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Fuga para a felicidade

                                        I
Amélia está saindo da estalagem quando encontra Beatriz:
- Oi, Amélia! Faz tempo que você não aparece no salão.
- São tantos problemas que nem tenho conseguido cuidar de mim direito. Mas
foi bom te encontrar, Beatriz. Será que podemos conversar um pouco?
- Claro, vamos entrar, peço para a Terê trazer um suco para nós.
Elas sentam numa das mesinhas da estalagem. Amélia pergunta:
- Você sabe muita coisa sobre o passado do Max, né?
- Infelizmente. Às vezes as mulheres como eu fui um dia acabam ouvindo mais
confissões que um padre.
- Então você o ouviu falar sobre a explosão da mina? Escutei sem querer uma
conversa entre a Manu e o Solano.
- Mais do que falar, o Max se vangloriava disso... ria contando da bolada de
dinheiro que ganhou do seguro.
- Meus Deus, como pude ficar tanto tempo ao lado desse homem? Sinto até
vontade de vomitar - diz Amélia, com uma expressão de náusea.
- Eu imagino - devolve Beatriz, compreensiva.
- Não, você não pode imaginar o que tem sido a minha vida - desabafa Amélia,
com uma sombra no olhar - Eu preciso achar uma saída, tenho que deixar
aquela casa.
- Mas o que lhe impede de se separar do Max?
- O medo. Não por mim, mas por uma pessoa maravilhosa que entrou na
minha vida e a encheu de amor... - ela sorri por um instante, mas logo parece
angustiada - Tenho certeza que no momento em que eu sair daquela casa, o
Max manda matar essa pessoa. Eu não posso perdê-lo, não posso...
Amélia respira fundo, tentando não chorar.
- Você encontrou um novo amor, Amélia?
- Eu finalmente encontrei um amor, como eu nunca tive.
- Que bom! Fico feliz por você.
- Mas você não pode comentar isso com ninguém. Só com a Terê, ela sabe
também.
- Claro, da minha boca ninguém vai saber - Beatriz pega as mãos de Amélia -
Conte comigo para o que você precisar, viu?
- Obrigada.

Ao chegar em casa, Veloso relata a Max que Amélia encontrou com Beatriz.
Amélia está na sala, desenhando novas peças para a Rurbano, quando Max a
aborda:
- O que andastes conversando com aquela china, mãe do gaúcho caborteiro?
- Não é da sua conta - Amélia responde rispidamente, sem tirar os olhos do
papel.
- Já não te disse para ficares longe dela? Mulher minha não tem esse tipo de
amizade!
Amélia levanta os olhos e devolve com altivez:
- Ora, Max, a Beatriz é muito mais decente do que você! Ela nunca cometeu
nenhum crime. Já você... não tem moral para falar de ninguém.
- Que mentiras ela andou te contando?
- Está com medo, é? - retruca Amélia, com um sorriso irônico, mas depois
fecha a cara - Quer saber qual dos seus podres ela me revelou? Sabe de uma
coisa? Eu tenho é pena da Beatriz, que para ganhar a vida tinha que ouvir
tanta sujeira!
- Isso não é jeito de falar com teu marido. Me respeita, Maria Amélia! - ele a
pega pelo braço - Ouviste? Me respeita, ou posso fazer coisas que tu não vais
gostar...
- Me larga, Max, já disse pra não encostar em mim! - grita Amélia, tentando se
soltar.
Manu entra em casa e grita:
- Pai! Que você está fazendo?
Max larga Amélia e muda o tom, falando com calma:
- Minha filha, estava só tendo uma conversa com sua mãe. Coisa de marido e
mulher, sabe?
- Pára com o teatro, seu Max... não convence mais nem a mim - responde
Manu olhando para o pai de um jeito muito desconfiado.
- Tudo bem, tudo bem... - ele diz para a filha, depois se dirige à Amélia - Depois
terminamos essa conversa.
Max sai da sala, e Manu se aproxima da mãe:
- Ele te machucou, mãe?
- Não, só tentou me segurar. Ah, uma hora eu... - Amélia se cala antes de dizer
"acabo matando o Max" e esconde o rosto com as mãos.
Manu a abraça, e elas ficam em silêncio por alguns instantes.
- Mãe... você não pode continuar aqui.
- Eu sei, mas...
- Você teme pelo Vitor, né?
- Tem como não temer? Não gosto nem de pensar no que o Max pode fazer...
- Você fica aqui, com medo do que possa acontecer a ele, e o Vitor fica lá, na
cidade, com medo do que o seu Max possa fazer com você... separados,
mesmo morrendo de vontade de estarem juntos.
- O que eu posso fazer?
- Confia no Vitor. Deixa ele cuidar de você.
Amélia suspira, enxugando uma lágrima que quer cair.
- Mãe, o casamento do Fred é daqui alguns dias. Aproveita enquanto estiver
todo mundo distraído na festa, e vai embora com o Vitor, como ele já sugeriu
várias vezes, que eu sei. Até lá o catálogo das suas jóias vai estar pronto,
vocês ficam um tempo fora, divulgando. Eu e a Pérola cuidamos da produção.
Quando vocês voltarem, todo mundo já vai estar sabendo que você se separou
do seu Max, que está com o Vitor, e ele não vai ser louco de tentar alguma
coisa.
- Do jeito que você fala, parece a solução mesmo. Mas esqueceu que seu pai
colocou um capanga atrás de mim, vigiando todos os meus passos?
- A gente dá um jeito nele – Manu ri – Coragem, dona Amélia! Vou falar com o
Vitor e o Fred, combinar tudo com eles, tá bem?
- Tá – Amélia responde, botando as mãos no rosto.
Manu a abraça com carinho.

Chega o dia do casamento de Fred e Janaína. Como não foi convidado, Max
fica na fazenda. Veloso segue Amélia, e durante a festa fica num canto da casa
de shows. Manu se aproxima de Lurdinha carregando um caneco de chope.
- Lurdinha, você conhece aquele sujeito ali, no canto? Ele não trabalha pro meu
pai?
- É o Veloso, peão lá da fazenda.
- Ah... Oferece uma bebida pra ele, diz pra aproveitar a festa.
- Eu?
- É, Lurdinha. Ó, pega esse chope e leva, diz que uma pessoa mandou pra ele.
Só não diz que fui eu.
- Então tá – aceita a empregada. Ela puxa papo com Veloso e os dois bebem
juntos, pegando mais chopes depois. Em algum tempo, estão embriagados,
dando risada sem nem saber de quê.

Manu observa que Veloso está distraído e avisa Amélia.
- É agora, mãe. Vá com Deus e seja muito feliz – ela abraça a mãe – Me deem
notícias, tá?
- Claro, filha. Assim que a gente chegar em Juruanã eu ligo, pode deixar.
- Fica tranquila, Manu. Não vou deixar nada de mal acontecer à Amélia.
- Eu sei. Por isso incentivei essa fuga. Mas se cuida, viu? Você não é o super-
homem.
- Valeu, magrela – ele abraça Manu.


                                          II
Vitor e Amélia vão para o quarto dele na estalagem.
- Agora é só esperar. Quando a cidade toda estiver dormindo, a gente vai
embora.
- Ai, Vitor, será que vai dar certo? – pergunta Amélia, torcendo as mãos.
- Calma... – ele a abraça e beija os cabelos dela – Vou estar ao seu lado,
aconteça o que acontecer.
Amélia olha nos olhos dele e diz:
- Eu te amo... te amo tanto, mas tanto, que chega a doer aqui dentro.
- Também te amo – ele responde com os lábios bem próximos aos lábios dela,
e a beija apaixonadamente.
Vitor deita Amélia sobre a cama, e tira a blusa dela enquanto beija seu colo.
Ela também vai tirando a camisa dele, passando as mãos pelas costas do
amado. Ele a beija ainda mais intensamente, e se entregam ao desejo.

Um pouco mais tarde, Max telefona para Manu.
- Filha, sabes de tua mãe? Ela não voltou ainda, estou tão preocupado.
- Ela veio dormir comigo na estância essa noite, não se preocupe – responde
Manu com frieza.
- Posso falar com ela?
- Ela não quer falar com você.
- Então diga para tua mãe voltar logo para casa, tá bem? Sinto falta da minha
esposa aqui comigo – alega Max, se fazendo de vítima.
- Pode deixar que eu dou o recado. Boa noite – diz Manu, e desliga o telefone.
Ela fica parada por alguns instantes, preocupada.
Na fazenda, Max tenta localizar Veloso, mas o capanga dorme profundamente
no carro e não atende o telefone.
- Por que esse incompetente não atende? – esbraveja Max – Melhor eu tomar
outras providências antes que seja tarde.
Ele digita outro número.
- Boa noite. Preciso que tu coloques homens em todas as saídas de Girassol.
Quando? Ontem! Se minha mulher ou um loirinho de cabelo enrolado tentarem
sair, manda segurar os fujões e me chama, entendeste?

No meio da madrugada, Amélia e Vitor saem da estalagem com cuidado e
entram no carro dele. Mas ao chegar na saída principal de Girassol, Vitor freia
abruptamente e faz o retorno, acelerando em seguida.
- O que foi? – pergunta Amélia, apavorada.
- Tem gente vigiando a saída. Só pode ser gente do Max.
- E agora?
- Vamos voltar para a estalagem, e amanhã vemos o que fazer. A uma hora
dessa, não tem como procurar uma outra saída. Se é que aquele canalha não
colocou cão-de-guarda em todas as saídas...
Ao entrarem na estalagem, eles são recebidos por Terê.
- O que aconteceu? Eu senti que vocês iam voltar.
Vitor conta tudo.
- Tenham fé. Vocês vão conseguir superar tudo isso, tenho certeza – afirma a
vidente.

Logo cedo, pela manhã, Max aparece na estância, desconfiado, e pede para
falar com Amélia. Antes que Aspásia consiga responder, Manu desce as
escadas.
- Pode deixar que eu converso com meu pai, Aspásia.
A empregada vai para a cozinha, e Max avisa:
- Vim buscar tua mãe, onde ela está?
- Já saiu, deve estar chegando em casa – responde Manu, tentando disfarçar a
preocupação.
- Ah, é? Que pena esse desencontro. Vou voltar, então – devolve Max,
cinicamente.
Ao sair da estância, Max liga para Veloso de novo. O capanga finalmente
atende, com voz de ressaca.
- Onde estás, infeliz? Estás fazendo teu trabalho?
- Seu Max, eu...
- Anda, fala logo, onde está minha mulher?
- Desculpa, seu Max, mas eu estava esperando ela sair da festa e peguei no
sono. Perdi a dona Amélia de vista.
- O quê? Incompetente! – Max bate o telefone na cara dele.

Enquanto isso, Manu liga para a mãe. Vitor atende:
- Oi, Manu. Ainda estamos em Girassol, na estalagem. Tinha uma barreira na
saída da cidade.
- Meu Deus! Vocês precisar ir para algum lugar seguro. Meu pai acabou de sair
daqui, está atrás da minha mãe.
- Vou achar uma solução. Tenta ficar calma.
Vitor desliga o telefone e relata para Amélia o que Manu contou. Amélia o
abraça com força:
- Ai, Vitor, o que vai ser de nós?
Ele acaricia os cabelos dela enquanto responde:
- Não sei. Só sei que o Max não vai nos separar. Eu não vou deixar, juro.
- Eu não posso perder você... – ela murmura, escondendo o rosto no peito
dele.
- Nunca, nunca, nunca. Vamos ficar juntos para sempre – ele estreita Amélia
nos braços dele, e fica pensativo por alguns instantes – Já sei. Vamos para a
casa da Janaína.
- Mas ela e o Fred estão em Juruanã, só voltam amanhã.
- A gente fala com a Nancy, tenho certeza ela vai ajudar.
- Você confia nessa menina? – pergunta Amélia, insegura.
- Não exatamente. Só nesse caso – ele pondera.


                                         III
Eles entram no armazém e Vitor pede:
- Nancy, a Amélia precisa ficar lá em cima um pouco, pode ser? Ela se separou
do Max, mas como você deve imaginar, ele não aceita. Quer fazer ela voltar
pra casa de qualquer jeito.
- Nossa, que babado... Fica à vontade, dona Amélia.
- Obrigada.
Vitor olha para a rua e depois fala baixinho com Amélia:
- Sobe que daqui a pouco te encontro. O Max acabou de entrar na estalagem.
Apreensiva, Amélia sobe e fecha a porta. Vitor fica escorado no balcão,
cuidando a entrada da estalagem. Lá dentro, Terê diz a Max que ele pode olhar
o quarto de Vitor se quiser, mas não vai encontrar ninguém lá. O fazendeiro
sobe e confirma que a vidente fala a verdade.
Alguns minutos depois, Max se aproxima do armazém e Vitor finge conversar
com Nancy.
- Onde tu a escondeste, moleque? – Max entra perguntando.
- Não sei do que você está falando, Max.
- Sabes, sim... sabes muito bem.
- Se você não percebeu, está atrapalhando minha conversa com a Nancy – ele
olha para a moça, fingindo interesse.
Max dá uma risada:
- Estás passando o rodo na cidade? Primeiro a índia aquela, agora essa
chinoca...
- Mais respeito, a Nancy é uma moça de família!
- Pois bien, vou deixar os pombinhos... – diz Max, irônico.
Assim que Max se afasta, Vitor agradece:
- Valeu, Nancy.
- De nada... Pode contar comigo para o que você precisar – ela responde,
enrolando uma mecha do cabelo e olhando fixamente para ele.
- Não me leve a mal, mas eu só fiz aquela cena para despistar o Max.
Desculpa te usar dessa forma.
- Ah, tá... não tem problema – ela murmura, decepcionada.
- Posso subir, falar com a Amélia?
- Claro, vai lá. Aproveita e pede para o Bruno descer?
Depois que Bruno assume o balcão, Nancy sobe e flagra Amélia e Vitor
abraçados, e diz, sem rodeios:
- Bom, já que fui envolvida nessa história, acho que mereço saber o que está
acontecendo de verdade.
Amélia e Vitor trocam um olhar cúmplice.
- Que vocês estão juntos, eu tô percebendo – acrescenta Nancy.
- É isso mesmo. Nos apaixonamos – confirma Vitor.
- E o Max jamais vai aceitar ser trocado por outro... ainda mais por um cara
como você, beeem mais jovem – Nancy completa, dando uma risada. Mas ela
logo fica séria – Caramba, Vitor, ele é capaz de tentar te matar!
- Você imagina o tamanho do meu desespero? O Vitor é o grande amor da
minha vida – devolve Amélia, aflita e abraçando Vitor com força.
- Calma, dona Amélia... pode passar essa noite aqui, no quarto da Jana e do
Fred.
- Posso ficar também? Não quero deixar a Amélia sozinha nem um minuto –
pede Vitor, beijando os cabelos de Amélia em seguida.
- Claro – Nancy olha para os dois, comovida – Vocês até parecem um casal de
filme... daquelas grandes histórias de amor, sabem?
Nancy fica em silêncio por alguns instantes olhando para o casal. De repente,
põe a mão na testa, com cara de quem lembrou de algo que a deixa
constrangida:
- Ai... a Jana já sabia, né?
- É, ela percebeu antes mesmo de eu contar ao Fred – confirma Amélia.
- Por isso ela me dizia pra ficar longe do Vitor... desculpa aí... mas como eu ia
imaginar? Ah, Vitor... eu te via sempre sozinho, estava certa de que você não
tinha ninguém.
- É, deu pra perceber – ele ri.
- Olha, Amélia, o Vitor nunca me deu nenhuma condição, nem olhava pra mim
direito. Parece que ele é muito apaixonado por você, não tem olhos pra
nenhuma outra mulher.
Amélia olha para Vitor com um leve sorriso, e ele diz:
- Viu, você não tem motivos pra ter ciúmes de mim...
- Eu sei – ela garante.
Nancy interrompe:
- Tô perdoada, então?
- Claro, Nancy – assegura Amélia – Você é uma boa menina, eu torço para que
você encontre um rapaz que te dê muito amor.
- Eu acho até que ela já encontrou... Tem um certo palhaço que arrasta um
caminhão por você, sabia? – revela Vitor.
- Ah, o Pimpinela é uma gracinha... só tem um defeito: é pobre – retruca a
moça.
- Nancy, dinheiro não é o mais importante na vida. Quando a gente está numa
situação-limite, como eu fiquei, perdido na mata, dinheiro não serve pra nada.
O que me manteve vivo foi a certeza de que tinha alguém me esperando aqui –
ele envolve Amélia com um braço.
- Nossa... vou pensar nisso, prometo – conclui Nancy.

Mais tarde, quando deitam para dormir, Vitor começa a descer com beijos pelo
pescoço de Amélia, chega até o colo dela e tenta descer a camisola.
- Aqui não, Vitor... É a cama do meu filho, da minha nora. E com tudo isso que
está acontecendo, como você consegue pensar nessas coisas?
- Não estou pensando... Estou sentindo a sua pele, o seu cheiro... é muito difícil
resistir. Mas você tem razão. Além disso, precisamos descansar, porque
teremos um longo dia pela frente.
- É verdade. Mas ao seu lado eu enfrento tudo que vier – ela acaricia o rosto
dele.
- Eu também. Ninguém vai tirar você de mim – responde Vitor, abraçando
Amélia.
Ela se aconchega nos braços dele, e logo estão dormindo, ainda abraçados.

Antes do sol nascer, Amélia e Vitor são acordados pelo toque do telefone.
- É a Manu – constata Amélia, preocupada.
- Atende – diz Vitor, tentando disfarçar que também está preocupado.
Amélia obedece.
- Oi, filha, aconteceu alguma coisa?
- Está tudo bem com você, mãe?
- Sim, estamos na casa da Janaína.
- Estava pensando, é melhor vocês ficarem aqui na estância. Acho mais
seguro. Assim que saírem os primeiros raios de sol, eu pego vocês aí. Deixem
o carro do Vitor na cidade, para despistar.
- Espera um pouco – Amélia conta para Vitor a proposta de Manu, e ele pede o
telefone.
- Pode vir, Manu. Agora mesmo, se puder.
Eles se trocam e deixam um bilhete para Nancy, agradecendo a ajuda. Depois
descem a escada com cuidado, para não fazer barulho. E ficam esperando
perto da porta.
- Escapando de um lado para outro, se escondendo na madrugada, como dois
criminosos... O que a gente está fazendo, Vitor? – desabafa Amélia,
melancólica.
- Estamos lutando pelo nosso amor – ele responde, olhando nos olhos dela.
- É só por te amar tanto que eu tenho forças – devolve Amélia.
Vitor acaricia o rosto dela e depois a abraça com intensidade. Eles não dizem
mais nada, apenas esperam, em silêncio e abraçados.


                                       IV
Manuela chega e leva Amélia e Vitor até a estância. Eles entram com cuidado
para não serem vistos e são conduzidos por Manu até o quarto de hóspedes.
- Fiquem à vontade. Eu já volto – ela avisa.
Manu retorna alguns minutos depois, junto com Solano, que carrega uma
bandeja de café da manhã. Ele coloca a bandeja sobre a cama e diz:
- Sintam-se em casa. Não se preocupem, o Max está proibido de entrar nesta
estância.
- Obrigada, Solano... mas quando o Max quer alguma coisa, ele vai até as
últimas consequências. Tenho medo de estar colocando vocês em risco
também – responde Amélia, preocupada.
- Buenas, ele já quer me escalpelar de qualquer forma, então um motivo a
mais, um motivo a menos não vai fazer diferença – devolve Solano.
- Não fala assim, meu amor – Manu o abraça, tensa.
- Calma, guria, o Max não vai me derrubar, eu te juro.
- Mesmo assim, toma cuidado – ela pede, depois olha para a mãe e Vitor –
Vocês também... acho melhor não saírem do quarto, seguido vem algum peão
falar com o Solano, alguém pode ver vocês... Pelo menos por hoje, porque
vocês não podem ficar escondidos pra sempre, a gente precisa achar uma
solução.
- Por mim eu já tinha enfrentado o Max – afirma Vitor, com raiva no olhar.
- Vitor... pelo amor de Deus... – murmura Amélia, com jeito de quem vai chorar.
Ele a abraça com força e diz:
- Não vou fazer nada. Você está aqui comigo, e isso é o que importa.
Manu olha para os dois, comovida, e interrompe:
- Depois eu trago o almoço pra vocês, tá?
- Se precisarem de mais alguma coisa, é só chamar – acrescenta Solano.
Eles saem. Amélia e Vitor ficam abraçados em silêncio, como que buscando
forças um no outro.

Mais tarde, Vitor está recostado na cama com Amélia nos braços dele, e
comenta:
- Como é a vida, né? Um dia eu dei um belo soco na cara desse gaúcho
porque achava que ele tinha me roubado a Manu... e agora os dois estão
fazendo tudo isso por nós.
- É, o mundo dá voltas. Mas nem me lembra desse dia... fiquei tão aflita quando
vi você todo machucado...
- Pois eu faria tudo de novo, só pra ter você cuidando de mim daquele jeito –
ele retruca, sorrindo.
- Bobo...
Ele fica olhando pra ela por alguns instantes, como a contemplando, e de
repente começa a rir.
- O que foi? – ela pergunta.
- Lembrei de uma coisa agora – ele ri mais um pouco e conta – Um dia você
me disse que se estivesse no lugar da Manu não deixaria escapar um homem
como eu, lembra?
- Quando eu disse isso? – ela tenta disfarçar, sem graça.
- Quando exatamente não sei, mas foi naquela época que a Manu me trocou
pelo gaúcho – Vitor responde ainda achando graça, mas depois fica sério –
Você já estava sentindo algo a mais por mim, desde aquele tempo?
- Não sei, talvez... – ela devolve, quase gaguejando – Você já era uma pessoa
especial pra mim. Mas era noivo da minha filha, por mais que me sentisse bem
na sua companhia jamais passaria pela minha cabeça que viveríamos tudo que
estamos vivendo.
- Eu te achava uma mulher muito especial, e tinha certeza que jamais te veria
como mãe. Mas também não imaginava... Como eu fui burro! Fiquei sofrendo
por quem não me queria, até brigar eu fui, enquanto a mulher da minha vida
estava bem na minha frente...
- A mulher da sua vida, é? – Amélia olha pra ele, sorrindo.
Ele traz o rosto dela para perto do dele e a olha nos olhos:
- A mulher que eu mais amei, que eu amo, e que sempre vou amar...
- Te amo com toda a minha alma, o meu corpo, o meu coração... – ela retribui.
Eles colam os lábios num beijo intenso e apaixonado.

A noite chega, e Amélia se prepara para dormir.
- Eu já disse que você fica linda de camisola? – comenta Vitor, a olhando com
desejo.
- Já – ela ri, se deitando na cama ao lado dele.
Ele puxa Amélia mais para perto, ficando com o corpo colado ao dela.
- Linda... – ele murmura, olhando para os lábios dela, e a beija.
Eles se entregam a um beijo ardente, e as mãos de Vitor percorrem o corpo de
Amélia, tirando sua camisola. Ele vai descendo com os lábios pelo pescoço
dela, indo até o colo. Ela sente seu corpo arrepiar completamente, e pressiona
as costas dele com as pontas dos dedos. Entregues ao desejo, eles se amam
como se não existissem problemas, apenas aquele sentimento que os faz
sentir como se fossem um só.

Pela manhã, Fred chega de viagem e, avisado por Manu, vai correndo até a
estância ver a mãe. Antes de entrar, olha em volta e nota um carro um pouco
distante da casa. Manu chega na varanda para o receber e abraça o irmão.
- Manu, você conhece aquele carro ali adiante? – ele pergunta preocupado.
- É da fazenda. Deve ser um capanga do seu Max – ela responde, apreensiva.
Eles entram. Amélia e Vitor, que já esperavam por Fred, estão descendo as
escadas. Ao ver o filho, Amélia corre até ele e o abraça.
- Mãe... está tudo bem com a senhora?
- Está, na medida do possível.
Vitor se aproxima, e Fred, ainda abraçando a mãe, lhe estende a mão:
- E aí, cara?
- Estou cuidando dela, viu? – Vitor avisa.
- Tenho certeza disso – responde Fred – Mas as notícias não são boas.
A tensão é evidente nos rostos dos quatro.
- Tem um carro da fazenda parado aí fora – explica Manu.
- E agora? – questiona Amélia, aflita.
Vitor segura a mão dela e tenta confortá-la:
- A gente vai dar um jeito.
- Vocês precisam sair daqui de um jeito que esse capanga não veja – diz Fred,
que fica pensativo por alguns instantes, depois acrescenta – Vocês podem se
esconder na casa de shows por alguns dias, duvido que o velho pense em
procurar lá.
- Boa idéia, Fred. O problema é esse sujeito aí fora – concorda Vitor.
- Vamos pensar, tem que ter uma saída – incentiva Manu.
Todos ficam em silêncio. De repente, Estela entra na sala.
- Desculpa se atrapalhei alguma coisa. Vim visitar a dona Mariquita, a Aspásia
me disse que ela está lá cima – ela explica, olhando com estranheza para as
mãos dadas de Amélia e Vitor.
Manu olha para a índia e sorri como quem acabou de ter uma idéia:
- Estela! É de você mesma que a gente precisava.
- Como assim?
- Minha mãe e o Vitor precisam chegar até a cidade sem que ninguém os veja.
Mas tem gente meu pai vigiando aí fora.
- Entendi... a gente pode sair pelos fundos e ir pela mata. Pode deixar que eu
guio eles. Só posso dar um beijo na dona Mariquita antes?
- Claro, pode subir – afirma Manu.
Depois que Estela sobe, Fred pergunta para a irmã:
- Você tem certeza de que podemos confiar nela?
- Tenho certeza de que a Estela não vai querer ajudar o seu Max, muito pelo
contrário.
- Tá bem. Vou indo na frente, pra arrumar tudo na casa de shows. Espero
vocês lá – ele dá um beijo na mãe, um tapinha no ombro de Vitor, e sai.


                                        V
Logo depois, Amélia e Vitor seguem Estela pela mata. Ela os leva até uma
porta nos fundos da casa de shows, onde Fred espera.
- Valeu, Estela. Ficamos te devendo essa – ele agradece.
- De nada. Fico feliz em poder ajudar duas pessoas que se amam – ela
responde, olhando para o casal com um sorriso, e vai embora.
Enquanto entram, Fred pergunta:
- Vocês contaram pra ela?
- Não, não dissemos nada – afirma Amélia.
Fred olha para os dois e ri:
- Nem precisa, né? Dá pra ver na cara de vocês...
Ele os leva até uma salinha reservada.
- Aqui é o escritório da casa. Arrumei um colchonete. Tem água, frutas... vocês
podem usar a copa lá embaixo também. Qualquer coisa, liguem para o meu
celular.

