivete - um canivete é a ferramenta pessoal mais útil. mantém o teu limpo e afiado.

Estojo de Primeiros Socorros - além do estojo completo que alguém terá que trazer,
deves ter o teu a postos para as pequenas feridas. Bastam coisas como pensos rápidos,
creme para bolhas e calos, um desinfectante, uma pinça, alguns trocos e um cartão
telefónico para um telefonema de emergência (já que muitos telefones públicos não
aceitam moedas).

Inclui um lenço ou compressa limpo, para hemorragias maiores, bem como um cartão
com os números de telefone mais importantes: casa, Chefe, emergência (112), incêndios
florestais (117). Acrescenta também comida energética, como chocolate e/ou frutos
secos, para uma emergência (e só!).

Roupa sobresselente - ter frio ou estar molhado num raid é horrível, e pode ser mau para
a saúde. Uma camisola grossa e um impermeável resolvem a maioria dos problemas;
em tempo mais frio, um anorak, umas luvas e um gorro. Quando faz mais calor, não
será necessária tanta roupa, mas cuidado com as noites orvalhadas do Verão e os Verões
de S.Martinho - bonitos mas frios.

Impermeável - um poncho protege-te a ti e à mochila. Em caso de chuvada inesperada,
um saco do lixo pode ser transformado depressa numa protecção.
Cantil ou garrafa de água - no Verão é fácil desidratar, mas mesmo no tempo mais
fresco isso pode acontecer numa actividade mais longa. Leva sempre um cantil cheio ou
uma garrafinha plástica (pesa menos) e vai-os re-enchendo. Bebe golos pequenos

Lanterna - dá muito jeito onde não há luz eléctrica, como em tendas! De igual modo, em
actividade no escuro. Uma lanterna resistente que usa duas pilhas AA é ideal: pesa
pouco e é mais do que suficiente. Mantém-na à mão na mochila, e toma cuidado para
que não se ligue sem dares conta. As pilhas recarregáveis são mais vantajosas.

Boné/chapéu - no Verão é fácil apanhar uma queimadura, uma insolação ou um golpe
de calor. Um chapéu de abas largas protege o teu rosto e a tua cabeça, e em sol forte
uma camisa de mangas compridas é a melhor opção (não te esqueças do protector
solar). No Inverno, as abas também ajudam a proteger da chuva (especialmente se
usares óculos).

Mochila - onde levar o material, de tamanho conforme o que é preciso levar. Uma
mochila é, basicamente, um saco com asas para transporte. Ajuda a carregar peso e
liberta as tuas mãos. Usa sempre as duas asas, e se a mochila tiver cinto, aperta-o - tudo
isso contribui para a melhor distribuição do peso, e evita dores e cansaços.

Mapa - se viajares em áreas desconhecidas, uma carta topográfica, preferivelmente
acompanhada de uma bússola ser-te-á de muito uso.



Em Bivaque

       O teu material essencial acompanha-te em todas as saídas, e é a parte mais
importante do teu equipamento. Quando pretenderes passar a noite debaixo das estrelas,
precisas de levar mais qualquer coisa para pernoitar.

Saco-cama - em casa, o colchão e as cobertas mantém-te quente. Fora da tua cama, um
par de cobertores faz o mesmo. Dobra os cobertores em forma de envelope, e prende as
pontas com alfinetes de segurança. Mas se tens escolha, usa um saco-cama. Como é
um saco, detém o calor melhor do que cobertores. além disso é mais leve e mais fácil de
levar na mochila. Se fores acampar no Inverno e o teu saco-cama for muito fino, podes
sempre meter um cobertor dentro do saco, á tua volta. Se tiveres calor, podes sempre
usar esse cobertor extra como colchonete.

 Colchonete - um colchão de ar ou um colchonete melhorarão o teu conforto e ajudarão
a manter-te quente (o colchonete é preferível por uma questão de peso e facilidade de
arrumação). Estes protegem-te do frio do chão, o que é mais importante do que
protecção do frio do ar, e tornam um solo duro mais confortável. Para ajudar a isolar o
colchonete podes usar um plástico grosso - até o poderás prender à parte de baixo do
colchonete. Será bom para resguardar-te da humidade do solo.



Faz a tua cama
Chegaste ao campo e jantaste. Agora preparas-te para a noite. Qual é o melhor
modo de arrumar a tua tralha para uma noite confortável?

       Encontra um local razoavelmente plano. Se for debaixo de uma árvore, menos
orvalho se condensará na tua tenda ou saco-cama. Arbustos e pedras podem funcionar
como tapa-ventos. Remove pedras e paus que possam rasgar a tenda ou o saco-cama,
mas deixa folhas e pruma - vão-te servir como colchão e minimizar o teu impacto no
local.

        Estende o teu plástico/chão, e põe o colchonete por cima, seguido do saco-cama
ou dos cobertores. Queres uma almofada? Pega na tua roupa e mete-a dentro de uma
camisola. Em tempo húmido será melhor usares uma tenda, mas se a não tiveres trazido,
deixa as tuas coisas arrumadas até à hora de deitar, para evitar que absorvam humidade.
Se tiveres tenda, aproveita para estender o saco-cama, para que ganhe a sua forma

       Quando te meteres no saco-cama, mantém as tuas botas perto. Mete pequenos
objectos, relógio e óculos numa delas, e na outra a tua lanterna. Usa a língua da bota
para que o orvalho não humedeça o interior das botas. De manhã, antes de as calçares,
sacode-as bem; os nossos pequenos amigos animais podem entrar nelas para se
aquecerem, e provavelmente ficarás admirado com a quantidade de terra e pedrinhas
que entrou durante as actividades do dia anterior.

       Se estiver mesmo fresco (mesmo dentro da tenda), um gorro, meias grossas, uma
camisola e mesmo luvas podem tornar uma noite de frigorífico numa experiência mais
agradável. Os sacos-cama são quentes porque o seu acolchoado guarda ar, que é
aquecido pelo próprio corpo. A qualidade isolante do material ajuda a conservar a
temperatura.

        Por último, não vás para a cama sem fazer uma ceia - o corpo "queima" calorias
para te manter quente, mas só se tiveres calorias, nem sem aquecer a alma com algumas
orações.



Utensílios para comer

       As refeições em campo têm que ser substanciais, e a maioria pode ser comida
com utensílios simples. Um prato resistente, preferivelmente de sopa (serve para sopa e
comida sólida), um copo ou caneca, de preferência com medidas marcadas (útil na
cozinha) e talheres: garfo, colher, e faca.

       Em actividades invernais, uma caneca isolada (termos) mantém a sopa e as
bebidas quentes, e não queima os teus lábios e mãos de segurar. Se te tiveres esquecido
dos teus utensílios (vê a lista, da próxima vez) podes sempre deitar mão do Método
Escutista, e fazer os teus próprios. Com o teu canivete, podes experimentar talhar num
ramo um garfo numa ponta e uma colher noutra (o canivete serve-te de faca). E já agora,
se os Orientais conseguem comer com dois pauzinhos, porque não experimentar.
Apoia um dos paus na cova do polegar e na ponta do dedo anelar, e segura-o
com o polegar. O outro deve ser seguro com o polegar e com o dedo médio, e movido
com a ajuda do indicador.




Toma conta de ti

        Parte da alegria de uma actividade é não te preocupares em sujar-te ou manter-te
limpo. Se for só um bivaque, não há problema, quando chegares a casa tomas um bom
duche. Mas se a actividade durar mais, vais querer limpar-te. Se te lavares antes de
deitar, sentir-te-ás melhor, e o teu saco-cama ficará mais limpo. Não te esqueças de
trazer as seguintes peças de equipamento, e não te esqueças de as usar.

Sabão/sabonete - tanto quanto necessário, mas não é preciso um novo nem para um
acampamento de uma semana; uma barra pequena ou uma grande que esteja quase
usada chegam. Guarda dentro de uma caixa ou saco plástico.

 Toalha e esfrega - a esfrega molhada serve para tomar o "banho à Escuteiro" quando
não há instalações; esfrega-te com força e com sabão para tirar bem o sujo. A toalha é
para te secares. Escolhe-as de cor escura, para não se ver tanto o sujo, e se ficares mais
de uma semana em campo, lava a toalha.

 Escova, fio e pasta dos dentes - um bocado de pasta dentífrica lava muitos dentes;
arranja um tubo pequeno, ou um grande perto do fim. Arranja uma escova média, e lava
os dentes pelo menos duas vezes por dia, ou se puderes, no fim de todas as refeições; o
fio dental garante a limpeza entre dentes, que é onde muito bom dente se arruina.



Extras

        Uns poucos extras podem melhorar ainda mais uma actividade. Talvez queiras
trazer alguns dos seguintes:

máquina fotográfica e rolo (guarda em saco plástico)

bloco de notas e lápis

repelente de insectos

fato de banho
óculos de sol

binóculos

livro

livro de orações ou Bíblia



Que mochila?

        Há vários géneros de mochila: desde aquela que se leva para a escola e serve
perfeitamente para uma saída de um dia, à outra gigante que se destina a meter vivendas
inteiras, sem esquecer a ligação à rede de esgotos.

        Uma mochila pequena dá para conter todos os essenciais para um dia em campo.
Qualquer coisa um pouco maior já dá para um bivaque, e depois há mochilas maiores
para actividades mais compridas, com estrutura metálica que pode ser exterior ou
interior.

        A capacidade das mochilas mede-se em Litros. Uma mochila pequena (tipo
escolar) tem em média 10 litros, uma média 32, e uma grande (a mochila típica) cerca
de 65 litros. Mas cabe a cada um escolher o tamanho que lhe dá mais jeito. Quanto
maior uma mochila, mais tentados estamos em a encher, e portanto a aumentar o peso
que vamos levar às costas. Por outro lado, também não é aconselhável ter uma tão
pequena que quando lhe colocamos o material essencial fique prestes a rebentar,
esperando apenas o momento pior possível para o fazer. Mais vale portanto escolher
uma mochila mais para o pequeno que para o grande.
Fazer a mochila

               As mochilas da nova geração são em forma de marco, que se abre com
um fecho de correr, como uma mala. O formato tradicional das mochilas carrega-se pela
parte de cima, com um cabeção, geralmente com um bolso, a fazer de tampa. Como
estas ainda continuam a ser a grande maioria, vamos falar sobre estas, embora os
princípios sejam os mesmos.

       Em casa és capaz de ter um armário, ou gavetas com as tuas coisas. Em campo, a
tua mochila funciona como armário. Em vez de gavetas, podes usar sacos plásticos para
manter tudo junto e seco. Fazer isto é particularmente importante se há a possibilidade
de chover. Nenhuma mochila neste mundo continua impermeável depois de várias horas
de chuva. Por consequência, nenhuma roupa que tu lá tenhas continua seca! Usa os
sacos plásticos. Quando precisares de mudar de roupa, já sabes que no saco azul estão
as meias, no verde os agasalhos, etc.

        Ou podes fazer os teus próprios sacos, com as pernas de calças velhas que
estejam em mau estado (e portanto não podem ser dadas a quem precisa). Corta uma
perna, e cose o fundo com linha grossa, ou com uma máquina de coser. Na boca do
saco, dobra uns dois centímetros, fazendo-lhe uma gola. Faz dois pequenos buracos no
mesmo extremo dessa gola, e insere uma corda por um, dá a volta, e faz a corda sair
pelo outro buraco. Cose a gola, para que o fio não escape. Vira o saco do avesso, e está
pronto!

       Quando fazes a mochila, lembra-te das palavras de Jesus: "Os primeiros serão os
últimos e os últimos serão os primeiros" (Mt 20, 16* ). Neste contexto, quer dizer que
aquilo que puseres dentro da mochila primeiro terá que sair em último, e vice-versa,
logo deixa aquilo que pensas precisar cedo para ser posto por último.

        Se fores carregar com a tua mochila, o material mais leve deve ser colocado
mais para o fundo da mochila, pois quanto mais acima e mais próximo das tuas costas
estiver a maior parte do peso, menos curvado terás que andar, devido ao centro de
gravidade. Também por cima devem ficar coisas como um agasalho ou um
impermeável, caso ameace arrefecer ou chover.

        Nos bolsos laterais que as mochilas maiores tem podes guardar aquele
equipamento essencial que te falamos acima, para estar facilmente à mão. O saco-cama,
por ser leve, deve ser das primeiras coisas a entrar na mochila. Siga-se a roupa, e depois
o equipamento mais pesado.

        Além das tuas coisas poderás ter que carregar algum do material da Patrulha. A
tua parte pode incluir cantinas, tendas, e alguma comida.



       Uma mochila não é uma árvore de Natal - leva o material dentro da mochila, e
não pendurado no lado de fora

        Levar carga a mais é tão mau como levar material a menos. A responsabilidade
recai sobre os teus ombros (literalmente!) - todo o caminho para lá e para cá. A carga
máxima que alguém deve carregar é igual a um quarto do peso do seu corpo; isto é, se
pesas 50 Kilogramas, não deves carregar mais de 12, 5 Kilos.

       O famoso Escuteiro e campista americano Steward E. White tinha um método
para decidir o que levava. Quando voltares de um acampamento, divide o teu material
em três pilhas:

       1 - o que usaste todos os dias (inclui aqui o teu estojo de higiene e o de primeiros
socorros)

       2 - o que usaste ocasionalmente

       3 - o que nem sequer usaste

Da próxima vez, deixa a terceira pilha, e pensa bem sobre a segunda...

Regular e carregar a mochila

        As mochilas modernas tem a particularidade de serem reguláveis, isto é, de
permitirem distribuir o seu peso de forma a que este fique o mais equilibrado possível, e
se torne, pois, mais fácil de carregar.

       O truque é simplesmente carregar a mochila tendo por apoio a zona das ancas,
enquanto que as correias servem sobretudo para manter o equilíbrio. O segundo ponto a
ter em conta é que todas as correias com regulação tem uma razão de existir.

        Para regular uma mochila, põe-na às costas, e dá folga às correias até que a
correia da cintura fique ao nível da largura máxima das ancas. Fecha a correia da
cintura, de modo a que todo o peso da mochila fique nas ancas. Pega então nas outras
correias, e puxa-as até que sintas o peso da mochila ficar repartido entre a bacia e os
ombros. Se sentires uma compressão ao nível dos ombros, é porque as correias ficaram
demasiado apertadas. A correia estreita que une as duas ombreiras ao nível do peito tem
por função repartir melhor estes esforços.

       Nas mochilas grandes, um par de tiras liga as ombreiras ao bolso da tampa. Estas
permitem deslocar o sentido de gravidade da mochila, em função do relevo do terreno
onde se caminha. Numa subida, apertam-se para aproximar o peso dos ombros; numa
descida, alargam-se para fazer descer o peso do saco ao nível dos rins.



Abrigo

      Há muitos anos, os campistas de então, pioneiros e bandeirantes na sua maioria,
quando precisavam de abrigo, cortavam ramos e árvores e construíam abrigos "em A".
Demorava algum tempo e causava danos permanentes à Natureza.
Hoje, um oleado ou uma tenda fornecem protecção dos elementos rapidamente,
em qualquer lugar. Protegem-te do mau tempo, dos insectos, e dão-te privacidade.
Quando te queres ir embora, é só desmontar a tenda; ao contrário do abrigo "em A", é
um método que deixa poucos vestígios, e menos ainda se fores consciente.

       O grande segredo para passar um acampamento sem frio é saber que na maior
parte dos casos, o frio vem do chão. Um dos desenhos de BP no Escutismo para rapazes
exemplifica muito bem essa regra.

       A condução é o fenómeno físico que ocorre quando um objecto mais quente
entra em contacto com um mais frio. É o que acontece se tu pegares num objecto de
metal frio e o segurares na tua mão durante tempo suficiente - ele aquece e a tua mão
arrefece ligeiramente. Como o teu corpo está sempre a produzir calor (necessário para
as reacções que se dão nas tuas células, e produto delas mesmas) e o objecto metálico é
pequeno ou se calhar não estava muito frio, pouco notaste.

         Mas se em vez de um objecto frio na mão te deitares em cima de um chão
realmente frio, o calor produzido pelo teu corpo pode não ser suficiente, e arrefecerás
durante a noite, o que pode resultar numa constipação ou pior. Assim, a conclusão a
tirar é que é realmente importante isolares-te do chão, com cobertores, colchonetes,
folhas de papeis ou ervas secas, fetos ou pruma.

        Também a chuva e o vento são factores a ter em conta, porque agravam os
efeitos do frio e são elementos de desconforto.



Toldos

        O abrigo mais simples em campo é um toldo grande, que pode ser de lona ou de
plástico. Os de lona são mais antigos, e chamam-se ainda panos de tenda, por serem
usados como chão nas tendas antigas, que o não tinham - se não lhes tocares e os
esticares bem, podem ser quase tão impermeáveis quanto os de plástico. Os de plástico
podem vir em várias cores e transparente. São adequados para cobrir a área das
refeições, ou a cozinha.

       Os panos de tenda e alguns linóleos vêm com aneis de metal, chamados ilhós,
que servem para prender cordas. Se não tiverem isso, com uma pedra média ou uma
pinha pequena e corda fina podes fazer uma improvisação, usando o nó de barqueiro (vê
o desenho).

        Para tornar um desses panos num tecto para a cozinha ou para a "sala de jantar",
usa uma corda para atar duas árvores, e deitar por cima dessa corda o toldo. Com as
espias (cordas usadas para prender algo como linóleos, e tendas) esticas os cantos. Se o
tempo piorar, baixas a corda central, e regulas as espias.

       Para usá-lo como abrigo de dormir, é só baixar o toldo - se as bordas forem mais
baixas do que o resto, proteger-te-á melhor contra o vento.
Tendas

       As tendas costumavam ser feitas de lona, e poderás encontrar ainda muitas feitas
nesse material, que foi a origem da ganga que hoje se usa para fazer calças (e não só).
As tendas eram impermeabilizadas por uma variedade de métodos, que podiam incluir
parafina e gordura entre outros.

       Hoje, as tendas são feitas de materiais artificiais que não precisam de
impermeabilização, e oferecem várias alternativas conforme a intenção pretendida. Seja
qual for o tipo escolhido, o modo de montar e utilizar obedece sempre aos mesmos
princípios. A resistência ao vento e a impermeabilização dependem da correcta
observação desses princípios.

        O tecido deve ficar completamente esticado e sem rugas. Para isso a tenda deve
ficar correctamente presa ao chão. Nem sempre é fácil espetar os espeques (ou estacas)
num solo pedregoso ou demasiado duro. Do mesmo modo pode ser difícil manter os
espeques espetados num solo demasiado mole. Um martelo e alguma atenção podem
resolver os problemas da dureza excessiva, enquanto que a substituição do espeque por
pedras pesadas pode ser a solução para os terrenos moles.

        A condensação é um dos maiores inconvenientes das tendas ligeiras. A nossa
respiração liberta vapor de água para a atmosfera (podes fazer o teste respirando para
um espelho ou vidro, que ficará embaciado devido ao vapor de água contido no ar que
expiras), e numa tenda fechada este vapor terá tendência a condensar nas paredes da
tenda. Se dormires com outros Escuteiros na mesma tenda, poder-te-á parecer uma
verdadeira fuga de água. Para evitar isto, dorme com a porta da tenda entreaberta. Aliás,
fechar a tenda por completo só se justifica no caso de frio intenso, chuva ou insectos.




                   Nunca acendas um fogo dentro de uma tenda!
   Mesmo uma vela ou um isqueiro não deve ficar mais do que alguns segundos
   dentro de uma tenda. Os materiais de que são feitas as tendas não são à prova de
   fogo, e podem arder em poucos segundos, com resultados muito graves, e até
   mortais, para quem está no seu interior!



       O modelo canadiano foi durante muitos anos o modelo de tenda mais popular,
mas hoje em dia, os novos materiais utilizados permitem outros formatos, muito mais
habitáveis e leves, como os igloos e os túneis.
Como escolher um local de acampamento



       Quando vais acampar, precisas de encontrar um local para passar a noite. Eis
alguns factores a ter em conta na escolha desse local.



Impacto ambiental - sempre que possível, o melhor é usar parques Escutistas,
especialmente se for um grupo grande. Uma Patrulha tem outra liberdade, mas deveis
ser conscenciosos.



Segurança - evita perigos. Não montes a tua tenda debaixo de uma árvore morta nem
de árvores isoladas ou com ramos secos, que podem cair com o vento ou atrair raios.
Distancia-te de linhas de água e regos, que podem "entrar em funcionamento" com uma
chuvada. Mantém-te longe de cumes altos e vales fundos pelas mesmas razões, e não
acampes perto de trilhos e zonas de caça.



