1. A teoria psicossocial do
desenvolvimento humano
segundo Erik Erikson
Prof. Mestre Thiago de Almeida
2. Biografia
Erik Homburger Erikson nasceu na
Alemanha em 1902, mudou-se
para os Estados Unidos em 1933
por causa da ameaça do Nazismo
e veio a falecer em 1994.
Filho de pais Dinamarqueses, mas
abandonado à nascença pelo pai,
foi educado por Theodor
Homburger, um pediatra Judaico-
Alemão, que pensava ser o seu
verdadeiro pai.
3. Pressupostos teóricos
• Princípio Epigenético: A formulação de Erikson
fundamenta-se no conceito de epigênese, esse termo é
da embriologia. O principio epigenético sustenta que o
desenvolvimento ocorre em estádios sequenciais e
claramente definidos. Cada um desses estádios deve ser
satisfatoriamente resolvido, para que o desenvolvimento
avance sem problemas. De acordo com o modelo
epigenético, caso não ocorra a resolução eficaz de um
determinado estádio, todos os estádios subsequentes
refletirão este falha, na forma de um desajuste físico,
cognitivo, social ou emocional. Daí a grande importância
de conhecer esse assunto.
4. Erikson defende que a
energia ativadora do
comportamento é de
natureza psicossocial,
integrando não apenas
fatores pulsionais
biológicos e inatos,
como a libido, mas
também fatores sociais,
aprendidos em
contextos histórico-culturais
específicos.
5. Para Erikson o processo do desenvolvimento
humano da personalidade ocorre por meio do:
• Processo biológico: organização dos sistemas
orgânicos que constituem o corpo;
• Processo psíquico: organiza os traços da
experiência individual de síntese do ego.
• Processo social: organização cultural e
interdependência das pessoas.
6. O desenvolvimento
psicossocial para o autor é
sinônimo de
desenvolvimento da
personalidade e decorre
ao longo de oito estádios
que, no seu conjunto,
constituem o ciclo da
vida. Cada estádio
corresponde à formação
de um aspecto particular
da personalidade.
7. Um dos conceitos
fundamentais na teoria
de Erikson é o de crise ou
conflito que o indivíduo
vive ao longo dos
períodos por que vai
passando, desde o
nascimento até ao final
da vida. Cada conflito
tem de ser resolvido
positiva ou
negativamente pelo
indivíduo.
8. • Superar uma crise ajuda a determinar e a
promover forças para ser bem-sucedido no
estádio seguinte.
• A resolução positiva traduz-se numa virtude,
que é um ganho psicológico, emocional e
social: uma qualidade, um valor, um
sentimento, em suma, uma característica de
personalidade que lhe confere equilíbrio
mental e capacidade de um bom
relacionamento social.
• Se a resolução da crise for negativa, o indivíduo
sentir-se-á socialmente desajustado e tenderá
a desenvolver sentimentos de ansiedade e de
fracasso. Contudo, numa fase posterior, a
pessoa pode passar por vivências que lhe
refaçam o equilíbrio e o compensem,
reconstruindo-lhe o seu autoconceito.
9.
10. 1º Estádio – Confiança básica x desconfiança básica
Nesta idade a criança vai aprender o
que é ter ou não confiança, esta está
muito relacionada com a relação
entre o bebê e a mãe.
A confiança é demonstrada pelo
bebê na capacidade de dormir de
forma pacífica, alimentar-se
confortavelmente e de excretar de
forma relaxada.
Devido à confiança do bebê e à
familiaridade com mãe, que adquire
com situações de conforto por ela
proporcionadas, atinge uma
realização social, que consiste na
aceitação em que ela pode ausentar-se
e na certeza que ela voltará.
11. Características • Ocorre aproximadamente durante o
primeiro ano de vida (0 - 18 meses);
• força que nasce nesta etapa é a
esperança;
• Vertente Positiva: Se esta identificação for
positiva, ou seja, se a mãe corresponder,
ele vai criar o seu primeiro e bom
conceito de si e do mundo (representado
pela mãe), o que Erikson chama de
ritualização da divindade;
• Vertente Negativa: Se a identificação for
negativa, temos o ritualismo do idolismo,
ou seja, o culto a um herói, onde o bebê
acha que nunca vai chegar ao nível de sua
mãe, que ela é demasiadamente capaz e
boa, e que ele não se identifica assim.