Já sozinhos na casa de shows, Vitor senta na beira do palco e fica olhando ao
redor. Amélia senta ao lado dele e comenta:
- Ficou distante?
Ele a envolve com um braço e responde:
- Estava lembrando da festa da colheita. Quando você entrou por aquela porta,
estava tão linda... parecia uma visão, sabe? Mas quando vi aquele desgraçado
ao seu lado, se transformou num pesadelo. Você ali tão perto, tão linda, e eu
não podia me aproximar...
- Ah, querido... naquele dia, quando o Max apareceu pronto para me
acompanhar, cheguei a pensar em desistir, ficar em casa... mas decidi vir só
pra te ver, nem que fosse de longe.
- O que importa é que depois a gente até conseguir dançar juntinho... foi tão
bom.
- Foi sim... foi a melhor dança da minha vida – ela afirma, sorrindo.
- É? Vamos repetir, então. Temos o salão só pra nós! – diz Vitor, enquanto se
levanta e puxa Amélia pela mão.
- Mas sem música?
- Qual o problema? A gente dança a música do amor! – ele devolve, levando-a
até o meio do salão. E a conduz pela pista, girando com ela nos braços como
se tivessem sendo embalados por um som só deles.

Enquanto isso, Max liga para o capanga que mandou para a estância. O rapaz
relata que não viu nenhuma movimentação.
- Onde será que aqueles dois se acoitaram? – esbraveja Max, sozinho no
escritório. Pega o telefone de novo e liga para o delegado.
Geraldo está na entrada da mata, escondido com Safira. Eles se beijam
apaixonadamente quando o telefone toca.
- Geraldo, seu telefone... – diz Safira, quando param para respirar.
- Deixa tocar, ninguém é mais importante do que você nesse momento – ele
responde, e a beija novamente.
O telefone para, mas logo começa a tocar de novo.
- É melhor você atender – ela pede.
Geraldo olha na tela no aparelho:
- É o Max – ele atende, impaciente – Que você quer, Max?
- Estás fazendo o que eu pedi? Encontraste alguma pista da minha mulher?
- Ainda não, nada. Tô muito ocupado, agora, preciso desligar.
- Está bem, mas trate de me dar notícias logo!
Geraldo desliga o telefone e esbraveja:
- Que saco! O Max acha que não tenho mais nada pra fazer a não ser atender
as ordens dele?
Safira fica preocupada:
- O que aconteceu? O que ele queria?
- Você está sabendo que a dona Amélia fugiu de casa, né?
- Geraldo, você não vai entregar a dona Amélia pro seu Max... se você fizer
isso, nunca mais olho na sua cara! Aquele homem é um monstro!
- Eu sei, e to cansado dele... cansado de me envolver nas sujeiras dele. Quero
ser um homem melhor... pra você – Geraldo responde, acariciando o rosto de
Safira.
- Me promete que você não vai fazer nada que prejudique a dona Amélia?
- Prometo... prometo o que você quiser – afirma o delegado, colando seus
lábios aos de Safira novamente.

Mais tarde, já de noite, Amélia e Vitor estão deitados no colchonete, ela com a
cabeça sobre o peito dele, ele acariciando os cabelos dela. De repente, Amélia
desabafa, com uma lágrima escorrendo por seu rosto:
- Não aguento mais ficar fugindo, me escondendo... nós não estamos fazendo
nada de errado! Não podemos viver assim...
- Então vamos sair daqui e assumir nosso amor pra todo mundo – ele afirma
tentando demonstrar segurança.
Ela esconde o rosto no peito dele por alguns instantes. Depois levanta a
cabeça, enxuga as lágrimas e olha para Vitor.
- Você vai estar sempre ao meu lado, né? – ela pergunta, quase parecendo
uma criança assustada.
- Sempre, cada minuto, cada segundo... O Max não vai mais encostar em você,
eu juro.
Amélia acaricia o rosto de Vitor com as pontas dos dedos e diz quase
sussurrando:
- Eu não posso mais viver sem você... eu preciso, eu quero ter forças para
enfrentar tudo que vem pela frente... Me ajuda?
Ele entrelaça seus dedos nos dela antes de responder:
- Eu estou com você... e sei que você é forte, que vai conseguir.
- Então amanhã vamos sair daqui, vamos parar de fugir. Vamos tentar viver
nossa vida...
- Meu amor... é o que o mais quero.
- E que Deus nos ajude – ela conclui, abraçando Vitor de um jeito aflito. Ele a
aperta em seus braços, parecendo querer mantê-la protegida.

Pela manhã, eles saem da casa de shows e caminham pela rua de mãos
dadas. Ao entrarem na estalagem, Terê põe as mãos no rosto, surpresa:
- Meu Deus! O que vocês estão fazendo aqui?
- Não vamos mais fugir, Terê. Vamos encarar o Max e tudo que vier – explica
Vitor.
- Estão mesmo dispostos a correr tanto risco?
- Não podemos continuar vivendo como se fôssemos dois bandidos, né? –
argumenta Amélia.
- Tem razão, minha amiga... e que Deus os proteja, porque vocês vão precisar.
Vitor abraça Amélia e pergunta de um jeito aflito:
- Terê, me diz: quando a gente vai ter paz?
- Acho que só no dia em o Max estiver debaixo de sete palmos de terra... –
responde a vidente sem pensar.


                                       VI
Amélia e Vitor vão para o quarto dele.
- Enfim, em casa! – ele ri – Afinal, esse quarto tem sido minha casa nos últimos
tempos.
Ela fica pensativa, e sorri. Depois, comenta:
- Alguns dos momentos mais lindos da minha vida aconteceram aqui...
Ele a abraça por trás e devolve:
- Pois, no que depender de mim, você ainda vai viver muitos momentos lindos,
viu?
Amélia se vira e olha nos olhos dele:
- Nós vamos viver... juntos. Não vou deixar mais ninguém me separar de você.
Vitor sorri e acaricia o rosto dela, murmurando:
- Meu amor... esperei tanto por isso.
Os lábios deles se encontram num beijo cheio de esperança.

Mais tarde, Amélia toma banho e sai do banheiro com os cabelos molhados.
Vitor observa, encantado, enquanto ela penteia os cabelos, coloca os brincos e
depois se maquia levemente. Quando termina de se arrumar, ela dá uma
voltinha na frente dele.
- Que tal?
- Linda... muito linda... e minha! – ele responde, olhando para ela com
fascinação, e a puxa para os braços dele, terminando num beijo apaixonado.
Quando descolam os lábios, Vitor sugere:
- Você está tão linda que não é justo ficar trancada nesse quarto. Vamos sair?
- Pra onde?
- Não sei... não importa o lugar, desde que você esteja ao meu lado – ele sorri
– Vamos dar uma volta, tomar um sorvete...
- Como dois namoradinhos? – ela pergunta com os olhos brilhando.
- É... minha namoradinha... – Vitor ri, transbordando alegria.

Eles vão ao armazém de Janaína e pedem dois sorvetes. Sentam numa das
mesinhas e ficam se olhando, enamorados. Vitor pega um pouco de sorvete
com a colher e leva até a boca de Amélia, e ela retribui. Felizes, eles parecem
sorrir até com os olhos.
Ao terminarem os sorvetes, eles saem de mãos dadas. Enquanto caminham,
Vitor pergunta, como se não estivesse conseguindo acreditar:
- A gente está fazendo isso mesmo? Andando de mãos dadas, na rua, na
frente de todo mundo?
- Estamos sim, meu amor... – Amélia responde, sorrindo.
- Então agora eu posso gritar ao mundo todo que te amo?
- Você é louco... – ela ri, encantada.
Vitor também ri e toma Amélia dos braços, levantando-a do chão e rodopiando
com ela. Quando pára, ele a beija apaixonadamente, ali mesmo, para que toda
Girassol veja.

Logo depois, o telefone toca na fazenda. Lurdinha atende. É Cotinha, que
conta à amiga que viu Amélia e Vitor aos beijos na cidade.
- O quê? A dona Amélia, minha patroa, e o Vitor, se beijando no meio da rua?
- Isso mesmo.
- Ai, minha Nossa Senhora... quando o seu Max ficar sabendo não quero nem
ver o que ele vai fazer... – diz Lurdinha, aflita.
Bem nesse momento, Max entra na sala:
- O que tens medo que eu fique sabendo, Lurdinha?
A empregada deixa o telefone cair no chão, assustada:
- Nada não, seu Max...
- Com quem estavas falando?
- Com a Cotinha... mas não era nada importante, não – ela dá um passo pra
trás na tentativa de voltar para a cozinha, mas o patrão a segura pelo pescoço.
- Fala, chinoca de batalhão!
- A dona Amélia.. e o Vitor... – diz Lurdinha, com esforço, mas não tem
coragem de continuar.
Max aperta mais o pescoço dela:
- O que tem aqueles dois? Fala antes que tu não consigas falar mais nada
nessa vida!
A empregada fecha os olhos e revela, com um fio de voz:
- Tavam se beijando na rua.
Max larga Lurdinha tão bruscamente que ela cai sentada no chão e fica ali,
passando as mãos no pescoço dolorido e chorando, enquanto o patrão sai
bufando de raiva.

Amélia e Vitor continuam passeando de mãos dadas. Dão alguns passos,
páram para trocar um beijo, continuam andando, trocam mais um beijo...
Caminham como se estivessem flutuando. Estão quase chegando na
estalagem de volta quando Vitor pára mais uma vez e tenta beijar Amélia.
- De novo? – ela questiona, rindo.
- Só mais um, meu amor... – ele justifica, colando seus lábios ao dela.
Aos risos, eles vão continuar o trajeto, mas dão de cara com Max.
- Mas olha quem eu encontro! O casalzinho fujão! Que pena, acabou a
brincadeira de vocês... – ele diz com ironia, depois muda para uma expressão
de fúria – Vamos, Amélia, você vai voltar para casa agora!
Max se aproxima para tentar pegar Amélia, mas Vitor o impede, ficando na
frente dela e gritando:
- Você não vai tocar essas mãos imundas na minha mulher!
Vitor empurra Max, que dá alguns passos para trás e cai, mas logo se levanta.
- Minha mulher, moleque! E sabes o que acontece com quem atravessa o
caminho de Max Martinez, sabes? – ele saca um revólver e aponta para Vitor –
Será que eu acabo primeiro contigo, ou com essa vagabunda?
Max aponta a arma para Amélia, enquanto os curiosos vão se aproximando.
Fred chega correndo e grita:
- Pai, pára com isso!
- Meu filho... presta atenção, para aprender como um Martinez lava sua honra –
avisa Max, visivelmente transtornado, e aponta de novo para Vitor,
engatilhando a arma.
Geraldo se aproxima cuidadosamente por trás e põe seu revólver na cabeça de
Max.
- Larga essa arma, Max.
- Que pensas que estás fazendo, Geraldo? Sai já daí, não te metas onde não
foi chamado! - esbraveja Max.
- Estou tentando impedir uma tragédia. Largue essa arma, ou vou ser obrigado
a usar a minha.
Max ri antes de responder:
- Achas que vou matar minha mulher? Não, ela volta comigo para casa, depois
que eu dar cabo desse moleque – Max atira na direção de Vitor, mas Amélia
num impulso se põe na frente do amado, e cai nos braços dele, com as mãos
na barriga.
- Você está preso, Max! – avisa Geraldo.
- Ah, é? Quem vai me prender? Tu, delegadinho de bosta? – Max vira a arma
para trás e atira em Geraldo, que dispara também, na cabeça de Max, que cai
imediatamente no chão. Geraldo põe a mão no pescoço, de onde jorra sangue,
e olha para a multidão. Seus olhos encontram os de Safira, e ele desaba.
Vitor, desesperado, se ajoelha no chão, segurando Amélia, que mantém as
mãos na barriga, e vê sangue escorrer por entre os dedos dela,
- Amélia, meu amor... não... – as lágrimas escorrem pelo rosto dele.
- Você está bem? – ela pergunta, já respirando com dificuldade.
- Estou, mas você...
Ela fecha os os olhos, e ele grita:
- Não, Amélia, não!!! Não me deixa!
Ricardo se aproxima:
- Vamos leva-la para a ambulância, ela precisa ir para o hospital de Juruanã.
Vou tentar conter a hemorragia até chegar lá.
- Ela vai sobreviver, não vai?
- Claro que vai, Vitor, ela é forte. Vamos, me ajuda a colocá-la na maca.
Vitor ajuda e entra junto na ambulância.
- Vou ficar do seu lado, meu amor... – ele diz, segurando a mão dela.


                                        VII
Fred avisa Manu, que vai para o hospital com Solano, e toma as providências
em relação ao corpo de Max. Depois disso ele os encontra no hospital, onde
Manu chora nos braços de Solano.
Vitor está afastado de todos, num canto da sala, com os olhos cheios de
lágrimas, sem acreditar ainda no que aconteceu. Só de pensar que Amélia
estava quase morrendo por sua causa, ele entra em transe, querendo estar no
lugar dela.
Fred consola a irmã e depois se aproxima de Vitor:
- Vitor, como você tá cara?
- Fred. Foi minha culpa. Minha...
- Pára com isso. Não foi sua culpa, foi do meu pai.
- Ele ia me matar, e ela entrou na frente e...
- Calma, calma. Vai dar tudo certo, a gente tem que se unir, ficar forte agora.
- Eu sei. É que eu não me conformo, eu quero ver a Amélia!
- O médico logo vai vir.
Os dois se abraçam e vão até Manuela e Solano.
- Fred, deu tudo certo com as coisas do pai?
- Sim. Já arrumei tudo.
Manuela chora e diz:
- Como o pai pôde fazer uma coisa dessas? Meu Deus.
Solano a consola:
- Não pensa nisso, meu amor.
- Nossa mãe vai viver, não vai, Fred?
- Claro que sim, maninha. Claro! A dona Amélia é uma fortaleza, esqueceu?
Fred a abraça com força, Vitor se afasta um pouco deles, cruza os braços e se
encosta na parede, com uma tristeza enorme no olhar.

Alguns minutos se passam e o médico chega:
- E então, doutor, como ela está? – Vitor o aborda imediatamente
- A cirurgia transcorreu muito bem e ela agora está em observação. Eu peço
que vocês fiquem calmos e sejam pacientes. Ela vai ser transferida para a UTI,
porque precisa ser monitorada por conta da perda excessiva de sangue, mas já
retiramos a bala alojada no abdômen, que atingiu apenas o baço, sem risco
com relação à outros órgãos. Está tudo sob controle.
- Graças a Deus – Fred diz aliviado.
Manuela abraça Solano sem falar nada, chorando, e Vitor, aflito, diz:
- Eu quero ver a Amélia.
- Sinto muito, mas visitas na UTI não são permitidas por enquanto. Assim que
estiver tudo controlado eu chamo vocês.
Vitor tenta indagar ainda mais, mas Fred o impede e o leva para mais longe do
médico.
- Calma, Vitor, depois vamos vê-la.
- Eu preciso ver a Amélia, Fred. Preciso ver com os meus olhos que ela está
bem.
- Eu sei, todos nós queremos, mas calma, já já vamos vê-la. Se acalma.
Vitor balança a cabeça negativamente, nervoso, e começa a andar de um lado
para o outro.
- Vitor, vamos comer alguma coisa cara, vem comigo...
Ele e Fred vão até a cantina.
Um tempo se passa e o médico libera a visita somente para parentes. Vitor fica
aflito, pois não poderá ver Amélia. Manuela vê o estado dele e tenta amenizar:
- Vitor, amanhã você já pode entrar, nós vamos ficar só alguns minutos
também...
Ele não diz nada, senta no banco e abaixa o rosto, cruzando as mãos sobre a
cabeça.
Manuela e Fred voltam do quarto e dizem que ela está com uma aparência
tranqüila, respirando com auxílio dos aparelhos.
Vitor fica atento nos detalhes que eles contam e não consegue conter as
lágrimas. Ele decide ficar no hospital até a hora da visita.
Somente Vitor passa a noite no hospital. Solano e Manuela voltam para a
estância, pois não querem deixar dona Mariquita muito tempo sozinha. Fred e
Janaína vão para um hotel próximo.
Quando amanhece Vitor é liberado para ver Amélia...

- Pode entrar. – a enfermeira abre caminho para ele, que fixa o olhar em
Amélia deitada na cama.
- Amélia... - Ele diz baixinho, chegando mais perto. – Meu amor.
Vitor chora e com cuidado pega as mãos de Amélia:
- Eu não vou deixar você morrer, eu te prometo. – Vitor beija as mãos de
Amélia com carinho – você salvou a minha vida...
Ele chora sem controle, beija o rosto dela devagar e o médico chega:
- Sinto muito, mas é melhor sairmos, deixá-la descansar.
Vitor a olha por mais alguns longos minutos, acaricia seu rosto e sai hesitante.
O médico o olha com tristeza, e bate em seu ombro:
- Ela vai ficar bem, eu garanto.
Ele diz que sim com a cabeça para o médico e sai do quarto com a cabeça
baixa, passando as mãos nos olhos, retirando as lágrimas que não param de
cair, e se volta para o médico:
- Não deixa ela morrer doutor, eu te imploro. Eu não ia aguentar isso. Ela não
pode morrer... por minha causa.
- Fica calmo, ela está bem.

Algumas semanas se passam e Amélia sai da UTI para o quarto. Vitor passou
todas as noites no hotel próximo ao hospital, esperando esse momento:
- Eu vou poder vê-la hoje, não vou?
- Sim, dois de cada vez vão poder entrar.
Vitor sorri ansioso e Fred diz:
- Manu, o que você acha de deixar um certo cara, nervosão, ir antes da gente?
Todos começam a rir e ela diz:
- Eu acho a ideia ótima, senão já já ele desmaia e vai dar um trabalhão pros
médicos.
- Obrigado, gente. Vocês não sabem o quanto eu preciso...
- A gente sabe, Vitor, você mais do que ninguém merece. Você esteve ao lado
da nossa mãe todo o tempo, tentando evitar tudo isso... Nós imaginamos o
quanto deve estar sendo difícil pra você. – Manuela diz com ternura e
compreensão.
- Obrigado, Manu! – Vitor passa as mãos no rosto, sem paciência.
A enfermeira chega até eles:
- Os primeiros podem vir comigo.
- Vai lá, irmão. – Fred o empurra.
Vitor a segue com o coração acelerado, a enfermeira mostra a porta e ele a
abre devagar.


                                     VIII
Amélia está encostada no travesseiro com os olhos fechados. Vitor caminha
até ela, a olhando fixamente e senta ao seu lado sem dizer nada. Ela percebe
sua presença, e então abre seus olhos:
- Vitor...
- Oi, meu amor... – Ele pega suas mãos e a olha sem dizer mais nada.
- Que bom... te ver. – Amélia diz com dificuldade e com a voz baixa.
- Você está se sentindo bem?
Ela diz que sim com a cabeça, com uma das mãos perfaz todo o rosto de Vitor
com os dedos e sorri:
- Eu amo você.
Vitor começa a chorar:
- Amélia, me perdoa. Me perdoa? Você não precisava estar aqui, foi culpa...
Amélia cerra os lábios dele com os dedos:
- Pára, não diz isso. Eu faria tudo exatamente da mesma forma. Não foi culpa
nossa, e sim do Max.
- Mas eu poderia ter evitado...
- Não! Aconteceu como deveria acontecer. Você é minha vida. Vitor, eu nunca
deixaria o Max fazer nada contra você. Ele é meu marido, nosso
relacionamento só foi complicado porque eu deixei o tempo passar.
- Calma, meu amor. Fica calma. Não é nada disso, a gente não precisa falar
disso agora.
- Eu só quero que você saiba que eu não me arrependo e que nunca te
culparia, entendeu?
Vitor não aguenta e a beija nos lábios, não a deixando falar mais nada. Logo se
desprende e diz eufórico:
- Eu te amo tanto... Se eu te perdesse eu morreria. Minha vida não tem sentido
sem você, Amélia.
Ela o beija levemente e sorri, olhando para ele sem parar.
- E o Max? O que aconteceu?
Vitor fica pensativo mas decide dizer:
- O Max morreu, Amélia. Ele e o delegado trocaram tiros, acho que você não
deve ter visto nada naquele momento. Mas nenhum dos dois resistiu... E o
velório já aconteceu.
- Meu Deus, quanta tragédia. – Amélia fica tensa e chora. - O Max por fim
conseguiu destruir a própria vida com tudo isso.
- Sim. Era o mais provável, mas fica calma, meu amor, agora tudo passou... -
Vitor se levanta e a abraça beijando sua testa.
- E os meus filhos? Como eles estão com isso tudo?
- Eles estão tristes, mas seguraram firme. Estão todos bem e ansiosos pra te
ver. Vou chamá-los.
- Vitor! – Amélia o puxa pela braço e sorri. – Eu estava com muita saudade.
- Eu também, eu também. – Vitor beija suas mãos novamente com os olhos
fechados. – Agora a gente vai ser feliz, eu te prometo.
- Te amo! – Ela diz baixinho e os dois sorriem, aliviados.

Manuela, Fred e Janaína visitam Amélia e depois de três dias ela volta para
casa. Vitor e Amélia estão no quarto dela na fazenda e ele pergunta:
- O que você pensa em fazer? Sair daqui?
- É o melhor. Eu não vou aguentar ficar nessa casa, lembrar de tudo. Passei
momentos lindos com meus filhos aqui, mas prefiro sair, porque predomina a
presença do Max.
- A missa de um mês é amanhã, não é?
- Sim. Está sendo tão difícil pra Manu e pro Fred. As coisas poderiam ter
acontecido de forma diferente, mas... Deus sabe o que faz.
Vitor a abraça e de repente mostra duas passagens com um sorriso de menino
levado no rosto:
- Olha! Eu acabei de fazer contato com um pessoal da Ásia pra exportar as
suas peças!
- Jura? Isso é maravilhoso, Vitor!
- Pois é, e nós vamos juntos. Vamos esperar mais algumas semanas pra você
se recuperar e vamos pra nossa... lua-de-mel! Não fico nem mais um segundo
longe de você.
- Vitor... – Amélia sorri e o beija com carinho.- Mas e meus filhos? Será...
- Amélia, eles mesmos me incentivaram. Fica tranquila.
Vitor sorri, a abraça pela cintura e a beija apaixonadamente.
Nesse instante, Manuela e Fred chegam na fazenda. Eles batem na porta do
quarto e entram:
- Mãe, Vitor... E aí, tudo bem? – Manuela diz sorrindo para eles.
- Sim, filha, estou aqui arrumando minhas coisas. Acho que vou passar só mais
os dias que o médico recomendou aqui na fazenda e depois eu vejo o que
faço.
- Certo. Depois a senhora poderia ficar na estalagem com o Vitor, não é? Sei
que vai ser difícil ficar por aqui.
- Pois é. Bem difícil.
Vitor sorri e abraça Amélia na cintura, olhando para Fred e Manu:
- Eu acho uma ótima idéia ela mudar para o meu quarto!
Amélia sorri sem graça e Fred diz brincando:
- Olha lá, hein, Vitor. Eu tô de olho em você.
Todos começam a rir e parece que a paz em Girassol finalmente está voltando.

Amélia dorme na fazenda com Manuela, enquanto Fred e Vitor voltam para a
cidade. Eles combinam de passar na fazenda logo cedo para irem juntos à
missa de Max e Geraldo.
Já é de manhã e todos estão na igreja. O padre diz algumas palavras para Max
e Geraldo, citando a vida desregrada dos dois, porém enfatizando que apesar
de tudo eram filhos de Deus, pedindo assim que os dois descansassem em
paz.
Manuela chora nos braços de Solano enquanto Janaína abraça Fred. Vitor
segura Amélia pela cintura, e ela encosta a cabeça nos ombros dele, fazendo
com que todos reparassem que os dois estavam realmente juntos.

No final da missa, Amélia encontra Safira e diz:
- Safira, vem aqui. – Ela pega em suas mãos. – Queria dizer que eu sinto muito
e que não te julgo por nada. Muito obrigada por interceder por mim com o
Geraldo, foi muito corajoso da sua parte. A Pérola me contou tudo.
Vitor concorda:
- Obrigado, Safira, você ajudou bastante.
- Imagina... Eu gosto muito da senhora, dona Amélia. Eu cresci junto com você,
a Manu e o Fred. Nunca ia permitir que algo de ruim acontecesse.
- Eu sei – As duas se abraçam carinhosamente.
- E eu queria desejar muita felicidade pra vocês dois. De verdade.
- Obrigada, querida. Eu desejo o mesmo a você. Você é tão linda e jovem, logo
vai encontrar alguém pra ficar ao seu lado. – Amélia sorri para Safira e toca
seus cabelos.
Safira responde com um sorriso triste:
- Obrigada, dona Amélia.
Logo atrás Nancy aparece e cumprimenta Amélia e Vitor:
- Oi, Vitor, oi, Amélia. Espero que agora vocês consigam ficar em paz.
Amélia sorri:
- Obrigada, Nancy, pela ajuda que você nos deu, nem tive tempo de te
agradecer.
- Imagina, dona Amélia, podem contar sempre comigo.
Vitor concorda e acrescenta:
- É, Nancy, você ajudou a praticamente salvar a vida da minha mulher numa
situação bem complicada... A gente fica te devendo essa. – Vitor abraça Amélia
e beija seu rosto, ela retribui tocando o rosto dele e sorrindo levemente.
- Até mais – Vitor se despede de Nancy e das “jóias”, e ele e Amélia seguem
até o carro, até que avistam Estela de longe e ela se aproxima.
- Estela? – Manuela diz, junto com Solano.
- Oi, Manuela, vim desejar melhoras a vocês, espero que essa tempestade
passe logo.
Manuela olha para Solano e depois para Estela:
- Obrigada, Estela. Eu queria te agradecer...
- Agradecer?
- Sim, você ajudou muito minha mãe e o Vitor, a se esconderem do meu pai.
- Imagina, fiz o que achava certo.
Nisso, Amélia interrompe e também agradece:
- É verdade, Estela, muito obrigada.
- Imagina. E eu desejo que vocês sejam muito felizes. – Estela vai embora com
tristeza no olhar vendo Manuela e Solano juntos. Os dois a olham com pena.
Vitor e Amélia se despedem de Manuela, Solano, Janaína e Fred, entram no
carro e seguem para a fazenda.