Tamanho - um local de acampamento deve ter tamanho suficiente para as vossas tendas
e áreas de cozinha e afins. Guarda os locais pequenos para os acampamentos e bivaques
de Patrulha, não de Agrupamento.



Abrigo - vê se tem protecção do vento e do Sol. À noite, insectos e ar húmido têm
tendência a concentrar-se nos vales. Um acampamento numa encosta poderá ser mais
ventoso, mas mais seco e com menos insectos. Os cumes são adequados em bom tempo,
mas proibidos em caso de mau tempo.



Água - precisais de água para beber, cozinha e lavar, o que quer dizer vários litros por
dia por pessoa. A água da rede de abastecimento pública é a melhor opção, mas verifica
sempre com as pessoas do lugar se assim é, e se há outras fontes seguras É boa ideia
ferver toda a água. Acampar em áreas secas é estupidez, pois força-vos a levar toda a
água que necessitais.



Relevo - o terreno é levemente inclinado para boa drenagem de águas? Vegetação,
folhas, pruma e outro coberto natural evitam que o terreno se torne lamacento, e ajudam
a prevenir enxurradas - nunca o removas propositadamente, apenas aquele como rochas
e ramos que te podem magoar. … abrigado do vento?
Combustível - é preferível levar de casa pequenas botijas de gás. Vê se o proprietário
tem uma pilha de lenha e se te deixaria usar um pouco - usa o mínimo possível! Se o
terreno tiver madeira vê a que podes usar sem cometer excessos. Lembra-te sempre do
risco de incêndio.



Privacidade - o campismo é uma actividade popular, não só com quem pratica, como
com quem vê! Respeita a privacidade de outros grupos acampados; árvores e arbustos
podem isolar o teu acampamento de outros e do exterior. Privacidade pode querer dizer
segurança!



Permissão - nunca acampes sem pedir as permissões necessárias: ao proprietário/
responsável, ao teu Chefe, aos teus Pais ou Encarregados.




                                Cuidado com a Terra



       Muitas áreas do nosso Portugal são especialmente delicadas, e como tal,
protegidas. Essa protecção especial é necessária devido ao pouco cuidado que a maioria
das pessoas tem na sua utilização, ou à existência de espécies ou ecossistemas raros.

        Em algumas dessas áreas, os Escuteiros podem acampar, e ter experiências
únicas. A nossa responsabilidade é portanto dupla: em primeiro lugar, somos
Escuteiros; em segundo, temos uma oportunidade que não é para todos.

        Mesmo fora dessas áreas protegidas, é necessário cuidado especial em partes do
Portugal Natural. Especialmente no que diz respeito à água. Rios, ribeiros, linhas de
água, lagoas, mar - todos os ambientes aquáticos têm vida, e são muito necessários a
esta.



Limpeza

        Muito trabalho e muita diversão podem deixar-te sujo. Lava sempre as mãos
com água e sabão antes de comer. Num bivaque, não precisarás de mais do que isso e de
lavar os dentes antes de ires dormir. Podes-te lavar quando chegares a casa.

       Em aventuras mais compridas, sentir-te-ás bem melhor se tomares banho
frequentemente. Fazê-lo correctamente evita danos ao meio ambiente.
Muitos tipos de sabonetes e produtos afins contem químicos que fazem mal às
plantas e animais, especialmente aquáticos. Sabão biodegradável é mais seguro, mas
mantém todo o género de produto de limpeza a mais de 200 passos de qualquer massa
de água, seja nascente, ribeiro ou lagoa.

        Enche uma bacia com água, e lava-te com essa água. Quando acabares, espalha-
a pelo terreno, ou deita-a numa fossa para líquidos.

       Toma as mesmas precauções quando lavares algo, sejam roupas ou coisas de
cozinha. Mistura detergente à água quente ou morna, e mete aí o que pretenderes lavar,
deixando uns minutos ou mais para soltar o grosso do sujo. Com roupa, depois esfrega-a
bem, torce-a e põe-na a secar. Com pratos e panelas, usa uma esfregona ou escova
própria e seca-os.



Latrinas

        É preciso algum cuidado no tratamento dos produtos de excreção humanos. Em
locais com casas de banho, usa-as. Quando não as houver, cava uma latrina. A latrina
deve ficar a 200 passos de qualquer água (poça ou curso), e colocada a jusante* do
vento.



       Cava-a com uma enxada ou semelhante, para que a largura não seja maior que
30 ou 40 centímetros. A profundeza das latrinas dependerá do tempo que pensas ficar
no mesmo sítio. O mínimo de profundidade que uma latrina deve ter é de 30
centímetros.

       Guarda o solo que escavares, para servir para ir tapando a latrina. ¿ medida que
for sendo usada, é importante cobrir todos as fezes com uma camada de solo, ou o mau
cheiro começará a incomodar os campistas e a atrair insectos.

      O uso da latrina pode ser tornado mais fácil com o uso de alguns apoios, basta
um para as pernas e um para as costas - vê mais à frente como fazer isso.

        Se a latrina encher, aumenta-a para o lado. Usa pouco papel higiénico, pois este
não é tão biodegradável quanto os excrementos. Nunca te esqueças de lavar as mãos no
fim de usares a latrina.



                      Um Código pessoal de Ambiente



       Este código é-te proposto pelo Secretariado da Organização Mundial do
Movimento Escutista como um desafio para a tua vida. Segue-o e colabora com a
Criação de Deus.
Respeitarei todos os seres vivos, pois cada um é um elo na corrente que mantém a Vida
na Terra

Retirarei da Natureza apenas o que pode ser substituído, para que nenhuma espécie
desapareça

Nunca poluirei o ar, a terra ou a água

Não comprarei produtos feitos com plantas, animais ou de florestas em perigo

Manterei a minha área de residência limpa, e respeitarei o ambiente onde quer que vá

Chamarei a atenção para casos de poluição e qualquer outro abuso da Natureza

Não desperdiçarei água, combustível ou energia

Darei exemplo de preservação da Natureza, e mostrarei aos outros as razões porque é
importante que todos o façam

Celebrarei a beleza e maravilha da Criação de Deus todos os dias da minha vida




                        As 7 chaves do mínimo impacto



Planeamento

a) guardem a comida em contentores que trareis para casa no final da viajem

b) levai sacos do lixo, e usai-os

c) planeiem actividade para uma ou duas Patrulhas (até 14 Escuteiros)



Viajem

a) mantenham-se nos trilhos

b) evitem 'atalhos'

c) usem terreno duro para corta-mato
Local

a) evitem campismo selvagem em áreas protegidas

b) não acampem em, ou logo ao lado de, trilhos e linhas de água

c) não cavem regos à volta das tendas



Fogo

a) usem fogões ou façam fogueiras apenas onde adequado

b) usem locais já utilizados para fogueiras

c) queimem madeira miúda apanhada do chão

d) assegurem-se que apagam bem todos os fogos

e) tenham cuidado com o risco de incêndio, e respeitem as indicações legais



Higiene

a) usem todos os produtos de limpeza a 200 passos de água

b) deitem a água utilizada numa fossa de líquidos

c) cavem as latrinas a 75 passos do acampamento e a 200 de água

d) tapem latrinas e fossas quando levantarem campo e reponham a cobertura

e) tragam todo o lixo



Respeito

a) desviem-se de animais e bicicletas

b) não apanhem plantas silvestres. Apreciem o que há, e deixem para os outros verem

c) façam o mínimo de barulho perto de outros campistas e excursionistas, e não
assustem os animais. Deixem rádios e equipamentos do género em casa, ou usem-nos
moderadamente
* Mt 20, 16- Evangelho de S. Mateus, capítulo 20, versículo 16




* diz-se jusante ou montante conforme algo está para o lado do destino ou da origem de
rios e afins. Assim, montante significa para o lado da nascente, e jusante para o lado da
foz.




                          Homem à água!


“Anda lá, a água está óptima.” Um grito familiar, muito ouvido em acampamentos à
beira-mar, beira-rio, beira-piscinas...beira-água, basicamente! Num dia quente de Verão,
nada sabe tão bem como nadar, chapinhar e diversão na água.

        Nadar é algo importante a saber. Aprende a nadar, e serás capaz de tomar conta
de ti próprio se alguma vez caíres de um barco ou escorregares para um rio. Com treino
de salva-vidas, podes acudir a alguém que se afoga.

        Há uma maneira correcta de nadar. Emprega tempo a aprender o básico, e depois
pratica sempre em segurança. Começa aprendendo umas regras simples.




Regras de segurança:
1. Nunca nades sem um adulto responsável a supervisionar. Este deve ser treinado em
métodos de salvação, ou ter assistentes que o sejam. Os assistentes devem ser os
melhores nadadores.
2. Pelo menos duas pessoas devem estar fora da água, com um meio de auxílio (corda
ou bóia). Um vigilante deve estar onde possa ver e ouvir toda a área.

3. Cada nadador deve garantir a sua boa saúde, entregando uma ficha de saúde assinada
pelo Encarregado de Educação e por um médico.

4. A área de natação deve estar demarcada. Para não-nadadores, a água não deve ter
mais do que um metro de profundidade (ou conforme a altura de cada um), pouco mais
funda para principiantes (sabe flutuar e nadar 30 metros), e sem pé para aqueles que
sabem nadar (sabe mergulhar e nadar 100 metros ou mais). Mantenha-se a área longe de
zona de pesca e/ou mergulhos.

5. Os Escuteiros devem nadar em grupo nas áreas conforme o seu nível de natação.

6. Mantenha-se a disciplina na área de natação. Todos devem compreender as regras e
obedecer prontamente aos responsáveis. Obedece sempre às bandeiras na praia.




 Permitido tomar
   banho e nadar                                        Proibido nadar e
                                                                                     Praia
     desde que                                           tomar banho;
                              Proibido nadar                                   temporariamente
cumprindo todas as                                     proibido entrar na
                                                                                 sem vigilância
      regras e                                                água
  recomendações

 O Instituto de Socorros a Náufragos recomenda:

REGRAS DE SEGURANÇA:

 1. Frequente praias vigiadas.

 2. Respeite os sinais das bandeiras.

 3. Respeite as instruções dos nadadores salvadores.

 4. Evite tomar banho antes de decorridas 3 horas após as refeições.

 5. Nunca nade contra a corrente.

 6. Ao nadar não se afaste demasiado, nade paralelamente à costa.



RECOMENDAÇÕES:

 1. Vigie atenta e permanentemente as suas crianças.

 2. Após longos períodos de exposição ao sol, não entre de rompante na água.

 3. Procure nadar acompanhado.
4. Em caso de aflição não hesite em pedir imediatamente socorro.


 5. Procure conhecer as praias que frequenta.




Aprende a nadar

        A melhor maneira de aprender a nadar é fazer um curso organizado por
instituições autorizadas, com instrutores credenciados. Entidades como clubes
desportivos e as Piscinas Municipais são os organizadores mais comuns. Pergunta na
piscina pública mais perto de ti.

       Pergunta ao teu Chefe se conhece onde te podes informar, e quais os requisitos
para a Insígnia de Competência de Nadador. Quando já souberes nadar razoavelmente
bem, pede ao teu instrutor que te avalie nas provas necessárias.

       Sabes que podes flutuar? Eis uma maneira de o provar. Entra em água pouco
profunda (até à tua cintura) com alguém que saiba nadar bem ao lado. Segura o fôlego,
dobra-te e enrola-te como uma bola. Abraça as tuas pernas. Vais ver que vens à tona!

        Vira-te de cara para a borda da água e agarra-te a algo (a borda de uma piscina,
ou os braços de alguém). Segurando o fôlego, tenta espalhar-te na água, com as pernas
abertas. Relaxa-te, e larga uma mão, abrindo os braços. Quando te sentires confiante da
tua flutuabilidade, experimenta largar a outra mão.

        Agora experimenta o mesmo, mas desta vez deita-te de costas. Podes não gostar
da sensação de um pouco de água a entrar para os teus ouvidos, mas a experiência de
flutuar e respirar, e ver a cara sorridente do teu companheiro de natação vale a pena.




Estilos de natação

       Um estilo muito comum na Natureza é o que nós chamamos nadar “à cão”. Isto
porque os cães usam-no, bem como quase todos os animais de quatro patas. Consiste
em bater os braços debaixo do teu tronco, para manter a cabeça fora de água, ao mesmo
tempo que bates os pés. Muitos nadadores que aprendem sozinhos começam assim.

        Mas este não é um método muito eficiente: cansa muito, e impulsiona pouco.
Assim desenvolveram-se outros estilos: bruços, crawl, e mariposa são os mais comuns.
Destes, bruços é o mais confortável, e mariposa o mais rápido. O crawl é um óptimo
intermédio. Todos os estilos tem 3 partes: a respiração, o golpe de braços e o golpe de
pernas.
Crawl

       O crawl pode ser usado para distâncias relativamente curtas, mas cansa ao fim
de um certo tempo.

Para o golpe de pernas, segura-te a algo (borda de uma piscina ou braços de alguém), ou
apoia as mãos em água rasa. Mexe as tuas pernas desde as ancas, levantando e descendo
os pés. Mantém as pernas na mesma posição, mas não presas. Experimenta ir-te
movendo impulsionado pelo golpe das pernas, boiando de cabeça para baixo e mexendo
somente as pernas.

        Para o golpe de braços, entra em água que te dê pela barriga/peito. Dobra-te e
põe-te numa posição de nadador. Estende o teu braço direito para a frente o mais que
puderes. Com os dedos fechados, puxa o teu braço até à tua anca. Levanta o cotovelo e
estica o teu braço outra vez. Alterna com o teu braço esquerdo, e depois tenta fazer com
os dois ao mesmo tempo.

       Começa a deslizar pela água. Uma os golpes de pernas e de braços ao mesmo
tempo para te mover pela água. Quando precisares de ar, vira a tua cabeça para o lado
do braço que estás a levantar fora da água, e inspira pela boca. Expira debaixo de água
pelo nariz.



Outros estilos

         Depois de aprenderes o crawl, e de melhorares o teu estilo até conseguires
atravessar uma piscina sem pôr o pé no chão, podes começar a experimentar outros
estilos. Bruços, de costas e de lado são três estilos que te darão confiança na água e mais
técnica.

Bruços. Na posição de flutuar de cara para baixo, estende as tuas mãos para a frente.
Com os dedos fechados, puxa as tuas mãos até ao teu peito. Junta-as e estende-as outra
vez. Quando puxas as tuas mãos, a força deve ser suficiente para levantar a tua cabeça
fora de água para que inspires. Expira pelo nariz enquanto estendes os braços. Com os
pés dá pontapés para trás de ti. Como as tuas mãos, enquanto fazes a força estão
separados, junta-los para os retrair.

Costas. Na posição de flutuar de cara para cima, estende o teu braço direito para trás de
ti, e puxa-o até à tua anca (como no crawl, mas de costas). Para os pés, dá pontapés
como no estilo bruços.

Lateral. Um forte pontapé em tesoura é a força deste estilo. A tua cara deve estar
sempre acima da água, por isso não há problemas com a respiração. Deitado de lado,
puxa os joelhos para o peito. Estica as tuas pernas uma para cada lado e fecha-as, como
se estivesses a fechar uma tesoura. Ao mesmo tempo, estica o braço do lado sobre que
estás deitado, e puxa-o até à tua anca. O braço que fica de fora da água pode contribuir
para o impulso, mas pode também ser usado para puxar alguém.
Se já sabes nadar bem, porque não experimentas aprender técnicas de salvação?
Podes desenvolver por ti o estilo lateral, e algumas técnicas, mas não tentes socorrer
alguém a nado sem ter formação específica dada pelo Instituto de Socorros a Náufragos
ou outra entidade credenciada.



Resgates na água

       Muitas pessoas morrem afogadas todos os anos, especialmente no Verão. Tu
podes tratar de ti na água se souberes nadar, e respeitares as indicações de segurança.

       Para ajudar pessoas em dificuldades, precisas de aprender as técnicas antes de te
aventurares a fazê-lo. Pratica resgates na piscina com os Escuteiros, ou tira um curso
especializado - podes receber a Insígnia de Competência de Nadador-Salvador. Mesmo
com treino especializado, nunca tentes resgates a nadar se existem outras possibilidades.

       Os métodos mais seguros são: alcançar, atirar ou ir apoiado.

Alcançar. A maioria dos acidentes aquáticos ocorrem perto da beira da água. Tenta
alcançar a vítima com algo como um ramo, vara, ramo, toalha, corda, ou a tua mão.

Atirar. Há alguma bóia disponível? Um colchão de ar, um colete de salvação, ou uma
bola de praia? Atira-o à vítima. Ou atira uma corda, tendo a certeza que prendeste um
dos extremos

Ir apoiado. Quando uma vítima não pode ser resgatada alcançando-a ou atirando-lhe
algo, então vai ter com ela com apoio. Com alguém, vai até à vítima remando num
barco, canoa, prancha de surf ou bodyboard.

Se tudo o resto falha. Sob circunstâncias extremas, poderás ter que ir a nadar até à
pessoa. Nunca experimentes isto a menos que sejas um bom nadador! Pode-te pôr em
risco de afogares também !

       Vai apenas se já tiveres praticado métodos de salvação. Uma pessoa que luta
pela vida entra em pânico. Nessa situação, ela poderá agarrar-te e não mais largar. A
menos que saibas o que fazer, isso poderá afogar-te com ela.

        Quando não há outro meio de resgatar alguém, tira a camisa e leva-a nos dentes.
Usa o estilo bruços para chegar até à vítima, e mantém-te longe o suficiente para lhe
atirares uma ponta da camisa. Atira-lhe uma manga, segurando a outra, e reboca a
pessoa até a um ponto seguro.

       Se a vítima ameaça a tua segurança, afasta-te e espera que ele se acalme mesmo
que isso signifique que perca a consciência ! Depois reboca-a. Se te chegares
demasiado e a pessoa te agarrar, mergulha até a pessoa te largar. Em último caso,
poderás ter que lhe bater.
Flutuar para sobreviver
   Os marinheiros são treinados para usarem a flutuação como método de
   sobrevivência, para se manterem seguros por minutos ou mesmo horas, à espera
   de socorro. Inspira, e relaxa-te completamente, flutuando na vertical e com a
   cara dentro de água. Quando precisares de ar, dá impulso com um golpe de
   pernas e braços, e levanta a cara. Relaxa e volta a flutuar verticalmente.




Jogar na água



      Diversão na água aumenta a tua confiança, a tua natação e as tuas técnicas.
Depois de aprenderes a nadar, experimenta alguns destas ideias.

Snorkeling. Este é o nome dado a nadar com máscara, respirador (snorchel, palavra
alemã que se lê senórquel) e barbatanas. Estes aumentam a tua velocidade e a tua visão
subaquática. Num rio ou mar podes apreciar a vegetação e animais aquáticos. Podes
fazer uma corrida de obstáculos submarina, ver quem consegue trazer objectos do fundo
mais depressa, etc. Se gostares, poderás fazer um curso de mergulho, onde te poderão
ensinar a utilizar botijas de oxigénio, o que te permitirá nadar debaixo de água durante
um longo período.



Resgates. Experimenta trazer amigos teus que finjam estar-se a afogar para pontos
seguros. Usa o estilo lateral, e com o braço livre, segura-o pelo queixo. Não vale fazer
isso onde seja perigoso, e não vale usares os pés para andar.

Alternativamente, podes usar o estilo de costas. Pedes ao teu amigo que dê as mãos à
volta das tuas costas, e que ajude o teu impulso batendo com as suas pernas. Cuidado,
não lhe batas com força com os teus pés.




Sobre a água
       Os Portugueses sempre estiveram muito ligados ao Oceano, desde que este se
apresentou como uma fronteira entre Mundos, até que se revelou uma ponte entre esses
mesmos Mundos.

       Torna-te um bom nadador antes de experimentares qualquer actividade náutica.
Testa a tua capacidade e auto-confiança numa piscina. Usa sempre um colete de
salvação sempre que pratiques desportos aquáticos
Jangadas

Construir uma jangada é uma das actividades que todo o Escuteiro deverá fazer pelo
menos uma vez na sua vida Escutista. Além de ser divertida de usar, uma jangada é
divertida de fazer, mas requer bom conhecimento das técnicas Escutistas. Utiliza uma
jangada apenas em águas calmas

Basicamente, uma jangada é uma plataforma colocada em cima de (e presa a) objectos
que flutuam.