12. A importância da confiança
básica é devida, segundo
Erikson, ao fato de implicar a
ideia de que a criança “não
só aprendeu a confiar na
uniformidade e na
continuidade dos provedores
externos, mas também em si
próprio e na capacidade dos
próprios órgãos para fazer
frente ao seus impulsos e
anseios”
(Erikson, 1987, p. 102).
13. 2º Estádio – Autonomia x Vergonha e dúvida
Fase corresponde ao estágio anal freudiano,
a criança já tem algum controle de seus
movimentos musculares, então direciona
sua energia às experiências ligadas à
atividade exploratória e à conquista da
autonomia. É geralmente onde se inicia a
educação para a higiene (treino ao vaso
sanitário).
O bebê ganha experiência no contato com
os adultos, aprendendo a confiar e a
depender deles, assim como a confiar em si
mesmo.
A desconfiança é a parte negativa deste
estágio, que é equilibrada com a segurança
proporcionada pela confiança.
14. Características
• Ocorre aproximadamente durante 18º. Mês
de vida até os 3 anos de idade;
• Força desse estádio: vontade;
• Vertente Positiva: A ritualização deste estágio
é o discernimento, isso é a criança torna-se
judiciosa, julga-se a si e aos outros,
diferenciando o certo do errado e as pessoas
ditas diferentes;
• Vertente Negativa: o legalismo, ou seja,
quando a criança começa a achar que a
punição tem que ser aplicada
incondicionalmente quando uma regra não
for respeitada. É quando a punição vence a
compaixão; se a criança se mobiliza com a
punição do colega que perdeu o controle de
uma regra, ou então se sente aliviado quando
é punido por algo.
15. Neste período a criança passa a ter controle de suas
necessidades fisiológicas e responder por sua higiene
pessoal, o que dá a ela grande autonomia, confiança e
liberdade para tentar novas coisas sem medo de errar.
Se, no entanto, for criticada ou ridicularizada
desenvolverá vergonha e dúvida quanto a sua
capacidade de ser autônoma, provocando uma volta
ao estágio anterior, ou seja, a dependência.
Logo, neste estádio, o principal cuidado que os pais
têm que tomar é dar o grau certo de autonomia à
criança. Se é exigida demais, ela verá que não
consegue da conta e sua autoestima vai baixar. Se ela
é pouco exigida, ela tem a sensação de abandono e de
dúvida sobre suas capacidades. Se a criança é
amparada ou protegida demais, ela vai se tornar frágil,
insegura e envergonhada. Se ela for pouco amparada,
ela se sentirá exigida além de suas capacidades.
Vemos, portanto, que os pais têm que dar à criança a
sensação de autonomia e, ao mesmo tempo, estar
sempre por perto, prontos a auxiliá-la nos momentos
em que a tarefa estiver além de suas capacidades.
16. “De um sentimento de
autocontrole sem perda de
auto-estima resulta um
sentimento constante de
boa vontade e orgulho; de
um sentimento de perda do
autocontrole e de
supercontrole exterior
resulta uma propensão
duradoura para a dúvida e a
vergonha” (Erikson, 1976, p.
234)”
17. 3º Estádio – Iniciativa x culpa
Nesta fase a criança encontra-se nitidamente mais
avançada e mais organizada tanto a nível físico como
mental. É a capacidade de planejar as suas tarefas e metas
a atingir que a define como autônoma e, por
consequência, a introduz nesta etapa.
No entanto este estádio define-se também como perigoso,
pois a criança busca exaustivamente e de uma forma
entusiasta atingir as suas metas que implicam fantasias
genitais e o uso de meios agressivos a manipulativos para
alcançar a essas metas.
Durante este período a criança passa a perceber as
diferenças sexuais, os papéis desempenhado por mulheres
e homens na sua cultura (conflito edipiano para Freud)
entendendo de forma diferente o mundo que a cerca. Se a
sua curiosidade “sexual ” e intelectual, natural, for
reprimida e castigada poderá desenvolver sentimento de
culpa e diminuir sua iniciativa de explorar novas situações
ou de buscar novos conhecimentos.
18. Características • aproximadamente entre os 3 aos 6
anos;
• Força desse estádio: o propósito;
• Vertente Positiva: formação do senso de
responsabilidade.
• Vertente Negativa: a personificação.
Em outras palavras, quando a criança,
tentando escapar da frustração de ser
incapaz para algumas coisas, exagera na
fantasia de ter outras personalidades,
de ser totalmente diferente do que é
várias vezes, ela pode se tornar
compulsiva por esconder seu
verdadeiro “eu”; nesse caso, pode
passar a sua vida desempenhando
“papéis”,e afastar-se cada vez mais do
contato consigo mesmo.