                                        IX
Chegando lá, Vitor sobe até o quarto junto com Amélia:
- E então? Posso saber o que essa cabecinha está pensando? Você tá tão
longe. – Vitor pega nas mãos de Amélia e depois segura seu rosto.
- Nada, só estou me sentindo um pouco estranha com tudo o que aconteceu.
Ainda não caiu a ficha.
- Meu amor... Isso tudo vai passar... se você deixar eu cuidar de você, prometo
te fazer a mulher mais feliz desse mundo.
Amélia sorri e de repente esquece da sua angústia, enxergando apenas Vitor
em sua frente e desejando que o tempo parasse naquele instante:
- Sem você aqui comigo eu... eu nem sei. Não sei se aguentaria tudo isso. Eu
te amo tanto. – Ela diz olhando com tristeza e paixão nos olhos de Vitor, que
não diz nada e a beija intensamente, guiando-a até a cama e se preocupando
todo o tempo em ser cuidadoso. Mesmo sob recomendações médicas para não
se esforçar, Amélia não resiste aos carinhos e confia plenamente nos cuidados
de Vitor, e então os dois se entregam a um amor desesperado, que só se fez
aumentar depois de tanto sofrimento.

O dia amanhece e Vitor acorda. Ele olha para o lado e fica maravilhado ao ver
Amélia dormindo abraçada em seu peito, e a beija devagar. Ela então desperta:
- Bom dia.
- Bom dia, meu amor. Dormiu bem, está tudo bem?
- Muito bem! – Amélia sorri e dá um beijo rápido nos lábios de Vitor, que a puxa
novamente e a beija com mais intensidade.
Depois do beijo, Amélia acaricia o rosto de Vitor, perguntando:
- Que horas são? – Vitor pega seu relógio no criado-mudo:
- Meio-dia em ponto.
- Meu Deus, o que você fez comigo pra eu dormir até essa hora?
- Hum, você esqueceu? Eu posso fazer tudo de novo e a gente acorda só
meio-dia do outro dia, o que você acha?
- Seu bobo! – Amélia começa a rir e deita no peito de Vitor, o abraçando. –
Apesar de tudo eu estou tão feliz, sabia? Já cheguei a pensar que a gente
nunca ia conseguir ficar assim algum dia... Juntos.
- Eu também! Eu sou o homem mais feliz desse mundo, e agora eu posso sair
gritando pra Girassol inteira que você é minha mulher. Só minha!
Amélia sorri e Vitor se debruça sobre o corpo dela levemente, ainda cheio de
cuidados para não machucá-la por conta da cirurgia, beijando-a com paixão.
Os dois se amam novamente, sentindo que não havia mais nada além daquele
sentimento forte que os devorava cada vez mais.
Depois dessa noite e manhã juntos, Amélia e Vitor passam as outras noites
separados, pois Manuela resolve ficar o tempo estipulado pelo médico,
cuidando da mãe. Vitor a visita todo o momento e os dois já vão planejando a
viagem, ansiosos.

Dois meses se passam e Amélia se recupera totalmente. Vitor passa na
fazenda para pegá-la e a ajuda a arrumar as malas:
- Amélia, você vai levar tudo isso?
- Tudo isso não... São coisas básicas.
 Vitor começa a rir e a segura por trás pela cintura, beijando sua nuca:
- Sabia que eu te amo?
- Vitor... pára. Deixa eu arrumar a mala, senão eu não termino hoje!
- Mas a gente tem uns bons minutinhos ainda. Eu tô com tanta saudade...
Amélia se desprende dos braços dele com dificuldade, tentando resistir aos
beijos, quando se solta, ela beija Vitor fixando com força seus lábios nos dele e
diz:
- Quando chegarmos no RJ a gente aproveita todo o tempo perdido.
- Ah, não acredito. Eu não vou conseguir esperar essa viagem.
- Vai sim. Sossega e me ajuda a levar as malas até o carro! – Ela sorri e puxa a
mão de Vitor, carregando uma das malas.
- Não, eu levo todas. – Vitor a beija e carrega as malas para fora do quarto.

Os dois se despedem de Manuela e Fred e seguem para Juruanã, pegando um
avião até o RJ, onde passam dois dias até seguirem para a Jordânia - principal
país no qual Vitor conseguiu exportar as bijuterias da “Rurbano”.

Chegando no Rio, Vitor e Amélia entram no quarto do hotel, cansados da
viagem, porém não resistem um ao outro:
- Eu tava contando os minutos, os segundos pra chegar nesse quarto de hotel.
– Vitor puxa Amélia pela nuca, olha fixamente nos seus lábios e a beija
apaixonadamente.
- Espera, Vitor. – Amélia se esquiva, eufórica com o beijo. – Calma! Preciso
tomar um banho... A viagem foi cansativa.
- Sério? Então eu vou junto. – Ele a puxa novamente e Amélia o repreende
com as mãos:
- Você me espera aqui? – Ela dá um selinho em Vitor. – Por favor?
Amélia sorri e Vitor a olha desapontado:
- Tudo bem, vai. Eu vou arrumando as coisas então.
- Ótimo.
Ela dá um beijo no rosto de Vitor e toca seu rosto, depois vai até o banheiro.
Poucos minutos se passam e Vitor fica olhando para a porta do banheiro, até
que não resiste e resolve entrar. Amélia já estava dentro da banheira, coberta
por espuma:
- Vitor! O que você tá fazendo aqui?
- Não resisti! Desculpa meu amor... Eu não consigo mais ficar longe de você,
nem que seja em outro cômodo. – Ele sorri de um jeito levado.
Amélia começa a rir:
- Você não tem jeito mesmo!
Ele se aproxima da banheira, se abaixa ao lado dela e pega sua nuca, falando
bem próximo aos seus lábios:
- Meu Deus! Como você tá linda!
Amélia fixa seu olhar nos lábios de Vitor, já fechando os olhos e os dois se
beijam. Vitor levanta e tira sua roupa, entrando na banheira junto com Amélia.
- Você é maluco mesmo!
- Sou! Maluco, doido, alucinado. – Ele puxa o cabelo de Amélia beijando seu
pescoço e depois seus lábios. E os dois finalmente se amam.


                                         X
Durante a tarde, Amélia e Vitor vão juntos até a empresa de um dos
fornecedores, fazem novas aquisições e resolvem passar o restante do dia e o
dia seguinte aproveitando os pontos turísticos e as orlas da cidade.
Os dois param em uma mureta em frente à Lagoa, Amélia se encosta e Vitor
fica de frente para ela, com as mãos entrelaçando sua cintura:
- Eu nem acredito que a gente tá aqui... juntos, sozinhos, em paz.
Vitor a beija. Depois do beijo Amélia toca o rosto de Vitor com as duas mãos:
- Parece um sonho. Eu nunca senti isso na minha vida.
- E o que você tá sentindo?
- Uma mistura de amor, com paixão, com alívio, carinho, felicidade sem fim.
Vitor abre um sorriso imenso e a beija intensamente.
- Eu te quero tanto, tanto... Quero te fazer feliz assim, pro resto da vida.
Os dois se beijam novamente e seguem caminhando pela Lagoa.

No dia seguinte Vitor conversa com Amélia, que está se arrumando no
banheiro:
- Amor, pra esse nosso último dia aqui no Rio eu marquei um horário no
escritório de um amigo meu. Quero umas opiniões dele sobre o nosso negócio.
Amélia sai do banheiro com um vestido longo de verão, colocando os brincos:
- Ah é? Você não tinha me falado nada sobre esse seu amigo... Ele trabalha
nessa área?
- Hum. Mais ou menos. No caminho eu te explico... E você tá pronta? – Vitor
vai se aproximando. - Tá maravilhosa...
Vitor olha Amélia de cima abaixo, com desejo nos olhos, beija seu pescoço e
segura sua cintura. Ela sorri e diz:
- Sim. Estou prontíssima. Vamos?
Os dois se beijam, Amélia pega sua bolsa e eles saem de mãos dadas.

Vitor desconversa o motivo da visita ao amigo durante todo o trajeto até
chegarem no local:
- Vitor, você não vai me explicar mesmo qual o motivo desse encontro com seu
amigo?
- Você vai entender.. .- Ele sorri para ela, animado.
- E aí, Gustavo, quanto tempo! Como você tá? – Vitor cumprimenta o amigo
com um abraço.
- Vitor Villar! Que surpresa, meu amigo... Nem acreditei quando você me ligou.
- Pois é cara, a vida anda meio corrida. Mas hoje vou precisar da tua ajuda,
espero que não leve em consideração esse tempinho sem nos falarmos.
- Que isso, eu achei fantástico esse teu investimento. Só por isso eu relevo!
- Deixa eu te apresentar minha mulher... Amélia, Gustavo... Gustavo, Amélia...
- Prazer, Gustavo.
- O prazer é todo meu... Com todo o respeito, Vitor, você mudou muito. Anda
muito esperto, hein, cara... Muito bonita sua esposa.
- Ah, obrigada! Mas nós ainda não somos casados... - Amélia sorri sem graça.
- Ainda, né, amor... Bom, eu concordo com você. Mulher como essa, meu
amigo, não existe igual – acrescenta Vitor.
Os dois começam a rir, e Amélia continua sem graça, sorrindo.
- Então, vamos indo até o estúdio, pra fazermos as fotos?
- Fotos? Que fotos? – Amélia se assusta, sem entender.
- Pode ir andando, Gustavo, já te alcanço!
O amigo vai até o estúdio enquanto Vitor puxa Amélia para o canto da sala,
onde finalmente explica tudo para ela:
- Amor, eu te trouxe aqui porque esse meu amigo trabalha com a produção de
catálogos, com modelos. Eu achei que seria fantástico se você fotografasse
dessa vez sozinha, usando suas bijuterias... - Vitor se empolga e volta a falar:
- Na realidade eu adorei sua idéia dos catálogos, desde o princípio. E imagina,
só você estampada num catálogo, linda... – Ele a olha com paixão e toca seu
rosto - Vai induzir ainda mais o desejo das mulheres em ficarem parecidas com
você!
- Vitor... Eu...nem sei o que dizer. O Fred fez minhas fotos com as meninas pro
catálogo aquela vez e foi algo mais familiar... Mas faz tanto tempo que não faço
nenhum ensaio sozinha, profissional... E eu não tenho mais idade pra fazer
isso agora, todo o tempo...
- Amélia... Não fala isso de idade, por favor. Você viu o Gustavo falando, te
elogiando. Fora que as fotos do catálogo anterior ficaram maravilhosas. E ele
entende muito disso. Pode ter certeza... todo mundo confia em você, agora a
senhorita – Vitor toca o rosto de Amélia novamente – é que precisa acreditar
mais em você... na sua beleza, nos seus múltiplos talentos.
Amélia começa a rir com os olhos brilhando e toca também o rosto de Vitor:
- Ai, meu querido... Só você pra me motivar desse jeito... a fazer coisas que eu
nunca imaginei que faria de novo.
- Eu amo você, Amélia. Eu acredito em você, não porque eu te amo, mas
porque você é, sempre foi uma mulher especial, cheia de qualidades... enfim,
ficaria aqui o dia todo listando tudo isso, mas não temos muito tempo...Vamos
lá?
- Ai, meu Deus, vamos!
Vitor a guia puxando sua mão até o estúdio. Gustavo se aproxima e diz:
- E aí, Amélia, vamos pra maquiagem?
Amélia olha para Vitor com dúvida, e ele pisca para ela acenando
positivamente com a cabeça, e ela então segue segura até o maquiador.

Depois da maquiagem, Amélia nem precisa de um figurino novo, pois seu
vestido caiu perfeitamente para as fotos do catálogo: sofisticado e moderno.
Vitor olha para ela maravilhado e diz gesticulando:
- Você tá linda!
Amélia sorri e começa a tirar as fotos, como se estivesse retomando sua
carreira de modelo. Ela se sente confortável e fotografa tranquilamente.
Terminando a sessão de fotos, Gustavo diz:
- Amélia, as fotos ficaram sensacionais. Você por acaso já tirou foto antes? É
praticamente uma profissional!
Vitor os interrompe:
- Gustavo, você está falando com uma modelo profissional, que estava um
tempo inativa, mas que agora voltou com tudo.
Amélia balança a cabeça como se achasse exagero da parte de Vitor.
- Jura? Então você já foi modelo? Eu sabia! Sempre reconheço esses talentos
de longe.
- Imagina, faz tanto tempo que isso aconteceu. Nem sei como consegui ficar
confortável nessas fotos. Mas sua equipe é muito boa, me ajudou bastante...
- Que isso! Você não precisa de ajuda alguma, Amélia. O Vitor tinha razão
quando me ligou e disse que iria me trazer uma surpresa e tanto. São poucas
as mulheres que fotografam tão bem num primeiro ensaio aqui no estúdio.
Parabéns!
- Obrigada! - Amélia sorri e aperta as mãos de Gustavo, seguindo para o
vestiário.
- Amor, me espera aqui? Vou tirar a maquiagem.
- Claro, te espero! – Vitor sorri e a beija.


                                       XI
Vitor e Gustavo conversam enquanto Amélia não retorna:
- Sério mesmo, Vitor, não foi pra puxar seu saco, não, mas tua mulher arrasou.
As fotos já ficam prontas hoje mesmo. Passa aqui mais tarde, depois do
almoço.
- Valeu cara! Tô ansioso pra ver essas fotos!
Os dois se cumprimentam e Amélia chega:
- E então? Vamos?
- Vamos meu amor. O Gustavo disse que as fotos ficam prontas hoje, depois
do almoço. Vamos almoçar aqui perto e voltamos.
- Tudo bem.
Os dois se despedem de Gustavo e saem.
Na mesa do restaurante, Amélia diz, segurando as mãos de Vitor:
- Nem sei como te agradecer por tudo.
- Agradecer?
- Foi tudo tão maravilhoso. Eu adorei a surpresa...
- Você é perfeita pra ser a modelo da Rurbano. Ou melhor, você é perfeita pra
ser a “minha” modelo!
Amélia entrelaça seus dedos nos de Vitor e ele a olha apaixonadamente,
sorrindo sem parar.

Depois do almoço eles retornam ao estúdio e olham o resultado das fotos junto
com Gustavo:
- Olha pra isso, cara, tua mulher é perfeita pra esse catálogo. Com todo
respeito, ela ficou maravilhosa.
- Menos, cara, você tá muito abusado! – Vitor diz, em tom de brincadeira.
Amélia sorri encabulada olhando para as fotos, sem saber o que dizer. Vitor se
anima:
- Meu Deus, meu amor! Olha essa foto aqui... Tá maravilhosa! Como você
conseguiu ficar ainda mais linda do que já é?
- E olha que a gente aqui não usa Photoshop, hein? – Gustavo ri e Vitor diz:
- Nossa, meu amor. Você ficou perfeita. Conseguiu superar todas as minhas
expectativas, olha pra isso!!! – Vitor olha as fotos novamente e dá um beijo de
leve em Amélia, sorrindo para ela.
- Obrigada, meu amor. Eu nem sei como agradecer vocês. Eu adorei o
resultado, ficou mesmo muito bacana. Eu confesso que não imaginava fazer
um ensaio profissional depois de tanto tempo... – Amélia olha surpresa e feliz
para as fotos.

Vitor, Amélia e Gustavo conversam sobre a divulgação do catálogo, que será
impresso e distribuído em breve. Gustavo comenta que pensa em chamar
Amélia para outros tipos de propaganda como outdoors, se o negócio der certo
e até mesmo para outras marcas. Amélia diz que irá pensar com calma depois
e os dois se despedem de Gustavo, seguindo para o hotel.

- Meu amor, agora eu fiquei pensando aqui... Se você retomar sua carreira de
modelo, eu não sei se vou aguentar. Acho que vou ficar com ciúmes...
Amélia sorri junto com Vitor:
- Hum, seu bobo... Se isso acontecer a culpa vai ser só sua!
Vitor a pega pela cintura com um abraço:
- E eu não gostei do Gustavo ficar te elogiando tanto daquele jeito. Tô quase
me arrependendo dessa idéia das fotos e rompendo a amizade com ele.
Amélia sorri e toca o rosto de Vitor com carinho:
- Não acredito. Você tá com ciúmes?
Vitor sorri e nega com a cabeça. Amélia sorri ainda mais e diz, beijando
levemente seus lábios:
- Que bonitinho!
Ele se desprende do beijo e segura o rosto de Amélia:
- Você é minha, só minha, entendeu?
- Claro. Só sua. – Amélia o beija novamente – Completamente e eternamente
sua.

De repente o celular de Vitor toca:
- Ah, não acredito. Logo agora...
- Atende. – Amélia ri e se desprende de Vitor para que ele possa atender.
- Alô, Gustavo? Sei... eu? Como assim? Não, tudo bem, tô indo praí sim.
- O que foi?
Vitor desliga, assustado.
- O Gustavo... disse que quer fazer mais fotos.
- Mais fotos? Por quê? Aquelas não deram certo?
- Não, ele disse que quer nós dois juntos.
Amélia fica boquiaberta e começa a rir:
- Não acredito!
- Pois é... Amélia, agora a culpa é toda sua. Como é que eu vou conseguir ser
um protótipo de modelo? Sem chances...
- Meu amor, o que é isso agora? Você me motivou e agora está caindo fora do
barco? Nada disso!
- Amélia, é diferente, vai... Não vai dar certo, nunca fiz isso na vida.
- Vitor! Vou repetir o que você me disse... Acredita em você.
- Ah, não sei não... - Vitor se desprende das mãos de Amélia, que tocava seu
rosto.
- Calma, querido. Se você não quiser, tudo bem. Mas a gente podia tentar...
Que tal você se olhar no espelho? Olha que modelo lindo você daria.
Amélia o vira de frente para o espelho do quarto, ficando atrás dele. Ela o beija
no rosto, olhando para os dois no espelho:
- E então? Vamos?
Vitor a olha no reflexo do espelho e se vira rapidamente, pegando com força
sua cintura e a beijando intensamente.


                                         XII
Chegando no estúdio, Vitor também se prepara. Ele é vestido com uma camisa
pólo azul marinho e calça jeans com customização surrada. Amélia se veste
com um vestido azul em um tom mais claro e sofisticado.
Os dois fotografam abraçados. Amélia entrelaça os braços no peito de Vitor
fazendo com que a pulseira da Rurbano ficasse em evidência.
No final da sessão, Gustavo diz:
- Maravilhoso! Ficou fantástico!
O amigo de Vitor já havia configurado as fotos no computador enquanto os dois
fotografavam e o resultado saiu na hora:
- Vitor! Você ficou ótimo! – Amélia diz, deslumbrada.
- Você que me encorajou. – Vitor pega na mão de Amélia olhando para a tela
do computador - Meu Deus, nunca pensei que ia fazer isso um dia, mas
realmente ficou muito bom.
Os dois se abraçam e saem felizes com o resultado das fotos. Chegando no
quarto do hotel, Vitor não resiste mais e beija Amélia com fervor. Os dois
caminham até a cama, tirando suas roupas e se amando, felizes com o dia
maravilhoso que tinham passado.

Depois do RJ, Amélia e Vitor pegam um avião e partem para a Jordânia.
Eles fazem todos os trâmites necessários para a negociação das bijuterias e
saem felizes com o sucesso do negócio.
- Amélia! Você é espetacular. Com essa sua visão empreendedora, seu talento,
a gente vai ganhar o mundo com a Rurbano! – Vitor a pega na cintura e a beija
no rosto, animado, caminhando até o hotel.
- Ah, até parece. A maior parte você me ajudou, sem você isso tudo não teria
nem começado.
- Não adianta, meu amor. Você é a cabeça da Rurbano, você é o conceito, e
por isso é um sucesso. Ponto final.
Amélia sorri e os dois seguem de mãos dadas.

Eles ficam uma semana na Jordânia, os negócios são resolvidos em poucos
dias e eles conseguem a maior parte do tempo só para os dois, visitando os
monumentos do local, tirando fotos, andando de mãos dadas sem que ninguém
os condenasse.
Vitor havia reservado um Hotel Resort, com todo o tipo de serviço disponível.
Todos os dias eles jantavam em restaurantes diferentes com comidas típicas
de diversos países. No último dia, Vitor e Amélia vão a um restaurante
brasileiro:
- Ai, que saudade desse clima brasileiro... Nada se compara com as comidas
típicas da Terê, com as receitas da Lurdinha, mas estou adorando!
- Que ótimo, meu amor. – Vitor pega nas mãos de Amélia sobre a mesa. -
Acertei então o local pro dia de hoje...
- Dia de hoje? Eu esqueci de alguma coisa? – Amélia se assusta.
- Não, calma. – Vitor sorri se divertindo. – Vamos pedir a comida.
- O que foi, Vitor? – Nesse instante o garçom chega e Amélia não consegue
descobrir nada sobre o assunto.
Os dois terminam de jantar e Vitor pede uma garrafa de champagne:
- Vitor, eu acabei de beber uma taça inteira de vinho. Não vou te acompanhar
no champagne.
- Ah, vai sim. Nem que seja só um brinde.
- Brindar? Ai, Vitor... - Amélia fica curiosa e assustada, pensando no que Vitor
estava “aprontando”.
Ele chama o garçom, que traz as taças e o champagne. Nisso, Vitor levanta a
taça e diz:
- Amor, eu queria poder dizer com todas as palavras o quanto eu me sinto feliz,
apaixonado, realizado. Mas é tão grande, tão intenso, que eu ficaria uma
eternidade só tentando me expressar. – Amélia sorri, maravilhada, e ele
continua – E depois de tudo que nós passamos pra ficarmos juntos, eu
realmente acredito que era pra ser, que vai ser, pra sempre. Nós dois juntos,
sem impedimentos daqui pra frente.
Ele brinda na taça de Amélia e continua:
- Quero brindar a nossa felicidade, ao nosso amor, que está apenas
começando.
Amélia fica sem palavras e emocionada com as palavras de Vitor tenta dizer:
- Eu... nem sei o que dizer. Eu me sinto exatamente como você. Sonhando
acordada ainda. E é o que eu mais quero... passar o resto da minha vida do teu
lado, te amando, sendo amada, sem impedimentos.
Vitor se levanta um pouco da cadeira alcançando os lábios de Amélia. Depois
que ele retorna, pega algo no bolso.
- Espera. Ainda não terminou.
- O que?
Vitor mostra uma caixinha, e Amélia não acredita no que vê.
- Meu Deus, Vitor, o que é isso?
- Abre! – Ele sorri, com os olhos brilhando.
Amélia abre a caixinha e se depara com um anel de ouro e rústico, assim como
as peças da Rurbano.
- Gostou? Eu mandei confeccionar quando estávamos com os fornecedores no
RJ. Sem que você percebesse. Eles entenderam bem o seu gosto? Acertei?
Ela fica sem palavras durante alguns minutos, só olhando para o anel.
- Você não gostou? – Vitor fica preocupado.
- Não... não é isso. Pelo contrário. É a coisa mais linda desse mundo. Como
você consegue?
- Consigo...?
- Como você consegue ser perfeito em tudo? Quando eu penso que não posso
mais ter nenhum tipo de felicidade a mais, você aparece com um extra - Amélia
sorri, emocionada.
Vitor fica aliviado e segura as mãos de Amélia, olhando-a fixamente:
- Esse anel não foi só um simples presente. Queria algo que pudesse
representar uma tradição entre casais apaixonados.
- Tradição?
- Sim. Aquela com anéis de compromisso e um pedido, como esse...
Vitor se levanta, pega de volta a caixinha com o anel e vai até a cadeira de
Amélia estendendo sua mão à ela.
Amélia fica olhando para ele e para os lados, sem entender:
- O que é isso, Vitor?
- Levanta. Vem comigo.
- Pra onde?
- Confia em mim.


                                       XIII
Os dois deixam a mesa, Vitor pisca para o garçom avisando que já havia
deixado a conta paga. E eles seguem para um jardim atrás do restaurante, ao
ar livre.
- Eu queria que esse momento fosse perfeito, que você se lembrasse pra
sempre...
- Tudo está perfeito... – Vitor cerra os lábios de Amélia com os dedos,
delicadamente, e depois retira o anel da caixa, pegando nas mãos dela:
- Ainda não está tudo perfeito. Falta uma coisa, uma pergunta. – Ele pega
somente a mão direita de Amélia com o anel nas mãos e diz:
- Amélia... Você quer ser minha mulher, oficialmente?
Amélia coloca a mão esquerda no rosto, incrédula e sorri.
- Meu Deus!
- E então? Sendo mais direto... Você aceita se casar comigo, se tornar uma
Villar. Maria Amélia Villar?
Ela acaricia o rosto de Vitor, sorrindo emocionada, e depois de algum tempo
consegue dizer:
- É claro que eu aceito, meu amor. É claro!
Vitor coloca o anel no dedo de Amélia e nem a espera falar. Logo a beija com
desejo, como se fosse a primeira vez que estivessem se conhecendo. Como se
não houvesse ninguém mais naquele local, além dos dois e a lua - que
aparecia no céu para testemunhar o começo de uma nova vida.

Depois do pedido de casamento, Vitor e Amélia retornam para o quarto do
hotel, onde irão passar a última noite juntos na Jordânia. Quando Amélia entra
no quarto, Vitor a olha abrir a porta com um olhar suspeito, de quem havia
aprontado alguma coisa. Amélia estranha e sorri. Ao abrir a porta do quarto ela
se depara com pétalas de rosas, vermelhas, cor-de-rosa, brancas e amarelas,
espalhadas por todo o lugar, fazendo um caminho até a cama, que estava
também coberta por pétalas. Ao lado da cama um champagne e duas taças.
Vitor a pega pelo braço e a leva até a cama, pegando as taças e dando uma a
ela:
- Eu sei que já bebemos muito. Mas é só um último brinde, pra fechar a noite,
prometo! Ele brinda no copo de Amélia, que diz:
- Meu Deus Vitor! Eu nem sei o que dizer, tá tudo tão lindo... as rosas, tudo...O
que mais pode acontecer? Tenho até medo! – Amélia começa a rir.
Vitor chega mais perto dela, tira a taça de sua mão e coloca na mesa ao lado,
depois volta e segura sua nuca. Fechando os olhos, ele começa a percorrer
todo o rosto e o pescoço de Amélia, sentindo seu perfume, beijando-a devagar
por todas as partes do seu rosto, pescoço, até chegar nos lábios. Os dois se
beijam ardentemente e Vitor a conduz até a cama, debruçando seu corpo sobre
o de Amélia, ele beija seu corpo retirando a sua roupa ao mesmo tempo.
Ela prende seus dedos com força nos ombros de Vitor, já sem camisa, e os
dois se amam a noite toda.