Para flutuadores, podes usar bóias ou câmaras de ar de pneus, de preferência grandes.
Deves prender bem as bóias umas às outras, por forma a que não se soltem. Os
remadores podem mesmo sentar-se nas bóias, mas não é muito seguro ou estável.

A plataforma, que deve ser mais pequena do que o conjunto dos flutuadores, pode ser
feita de madeira. Algumas tábuas atadas ou pregadas (muito cuidado com os pregos –
podes furar as bóias!) serão suficientes.

Uma jangada pode ser governada através de remos, ideal quando se trata de uma
Patrulha, ou por uma vara, adequado para quando só há um ou dois marinheiros. Com
os remos, os remadores devem-se sentar ou ajoelhar nos lados da jangada, e remar ao
mesmo ritmo. No caso da vara, vais empurrar a jangada, por isso é importante que a
água não seja muito funda. Toma cuidado para que a vara não fique presa no fundo,
rodando-a antes de a levantares. Mantém-te sempre bem equilibrado, apoiando a vara na
tua coxa se precisares de mais força. Se tiveres apenas um remo, poderás impulsionar a
jangada fazendo movimentos em 8 com a face plana do remo virado para trás.




Canoagem



       B.P. é quem to diz

              Impele a tua própria canoa

       Não te deixes ir à toa,

       Impele a tua própria canoa.
Eis o coro de uma velha canção Escutista que podes cantar quando estiveres a
remar a tua canoa com a pagaia (o remo duplo que se usa na canoagem) num dos nossos
rios. Com golpes suaves e poderosos da pagaia, a tua canoa desliza suavemente pela
superfície da água.

       Na albufeira de um rio, no Oceano ou noutra massa de água, uma canoa dá-te
horas de entretenimento. Podes flutuar calmamente numa albufeira, ou descer rápidos.

       Durante gerações, os nativos da América construíram canoas de diversos feitios,
conforme as suas necessidades, a partir de materiais como peles e madeira. Hoje, as
canoas são feitas de alumínio, madeira e materiais artificiais mais resistentes, mas o seu
desenho básico mudou pouco. O kayak dos Esquimós, a 'canadiana' dos Peles-
vermelhas são os mais comuns, com algumas alterações. Quando usas uma canoa, estás
a impulsionar a história de centenas de anos.

        Não te esqueças de usar sempre o colete de salvação, e usa também um capacete,
especialmente se vais praticar canoagem em cursos de água ou onde a profundidade não
for grande. Se alguma vez virares, segura-te à canoa. Além de ser muito mais visível do
que tu, uma canoa flutua, mesmo que esteja cheia de água e seja feita de metal! Com
algum cuidado, podes tentar voltar para dentro dela, e voltar à margem - cuidado não
vires a canoa...para cima de ti.



A canoa

      Uma canoa tipo canadiana tem a grande vantagem de poder transportar mais de
uma pessoa e carga, mas ser quase tão fácil de manobrar mesmo se estiveres sozinho.

        Numa canoa deve entrar uma pessoa de cada vez, ocupando o lugar correcto.
Para melhor controlo, não te deves sentar no banco, mas sim apoiares-te num joelho, ou
mesmo nos dois, encostando as costas ao banco. O teu peso deve estar bem ao centro, e
não te deves inclinar ou debruçar.

      Nas canoas, rema-se sempre do mesmo lado, excepto quando estais a manobrar,
ou quando estás sozinho. Os remadores, normalmente dois, devem coordenar os seus
movimentos, para que a canoa se desloque em linha recta.

        Agarra a cabeça do remo com a mão oposta ao lado em que vais remar, com os
dedos sobre o topo, e o polegar de lado. A mão do lado em que estás a remar deve estar
mais ou menos a meio do remo, ou seja no início do cabo. Com a mão do lado em que
estás a remar vais puxar o remo para trás, enquanto que com a outra vais empurrar o
topo para a frente, e do final de cada impulso rodar a pá do remo para que este saia
verticalmente. Lembra-te: a pá entra de lado e sai verticalmente.

         Para manobrar a canoa, terás que te coordenar com o outro remador. Para virar à
direita, aquele que rema do lado esquerdo continua, enquanto que o do lado direito pára
ou deixa o remo dentro de água, e vice-versa. Para uma inversão de marcha, o remador
do lado para onde se vira pode remar para trás, afim de acelerar o processo.
O Kayak

        O kayak começou por ser uma versão fechada por cima e um pouco mais
pequena da canoa, sendo usados inicialmente em águas frias (como as do Ártico, onde
vivem os esquimós) ou revoltas. Actualmente, os kayaks já não estão limitados a
practicamente lugar nenhum – há kayaks especializados para águas calmas, para mar,
etc.

        Um kayak deve ser transportado por duas pessoas utilizando as pegas. Se
carregado por uma pessoa só, usa as duas mãos para pegar no cocpit e mantém as
costas direitas, usando as pernas para elevar e baixar o kayak.

       Para entrar no kayak, deves apoiar a pagaia transversalmente na parte de trás do
cockpit, e apoiando-te nela, deslizar para o interior, sem brusquidão.

        Agarra na pagaia com ambas as mãos no alinhamento dos ombros, com os nós
dos dedos de cada mão alinhados pela pá do lado respectivo. Para remares, inclina o
corpo para a frente e mete a pá de lado o mais à frente que conseguires (sem te
debruçares demais). Mantendo a pá próxima do kayak, puxa a mão do lado em que estás
a remar, e empurra com a outra. Roda a pagaia o necessário para que a pá do outro lado
repita a mesma rotina.

  Inicialmente, poderá parecer-te que não consegues remar em linha recta, mas
  com a prática melhorarás. Apenas a prática e a instrução te conseguirão
  transformar num canoista, mas além de não deveres nunca praticar uma
  actividade aquática sozinho, deves fazê-lo com a supervisão de alguém com
  qualificação técnica para te aconselhar. Uma última chamada de atenção: por
  serem fechados e por serem relativamente fáceis de virar, não deves tentar
  fazer canoagem antes de aprenderes os procedimentos de segurança a
  cumprir nesses casos. Não te assustes – são fáceis, e não há registos de
  pessoas que ficaram presas nos kayaks virados ao contrário!



Remo

        Remar é uma excelente actividade física para os teus braços, peitorais e sistema
cardiovascular, se for feita correctamente. Numa emergência, remar dá-te uma forma de
socorrer alguém que se afoga. Um barco pode-te levar a pontos nas margens ou em
ilhéus inacessíveis a pé e a pontos de pesca propícios.

        Em alguns parques há lagos artificiais onde qualquer pessoa pode alugar um
barco e aprender a remar. Em todas as actividades aquáticas deves ter o cuidado de usar
um colete de salvação e um capacete - se virares a canoa e a água for rasa podes-te
magoar, e mesmo ficar inconsciente. O capacete protege a tua cabeça de danos piores, e
o colete mantém-te à superfície, voltado para cima para poderes respirar. Vais aprender
o método certo de entrar num barco, e como usar os remos para impulso e direcção.
Remar exige prática e leva algum tempo, até te habituares aos movimentos e ao
sentares-te voltado de costas. Executa os movimentos devagar e vira a cabeça para
saberes em que direcção vais.

        Fixa os remos nos toletes e coloca a pá de cada remo dentro de água, bem atrás
de ti, na direcção da proa. Inclina-te para a frente e estica os braços para a frente.
Mantendo as costas bem direitas, dobra os braços e puxa os remos na tua direcção.
Levanta os remos da água e empurra-os na direcção da proa para recomeçares. Para
dirigires o barco poderás impulsionar apenas com o remo oposto ao lado para onde
queres virar, deixando o outro remo deslizar na água (sempre segurando-o bem).




Vela
Velejar é um desporto olímpico que até à pouco tempo era exclusivo
daqueles que tinham posses para comprar um barco. Hoje em dia, com os
clubes náuticos e novos tipos de barcos, velejar está ao alcance de muitos de
nós. Este Manual não pretende ser de forma alguma um tratado sobre tudo, de
modo que falar-te-emos apenas de alguns conceitos.
O governo de uma embarcação à vela exige conhecimento das técnicas de
mareação e de manobra – em caso algum deves tentar fazê-lo sem um
profissional qualificado!
Marear é orientar as velas em relação ao vento. As mareações são classificadas
de acordo com o grau de incidência do vento na embarcação (0º sendo a frente,
ou proa, da embarcação, e 180º a popa).
Aproximar a proa da linha do vento designa-se por orçar, enquanto que arribar
é afastar a proa do vento. Barlavento é o lado de onde sopra o vento e sotavento
o lado para onde sopra o vento.


   Mareação             Ângulo de                Vento
                   incidência do vento
 Bolina cerrada         0º – 67,5º
                                               De amura
 Bolina folgada         67,5º - 90º
  A um largo           90º - 157,5º
    À popa             157,5º - 180º           De feição
À popa arrasada            180º



Manobrar são as acções que visam alterar o movimento de uma embarcação –
operar as velas, atracar (encostar e fixar uma embarcação a um cais) e largar ,
fundear (ancorar) e suspender (levantar a âncora), virar de bordo, etc. Todas
estas manobras requerem conhecimento das técnicas adequadas, por fáceis que
possam parecer, e nunca devem ser feitas sem pelo menos a supervisão de um
adulto qualificado



Marés
As marés são causadas pelas forças da gravidade exercida pelo Sol e pela Lua, sendo a
Lua mais determinante (apesar do seu tamanho muito menor, está bastante mais
próxima da Terra que o Sol).

A altura do mar é variável conforme as marés. Em Portugal, as marés são semi-diurnas,
isto é, acontecem duas marés altas (ou preia-mar, PM) e duas marés baixas (ou baixa-
mar, BM) por dia, num ciclo de cerca de 24 horas e 48 minutos. Entre uma BM e a PM
seguinte decorrem aproximadamente 6 horas e 12 minutos.

O nível médio é a média dos níveis da água medidos ao longo do tempo. Seria o nível
constante do mar se não houvesse marés, e constitui o ponto a partir do qual se medem
altitudes em terra.

Zero hidrográfico é o plano horizontal imaginário que se situa abaixo da mais baixa
BM. A partir do zero hidrográfico mede-se a preia-mar (o plano da água mais elevado
que o mar atinge) e a baixa mar (o plano da água mais baixo que o mar atinge).

A amplitude da maré é a diferença de altura entre a PM e a BM. As amplitudes variam
de acordo com as posições relativas da Lua, do Sol e da Terra:
quando os três astros estão em conjunção ou em oposição, formando uma
    linha (Lua Cheia ou Lua Nova) verificam-se as marés vivas, de grande
    amplitude.
    quando os três astros estão em quadratura (Quarto Crescente e Quarto
    Minguante) ocorrem as marés mortas, de pequena amplitude.

As massas de água, ao movimentarem-se, dão origem às correntes de maré, que se
dizem de afluxo ou enchente, e de refluxo ou vazante. Quando se atinge a PM ou a BM
há uma estabilização que se chama de estofo.




Regulamento Internacional para Evitar
Abalroamentos
Os navegantes precisam de prestar muita atenção ao cumprimento das regras do RIEA,
porque disso depende a segurança de todos. Aqui se reproduzem apenas os pontos mais
importantes

    é obrigatório manter uma vigia visual e auditiva permante

    em canais, as embarcações devem encostar a estibordo
    se duas embarcações à vela recebem o vento por bordos diferentes, aquele
    que o receber por bombordo deve dar passagem ao outro
    se duas embarcações à vela recebem o vento pelo mesmo bordo, aquele que
    estiver a barlavento deve dar passagem ao que estiver a sotavento
    as embarcações a motor devem guinar para estibordo afim de se desviarem
    de outras embarcações
    a cedência de passagem é feita através de abrandamento, paragem ou
    mudança de rumo
    a embarcação prioritária não deve alterar nem o rumo nem a velocidade




A ordem de prioridades é a seguinte:

    navio desgovernado (o mais prioritário)
    navio com capacidade de manobra reduzida *

    navio condicionado pelo seu calado *
    navio em faina de pesca

    navio à vela
navio a motor (o menos prioritário)




Sinalização

As embarcações de pequenas dimensões não necessitam de transportar luzes de
sinalização, mas devem ter uma lanterna potente para emergências no caso de haver
possibilidade de haver outras embarcações no local.

Todas as embarcações devem possuir um ou mais dos seguintes faróis, de acordo com a
sua categoria:

    farol de mastro – uma luz branca projectando luz num arco de 225º para a
    frente da embarcação, centrado na linha proa-popa
    farol de popa (ou de caça) – uma luz branca projectanto luz num arco de
    135º para ré da embarcação, centrado na linha proa-popa
    faróis de borda – uma luz verde colocada a estibordo e outra de luz
    vermelha colocada a bombordo

As embarcações têm prioridade sobre todas as embarcações que se aproximam do sector
vermelho, e dá prioridade a todas as que se aproximam do sector verde, devendo
manobrar para as passar pela popa daquelas.

Além daqueles, existem outros faróis:

    farol de reboque – como o farol de popa mas de cor amarela
    farol visível em todo o horizonte – arco de 360º

    farol de relâmpagos – com 120 ou mais relâmpagos regulares por minuto


O número de faróis, e o alcance (potência) deles, varia conforme o tamanho, o tipo, e da
actividade de cada embarcação.



Balizagem

A navegação na entrada de portos, barras e águas interiores (rios, lagos, canais) é
orientada por um conjunto de marcas de sinalização, chamado Sistema de Balizagem
Marítima - IALA.

Existem dois tipos de marcas – a bóia e a baliza. A bóia está presa ao fundo por uma
amarra, fixa a uma poita no fundo, e são bons indicadores da corrente de maré,
inclinando-se para o lado contrário da corrente. A baliza é uma estaca fixo ao fundo. De
noite, as bóias e balizas devem ser iluminadas – as que o não são chamam-se cegas. A
identificação das bóias e balizas faz-se através da sua forma, ou da forma do alvo (a
peça que coroa as bóias e balizas), a sua cor, a sua numeração e pela característica da
luz que emitem de noite.

As marcas laterais delimitam um canal navegável. As marcas de bombordo são
vermelhas, de formato cilíndrico, numeração par e de noite têm luz vermelha fixa. As
marcas de estibordo são verdes, de formato cónico, numeração impar e de noite têm cor
verde fixa.




   Nota: Em Portugal, na Europa, África, Oceânia e Ásia (com excepção do Japão,
   República da Coreia do Sul e Filipinas) utiliza-se este sistema, em que o
   vermelho corresponde a bombordo. Todo o continente Americano, Japão,
   República da Coreia do Sul e Filipinas constituem a chamada Região B, em que
   o vermelho corresponde a estibordo – e o verde a bombordo.



As marcas cardeais sinalizam a existência de perigos, indicando ao navegador a zona de
passagem segura de acordo com os quatro pontos cardeais. Por exemplo, uma bóia
‘Norte’ deve ser passada a Norte da bóia – pois a bóia (ou baliza) está colocada a Norte
do obstáculo.




Código Internacional de Sinais


INSERIR IMAGEM DAS BANDEIRAS MARÍTIMAS



Comunicações
Cartas de Navegador de Recreio

Se as actividades aquáticas são para ti um interesse, porque não obter uma das Cartas de
Navegador de Recreio? Para menores de 18 anos, só está disponível a Carta de
Marinheiro, carta essa que te habilita a governar uma embarcação de recreio em
navegação diurna à vista da costa (com algumas limitações conforme a tua idade).



    Carta         Condições de        Área        Tamanho da             Potência
                   navegação       navegável à    embarcação            instalada
                                    distância
Marinheiro (14    Navegação      Até 3 milhas da Até 5 metros de         22,5 KW
   a 18 anos)    diurna à vista    costa e até 6  comprimento
                    da costa      milhas de um                            (30hp)
                                 porto de abrigo
 Marinheiro (+    Navegação      Até 3 milhas da Até 7 metros de          45 KW
  de 18 anos)    diurna à vista    costa e até 6  comprimento
                    da costa      milhas de um                            (60hp)
                                 porto de abrigo
 Patrão Local     Navegação      Até 5 milhas da Até 24 metros          Sem limite
                   (diurna e      costa e até 10       de
                  nocturna) à     milhas de um    comprimento
                 vista da costa porto de abrigo
Patrão de Costa   Navegação       Até 25 milhas Até 24 metros           Sem limite
                livre à vista da     da costa          de
                      costa                       comprimento
Patrão de Alto    Navegação         Sem limite   Até 24 metros          Sem limite
      Mar          oceânica                            de
comprimento




Insígnias de competência
Nadador (Grupo Amarelo)

Nadador Salvador (Grupo Vermelho)

Aquólogo (Grupo Azul)

Barqueiro/Canoeiro (Grupo Azul)

Navegador (Grupo Azul)

Pescador (Grupo Azul)

Velejador (Grupo Azul)

Carpinteiro Naval (Grupo Anil)




                            Ferramentas


       Alguma vez precisaste de cortar uma corda? E abrir uma lata de comida? Cortar
uma fatia de pão ou fazer um furo num cinto? Precisas de apertar um parafuso? Um
canivete pode-te ajudar a fazer todas estas tarefas, e outras 1001! De facto, uma lâmina
tem tantos usos que é difícil imaginar um acampamento ou uma actividade sem uma.

       O canivete, a serra, a machada/o machado, são as mesmas ferramentas usadas à
muitos anos por profissões tão diversas como lenhadores, guardas florestais, jardineiros,
exploradores, etc. Quando rachas lenha para o fogo, consertas equipamentos, ou limpas
um trilho, as ferramentas tornam a tua tarefa mais fácil. Orgulha-te de aprenderes o
método correcto de as usares.

        Tão importante quanto saber o que fazer com as ferramentas, é saber o que NÃO
fazer com elas. Cortar ou talhar árvores pode matá-las. Brincadeiras de tiro ao alvo
podem falhar e causar danos permanentes. Nunca brinques com ferramentas - são coisas
sérias. Nunca brinques com uma lâmina - não exponhas superfícies cortantes quando
não a estiveres a usar e assegura-te que as ferramentas são devolvidas ao seu sítio
devido depois de as usares




                                  O teu canivete



       Uma das melhores ferramentas ‘todo-o-terreno’ é um canivete, com uma ou duas
lâminas para cortar, e utensílios especiais para abrir latas, apertar parafusos e fazer
buracos (tipo Canivete Suíço). Segue sempre estas regras quando usares o teu canivete:

  mantém fechados os utensílios e lâminas que não estiveres a usar. corta no sentido
  para longe de ti
  mantém o teu canivete limpo e as lâminas afiadas. Uma lâmina afiada é mais fácil de
  controlar, e limpa dura mais.
  nunca andes com as lâminas cortantes abertas
  não uses as lâminas ou o canivete como martelo - podes partir ou torcer as lâminas ou
  mesmo desconjuntar o canivete
  nunca atires um canivete com lâminas abertas, nem nenhum objecto cortante
  não ponhas lâminas no fogo - estas são “temperadas”, ou endurecidas com a
  quantidade certa de calor. Reaquecê-las pode arruinar esse tratamento e enfraquecer a
  lâmina.



Cuidados com o teu canivete

        A maioria dos canivetes actuais é feito com uma liga de aço que não enferruja
(não oxida - é aço inoxidável). Mas o lixo que se vai acumulando dentro, e o uso normal
vai tirando o fio à lâmina.

Limpando o canivete. Abre todas as lâminas e utensílios, tomando cuidado com os teus
dedos. Pega numa cotonete ou enrola um pouco de algodão ou papel higiénico na ponta
de um palito. Molha-a com óleo, e limpa o interior do canivete. Vê que limpes a junta
na base de cada lâmina. Com um lenço retira o óleo a mais. Se usaste o teu canivete
para cortar comida ou espalhar cobertura no pão, lava a lâmina em água tépida com um
pouco de sabão.

Afiando o canivete. Podes afiar as lâminas com uma pedra de esmeril. A maior parte
destas são feitas de granito e outros materiais mais duros que o metal das lâminas.
Algumas são cobertas com pó de diamante. As pedras de afiar usam-se secas, ou com
algumas gotas de água ou óleo.

       Empurra a lâmina pela pedra como se estivesses a cortar uma fatia. A superfície
áspera da pedra vai afiar a lâmina, do mesmo modo que a lixa amacia a madeira. Para
afiar o outro lado, vira a lâmina, e repete os procedimentos. Limpa os pequenos
pedacinhos de metal que ficam na pedra batendo-a na tua mão ou na tua perna.

