Discute a implantação de portais corporativos baseados em gestão do conhecimento, e apresenta os indicativos para reconhecimento dos benefícios de curto e longo prazo dessa ferramenta.
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1. Calculando o Retorno sobre o Investimento (ROI)
em projetos de Portais Corporativos
Autor: Dr. José Cláudio Cyrineu Terra
Presidente TerraForum
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Outro dia um jornalista que cobre com freqüência o setor de tecnologia me perguntou
qual era o típico ROI em projetos de portais corporativos. Disse-lhe que isto era muito
difícil de dizer, pois um portal corporativo pode ser usado para se atingir inúmeros
objetivos e que muitos destes objetivos traziam resultados essencialmente intangíveis e
qualitativos. Na verdade, a mesma solução de portal corporativo implantando com as
mesmas funcionalidades em empresas de portes e setores econômicos semelhantes,
pode trazer resultados completamente diferentes.
Como é que isto pode acontecer? Para responder a esta questão há que entender que
um portal corporativo avançado (portal server rodando em um application server) inclui
uma grande variedade de funcionalidades que podem modificar significativamente como
todos (notar negrito!) os funcionários e um número selecionado de parceiros, clientes e
fornecedores:
Acessam todos os tipos de informações e aplicativos;
Compartilham e publicam suas informações.
Poderíamos detalhar ainda mais as funcionalidades falando de características
relacionadas a:
Personalização (baseada em perfil, opções individuais, contexto, etc);
Single sign-on;
Número de portlets e conectores,;
Integração e web services;
Mecanismos de busca avançados (meta-searches);
Sistemas automáticos e semi-automáticos de categorização;
Sistemas de segurança sofisticados (por exemplo, com integração biométrica);
2. Habilidade de rodar o portal em diferentes equipamentos (PC, handheld, celular,
etc);
Arquitetura aberta (ex: J2EE, .Net, etc);
Etc.
De fato, a lista de característica técnicas incluídas nos portais corporativos mais
avançados é significativa e representa um tremendo avanço em termos de dotar as
empresas de uma sólida infra-estrutura de TI baseada em padrões da Internet.
Contudo, para realmente discutirmos o ROI em projetos de portais corporativos
precisamos voltar às duas características iniciais citadas acima relacionadas a acesso e
compartilhamento!
Dizemos isto porque além das vantagens mais óbvias do tipo redução dos custos de
publicação, redução dos custos de integração, “webificação” de aplicativos e legados e
acesso remoto seguro, portais corporativos fornecem a infra-estrutura adequada para
tornar o modelo organizacional e de negócios de uma empresa muito mais colaborativo.
Tal ambição, no entanto, está muito além da habilidade e escopo de atuação de típicos
departamentos de TI ou mesmo CIOs. Tornar a empresa mais transparente e
democratizar o acesso à informação e aplicativos tanto interna, como externamente e
motivar funcionários, parceiros, clientes e fornecedores a compartilharem o que sabem
requer um compromisso de toda a alta administração de uma empresa.
Apenas com sinais visíveis e exemplos próprios vindos da alta administração estarão os
funcionários compelidos a modificar seu comportamento digital. Empresas líderes assim
o fazem. No caso da GE, por exemplo, as minutas de reunião do board mundial da
empresa são publicadas no portal interno em menos de 24 horas após o término destas
reuniões. Na América do Norte, em particular, o termo collaboration commerce se refere
aos negócios gerados em cadeias produtivas na qual todos os players compartilham
instantaneamente informações relacionadas a um determinado cliente e/ou segmento
do mercado.
Voltando à questão do ROI, diríamos que é possível, em vários casos, se justificar a
implementação de portais corporativos apenas por meio de alguns indicadores
relacionados à redução de algumas linhas de custo, contudo a grande oportunidade é
3. utilizar o portal para modificar relacionamentos: com empregados, entre empregados,
na cadeia produtiva. Para se transformar, no entanto, de forma significativa este
relacionamento, é necessário se trabalhar com cenários bem detalhados de como o
trabalho é conduzido em um ambiente pré-portal e pós-portal. Isto deve ser feito,
ademais, não de maneira genérica, mas idealmente por grupos específicos e, no limite,
para cada indivíduo. Neste sentido, implementações de portais corporativos que
buscam modificar significativamente como uma empresa opera são essencialmente
projetos de mudança organizacional (change management) que requerem uma clara
visão de obstáculos e motivadores pessoais. Assim, justificamos nossa resposta ao
jornalista: depende! Portais corporativos representam, sem dúvida nenhuma, um
significativo avanço tecnológico, mas para se obter os benefícios mais interessantes é
necessários que uma empresa e seus principais executivos estejam dispostos e com
coragem para mudar o modelo organizacional e de negócios da empresa.