Pela manhã, Vitor recebe o café reforçado que já havia encomendado no dia
anterior. Antes de Amélia acordar, ele ajeita o café em uma mesa ao lado da
varanda, com vista para o mar.
Ele toma um banho, veste um roupão e senta na cadeira, admirando Amélia
dormindo.
Quando ela acorda, olha para ele esticando os braços, ainda com sono:
- Bom dia.
- Bom dia, meu amor.
- Nossa, que mesa linda é essa?
- Tudo pra você!
- Ai, meu Deus! Quando é que você vai parar de me surpreender, hein? E olha
que a gente nem está em lua-de-mel!
- Como não? Vamos ter duas! Essa e mais uma em Girassol, já casados. –
Vitor vai até a cama e beija Amélia, deitando-se sobre ela.
- Vou me levantar. Já já a gente precisa pegar o avião de volta. – Amélia dá
mais um beijo em Vitor e se desprende dele, indo até o banheiro.
- Calma que volto logo pro café. Não come tudo antes de mim!
Vitor sorri:
- Não demora que eu não deixo nada pra você, hein.
Os dois tomam café juntos e terminam de arrumar as malas, seguindo logo
para o aeroporto.

Chegando em Girassol, Amélia e Vitor vão até a fazenda, onde estão Fred e
Manu esperando pelos dois.
- Olha só! O casalzinho chegou! – Fred diz em tom de brincadeira.
Manu corre até a mãe e a abraça:
- Mãe, que saudade... Foram quase duas semanas, mas parecia uma
eternidade. Preciso te contar tanta coisa.
- Ah, essa mulherada. Só quer saber de fofoca. – Fred brinca com as duas.
Vitor ri junto com todos e abraça a cintura de Amélia:
- Antes de tudo eu tenho que contar uma coisa muito importante.
- Ai, meu Deus, o que é? – Manu fica apreensiva.
Fred também fica:
- Fala cara! Tá me deixando curioso.
- É que...
Vitor solta da cintura de Amélia e a olha:
- Você conta ou eu conto?
- Conta você!
Manuela acaba ficando nervosa:
- Ai, gente, deixa de suspense!
- Tá bom! Daqui alguns poucos dias – eu espero – eu e a mãe de vocês vamos
estar oficialmente registrados na lei de Deus e dos homens, como sendo um do
outro. Não é mesmo, dona Amélia Villar?
Amélia sorri:
- Pois é. É isso. Acho que vocês ganharam um padrasto.
Manuela começa a rir sem parar:
- Gente! Desculpa. É que eu juro, não imagino o Vitor como meu pai. Isso é tão
bom e ao mesmo tempo tão engraçado.
- Pois é, maninha, acho que vamos ter que acostumar com a idéia, porque
esses dois parecem muito decididos.
Vitor os interrompe:
- Isso aí, Fred. Vocês vão ter que acostumar com o papai aqui!
Amélia começa a rir e dá um beijo no rosto de Manuela que está ao seu lado:
- Mas é sério? Vocês não se importam que eu me case de novo?
- Claro que não, mãe. Isso é o que a gente mais quer.
- Isso mesmo, dona Amélia. Trata de ser muito feliz! E Vitor... juízo hein cara,
cuida bem dessa mulher aí, que ela é uma rainha.
- Não precisa nem pedir, Fred. Eu prometi e vou cumprir. Vou fazer da mãe de
vocês a mulher mais feliz desse mundo, assim como ela me faz imensamente
feliz.
Manu e Fred olham felizes para o casal que se beija rapidamente.
- Bom, vou subir queridos. Estou muito cansada da viagem.
- Claro, mãe, descansa bastante.
- Tchau, mãe, se cuida. Depois que a senhora descansar e o Vitor também,
que tal almoçarmos todos juntos e depois jantarmos aqui na fazenda? Preciso
mostrar umas coisas pra vocês.
- Tudo bem, filho. Ótima idéia! E falando em jantar, onde está a Lurdinha?
- Ah, a Lurdinha tá na estância ajudando a Aspásia, porque a Dona Mariquita
foi com o Solano e a Beatriz até Belo Horizonte visitar o Gabriel.
- Ah, sim! Pelo jeito o Solano está muito feliz por ter encontrado o avô.
- Sim, numa alegria só, precisa de ver. Sobre isso e outras coisas quero
conversar com você depois, mãe.
- Sim, tenho muito o que contar também e muitos presentes pra distribuir!
Manuela sorri:
- Oba!
- A Amélia comprou tanta coisa que eu nem sei como passamos pela
alfândega. – diz Vitor, brincando.
- Exagerado! - Amélia dá um tapa de leve nele. Ela beija os filhos e sobe até o
quarto junto com Vitor, que carrega as malas.

Chegando no quarto, Vitor coloca as malas no chão e segura Amélia pela
cintura:
- Feliz?
- Muito... muito feliz.
Os dois se aproximam mais e se beijam. Até que Amélia se solta de Vitor e
olha para ele:
- A gente tinha que sair daqui, encontrar um outro lugar pra ficarmos.
- É, eu também acho. E o que você, a Manu e o Fred pensam em fazer? Já
falaram alguma vez sobre isso?
- Sabe que nem cheguei a conversar muito a fundo. Foi tudo bem corrido, e
depois nós viajamos. A Manu estava com problemas também... Mas o Fred
está administrando bem a fazenda junto com o Solano, apesar de não se
interessar muito por isso.
- É, ele comentou algo comigo mesmo. Eu na realidade acho o Solano a
pessoa ideal pra ficar à frente disso. Se ele e a Manu vão mesmo se casar,
seria ótimo.
- Sim! Também acho.
- E aí, nós vamos ter o nosso lugar, só pra nós dois... – Ele se aproxima de
Amélia sorrindo com malícia e a beija no pescoço. Ela sorri e diz:
- Nosso lugar? Seria o seu quarto na estalagem?
- Tá maluca? Aquela cama me suportou muito bem por uns tempos, mas eu
não aguento mais aquele colchão, vou ser sincero. Acho que a gente merece
passar o resto das nossas noites num colchão mais confortável, não acha?
Os dois começam a rir e Amélia beija Vitor segurando seu rosto com uma das
mãos:
- Sabia que eu amo você?
- Hum, acho que não. Fala de novo pra eu acreditar.
- Bobo! Eu te amo...
- Não ouvi...
- Pára, Vitor! - Amélia bate de leve no seu ombro e fala novamente perto do
seu ouvido, baixinho: - Eu te...- Vitor a interrompe, puxando o rosto de Amélia
contra o seu, a beijando.


                                     XIV
Os dois arrumam as coisas no quarto e vão almoçar no armazém de Janaína.
Amélia e Vitor contam sobre a viagem e distribuem os presentes, contam
também sobre a sessão de fotos, deixando todos animados.
Logo depois do almoço Lurdinha aparece correndo, saindo do carro de Cirso e
ao mesmo tempo o celular de Vitor toca e ele se afasta para atender.
Lurdinha se aproxima ofegante:
- Dona Amélia, olha o que chegou pra senhora. Vim correndo!
- O que foi, criatura?
Amélia olha a pilha de papéis na mão de Lurdinha e percebe que é o catálogo,
com sua foto na capa:
- Minha nossa, já ficou pronto!
Todos se aproximam de Amélia e ficam maravilhados:
- Mãe! Ficou pronto o catálogo, nem acredito! Que linda que você ficou!
Maravilhosa!
Fred olha boquiaberto:
- Mãe, como fui seu fotógrafo tenho que dizer que a senhora leva jeito pra isso,
não adianta! Deslumbrante!
Janaína, Lurdinha e Solano olham o catálogo, impressionados. E quando eles
abrem o catálogo, vêem duas fotos de Amélia com Vitor. Solano diz:
- Olha pra isso! Vitor também é modelo!
Manuela brinca e sorri:
- Gente, o Vitor é fotogênico também, né?! Que casal lindo!
De repente Amélia percebe a ausência de Vitor e ele aparece com o celular na
mão, dizendo:
- Ótimas notícias!
Amélia, empolgada, o interrompe e diz animada, correndo para mostrar as
fotos:
- Amor, olha só, o catálogo ficou pronto!
- É exatamente sobre isso. O Gustavo me ligou agora dizendo que os
catálogos já estão em todos os shoppings do Rio. E se der tudo certo ele já vai
distribuir pra São Paulo e outras capitais, junto com os catálogos anteriores
também, com a Manu, Estela...
- Que maravilha! Nem acredito... – Amélia sorri e abraça Vitor.
Eles se sentam à mesa e logo chegam outras pessoas, como Mamede,
Caroço, Nancy e Bruno, para verem as fotos de Amélia e Vitor. Todos já logo
pensam no sucesso da Rurbano e dos modelos.

Mais tarde Vitor e Amélia aproveitam e passam na estalagem para pegar o
restante das roupas de Vitor e cumprimentam Terê.
- Amélia, Vitor! Como estão? Como foi a viagem?
- Oi, Terê. Foi ótima! – Amélia diz cumprimentando Terê com um beijo no rosto.
Terê nesse momento a toca e tem uma visão.
- Que foi, Terê? Algum problema? – Vitor diz percebendo o jeito da vidente.
Ela sorri e diz:
- Eu acho que finalmente chegou o momento de vocês dois serem mais do que
felizes.
- Como assim, Terê? – Amélia diz, sorrindo, olhando também para Vitor.
- Em breve vocês vão saber do que estou falando. Não disse, Amélia? Que ia
chegar o momento em que vocês dois iam finalmente ficar juntos e felizes?
- Sim, Terê, e eu te agradeço muito por tudo. Isso sempre me deu muita
coragem pra não desistir dos meus sentimentos.
Vitor passa seu braço em torno de Amélia e beija seu rosto de leve:
- Bom, eu espero que essa felicidade dure pra sempre, porque eu tô explodindo
de alegria!
- Ah, que maravilha! Eu vejo isso nos olhos de vocês.
- A gente pode ir no quarto do Vitor, Terê? Ele precisa pegar algumas roupas,
não é, amor?
- É, agora ele vai ser meu ex-quarto. Passei momentos emocionantes aqui!
Nunca vou esquecer.
Todos sorriem e Terê diz:
- Claro, meu filho, fiquem à vontade. Vou sentir muito a falta de vocês, mas sei
que vocês não vão esquecer dessa velha amiga, vão vir me visitar, não é?
- Com certeza. Eu não fico sem comer seu Mané Pelado, esqueceu? – Vitor diz
beijando a mão da amiga com carinho.
- Ah, que ótimo! Vou fazer sempre que vocês vierem!
- Terê, depois que nós voltarmos eu preciso te dar uma lembrancinha, que
trouxemos da viagem. Me espera aqui, tá?
- Ah, Amélia, não precisava!
Os dois se despedem da amiga e seguem até o quarto.
Amélia começa a andar por todo o local, enquanto Vitor separa suas roupas:
- O que foi, amor?
- Oi? Nada... Estava aqui pensando, em tudo o que a gente passou nesse
quarto. A primeira vez que entramos aqui, você ainda não tinha sofrido o
acidente...
- Lembro... foi a primeira vez que testamos a cama!
Amélia começa a rir:
- Aquele dia foi estranho, não foi? Acho que eu já estava tentando me esquivar
de um sentimento totalmente sem controle.
- É, a gente foi se descobrindo a partir daquele dia. Nunca mais eu quis ficar
longe de você, dos seus conselhos, da sua ternura. – Vitor chega mais perto de
Amélia e pega seu rosto com carinho. – Eu já me sentia atraído pela nossa
proximidade, mesmo que ainda impensada, impulsiva.
Amélia o beija e olha nos olhos dele:
- Tantas lembranças boas, tantas ruins também... Agora eu sinto como se
estivesse vivendo de novo. Começando do zero.
Vitor se aproxima mais, tocando o rosto de Amélia:
- E agora vão ser só momentos bons. A gente deixa pra trás esse quarto,
guarda o nosso primeiro encontro, primeiro beijo... esquece os problemas, o
Max. E vamos viver, pensar no presente e no futuro...
- É. Eu nem acredito ainda.
- Hum. Vou fazer você acreditar então... vem aqui. – Vitor a segura ainda mais
forte pela cintura, puxa o corpo de Amélia contra o seu e a beija intensamente.

À noite, Vitor e Amélia recebem Fred, Janaína, Solano e Manu na fazenda para
um jantar. Depois da refeição, todos conversam animadamente na sala,
tomando vinho:
- Então, eu quero aproveitar e dizer que meu projeto já fica pronto na semana
que vem.
- Projeto, Fred? Que projeto? – diz Manuela, curiosa.
- Pois é. Eu não falei pra ninguém, nem pra minha mulher, né, Jana?
- É, não estou sabendo de nenhum projeto. O que é isso, meu amor? Conta! –
Janaína sorri, também curiosa.
- Então... Vou ali pegar uma coisinha. – Fred sai e deixam todos apreensivos,
esperando.
- Pronto! Aqui está.
- Que papel é esse, cara? – Vitor fala olhando para um papel enrolado nas
mãos de Fred.
- Calma, vou abrir aqui na mesa... Tcharan... Aqui está!
- Uma planta? Que lugar é esse, filho?
- Adivinha, dona Amélia. Um lugar em frente ao rio, com toques rústicos e ao
mesmo tempo sofisticado.
- Não estou entendendo, Fred. – Amélia diz.
- Mãe, Vitor. Essa é a nova casa de vocês. Estive planejando ela desde quando
saí pra lua-de-mel. E fiz tudo no sigilo, pra não estragar essa cara de surpresa
que estou vendo nas caras de todos vocês! – Fred começa a rir.
- Meu Deus, Fred... Eu não acredito! – Amélia sorri e dá um abraço forte no
filho.
- Vocês merecem um lugar só pra vocês... Sair dessa fazenda...
Vitor se aproxima de Fred quando ele se desfaz do abraço com a mãe.
- Cara, nem sei o que dizer. Muito obrigado, de verdade. – Vitor também dá um
abraço em Fred, enquanto Manuela se aproxima:
- Maninho, você é um gênio. Tiro o chapéu pra você.


                                         XV
No dia seguinte todos vão conferir o término das obras na nova casa de Amélia
e Vitor, que fica próxima à operadora, de frente para o rio.
Todos ficam maravilhados com o bom gosto de Fred. Manuela e Amélia já
planejam a decoração.
Alguns dias se passam e a casa fica pronta, ainda faltando alguns detalhes:
- Acho que amanhã a mobília e os eletrônicos já chegam de Juruanã. – Diz
Vitor, animado, para Amélia.
- Como assim?
- Eu e a Manu fomos ontem ver isso, já que vocês duas haviam escolhido tudo
com antecedência pelo catálogo... Só assinei o cheque.
- Vitor! Não acredito. Pensei que você tinha ido ver o frigorífico...
- Pois é, tive que omitir, por uma boa causa!
- Ai, meu Deus! – Amélia pega nas mãos de Vitor. - Você comprou tudo? Eu ia
esperar a gente ganhar mais algum dinheiro com a exportação das bijuterias...
- Calma, meu amor. Isso é presente meu. Agora com o dinheiro da Rurbano
você vai comprar seu vestido de noiva, roupas, sapatos... O que você quiser.
- Vestido de noiva?
- Claro, esqueceu dessa aliança de compromisso no seu dedo, é, dona Maria
Amélia Villar?
- Mas Vitor... eu já me casei na igreja...
- Eu sei, meu amor. Sobre o vestido, eu falei brincando... Você decide tudo.
- Não, é que eu fiquei surpresa. Não imaginava que você ia querer tudo isso,
vestido, cerimônia...
- Você não quer?
- Não... Eu quero, eu quero tudo o que você sonha pra você, querido. É que eu
já tive isso na minha vida, Vitor, mas você ainda não... - Amélia o olha
preocupada. – Bom, na verdade eu acho que nunca tive uma felicidade assim,
porque quando me casei com o Max eu era muito nova e não tinha nem
metade dessa alegria de hoje.
Vitor toca o rosto de Amélia e sorri:
- É tão bom ouvir isso. Pra mim a gente poderia casar na beira do rio, só nós
dois e mais ninguém.
Ela retribui o toque de Vitor, segurando em suas mãos:
- Você é maravilhoso! Mas sério, eu faço o que você quiser. Se você quer que
eu tenha um vestido de noiva, eu providencio! Só não posso usar branco, como
se fosse uma garotinha! – explica Amélia, sorrindo.
- Olha, eu acho que você ficaria linda até num vestido vermelho se você
quisesse. Eu não vou opinar sobre isso, quero ser surpreendido. Fica em suas
mãos.
Amélia morde os lábios sorrindo e dá um selinho em Vitor.
- Fechado, meu futuro marido!
Vitor a puxa e a beija.

Chega o dia do casamento, que acontece na beira do rio Araguaia em uma
tenda montada especialmente para a ocasião. O padre e o juiz de paz já estão
no local para a realização da cerimônia, juntamente com os convidados -
sentados em cadeiras brancas enfeitadas com panos bordados com renda.
Todo o local foi decorado com flores rosas, amarelas e brancas, dando um
toque suave e discreto. O tapete colocado na areia fazia analogia à grama,
com um verde que contrastava com as flores.
Vitor estava já posicionado à frente de todos, ansioso e nervoso, com o cabelo
jogado para trás com gel, vestindo um fraque inteiro branco em um estilo mais
despojado e clean.
- Calma, Vitor. Vai dar tudo certo! Já já a dona Amélia chega, toda linda! –
Manu tenta acalmar Vitor, sem resultado.
De repente, todos ficam quietos olhando para trás. Amélia entra na tenda com
Fred, com um vestido longo – simples e sem cauda - perolado e devidamente
justo que favorecia muito o seu corpo, ressaltando seu porte esguio e elegante.
Detalhes de renda transparente formavam as mangas curtas e delicadas do
vestido, que ficavam um pouco abaixo do ombro, quase dando a forma de um
vestido tomara-que-caia. No seu pescoço uma pequena pedra de diamante
com uma correntinha de fio de ouro branco e brincos também com uma
pequena pedra de diamante. A maquiagem era leve e também com tons
perolados, seu cabelo estava mais claro, com tons mais loiros, preso com uma
pequena flor branca segurando seu cabelo de lado. O buquê era feito com
vários tipos de flores brancas e amarelas, amarradas por uma fita delicada de
cetim.
Vitor fica deslumbrado com a imagem de Amélia e sorri, como se estivesse
vendo um anjo em sua frente.
Fred caminha com a mãe, atrás de duas crianças do orfanato do padre Emílio e
seguem até o local onde Vitor os espera. Fred passa o braço de Amélia para
ele, dizendo:
- Cuida bem dela, hein.
- Pode deixar. – Vitor diz, segurando com carinho o braço de Amélia, sem tirar
sequer um segundo seus olhos dela, maravilhado. Ela sorri e diz um oi
baixinho, tocando o rosto de Vitor suavemente.
O juiz diz algumas palavras até que os dois confirmam a união, olhando
apaixonadamente um para o outro e trocando as alianças:
- Sim!
- Sim!
Depois que Vitor, Amélia e as testemunhas assinam o livro, o juiz se afasta,
dando lugar ao Padre Emílio:
- Meus amigos de Girassol, eu queria falar algumas palavras antes de
abençoar esse casal. Bom, eu estive acompanhando de perto a dificuldade
dessa mulher que aqui está hoje - o padre aponta sua mão para Amélia -
dando início a uma nova vida, cheia de felicidade, de conquistas. Uma mulher
que fez escolhas na vida como todos nós. Algumas perduraram, outras
geraram frutos – Padre Emílio olha sorrindo para Fred e Manu, que sorriem de
volta – outras não duraram muito e trouxeram infelicidade, angústia... Mas
todos nós recebemos de Deus o direito de abdicar, de se arrepender e de
buscar um novo sentido... pra uma nova vida. Temos sempre uma segunda
chance vinda das mãos do Nosso Senhor, e hoje, essa mulher, essa forte
mulher nos prova como é possível agarrar com unhas e dentes uma nova
oportunidade que Deus nos dá diante das adversidades.
E desse outro lado eu vejo um rapaz sorrindo – Vitor sorri ainda mais –
querendo viver, querendo construir uma vida com novos valores, ao lado de
uma pessoa especial, não é? Eu vejo claramente nos olhos dele o amor, a
cumplicidade, a amizade. Não porque eu convivo com eles todos os dias aqui
em Girassol, mas porque fica evidente para todos nós que esse casal está
vivendo uma fase especial, um amor verdadeiro. E é em nome de Deus e
desse imenso amor que eu declaro você, Vitor, e você, Amélia, marido e
mulher. E eu espero que seja pro resto de suas vidas, na saúde e na doença,
na alegria e na tristeza! Que Deus os abençoe meus filhos. Vão com Deus!

Nesse momento, todos se emocionam. Amélia tenta segurar as lágrimas, em
vão. Vitor toca seus olhos suavemente e a beija com carinho. Amélia e Vitor
abraçam Padre Emílio e todos vão até eles, felizes com a união.
De repente, Aspásia grita:
- Dona Amélia, joga o buquê!
Amélia olha para Aspásia sorrindo e diz:
- É verdade, preciso jogar o buquê, seguir a tradição! – Ela solta a mão de Vitor
e ele sorri, se afastando.
Todas as mulheres solteiras se reúnem no meio da areia e Amélia faz a
contagem regressiva, jogando o buquê. Quando ela olha para trás, vê uma
confusão e Nancy com o buquê nas mãos:
- Ê fubazada, o buquê é meu!
Aspásia e Lurdinha não se conformam e saem reclamando. Pimpinela olha
contente para Nancy que disfarça mas não consegue conter a vontade de olhá-
lo também, o que faz o palhaço sorrir mais ainda.
Amélia se diverte e abraça Vitor, que a beija apaixonado.


                                     XVI
Com o fim da cerimônia todos seguem para a casa de shows, onde Fred
preparou uma surpresa. O salão estava todo decorado com o conceito da
Rurbano. Detalhes feitos de capim dourado e artigos imitando as bijuterias tão
famosas desenhadas por Amélia. Ela entra no salão, boquiaberta, sem
acreditar no que vê:
- Meu Deus, que coisa mais linda, Fred!
- Gostou? Tem a sua cara, não é? – Ele sorri abraçando a mãe.
- Cara, você caprichou! Ficou ótimo tudo isso! – Vitor toca o ombro de Fred,
agradecendo e admirando o local.
O salão estava cheio de cadeiras enfeitadas com o mesmo material da tenda,
com flores por todos os lados, deixando o ambiente delicado e sofisticado.
No palco, uma banda formada por músicos conceituados de São Paulo, com
todos os tipos de instrumentos, desde violinos até baixo. Vitor e Amélia
conversam com todos, fazendo as “honras da casa”.
As músicas se alternavam em vários estilos e quando uma mais lenta começa
a tocar, Vitor chama Amélia para dançar, com um olhar cheio de paixão:
- Meu amor, me concede essa primeira dança no nosso primeiro dia de
casados?
Ela sorri e diz:
- Claro que sim...
Amélia estende suas mãos para Vitor, indo até o meio do salão na qual
algumas pessoas já dançavam. A maioria pára para admirar o casal e depois
continuam, enchendo o salão:
- Nossa... como você tá linda! Maravilhosa! – Vitor segura em suas mãos e a
olha de cima abaixo, com os olhos cheio de paixão e desejo.
Ele a segura pela cintura e a conduz na dança. Quase relando seus lábios na
orelha de Amélia, ele diz:
- Sabia que eu sou o homem mais sortudo desse Araguaia? Ou melhor... desse
mundo todo?
Amélia sorri e beija suavemente os lábios de Vitor enquanto dança, e com as
mãos na sua nuca vai deitando devagar a cabeça em seu ombro - de olhos
fechados. Seguindo o ritmo da música e levada por aquele momento, ela diz:
- Te amo.
Vitor se afasta um pouco dela, fazendo com que ela levante a cabeça e olhe
para seus olhos:
- Eu também te amo. Hoje é o dia mais feliz da minha vida, Amélia. O dia que
você passou a ser oficialmente minha... só minha!
Nisso, ele segura o rosto de Amélia e pára de dançar, beijando-a diante de
todos.
Sem medo, sem pudor, eles finalmente conseguem viver aquele amor,
compartilhando a felicidade com toda a cidade de Girassol!

No decorrer da festa, Amélia e Vitor conseguem sair do salão sem que
ninguém os visse. Eles vão até a nova casa:
- Calma, não entra ainda, Amélia.
Amélia pára na porta e fica olhando para Vitor:
- O que aconteceu?
Vitor sorri e com um olhar apaixonado a pega no colo.
- Vitor! Você é maluco. Me coloca no chão!
- Calma, meu amor. Eu tinha que fazer isso, é a tradição. Não resisti.
Vitor começa a rir, entra com Amélia no colo e fecha a porta com os pés.
Amélia não resiste e se entrega aos beijos e carinhos de Vitor, ainda em seu
colo.
Ele a coloca no chão e os dois olham em volta:
- Mas está tudo arrumado... Com os móveis no lugar certo... – Amélia diz
incrédula e surpresa, ajeitando seu vestido.
- Pois é, a Manuela me disse que ia arrumar tudo antes do casamento e ainda
arrumou todas as nossas roupas lá em cima. Sua filha é demais!
- Não acredito. Só a Manu mesmo!
- Seus filhos são maravilhosos... Puxaram a mãe. – Vitor vai se aproximando
de Amélia e a beija novamente.
Amélia diz, ainda envolvida pelos beijos:
- Vamos subir?
Vitor a pega novamente no colo e a beija animado, subindo as escadas. Amélia
sorri, já achando graça dos impulsos de Vitor e se deixa levar por ele.
Os dois chegam no quarto e Vitor a coloca no chão, perto da cama. Eles se
olham com paixão e Vitor caminha por trás de Amélia, desabotoando o seu
vestido, pérola por pérola. Ele abaixa o vestido delicadamente, fazendo com
que caia no chão.
Vitor desliza suas mãos nas costas de Amélia, de cima a baixo. Ela, ainda de
costas, sente as mãos dele subirem até sua nuca. Ele força com delicadeza
seu pescoço para o lado e Amélia sente seus lábios quentes percorrendo todo
seu corpo. Ela fecha os olhos e deixa Vitor a conduzir.
Ele então desmancha o penteado de Amélia, deixando seus cabelos caírem
levemente. Nisso, Vitor beija cada vez mais a nuca de Amélia e a vira de frente
para ele, alcançado seus lábios e a beijando com intensidade.
Os dois se deitam na cama, Amélia tira o terno e depois a camisa de Vitor,
ainda o beijando. Vitor a ajuda, retirando sua própria roupa e joga seu corpo
levemente sobre o dela, dizendo:
- Te amo, Amélia, te amo...
Os dois então passam a segunda lua-de-mel na nova casa, se amando até
amanhecer o dia.