        Passa a lâmina algumas vezes pela pedra. Limpa a lâmina com um pano limpo, e
olha para o fio da mesma ao Sol, ou debaixo de uma luz forte. Um fio pouco afiado
reflecte a luz e parece brilhante. Um bem afiado não.

        A pior coisa que pode acontecer a um canivete é ser perdido. Sabe sempre do
teu, guardando-o numa bolsinha no teu cinto, ou prende-o com um fio. Arranja um fio
de um metro de comprimento, e dá um lais de guia na argola que os canivetes
geralmente têm. Prende o outro extremo do fio a um passador das tuas calças com outro
lais de guia. Ou então arranja um fio mais pequeno, ata-o com o nó direito ou com o nó
carrigue, mas vê que o fio seja bem colorido - assim poderás vê-lo mais facilmente se o
deixares cair no meio da erva.




                                      A serra



        A serra é o melhor instrumento para cortar madeira em campo. Os modelos em
que a lâmina dobra para dentro do corpo principal são os mais seguros, e são mais fáceis
de arrumar. A maioria possui um tubo metálico curvo com lâmina “sueca”.

Segurança da serra

        Os dentes de uma serra são bem afiados. Trata as serras e todos os instrumentos
cortantes como o teu canivete. Fecha todas as lâminas dobráveis quando não as estejas a
usar, e guarda-as no sítio adequado, como a tenda do material/intendência.

Manutenção da serra

        Podes proteger a lâmina de uma serra normal com um bocado de mangueira
velha, cortado longitudinalmente. Insere a lâmina pelo corte, e prende a mangueira com
um bocado de fio em cada ponta. Antes de guardares uma serra, unta-a com óleo para
que não enferruje.

Usar a serra

        Atenta ao tipo de corte que queres fazer, e ao tipo de serra que tens - existem
vários tipos, com dentes diferentes, pensados para vários géneros de trabalhos.

       Apoia bem a madeira a cortar. Começa devagar, até fazeres uns sulcos na
madeira que te ajudarão a ‘entrar na madeira’. Segura a serra o mais perto possível da
lâmina e usa movimentos suaves (golpes é para os machados) e longos (usa o poder
cortante de toda a lâmina). Dá uma pequena ajuda ao peso da serra para esta entrar na
madeira. Mantém a serra direita, ou poderá partir.

       Quando fores cortar um ramo seco de uma árvore, faz um corte inicial por baixo
do ramo, e depois serra de cima para baixo. O corte inicial evita que o ramo a cair
arranque casca e madeira do tronco da árvore, deixando uma feia cicatriz. Quando
cortares troncos pequenos (como de arbustos ou árvores pequenas) corta-os bem rentes
ao chão, para que ninguém tropece neles.

Afiar a serra

       Podes afiar os dentes de uma serra com uma lima grossa, triangular de
preferência. Usa luvas de protecção, e move a lima de baixo para cima em todos os
dentes de um lado da serra. Depois repete do outro lado da serra.

       Os dentes de uma serra devem estar inclinados alternadamente. Caso contrário o
corte que a serra faz pode prender a serra, e parti-la. Com uma chave de fendas, roda-a
um pouco entre os dentes da lâmina.




                           O machado e a machada



        O machado é usado para cortar árvores e rachar lenha à muitos anos - para os
Escuteiros, a machada é talvez a ferramenta cortante mais usada, e por isso vamo-nos
referir mais a ela - as técnicas envolvidas são quase iguais.

        Os Escuteiros de hoje estão mais interessados em preservar as árvores, do que
em as deitar abaixo, mas saber utilizar estes instrumentos é do nosso interesse para
várias situações num acampamento, como para o pioneirismo.

Segurança da machada
Devido à maneira como são utilizados, estas ferramentas podem ser mais
perigosas do que outras. Remove a carneira ou bolsa de cabedal da cabeça do machado
apenas quando o fores usar. Dá-lhe toda a tua atenção.

      Um machado tem que estar afiado e em boa condição. Se a cabeça está solta,
mergulha-a em água por umas horas. A madeira do cabo incha, e segura a cabeça por
algumas horas. Assim que puderes, arranja uma cunha para o cabo, ou substitui-o.

        Usa sempre botas sólidas quando utilizares o machado, e remove o lenço, ou
outros itens como cachecóis. Não deves ter ninguém à tua volta no raio de dois metros,
pelo menos. Mantém os teus olhos e a tua atenção no que estás a fazer. Apoia bem o
que queres cortar, e nunca cortes no chão.

Usar o machado

        Cortar os ramos de uma árvore caída chama-se limpá-la. Põe-te de um lado do
tronco. Corta os da base para a copa, o mais perto do tronco possível, sem fazer entalhes
neste. Se o machado falhar um ramo, os teus pés estão protegidos pelo tronco. Vai
“saltitando” de um lado para o outro à medida que vais da base do tronco para o topo.

       Para cortar um tronco (ou um ramo bastante grosso) com o machado, coloca-te
de frente para ele, com os pés afastados à largura dos ombros. No caso do machado,
segura-o com uma mão perto da cabeça e com a outra perto da ponta do cabo. Levanta a
cabeça do machado acima da tua, e com a ajuda das tuas mãos para o apontar, deixa que
o peso do metal faça a força (no caso do machado, deixa a mão deslizar, ajudando-te a
apontar a lâmina). Levanta e repete do outro lado.

       No caso da machada (ramos grossos) segura-a o mais afastado da cabeça que
puderes sem perder aderência da mão e faz o mesmo que com o machado.

       O teu objectivo é fazer cortes em V - dá o golpe inclinado a ângulos de 60_ -
ora de um lado, ora de outro. Nunca se bate com a lâmina a direito, pois apenas
amassará a madeira, e fará “bocas” no fio do machado.

       Usa um cepo para apoiar o que vais cortar (apenas no caso de troncos grossos
isso não é necessário). Um cepo é um bocado de madeira grosso, geralmente uma fatia
de um tronco, preso ao chão ou bem pesado. Deve ter cerca de meio metro de altura,
para não teres de te curvar para usar o machado. Um cepo é importante para tua
segurança - se falhares um golpe, provavelmente acertarás o cepo, e não as tuas pernas.

       Quando não estiveres a usar o machado temporariamente (como enquanto vais
buscar outro pedaço de lenha para rachar), espeta a cabeça do machado no cepo - nunca
o deixes ou craves no chão, pois as pedras e a humidade estragam a lâmina. À noite,
guarda-o num lugar abrigado e seguro.

        Para rachar um bocado de madeira, põe-no no cepo de pé. Com um golpe
pequeno, espeta a lâmina no bocado. Se não abrir uma rachadura, retira o machado e
repete. Se a cabeça do machado ficar presa, levanta machado e bloco apenas até à altura
dos teus ombros e deixa cair. A gravidade e o fio da lâmina devem fazer o resto - repete
até rachar completamente.
Carregar com segurança

        Coloca uma cobertura sobre a lâmina - se não tiver uma bolsa própria, podes
usar um bocado de um ramo médio. Pega no machado pela cabeça, voltando a lâmina
para trás de ti. Se tropeçares, atira o machado para longe de ti. Nunca carregues um
machado sobre o ombro.

        Para entregar um machado a outra pessoa, segura na cabeça e estende o cabo
para a outra pessoa pegar. Não largues antes da pessoa a quem entregas o machado o ter
bem seguro.

Afiar o machado

      Um machado afiado é mais seguro do que um mal afiado - este vibra de um
modo incerto. Calça luvas para afiar um machado.

       Usa uma pedra de esmeril, fazendo com ela movimentos alternados de um lado
para outro, e de cima para baixo, evitando que a lâmina fique mais afiada nuns sítios
que noutros. Para um machado em pior estado, com bocas no fio, usa uma lima média
movendo-a na direcção do olho para o fio.

        Podes também usar uma pedra fixa rotativa. Nesse caso, deslocas a lâmina de
um lado para outro, acompanhando o movimento de rotação da pedra. Vira o machado
para afiar o outro lado.

Abater uma árvore

       Só em casos excepcionais é que um Escuteiro ou outro particular se abatem
árvores, como a árvore está seca ou doente e ameaça cair, ou se trate de um eucalipto,
verdadeira praga que infesta a floresta portuguesa.

        Abater uma árvore é uma manobra perigosa e delicada. A primeira coisa a
pensar é na queda da árvore. Marca exactamente a direcção em que queres que a árvore
caia - tem cuidado com o seu tamanho, não vá danificar outras árvores ou objectos (vê o
capítulo sobre observação para medires alturas).

        Faz uma incisão do lado escolhido, perto do chão, até metade do diâmetro do
tronco, no máximo. Se ouvires estalos, para imediatamente com os golpes - é sinal que a
árvore vai cair. Começa então uma segunda incisão, no lado contrário e um pouco mais
acima.

        Quando o topo da árvore começar a vibrar, ou começares a ouvir estalos, afasta-
te para o lado. Nunca te afastes para trás da direcção da queda, pois pode acontecer que
a árvore esporeie contra o tronco e dê um sacão para trás.
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A tua Patrulha e o teu Agrupamento: Como trabalhar em equipe no Escutismo