19. “O propósito, então, é a coragem de
imaginar e buscar metas valorizadas não
inibidas pela derrota das fantasias
infantis, pela culpa e pelo medo cortante
da punição” (Erikson, Apud., Calvin S. Hall;
Lindzey Gardner; John B. Campbell, 2000,
p. 172)
20. 4º Estádio – Diligência (empenho) x
Inferioridade
• Neste período a criança está sendo alfabetizada
e freqüentando escola(s), o que propicia o
convívio com pessoas que não são seus
familiares, o que exigirá maior sociabilização,
trabalho em conjunto, aprendizagens escolares,
a testar limites, a estabelecer os seus objetivos
e a fazer aprendizagens sociais, e a desenvolver
um senso de cooperatividade dentre outras
habilidades necessárias em nossa cultura.
• Caso tenha dificuldades o próprio grupo irá
criticá-la, passando a viver a inferioridade em
vez da construtividade. É nesta fase que ela
começa a dizer, com segurança aparente, o que
“quer ser quando crescer”, como uma iniciação
no campo das responsabilidades e dos
planejamentos.
21. Características • aproximadamente entre os 7 aos
11 anos;
• Força desse estádio: a
competência;
• Vertente Positiva: a socialização.
• Vertente Negativa: o formalismo,
ou seja, a repetição obsessiva de
formalidades sem sentido algum
para determinadas ocasiões, o que
empobrece a personalidade e
prejudica as relações sociais da
criança.
22. “A competência, então, é o
livre exercício da destreza
e da inteligência na
conclusão de tarefas,
não-prejudicado pela
inferioridade infantil”.
(Erik Erikson, citado por
Calvin S. Hall; Lindzey
Gardner; John B.
Campbell, 2000: p.172).
23. 5º Estádio – Identidade x confusão de identidade
O jovem experimenta uma série de
desafios que envolve suas atitudes
para consigo, com seus amigos,
com pessoas do sexo oposto,
amores e a busca de uma carreira e
de profissionalização.
Na medida que as pessoas à sua
volta ajudam na resolução dessas
questões desenvolverá o
sentimento de identidade pessoal,
caso não encontre respostas para
suas questões pode se
desorganizar, perdendo seu senso
de referência.
24. Características
• marca o período da
adolescência;
• Ocorre aproximadamente
entre os 12 aos 18/20 anos;
• Força desse estádio: lealdade/
fidelidade
• Vertente Positiva: a
socialização.
• Vertente Negativa: o
fanatismo.
25. Características
Toda a preocupação do
adolescente em encontrar um
papel social provoca uma
confusão de identidade, afinal, a
preocupação com a opinião
alheia faz com que o
adolescente modifique o tempo
todo suas atitudes, remodelando
sua personalidade muitas vezes
em um período muito curto,
seguindo o mesmo ritmo das
transformações físicas que
acontecem com ele.
26. Erikson lembra que o se humano mantém
suas defesas para sobreviver. Ao sinal de
qualquer problema, uma delas pode ser
ativada. Nesta confusão de identidade, o
adolescente pode se sentir vazio, isolado,
ansioso, sentindo-se também, muitas vezes,
incapaz de se encaixar no mundo adulto, o
que pode muitas vezes levar a uma
regressão.
Também pode acontecer de o jovem projetar
suas tendências em outras pessoas, por ele
mesmo não suportar sua identidade. Aliás,
este é um dos mecanismos apontados por
Erikson como base para a formação de
preconceitos e discriminações.
27. Erik Erikson afirmava que um
indivíduo tinha de construir a sua
personalidade durante a
adolescência, porém essa construção
não era feita de um mesmo modo
para todos os adolescentes, ou seja,
não era feita de um modo
padronizado e linear. Durante esta
fase da vida há sempre procura de
algo mais, há crises, indecisões,
situações conflituosas que têm de
ser resolvidas de um modo ou de
outro.
28. O conceito de moratória social de Erikson
• Moratória social é um compasso de espera nos compromissos adultos. É
um período de pausa necessária a muitos jovens, de procura de
alternativas e de experimentação de papéis, que vai permitir um trabalho
de elaboração interna.
• As moratórias caracterizam-se pelas necessidades pessoais, mas também
por exigências socioculturais e institucionais.
• São as diversas sociedades e culturas que institucionalizam uma certa
moratória para a maioria dos jovens. Por exemplo, a idade em que se
atingia a maioridade há alguns anos atrás era de 21 anos, enquanto, hoje,
é de 18 anos.