No dia seguinte, Amélia acorda e não encontra Vitor. Ela se levanta devagar e
encosta na cabeceira da cama. De repente Vitor aparece com uma bandeja na
mão, com tudo que Amélia gosta de comer no café da manhã:
- Não acredito nisso!
- Viu só como eu sou prendado?
Amélia começa a rir sem parar.
- Ai, meu amor, eu te amo tanto!
Vitor sorri, coloca a bandeja na cama e se debruça com dificuldade sobre
Amélia, alcançando seus lábios.
- Eu te amo mais ainda. Você fica tão linda quando acorda.
- Nossa! Vou fingir que acredito nisso!
Amélia se desencosta da cama, beija de leve os lábios de Vitor e se aproxima
da bandeja, comendo um pedaço de queijo branco e pegando o copo de suco.
Vitor a observa e come uma uva, sorrindo para ela.


                                        XVII
Alguns dias se passam. Amélia está sentada na mesa da sala de jantar,
desenhando algumas peças da Rurbano. Vitor entra em casa sem que ela
perceba, coloca as mãos no seu rosto, tapando seus olhos:
- Adivinha quem é!
- Hum. O homem mais lindo do Araguaia.
- Ih, errou! – Ele tira as mãos do rosto de Amélia e fica de frente para ela. – É o
homem mais feliz do Araguaia!
Amélia se levanta e o beija com carinho. Ele coloca a sacola de compras em
cima da mesa e segura sua cintura com as duas mãos, dizendo:
Fuga para a Felicidade: Amélia e Vitor tentam escapar de Max
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Fuga para a Felicidade: Amélia e Vitor tentam escapar de Max