  • 1. http://sanchoscouts.no.sapo.pt/ A tua Patrulha e o teu Agrupamento Como Escuteiro, há alturas em que estás por tua conta. Identificas objectivos pessoais e esforças-te por os atingir. Aprendes técnicas ao teu próprio ritmo e decides a que velocidade queres trabalhar para dominar tudo o que um Escuteiro deve saber. Como membro de uma Patrulha, já não estás sozinho. Podes canalizar a tua energia para os esforços de Patrulha e transformar planos interessantes em realidades excitantes. Com uma Patrulha, podes ir para o monte, caminhar e acampar. Poderás conseguir muito mais do que sozinho. O teu Agrupamento é ainda maior. Com a força de muitas Patrulhas, um Agrupamento é uma comunidade de Escuteiros. Tem o tamanho e a liderança para levar a cabo grandes projectos e aventuras. O Agrupamento é a estrutura onde te podes desenvolver como Escuteiro, Cristão, e um líder. A tua Patrulha Uma Patrulha é um grupo de bons amigos a trabalharem juntos para tornar ideias em realidades. Porque sois todos diferentes, cada um tem muito para partilhar com os outros. Em reuniões, podeis ensinar uns aos outros as técnicas que sabeis. Em campo, podeis-vos ajudar mutuamente a montar tendas, cozinhar e limpar. Como amigos, tomais conta uns dos outros. Diz aos outros quando uma situação insegura se desenvolver. Anima-os quando estão cabisbaixos. Dá-lhes os parabéns quando desempenham algo bem. Amizade, alegria, aventura - é isso uma Patrulha. Símbolos da Patrulha Tabela 1 – Principais símbolos dos Bandos, Patrulhas, Equipas de Pioneiros e Equipas de Caminheiros Nome do Secção Totem ou Patrono Distintivo pequeno grupo
  • 2. Cores do Lobo Triângulo equilátero, com um vértice pa Bando Bando (ex. Bando Castanho) Triângulo equilátero, com as pontas arredon Totem animal baixo, partido verticalmente, com a silhueta à partição Patrulha (ex. Patrulha Pinguim) Totem animal Triângulo equilátero, com as pontas arredon baixo, partido horizontalmente, com a s ou sobreposta à partição Patrono Equipa (de Pioneiros) (Santo da Igreja, Benemérito da Humanidade, ou representação do Patrono num círculo b ou Herói Nacional) Patrono Triângulo equilátero, com as pontas arredon baixo, representação do Patrono num círcu Equipa (Santo da Igreja, vermelho Benemérito da (de Caminheiros) Humanidade, ou Herói Nacional) Totem e Bandeirola de Patrulha Muitas Patrulhas têm um animal como totem. Talvez sejas membro da Patrulha Pantera, ou um dos Tigres, Lobos, Cavalos, ou Pinguins. Outras Patrulhas escolhem como Patrono uma pessoa, como Santos, notáveis e afins. Cada Patrulha tem a sua Bandeirola, com um emblema que representa o seu nome. Tu podes ter a hipótese de ajudar a desenhar e a fazer uma Bandeirola para a tua Patrulha, e levá-la para as reuniões e actividades. Além disso, usas uma insígnia no braço esquerdo, com o símbolo ou o nome da tua Patrulha. Practica desenhar o vosso símbolo em poucas linhas simples, para que o possas juntar à tua assinatura Escutista. O símbolo da tua Patrulha, aquela que estás a ajudar a tornar na melhor Patrulha que há. Embora hoje em dia seja possibilitado às Patrulhas e Equipas o desenho e concepção da sua Bandeirola, esta é tradicionalmente triangular, branca debruada com a
  • 3. cor da Secção. À semelhança do distintivo de Bando, Patrulha ou Equipa, a Iª Secção apresenta uma cabeça de lobo da cor do Bando; na IIª a silhueta do animal totem; na IIIª a silhueta do animal totem ou uma representação do patrono; na IVª Secção uma representação do Patrono. Fig. 1 – A bandeirola como símbolo do Bando e da Patrulha O Lema é escolhido pelos membros do pequeno grupo, e deve evocar o Totem ou Patrono – os Bandos de Lobitos habitualmente não possuem lema. Além destes, deve existir ainda um ‘Livro de Ouro’, onde devem ser registados itens como as características do animal totem ou a biografia do Patrono, biografia dos elementos pertencentes, grandes momentos da vivência Escutista, tradições e histórias, e afins. Grito de Patrulha Cada Patrulha tem o seu grito. Se a tua Patrulha tem um animal como totem, usa o seu som - o uivo de um lobo, ou o pio de um mocho. As Patrulhas que não têm um animal como totem podem escolher o seu grito, mesmo entre os gritos de animais. Soltai o vosso grito de Patrulha quando ganheis um concurso ou jogo numa reunião. Em campo, o cozinheiro da Patrulha pode soltá-lo quando o jantar estiver pronto. O teu Guia fá-lo para reunir a Patrulha. Os membros da Patrulha compreendem, mas os outros pensam que estão apenas a ouvir os sons da floresta. O Guia de Patrulha
  • 4. Cada Patrulha elege um dos seus membros para ser o seu Guia. Esta é uma posição importante com muita responsabilidade. Tu vais querer escolher alguém que respeites e cuja liderança estejas disposto a seguir e apoiar. Um Guia precisa da energia e da vontade de ajudar a fazer da vossa Patrulha a melhor. O teu Guia é o responsável pela Patrulha, em reuniões e durante as actividades. Ele sugere Boas Acções e projectos, e encoraja a Patrulha na sua execução. Quando o moral vai abaixo, ele é o que diz “vinde lá” e recomeça. Trabalhando com o Chefe da Unidade, o teu Guia concebe maneiras de todos progredirem no Escutismo, e ser alguém. Há muitas responsabilidades numa Patrulha. Para ajudá-lo nos seus deveres, o Guia escolhe um Sub-guia. Este lidera a Patrulha sempre que o Guia esteja ausente. O teu Guia e vós decidis que responsabilidades da Patrulha ficam com quem. Um Escuteiro com jeito para a escrita e/ou desenho poderá ficar responsável pelo Livro da Patrulha. Outro que cozinha bem poderá ficar encarregue de transmitir os seus conhecimentos a outros que o ajudarão a preparar as refeições numa actividade. Um bom Guia partilha os deveres da liderança. Ele poderá deixar a ti a tarefa de encontrar uma rota para a excursão de bicicleta do próximo mês, para seres o cozinheiro-chefe, ou para ensinar aos outros Escuteiros como usar um fogareiro de campo. Partilhando a liderança com todos vós, o teu Guia permite-vos aprender o que significa ser responsável. Algum dia, quando tiveres experiência e tiveres demonstrado a tua maturidade e sabedoria, os outros Escuteiros poderão escolher-te para Guia. Todos os membros da tua Patrulha deverão apoiar o Guia em todas as ocasiões. Haverá alturas em que não quererás participar nos planos da Patrulha. Chuva pode arrefecer um raid, ou uma Boa Acção pode ser mais difícil de levar a cabo do que o esperado. Mas lembra-te que o Escutismo é baseado na cooperação e na boa disposição. Por vezes terás que pôr para o lado os teus confortos para benefício da Patrulha. Um “Escuteiro de Verão”, que só aparece quando o tempo está bom não tem muito valor para uma Patrulha. É o “Escuteiro de todas as estações” que aproveita o Escutismo ao máximo e põe a sua Patrulha a mexer. Quando tu e o resto da Patrulha superam inconvenientes em conjunto, a satisfação e a recompensa aumentam. Reuniões de Patrulha
  • 5. As Patrulhas são uma componente tão fundamental do Escutismo que parte das reuniões de Agrupamento deve ser para estas se reunirem. Uma Patrulha pode também reunir-se na casa de algum dos seus membros ou outro local adequado. Durante as reuniões de Patrulha, os Escuteiros ajudam-se mutuamente a compreender técnicas Escutistas. Também podeis planear as vossas actividades e reuniões futuras. À medida que o planeamento é levado a cabo, cada um de vós terá a responsabilidade de preparar a sua parte. Actividades de Patrulha Uma Patrulha vive de aventuras. Algumas são passadas dentro de casa, como preparar equipamento, practicar Primeiros Socorros, e dar nós. A tua Patrulha também pode ter muita diversão ao ar livre. Com a aprovação dos vossos Chefes, podeis realizar acampamentos e saídas. O teu Guia deve ter a experiência e a formação para encabeçar essas actividades por sua conta, ou a tua Patrulha pode ser acompanhada por Dirigentes ou Pais. As saídas e os acampamentos são os pontos altos das vossas actividades. Essas são as alturas em que podes pôr os teus conhecimentos a uso. Longe da escola e de casa, tens tempo para desenvolver as tuas amizades e o vosso gosto pelo Portugal Natural. O espírito de Patrulha atinge o seu máximo quando todos os membros da Patrulha são bons amigos, acampam juntos, cozinham as suas refeições, e disfrutam do tempo que passam assim. Em aventuras de Patrulha, estais perto do cerne do escutismo. O teu Agrupamento Nenhuma Patrulha está só. Cada uma faz parte de um Agrupamento, constituído por Unidades, que possuem até cinco Patrulhas cada. Podes considerar as Patrulhas como os tijolos com que é feito o Agrupamento. Quanto mais fortes e activas forem as Patrulhas, melhor será o Agrupamento.
  • 6. Os teus Chefes. O Chefe de Unidade é o responsável pela Secção que dirige. Ele trata de providenciar aprendizagem, aventura e diversão para ti e para os outros Escuteiros. Ele está presente em quase todas as reuniões e vai à maioria das actividades. Os Guias consultam-no para conselhos. Hás de vir a conhecê-lo como um amigo mais velho a quem podes pedir ajuda e opiniões. Nenhum Dirigente é pago pelo tempo que dedica ao Escutismo. Ele vê o valor do método Escutista, e quer ter mão na administração deste a ti e aos outros jovens da Paróquia. Podes valorizar o tempo gasto pelos teus Chefes fazendo o que puderes por tornar a tua Patrulha e do teu Agrupamento um sucesso. Uma Unidade tem outros Dirigentes que ajudam o teu Chefe de Unidade, constituindo a Equipa de Animação. Por vezes, substituem-no na condução de reuniões e actividades. O teu Guia de Unidade é um Escuteiro experimentado escolhido pelo Chefe de Unidade ou pelo Conselho de Guias para coordenar e presidir a este. O Conselho de Guias. As actividades da tua Unidade são planeadas pelo Conselho de Guias, que é constituído pelo Guia de Unidade, pelos Guias de Patrulha e pelos Dirigentes da Unidade. O Conselho reúne-se para discutir todos os assuntos de interesse para a Unidade. O teu Guia de Patrulha representa a tua Patrulha, partilhando as vossas ideias com os outros membros do Conselho. Juntos, os membros do Conselho de Guias consideram as sugestões e necessidades dos Escuteiros, e daí estabelecem o plano de actividades. Reuniões. Quando vais a uma reunião semanal, podes esperar actividade. Muitas vezes haverá jogos que melhoram os teus conhecimentos de Escutismo. Demonstrações e concursos ajudam-te a aprender novas técnicas. Durante parte da reunião, as Patrulhas
  • 7. podem-se reunir por si. Com canções, pequenas cerimónias e orações, a reunião deve ser interessante para todos. Nem todas as reuniões acontecem no mesmo sítio, ou à mesma hora. Aqui e além, uma reunião pode ter lugar num quartel de Bombeiros, por exemplo, para saberdes como é que a tua cidade é protegida dos incêndios. Noutra ocasião, podeis-vos reunir na piscina municipal e trabalhar para alguma insígnia. Saídas e acampamentos. Um Agrupamento forte e saudável têm muitas actividades ao ar livre. Uma vez por mês, deves ter um acampamento, ou uma actividade do género. Na maior parte das saídas, deveis sair em Patrulha. Actividades com outras Patrulhas fornecem uma oportunidade para ver se a vossa Patrulha está a trabalhar bem, e se as técnicas são correctamente aprendidas e postas em prática. A tua Patrulha é tão boa quanto os membros que a compõe estão dispostos a torná-la. De igual modo, o sucesso do teu Agrupamento depende da energia de cada Escuteiro ao usar o número do seu Agrupamento na manga direita. Tu podes manter as reuniões vivas e interessantes chegando a horas, participando nelas a sério. Aparece para as actividades marcadas como quer que esteja o clima. Faz teu objectivo ser um dos melhores Escuteiros do teu Agrupamento. Lembra-te que tudo o que acontece na Patrulha e no Agrupamento acontece porque tu e outros tem orgulho em ser Escuteiros. Tu és a tua Patrulha e Agrupamento. Eles são uma reflexão tua, enquanto Escuteiro. Quanto mais te deres ao Escutismo, mais o Escutismo te dará. O teu Núcleo e a tua Região A área da tua Diocese onde o teu Agrupamento está localizado é uma Região. Quando o número de Agrupamentos o justifica, é criada uma estrutura intermédia chamada um Núcleo, e que corresponde mais ou menos à área de um arciprestado. Núcleos de grandes dimensões podem-se dividir em Zonas, para a organização de actividades. Actividades de Núcleo e Regionais. Muitas Zonas, Núcleos e Regiões organizam acampamentos para todos os Agrupamentos da sua área. Através de jogos e concursos, os Escuteiros travam conhecimentos e desenvolvem-se. Outros organizam também festivais, exposições, demonstrações e comemorações. Nos últimos anos, tem-se assistido a um esforço das Regiões para que
  • 8. cada uma consiga ter pelo menos um Centro Escutista, disponível para todos os Escuteiros, do CNE e não só. Insígnias e distintivos As insígnias no teu uniforme mostram até onde avançaste na tua Vida Escutista. Distintivos de Identificação. Os primeiros distintivos que usas indicam a tua Patrulha, o teu Agrupamento, o teu Núcleo e a tua Região. Distintivo Exemplo Patrulha Agrupamento Núcleo Região Insígnias de Progresso. Adesão, Bronze, Prata e Ouro - as etapas do Sistema de Progresso revelam os teus conhecimentos Escutistas. As insígnias de Competência levam-te a explorar os teus interesses em muitas áreas. As insígnias de etapa usam-se no braço esquerdo, e as de competência no braço direito. Etapa de Bronze / Etapa de Prata / Etapa de Ouro / Animação Autonomia Responsabilidade
  • 9. Insígnias de Função. Algum dia, os Escuteiros da tua Patrulha poderão reconhecer as tuas capacidades de liderança e técnicas, escolhendo-te para Guia - é uma grande honra e uma grande responsabilidade. Usa as tuas duas fitas no bolso esquerdo com orgulho e devoção. Enquanto esse dia não chega, cumpre as tuas funções dentro da Patrulha. Usa a tua insígnia de função acima do botão da pala do bolso esquerdo. Guarda do Relações Animador Cozinheiro Secretário Socorrista Tesoureiro Material Públicas Funções Funções Funções Funções Funções Funções Funções Insígnias específicas. Quando tomas parte de uma actividade especial, como um Acampamento Nacional, podes receber uma insígnia para usar no braço direito (até um máximo de duas insígnias) até um ano depois de a receberes. Estas insígnias temporárias mostram aos outros o que fizeste, e recordam-te do que te divertiste e aprendeste.
  • 10. Outras insígnias. Quando tiveres andado nos Escuteiros há algum tempo, e tiveres pertencido a mais do que uma Secção, podes colocar no teu braço esquerdo as Insígnias de Secção a que pertenceste. Quando tiveres alguma experiência de acampamentos, podes receber a Insígnia de Campo, que reconhece as tuas 25, 50, 75 e 100 noites de campo. Vamos acampar! Veste o teu uniforme e calça as tuas botas. Mete a mochila às costas. És um Escuteiro, e isso quer dizer que vais acampar! Podes apostar que não há nada melhor que montar a tenda e passar a noite ao ar livre. Que vais encontrar num acampamento? Apenas algumas das melhores aventuras da tua vida! Podes usar as tuas técnicas Escutistas para seguir trilhos nos montes, através de pedregulhos e sobreiros. Abre os teus olhos, olha e vê, poderás ver falcões, lebres e talvez até um lobo. Sobe ao alto ventoso de um monte, desce ao fundo de um rio.
  • 11. Depois de um dia cheio, vais fazer o teu jantar. Que tal um assado nas brasas, ou um pão com chouriço feito por ti? Após o jantar, mais um pouco de lenha transforma as brasas quentes em chamas acolhedoras, e com os teus amigos revives as vossas melhores histórias. O Fogo de Conselho tem sido uma tradição calorosa no Escutismo, e muito Velho Lobo relembra com saudade o seu tempo à volta de uma fogueira. Depois mete-te no teu saco-cama. O cansaço de um dia vivido em pleno ressente--se, mas antes de adormeceres olha para o céu. Alguma vez viste tantas estrelas? Ouve, escuta os sons da noite - ao longe um carro, mais perto de ti e do teu coração o pio de um mocho, o bater de asas de um morcego. Não te esqueças de agradecer Àquele que te deu um dia tão bom, e de pedir que guarde a ti e aos teus amigos e familiares. O Escutismo faz-se ao ar livre. Escutismo é acampar. Escutismo é andar de bicicleta, nadar, fazer canoagem, vela, orientação, primeiros socorros, e muitos outros desafios. O Escutismo tem o seu campo de acção na Natureza, no ar livre. Este trabalho tenta ensinar-te a ser um bom campista. O teu Chefe, o teu Guia e os outros Escuteiros também te hão de ajudar, e tu, por tua vez, hás-de ajudar outros. E com a tua energia e boa disposição, nada te poderá impedir. Por isso, deixa de sonhar e vai fazer a tua mochila. A maior aventura da tua vida começa quando pões os teus pés ao caminho. O Desafio do mínimo impacto "Quando fordes acampar, não deixeis nada além de agradecimentos ao proprietário, e não tireis nada a não ser fotografias." - é este o desafio que te é posto como Escuteiro. Quando o Escutismo surgiu, podia-se quase acampar em qualquer lado. Fora das cidades, a maior parte da terra era terreno agrícola ou florestal. As necessidades de uma nação em crescimento alterou essa situação - barragens para fornecimento de energia submergiram terrenos e casas, novas e melhores estradas rasgaram montes e vales, chegando a pontos de Portugal de difícil acesso. Montados foram arrasados para fornecimento de recursos, casas surgiram em terrenos de cultivo. Muitas das mudanças foram positivas, outras nem por isso, mas todas tiveram impacto no Portugal Natural. O facto de a nossa Pátria se ter desenvolvido rapidamente nos últimos anos causou muitos danos, pois não houve tempo de adaptação às novas circunstâncias. No início do século, o lixo podia ser deitado em quase qualquer lado, pois era biodegradável, e a própria Natureza se encarregava de o fazer desaparecer. Agora a mentalidade persiste, mas o lixo também - os plásticos, borrachas e outras substâncias não são facilmente biodegradáveis, e cabe-nos fazer a reciclagem desses produtos, uma vez que eles não são naturais.
  • 12. O Portugal Natural é a casa de muitas espécies de animais e plantas - daqui vem o ar puro e a água limpa, e nos lembramos como costumava ser a nossa terra. Quando as pessoas querem fugir da cidade, têm ao dispor parques, reservas, florestas, e muito terreno natural. Com a liberdade de sair para o Portugal Natural, vem a responsabilidade de cuidar dele. Essa responsabilidade é de todos os Portugueses, mas especialmente tua. Como Escuteiro é teu dever especial conservar esses tesouros naturais, e ajudar outros a fazê-lo, para que todos possamos ter uma qualidade de vida melhor ainda. Quando sais para o campo, deves ter o cuidado de causar o mínimo impacto. Milhares de Escuteiros saem para o campo todos os anos, e que seria de nós e da nossa Terra, se eles não tentassem preservar o que ainda resta! Faz tudo o que puderes para que o Portugal (e o Mundo) Natural fique tão maravilhoso quanto antes de tu e os teus amigos o encontrardes, ou melhor. Experimenta estes tipos de acampamento Bivaque é um acampamento curto, geralmente de fim-de-semana ou três dias. O objectivo do teu Agrupamento deve ser fazer um destes mais ou menos todos os meses. No Inverno pode parecer difícil, mas tens os Parques Escutistas à vossa disposição, e muitos destes têm casas que vos podem abrigar, se o tempo estiver mau. Acampamento de longa duração é o preferido para o Verão. Uma semana ou duas (talvez até mais...) com os teus amigos Escuteiros, ou planeia umas expedições baseadas no local de acampamento. Não deixes passar oportunidades de férias para acampar, o Verão pode estar longe... Acampamento volante combina acampar com viajar, seja a pé, de bicicleta, de canoa ou de outro meio. Excelente diversão para os Escuteiros mais experimentados, é particularmente apropriado a projectos específicos, como levantamentos ecológicos, de património, etc. Planeia o teu acampamento Se fores como a maioria dos Escuteiros, deves estar mortinho por ir acampar. Mas antes de partires com a tua Unidade ou Patrulha, precisas de fazer as seguintes perguntas. As tuas respostas vão-te ajudar a planear uma aventura interessante, divertida e em segurança. Onde quereis ir? Todas as partes do País tem boas áreas onde Escuteiros podem acampar. Os teus Chefes conhecerão algumas. Mas tu também podes conhecer outras. Pedindo educadamente, muitas pessoas deixarão os Escuteiros acampar nos seus terrenos. Há água disponível para beber, cozinhar e higiene? Em muitos locais é possível obter água da rede pública ou de fontes e minas seguras. Quando em dúvida, ferve a água
  • 13. por alguns minutos, tendo a certeza que borbulha bem. É permitido fazer fogo? Entre Junho e Setembro é proibido fazer fogo em qualquer área florestal, devido ao risco de incêndio. Em alguns locais é proibido fazer fogo durante o ano inteiro. Usa sempre o local apropriado, e toma sempre as medidas de segurança para evitar que a tua fogueira danifique o Portugal Natural . De que tamanho é o teu grupo? Locais de acampamento especializados conseguem aguentar o impacto de muitos Escuteiros, mas a maioria dos locais não. Muitos pés pisoteiam e devastam a vegetação, assim como as muitas tendas necessárias. Para minimizar o impacto, as Patrulhas devem acampar e deslocar-se separadamente. O que queres fazer? Pioneirismo, natação, 'raids', cozinha selvagem, observação natural, plantio de árvores - as possibilidades são infinitas! Os teus Chefes podem sugerir actividades para o local para onde quereis ir, e vice-versa: podem sugerir um local baseado no que quereis fazer. Como é que ides? A pé, de bicicleta são opções viáveis para aqueles sítios próximos. Para distâncias maiores, há sempre os transportes públicos, ou algum bom parente que ajuda com a sua carrinha. Quanto é que vai custar? Acampar deve ser simples, barato, e divertido. Vais precisar de algum material próprio, mas a maior parte pode ser comprado nos Depósitos de Material e Fardamento do CNE, ou em lojas por eles recomendadas. O teu Agrupamento deve ter tendas, material de cozinha, etc. Provavelmente, ser-te-á pedido que comparticipes nos custos das refeições e viagens. Se não tens dinheiro que chegue, fala com o teu Chefe - nenhum Escuteiro deve ser impedido de participar em actividades por falta de dinheiro. Tens autorização? Conta aos teus Pais ou Encarregados os detalhes da actividade, explica o que vais fazer, quando vais, quando voltas. Os teus Chefes devem contactá- los (ou vice-versa) para garantir a tua presença. Como vais proteger o terreno? Orgulhai-vos de deixar o local de acampamento melhor do que estava quando o encontrastes. Apanhai todo o lixo, e perguntai aos proprietários se há algum serviço que possais fazer como retribuição pela sua gentileza em vos deixar acampar nas suas terras. Como ides ser Escuteiros? Quando as pessoas vêem um grupo de jovens acampados, antes de verem o uniforme pensam nos Escuteiros. E também pensam que bom é tê- los ali! Cabe a ti e aos teus amigos provar-lhes que tem razão - fazei as vossas actividades sem importunar ninguém, convidai as pessoas para o Fogo de Conselho ou as crianças da terra para alguma actividade que possa ser participada.. Fazei uma Boa Acção - qualquer coisa simples, como limpar o lixo de um local público, ou qualquer outra tarefa útil. Perguntai ao Pároco, ou ao Presidente da Junta de Freguesia. Participai activamente na Eucaristia, fazendo uma leitura, por exemplo, e dai mostras da vossa Fé, como Escuteiros Católicos. Estas mostras podem ser para o exterior, mas que sejam mais do que tudo, para vós mesmos - lembrai-vos de Deus em todas as vossas horas: foi Ele que criou os locais onde estais, é Ele que vos proporciona esta actividade, é Ele que, dia após dia, toma conta de vós.