• Concluímos, assim, que a moratória psicossocial é essencial para permitir
que ocorra no jovem o seu amadurecimento interior. Muitos adolescentes
entram na vida adulta demasiado cedo, o que se irá refletir,
negativamente, no seu processo de evolução futuro.
29. “A fidelidade é a capacidade de manter
lealdades livremente empenhadas, apesar das
inevitáveis contradições dos sistemas de valor”
(Eikson citado por Calvin S. Hall; Gardner
Lindzey; John B. Campbell, 2000, p.173),
30. 6º Estádio – Intimidade x isolamento
Nesse momento o
interesse, além de
profissional, gravita em
torno da construção de
relações profundas e
duradouras, podendo
vivenciar momentos de
grande intimidade e
entrega afetiva. Caso ocorra
uma decepção a tendência
será o isolamento
temporário ou duradouro.
31. Características • ocorre entre os 20 e os 35
anos, aproximadamente;
• Força desse estádio: amor/
afiliação.
• Vertente Positiva:
“encontrar-se”
• Vertente Negativa: o
elitismo.
32. 7º Estádio – Produtividade x estagnação
• Neste período, as pessoas
procuram definir objetivos e
motivações para o que
querem produzir nas suas
vidas.
• Pode aparecer uma
dedicação a sociedade à sua
volta e realização de valiosas
contribuições, ou grande
preocupação com o conforto
físico e material.
33. Características • Ocorre aproximadamente
entre os 35 e 60 anos;
• Força desse estádio:
• Vertente Positiva:
transmissão de valores e
ensinamentos;
• Vertente Negativa: o
autoritarismo.
34. 8º Estádio – Integridade x desesperança
É nesta fase que as pessoas
fazem um balanço do seu
percurso de vida. Então, no
estádio final da vida, a
questão chave: ”Teve a
minha vida sentido ou
falhei?” assinala que chegou
a hora do balanço, da
avaliação do que se fez na
vida e sobretudo do que se
fez da vida.
35. Características • a partir dos 60 anos;
• Força desse estádio: a esperança.
• Na dualidade emocional ”integridade versus
desespero”, a integridade significa que o
indivíduo avalia positivamente o seu
percurso vital mesmo que nem todos os seus
desejos e sonhos se tenham realizado e esta
satisfação prepara-o para aceitar a
deterioração física e a inevitável morte como
termo de algo que valeu a pena. As pessoas
que consideram a sua vida mal sucedida,
demasiado centrada em si mesma, pouco
produtiva, que lamentam as oportunidades
perdidas e sentem ser já demasiado tarde
para se reconciliarem consigo próprias
corrigindo erros cometidos, podem ceder á
angústia e ao desespero. A virtude a
desenvolver neste estádio é a sabedoria, a
consciência de que, dadas as circunstâncias e
as nossas potencialidades, não vivemos em
vão.
36.
37. Importância das contribuições téoricas de Erikson
• Desviou-se o foco fundamental da
sexualidade para as relações
sociais;
•A proposta dos estádios
psicossociais envolvem outras
artes do ciclo vital além da
infância, ampliando a proposta de
Freud. Não existe uma negação da
importância dos estágios infantil;
38. • A cada etapa, o indivíduo cresce a
partir das exigências internas de
seu ego, mas também das
exigências do meio em que vive,
sendo portanto essencial a análise
da cultura e da sociedade em que
vive o sujeito em questão;
• Em cada estádio o ego passa por
uma crise (que dá nome ao
estágio). Esta crise pode ter um
desfecho positivo (denominada de
ritualização) ou negativo
(ritualismo);
39. • Da solução positiva, da crise, surge um ego mais rico
e forte; da solução negativa temos um ego mais
fragilizado;
• A cada crise, a personalidade vai se reestruturando e
se reformulando de acordo com as experiências
vividas, enquanto o ego vai se adaptando a seus
sucessos e fracassso.
• Não obstante, os contextos sociais podem estimular
ou inibir a construção da personalidade - o meio
psicossocial, as inferências educativas vão interferir
no processo de desenvolvimento.
40. Considerações finais
• Como cada criança tem um ritmo cronológico
específico, não se deve atribuir uma duração
exata a cada estádio.
• O núcleo de cada estádio é uma crise básica,
que existe não só durante aquele estádio
específico, nesse será mais proeminente, mas
também nos posteriores em se tratando de
consequências, tendo raízes prévias nos
anteriores.