  • 1. Fuga para a felicidade I Amélia está saindo da estalagem quando encontra Beatriz: - Oi, Amélia! Faz tempo que você não aparece no salão. - São tantos problemas que nem tenho conseguido cuidar de mim direito. Mas foi bom te encontrar, Beatriz. Será que podemos conversar um pouco? - Claro, vamos entrar, peço para a Terê trazer um suco para nós. Elas sentam numa das mesinhas da estalagem. Amélia pergunta: - Você sabe muita coisa sobre o passado do Max, né? - Infelizmente. Às vezes as mulheres como eu fui um dia acabam ouvindo mais confissões que um padre. - Então você o ouviu falar sobre a explosão da mina? Escutei sem querer uma conversa entre a Manu e o Solano. - Mais do que falar, o Max se vangloriava disso... ria contando da bolada de dinheiro que ganhou do seguro. - Meus Deus, como pude ficar tanto tempo ao lado desse homem? Sinto até vontade de vomitar - diz Amélia, com uma expressão de náusea. - Eu imagino - devolve Beatriz, compreensiva. - Não, você não pode imaginar o que tem sido a minha vida - desabafa Amélia, com uma sombra no olhar - Eu preciso achar uma saída, tenho que deixar aquela casa. - Mas o que lhe impede de se separar do Max? - O medo. Não por mim, mas por uma pessoa maravilhosa que entrou na minha vida e a encheu de amor... - ela sorri por um instante, mas logo parece angustiada - Tenho certeza que no momento em que eu sair daquela casa, o Max manda matar essa pessoa. Eu não posso perdê-lo, não posso... Amélia respira fundo, tentando não chorar. - Você encontrou um novo amor, Amélia? - Eu finalmente encontrei um amor, como eu nunca tive. - Que bom! Fico feliz por você. - Mas você não pode comentar isso com ninguém. Só com a Terê, ela sabe também. - Claro, da minha boca ninguém vai saber - Beatriz pega as mãos de Amélia - Conte comigo para o que você precisar, viu? - Obrigada. Ao chegar em casa, Veloso relata a Max que Amélia encontrou com Beatriz. Amélia está na sala, desenhando novas peças para a Rurbano, quando Max a aborda: - O que andastes conversando com aquela china, mãe do gaúcho caborteiro? - Não é da sua conta - Amélia responde rispidamente, sem tirar os olhos do papel. - Já não te disse para ficares longe dela? Mulher minha não tem esse tipo de amizade! Amélia levanta os olhos e devolve com altivez: - Ora, Max, a Beatriz é muito mais decente do que você! Ela nunca cometeu nenhum crime. Já você... não tem moral para falar de ninguém. - Que mentiras ela andou te contando?
  • 2. - Está com medo, é? - retruca Amélia, com um sorriso irônico, mas depois fecha a cara - Quer saber qual dos seus podres ela me revelou? Sabe de uma coisa? Eu tenho é pena da Beatriz, que para ganhar a vida tinha que ouvir tanta sujeira! - Isso não é jeito de falar com teu marido. Me respeita, Maria Amélia! - ele a pega pelo braço - Ouviste? Me respeita, ou posso fazer coisas que tu não vais gostar... - Me larga, Max, já disse pra não encostar em mim! - grita Amélia, tentando se soltar. Manu entra em casa e grita: - Pai! Que você está fazendo? Max larga Amélia e muda o tom, falando com calma: - Minha filha, estava só tendo uma conversa com sua mãe. Coisa de marido e mulher, sabe? - Pára com o teatro, seu Max... não convence mais nem a mim - responde Manu olhando para o pai de um jeito muito desconfiado. - Tudo bem, tudo bem... - ele diz para a filha, depois se dirige à Amélia - Depois terminamos essa conversa. Max sai da sala, e Manu se aproxima da mãe: - Ele te machucou, mãe? - Não, só tentou me segurar. Ah, uma hora eu... - Amélia se cala antes de dizer "acabo matando o Max" e esconde o rosto com as mãos. Manu a abraça, e elas ficam em silêncio por alguns instantes. - Mãe... você não pode continuar aqui. - Eu sei, mas... - Você teme pelo Vitor, né? - Tem como não temer? Não gosto nem de pensar no que o Max pode fazer... - Você fica aqui, com medo do que possa acontecer a ele, e o Vitor fica lá, na cidade, com medo do que o seu Max possa fazer com você... separados, mesmo morrendo de vontade de estarem juntos. - O que eu posso fazer? - Confia no Vitor. Deixa ele cuidar de você. Amélia suspira, enxugando uma lágrima que quer cair. - Mãe, o casamento do Fred é daqui alguns dias. Aproveita enquanto estiver todo mundo distraído na festa, e vai embora com o Vitor, como ele já sugeriu várias vezes, que eu sei. Até lá o catálogo das suas jóias vai estar pronto, vocês ficam um tempo fora, divulgando. Eu e a Pérola cuidamos da produção. Quando vocês voltarem, todo mundo já vai estar sabendo que você se separou do seu Max, que está com o Vitor, e ele não vai ser louco de tentar alguma coisa. - Do jeito que você fala, parece a solução mesmo. Mas esqueceu que seu pai colocou um capanga atrás de mim, vigiando todos os meus passos? - A gente dá um jeito nele – Manu ri – Coragem, dona Amélia! Vou falar com o Vitor e o Fred, combinar tudo com eles, tá bem? - Tá – Amélia responde, botando as mãos no rosto. Manu a abraça com carinho. Chega o dia do casamento de Fred e Janaína. Como não foi convidado, Max fica na fazenda. Veloso segue Amélia, e durante a festa fica num canto da casa de shows. Manu se aproxima de Lurdinha carregando um caneco de chope.
  • 3. - Lurdinha, você conhece aquele sujeito ali, no canto? Ele não trabalha pro meu pai? - É o Veloso, peão lá da fazenda. - Ah... Oferece uma bebida pra ele, diz pra aproveitar a festa. - Eu? - É, Lurdinha. Ó, pega esse chope e leva, diz que uma pessoa mandou pra ele. Só não diz que fui eu. - Então tá – aceita a empregada. Ela puxa papo com Veloso e os dois bebem juntos, pegando mais chopes depois. Em algum tempo, estão embriagados, dando risada sem nem saber de quê. Manu observa que Veloso está distraído e avisa Amélia. - É agora, mãe. Vá com Deus e seja muito feliz – ela abraça a mãe – Me deem notícias, tá? - Claro, filha. Assim que a gente chegar em Juruanã eu ligo, pode deixar. - Fica tranquila, Manu. Não vou deixar nada de mal acontecer à Amélia. - Eu sei. Por isso incentivei essa fuga. Mas se cuida, viu? Você não é o super- homem. - Valeu, magrela – ele abraça Manu. II Vitor e Amélia vão para o quarto dele na estalagem. - Agora é só esperar. Quando a cidade toda estiver dormindo, a gente vai embora. - Ai, Vitor, será que vai dar certo? – pergunta Amélia, torcendo as mãos. - Calma... – ele a abraça e beija os cabelos dela – Vou estar ao seu lado, aconteça o que acontecer. Amélia olha nos olhos dele e diz: - Eu te amo... te amo tanto, mas tanto, que chega a doer aqui dentro. - Também te amo – ele responde com os lábios bem próximos aos lábios dela, e a beija apaixonadamente. Vitor deita Amélia sobre a cama, e tira a blusa dela enquanto beija seu colo. Ela também vai tirando a camisa dele, passando as mãos pelas costas do amado. Ele a beija ainda mais intensamente, e se entregam ao desejo. Um pouco mais tarde, Max telefona para Manu. - Filha, sabes de tua mãe? Ela não voltou ainda, estou tão preocupado. - Ela veio dormir comigo na estância essa noite, não se preocupe – responde Manu com frieza. - Posso falar com ela? - Ela não quer falar com você. - Então diga para tua mãe voltar logo para casa, tá bem? Sinto falta da minha esposa aqui comigo – alega Max, se fazendo de vítima. - Pode deixar que eu dou o recado. Boa noite – diz Manu, e desliga o telefone. Ela fica parada por alguns instantes, preocupada. Na fazenda, Max tenta localizar Veloso, mas o capanga dorme profundamente no carro e não atende o telefone. - Por que esse incompetente não atende? – esbraveja Max – Melhor eu tomar outras providências antes que seja tarde.
  • 4. Ele digita outro número. - Boa noite. Preciso que tu coloques homens em todas as saídas de Girassol. Quando? Ontem! Se minha mulher ou um loirinho de cabelo enrolado tentarem sair, manda segurar os fujões e me chama, entendeste? No meio da madrugada, Amélia e Vitor saem da estalagem com cuidado e entram no carro dele. Mas ao chegar na saída principal de Girassol, Vitor freia abruptamente e faz o retorno, acelerando em seguida. - O que foi? – pergunta Amélia, apavorada. - Tem gente vigiando a saída. Só pode ser gente do Max. - E agora? - Vamos voltar para a estalagem, e amanhã vemos o que fazer. A uma hora dessa, não tem como procurar uma outra saída. Se é que aquele canalha não colocou cão-de-guarda em todas as saídas... Ao entrarem na estalagem, eles são recebidos por Terê. - O que aconteceu? Eu senti que vocês iam voltar. Vitor conta tudo. - Tenham fé. Vocês vão conseguir superar tudo isso, tenho certeza – afirma a vidente. Logo cedo, pela manhã, Max aparece na estância, desconfiado, e pede para falar com Amélia. Antes que Aspásia consiga responder, Manu desce as escadas. - Pode deixar que eu converso com meu pai, Aspásia. A empregada vai para a cozinha, e Max avisa: - Vim buscar tua mãe, onde ela está? - Já saiu, deve estar chegando em casa – responde Manu, tentando disfarçar a preocupação. - Ah, é? Que pena esse desencontro. Vou voltar, então – devolve Max, cinicamente. Ao sair da estância, Max liga para Veloso de novo. O capanga finalmente atende, com voz de ressaca. - Onde estás, infeliz? Estás fazendo teu trabalho? - Seu Max, eu... - Anda, fala logo, onde está minha mulher? - Desculpa, seu Max, mas eu estava esperando ela sair da festa e peguei no sono. Perdi a dona Amélia de vista. - O quê? Incompetente! – Max bate o telefone na cara dele. Enquanto isso, Manu liga para a mãe. Vitor atende: - Oi, Manu. Ainda estamos em Girassol, na estalagem. Tinha uma barreira na saída da cidade. - Meu Deus! Vocês precisar ir para algum lugar seguro. Meu pai acabou de sair daqui, está atrás da minha mãe. - Vou achar uma solução. Tenta ficar calma. Vitor desliga o telefone e relata para Amélia o que Manu contou. Amélia o abraça com força: - Ai, Vitor, o que vai ser de nós? Ele acaricia os cabelos dela enquanto responde: - Não sei. Só sei que o Max não vai nos separar. Eu não vou deixar, juro.
  • 5. - Eu não posso perder você... – ela murmura, escondendo o rosto no peito dele. - Nunca, nunca, nunca. Vamos ficar juntos para sempre – ele estreita Amélia nos braços dele, e fica pensativo por alguns instantes – Já sei. Vamos para a casa da Janaína. - Mas ela e o Fred estão em Juruanã, só voltam amanhã. - A gente fala com a Nancy, tenho certeza ela vai ajudar. - Você confia nessa menina? – pergunta Amélia, insegura. - Não exatamente. Só nesse caso – ele pondera. III Eles entram no armazém e Vitor pede: - Nancy, a Amélia precisa ficar lá em cima um pouco, pode ser? Ela se separou do Max, mas como você deve imaginar, ele não aceita. Quer fazer ela voltar pra casa de qualquer jeito. - Nossa, que babado... Fica à vontade, dona Amélia. - Obrigada. Vitor olha para a rua e depois fala baixinho com Amélia: - Sobe que daqui a pouco te encontro. O Max acabou de entrar na estalagem. Apreensiva, Amélia sobe e fecha a porta. Vitor fica escorado no balcão, cuidando a entrada da estalagem. Lá dentro, Terê diz a Max que ele pode olhar o quarto de Vitor se quiser, mas não vai encontrar ninguém lá. O fazendeiro sobe e confirma que a vidente fala a verdade. Alguns minutos depois, Max se aproxima do armazém e Vitor finge conversar com Nancy. - Onde tu a escondeste, moleque? – Max entra perguntando. - Não sei do que você está falando, Max. - Sabes, sim... sabes muito bem. - Se você não percebeu, está atrapalhando minha conversa com a Nancy – ele olha para a moça, fingindo interesse. Max dá uma risada: - Estás passando o rodo na cidade? Primeiro a índia aquela, agora essa chinoca... - Mais respeito, a Nancy é uma moça de família! - Pois bien, vou deixar os pombinhos... – diz Max, irônico. Assim que Max se afasta, Vitor agradece: - Valeu, Nancy. - De nada... Pode contar comigo para o que você precisar – ela responde, enrolando uma mecha do cabelo e olhando fixamente para ele. - Não me leve a mal, mas eu só fiz aquela cena para despistar o Max. Desculpa te usar dessa forma. - Ah, tá... não tem problema – ela murmura, decepcionada. - Posso subir, falar com a Amélia? - Claro, vai lá. Aproveita e pede para o Bruno descer? Depois que Bruno assume o balcão, Nancy sobe e flagra Amélia e Vitor abraçados, e diz, sem rodeios: - Bom, já que fui envolvida nessa história, acho que mereço saber o que está acontecendo de verdade. Amélia e Vitor trocam um olhar cúmplice.
  • 6. - Que vocês estão juntos, eu tô percebendo – acrescenta Nancy. - É isso mesmo. Nos apaixonamos – confirma Vitor. - E o Max jamais vai aceitar ser trocado por outro... ainda mais por um cara como você, beeem mais jovem – Nancy completa, dando uma risada. Mas ela logo fica séria – Caramba, Vitor, ele é capaz de tentar te matar! - Você imagina o tamanho do meu desespero? O Vitor é o grande amor da minha vida – devolve Amélia, aflita e abraçando Vitor com força. - Calma, dona Amélia... pode passar essa noite aqui, no quarto da Jana e do Fred. - Posso ficar também? Não quero deixar a Amélia sozinha nem um minuto – pede Vitor, beijando os cabelos de Amélia em seguida. - Claro – Nancy olha para os dois, comovida – Vocês até parecem um casal de filme... daquelas grandes histórias de amor, sabem? Nancy fica em silêncio por alguns instantes olhando para o casal. De repente, põe a mão na testa, com cara de quem lembrou de algo que a deixa constrangida: - Ai... a Jana já sabia, né? - É, ela percebeu antes mesmo de eu contar ao Fred – confirma Amélia. - Por isso ela me dizia pra ficar longe do Vitor... desculpa aí... mas como eu ia imaginar? Ah, Vitor... eu te via sempre sozinho, estava certa de que você não tinha ninguém. - É, deu pra perceber – ele ri. - Olha, Amélia, o Vitor nunca me deu nenhuma condição, nem olhava pra mim direito. Parece que ele é muito apaixonado por você, não tem olhos pra nenhuma outra mulher. Amélia olha para Vitor com um leve sorriso, e ele diz: - Viu, você não tem motivos pra ter ciúmes de mim... - Eu sei – ela garante. Nancy interrompe: - Tô perdoada, então? - Claro, Nancy – assegura Amélia – Você é uma boa menina, eu torço para que você encontre um rapaz que te dê muito amor. - Eu acho até que ela já encontrou... Tem um certo palhaço que arrasta um caminhão por você, sabia? – revela Vitor. - Ah, o Pimpinela é uma gracinha... só tem um defeito: é pobre – retruca a moça. - Nancy, dinheiro não é o mais importante na vida. Quando a gente está numa situação-limite, como eu fiquei, perdido na mata, dinheiro não serve pra nada. O que me manteve vivo foi a certeza de que tinha alguém me esperando aqui – ele envolve Amélia com um braço. - Nossa... vou pensar nisso, prometo – conclui Nancy. Mais tarde, quando deitam para dormir, Vitor começa a descer com beijos pelo pescoço de Amélia, chega até o colo dela e tenta descer a camisola. - Aqui não, Vitor... É a cama do meu filho, da minha nora. E com tudo isso que está acontecendo, como você consegue pensar nessas coisas? - Não estou pensando... Estou sentindo a sua pele, o seu cheiro... é muito difícil resistir. Mas você tem razão. Além disso, precisamos descansar, porque teremos um longo dia pela frente.
  • 7. - É verdade. Mas ao seu lado eu enfrento tudo que vier – ela acaricia o rosto dele. - Eu também. Ninguém vai tirar você de mim – responde Vitor, abraçando Amélia. Ela se aconchega nos braços dele, e logo estão dormindo, ainda abraçados. Antes do sol nascer, Amélia e Vitor são acordados pelo toque do telefone. - É a Manu – constata Amélia, preocupada. - Atende – diz Vitor, tentando disfarçar que também está preocupado. Amélia obedece. - Oi, filha, aconteceu alguma coisa? - Está tudo bem com você, mãe? - Sim, estamos na casa da Janaína. - Estava pensando, é melhor vocês ficarem aqui na estância. Acho mais seguro. Assim que saírem os primeiros raios de sol, eu pego vocês aí. Deixem o carro do Vitor na cidade, para despistar. - Espera um pouco – Amélia conta para Vitor a proposta de Manu, e ele pede o telefone. - Pode vir, Manu. Agora mesmo, se puder. Eles se trocam e deixam um bilhete para Nancy, agradecendo a ajuda. Depois descem a escada com cuidado, para não fazer barulho. E ficam esperando perto da porta. - Escapando de um lado para outro, se escondendo na madrugada, como dois criminosos... O que a gente está fazendo, Vitor? – desabafa Amélia, melancólica. - Estamos lutando pelo nosso amor – ele responde, olhando nos olhos dela. - É só por te amar tanto que eu tenho forças – devolve Amélia. Vitor acaricia o rosto dela e depois a abraça com intensidade. Eles não dizem mais nada, apenas esperam, em silêncio e abraçados. IV Manuela chega e leva Amélia e Vitor até a estância. Eles entram com cuidado para não serem vistos e são conduzidos por Manu até o quarto de hóspedes. - Fiquem à vontade. Eu já volto – ela avisa. Manu retorna alguns minutos depois, junto com Solano, que carrega uma bandeja de café da manhã. Ele coloca a bandeja sobre a cama e diz: - Sintam-se em casa. Não se preocupem, o Max está proibido de entrar nesta estância. - Obrigada, Solano... mas quando o Max quer alguma coisa, ele vai até as últimas consequências. Tenho medo de estar colocando vocês em risco também – responde Amélia, preocupada. - Buenas, ele já quer me escalpelar de qualquer forma, então um motivo a mais, um motivo a menos não vai fazer diferença – devolve Solano. - Não fala assim, meu amor – Manu o abraça, tensa. - Calma, guria, o Max não vai me derrubar, eu te juro. - Mesmo assim, toma cuidado – ela pede, depois olha para a mãe e Vitor – Vocês também... acho melhor não saírem do quarto, seguido vem algum peão falar com o Solano, alguém pode ver vocês... Pelo menos por hoje, porque
  • 8. vocês não podem ficar escondidos pra sempre, a gente precisa achar uma solução. - Por mim eu já tinha enfrentado o Max – afirma Vitor, com raiva no olhar. - Vitor... pelo amor de Deus... – murmura Amélia, com jeito de quem vai chorar. Ele a abraça com força e diz: - Não vou fazer nada. Você está aqui comigo, e isso é o que importa. Manu olha para os dois, comovida, e interrompe: - Depois eu trago o almoço pra vocês, tá? - Se precisarem de mais alguma coisa, é só chamar – acrescenta Solano. Eles saem. Amélia e Vitor ficam abraçados em silêncio, como que buscando forças um no outro. Mais tarde, Vitor está recostado na cama com Amélia nos braços dele, e comenta: - Como é a vida, né? Um dia eu dei um belo soco na cara desse gaúcho porque achava que ele tinha me roubado a Manu... e agora os dois estão fazendo tudo isso por nós. - É, o mundo dá voltas. Mas nem me lembra desse dia... fiquei tão aflita quando vi você todo machucado... - Pois eu faria tudo de novo, só pra ter você cuidando de mim daquele jeito – ele retruca, sorrindo. - Bobo... Ele fica olhando pra ela por alguns instantes, como a contemplando, e de repente começa a rir. - O que foi? – ela pergunta. - Lembrei de uma coisa agora – ele ri mais um pouco e conta – Um dia você me disse que se estivesse no lugar da Manu não deixaria escapar um homem como eu, lembra? - Quando eu disse isso? – ela tenta disfarçar, sem graça. - Quando exatamente não sei, mas foi naquela época que a Manu me trocou pelo gaúcho – Vitor responde ainda achando graça, mas depois fica sério – Você já estava sentindo algo a mais por mim, desde aquele tempo? - Não sei, talvez... – ela devolve, quase gaguejando – Você já era uma pessoa especial pra mim. Mas era noivo da minha filha, por mais que me sentisse bem na sua companhia jamais passaria pela minha cabeça que viveríamos tudo que estamos vivendo. - Eu te achava uma mulher muito especial, e tinha certeza que jamais te veria como mãe. Mas também não imaginava... Como eu fui burro! Fiquei sofrendo por quem não me queria, até brigar eu fui, enquanto a mulher da minha vida estava bem na minha frente... - A mulher da sua vida, é? – Amélia olha pra ele, sorrindo. Ele traz o rosto dela para perto do dele e a olha nos olhos: - A mulher que eu mais amei, que eu amo, e que sempre vou amar... - Te amo com toda a minha alma, o meu corpo, o meu coração... – ela retribui. Eles colam os lábios num beijo intenso e apaixonado. A noite chega, e Amélia se prepara para dormir. - Eu já disse que você fica linda de camisola? – comenta Vitor, a olhando com desejo. - Já – ela ri, se deitando na cama ao lado dele.
  • 9. Ele puxa Amélia mais para perto, ficando com o corpo colado ao dela. - Linda... – ele murmura, olhando para os lábios dela, e a beija. Eles se entregam a um beijo ardente, e as mãos de Vitor percorrem o corpo de Amélia, tirando sua camisola. Ele vai descendo com os lábios pelo pescoço dela, indo até o colo. Ela sente seu corpo arrepiar completamente, e pressiona as costas dele com as pontas dos dedos. Entregues ao desejo, eles se amam como se não existissem problemas, apenas aquele sentimento que os faz sentir como se fossem um só. Pela manhã, Fred chega de viagem e, avisado por Manu, vai correndo até a estância ver a mãe. Antes de entrar, olha em volta e nota um carro um pouco distante da casa. Manu chega na varanda para o receber e abraça o irmão. - Manu, você conhece aquele carro ali adiante? – ele pergunta preocupado. - É da fazenda. Deve ser um capanga do seu Max – ela responde, apreensiva. Eles entram. Amélia e Vitor, que já esperavam por Fred, estão descendo as escadas. Ao ver o filho, Amélia corre até ele e o abraça. - Mãe... está tudo bem com a senhora? - Está, na medida do possível. Vitor se aproxima, e Fred, ainda abraçando a mãe, lhe estende a mão: - E aí, cara? - Estou cuidando dela, viu? – Vitor avisa. - Tenho certeza disso – responde Fred – Mas as notícias não são boas. A tensão é evidente nos rostos dos quatro. - Tem um carro da fazenda parado aí fora – explica Manu. - E agora? – questiona Amélia, aflita. Vitor segura a mão dela e tenta confortá-la: - A gente vai dar um jeito. - Vocês precisam sair daqui de um jeito que esse capanga não veja – diz Fred, que fica pensativo por alguns instantes, depois acrescenta – Vocês podem se esconder na casa de shows por alguns dias, duvido que o velho pense em procurar lá. - Boa idéia, Fred. O problema é esse sujeito aí fora – concorda Vitor. - Vamos pensar, tem que ter uma saída – incentiva Manu. Todos ficam em silêncio. De repente, Estela entra na sala. - Desculpa se atrapalhei alguma coisa. Vim visitar a dona Mariquita, a Aspásia me disse que ela está lá cima – ela explica, olhando com estranheza para as mãos dadas de Amélia e Vitor. Manu olha para a índia e sorri como quem acabou de ter uma idéia: - Estela! É de você mesma que a gente precisava. - Como assim? - Minha mãe e o Vitor precisam chegar até a cidade sem que ninguém os veja. Mas tem gente meu pai vigiando aí fora. - Entendi... a gente pode sair pelos fundos e ir pela mata. Pode deixar que eu guio eles. Só posso dar um beijo na dona Mariquita antes? - Claro, pode subir – afirma Manu. Depois que Estela sobe, Fred pergunta para a irmã: - Você tem certeza de que podemos confiar nela? - Tenho certeza de que a Estela não vai querer ajudar o seu Max, muito pelo contrário.
  • 10. - Tá bem. Vou indo na frente, pra arrumar tudo na casa de shows. Espero vocês lá – ele dá um beijo na mãe, um tapinha no ombro de Vitor, e sai. V Logo depois, Amélia e Vitor seguem Estela pela mata. Ela os leva até uma porta nos fundos da casa de shows, onde Fred espera. - Valeu, Estela. Ficamos te devendo essa – ele agradece. - De nada. Fico feliz em poder ajudar duas pessoas que se amam – ela responde, olhando para o casal com um sorriso, e vai embora. Enquanto entram, Fred pergunta: - Vocês contaram pra ela? - Não, não dissemos nada – afirma Amélia. Fred olha para os dois e ri: - Nem precisa, né? Dá pra ver na cara de vocês... Ele os leva até uma salinha reservada. - Aqui é o escritório da casa. Arrumei um colchonete. Tem água, frutas... vocês podem usar a copa lá embaixo também. Qualquer coisa, liguem para o meu celular. Já sozinhos na casa de shows, Vitor senta na beira do palco e fica olhando ao redor. Amélia senta ao lado dele e comenta: - Ficou distante? Ele a envolve com um braço e responde: - Estava lembrando da festa da colheita. Quando você entrou por aquela porta, estava tão linda... parecia uma visão, sabe? Mas quando vi aquele desgraçado ao seu lado, se transformou num pesadelo. Você ali tão perto, tão linda, e eu não podia me aproximar... - Ah, querido... naquele dia, quando o Max apareceu pronto para me acompanhar, cheguei a pensar em desistir, ficar em casa... mas decidi vir só pra te ver, nem que fosse de longe. - O que importa é que depois a gente até conseguir dançar juntinho... foi tão bom. - Foi sim... foi a melhor dança da minha vida – ela afirma, sorrindo. - É? Vamos repetir, então. Temos o salão só pra nós! – diz Vitor, enquanto se levanta e puxa Amélia pela mão. - Mas sem música? - Qual o problema? A gente dança a música do amor! – ele devolve, levando-a até o meio do salão. E a conduz pela pista, girando com ela nos braços como se tivessem sendo embalados por um som só deles. Enquanto isso, Max liga para o capanga que mandou para a estância. O rapaz relata que não viu nenhuma movimentação. - Onde será que aqueles dois se acoitaram? – esbraveja Max, sozinho no escritório. Pega o telefone de novo e liga para o delegado. Geraldo está na entrada da mata, escondido com Safira. Eles se beijam apaixonadamente quando o telefone toca. - Geraldo, seu telefone... – diz Safira, quando param para respirar. - Deixa tocar, ninguém é mais importante do que você nesse momento – ele responde, e a beija novamente.
  • 11. O telefone para, mas logo começa a tocar de novo. - É melhor você atender – ela pede. Geraldo olha na tela no aparelho: - É o Max – ele atende, impaciente – Que você quer, Max? - Estás fazendo o que eu pedi? Encontraste alguma pista da minha mulher? - Ainda não, nada. Tô muito ocupado, agora, preciso desligar. - Está bem, mas trate de me dar notícias logo! Geraldo desliga o telefone e esbraveja: - Que saco! O Max acha que não tenho mais nada pra fazer a não ser atender as ordens dele? Safira fica preocupada: - O que aconteceu? O que ele queria? - Você está sabendo que a dona Amélia fugiu de casa, né? - Geraldo, você não vai entregar a dona Amélia pro seu Max... se você fizer isso, nunca mais olho na sua cara! Aquele homem é um monstro! - Eu sei, e to cansado dele... cansado de me envolver nas sujeiras dele. Quero ser um homem melhor... pra você – Geraldo responde, acariciando o rosto de Safira. - Me promete que você não vai fazer nada que prejudique a dona Amélia? - Prometo... prometo o que você quiser – afirma o delegado, colando seus lábios aos de Safira novamente. Mais tarde, já de noite, Amélia e Vitor estão deitados no colchonete, ela com a cabeça sobre o peito dele, ele acariciando os cabelos dela. De repente, Amélia desabafa, com uma lágrima escorrendo por seu rosto: - Não aguento mais ficar fugindo, me escondendo... nós não estamos fazendo nada de errado! Não podemos viver assim... - Então vamos sair daqui e assumir nosso amor pra todo mundo – ele afirma tentando demonstrar segurança. Ela esconde o rosto no peito dele por alguns instantes. Depois levanta a cabeça, enxuga as lágrimas e olha para Vitor. - Você vai estar sempre ao meu lado, né? – ela pergunta, quase parecendo uma criança assustada. - Sempre, cada minuto, cada segundo... O Max não vai mais encostar em você, eu juro. Amélia acaricia o rosto de Vitor com as pontas dos dedos e diz quase sussurrando: - Eu não posso mais viver sem você... eu preciso, eu quero ter forças para enfrentar tudo que vem pela frente... Me ajuda? Ele entrelaça seus dedos nos dela antes de responder: - Eu estou com você... e sei que você é forte, que vai conseguir. - Então amanhã vamos sair daqui, vamos parar de fugir. Vamos tentar viver nossa vida... - Meu amor... é o que o mais quero. - E que Deus nos ajude – ela conclui, abraçando Vitor de um jeito aflito. Ele a aperta em seus braços, parecendo querer mantê-la protegida. Pela manhã, eles saem da casa de shows e caminham pela rua de mãos dadas. Ao entrarem na estalagem, Terê põe as mãos no rosto, surpresa: - Meu Deus! O que vocês estão fazendo aqui?
  • 12. - Não vamos mais fugir, Terê. Vamos encarar o Max e tudo que vier – explica Vitor. - Estão mesmo dispostos a correr tanto risco? - Não podemos continuar vivendo como se fôssemos dois bandidos, né? – argumenta Amélia. - Tem razão, minha amiga... e que Deus os proteja, porque vocês vão precisar. Vitor abraça Amélia e pergunta de um jeito aflito: - Terê, me diz: quando a gente vai ter paz? - Acho que só no dia em o Max estiver debaixo de sete palmos de terra... – responde a vidente sem pensar. VI Amélia e Vitor vão para o quarto dele. - Enfim, em casa! – ele ri – Afinal, esse quarto tem sido minha casa nos últimos tempos. Ela fica pensativa, e sorri. Depois, comenta: - Alguns dos momentos mais lindos da minha vida aconteceram aqui... Ele a abraça por trás e devolve: - Pois, no que depender de mim, você ainda vai viver muitos momentos lindos, viu? Amélia se vira e olha nos olhos dele: - Nós vamos viver... juntos. Não vou deixar mais ninguém me separar de você. Vitor sorri e acaricia o rosto dela, murmurando: - Meu amor... esperei tanto por isso. Os lábios deles se encontram num beijo cheio de esperança. Mais tarde, Amélia toma banho e sai do banheiro com os cabelos molhados. Vitor observa, encantado, enquanto ela penteia os cabelos, coloca os brincos e depois se maquia levemente. Quando termina de se arrumar, ela dá uma voltinha na frente dele. - Que tal? - Linda... muito linda... e minha! – ele responde, olhando para ela com fascinação, e a puxa para os braços dele, terminando num beijo apaixonado. Quando descolam os lábios, Vitor sugere: - Você está tão linda que não é justo ficar trancada nesse quarto. Vamos sair? - Pra onde? - Não sei... não importa o lugar, desde que você esteja ao meu lado – ele sorri – Vamos dar uma volta, tomar um sorvete... - Como dois namoradinhos? – ela pergunta com os olhos brilhando. - É... minha namoradinha... – Vitor ri, transbordando alegria. Eles vão ao armazém de Janaína e pedem dois sorvetes. Sentam numa das mesinhas e ficam se olhando, enamorados. Vitor pega um pouco de sorvete com a colher e leva até a boca de Amélia, e ela retribui. Felizes, eles parecem sorrir até com os olhos. Ao terminarem os sorvetes, eles saem de mãos dadas. Enquanto caminham, Vitor pergunta, como se não estivesse conseguindo acreditar: - A gente está fazendo isso mesmo? Andando de mãos dadas, na rua, na frente de todo mundo?
  • 13. - Estamos sim, meu amor... – Amélia responde, sorrindo. - Então agora eu posso gritar ao mundo todo que te amo? - Você é louco... – ela ri, encantada. Vitor também ri e toma Amélia dos braços, levantando-a do chão e rodopiando com ela. Quando pára, ele a beija apaixonadamente, ali mesmo, para que toda Girassol veja. Logo depois, o telefone toca na fazenda. Lurdinha atende. É Cotinha, que conta à amiga que viu Amélia e Vitor aos beijos na cidade. - O quê? A dona Amélia, minha patroa, e o Vitor, se beijando no meio da rua? - Isso mesmo. - Ai, minha Nossa Senhora... quando o seu Max ficar sabendo não quero nem ver o que ele vai fazer... – diz Lurdinha, aflita. Bem nesse momento, Max entra na sala: - O que tens medo que eu fique sabendo, Lurdinha? A empregada deixa o telefone cair no chão, assustada: - Nada não, seu Max... - Com quem estavas falando? - Com a Cotinha... mas não era nada importante, não – ela dá um passo pra trás na tentativa de voltar para a cozinha, mas o patrão a segura pelo pescoço. - Fala, chinoca de batalhão! - A dona Amélia.. e o Vitor... – diz Lurdinha, com esforço, mas não tem coragem de continuar. Max aperta mais o pescoço dela: - O que tem aqueles dois? Fala antes que tu não consigas falar mais nada nessa vida! A empregada fecha os olhos e revela, com um fio de voz: - Tavam se beijando na rua. Max larga Lurdinha tão bruscamente que ela cai sentada no chão e fica ali, passando as mãos no pescoço dolorido e chorando, enquanto o patrão sai bufando de raiva. Amélia e Vitor continuam passeando de mãos dadas. Dão alguns passos, páram para trocar um beijo, continuam andando, trocam mais um beijo... Caminham como se estivessem flutuando. Estão quase chegando na estalagem de volta quando Vitor pára mais uma vez e tenta beijar Amélia. - De novo? – ela questiona, rindo. - Só mais um, meu amor... – ele justifica, colando seus lábios ao dela. Aos risos, eles vão continuar o trajeto, mas dão de cara com Max. - Mas olha quem eu encontro! O casalzinho fujão! Que pena, acabou a brincadeira de vocês... – ele diz com ironia, depois muda para uma expressão de fúria – Vamos, Amélia, você vai voltar para casa agora! Max se aproxima para tentar pegar Amélia, mas Vitor o impede, ficando na frente dela e gritando: - Você não vai tocar essas mãos imundas na minha mulher! Vitor empurra Max, que dá alguns passos para trás e cai, mas logo se levanta. - Minha mulher, moleque! E sabes o que acontece com quem atravessa o caminho de Max Martinez, sabes? – ele saca um revólver e aponta para Vitor – Será que eu acabo primeiro contigo, ou com essa vagabunda? Max aponta a arma para Amélia, enquanto os curiosos vão se aproximando.