  • 14. De que material precisas? Nos tempos de antanho, os nossos navegadores partiam em jornadas que duravam anos, indo a locais pouco ou nada explorados, em barcos pequenos. Todo o material que seria necessário ao longo dessas viagens tinha que ser transportado nos barcos, bem como os mantimentos. Mas as reservas nem sempre chegavam até ao fim das viagens, especialmente quando começaram as que iam cada vez mais longe. Mas havia a esperança e Fé em Deus, que os havia de prover. A água doce era recolhida das chuvas quando as havia, mas na sua falta era preciso ir a terra buscar água e comida. Por vezes, era possível obter esses bens por troca com os nativos, mas muitas vezes era preciso buscá-los no interior dessas terras novas, usando o material que tinham trazido. Hoje, a situação é outra para os nossos Escuteiros - mas ainda tens de levar o teu material para as actividades. Como possivelmente vais carregar tudo às costas, interessa-te levar o menor peso. Mete na mochila aquilo que realmente precisas para ter uma boa actividade, e deixa o resto em casa. Como os antigos exploradores, em breve apreenderás a viver com pouco. O Essencial O material essencial descrito abaixo são as ferramentas que deves trazer contigo em todas as actividades. Tornam uma viagem agradável melhor ainda, e numa emergência, podem ajudar a salvar vidas. Canivete - um canivete é a ferramenta pessoal mais útil. mantém o teu limpo e afiado. Estojo de Primeiros Socorros - além do estojo completo que alguém terá que trazer, deves ter o teu a postos para as pequenas feridas. Bastam coisas como pensos rápidos, creme para bolhas e calos, um desinfectante, uma pinça, alguns trocos e um cartão telefónico para um telefonema de emergência (já que muitos telefones públicos não aceitam moedas). Inclui um lenço ou compressa limpo, para hemorragias maiores, bem como um cartão com os números de telefone mais importantes: casa, Chefe, emergência (112), incêndios florestais (117). Acrescenta também comida energética, como chocolate e/ou frutos secos, para uma emergência (e só!). Roupa sobresselente - ter frio ou estar molhado num raid é horrível, e pode ser mau para a saúde. Uma camisola grossa e um impermeável resolvem a maioria dos problemas; em tempo mais frio, um anorak, umas luvas e um gorro. Quando faz mais calor, não será necessária tanta roupa, mas cuidado com as noites orvalhadas do Verão e os Verões de S.Martinho - bonitos mas frios. Impermeável - um poncho protege-te a ti e à mochila. Em caso de chuvada inesperada, um saco do lixo pode ser transformado depressa numa protecção.
  • 15. Cantil ou garrafa de água - no Verão é fácil desidratar, mas mesmo no tempo mais fresco isso pode acontecer numa actividade mais longa. Leva sempre um cantil cheio ou uma garrafinha plástica (pesa menos) e vai-os re-enchendo. Bebe golos pequenos Lanterna - dá muito jeito onde não há luz eléctrica, como em tendas! De igual modo, em actividade no escuro. Uma lanterna resistente que usa duas pilhas AA é ideal: pesa pouco e é mais do que suficiente. Mantém-na à mão na mochila, e toma cuidado para que não se ligue sem dares conta. As pilhas recarregáveis são mais vantajosas. Boné/chapéu - no Verão é fácil apanhar uma queimadura, uma insolação ou um golpe de calor. Um chapéu de abas largas protege o teu rosto e a tua cabeça, e em sol forte uma camisa de mangas compridas é a melhor opção (não te esqueças do protector solar). No Inverno, as abas também ajudam a proteger da chuva (especialmente se usares óculos). Mochila - onde levar o material, de tamanho conforme o que é preciso levar. Uma mochila é, basicamente, um saco com asas para transporte. Ajuda a carregar peso e liberta as tuas mãos. Usa sempre as duas asas, e se a mochila tiver cinto, aperta-o - tudo isso contribui para a melhor distribuição do peso, e evita dores e cansaços. Mapa - se viajares em áreas desconhecidas, uma carta topográfica, preferivelmente acompanhada de uma bússola ser-te-á de muito uso. Em Bivaque O teu material essencial acompanha-te em todas as saídas, e é a parte mais importante do teu equipamento. Quando pretenderes passar a noite debaixo das estrelas, precisas de levar mais qualquer coisa para pernoitar. Saco-cama - em casa, o colchão e as cobertas mantém-te quente. Fora da tua cama, um par de cobertores faz o mesmo. Dobra os cobertores em forma de envelope, e prende as pontas com alfinetes de segurança. Mas se tens escolha, usa um saco-cama. Como é um saco, detém o calor melhor do que cobertores. além disso é mais leve e mais fácil de levar na mochila. Se fores acampar no Inverno e o teu saco-cama for muito fino, podes sempre meter um cobertor dentro do saco, á tua volta. Se tiveres calor, podes sempre usar esse cobertor extra como colchonete. Colchonete - um colchão de ar ou um colchonete melhorarão o teu conforto e ajudarão a manter-te quente (o colchonete é preferível por uma questão de peso e facilidade de arrumação). Estes protegem-te do frio do chão, o que é mais importante do que protecção do frio do ar, e tornam um solo duro mais confortável. Para ajudar a isolar o colchonete podes usar um plástico grosso - até o poderás prender à parte de baixo do colchonete. Será bom para resguardar-te da humidade do solo. Faz a tua cama
  • 16. Chegaste ao campo e jantaste. Agora preparas-te para a noite. Qual é o melhor modo de arrumar a tua tralha para uma noite confortável? Encontra um local razoavelmente plano. Se for debaixo de uma árvore, menos orvalho se condensará na tua tenda ou saco-cama. Arbustos e pedras podem funcionar como tapa-ventos. Remove pedras e paus que possam rasgar a tenda ou o saco-cama, mas deixa folhas e pruma - vão-te servir como colchão e minimizar o teu impacto no local. Estende o teu plástico/chão, e põe o colchonete por cima, seguido do saco-cama ou dos cobertores. Queres uma almofada? Pega na tua roupa e mete-a dentro de uma camisola. Em tempo húmido será melhor usares uma tenda, mas se a não tiveres trazido, deixa as tuas coisas arrumadas até à hora de deitar, para evitar que absorvam humidade. Se tiveres tenda, aproveita para estender o saco-cama, para que ganhe a sua forma Quando te meteres no saco-cama, mantém as tuas botas perto. Mete pequenos objectos, relógio e óculos numa delas, e na outra a tua lanterna. Usa a língua da bota para que o orvalho não humedeça o interior das botas. De manhã, antes de as calçares, sacode-as bem; os nossos pequenos amigos animais podem entrar nelas para se aquecerem, e provavelmente ficarás admirado com a quantidade de terra e pedrinhas que entrou durante as actividades do dia anterior. Se estiver mesmo fresco (mesmo dentro da tenda), um gorro, meias grossas, uma camisola e mesmo luvas podem tornar uma noite de frigorífico numa experiência mais agradável. Os sacos-cama são quentes porque o seu acolchoado guarda ar, que é aquecido pelo próprio corpo. A qualidade isolante do material ajuda a conservar a temperatura. Por último, não vás para a cama sem fazer uma ceia - o corpo "queima" calorias para te manter quente, mas só se tiveres calorias, nem sem aquecer a alma com algumas orações. Utensílios para comer As refeições em campo têm que ser substanciais, e a maioria pode ser comida com utensílios simples. Um prato resistente, preferivelmente de sopa (serve para sopa e comida sólida), um copo ou caneca, de preferência com medidas marcadas (útil na cozinha) e talheres: garfo, colher, e faca. Em actividades invernais, uma caneca isolada (termos) mantém a sopa e as bebidas quentes, e não queima os teus lábios e mãos de segurar. Se te tiveres esquecido dos teus utensílios (vê a lista, da próxima vez) podes sempre deitar mão do Método Escutista, e fazer os teus próprios. Com o teu canivete, podes experimentar talhar num ramo um garfo numa ponta e uma colher noutra (o canivete serve-te de faca). E já agora, se os Orientais conseguem comer com dois pauzinhos, porque não experimentar.
  • 17. Apoia um dos paus na cova do polegar e na ponta do dedo anelar, e segura-o com o polegar. O outro deve ser seguro com o polegar e com o dedo médio, e movido com a ajuda do indicador. Toma conta de ti Parte da alegria de uma actividade é não te preocupares em sujar-te ou manter-te limpo. Se for só um bivaque, não há problema, quando chegares a casa tomas um bom duche. Mas se a actividade durar mais, vais querer limpar-te. Se te lavares antes de deitar, sentir-te-ás melhor, e o teu saco-cama ficará mais limpo. Não te esqueças de trazer as seguintes peças de equipamento, e não te esqueças de as usar. Sabão/sabonete - tanto quanto necessário, mas não é preciso um novo nem para um acampamento de uma semana; uma barra pequena ou uma grande que esteja quase usada chegam. Guarda dentro de uma caixa ou saco plástico. Toalha e esfrega - a esfrega molhada serve para tomar o "banho à Escuteiro" quando não há instalações; esfrega-te com força e com sabão para tirar bem o sujo. A toalha é para te secares. Escolhe-as de cor escura, para não se ver tanto o sujo, e se ficares mais de uma semana em campo, lava a toalha. Escova, fio e pasta dos dentes - um bocado de pasta dentífrica lava muitos dentes; arranja um tubo pequeno, ou um grande perto do fim. Arranja uma escova média, e lava os dentes pelo menos duas vezes por dia, ou se puderes, no fim de todas as refeições; o fio dental garante a limpeza entre dentes, que é onde muito bom dente se arruina. Extras Uns poucos extras podem melhorar ainda mais uma actividade. Talvez queiras trazer alguns dos seguintes: máquina fotográfica e rolo (guarda em saco plástico) bloco de notas e lápis repelente de insectos fato de banho
  • 18. óculos de sol binóculos livro livro de orações ou Bíblia Que mochila? Há vários géneros de mochila: desde aquela que se leva para a escola e serve perfeitamente para uma saída de um dia, à outra gigante que se destina a meter vivendas inteiras, sem esquecer a ligação à rede de esgotos. Uma mochila pequena dá para conter todos os essenciais para um dia em campo. Qualquer coisa um pouco maior já dá para um bivaque, e depois há mochilas maiores para actividades mais compridas, com estrutura metálica que pode ser exterior ou interior. A capacidade das mochilas mede-se em Litros. Uma mochila pequena (tipo escolar) tem em média 10 litros, uma média 32, e uma grande (a mochila típica) cerca de 65 litros. Mas cabe a cada um escolher o tamanho que lhe dá mais jeito. Quanto maior uma mochila, mais tentados estamos em a encher, e portanto a aumentar o peso que vamos levar às costas. Por outro lado, também não é aconselhável ter uma tão pequena que quando lhe colocamos o material essencial fique prestes a rebentar, esperando apenas o momento pior possível para o fazer. Mais vale portanto escolher uma mochila mais para o pequeno que para o grande.
  • 19. Fazer a mochila As mochilas da nova geração são em forma de marco, que se abre com um fecho de correr, como uma mala. O formato tradicional das mochilas carrega-se pela parte de cima, com um cabeção, geralmente com um bolso, a fazer de tampa. Como estas ainda continuam a ser a grande maioria, vamos falar sobre estas, embora os princípios sejam os mesmos. Em casa és capaz de ter um armário, ou gavetas com as tuas coisas. Em campo, a tua mochila funciona como armário. Em vez de gavetas, podes usar sacos plásticos para manter tudo junto e seco. Fazer isto é particularmente importante se há a possibilidade de chover. Nenhuma mochila neste mundo continua impermeável depois de várias horas de chuva. Por consequência, nenhuma roupa que tu lá tenhas continua seca! Usa os sacos plásticos. Quando precisares de mudar de roupa, já sabes que no saco azul estão as meias, no verde os agasalhos, etc. Ou podes fazer os teus próprios sacos, com as pernas de calças velhas que estejam em mau estado (e portanto não podem ser dadas a quem precisa). Corta uma perna, e cose o fundo com linha grossa, ou com uma máquina de coser. Na boca do saco, dobra uns dois centímetros, fazendo-lhe uma gola. Faz dois pequenos buracos no mesmo extremo dessa gola, e insere uma corda por um, dá a volta, e faz a corda sair pelo outro buraco. Cose a gola, para que o fio não escape. Vira o saco do avesso, e está pronto! Quando fazes a mochila, lembra-te das palavras de Jesus: "Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros" (Mt 20, 16* ). Neste contexto, quer dizer que aquilo que puseres dentro da mochila primeiro terá que sair em último, e vice-versa, logo deixa aquilo que pensas precisar cedo para ser posto por último. Se fores carregar com a tua mochila, o material mais leve deve ser colocado mais para o fundo da mochila, pois quanto mais acima e mais próximo das tuas costas estiver a maior parte do peso, menos curvado terás que andar, devido ao centro de gravidade. Também por cima devem ficar coisas como um agasalho ou um impermeável, caso ameace arrefecer ou chover. Nos bolsos laterais que as mochilas maiores tem podes guardar aquele equipamento essencial que te falamos acima, para estar facilmente à mão. O saco-cama, por ser leve, deve ser das primeiras coisas a entrar na mochila. Siga-se a roupa, e depois o equipamento mais pesado. Além das tuas coisas poderás ter que carregar algum do material da Patrulha. A tua parte pode incluir cantinas, tendas, e alguma comida. Uma mochila não é uma árvore de Natal - leva o material dentro da mochila, e não pendurado no lado de fora Levar carga a mais é tão mau como levar material a menos. A responsabilidade recai sobre os teus ombros (literalmente!) - todo o caminho para lá e para cá. A carga
  • 20. máxima que alguém deve carregar é igual a um quarto do peso do seu corpo; isto é, se pesas 50 Kilogramas, não deves carregar mais de 12, 5 Kilos. O famoso Escuteiro e campista americano Steward E. White tinha um método para decidir o que levava. Quando voltares de um acampamento, divide o teu material em três pilhas: 1 - o que usaste todos os dias (inclui aqui o teu estojo de higiene e o de primeiros socorros) 2 - o que usaste ocasionalmente 3 - o que nem sequer usaste Da próxima vez, deixa a terceira pilha, e pensa bem sobre a segunda... Regular e carregar a mochila As mochilas modernas tem a particularidade de serem reguláveis, isto é, de permitirem distribuir o seu peso de forma a que este fique o mais equilibrado possível, e se torne, pois, mais fácil de carregar. O truque é simplesmente carregar a mochila tendo por apoio a zona das ancas, enquanto que as correias servem sobretudo para manter o equilíbrio. O segundo ponto a ter em conta é que todas as correias com regulação tem uma razão de existir. Para regular uma mochila, põe-na às costas, e dá folga às correias até que a correia da cintura fique ao nível da largura máxima das ancas. Fecha a correia da cintura, de modo a que todo o peso da mochila fique nas ancas. Pega então nas outras correias, e puxa-as até que sintas o peso da mochila ficar repartido entre a bacia e os ombros. Se sentires uma compressão ao nível dos ombros, é porque as correias ficaram demasiado apertadas. A correia estreita que une as duas ombreiras ao nível do peito tem por função repartir melhor estes esforços. Nas mochilas grandes, um par de tiras liga as ombreiras ao bolso da tampa. Estas permitem deslocar o sentido de gravidade da mochila, em função do relevo do terreno onde se caminha. Numa subida, apertam-se para aproximar o peso dos ombros; numa descida, alargam-se para fazer descer o peso do saco ao nível dos rins. Abrigo Há muitos anos, os campistas de então, pioneiros e bandeirantes na sua maioria, quando precisavam de abrigo, cortavam ramos e árvores e construíam abrigos "em A". Demorava algum tempo e causava danos permanentes à Natureza.
  • 21. Hoje, um oleado ou uma tenda fornecem protecção dos elementos rapidamente, em qualquer lugar. Protegem-te do mau tempo, dos insectos, e dão-te privacidade. Quando te queres ir embora, é só desmontar a tenda; ao contrário do abrigo "em A", é um método que deixa poucos vestígios, e menos ainda se fores consciente. O grande segredo para passar um acampamento sem frio é saber que na maior parte dos casos, o frio vem do chão. Um dos desenhos de BP no Escutismo para rapazes exemplifica muito bem essa regra. A condução é o fenómeno físico que ocorre quando um objecto mais quente entra em contacto com um mais frio. É o que acontece se tu pegares num objecto de metal frio e o segurares na tua mão durante tempo suficiente - ele aquece e a tua mão arrefece ligeiramente. Como o teu corpo está sempre a produzir calor (necessário para as reacções que se dão nas tuas células, e produto delas mesmas) e o objecto metálico é pequeno ou se calhar não estava muito frio, pouco notaste. Mas se em vez de um objecto frio na mão te deitares em cima de um chão realmente frio, o calor produzido pelo teu corpo pode não ser suficiente, e arrefecerás durante a noite, o que pode resultar numa constipação ou pior. Assim, a conclusão a tirar é que é realmente importante isolares-te do chão, com cobertores, colchonetes, folhas de papeis ou ervas secas, fetos ou pruma. Também a chuva e o vento são factores a ter em conta, porque agravam os efeitos do frio e são elementos de desconforto. Toldos O abrigo mais simples em campo é um toldo grande, que pode ser de lona ou de plástico. Os de lona são mais antigos, e chamam-se ainda panos de tenda, por serem usados como chão nas tendas antigas, que o não tinham - se não lhes tocares e os esticares bem, podem ser quase tão impermeáveis quanto os de plástico. Os de plástico podem vir em várias cores e transparente. São adequados para cobrir a área das refeições, ou a cozinha. Os panos de tenda e alguns linóleos vêm com aneis de metal, chamados ilhós, que servem para prender cordas. Se não tiverem isso, com uma pedra média ou uma pinha pequena e corda fina podes fazer uma improvisação, usando o nó de barqueiro (vê o desenho). Para tornar um desses panos num tecto para a cozinha ou para a "sala de jantar", usa uma corda para atar duas árvores, e deitar por cima dessa corda o toldo. Com as espias (cordas usadas para prender algo como linóleos, e tendas) esticas os cantos. Se o tempo piorar, baixas a corda central, e regulas as espias. Para usá-lo como abrigo de dormir, é só baixar o toldo - se as bordas forem mais baixas do que o resto, proteger-te-á melhor contra o vento.
  • 22. Tendas As tendas costumavam ser feitas de lona, e poderás encontrar ainda muitas feitas nesse material, que foi a origem da ganga que hoje se usa para fazer calças (e não só). As tendas eram impermeabilizadas por uma variedade de métodos, que podiam incluir parafina e gordura entre outros. Hoje, as tendas são feitas de materiais artificiais que não precisam de impermeabilização, e oferecem várias alternativas conforme a intenção pretendida. Seja qual for o tipo escolhido, o modo de montar e utilizar obedece sempre aos mesmos princípios. A resistência ao vento e a impermeabilização dependem da correcta observação desses princípios. O tecido deve ficar completamente esticado e sem rugas. Para isso a tenda deve ficar correctamente presa ao chão. Nem sempre é fácil espetar os espeques (ou estacas) num solo pedregoso ou demasiado duro. Do mesmo modo pode ser difícil manter os espeques espetados num solo demasiado mole. Um martelo e alguma atenção podem resolver os problemas da dureza excessiva, enquanto que a substituição do espeque por pedras pesadas pode ser a solução para os terrenos moles. A condensação é um dos maiores inconvenientes das tendas ligeiras. A nossa respiração liberta vapor de água para a atmosfera (podes fazer o teste respirando para um espelho ou vidro, que ficará embaciado devido ao vapor de água contido no ar que expiras), e numa tenda fechada este vapor terá tendência a condensar nas paredes da tenda. Se dormires com outros Escuteiros na mesma tenda, poder-te-á parecer uma verdadeira fuga de água. Para evitar isto, dorme com a porta da tenda entreaberta. Aliás, fechar a tenda por completo só se justifica no caso de frio intenso, chuva ou insectos. Nunca acendas um fogo dentro de uma tenda! Mesmo uma vela ou um isqueiro não deve ficar mais do que alguns segundos dentro de uma tenda. Os materiais de que são feitas as tendas não são à prova de fogo, e podem arder em poucos segundos, com resultados muito graves, e até mortais, para quem está no seu interior! O modelo canadiano foi durante muitos anos o modelo de tenda mais popular, mas hoje em dia, os novos materiais utilizados permitem outros formatos, muito mais habitáveis e leves, como os igloos e os túneis.
  • 23. Como escolher um local de acampamento Quando vais acampar, precisas de encontrar um local para passar a noite. Eis alguns factores a ter em conta na escolha desse local. Impacto ambiental - sempre que possível, o melhor é usar parques Escutistas, especialmente se for um grupo grande. Uma Patrulha tem outra liberdade, mas deveis ser conscenciosos. Segurança - evita perigos. Não montes a tua tenda debaixo de uma árvore morta nem de árvores isoladas ou com ramos secos, que podem cair com o vento ou atrair raios. Distancia-te de linhas de água e regos, que podem "entrar em funcionamento" com uma chuvada. Mantém-te longe de cumes altos e vales fundos pelas mesmas razões, e não acampes perto de trilhos e zonas de caça. Tamanho - um local de acampamento deve ter tamanho suficiente para as vossas tendas e áreas de cozinha e afins. Guarda os locais pequenos para os acampamentos e bivaques de Patrulha, não de Agrupamento. Abrigo - vê se tem protecção do vento e do Sol. À noite, insectos e ar húmido têm tendência a concentrar-se nos vales. Um acampamento numa encosta poderá ser mais ventoso, mas mais seco e com menos insectos. Os cumes são adequados em bom tempo, mas proibidos em caso de mau tempo. Água - precisais de água para beber, cozinha e lavar, o que quer dizer vários litros por dia por pessoa. A água da rede de abastecimento pública é a melhor opção, mas verifica sempre com as pessoas do lugar se assim é, e se há outras fontes seguras É boa ideia ferver toda a água. Acampar em áreas secas é estupidez, pois força-vos a levar toda a água que necessitais. Relevo - o terreno é levemente inclinado para boa drenagem de águas? Vegetação, folhas, pruma e outro coberto natural evitam que o terreno se torne lamacento, e ajudam a prevenir enxurradas - nunca o removas propositadamente, apenas aquele como rochas e ramos que te podem magoar. … abrigado do vento?