  • 14. Fred chega correndo e grita: - Pai, pára com isso! - Meu filho... presta atenção, para aprender como um Martinez lava sua honra – avisa Max, visivelmente transtornado, e aponta de novo para Vitor, engatilhando a arma. Geraldo se aproxima cuidadosamente por trás e põe seu revólver na cabeça de Max. - Larga essa arma, Max. - Que pensas que estás fazendo, Geraldo? Sai já daí, não te metas onde não foi chamado! - esbraveja Max. - Estou tentando impedir uma tragédia. Largue essa arma, ou vou ser obrigado a usar a minha. Max ri antes de responder: - Achas que vou matar minha mulher? Não, ela volta comigo para casa, depois que eu dar cabo desse moleque – Max atira na direção de Vitor, mas Amélia num impulso se põe na frente do amado, e cai nos braços dele, com as mãos na barriga. - Você está preso, Max! – avisa Geraldo. - Ah, é? Quem vai me prender? Tu, delegadinho de bosta? – Max vira a arma para trás e atira em Geraldo, que dispara também, na cabeça de Max, que cai imediatamente no chão. Geraldo põe a mão no pescoço, de onde jorra sangue, e olha para a multidão. Seus olhos encontram os de Safira, e ele desaba. Vitor, desesperado, se ajoelha no chão, segurando Amélia, que mantém as mãos na barriga, e vê sangue escorrer por entre os dedos dela, - Amélia, meu amor... não... – as lágrimas escorrem pelo rosto dele. - Você está bem? – ela pergunta, já respirando com dificuldade. - Estou, mas você... Ela fecha os os olhos, e ele grita: - Não, Amélia, não!!! Não me deixa! Ricardo se aproxima: - Vamos leva-la para a ambulância, ela precisa ir para o hospital de Juruanã. Vou tentar conter a hemorragia até chegar lá. - Ela vai sobreviver, não vai? - Claro que vai, Vitor, ela é forte. Vamos, me ajuda a colocá-la na maca. Vitor ajuda e entra junto na ambulância. - Vou ficar do seu lado, meu amor... – ele diz, segurando a mão dela. VII Fred avisa Manu, que vai para o hospital com Solano, e toma as providências em relação ao corpo de Max. Depois disso ele os encontra no hospital, onde Manu chora nos braços de Solano. Vitor está afastado de todos, num canto da sala, com os olhos cheios de lágrimas, sem acreditar ainda no que aconteceu. Só de pensar que Amélia estava quase morrendo por sua causa, ele entra em transe, querendo estar no lugar dela. Fred consola a irmã e depois se aproxima de Vitor: - Vitor, como você tá cara? - Fred. Foi minha culpa. Minha... - Pára com isso. Não foi sua culpa, foi do meu pai.
  • 15. - Ele ia me matar, e ela entrou na frente e... - Calma, calma. Vai dar tudo certo, a gente tem que se unir, ficar forte agora. - Eu sei. É que eu não me conformo, eu quero ver a Amélia! - O médico logo vai vir. Os dois se abraçam e vão até Manuela e Solano. - Fred, deu tudo certo com as coisas do pai? - Sim. Já arrumei tudo. Manuela chora e diz: - Como o pai pôde fazer uma coisa dessas? Meu Deus. Solano a consola: - Não pensa nisso, meu amor. - Nossa mãe vai viver, não vai, Fred? - Claro que sim, maninha. Claro! A dona Amélia é uma fortaleza, esqueceu? Fred a abraça com força, Vitor se afasta um pouco deles, cruza os braços e se encosta na parede, com uma tristeza enorme no olhar. Alguns minutos se passam e o médico chega: - E então, doutor, como ela está? – Vitor o aborda imediatamente - A cirurgia transcorreu muito bem e ela agora está em observação. Eu peço que vocês fiquem calmos e sejam pacientes. Ela vai ser transferida para a UTI, porque precisa ser monitorada por conta da perda excessiva de sangue, mas já retiramos a bala alojada no abdômen, que atingiu apenas o baço, sem risco com relação à outros órgãos. Está tudo sob controle. - Graças a Deus – Fred diz aliviado. Manuela abraça Solano sem falar nada, chorando, e Vitor, aflito, diz: - Eu quero ver a Amélia. - Sinto muito, mas visitas na UTI não são permitidas por enquanto. Assim que estiver tudo controlado eu chamo vocês. Vitor tenta indagar ainda mais, mas Fred o impede e o leva para mais longe do médico. - Calma, Vitor, depois vamos vê-la. - Eu preciso ver a Amélia, Fred. Preciso ver com os meus olhos que ela está bem. - Eu sei, todos nós queremos, mas calma, já já vamos vê-la. Se acalma. Vitor balança a cabeça negativamente, nervoso, e começa a andar de um lado para o outro. - Vitor, vamos comer alguma coisa cara, vem comigo... Ele e Fred vão até a cantina. Um tempo se passa e o médico libera a visita somente para parentes. Vitor fica aflito, pois não poderá ver Amélia. Manuela vê o estado dele e tenta amenizar: - Vitor, amanhã você já pode entrar, nós vamos ficar só alguns minutos também... Ele não diz nada, senta no banco e abaixa o rosto, cruzando as mãos sobre a cabeça. Manuela e Fred voltam do quarto e dizem que ela está com uma aparência tranqüila, respirando com auxílio dos aparelhos. Vitor fica atento nos detalhes que eles contam e não consegue conter as lágrimas. Ele decide ficar no hospital até a hora da visita.
  • 16. Somente Vitor passa a noite no hospital. Solano e Manuela voltam para a estância, pois não querem deixar dona Mariquita muito tempo sozinha. Fred e Janaína vão para um hotel próximo. Quando amanhece Vitor é liberado para ver Amélia... - Pode entrar. – a enfermeira abre caminho para ele, que fixa o olhar em Amélia deitada na cama. - Amélia... - Ele diz baixinho, chegando mais perto. – Meu amor. Vitor chora e com cuidado pega as mãos de Amélia: - Eu não vou deixar você morrer, eu te prometo. – Vitor beija as mãos de Amélia com carinho – você salvou a minha vida... Ele chora sem controle, beija o rosto dela devagar e o médico chega: - Sinto muito, mas é melhor sairmos, deixá-la descansar. Vitor a olha por mais alguns longos minutos, acaricia seu rosto e sai hesitante. O médico o olha com tristeza, e bate em seu ombro: - Ela vai ficar bem, eu garanto. Ele diz que sim com a cabeça para o médico e sai do quarto com a cabeça baixa, passando as mãos nos olhos, retirando as lágrimas que não param de cair, e se volta para o médico: - Não deixa ela morrer doutor, eu te imploro. Eu não ia aguentar isso. Ela não pode morrer... por minha causa. - Fica calmo, ela está bem. Algumas semanas se passam e Amélia sai da UTI para o quarto. Vitor passou todas as noites no hotel próximo ao hospital, esperando esse momento: - Eu vou poder vê-la hoje, não vou? - Sim, dois de cada vez vão poder entrar. Vitor sorri ansioso e Fred diz: - Manu, o que você acha de deixar um certo cara, nervosão, ir antes da gente? Todos começam a rir e ela diz: - Eu acho a ideia ótima, senão já já ele desmaia e vai dar um trabalhão pros médicos. - Obrigado, gente. Vocês não sabem o quanto eu preciso... - A gente sabe, Vitor, você mais do que ninguém merece. Você esteve ao lado da nossa mãe todo o tempo, tentando evitar tudo isso... Nós imaginamos o quanto deve estar sendo difícil pra você. – Manuela diz com ternura e compreensão. - Obrigado, Manu! – Vitor passa as mãos no rosto, sem paciência. A enfermeira chega até eles: - Os primeiros podem vir comigo. - Vai lá, irmão. – Fred o empurra. Vitor a segue com o coração acelerado, a enfermeira mostra a porta e ele a abre devagar. VIII Amélia está encostada no travesseiro com os olhos fechados. Vitor caminha até ela, a olhando fixamente e senta ao seu lado sem dizer nada. Ela percebe sua presença, e então abre seus olhos: - Vitor...
  • 17. - Oi, meu amor... – Ele pega suas mãos e a olha sem dizer mais nada. - Que bom... te ver. – Amélia diz com dificuldade e com a voz baixa. - Você está se sentindo bem? Ela diz que sim com a cabeça, com uma das mãos perfaz todo o rosto de Vitor com os dedos e sorri: - Eu amo você. Vitor começa a chorar: - Amélia, me perdoa. Me perdoa? Você não precisava estar aqui, foi culpa... Amélia cerra os lábios dele com os dedos: - Pára, não diz isso. Eu faria tudo exatamente da mesma forma. Não foi culpa nossa, e sim do Max. - Mas eu poderia ter evitado... - Não! Aconteceu como deveria acontecer. Você é minha vida. Vitor, eu nunca deixaria o Max fazer nada contra você. Ele é meu marido, nosso relacionamento só foi complicado porque eu deixei o tempo passar. - Calma, meu amor. Fica calma. Não é nada disso, a gente não precisa falar disso agora. - Eu só quero que você saiba que eu não me arrependo e que nunca te culparia, entendeu? Vitor não aguenta e a beija nos lábios, não a deixando falar mais nada. Logo se desprende e diz eufórico: - Eu te amo tanto... Se eu te perdesse eu morreria. Minha vida não tem sentido sem você, Amélia. Ela o beija levemente e sorri, olhando para ele sem parar. - E o Max? O que aconteceu? Vitor fica pensativo mas decide dizer: - O Max morreu, Amélia. Ele e o delegado trocaram tiros, acho que você não deve ter visto nada naquele momento. Mas nenhum dos dois resistiu... E o velório já aconteceu. - Meu Deus, quanta tragédia. – Amélia fica tensa e chora. - O Max por fim conseguiu destruir a própria vida com tudo isso. - Sim. Era o mais provável, mas fica calma, meu amor, agora tudo passou... - Vitor se levanta e a abraça beijando sua testa. - E os meus filhos? Como eles estão com isso tudo? - Eles estão tristes, mas seguraram firme. Estão todos bem e ansiosos pra te ver. Vou chamá-los. - Vitor! – Amélia o puxa pela braço e sorri. – Eu estava com muita saudade. - Eu também, eu também. – Vitor beija suas mãos novamente com os olhos fechados. – Agora a gente vai ser feliz, eu te prometo. - Te amo! – Ela diz baixinho e os dois sorriem, aliviados. Manuela, Fred e Janaína visitam Amélia e depois de três dias ela volta para casa. Vitor e Amélia estão no quarto dela na fazenda e ele pergunta: - O que você pensa em fazer? Sair daqui? - É o melhor. Eu não vou aguentar ficar nessa casa, lembrar de tudo. Passei momentos lindos com meus filhos aqui, mas prefiro sair, porque predomina a presença do Max. - A missa de um mês é amanhã, não é? - Sim. Está sendo tão difícil pra Manu e pro Fred. As coisas poderiam ter acontecido de forma diferente, mas... Deus sabe o que faz.
  • 18. Vitor a abraça e de repente mostra duas passagens com um sorriso de menino levado no rosto: - Olha! Eu acabei de fazer contato com um pessoal da Ásia pra exportar as suas peças! - Jura? Isso é maravilhoso, Vitor! - Pois é, e nós vamos juntos. Vamos esperar mais algumas semanas pra você se recuperar e vamos pra nossa... lua-de-mel! Não fico nem mais um segundo longe de você. - Vitor... – Amélia sorri e o beija com carinho.- Mas e meus filhos? Será... - Amélia, eles mesmos me incentivaram. Fica tranquila. Vitor sorri, a abraça pela cintura e a beija apaixonadamente. Nesse instante, Manuela e Fred chegam na fazenda. Eles batem na porta do quarto e entram: - Mãe, Vitor... E aí, tudo bem? – Manuela diz sorrindo para eles. - Sim, filha, estou aqui arrumando minhas coisas. Acho que vou passar só mais os dias que o médico recomendou aqui na fazenda e depois eu vejo o que faço. - Certo. Depois a senhora poderia ficar na estalagem com o Vitor, não é? Sei que vai ser difícil ficar por aqui. - Pois é. Bem difícil. Vitor sorri e abraça Amélia na cintura, olhando para Fred e Manu: - Eu acho uma ótima idéia ela mudar para o meu quarto! Amélia sorri sem graça e Fred diz brincando: - Olha lá, hein, Vitor. Eu tô de olho em você. Todos começam a rir e parece que a paz em Girassol finalmente está voltando. Amélia dorme na fazenda com Manuela, enquanto Fred e Vitor voltam para a cidade. Eles combinam de passar na fazenda logo cedo para irem juntos à missa de Max e Geraldo. Já é de manhã e todos estão na igreja. O padre diz algumas palavras para Max e Geraldo, citando a vida desregrada dos dois, porém enfatizando que apesar de tudo eram filhos de Deus, pedindo assim que os dois descansassem em paz. Manuela chora nos braços de Solano enquanto Janaína abraça Fred. Vitor segura Amélia pela cintura, e ela encosta a cabeça nos ombros dele, fazendo com que todos reparassem que os dois estavam realmente juntos. No final da missa, Amélia encontra Safira e diz: - Safira, vem aqui. – Ela pega em suas mãos. – Queria dizer que eu sinto muito e que não te julgo por nada. Muito obrigada por interceder por mim com o Geraldo, foi muito corajoso da sua parte. A Pérola me contou tudo. Vitor concorda: - Obrigado, Safira, você ajudou bastante. - Imagina... Eu gosto muito da senhora, dona Amélia. Eu cresci junto com você, a Manu e o Fred. Nunca ia permitir que algo de ruim acontecesse. - Eu sei – As duas se abraçam carinhosamente. - E eu queria desejar muita felicidade pra vocês dois. De verdade. - Obrigada, querida. Eu desejo o mesmo a você. Você é tão linda e jovem, logo vai encontrar alguém pra ficar ao seu lado. – Amélia sorri para Safira e toca seus cabelos.
  • 19. Safira responde com um sorriso triste: - Obrigada, dona Amélia. Logo atrás Nancy aparece e cumprimenta Amélia e Vitor: - Oi, Vitor, oi, Amélia. Espero que agora vocês consigam ficar em paz. Amélia sorri: - Obrigada, Nancy, pela ajuda que você nos deu, nem tive tempo de te agradecer. - Imagina, dona Amélia, podem contar sempre comigo. Vitor concorda e acrescenta: - É, Nancy, você ajudou a praticamente salvar a vida da minha mulher numa situação bem complicada... A gente fica te devendo essa. – Vitor abraça Amélia e beija seu rosto, ela retribui tocando o rosto dele e sorrindo levemente. - Até mais – Vitor se despede de Nancy e das “jóias”, e ele e Amélia seguem até o carro, até que avistam Estela de longe e ela se aproxima. - Estela? – Manuela diz, junto com Solano. - Oi, Manuela, vim desejar melhoras a vocês, espero que essa tempestade passe logo. Manuela olha para Solano e depois para Estela: - Obrigada, Estela. Eu queria te agradecer... - Agradecer? - Sim, você ajudou muito minha mãe e o Vitor, a se esconderem do meu pai. - Imagina, fiz o que achava certo. Nisso, Amélia interrompe e também agradece: - É verdade, Estela, muito obrigada. - Imagina. E eu desejo que vocês sejam muito felizes. – Estela vai embora com tristeza no olhar vendo Manuela e Solano juntos. Os dois a olham com pena. Vitor e Amélia se despedem de Manuela, Solano, Janaína e Fred, entram no carro e seguem para a fazenda. IX Chegando lá, Vitor sobe até o quarto junto com Amélia: - E então? Posso saber o que essa cabecinha está pensando? Você tá tão longe. – Vitor pega nas mãos de Amélia e depois segura seu rosto. - Nada, só estou me sentindo um pouco estranha com tudo o que aconteceu. Ainda não caiu a ficha. - Meu amor... Isso tudo vai passar... se você deixar eu cuidar de você, prometo te fazer a mulher mais feliz desse mundo. Amélia sorri e de repente esquece da sua angústia, enxergando apenas Vitor em sua frente e desejando que o tempo parasse naquele instante: - Sem você aqui comigo eu... eu nem sei. Não sei se aguentaria tudo isso. Eu te amo tanto. – Ela diz olhando com tristeza e paixão nos olhos de Vitor, que não diz nada e a beija intensamente, guiando-a até a cama e se preocupando todo o tempo em ser cuidadoso. Mesmo sob recomendações médicas para não se esforçar, Amélia não resiste aos carinhos e confia plenamente nos cuidados de Vitor, e então os dois se entregam a um amor desesperado, que só se fez aumentar depois de tanto sofrimento. O dia amanhece e Vitor acorda. Ele olha para o lado e fica maravilhado ao ver Amélia dormindo abraçada em seu peito, e a beija devagar. Ela então desperta:
  • 20. - Bom dia. - Bom dia, meu amor. Dormiu bem, está tudo bem? - Muito bem! – Amélia sorri e dá um beijo rápido nos lábios de Vitor, que a puxa novamente e a beija com mais intensidade. Depois do beijo, Amélia acaricia o rosto de Vitor, perguntando: - Que horas são? – Vitor pega seu relógio no criado-mudo: - Meio-dia em ponto. - Meu Deus, o que você fez comigo pra eu dormir até essa hora? - Hum, você esqueceu? Eu posso fazer tudo de novo e a gente acorda só meio-dia do outro dia, o que você acha? - Seu bobo! – Amélia começa a rir e deita no peito de Vitor, o abraçando. – Apesar de tudo eu estou tão feliz, sabia? Já cheguei a pensar que a gente nunca ia conseguir ficar assim algum dia... Juntos. - Eu também! Eu sou o homem mais feliz desse mundo, e agora eu posso sair gritando pra Girassol inteira que você é minha mulher. Só minha! Amélia sorri e Vitor se debruça sobre o corpo dela levemente, ainda cheio de cuidados para não machucá-la por conta da cirurgia, beijando-a com paixão. Os dois se amam novamente, sentindo que não havia mais nada além daquele sentimento forte que os devorava cada vez mais. Depois dessa noite e manhã juntos, Amélia e Vitor passam as outras noites separados, pois Manuela resolve ficar o tempo estipulado pelo médico, cuidando da mãe. Vitor a visita todo o momento e os dois já vão planejando a viagem, ansiosos. Dois meses se passam e Amélia se recupera totalmente. Vitor passa na fazenda para pegá-la e a ajuda a arrumar as malas: - Amélia, você vai levar tudo isso? - Tudo isso não... São coisas básicas. Vitor começa a rir e a segura por trás pela cintura, beijando sua nuca: - Sabia que eu te amo? - Vitor... pára. Deixa eu arrumar a mala, senão eu não termino hoje! - Mas a gente tem uns bons minutinhos ainda. Eu tô com tanta saudade... Amélia se desprende dos braços dele com dificuldade, tentando resistir aos beijos, quando se solta, ela beija Vitor fixando com força seus lábios nos dele e diz: - Quando chegarmos no RJ a gente aproveita todo o tempo perdido. - Ah, não acredito. Eu não vou conseguir esperar essa viagem. - Vai sim. Sossega e me ajuda a levar as malas até o carro! – Ela sorri e puxa a mão de Vitor, carregando uma das malas. - Não, eu levo todas. – Vitor a beija e carrega as malas para fora do quarto. Os dois se despedem de Manuela e Fred e seguem para Juruanã, pegando um avião até o RJ, onde passam dois dias até seguirem para a Jordânia - principal país no qual Vitor conseguiu exportar as bijuterias da “Rurbano”. Chegando no Rio, Vitor e Amélia entram no quarto do hotel, cansados da viagem, porém não resistem um ao outro: - Eu tava contando os minutos, os segundos pra chegar nesse quarto de hotel. – Vitor puxa Amélia pela nuca, olha fixamente nos seus lábios e a beija apaixonadamente.
  • 21. - Espera, Vitor. – Amélia se esquiva, eufórica com o beijo. – Calma! Preciso tomar um banho... A viagem foi cansativa. - Sério? Então eu vou junto. – Ele a puxa novamente e Amélia o repreende com as mãos: - Você me espera aqui? – Ela dá um selinho em Vitor. – Por favor? Amélia sorri e Vitor a olha desapontado: - Tudo bem, vai. Eu vou arrumando as coisas então. - Ótimo. Ela dá um beijo no rosto de Vitor e toca seu rosto, depois vai até o banheiro. Poucos minutos se passam e Vitor fica olhando para a porta do banheiro, até que não resiste e resolve entrar. Amélia já estava dentro da banheira, coberta por espuma: - Vitor! O que você tá fazendo aqui? - Não resisti! Desculpa meu amor... Eu não consigo mais ficar longe de você, nem que seja em outro cômodo. – Ele sorri de um jeito levado. Amélia começa a rir: - Você não tem jeito mesmo! Ele se aproxima da banheira, se abaixa ao lado dela e pega sua nuca, falando bem próximo aos seus lábios: - Meu Deus! Como você tá linda! Amélia fixa seu olhar nos lábios de Vitor, já fechando os olhos e os dois se beijam. Vitor levanta e tira sua roupa, entrando na banheira junto com Amélia. - Você é maluco mesmo! - Sou! Maluco, doido, alucinado. – Ele puxa o cabelo de Amélia beijando seu pescoço e depois seus lábios. E os dois finalmente se amam. X Durante a tarde, Amélia e Vitor vão juntos até a empresa de um dos fornecedores, fazem novas aquisições e resolvem passar o restante do dia e o dia seguinte aproveitando os pontos turísticos e as orlas da cidade. Os dois param em uma mureta em frente à Lagoa, Amélia se encosta e Vitor fica de frente para ela, com as mãos entrelaçando sua cintura: - Eu nem acredito que a gente tá aqui... juntos, sozinhos, em paz. Vitor a beija. Depois do beijo Amélia toca o rosto de Vitor com as duas mãos: - Parece um sonho. Eu nunca senti isso na minha vida. - E o que você tá sentindo? - Uma mistura de amor, com paixão, com alívio, carinho, felicidade sem fim. Vitor abre um sorriso imenso e a beija intensamente. - Eu te quero tanto, tanto... Quero te fazer feliz assim, pro resto da vida. Os dois se beijam novamente e seguem caminhando pela Lagoa. No dia seguinte Vitor conversa com Amélia, que está se arrumando no banheiro: - Amor, pra esse nosso último dia aqui no Rio eu marquei um horário no escritório de um amigo meu. Quero umas opiniões dele sobre o nosso negócio. Amélia sai do banheiro com um vestido longo de verão, colocando os brincos: - Ah é? Você não tinha me falado nada sobre esse seu amigo... Ele trabalha nessa área?
  • 22. - Hum. Mais ou menos. No caminho eu te explico... E você tá pronta? – Vitor vai se aproximando. - Tá maravilhosa... Vitor olha Amélia de cima abaixo, com desejo nos olhos, beija seu pescoço e segura sua cintura. Ela sorri e diz: - Sim. Estou prontíssima. Vamos? Os dois se beijam, Amélia pega sua bolsa e eles saem de mãos dadas. Vitor desconversa o motivo da visita ao amigo durante todo o trajeto até chegarem no local: - Vitor, você não vai me explicar mesmo qual o motivo desse encontro com seu amigo? - Você vai entender.. .- Ele sorri para ela, animado. - E aí, Gustavo, quanto tempo! Como você tá? – Vitor cumprimenta o amigo com um abraço. - Vitor Villar! Que surpresa, meu amigo... Nem acreditei quando você me ligou. - Pois é cara, a vida anda meio corrida. Mas hoje vou precisar da tua ajuda, espero que não leve em consideração esse tempinho sem nos falarmos. - Que isso, eu achei fantástico esse teu investimento. Só por isso eu relevo! - Deixa eu te apresentar minha mulher... Amélia, Gustavo... Gustavo, Amélia... - Prazer, Gustavo. - O prazer é todo meu... Com todo o respeito, Vitor, você mudou muito. Anda muito esperto, hein, cara... Muito bonita sua esposa. - Ah, obrigada! Mas nós ainda não somos casados... - Amélia sorri sem graça. - Ainda, né, amor... Bom, eu concordo com você. Mulher como essa, meu amigo, não existe igual – acrescenta Vitor. Os dois começam a rir, e Amélia continua sem graça, sorrindo. - Então, vamos indo até o estúdio, pra fazermos as fotos? - Fotos? Que fotos? – Amélia se assusta, sem entender. - Pode ir andando, Gustavo, já te alcanço! O amigo vai até o estúdio enquanto Vitor puxa Amélia para o canto da sala, onde finalmente explica tudo para ela: - Amor, eu te trouxe aqui porque esse meu amigo trabalha com a produção de catálogos, com modelos. Eu achei que seria fantástico se você fotografasse dessa vez sozinha, usando suas bijuterias... - Vitor se empolga e volta a falar: - Na realidade eu adorei sua idéia dos catálogos, desde o princípio. E imagina, só você estampada num catálogo, linda... – Ele a olha com paixão e toca seu rosto - Vai induzir ainda mais o desejo das mulheres em ficarem parecidas com você! - Vitor... Eu...nem sei o que dizer. O Fred fez minhas fotos com as meninas pro catálogo aquela vez e foi algo mais familiar... Mas faz tanto tempo que não faço nenhum ensaio sozinha, profissional... E eu não tenho mais idade pra fazer isso agora, todo o tempo... - Amélia... Não fala isso de idade, por favor. Você viu o Gustavo falando, te elogiando. Fora que as fotos do catálogo anterior ficaram maravilhosas. E ele entende muito disso. Pode ter certeza... todo mundo confia em você, agora a senhorita – Vitor toca o rosto de Amélia novamente – é que precisa acreditar mais em você... na sua beleza, nos seus múltiplos talentos. Amélia começa a rir com os olhos brilhando e toca também o rosto de Vitor: - Ai, meu querido... Só você pra me motivar desse jeito... a fazer coisas que eu nunca imaginei que faria de novo.
  • 23. - Eu amo você, Amélia. Eu acredito em você, não porque eu te amo, mas porque você é, sempre foi uma mulher especial, cheia de qualidades... enfim, ficaria aqui o dia todo listando tudo isso, mas não temos muito tempo...Vamos lá? - Ai, meu Deus, vamos! Vitor a guia puxando sua mão até o estúdio. Gustavo se aproxima e diz: - E aí, Amélia, vamos pra maquiagem? Amélia olha para Vitor com dúvida, e ele pisca para ela acenando positivamente com a cabeça, e ela então segue segura até o maquiador. Depois da maquiagem, Amélia nem precisa de um figurino novo, pois seu vestido caiu perfeitamente para as fotos do catálogo: sofisticado e moderno. Vitor olha para ela maravilhado e diz gesticulando: - Você tá linda! Amélia sorri e começa a tirar as fotos, como se estivesse retomando sua carreira de modelo. Ela se sente confortável e fotografa tranquilamente. Terminando a sessão de fotos, Gustavo diz: - Amélia, as fotos ficaram sensacionais. Você por acaso já tirou foto antes? É praticamente uma profissional! Vitor os interrompe: - Gustavo, você está falando com uma modelo profissional, que estava um tempo inativa, mas que agora voltou com tudo. Amélia balança a cabeça como se achasse exagero da parte de Vitor. - Jura? Então você já foi modelo? Eu sabia! Sempre reconheço esses talentos de longe. - Imagina, faz tanto tempo que isso aconteceu. Nem sei como consegui ficar confortável nessas fotos. Mas sua equipe é muito boa, me ajudou bastante... - Que isso! Você não precisa de ajuda alguma, Amélia. O Vitor tinha razão quando me ligou e disse que iria me trazer uma surpresa e tanto. São poucas as mulheres que fotografam tão bem num primeiro ensaio aqui no estúdio. Parabéns! - Obrigada! - Amélia sorri e aperta as mãos de Gustavo, seguindo para o vestiário. - Amor, me espera aqui? Vou tirar a maquiagem. - Claro, te espero! – Vitor sorri e a beija. XI Vitor e Gustavo conversam enquanto Amélia não retorna: - Sério mesmo, Vitor, não foi pra puxar seu saco, não, mas tua mulher arrasou. As fotos já ficam prontas hoje mesmo. Passa aqui mais tarde, depois do almoço. - Valeu cara! Tô ansioso pra ver essas fotos! Os dois se cumprimentam e Amélia chega: - E então? Vamos? - Vamos meu amor. O Gustavo disse que as fotos ficam prontas hoje, depois do almoço. Vamos almoçar aqui perto e voltamos. - Tudo bem. Os dois se despedem de Gustavo e saem. Na mesa do restaurante, Amélia diz, segurando as mãos de Vitor:
  • 24. - Nem sei como te agradecer por tudo. - Agradecer? - Foi tudo tão maravilhoso. Eu adorei a surpresa... - Você é perfeita pra ser a modelo da Rurbano. Ou melhor, você é perfeita pra ser a “minha” modelo! Amélia entrelaça seus dedos nos de Vitor e ele a olha apaixonadamente, sorrindo sem parar. Depois do almoço eles retornam ao estúdio e olham o resultado das fotos junto com Gustavo: - Olha pra isso, cara, tua mulher é perfeita pra esse catálogo. Com todo respeito, ela ficou maravilhosa. - Menos, cara, você tá muito abusado! – Vitor diz, em tom de brincadeira. Amélia sorri encabulada olhando para as fotos, sem saber o que dizer. Vitor se anima: - Meu Deus, meu amor! Olha essa foto aqui... Tá maravilhosa! Como você conseguiu ficar ainda mais linda do que já é? - E olha que a gente aqui não usa Photoshop, hein? – Gustavo ri e Vitor diz: - Nossa, meu amor. Você ficou perfeita. Conseguiu superar todas as minhas expectativas, olha pra isso!!! – Vitor olha as fotos novamente e dá um beijo de leve em Amélia, sorrindo para ela. - Obrigada, meu amor. Eu nem sei como agradecer vocês. Eu adorei o resultado, ficou mesmo muito bacana. Eu confesso que não imaginava fazer um ensaio profissional depois de tanto tempo... – Amélia olha surpresa e feliz para as fotos. Vitor, Amélia e Gustavo conversam sobre a divulgação do catálogo, que será impresso e distribuído em breve. Gustavo comenta que pensa em chamar Amélia para outros tipos de propaganda como outdoors, se o negócio der certo e até mesmo para outras marcas. Amélia diz que irá pensar com calma depois e os dois se despedem de Gustavo, seguindo para o hotel. - Meu amor, agora eu fiquei pensando aqui... Se você retomar sua carreira de modelo, eu não sei se vou aguentar. Acho que vou ficar com ciúmes... Amélia sorri junto com Vitor: - Hum, seu bobo... Se isso acontecer a culpa vai ser só sua! Vitor a pega pela cintura com um abraço: - E eu não gostei do Gustavo ficar te elogiando tanto daquele jeito. Tô quase me arrependendo dessa idéia das fotos e rompendo a amizade com ele. Amélia sorri e toca o rosto de Vitor com carinho: - Não acredito. Você tá com ciúmes? Vitor sorri e nega com a cabeça. Amélia sorri ainda mais e diz, beijando levemente seus lábios: - Que bonitinho! Ele se desprende do beijo e segura o rosto de Amélia: - Você é minha, só minha, entendeu? - Claro. Só sua. – Amélia o beija novamente – Completamente e eternamente sua. De repente o celular de Vitor toca:
  • 25. - Ah, não acredito. Logo agora... - Atende. – Amélia ri e se desprende de Vitor para que ele possa atender. - Alô, Gustavo? Sei... eu? Como assim? Não, tudo bem, tô indo praí sim. - O que foi? Vitor desliga, assustado. - O Gustavo... disse que quer fazer mais fotos. - Mais fotos? Por quê? Aquelas não deram certo? - Não, ele disse que quer nós dois juntos. Amélia fica boquiaberta e começa a rir: - Não acredito! - Pois é... Amélia, agora a culpa é toda sua. Como é que eu vou conseguir ser um protótipo de modelo? Sem chances... - Meu amor, o que é isso agora? Você me motivou e agora está caindo fora do barco? Nada disso! - Amélia, é diferente, vai... Não vai dar certo, nunca fiz isso na vida. - Vitor! Vou repetir o que você me disse... Acredita em você. - Ah, não sei não... - Vitor se desprende das mãos de Amélia, que tocava seu rosto. - Calma, querido. Se você não quiser, tudo bem. Mas a gente podia tentar... Que tal você se olhar no espelho? Olha que modelo lindo você daria. Amélia o vira de frente para o espelho do quarto, ficando atrás dele. Ela o beija no rosto, olhando para os dois no espelho: - E então? Vamos? Vitor a olha no reflexo do espelho e se vira rapidamente, pegando com força sua cintura e a beijando intensamente. XII Chegando no estúdio, Vitor também se prepara. Ele é vestido com uma camisa pólo azul marinho e calça jeans com customização surrada. Amélia se veste com um vestido azul em um tom mais claro e sofisticado. Os dois fotografam abraçados. Amélia entrelaça os braços no peito de Vitor fazendo com que a pulseira da Rurbano ficasse em evidência. No final da sessão, Gustavo diz: - Maravilhoso! Ficou fantástico! O amigo de Vitor já havia configurado as fotos no computador enquanto os dois fotografavam e o resultado saiu na hora: - Vitor! Você ficou ótimo! – Amélia diz, deslumbrada. - Você que me encorajou. – Vitor pega na mão de Amélia olhando para a tela do computador - Meu Deus, nunca pensei que ia fazer isso um dia, mas realmente ficou muito bom. Os dois se abraçam e saem felizes com o resultado das fotos. Chegando no quarto do hotel, Vitor não resiste mais e beija Amélia com fervor. Os dois caminham até a cama, tirando suas roupas e se amando, felizes com o dia maravilhoso que tinham passado. Depois do RJ, Amélia e Vitor pegam um avião e partem para a Jordânia. Eles fazem todos os trâmites necessários para a negociação das bijuterias e saem felizes com o sucesso do negócio.