  • 24. Combustível - é preferível levar de casa pequenas botijas de gás. Vê se o proprietário tem uma pilha de lenha e se te deixaria usar um pouco - usa o mínimo possível! Se o terreno tiver madeira vê a que podes usar sem cometer excessos. Lembra-te sempre do risco de incêndio. Privacidade - o campismo é uma actividade popular, não só com quem pratica, como com quem vê! Respeita a privacidade de outros grupos acampados; árvores e arbustos podem isolar o teu acampamento de outros e do exterior. Privacidade pode querer dizer segurança! Permissão - nunca acampes sem pedir as permissões necessárias: ao proprietário/ responsável, ao teu Chefe, aos teus Pais ou Encarregados. Cuidado com a Terra Muitas áreas do nosso Portugal são especialmente delicadas, e como tal, protegidas. Essa protecção especial é necessária devido ao pouco cuidado que a maioria das pessoas tem na sua utilização, ou à existência de espécies ou ecossistemas raros. Em algumas dessas áreas, os Escuteiros podem acampar, e ter experiências únicas. A nossa responsabilidade é portanto dupla: em primeiro lugar, somos Escuteiros; em segundo, temos uma oportunidade que não é para todos. Mesmo fora dessas áreas protegidas, é necessário cuidado especial em partes do Portugal Natural. Especialmente no que diz respeito à água. Rios, ribeiros, linhas de água, lagoas, mar - todos os ambientes aquáticos têm vida, e são muito necessários a esta. Limpeza Muito trabalho e muita diversão podem deixar-te sujo. Lava sempre as mãos com água e sabão antes de comer. Num bivaque, não precisarás de mais do que isso e de lavar os dentes antes de ires dormir. Podes-te lavar quando chegares a casa. Em aventuras mais compridas, sentir-te-ás bem melhor se tomares banho frequentemente. Fazê-lo correctamente evita danos ao meio ambiente.
  • 25. Muitos tipos de sabonetes e produtos afins contem químicos que fazem mal às plantas e animais, especialmente aquáticos. Sabão biodegradável é mais seguro, mas mantém todo o género de produto de limpeza a mais de 200 passos de qualquer massa de água, seja nascente, ribeiro ou lagoa. Enche uma bacia com água, e lava-te com essa água. Quando acabares, espalha- a pelo terreno, ou deita-a numa fossa para líquidos. Toma as mesmas precauções quando lavares algo, sejam roupas ou coisas de cozinha. Mistura detergente à água quente ou morna, e mete aí o que pretenderes lavar, deixando uns minutos ou mais para soltar o grosso do sujo. Com roupa, depois esfrega-a bem, torce-a e põe-na a secar. Com pratos e panelas, usa uma esfregona ou escova própria e seca-os. Latrinas É preciso algum cuidado no tratamento dos produtos de excreção humanos. Em locais com casas de banho, usa-as. Quando não as houver, cava uma latrina. A latrina deve ficar a 200 passos de qualquer água (poça ou curso), e colocada a jusante* do vento. Cava-a com uma enxada ou semelhante, para que a largura não seja maior que 30 ou 40 centímetros. A profundeza das latrinas dependerá do tempo que pensas ficar no mesmo sítio. O mínimo de profundidade que uma latrina deve ter é de 30 centímetros. Guarda o solo que escavares, para servir para ir tapando a latrina. ¿ medida que for sendo usada, é importante cobrir todos as fezes com uma camada de solo, ou o mau cheiro começará a incomodar os campistas e a atrair insectos. O uso da latrina pode ser tornado mais fácil com o uso de alguns apoios, basta um para as pernas e um para as costas - vê mais à frente como fazer isso. Se a latrina encher, aumenta-a para o lado. Usa pouco papel higiénico, pois este não é tão biodegradável quanto os excrementos. Nunca te esqueças de lavar as mãos no fim de usares a latrina. Um Código pessoal de Ambiente Este código é-te proposto pelo Secretariado da Organização Mundial do Movimento Escutista como um desafio para a tua vida. Segue-o e colabora com a Criação de Deus.
  • 26. Respeitarei todos os seres vivos, pois cada um é um elo na corrente que mantém a Vida na Terra Retirarei da Natureza apenas o que pode ser substituído, para que nenhuma espécie desapareça Nunca poluirei o ar, a terra ou a água Não comprarei produtos feitos com plantas, animais ou de florestas em perigo Manterei a minha área de residência limpa, e respeitarei o ambiente onde quer que vá Chamarei a atenção para casos de poluição e qualquer outro abuso da Natureza Não desperdiçarei água, combustível ou energia Darei exemplo de preservação da Natureza, e mostrarei aos outros as razões porque é importante que todos o façam Celebrarei a beleza e maravilha da Criação de Deus todos os dias da minha vida As 7 chaves do mínimo impacto Planeamento a) guardem a comida em contentores que trareis para casa no final da viajem b) levai sacos do lixo, e usai-os c) planeiem actividade para uma ou duas Patrulhas (até 14 Escuteiros) Viajem a) mantenham-se nos trilhos b) evitem 'atalhos' c) usem terreno duro para corta-mato
  • 27. Local a) evitem campismo selvagem em áreas protegidas b) não acampem em, ou logo ao lado de, trilhos e linhas de água c) não cavem regos à volta das tendas Fogo a) usem fogões ou façam fogueiras apenas onde adequado b) usem locais já utilizados para fogueiras c) queimem madeira miúda apanhada do chão d) assegurem-se que apagam bem todos os fogos e) tenham cuidado com o risco de incêndio, e respeitem as indicações legais Higiene a) usem todos os produtos de limpeza a 200 passos de água b) deitem a água utilizada numa fossa de líquidos c) cavem as latrinas a 75 passos do acampamento e a 200 de água d) tapem latrinas e fossas quando levantarem campo e reponham a cobertura e) tragam todo o lixo Respeito a) desviem-se de animais e bicicletas b) não apanhem plantas silvestres. Apreciem o que há, e deixem para os outros verem c) façam o mínimo de barulho perto de outros campistas e excursionistas, e não assustem os animais. Deixem rádios e equipamentos do género em casa, ou usem-nos moderadamente
  • 28. * Mt 20, 16- Evangelho de S. Mateus, capítulo 20, versículo 16 * diz-se jusante ou montante conforme algo está para o lado do destino ou da origem de rios e afins. Assim, montante significa para o lado da nascente, e jusante para o lado da foz. Homem à água! “Anda lá, a água está óptima.” Um grito familiar, muito ouvido em acampamentos à beira-mar, beira-rio, beira-piscinas...beira-água, basicamente! Num dia quente de Verão, nada sabe tão bem como nadar, chapinhar e diversão na água. Nadar é algo importante a saber. Aprende a nadar, e serás capaz de tomar conta de ti próprio se alguma vez caíres de um barco ou escorregares para um rio. Com treino de salva-vidas, podes acudir a alguém que se afoga. Há uma maneira correcta de nadar. Emprega tempo a aprender o básico, e depois pratica sempre em segurança. Começa aprendendo umas regras simples. Regras de segurança: 1. Nunca nades sem um adulto responsável a supervisionar. Este deve ser treinado em métodos de salvação, ou ter assistentes que o sejam. Os assistentes devem ser os melhores nadadores.
  • 29. 2. Pelo menos duas pessoas devem estar fora da água, com um meio de auxílio (corda ou bóia). Um vigilante deve estar onde possa ver e ouvir toda a área. 3. Cada nadador deve garantir a sua boa saúde, entregando uma ficha de saúde assinada pelo Encarregado de Educação e por um médico. 4. A área de natação deve estar demarcada. Para não-nadadores, a água não deve ter mais do que um metro de profundidade (ou conforme a altura de cada um), pouco mais funda para principiantes (sabe flutuar e nadar 30 metros), e sem pé para aqueles que sabem nadar (sabe mergulhar e nadar 100 metros ou mais). Mantenha-se a área longe de zona de pesca e/ou mergulhos. 5. Os Escuteiros devem nadar em grupo nas áreas conforme o seu nível de natação. 6. Mantenha-se a disciplina na área de natação. Todos devem compreender as regras e obedecer prontamente aos responsáveis. Obedece sempre às bandeiras na praia. Permitido tomar banho e nadar Proibido nadar e Praia desde que tomar banho; Proibido nadar temporariamente cumprindo todas as proibido entrar na sem vigilância regras e água recomendações O Instituto de Socorros a Náufragos recomenda: REGRAS DE SEGURANÇA: 1. Frequente praias vigiadas. 2. Respeite os sinais das bandeiras. 3. Respeite as instruções dos nadadores salvadores. 4. Evite tomar banho antes de decorridas 3 horas após as refeições. 5. Nunca nade contra a corrente. 6. Ao nadar não se afaste demasiado, nade paralelamente à costa. RECOMENDAÇÕES: 1. Vigie atenta e permanentemente as suas crianças. 2. Após longos períodos de exposição ao sol, não entre de rompante na água. 3. Procure nadar acompanhado.
  • 30. 4. Em caso de aflição não hesite em pedir imediatamente socorro. 5. Procure conhecer as praias que frequenta. Aprende a nadar A melhor maneira de aprender a nadar é fazer um curso organizado por instituições autorizadas, com instrutores credenciados. Entidades como clubes desportivos e as Piscinas Municipais são os organizadores mais comuns. Pergunta na piscina pública mais perto de ti. Pergunta ao teu Chefe se conhece onde te podes informar, e quais os requisitos para a Insígnia de Competência de Nadador. Quando já souberes nadar razoavelmente bem, pede ao teu instrutor que te avalie nas provas necessárias. Sabes que podes flutuar? Eis uma maneira de o provar. Entra em água pouco profunda (até à tua cintura) com alguém que saiba nadar bem ao lado. Segura o fôlego, dobra-te e enrola-te como uma bola. Abraça as tuas pernas. Vais ver que vens à tona! Vira-te de cara para a borda da água e agarra-te a algo (a borda de uma piscina, ou os braços de alguém). Segurando o fôlego, tenta espalhar-te na água, com as pernas abertas. Relaxa-te, e larga uma mão, abrindo os braços. Quando te sentires confiante da tua flutuabilidade, experimenta largar a outra mão. Agora experimenta o mesmo, mas desta vez deita-te de costas. Podes não gostar da sensação de um pouco de água a entrar para os teus ouvidos, mas a experiência de flutuar e respirar, e ver a cara sorridente do teu companheiro de natação vale a pena. Estilos de natação Um estilo muito comum na Natureza é o que nós chamamos nadar “à cão”. Isto porque os cães usam-no, bem como quase todos os animais de quatro patas. Consiste em bater os braços debaixo do teu tronco, para manter a cabeça fora de água, ao mesmo tempo que bates os pés. Muitos nadadores que aprendem sozinhos começam assim. Mas este não é um método muito eficiente: cansa muito, e impulsiona pouco. Assim desenvolveram-se outros estilos: bruços, crawl, e mariposa são os mais comuns. Destes, bruços é o mais confortável, e mariposa o mais rápido. O crawl é um óptimo intermédio. Todos os estilos tem 3 partes: a respiração, o golpe de braços e o golpe de pernas.
  • 31. Crawl O crawl pode ser usado para distâncias relativamente curtas, mas cansa ao fim de um certo tempo. Para o golpe de pernas, segura-te a algo (borda de uma piscina ou braços de alguém), ou apoia as mãos em água rasa. Mexe as tuas pernas desde as ancas, levantando e descendo os pés. Mantém as pernas na mesma posição, mas não presas. Experimenta ir-te movendo impulsionado pelo golpe das pernas, boiando de cabeça para baixo e mexendo somente as pernas. Para o golpe de braços, entra em água que te dê pela barriga/peito. Dobra-te e põe-te numa posição de nadador. Estende o teu braço direito para a frente o mais que puderes. Com os dedos fechados, puxa o teu braço até à tua anca. Levanta o cotovelo e estica o teu braço outra vez. Alterna com o teu braço esquerdo, e depois tenta fazer com os dois ao mesmo tempo. Começa a deslizar pela água. Uma os golpes de pernas e de braços ao mesmo tempo para te mover pela água. Quando precisares de ar, vira a tua cabeça para o lado do braço que estás a levantar fora da água, e inspira pela boca. Expira debaixo de água pelo nariz. Outros estilos Depois de aprenderes o crawl, e de melhorares o teu estilo até conseguires atravessar uma piscina sem pôr o pé no chão, podes começar a experimentar outros estilos. Bruços, de costas e de lado são três estilos que te darão confiança na água e mais técnica. Bruços. Na posição de flutuar de cara para baixo, estende as tuas mãos para a frente. Com os dedos fechados, puxa as tuas mãos até ao teu peito. Junta-as e estende-as outra vez. Quando puxas as tuas mãos, a força deve ser suficiente para levantar a tua cabeça fora de água para que inspires. Expira pelo nariz enquanto estendes os braços. Com os pés dá pontapés para trás de ti. Como as tuas mãos, enquanto fazes a força estão separados, junta-los para os retrair. Costas. Na posição de flutuar de cara para cima, estende o teu braço direito para trás de ti, e puxa-o até à tua anca (como no crawl, mas de costas). Para os pés, dá pontapés como no estilo bruços. Lateral. Um forte pontapé em tesoura é a força deste estilo. A tua cara deve estar sempre acima da água, por isso não há problemas com a respiração. Deitado de lado, puxa os joelhos para o peito. Estica as tuas pernas uma para cada lado e fecha-as, como se estivesses a fechar uma tesoura. Ao mesmo tempo, estica o braço do lado sobre que estás deitado, e puxa-o até à tua anca. O braço que fica de fora da água pode contribuir para o impulso, mas pode também ser usado para puxar alguém.
  • 32. Se já sabes nadar bem, porque não experimentas aprender técnicas de salvação? Podes desenvolver por ti o estilo lateral, e algumas técnicas, mas não tentes socorrer alguém a nado sem ter formação específica dada pelo Instituto de Socorros a Náufragos ou outra entidade credenciada. Resgates na água Muitas pessoas morrem afogadas todos os anos, especialmente no Verão. Tu podes tratar de ti na água se souberes nadar, e respeitares as indicações de segurança. Para ajudar pessoas em dificuldades, precisas de aprender as técnicas antes de te aventurares a fazê-lo. Pratica resgates na piscina com os Escuteiros, ou tira um curso especializado - podes receber a Insígnia de Competência de Nadador-Salvador. Mesmo com treino especializado, nunca tentes resgates a nadar se existem outras possibilidades. Os métodos mais seguros são: alcançar, atirar ou ir apoiado. Alcançar. A maioria dos acidentes aquáticos ocorrem perto da beira da água. Tenta alcançar a vítima com algo como um ramo, vara, ramo, toalha, corda, ou a tua mão. Atirar. Há alguma bóia disponível? Um colchão de ar, um colete de salvação, ou uma bola de praia? Atira-o à vítima. Ou atira uma corda, tendo a certeza que prendeste um dos extremos Ir apoiado. Quando uma vítima não pode ser resgatada alcançando-a ou atirando-lhe algo, então vai ter com ela com apoio. Com alguém, vai até à vítima remando num barco, canoa, prancha de surf ou bodyboard. Se tudo o resto falha. Sob circunstâncias extremas, poderás ter que ir a nadar até à pessoa. Nunca experimentes isto a menos que sejas um bom nadador! Pode-te pôr em risco de afogares também ! Vai apenas se já tiveres praticado métodos de salvação. Uma pessoa que luta pela vida entra em pânico. Nessa situação, ela poderá agarrar-te e não mais largar. A menos que saibas o que fazer, isso poderá afogar-te com ela. Quando não há outro meio de resgatar alguém, tira a camisa e leva-a nos dentes. Usa o estilo bruços para chegar até à vítima, e mantém-te longe o suficiente para lhe atirares uma ponta da camisa. Atira-lhe uma manga, segurando a outra, e reboca a pessoa até a um ponto seguro. Se a vítima ameaça a tua segurança, afasta-te e espera que ele se acalme mesmo que isso signifique que perca a consciência ! Depois reboca-a. Se te chegares demasiado e a pessoa te agarrar, mergulha até a pessoa te largar. Em último caso, poderás ter que lhe bater.
  • 33. Flutuar para sobreviver Os marinheiros são treinados para usarem a flutuação como método de sobrevivência, para se manterem seguros por minutos ou mesmo horas, à espera de socorro. Inspira, e relaxa-te completamente, flutuando na vertical e com a cara dentro de água. Quando precisares de ar, dá impulso com um golpe de pernas e braços, e levanta a cara. Relaxa e volta a flutuar verticalmente. Jogar na água Diversão na água aumenta a tua confiança, a tua natação e as tuas técnicas. Depois de aprenderes a nadar, experimenta alguns destas ideias. Snorkeling. Este é o nome dado a nadar com máscara, respirador (snorchel, palavra alemã que se lê senórquel) e barbatanas. Estes aumentam a tua velocidade e a tua visão subaquática. Num rio ou mar podes apreciar a vegetação e animais aquáticos. Podes fazer uma corrida de obstáculos submarina, ver quem consegue trazer objectos do fundo mais depressa, etc. Se gostares, poderás fazer um curso de mergulho, onde te poderão ensinar a utilizar botijas de oxigénio, o que te permitirá nadar debaixo de água durante um longo período. Resgates. Experimenta trazer amigos teus que finjam estar-se a afogar para pontos seguros. Usa o estilo lateral, e com o braço livre, segura-o pelo queixo. Não vale fazer isso onde seja perigoso, e não vale usares os pés para andar. Alternativamente, podes usar o estilo de costas. Pedes ao teu amigo que dê as mãos à volta das tuas costas, e que ajude o teu impulso batendo com as suas pernas. Cuidado, não lhe batas com força com os teus pés. Sobre a água Os Portugueses sempre estiveram muito ligados ao Oceano, desde que este se apresentou como uma fronteira entre Mundos, até que se revelou uma ponte entre esses mesmos Mundos. Torna-te um bom nadador antes de experimentares qualquer actividade náutica. Testa a tua capacidade e auto-confiança numa piscina. Usa sempre um colete de salvação sempre que pratiques desportos aquáticos
  • 34. Jangadas Construir uma jangada é uma das actividades que todo o Escuteiro deverá fazer pelo menos uma vez na sua vida Escutista. Além de ser divertida de usar, uma jangada é divertida de fazer, mas requer bom conhecimento das técnicas Escutistas. Utiliza uma jangada apenas em águas calmas Basicamente, uma jangada é uma plataforma colocada em cima de (e presa a) objectos que flutuam. Para flutuadores, podes usar bóias ou câmaras de ar de pneus, de preferência grandes. Deves prender bem as bóias umas às outras, por forma a que não se soltem. Os remadores podem mesmo sentar-se nas bóias, mas não é muito seguro ou estável. A plataforma, que deve ser mais pequena do que o conjunto dos flutuadores, pode ser feita de madeira. Algumas tábuas atadas ou pregadas (muito cuidado com os pregos – podes furar as bóias!) serão suficientes. Uma jangada pode ser governada através de remos, ideal quando se trata de uma Patrulha, ou por uma vara, adequado para quando só há um ou dois marinheiros. Com os remos, os remadores devem-se sentar ou ajoelhar nos lados da jangada, e remar ao mesmo ritmo. No caso da vara, vais empurrar a jangada, por isso é importante que a água não seja muito funda. Toma cuidado para que a vara não fique presa no fundo, rodando-a antes de a levantares. Mantém-te sempre bem equilibrado, apoiando a vara na tua coxa se precisares de mais força. Se tiveres apenas um remo, poderás impulsionar a jangada fazendo movimentos em 8 com a face plana do remo virado para trás. Canoagem B.P. é quem to diz Impele a tua própria canoa Não te deixes ir à toa, Impele a tua própria canoa.
  • 35. Eis o coro de uma velha canção Escutista que podes cantar quando estiveres a remar a tua canoa com a pagaia (o remo duplo que se usa na canoagem) num dos nossos rios. Com golpes suaves e poderosos da pagaia, a tua canoa desliza suavemente pela superfície da água. Na albufeira de um rio, no Oceano ou noutra massa de água, uma canoa dá-te horas de entretenimento. Podes flutuar calmamente numa albufeira, ou descer rápidos. Durante gerações, os nativos da América construíram canoas de diversos feitios, conforme as suas necessidades, a partir de materiais como peles e madeira. Hoje, as canoas são feitas de alumínio, madeira e materiais artificiais mais resistentes, mas o seu desenho básico mudou pouco. O kayak dos Esquimós, a 'canadiana' dos Peles- vermelhas são os mais comuns, com algumas alterações. Quando usas uma canoa, estás a impulsionar a história de centenas de anos. Não te esqueças de usar sempre o colete de salvação, e usa também um capacete, especialmente se vais praticar canoagem em cursos de água ou onde a profundidade não for grande. Se alguma vez virares, segura-te à canoa. Além de ser muito mais visível do que tu, uma canoa flutua, mesmo que esteja cheia de água e seja feita de metal! Com algum cuidado, podes tentar voltar para dentro dela, e voltar à margem - cuidado não vires a canoa...para cima de ti. A canoa Uma canoa tipo canadiana tem a grande vantagem de poder transportar mais de uma pessoa e carga, mas ser quase tão fácil de manobrar mesmo se estiveres sozinho. Numa canoa deve entrar uma pessoa de cada vez, ocupando o lugar correcto. Para melhor controlo, não te deves sentar no banco, mas sim apoiares-te num joelho, ou mesmo nos dois, encostando as costas ao banco. O teu peso deve estar bem ao centro, e não te deves inclinar ou debruçar. Nas canoas, rema-se sempre do mesmo lado, excepto quando estais a manobrar, ou quando estás sozinho. Os remadores, normalmente dois, devem coordenar os seus movimentos, para que a canoa se desloque em linha recta. Agarra a cabeça do remo com a mão oposta ao lado em que vais remar, com os dedos sobre o topo, e o polegar de lado. A mão do lado em que estás a remar deve estar mais ou menos a meio do remo, ou seja no início do cabo. Com a mão do lado em que estás a remar vais puxar o remo para trás, enquanto que com a outra vais empurrar o topo para a frente, e do final de cada impulso rodar a pá do remo para que este saia verticalmente. Lembra-te: a pá entra de lado e sai verticalmente. Para manobrar a canoa, terás que te coordenar com o outro remador. Para virar à direita, aquele que rema do lado esquerdo continua, enquanto que o do lado direito pára ou deixa o remo dentro de água, e vice-versa. Para uma inversão de marcha, o remador do lado para onde se vira pode remar para trás, afim de acelerar o processo.
  • 36. O Kayak O kayak começou por ser uma versão fechada por cima e um pouco mais pequena da canoa, sendo usados inicialmente em águas frias (como as do Ártico, onde vivem os esquimós) ou revoltas. Actualmente, os kayaks já não estão limitados a practicamente lugar nenhum – há kayaks especializados para águas calmas, para mar, etc. Um kayak deve ser transportado por duas pessoas utilizando as pegas. Se carregado por uma pessoa só, usa as duas mãos para pegar no cocpit e mantém as costas direitas, usando as pernas para elevar e baixar o kayak. Para entrar no kayak, deves apoiar a pagaia transversalmente na parte de trás do cockpit, e apoiando-te nela, deslizar para o interior, sem brusquidão. Agarra na pagaia com ambas as mãos no alinhamento dos ombros, com os nós dos dedos de cada mão alinhados pela pá do lado respectivo. Para remares, inclina o corpo para a frente e mete a pá de lado o mais à frente que conseguires (sem te debruçares demais). Mantendo a pá próxima do kayak, puxa a mão do lado em que estás a remar, e empurra com a outra. Roda a pagaia o necessário para que a pá do outro lado repita a mesma rotina. Inicialmente, poderá parecer-te que não consegues remar em linha recta, mas com a prática melhorarás. Apenas a prática e a instrução te conseguirão transformar num canoista, mas além de não deveres nunca praticar uma actividade aquática sozinho, deves fazê-lo com a supervisão de alguém com qualificação técnica para te aconselhar. Uma última chamada de atenção: por serem fechados e por serem relativamente fáceis de virar, não deves tentar fazer canoagem antes de aprenderes os procedimentos de segurança a cumprir nesses casos. Não te assustes – são fáceis, e não há registos de pessoas que ficaram presas nos kayaks virados ao contrário! Remo Remar é uma excelente actividade física para os teus braços, peitorais e sistema cardiovascular, se for feita correctamente. Numa emergência, remar dá-te uma forma de socorrer alguém que se afoga. Um barco pode-te levar a pontos nas margens ou em ilhéus inacessíveis a pé e a pontos de pesca propícios. Em alguns parques há lagos artificiais onde qualquer pessoa pode alugar um barco e aprender a remar. Em todas as actividades aquáticas deves ter o cuidado de usar um colete de salvação e um capacete - se virares a canoa e a água for rasa podes-te magoar, e mesmo ficar inconsciente. O capacete protege a tua cabeça de danos piores, e o colete mantém-te à superfície, voltado para cima para poderes respirar. Vais aprender o método certo de entrar num barco, e como usar os remos para impulso e direcção.
  • 37. Remar exige prática e leva algum tempo, até te habituares aos movimentos e ao sentares-te voltado de costas. Executa os movimentos devagar e vira a cabeça para saberes em que direcção vais. Fixa os remos nos toletes e coloca a pá de cada remo dentro de água, bem atrás de ti, na direcção da proa. Inclina-te para a frente e estica os braços para a frente. Mantendo as costas bem direitas, dobra os braços e puxa os remos na tua direcção. Levanta os remos da água e empurra-os na direcção da proa para recomeçares. Para dirigires o barco poderás impulsionar apenas com o remo oposto ao lado para onde queres virar, deixando o outro remo deslizar na água (sempre segurando-o bem). Vela
  • 38. Velejar é um desporto olímpico que até à pouco tempo era exclusivo daqueles que tinham posses para comprar um barco. Hoje em dia, com os clubes náuticos e novos tipos de barcos, velejar está ao alcance de muitos de nós. Este Manual não pretende ser de forma alguma um tratado sobre tudo, de modo que falar-te-emos apenas de alguns conceitos. O governo de uma embarcação à vela exige conhecimento das técnicas de mareação e de manobra – em caso algum deves tentar fazê-lo sem um profissional qualificado! Marear é orientar as velas em relação ao vento. As mareações são classificadas de acordo com o grau de incidência do vento na embarcação (0º sendo a frente, ou proa, da embarcação, e 180º a popa).
  • 39. Aproximar a proa da linha do vento designa-se por orçar, enquanto que arribar é afastar a proa do vento. Barlavento é o lado de onde sopra o vento e sotavento o lado para onde sopra o vento. Mareação Ângulo de Vento incidência do vento Bolina cerrada 0º – 67,5º De amura Bolina folgada 67,5º - 90º A um largo 90º - 157,5º À popa 157,5º - 180º De feição À popa arrasada 180º Manobrar são as acções que visam alterar o movimento de uma embarcação – operar as velas, atracar (encostar e fixar uma embarcação a um cais) e largar , fundear (ancorar) e suspender (levantar a âncora), virar de bordo, etc. Todas estas manobras requerem conhecimento das técnicas adequadas, por fáceis que possam parecer, e nunca devem ser feitas sem pelo menos a supervisão de um adulto qualificado Marés As marés são causadas pelas forças da gravidade exercida pelo Sol e pela Lua, sendo a Lua mais determinante (apesar do seu tamanho muito menor, está bastante mais próxima da Terra que o Sol). A altura do mar é variável conforme as marés. Em Portugal, as marés são semi-diurnas, isto é, acontecem duas marés altas (ou preia-mar, PM) e duas marés baixas (ou baixa- mar, BM) por dia, num ciclo de cerca de 24 horas e 48 minutos. Entre uma BM e a PM seguinte decorrem aproximadamente 6 horas e 12 minutos. O nível médio é a média dos níveis da água medidos ao longo do tempo. Seria o nível constante do mar se não houvesse marés, e constitui o ponto a partir do qual se medem altitudes em terra. Zero hidrográfico é o plano horizontal imaginário que se situa abaixo da mais baixa BM. A partir do zero hidrográfico mede-se a preia-mar (o plano da água mais elevado que o mar atinge) e a baixa mar (o plano da água mais baixo que o mar atinge). A amplitude da maré é a diferença de altura entre a PM e a BM. As amplitudes variam de acordo com as posições relativas da Lua, do Sol e da Terra:
  • 40. quando os três astros estão em conjunção ou em oposição, formando uma linha (Lua Cheia ou Lua Nova) verificam-se as marés vivas, de grande amplitude. quando os três astros estão em quadratura (Quarto Crescente e Quarto Minguante) ocorrem as marés mortas, de pequena amplitude. As massas de água, ao movimentarem-se, dão origem às correntes de maré, que se dizem de afluxo ou enchente, e de refluxo ou vazante. Quando se atinge a PM ou a BM há uma estabilização que se chama de estofo. Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos Os navegantes precisam de prestar muita atenção ao cumprimento das regras do RIEA, porque disso depende a segurança de todos. Aqui se reproduzem apenas os pontos mais importantes é obrigatório manter uma vigia visual e auditiva permante em canais, as embarcações devem encostar a estibordo se duas embarcações à vela recebem o vento por bordos diferentes, aquele que o receber por bombordo deve dar passagem ao outro se duas embarcações à vela recebem o vento pelo mesmo bordo, aquele que estiver a barlavento deve dar passagem ao que estiver a sotavento as embarcações a motor devem guinar para estibordo afim de se desviarem de outras embarcações a cedência de passagem é feita através de abrandamento, paragem ou mudança de rumo a embarcação prioritária não deve alterar nem o rumo nem a velocidade A ordem de prioridades é a seguinte: navio desgovernado (o mais prioritário) navio com capacidade de manobra reduzida * navio condicionado pelo seu calado * navio em faina de pesca navio à vela
  • 41. navio a motor (o menos prioritário) Sinalização As embarcações de pequenas dimensões não necessitam de transportar luzes de sinalização, mas devem ter uma lanterna potente para emergências no caso de haver possibilidade de haver outras embarcações no local. Todas as embarcações devem possuir um ou mais dos seguintes faróis, de acordo com a sua categoria: farol de mastro – uma luz branca projectando luz num arco de 225º para a frente da embarcação, centrado na linha proa-popa farol de popa (ou de caça) – uma luz branca projectanto luz num arco de 135º para ré da embarcação, centrado na linha proa-popa faróis de borda – uma luz verde colocada a estibordo e outra de luz vermelha colocada a bombordo As embarcações têm prioridade sobre todas as embarcações que se aproximam do sector vermelho, e dá prioridade a todas as que se aproximam do sector verde, devendo manobrar para as passar pela popa daquelas. Além daqueles, existem outros faróis: farol de reboque – como o farol de popa mas de cor amarela farol visível em todo o horizonte – arco de 360º farol de relâmpagos – com 120 ou mais relâmpagos regulares por minuto O número de faróis, e o alcance (potência) deles, varia conforme o tamanho, o tipo, e da actividade de cada embarcação. Balizagem A navegação na entrada de portos, barras e águas interiores (rios, lagos, canais) é orientada por um conjunto de marcas de sinalização, chamado Sistema de Balizagem Marítima - IALA. Existem dois tipos de marcas – a bóia e a baliza. A bóia está presa ao fundo por uma amarra, fixa a uma poita no fundo, e são bons indicadores da corrente de maré, inclinando-se para o lado contrário da corrente. A baliza é uma estaca fixo ao fundo. De noite, as bóias e balizas devem ser iluminadas – as que o não são chamam-se cegas. A identificação das bóias e balizas faz-se através da sua forma, ou da forma do alvo (a
  • 42. peça que coroa as bóias e balizas), a sua cor, a sua numeração e pela característica da luz que emitem de noite. As marcas laterais delimitam um canal navegável. As marcas de bombordo são vermelhas, de formato cilíndrico, numeração par e de noite têm luz vermelha fixa. As marcas de estibordo são verdes, de formato cónico, numeração impar e de noite têm cor verde fixa. Nota: Em Portugal, na Europa, África, Oceânia e Ásia (com excepção do Japão, República da Coreia do Sul e Filipinas) utiliza-se este sistema, em que o vermelho corresponde a bombordo. Todo o continente Americano, Japão, República da Coreia do Sul e Filipinas constituem a chamada Região B, em que o vermelho corresponde a estibordo – e o verde a bombordo. As marcas cardeais sinalizam a existência de perigos, indicando ao navegador a zona de passagem segura de acordo com os quatro pontos cardeais. Por exemplo, uma bóia ‘Norte’ deve ser passada a Norte da bóia – pois a bóia (ou baliza) está colocada a Norte do obstáculo. Código Internacional de Sinais INSERIR IMAGEM DAS BANDEIRAS MARÍTIMAS Comunicações
  • 43. Cartas de Navegador de Recreio Se as actividades aquáticas são para ti um interesse, porque não obter uma das Cartas de Navegador de Recreio? Para menores de 18 anos, só está disponível a Carta de Marinheiro, carta essa que te habilita a governar uma embarcação de recreio em navegação diurna à vista da costa (com algumas limitações conforme a tua idade). Carta Condições de Área Tamanho da Potência navegação navegável à embarcação instalada distância Marinheiro (14 Navegação Até 3 milhas da Até 5 metros de 22,5 KW a 18 anos) diurna à vista costa e até 6 comprimento da costa milhas de um (30hp) porto de abrigo Marinheiro (+ Navegação Até 3 milhas da Até 7 metros de 45 KW de 18 anos) diurna à vista costa e até 6 comprimento da costa milhas de um (60hp) porto de abrigo Patrão Local Navegação Até 5 milhas da Até 24 metros Sem limite (diurna e costa e até 10 de nocturna) à milhas de um comprimento vista da costa porto de abrigo Patrão de Costa Navegação Até 25 milhas Até 24 metros Sem limite livre à vista da da costa de costa comprimento Patrão de Alto Navegação Sem limite Até 24 metros Sem limite Mar oceânica de
  • 44. comprimento Insígnias de competência Nadador (Grupo Amarelo) Nadador Salvador (Grupo Vermelho) Aquólogo (Grupo Azul) Barqueiro/Canoeiro (Grupo Azul) Navegador (Grupo Azul) Pescador (Grupo Azul) Velejador (Grupo Azul) Carpinteiro Naval (Grupo Anil) Ferramentas Alguma vez precisaste de cortar uma corda? E abrir uma lata de comida? Cortar uma fatia de pão ou fazer um furo num cinto? Precisas de apertar um parafuso? Um
  • 45. canivete pode-te ajudar a fazer todas estas tarefas, e outras 1001! De facto, uma lâmina tem tantos usos que é difícil imaginar um acampamento ou uma actividade sem uma. O canivete, a serra, a machada/o machado, são as mesmas ferramentas usadas à muitos anos por profissões tão diversas como lenhadores, guardas florestais, jardineiros, exploradores, etc. Quando rachas lenha para o fogo, consertas equipamentos, ou limpas um trilho, as ferramentas tornam a tua tarefa mais fácil. Orgulha-te de aprenderes o método correcto de as usares. Tão importante quanto saber o que fazer com as ferramentas, é saber o que NÃO fazer com elas. Cortar ou talhar árvores pode matá-las. Brincadeiras de tiro ao alvo podem falhar e causar danos permanentes. Nunca brinques com ferramentas - são coisas sérias. Nunca brinques com uma lâmina - não exponhas superfícies cortantes quando não a estiveres a usar e assegura-te que as ferramentas são devolvidas ao seu sítio devido depois de as usares O teu canivete Uma das melhores ferramentas ‘todo-o-terreno’ é um canivete, com uma ou duas lâminas para cortar, e utensílios especiais para abrir latas, apertar parafusos e fazer buracos (tipo Canivete Suíço). Segue sempre estas regras quando usares o teu canivete: mantém fechados os utensílios e lâminas que não estiveres a usar. corta no sentido para longe de ti mantém o teu canivete limpo e as lâminas afiadas. Uma lâmina afiada é mais fácil de controlar, e limpa dura mais. nunca andes com as lâminas cortantes abertas não uses as lâminas ou o canivete como martelo - podes partir ou torcer as lâminas ou mesmo desconjuntar o canivete nunca atires um canivete com lâminas abertas, nem nenhum objecto cortante não ponhas lâminas no fogo - estas são “temperadas”, ou endurecidas com a quantidade certa de calor. Reaquecê-las pode arruinar esse tratamento e enfraquecer a lâmina. Cuidados com o teu canivete A maioria dos canivetes actuais é feito com uma liga de aço que não enferruja (não oxida - é aço inoxidável). Mas o lixo que se vai acumulando dentro, e o uso normal vai tirando o fio à lâmina. Limpando o canivete. Abre todas as lâminas e utensílios, tomando cuidado com os teus dedos. Pega numa cotonete ou enrola um pouco de algodão ou papel higiénico na ponta
  • 46. de um palito. Molha-a com óleo, e limpa o interior do canivete. Vê que limpes a junta na base de cada lâmina. Com um lenço retira o óleo a mais. Se usaste o teu canivete para cortar comida ou espalhar cobertura no pão, lava a lâmina em água tépida com um pouco de sabão. Afiando o canivete. Podes afiar as lâminas com uma pedra de esmeril. A maior parte destas são feitas de granito e outros materiais mais duros que o metal das lâminas. Algumas são cobertas com pó de diamante. As pedras de afiar usam-se secas, ou com algumas gotas de água ou óleo. Empurra a lâmina pela pedra como se estivesses a cortar uma fatia. A superfície áspera da pedra vai afiar a lâmina, do mesmo modo que a lixa amacia a madeira. Para afiar o outro lado, vira a lâmina, e repete os procedimentos. Limpa os pequenos pedacinhos de metal que ficam na pedra batendo-a na tua mão ou na tua perna. Passa a lâmina algumas vezes pela pedra. Limpa a lâmina com um pano limpo, e olha para o fio da mesma ao Sol, ou debaixo de uma luz forte. Um fio pouco afiado reflecte a luz e parece brilhante. Um bem afiado não. A pior coisa que pode acontecer a um canivete é ser perdido. Sabe sempre do teu, guardando-o numa bolsinha no teu cinto, ou prende-o com um fio. Arranja um fio de um metro de comprimento, e dá um lais de guia na argola que os canivetes geralmente têm. Prende o outro extremo do fio a um passador das tuas calças com outro lais de guia. Ou então arranja um fio mais pequeno, ata-o com o nó direito ou com o nó carrigue, mas vê que o fio seja bem colorido - assim poderás vê-lo mais facilmente se o deixares cair no meio da erva. A serra A serra é o melhor instrumento para cortar madeira em campo. Os modelos em que a lâmina dobra para dentro do corpo principal são os mais seguros, e são mais fáceis de arrumar. A maioria possui um tubo metálico curvo com lâmina “sueca”. Segurança da serra Os dentes de uma serra são bem afiados. Trata as serras e todos os instrumentos cortantes como o teu canivete. Fecha todas as lâminas dobráveis quando não as estejas a usar, e guarda-as no sítio adequado, como a tenda do material/intendência. Manutenção da serra Podes proteger a lâmina de uma serra normal com um bocado de mangueira velha, cortado longitudinalmente. Insere a lâmina pelo corte, e prende a mangueira com
  • 47. um bocado de fio em cada ponta. Antes de guardares uma serra, unta-a com óleo para que não enferruje. Usar a serra Atenta ao tipo de corte que queres fazer, e ao tipo de serra que tens - existem vários tipos, com dentes diferentes, pensados para vários géneros de trabalhos. Apoia bem a madeira a cortar. Começa devagar, até fazeres uns sulcos na madeira que te ajudarão a ‘entrar na madeira’. Segura a serra o mais perto possível da lâmina e usa movimentos suaves (golpes é para os machados) e longos (usa o poder cortante de toda a lâmina). Dá uma pequena ajuda ao peso da serra para esta entrar na madeira. Mantém a serra direita, ou poderá partir. Quando fores cortar um ramo seco de uma árvore, faz um corte inicial por baixo do ramo, e depois serra de cima para baixo. O corte inicial evita que o ramo a cair arranque casca e madeira do tronco da árvore, deixando uma feia cicatriz. Quando cortares troncos pequenos (como de arbustos ou árvores pequenas) corta-os bem rentes ao chão, para que ninguém tropece neles. Afiar a serra Podes afiar os dentes de uma serra com uma lima grossa, triangular de preferência. Usa luvas de protecção, e move a lima de baixo para cima em todos os dentes de um lado da serra. Depois repete do outro lado da serra. Os dentes de uma serra devem estar inclinados alternadamente. Caso contrário o corte que a serra faz pode prender a serra, e parti-la. Com uma chave de fendas, roda-a um pouco entre os dentes da lâmina. O machado e a machada O machado é usado para cortar árvores e rachar lenha à muitos anos - para os Escuteiros, a machada é talvez a ferramenta cortante mais usada, e por isso vamo-nos referir mais a ela - as técnicas envolvidas são quase iguais. Os Escuteiros de hoje estão mais interessados em preservar as árvores, do que em as deitar abaixo, mas saber utilizar estes instrumentos é do nosso interesse para várias situações num acampamento, como para o pioneirismo. Segurança da machada
  • 48. Devido à maneira como são utilizados, estas ferramentas podem ser mais perigosas do que outras. Remove a carneira ou bolsa de cabedal da cabeça do machado apenas quando o fores usar. Dá-lhe toda a tua atenção. Um machado tem que estar afiado e em boa condição. Se a cabeça está solta, mergulha-a em água por umas horas. A madeira do cabo incha, e segura a cabeça por algumas horas. Assim que puderes, arranja uma cunha para o cabo, ou substitui-o. Usa sempre botas sólidas quando utilizares o machado, e remove o lenço, ou outros itens como cachecóis. Não deves ter ninguém à tua volta no raio de dois metros, pelo menos. Mantém os teus olhos e a tua atenção no que estás a fazer. Apoia bem o que queres cortar, e nunca cortes no chão. Usar o machado Cortar os ramos de uma árvore caída chama-se limpá-la. Põe-te de um lado do tronco. Corta os da base para a copa, o mais perto do tronco possível, sem fazer entalhes neste. Se o machado falhar um ramo, os teus pés estão protegidos pelo tronco. Vai “saltitando” de um lado para o outro à medida que vais da base do tronco para o topo. Para cortar um tronco (ou um ramo bastante grosso) com o machado, coloca-te de frente para ele, com os pés afastados à largura dos ombros. No caso do machado, segura-o com uma mão perto da cabeça e com a outra perto da ponta do cabo. Levanta a cabeça do machado acima da tua, e com a ajuda das tuas mãos para o apontar, deixa que o peso do metal faça a força (no caso do machado, deixa a mão deslizar, ajudando-te a apontar a lâmina). Levanta e repete do outro lado. No caso da machada (ramos grossos) segura-a o mais afastado da cabeça que puderes sem perder aderência da mão e faz o mesmo que com o machado. O teu objectivo é fazer cortes em V - dá o golpe inclinado a ângulos de 60_ - ora de um lado, ora de outro. Nunca se bate com a lâmina a direito, pois apenas amassará a madeira, e fará “bocas” no fio do machado. Usa um cepo para apoiar o que vais cortar (apenas no caso de troncos grossos isso não é necessário). Um cepo é um bocado de madeira grosso, geralmente uma fatia de um tronco, preso ao chão ou bem pesado. Deve ter cerca de meio metro de altura, para não teres de te curvar para usar o machado. Um cepo é importante para tua segurança - se falhares um golpe, provavelmente acertarás o cepo, e não as tuas pernas. Quando não estiveres a usar o machado temporariamente (como enquanto vais buscar outro pedaço de lenha para rachar), espeta a cabeça do machado no cepo - nunca o deixes ou craves no chão, pois as pedras e a humidade estragam a lâmina. À noite, guarda-o num lugar abrigado e seguro. Para rachar um bocado de madeira, põe-no no cepo de pé. Com um golpe pequeno, espeta a lâmina no bocado. Se não abrir uma rachadura, retira o machado e repete. Se a cabeça do machado ficar presa, levanta machado e bloco apenas até à altura dos teus ombros e deixa cair. A gravidade e o fio da lâmina devem fazer o resto - repete até rachar completamente.
  • 49. Carregar com segurança Coloca uma cobertura sobre a lâmina - se não tiver uma bolsa própria, podes usar um bocado de um ramo médio. Pega no machado pela cabeça, voltando a lâmina para trás de ti. Se tropeçares, atira o machado para longe de ti. Nunca carregues um machado sobre o ombro. Para entregar um machado a outra pessoa, segura na cabeça e estende o cabo para a outra pessoa pegar. Não largues antes da pessoa a quem entregas o machado o ter bem seguro. Afiar o machado Um machado afiado é mais seguro do que um mal afiado - este vibra de um modo incerto. Calça luvas para afiar um machado. Usa uma pedra de esmeril, fazendo com ela movimentos alternados de um lado para outro, e de cima para baixo, evitando que a lâmina fique mais afiada nuns sítios que noutros. Para um machado em pior estado, com bocas no fio, usa uma lima média movendo-a na direcção do olho para o fio. Podes também usar uma pedra fixa rotativa. Nesse caso, deslocas a lâmina de um lado para outro, acompanhando o movimento de rotação da pedra. Vira o machado para afiar o outro lado. Abater uma árvore Só em casos excepcionais é que um Escuteiro ou outro particular se abatem árvores, como a árvore está seca ou doente e ameaça cair, ou se trate de um eucalipto, verdadeira praga que infesta a floresta portuguesa. Abater uma árvore é uma manobra perigosa e delicada. A primeira coisa a pensar é na queda da árvore. Marca exactamente a direcção em que queres que a árvore caia - tem cuidado com o seu tamanho, não vá danificar outras árvores ou objectos (vê o capítulo sobre observação para medires alturas). Faz uma incisão do lado escolhido, perto do chão, até metade do diâmetro do tronco, no máximo. Se ouvires estalos, para imediatamente com os golpes - é sinal que a árvore vai cair. Começa então uma segunda incisão, no lado contrário e um pouco mais acima. Quando o topo da árvore começar a vibrar, ou começares a ouvir estalos, afasta- te para o lado. Nunca te afastes para trás da direcção da queda, pois pode acontecer que a árvore esporeie contra o tronco e dê um sacão para trás.