  • 26. - Amélia! Você é espetacular. Com essa sua visão empreendedora, seu talento, a gente vai ganhar o mundo com a Rurbano! – Vitor a pega na cintura e a beija no rosto, animado, caminhando até o hotel. - Ah, até parece. A maior parte você me ajudou, sem você isso tudo não teria nem começado. - Não adianta, meu amor. Você é a cabeça da Rurbano, você é o conceito, e por isso é um sucesso. Ponto final. Amélia sorri e os dois seguem de mãos dadas. Eles ficam uma semana na Jordânia, os negócios são resolvidos em poucos dias e eles conseguem a maior parte do tempo só para os dois, visitando os monumentos do local, tirando fotos, andando de mãos dadas sem que ninguém os condenasse. Vitor havia reservado um Hotel Resort, com todo o tipo de serviço disponível. Todos os dias eles jantavam em restaurantes diferentes com comidas típicas de diversos países. No último dia, Vitor e Amélia vão a um restaurante brasileiro: - Ai, que saudade desse clima brasileiro... Nada se compara com as comidas típicas da Terê, com as receitas da Lurdinha, mas estou adorando! - Que ótimo, meu amor. – Vitor pega nas mãos de Amélia sobre a mesa. - Acertei então o local pro dia de hoje... - Dia de hoje? Eu esqueci de alguma coisa? – Amélia se assusta. - Não, calma. – Vitor sorri se divertindo. – Vamos pedir a comida. - O que foi, Vitor? – Nesse instante o garçom chega e Amélia não consegue descobrir nada sobre o assunto. Os dois terminam de jantar e Vitor pede uma garrafa de champagne: - Vitor, eu acabei de beber uma taça inteira de vinho. Não vou te acompanhar no champagne. - Ah, vai sim. Nem que seja só um brinde. - Brindar? Ai, Vitor... - Amélia fica curiosa e assustada, pensando no que Vitor estava “aprontando”. Ele chama o garçom, que traz as taças e o champagne. Nisso, Vitor levanta a taça e diz: - Amor, eu queria poder dizer com todas as palavras o quanto eu me sinto feliz, apaixonado, realizado. Mas é tão grande, tão intenso, que eu ficaria uma eternidade só tentando me expressar. – Amélia sorri, maravilhada, e ele continua – E depois de tudo que nós passamos pra ficarmos juntos, eu realmente acredito que era pra ser, que vai ser, pra sempre. Nós dois juntos, sem impedimentos daqui pra frente. Ele brinda na taça de Amélia e continua: - Quero brindar a nossa felicidade, ao nosso amor, que está apenas começando. Amélia fica sem palavras e emocionada com as palavras de Vitor tenta dizer: - Eu... nem sei o que dizer. Eu me sinto exatamente como você. Sonhando acordada ainda. E é o que eu mais quero... passar o resto da minha vida do teu lado, te amando, sendo amada, sem impedimentos. Vitor se levanta um pouco da cadeira alcançando os lábios de Amélia. Depois que ele retorna, pega algo no bolso. - Espera. Ainda não terminou. - O que?
  • 27. Vitor mostra uma caixinha, e Amélia não acredita no que vê. - Meu Deus, Vitor, o que é isso? - Abre! – Ele sorri, com os olhos brilhando. Amélia abre a caixinha e se depara com um anel de ouro e rústico, assim como as peças da Rurbano. - Gostou? Eu mandei confeccionar quando estávamos com os fornecedores no RJ. Sem que você percebesse. Eles entenderam bem o seu gosto? Acertei? Ela fica sem palavras durante alguns minutos, só olhando para o anel. - Você não gostou? – Vitor fica preocupado. - Não... não é isso. Pelo contrário. É a coisa mais linda desse mundo. Como você consegue? - Consigo...? - Como você consegue ser perfeito em tudo? Quando eu penso que não posso mais ter nenhum tipo de felicidade a mais, você aparece com um extra - Amélia sorri, emocionada. Vitor fica aliviado e segura as mãos de Amélia, olhando-a fixamente: - Esse anel não foi só um simples presente. Queria algo que pudesse representar uma tradição entre casais apaixonados. - Tradição? - Sim. Aquela com anéis de compromisso e um pedido, como esse... Vitor se levanta, pega de volta a caixinha com o anel e vai até a cadeira de Amélia estendendo sua mão à ela. Amélia fica olhando para ele e para os lados, sem entender: - O que é isso, Vitor? - Levanta. Vem comigo. - Pra onde? - Confia em mim. XIII Os dois deixam a mesa, Vitor pisca para o garçom avisando que já havia deixado a conta paga. E eles seguem para um jardim atrás do restaurante, ao ar livre. - Eu queria que esse momento fosse perfeito, que você se lembrasse pra sempre... - Tudo está perfeito... – Vitor cerra os lábios de Amélia com os dedos, delicadamente, e depois retira o anel da caixa, pegando nas mãos dela: - Ainda não está tudo perfeito. Falta uma coisa, uma pergunta. – Ele pega somente a mão direita de Amélia com o anel nas mãos e diz: - Amélia... Você quer ser minha mulher, oficialmente? Amélia coloca a mão esquerda no rosto, incrédula e sorri. - Meu Deus! - E então? Sendo mais direto... Você aceita se casar comigo, se tornar uma Villar. Maria Amélia Villar? Ela acaricia o rosto de Vitor, sorrindo emocionada, e depois de algum tempo consegue dizer: - É claro que eu aceito, meu amor. É claro! Vitor coloca o anel no dedo de Amélia e nem a espera falar. Logo a beija com desejo, como se fosse a primeira vez que estivessem se conhecendo. Como se
  • 28. não houvesse ninguém mais naquele local, além dos dois e a lua - que aparecia no céu para testemunhar o começo de uma nova vida. Depois do pedido de casamento, Vitor e Amélia retornam para o quarto do hotel, onde irão passar a última noite juntos na Jordânia. Quando Amélia entra no quarto, Vitor a olha abrir a porta com um olhar suspeito, de quem havia aprontado alguma coisa. Amélia estranha e sorri. Ao abrir a porta do quarto ela se depara com pétalas de rosas, vermelhas, cor-de-rosa, brancas e amarelas, espalhadas por todo o lugar, fazendo um caminho até a cama, que estava também coberta por pétalas. Ao lado da cama um champagne e duas taças. Vitor a pega pelo braço e a leva até a cama, pegando as taças e dando uma a ela: - Eu sei que já bebemos muito. Mas é só um último brinde, pra fechar a noite, prometo! Ele brinda no copo de Amélia, que diz: - Meu Deus Vitor! Eu nem sei o que dizer, tá tudo tão lindo... as rosas, tudo...O que mais pode acontecer? Tenho até medo! – Amélia começa a rir. Vitor chega mais perto dela, tira a taça de sua mão e coloca na mesa ao lado, depois volta e segura sua nuca. Fechando os olhos, ele começa a percorrer todo o rosto e o pescoço de Amélia, sentindo seu perfume, beijando-a devagar por todas as partes do seu rosto, pescoço, até chegar nos lábios. Os dois se beijam ardentemente e Vitor a conduz até a cama, debruçando seu corpo sobre o de Amélia, ele beija seu corpo retirando a sua roupa ao mesmo tempo. Ela prende seus dedos com força nos ombros de Vitor, já sem camisa, e os dois se amam a noite toda. Pela manhã, Vitor recebe o café reforçado que já havia encomendado no dia anterior. Antes de Amélia acordar, ele ajeita o café em uma mesa ao lado da varanda, com vista para o mar. Ele toma um banho, veste um roupão e senta na cadeira, admirando Amélia dormindo. Quando ela acorda, olha para ele esticando os braços, ainda com sono: - Bom dia. - Bom dia, meu amor. - Nossa, que mesa linda é essa? - Tudo pra você! - Ai, meu Deus! Quando é que você vai parar de me surpreender, hein? E olha que a gente nem está em lua-de-mel! - Como não? Vamos ter duas! Essa e mais uma em Girassol, já casados. – Vitor vai até a cama e beija Amélia, deitando-se sobre ela. - Vou me levantar. Já já a gente precisa pegar o avião de volta. – Amélia dá mais um beijo em Vitor e se desprende dele, indo até o banheiro. - Calma que volto logo pro café. Não come tudo antes de mim! Vitor sorri: - Não demora que eu não deixo nada pra você, hein. Os dois tomam café juntos e terminam de arrumar as malas, seguindo logo para o aeroporto. Chegando em Girassol, Amélia e Vitor vão até a fazenda, onde estão Fred e Manu esperando pelos dois. - Olha só! O casalzinho chegou! – Fred diz em tom de brincadeira.
  • 29. Manu corre até a mãe e a abraça: - Mãe, que saudade... Foram quase duas semanas, mas parecia uma eternidade. Preciso te contar tanta coisa. - Ah, essa mulherada. Só quer saber de fofoca. – Fred brinca com as duas. Vitor ri junto com todos e abraça a cintura de Amélia: - Antes de tudo eu tenho que contar uma coisa muito importante. - Ai, meu Deus, o que é? – Manu fica apreensiva. Fred também fica: - Fala cara! Tá me deixando curioso. - É que... Vitor solta da cintura de Amélia e a olha: - Você conta ou eu conto? - Conta você! Manuela acaba ficando nervosa: - Ai, gente, deixa de suspense! - Tá bom! Daqui alguns poucos dias – eu espero – eu e a mãe de vocês vamos estar oficialmente registrados na lei de Deus e dos homens, como sendo um do outro. Não é mesmo, dona Amélia Villar? Amélia sorri: - Pois é. É isso. Acho que vocês ganharam um padrasto. Manuela começa a rir sem parar: - Gente! Desculpa. É que eu juro, não imagino o Vitor como meu pai. Isso é tão bom e ao mesmo tempo tão engraçado. - Pois é, maninha, acho que vamos ter que acostumar com a idéia, porque esses dois parecem muito decididos. Vitor os interrompe: - Isso aí, Fred. Vocês vão ter que acostumar com o papai aqui! Amélia começa a rir e dá um beijo no rosto de Manuela que está ao seu lado: - Mas é sério? Vocês não se importam que eu me case de novo? - Claro que não, mãe. Isso é o que a gente mais quer. - Isso mesmo, dona Amélia. Trata de ser muito feliz! E Vitor... juízo hein cara, cuida bem dessa mulher aí, que ela é uma rainha. - Não precisa nem pedir, Fred. Eu prometi e vou cumprir. Vou fazer da mãe de vocês a mulher mais feliz desse mundo, assim como ela me faz imensamente feliz. Manu e Fred olham felizes para o casal que se beija rapidamente. - Bom, vou subir queridos. Estou muito cansada da viagem. - Claro, mãe, descansa bastante. - Tchau, mãe, se cuida. Depois que a senhora descansar e o Vitor também, que tal almoçarmos todos juntos e depois jantarmos aqui na fazenda? Preciso mostrar umas coisas pra vocês. - Tudo bem, filho. Ótima idéia! E falando em jantar, onde está a Lurdinha? - Ah, a Lurdinha tá na estância ajudando a Aspásia, porque a Dona Mariquita foi com o Solano e a Beatriz até Belo Horizonte visitar o Gabriel. - Ah, sim! Pelo jeito o Solano está muito feliz por ter encontrado o avô. - Sim, numa alegria só, precisa de ver. Sobre isso e outras coisas quero conversar com você depois, mãe. - Sim, tenho muito o que contar também e muitos presentes pra distribuir! Manuela sorri: - Oba!
  • 30. - A Amélia comprou tanta coisa que eu nem sei como passamos pela alfândega. – diz Vitor, brincando. - Exagerado! - Amélia dá um tapa de leve nele. Ela beija os filhos e sobe até o quarto junto com Vitor, que carrega as malas. Chegando no quarto, Vitor coloca as malas no chão e segura Amélia pela cintura: - Feliz? - Muito... muito feliz. Os dois se aproximam mais e se beijam. Até que Amélia se solta de Vitor e olha para ele: - A gente tinha que sair daqui, encontrar um outro lugar pra ficarmos. - É, eu também acho. E o que você, a Manu e o Fred pensam em fazer? Já falaram alguma vez sobre isso? - Sabe que nem cheguei a conversar muito a fundo. Foi tudo bem corrido, e depois nós viajamos. A Manu estava com problemas também... Mas o Fred está administrando bem a fazenda junto com o Solano, apesar de não se interessar muito por isso. - É, ele comentou algo comigo mesmo. Eu na realidade acho o Solano a pessoa ideal pra ficar à frente disso. Se ele e a Manu vão mesmo se casar, seria ótimo. - Sim! Também acho. - E aí, nós vamos ter o nosso lugar, só pra nós dois... – Ele se aproxima de Amélia sorrindo com malícia e a beija no pescoço. Ela sorri e diz: - Nosso lugar? Seria o seu quarto na estalagem? - Tá maluca? Aquela cama me suportou muito bem por uns tempos, mas eu não aguento mais aquele colchão, vou ser sincero. Acho que a gente merece passar o resto das nossas noites num colchão mais confortável, não acha? Os dois começam a rir e Amélia beija Vitor segurando seu rosto com uma das mãos: - Sabia que eu amo você? - Hum, acho que não. Fala de novo pra eu acreditar. - Bobo! Eu te amo... - Não ouvi... - Pára, Vitor! - Amélia bate de leve no seu ombro e fala novamente perto do seu ouvido, baixinho: - Eu te...- Vitor a interrompe, puxando o rosto de Amélia contra o seu, a beijando. XIV Os dois arrumam as coisas no quarto e vão almoçar no armazém de Janaína. Amélia e Vitor contam sobre a viagem e distribuem os presentes, contam também sobre a sessão de fotos, deixando todos animados. Logo depois do almoço Lurdinha aparece correndo, saindo do carro de Cirso e ao mesmo tempo o celular de Vitor toca e ele se afasta para atender. Lurdinha se aproxima ofegante: - Dona Amélia, olha o que chegou pra senhora. Vim correndo! - O que foi, criatura? Amélia olha a pilha de papéis na mão de Lurdinha e percebe que é o catálogo, com sua foto na capa:
  • 31. - Minha nossa, já ficou pronto! Todos se aproximam de Amélia e ficam maravilhados: - Mãe! Ficou pronto o catálogo, nem acredito! Que linda que você ficou! Maravilhosa! Fred olha boquiaberto: - Mãe, como fui seu fotógrafo tenho que dizer que a senhora leva jeito pra isso, não adianta! Deslumbrante! Janaína, Lurdinha e Solano olham o catálogo, impressionados. E quando eles abrem o catálogo, vêem duas fotos de Amélia com Vitor. Solano diz: - Olha pra isso! Vitor também é modelo! Manuela brinca e sorri: - Gente, o Vitor é fotogênico também, né?! Que casal lindo! De repente Amélia percebe a ausência de Vitor e ele aparece com o celular na mão, dizendo: - Ótimas notícias! Amélia, empolgada, o interrompe e diz animada, correndo para mostrar as fotos: - Amor, olha só, o catálogo ficou pronto! - É exatamente sobre isso. O Gustavo me ligou agora dizendo que os catálogos já estão em todos os shoppings do Rio. E se der tudo certo ele já vai distribuir pra São Paulo e outras capitais, junto com os catálogos anteriores também, com a Manu, Estela... - Que maravilha! Nem acredito... – Amélia sorri e abraça Vitor. Eles se sentam à mesa e logo chegam outras pessoas, como Mamede, Caroço, Nancy e Bruno, para verem as fotos de Amélia e Vitor. Todos já logo pensam no sucesso da Rurbano e dos modelos. Mais tarde Vitor e Amélia aproveitam e passam na estalagem para pegar o restante das roupas de Vitor e cumprimentam Terê. - Amélia, Vitor! Como estão? Como foi a viagem? - Oi, Terê. Foi ótima! – Amélia diz cumprimentando Terê com um beijo no rosto. Terê nesse momento a toca e tem uma visão. - Que foi, Terê? Algum problema? – Vitor diz percebendo o jeito da vidente. Ela sorri e diz: - Eu acho que finalmente chegou o momento de vocês dois serem mais do que felizes. - Como assim, Terê? – Amélia diz, sorrindo, olhando também para Vitor. - Em breve vocês vão saber do que estou falando. Não disse, Amélia? Que ia chegar o momento em que vocês dois iam finalmente ficar juntos e felizes? - Sim, Terê, e eu te agradeço muito por tudo. Isso sempre me deu muita coragem pra não desistir dos meus sentimentos. Vitor passa seu braço em torno de Amélia e beija seu rosto de leve: - Bom, eu espero que essa felicidade dure pra sempre, porque eu tô explodindo de alegria! - Ah, que maravilha! Eu vejo isso nos olhos de vocês. - A gente pode ir no quarto do Vitor, Terê? Ele precisa pegar algumas roupas, não é, amor? - É, agora ele vai ser meu ex-quarto. Passei momentos emocionantes aqui! Nunca vou esquecer. Todos sorriem e Terê diz:
  • 32. - Claro, meu filho, fiquem à vontade. Vou sentir muito a falta de vocês, mas sei que vocês não vão esquecer dessa velha amiga, vão vir me visitar, não é? - Com certeza. Eu não fico sem comer seu Mané Pelado, esqueceu? – Vitor diz beijando a mão da amiga com carinho. - Ah, que ótimo! Vou fazer sempre que vocês vierem! - Terê, depois que nós voltarmos eu preciso te dar uma lembrancinha, que trouxemos da viagem. Me espera aqui, tá? - Ah, Amélia, não precisava! Os dois se despedem da amiga e seguem até o quarto. Amélia começa a andar por todo o local, enquanto Vitor separa suas roupas: - O que foi, amor? - Oi? Nada... Estava aqui pensando, em tudo o que a gente passou nesse quarto. A primeira vez que entramos aqui, você ainda não tinha sofrido o acidente... - Lembro... foi a primeira vez que testamos a cama! Amélia começa a rir: - Aquele dia foi estranho, não foi? Acho que eu já estava tentando me esquivar de um sentimento totalmente sem controle. - É, a gente foi se descobrindo a partir daquele dia. Nunca mais eu quis ficar longe de você, dos seus conselhos, da sua ternura. – Vitor chega mais perto de Amélia e pega seu rosto com carinho. – Eu já me sentia atraído pela nossa proximidade, mesmo que ainda impensada, impulsiva. Amélia o beija e olha nos olhos dele: - Tantas lembranças boas, tantas ruins também... Agora eu sinto como se estivesse vivendo de novo. Começando do zero. Vitor se aproxima mais, tocando o rosto de Amélia: - E agora vão ser só momentos bons. A gente deixa pra trás esse quarto, guarda o nosso primeiro encontro, primeiro beijo... esquece os problemas, o Max. E vamos viver, pensar no presente e no futuro... - É. Eu nem acredito ainda. - Hum. Vou fazer você acreditar então... vem aqui. – Vitor a segura ainda mais forte pela cintura, puxa o corpo de Amélia contra o seu e a beija intensamente. À noite, Vitor e Amélia recebem Fred, Janaína, Solano e Manu na fazenda para um jantar. Depois da refeição, todos conversam animadamente na sala, tomando vinho: - Então, eu quero aproveitar e dizer que meu projeto já fica pronto na semana que vem. - Projeto, Fred? Que projeto? – diz Manuela, curiosa. - Pois é. Eu não falei pra ninguém, nem pra minha mulher, né, Jana? - É, não estou sabendo de nenhum projeto. O que é isso, meu amor? Conta! – Janaína sorri, também curiosa. - Então... Vou ali pegar uma coisinha. – Fred sai e deixam todos apreensivos, esperando. - Pronto! Aqui está. - Que papel é esse, cara? – Vitor fala olhando para um papel enrolado nas mãos de Fred. - Calma, vou abrir aqui na mesa... Tcharan... Aqui está! - Uma planta? Que lugar é esse, filho?
  • 33. - Adivinha, dona Amélia. Um lugar em frente ao rio, com toques rústicos e ao mesmo tempo sofisticado. - Não estou entendendo, Fred. – Amélia diz. - Mãe, Vitor. Essa é a nova casa de vocês. Estive planejando ela desde quando saí pra lua-de-mel. E fiz tudo no sigilo, pra não estragar essa cara de surpresa que estou vendo nas caras de todos vocês! – Fred começa a rir. - Meu Deus, Fred... Eu não acredito! – Amélia sorri e dá um abraço forte no filho. - Vocês merecem um lugar só pra vocês... Sair dessa fazenda... Vitor se aproxima de Fred quando ele se desfaz do abraço com a mãe. - Cara, nem sei o que dizer. Muito obrigado, de verdade. – Vitor também dá um abraço em Fred, enquanto Manuela se aproxima: - Maninho, você é um gênio. Tiro o chapéu pra você. XV No dia seguinte todos vão conferir o término das obras na nova casa de Amélia e Vitor, que fica próxima à operadora, de frente para o rio. Todos ficam maravilhados com o bom gosto de Fred. Manuela e Amélia já planejam a decoração. Alguns dias se passam e a casa fica pronta, ainda faltando alguns detalhes: - Acho que amanhã a mobília e os eletrônicos já chegam de Juruanã. – Diz Vitor, animado, para Amélia. - Como assim? - Eu e a Manu fomos ontem ver isso, já que vocês duas haviam escolhido tudo com antecedência pelo catálogo... Só assinei o cheque. - Vitor! Não acredito. Pensei que você tinha ido ver o frigorífico... - Pois é, tive que omitir, por uma boa causa! - Ai, meu Deus! – Amélia pega nas mãos de Vitor. - Você comprou tudo? Eu ia esperar a gente ganhar mais algum dinheiro com a exportação das bijuterias... - Calma, meu amor. Isso é presente meu. Agora com o dinheiro da Rurbano você vai comprar seu vestido de noiva, roupas, sapatos... O que você quiser. - Vestido de noiva? - Claro, esqueceu dessa aliança de compromisso no seu dedo, é, dona Maria Amélia Villar? - Mas Vitor... eu já me casei na igreja... - Eu sei, meu amor. Sobre o vestido, eu falei brincando... Você decide tudo. - Não, é que eu fiquei surpresa. Não imaginava que você ia querer tudo isso, vestido, cerimônia... - Você não quer? - Não... Eu quero, eu quero tudo o que você sonha pra você, querido. É que eu já tive isso na minha vida, Vitor, mas você ainda não... - Amélia o olha preocupada. – Bom, na verdade eu acho que nunca tive uma felicidade assim, porque quando me casei com o Max eu era muito nova e não tinha nem metade dessa alegria de hoje. Vitor toca o rosto de Amélia e sorri: - É tão bom ouvir isso. Pra mim a gente poderia casar na beira do rio, só nós dois e mais ninguém. Ela retribui o toque de Vitor, segurando em suas mãos:
  • 34. - Você é maravilhoso! Mas sério, eu faço o que você quiser. Se você quer que eu tenha um vestido de noiva, eu providencio! Só não posso usar branco, como se fosse uma garotinha! – explica Amélia, sorrindo. - Olha, eu acho que você ficaria linda até num vestido vermelho se você quisesse. Eu não vou opinar sobre isso, quero ser surpreendido. Fica em suas mãos. Amélia morde os lábios sorrindo e dá um selinho em Vitor. - Fechado, meu futuro marido! Vitor a puxa e a beija. Chega o dia do casamento, que acontece na beira do rio Araguaia em uma tenda montada especialmente para a ocasião. O padre e o juiz de paz já estão no local para a realização da cerimônia, juntamente com os convidados - sentados em cadeiras brancas enfeitadas com panos bordados com renda. Todo o local foi decorado com flores rosas, amarelas e brancas, dando um toque suave e discreto. O tapete colocado na areia fazia analogia à grama, com um verde que contrastava com as flores. Vitor estava já posicionado à frente de todos, ansioso e nervoso, com o cabelo jogado para trás com gel, vestindo um fraque inteiro branco em um estilo mais despojado e clean. - Calma, Vitor. Vai dar tudo certo! Já já a dona Amélia chega, toda linda! – Manu tenta acalmar Vitor, sem resultado. De repente, todos ficam quietos olhando para trás. Amélia entra na tenda com Fred, com um vestido longo – simples e sem cauda - perolado e devidamente justo que favorecia muito o seu corpo, ressaltando seu porte esguio e elegante. Detalhes de renda transparente formavam as mangas curtas e delicadas do vestido, que ficavam um pouco abaixo do ombro, quase dando a forma de um vestido tomara-que-caia. No seu pescoço uma pequena pedra de diamante com uma correntinha de fio de ouro branco e brincos também com uma pequena pedra de diamante. A maquiagem era leve e também com tons perolados, seu cabelo estava mais claro, com tons mais loiros, preso com uma pequena flor branca segurando seu cabelo de lado. O buquê era feito com vários tipos de flores brancas e amarelas, amarradas por uma fita delicada de cetim. Vitor fica deslumbrado com a imagem de Amélia e sorri, como se estivesse vendo um anjo em sua frente. Fred caminha com a mãe, atrás de duas crianças do orfanato do padre Emílio e seguem até o local onde Vitor os espera. Fred passa o braço de Amélia para ele, dizendo: - Cuida bem dela, hein. - Pode deixar. – Vitor diz, segurando com carinho o braço de Amélia, sem tirar sequer um segundo seus olhos dela, maravilhado. Ela sorri e diz um oi baixinho, tocando o rosto de Vitor suavemente. O juiz diz algumas palavras até que os dois confirmam a união, olhando apaixonadamente um para o outro e trocando as alianças: - Sim! - Sim! Depois que Vitor, Amélia e as testemunhas assinam o livro, o juiz se afasta, dando lugar ao Padre Emílio:
  • 35. - Meus amigos de Girassol, eu queria falar algumas palavras antes de abençoar esse casal. Bom, eu estive acompanhando de perto a dificuldade dessa mulher que aqui está hoje - o padre aponta sua mão para Amélia - dando início a uma nova vida, cheia de felicidade, de conquistas. Uma mulher que fez escolhas na vida como todos nós. Algumas perduraram, outras geraram frutos – Padre Emílio olha sorrindo para Fred e Manu, que sorriem de volta – outras não duraram muito e trouxeram infelicidade, angústia... Mas todos nós recebemos de Deus o direito de abdicar, de se arrepender e de buscar um novo sentido... pra uma nova vida. Temos sempre uma segunda chance vinda das mãos do Nosso Senhor, e hoje, essa mulher, essa forte mulher nos prova como é possível agarrar com unhas e dentes uma nova oportunidade que Deus nos dá diante das adversidades. E desse outro lado eu vejo um rapaz sorrindo – Vitor sorri ainda mais – querendo viver, querendo construir uma vida com novos valores, ao lado de uma pessoa especial, não é? Eu vejo claramente nos olhos dele o amor, a cumplicidade, a amizade. Não porque eu convivo com eles todos os dias aqui em Girassol, mas porque fica evidente para todos nós que esse casal está vivendo uma fase especial, um amor verdadeiro. E é em nome de Deus e desse imenso amor que eu declaro você, Vitor, e você, Amélia, marido e mulher. E eu espero que seja pro resto de suas vidas, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza! Que Deus os abençoe meus filhos. Vão com Deus! Nesse momento, todos se emocionam. Amélia tenta segurar as lágrimas, em vão. Vitor toca seus olhos suavemente e a beija com carinho. Amélia e Vitor abraçam Padre Emílio e todos vão até eles, felizes com a união. De repente, Aspásia grita: - Dona Amélia, joga o buquê! Amélia olha para Aspásia sorrindo e diz: - É verdade, preciso jogar o buquê, seguir a tradição! – Ela solta a mão de Vitor e ele sorri, se afastando. Todas as mulheres solteiras se reúnem no meio da areia e Amélia faz a contagem regressiva, jogando o buquê. Quando ela olha para trás, vê uma confusão e Nancy com o buquê nas mãos: - Ê fubazada, o buquê é meu! Aspásia e Lurdinha não se conformam e saem reclamando. Pimpinela olha contente para Nancy que disfarça mas não consegue conter a vontade de olhá- lo também, o que faz o palhaço sorrir mais ainda. Amélia se diverte e abraça Vitor, que a beija apaixonado. XVI Com o fim da cerimônia todos seguem para a casa de shows, onde Fred preparou uma surpresa. O salão estava todo decorado com o conceito da Rurbano. Detalhes feitos de capim dourado e artigos imitando as bijuterias tão famosas desenhadas por Amélia. Ela entra no salão, boquiaberta, sem acreditar no que vê: - Meu Deus, que coisa mais linda, Fred! - Gostou? Tem a sua cara, não é? – Ele sorri abraçando a mãe. - Cara, você caprichou! Ficou ótimo tudo isso! – Vitor toca o ombro de Fred, agradecendo e admirando o local.
  • 36. O salão estava cheio de cadeiras enfeitadas com o mesmo material da tenda, com flores por todos os lados, deixando o ambiente delicado e sofisticado. No palco, uma banda formada por músicos conceituados de São Paulo, com todos os tipos de instrumentos, desde violinos até baixo. Vitor e Amélia conversam com todos, fazendo as “honras da casa”. As músicas se alternavam em vários estilos e quando uma mais lenta começa a tocar, Vitor chama Amélia para dançar, com um olhar cheio de paixão: - Meu amor, me concede essa primeira dança no nosso primeiro dia de casados? Ela sorri e diz: - Claro que sim... Amélia estende suas mãos para Vitor, indo até o meio do salão na qual algumas pessoas já dançavam. A maioria pára para admirar o casal e depois continuam, enchendo o salão: - Nossa... como você tá linda! Maravilhosa! – Vitor segura em suas mãos e a olha de cima abaixo, com os olhos cheio de paixão e desejo. Ele a segura pela cintura e a conduz na dança. Quase relando seus lábios na orelha de Amélia, ele diz: - Sabia que eu sou o homem mais sortudo desse Araguaia? Ou melhor... desse mundo todo? Amélia sorri e beija suavemente os lábios de Vitor enquanto dança, e com as mãos na sua nuca vai deitando devagar a cabeça em seu ombro - de olhos fechados. Seguindo o ritmo da música e levada por aquele momento, ela diz: - Te amo. Vitor se afasta um pouco dela, fazendo com que ela levante a cabeça e olhe para seus olhos: - Eu também te amo. Hoje é o dia mais feliz da minha vida, Amélia. O dia que você passou a ser oficialmente minha... só minha! Nisso, ele segura o rosto de Amélia e pára de dançar, beijando-a diante de todos. Sem medo, sem pudor, eles finalmente conseguem viver aquele amor, compartilhando a felicidade com toda a cidade de Girassol! No decorrer da festa, Amélia e Vitor conseguem sair do salão sem que ninguém os visse. Eles vão até a nova casa: - Calma, não entra ainda, Amélia. Amélia pára na porta e fica olhando para Vitor: - O que aconteceu? Vitor sorri e com um olhar apaixonado a pega no colo. - Vitor! Você é maluco. Me coloca no chão! - Calma, meu amor. Eu tinha que fazer isso, é a tradição. Não resisti. Vitor começa a rir, entra com Amélia no colo e fecha a porta com os pés. Amélia não resiste e se entrega aos beijos e carinhos de Vitor, ainda em seu colo. Ele a coloca no chão e os dois olham em volta: - Mas está tudo arrumado... Com os móveis no lugar certo... – Amélia diz incrédula e surpresa, ajeitando seu vestido. - Pois é, a Manuela me disse que ia arrumar tudo antes do casamento e ainda arrumou todas as nossas roupas lá em cima. Sua filha é demais! - Não acredito. Só a Manu mesmo!
  • 37. - Seus filhos são maravilhosos... Puxaram a mãe. – Vitor vai se aproximando de Amélia e a beija novamente. Amélia diz, ainda envolvida pelos beijos: - Vamos subir? Vitor a pega novamente no colo e a beija animado, subindo as escadas. Amélia sorri, já achando graça dos impulsos de Vitor e se deixa levar por ele. Os dois chegam no quarto e Vitor a coloca no chão, perto da cama. Eles se olham com paixão e Vitor caminha por trás de Amélia, desabotoando o seu vestido, pérola por pérola. Ele abaixa o vestido delicadamente, fazendo com que caia no chão. Vitor desliza suas mãos nas costas de Amélia, de cima a baixo. Ela, ainda de costas, sente as mãos dele subirem até sua nuca. Ele força com delicadeza seu pescoço para o lado e Amélia sente seus lábios quentes percorrendo todo seu corpo. Ela fecha os olhos e deixa Vitor a conduzir. Ele então desmancha o penteado de Amélia, deixando seus cabelos caírem levemente. Nisso, Vitor beija cada vez mais a nuca de Amélia e a vira de frente para ele, alcançado seus lábios e a beijando com intensidade. Os dois se deitam na cama, Amélia tira o terno e depois a camisa de Vitor, ainda o beijando. Vitor a ajuda, retirando sua própria roupa e joga seu corpo levemente sobre o dela, dizendo: - Te amo, Amélia, te amo... Os dois então passam a segunda lua-de-mel na nova casa, se amando até amanhecer o dia. No dia seguinte, Amélia acorda e não encontra Vitor. Ela se levanta devagar e encosta na cabeceira da cama. De repente Vitor aparece com uma bandeja na mão, com tudo que Amélia gosta de comer no café da manhã: - Não acredito nisso! - Viu só como eu sou prendado? Amélia começa a rir sem parar. - Ai, meu amor, eu te amo tanto! Vitor sorri, coloca a bandeja na cama e se debruça com dificuldade sobre Amélia, alcançando seus lábios. - Eu te amo mais ainda. Você fica tão linda quando acorda. - Nossa! Vou fingir que acredito nisso! Amélia se desencosta da cama, beija de leve os lábios de Vitor e se aproxima da bandeja, comendo um pedaço de queijo branco e pegando o copo de suco. Vitor a observa e come uma uva, sorrindo para ela. XVII Alguns dias se passam. Amélia está sentada na mesa da sala de jantar, desenhando algumas peças da Rurbano. Vitor entra em casa sem que ela perceba, coloca as mãos no seu rosto, tapando seus olhos: - Adivinha quem é! - Hum. O homem mais lindo do Araguaia. - Ih, errou! – Ele tira as mãos do rosto de Amélia e fica de frente para ela. – É o homem mais feliz do Araguaia! Amélia se levanta e o beija com carinho. Ele coloca a sacola de compras em cima da mesa e segura sua cintura com as duas mãos, dizendo: