SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 35
Descargar para leer sin conexión
Escola Politécnica da USP
Depto de Engenharia Hidráulica e Sanitária
PHD 307- Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto
Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
Ricardo Martins da Silva
1999
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
Resumo
Esta apostila procura definir e caracterizar uma bacia hidrográfica, que é o
sistema no qual será analisado o ciclo hidrológico com vistas a aplicações de
engenharia.
São definidas algumas características fisiográficas e comentadas suas relações
com o comportamento dos escoamentos na bacia.
Através do estudo das características fisiográficas das bacias, pode-se entender
fenômenos passados, avaliar impactos de alterações antrópicas na fase de
escoamento superficial da água e elaborar correlações entre vazões e
características fisiográficas para estudos de regionalização e sintetização de
fórmulas empíricas.
Objetivo
Você deverá, após o estudo deste texto, ser capaz de:
!"Definir o divisor topográfico de uma bacia hidrográfica
!"Calcular parâmetros de caracterização da bacia ( área, forma, declividades...)
!"Avaliar qualitativamente a influência das características fisiográficas sobre o
regime de vazões de uma bacia.
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
ÍNDICE
1. Introdução............................................................................................... 1
2. Características Físicas de Bacias Hidrográficas..................................... 2
2.1. Uso do solo................................................................................ 3
2.2. Tipo do solo................................................................................ 3
2.3. Área............................................................................................ 4
2.4. Forma......................................................................................... 6
2.4.1 Fator forma.................................................................... 7
2.4.2 Índice de compacidade kc............................................. 8
2.4.3 Índice de conformação fc............................................... 10
2.5 Declividade da bacia................................................................... 12
2.6 Elevação...................................................................................... 14
2.7 Declividade do curso d’água....................................................... 14
2.8 Tipo da rede de drenagem.......................................................... 18
2.8.1 Ordem dos cursos d’água.............................................. 18
2.8.2 Densidade de cursos d’água......................................... 19
2.9 Densidade de drenagem............................................................. 21
3. Bibliografia............................................................................................... 22
Apêndice
1A. Delimitação de Bacia............................................................................ 23
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 1 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
1 Introdução
A discussão das características físicas e funcionais das bacias hidrográficas tem a
finalidade de proporcionar o conhecimento dos diversos fatores que determinam a
natureza da descarga de um rio. A importância desse conhecimento reside no fato
de que através da avaliação dos parâmetros que condicionam essa vazão pode-se
fazer comparações entre bacias, podendo-se conhecer melhor os fenômenos
passados e fazer extrapolações. Desse modo, o aproveitamento dos recursos
hídricos pode ser feito de maneira mais racional com maiores benefícios à
sociedade em geral.
Freqüentemente é necessário subdividir grandes bacias em unidades menores
para fins práticos de trabalho. As sub-áreas ou bacias tributárias são definidas por
divisores internos, da mesma forma que para a bacia principal.
A utilização das caraterísticas físicas pode ser resumida a três utilidades básicas :
• Explicação de observações passadas ou criação de cenários futuros , como
por exemplo, no planejamento de drenagem de uma cidade, prevendo-se as
áreas impermeabilizadas futuras.
• Transposição de dados entre bacias vizinhas. Ë muito comum não se dispor de
dados observados de vazões no local de interesse de um projeto; entretanto,
encontrando-se uma bacia vizinha com dados históricos ou eventualmente
dados no mesmo rio mas em seções distantes, pode-se através de fórmulas
empíricas ou por uma análise estatística regional, correlacionar os dados de
vazões com as características físicas das bacias.
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 2 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
• Criação de fórmulas empíricas para generalizações regionais dessas
correlações, em geral, efetuadas, de forma independente à uma necessidade
de estudo específico, mas de cunho mais científico.
O escoamento num curso d'água é condicionado a diversos fatores, podendo ser
divididos em dois grupos:
a) fatores climáticos, mais ligados à precipitação;
b) fatores físicos;
Estudaremos aqui apenas as características físicas das bacias
hidrográficas. Os fatores climáticos serão estudados a parte.
2 Características Físicas de Bacias Hidrográficas
Os seguintes fatores físicos são aqueles mais importantes para caracterizar uma
bacia hidrográfica :
1) Uso do solo
2) Tipo do solo
3) Área
4) Forma
5) Declividade da bacia
6) Elevação
7) Declividade do Curso D’água
8) Tipo da Rede de Drenagem
9) Densidade de drenagem
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 3 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
2.1 Uso do solo
Um dos fatores fisiográficos mais importantes que afetam o escoamento é o
uso do solo ou controle da terra.
Suponhamos que uma área seja constituída por floresta cujo solo é coberto por
folhas e galhos, que durante as maiores precipitações evitam que o escoamento
superficial atinja o curso d’água num curto intervalo de tempo, evitando assim uma
enchente. Se esta área for deflorestada e seu solo compactado ou
impermeabilizado, aquela chuva que antes se infiltrava no solo, pode provocar
enchentes nunca vistas. Entretanto, esse fator não tem influência sensível nas
maiores enchentes catastróficas.
As florestas têm ação regularizadora nas vazões dos cursos d’água, mas não
aumentam o valor médio das vazões. Em climas secos, a vegetação pode até
mesmo diminuí-lo em virtude do aumento da evaporação.
Será visto na análise da infiltração da água no solo, como os diversos métodos de
cálculo utilizam numericamente essa propriedade da bacia para avaliar a
potencialide de infiiltração da água no solo ( ex., valor de Cn do método do SCS).
Voltar
2.2 Tipo do solo
Em qualquer bacia, as características do escoamento superficial são largamente
influenciadas pelo tipo predominante de solo, devido à capacidade de infiltração
dos diferentes solos, que por sua vez é resultado do tamanho dos grãos do solo,
sua agregação, forma e arranjo das partículas. Solos que contém material coloidal
contraem-se e incham-se com as mudanças de umidade, afetando a capacidade
de infiltração.
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 4 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
A porosidade afeta tanto a infiltração quanto a capacidade de armazenamento e
varia bastante para solos diferentes. Algumas rochas têm 1% de porosidade,
enquanto solos orgânicos chegam a ter de 80 a 90%. A porosidade não depende
do tamanho das partículas do solo, mas sim do arranjo, variedade, forma e grau
de compactação.
Outras propriedades dos diferentes tipos de solo, como o coeficiente de
permeabilidade, o de armazenamento e o de transmissibilidade serão estudados
no capítulo de águas subterrâneas, onde se verá a importância do tipo de solo na
capacidade de produção de um poço.
Em certos terrenos, entretanto, o estudo tem de ser aprofundado por um geólogo
ou hidrólogo para investigar a localização de lençóis aqüíferos, o escoamento
subterrâneo e a origem das fontes.
Voltar
2.3 Área
É a área plana definida pela projeção horizontal do divisor de águas, pois seu
valor multiplicado pela lâmina da chuva precipitada define o volume de água
recebido pela bacia. A determinação da área de drenagem de uma bacia é feita
com o auxílio de uma planta topográfica ( e algumas vezes, complementada com
um mapa geológico), de altimetria adequada traçando-se a linha divisória que
passa pelos pontos de maior cota entre duas bacias vizinhas.
A área pode ser determinada com boa precisão utilizando-se um planímetro, com
métodos geométricos de determinação de área de figura irregular ou com recurso
intrínsecos aos aplicativos de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), quando
se trabalha com a planta digitalizada.
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 5 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
As bacias podem ser classificadas em grandes e pequenas. O tamanho da bacia
(a área) não é critério suficiente para tal classificação, haja visto que duas bacias
de mesma área podem apresentar comportamentos hidrológicos totalmente
distintos.
Considera-se uma bacia pequena quando a quantidade de água acumulada no
leito do curso d’água devido à precipitação for superior à quantidade de água
acumulada no solo e na vegetação.
A área da bacia afeta a grandeza das enchentes, das vazões mínimas, e das
vazões médias de várias formas. Ou seja, tem significativa influência sobre o
hidrograma como veremos a seguir:
• Efeito sobre vazões máximas
Suponhamos duas bacias que diferem apenas pela área. Se quantidades iguais
de chuva precipitam em intervalos de tempos iguais sobre elas, o volume do
escoamento superficial por unidade de área será o mesmo nas duas bacias.
Entretanto, esse volume de escoamento estará mais espalhado na bacia de maior
área. Assim, o tempo necessário para que todo esse volume passe pela seção de
saída desta bacia será maior que o tempo gasto na bacia de área menor. Porém,
o pico de enchente será menos acentuado na maior bacia ( em relação à vazão
normal). Isto significa que, para um dado volume de um hidrograma de cheia de
base mais larga
Entretanto, o tempo necessário para que um escoamento de enchente (que caiu
próximo à nascente, por exemplo) atinja uma seção (saída, por exemplo) aumenta
a medida em que a área da bacia aumenta. Isto significa que o hidrograma de
enchente terá sua base mais larga.
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 6 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
• Efeito sobre as vazões mínimas
Uma vez cessado o escoamento superficial, a vazão de um curso d’água é
alimentada pela água subterrânea. Conseqüentemente, com o gasto desse
armazenamento a vazão do curso d’água vai diminuindo até que o curso d’água
fique seco ou haja uma recarga no solo pela precipitação.
Estas precipitações, que ocorrem durante as secas atingem algumas partes das
grandes bacias, enquanto muitas vezes não caem sobre algumas pequenas sub-
bacias. Por esse motivo, a vazão dos cursos d’água principais das bacias maiores
tem maior chance de prover uma vazão firme.
• Efeito sobre a vazão média:
A área da bacia não afeta diretamente a vazão média. Assim, as vazões médias
específicas (vazão por unidade de área) em vários pontos de uma bacia são
praticamente constantes.
Voltar
2.4 Forma
As grandes bacias hidrográficas em geral apresentam forma de leque ou de pêra,
ao passo que as pequenas bacias apresentam formas as mais variadas possíveis
em função da estrutura geológica dos terrenos.
A forma da bacia influencia no escoamento superficial e conseqüentemente o
hidrograma resultante de uma determinada chuva.
Entre os índices propostos para caracterizar a forma da bacia serão calculados o
fator de forma e os índices de compacidade e de conformação. Estes índices são
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 7 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
utilizados para comparar bacias e para comporem parâmetros das equações
empíricas de correlações entre vazões e características físicas das bacias.
2.4.1 Fator de Forma
O Fator de Forma ou índice de Gravelius é expresso como sendo a razão entre a
largura média da bacia e o comprimento axial da mesma. O comprimento axial é
medido da saída da bacia até seu ponto mais remoto, seguindo-se as grandes
curvas do rio principal ( não se consideram as curvas dos meandros ). A largura
média é obtida dividindo-se a área da bacia em faixas perpendiculares, onde o
polígono formado pela união dos pontos extremos dessas perpendiculares se
aproxime da forma da bacia real (Figura 2.1).
Figura 2.1 – Influência da forma da bacia na captação da água da chuva
B2
Bn
L
B1
L
B
=FF
L : comprimento da bacia
B : largura média = ∑•
n
Bi
n 1
1
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 8 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
2.4.2 Índice de Compacidade kc
É definido como sendo a relação entre o perímetro da bacia e a circunferência do
círculo de área igual à da bacia.
A
P
.0,28=Ke
onde:
P = perímetro da bacia em km
A = área da bacia em km2
Exemplo: Calcule o fator de forma da bacia abaixo:
50
20
28
17
25
29
32
29
26
515.0
50
75.25
50
8
1726293229282520
==





 +++++++
==
L
B
FF
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 9 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
Como o círculo é a figura geométrica plana que comporta uma dada área com o
menor perímetro, este índice nunca será menor que 1 (um). Bacias que se
aproximam geometricamente de um círculo convergem o escoamento superficial
ao mesmo tempo para um trecho relativamente pequeno do rio principal. Caso
não exista outros fatores que interfiram, os menores valores de kc indicam maior
potencialidade de produção de picos de enchentes elevados (Figura 2.2).
Figura 2.2 – Forma circular e esbelta de bacia
Exemplo : Calcular o índice de compacidade de uma bacia com 100 km2
de área e perímetro de 54 km.
512.1
100
54
28.0 =•=Kc
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 10 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
2.4.3 Índice de Conformação Fc
Compara a área da bacia com a área do quadrado de lado igual ao
comprimento axial. Caso não existam outros fatores que interfiram, quanto mais
próximo de 1 (um) o valor de Fc, isto é, quanto mais a forma da bacia se
aproximar da forma do quadrado do seu comprimento axial, maior a
potencialidade de produção de picos de cheias ( Figura 2.3).
2
L
A
Fc =
onde:
A: área da bacia
L: comprimento axial
L
L
Comp. Axial L
L2
Área da Bacia
L
L
L2
Comp. Axial L
Área da Bacia
Figura 2.3 – Quanto mais a área da bacia se aproximar da área do quadrado do
comprimento axial do seu rio principal, provavelmente mais próxima será da forma
de um quadrado, convergindo todo escoamento ao mesmo tempo para uma
mesma região.
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 11 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
Exemplo : Calcular o índice de conformação das bacias abaixo :
Observe que as três bacias possuem a mesma área, entretanto são dispostas
de maneiras diferentes com relação ao rio principal.
2 km
2,3 km
50 km
13,2 km
10 km
10 km
50 km
57,5 km
2 km
( )
90.18
29.5
100
30.2
502
21 ==
∗
=Fc ;
( )
91.0
25.110
100
5.10
1010
22 ==
∗
=Fc ;
( )
03.0
49.3102
100
7.55
502
23 ==
∗
=Fc
A bacia 2 possui índice de compacidade próximo de UM, o que indica forma
próxima de um quadrado e alto potencial de produção de picos de cheia.
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 12 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
Comparando tipos diferentes de bacias pelos seus índices de forma:
diferentes com relação ao rio principal ( Figura 2.4) .
FF KC FC
0.79 1.00 0.79
1.00 1.12 1.00
0.25 1.40 0.25
4.00 1.40 4.00
Figura 2.4 – Diferentes formas e seus índices
Voltar
2.5 Declividade da bacia
A declividade da bacia ou dos terrenos da bacia tem uma relação importante e
também complexa com a infiltração, o escoamento superficial, a umidade do solo
e a contribuição de água subterrânea ao escoamento do curso d’água. É um dos
fatores mais importantes que controla o tempo do escoamento superficial e da
concentração da chuva e tem uma importância direta em relação à magnitude da
enchente. Quanto maior a declividade, maior a variação das vazões instantâneas.
Uma das maneiras de se medir a declividade média dos terrenos da bacia,
consiste em aplicar uma malha quadrada ( ou eventualmente uma malha
triangular irregular – TIN) sobre a planta planialtimétrica da bacia ( Figura 2.5).
São definidas as declividades dos pontos de intersecção da malha, desenhando-
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 13 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
se a um segmento de reta (linha de maior declive que passa pelo ponto )
perpendicular às duas curvas de nível anterior e posterior à cota do ponto e que
passe pelo ponto; a declividade do ponto será a diferença de cotas das curvas de
nível dividida pelo comprimento desse segmento de reta. A média das
declividades desses pontos será considerada a média das declividades dos
terrenos da bacia.
Figura 2.5 – Malha retangular para cálculo das declividades dos terrenos da bacia
Uma outra forma consiste em definir para a malha quadrada, as cotas médias de
cada quadrícula. A declividade de cada quadrícula será definida pela maior
diferença de cotas entre duas quadrículas vizinhas, dividida pela dimensão linear
da quadrícula.
Esse procedimento é bastante trabalhoso, quando feito manualmente. Entretanto,
isso se torna muito simples, quando se utilizam recursos de Sistemas de
Informação Geográfica (SIG). O primeiro método é mais aplicável, quando se
utiliza a forma vetorizada de representação da bacia. A segunda é mais
apropriada quando a bacia é representada pela forma “raster” ( quadrículas).
Voltar
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 14 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
2.6 Elevação
A variação da elevação e também a elevação média de uma bacia são
fatores importantes com relação à temperatura e à precipitação.
Da mesma forma que no cálculo das declividades dos terrenos da bacia,
pode-se utilizar as cotas dos pontos de intersecção de uma malha aplicada sobre
a planta planialtimétrica da bacia ou as cotas das quadrículas. Ambos os
processos são muito simples quando se utilizam ferramentas SIG.
Voltar
2.7 Declividade do Curso D’água
A velocidade de escoamento da água de um rio depende da declividade
dos canais fluviais. Quanto maior a declividade, maior será a velocidade de
escoamento. Assim, os hidrogramas de enchente serão tanto mais pronunciados e
estreitos, indicando maiores variações de vazões instantâneas.
Um primeiro valor aproximado da declividade de um curso d’água entre dois
pontos pode ser obtido pelo quociente entre a diferença de suas cotas extremas e
sua extensão horizontal ( Figura 2.6).
L
H
S
∆
=1
onde:
∆H: variação da cota entre os dois pontos extremos
L: comprimento em planta do rio
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 15 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
H
L
∆∆∆∆ H
Figura 2.6 – Um primeiro cálculo aproximado da declividade
Uma outra forma de se definir a declividade de um curso d’água consiste
em se traçar um gráfico do perfil longitudinal do curso d’água e definir uma uma
linha tal que, a área compreendida entre ela e o eixo das abscissas (extensão
horizontal) seja igual à compreendida entre a curva do perfil e a abscissa( Figura
2.7).
22
2
L
A
S
bp⋅
=
onde:
Abp : área abaixo do perfil
L: comprimento em planta do rio
detalhes sobre a fórmula>>>
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 16 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
Figura 2.7 – Cálculo da declividade a partir da área abaixo do perfil
Além do dois valores de declividade definidos acima, têm-se a declividade que
utiliza o conceito cinemático (Figura 2.8) , de que o tempo de translação
acumulado ao longo de trechos do curso d’água seja igual ao tempo de translação
de uma linha de declividade constante, que fornece um valor mais preciso. Parte-
se da hipótese que a velocidade em um trecho é inversamente proporcional à
declividade .
2
1
3












=
∑
n
Ii
Li
L
S
onde:
L: comprimento em planta do rio
Li: extensão horizontal em cada um dos n trechos
Ii: declividade em cada um dos n trechos ( Ii = Hi / Li )
H
L
∆∆∆∆ H
A
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 17 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
H
L
∆∆∆∆ H
Li
Si
Figura 2.8 – Cálculo da declividade pelo princípio cinemático
A linha S1 ( Figura 2.9 ) não representa o desenvolvimento real do curso d’água ,
pelo fato de considerar apenas os pontos extremos. É fácil imaginar qualquer
outro desenvolvimento do curso d’água, cujos pontos extremos sejam os mesmos.
Um rio que possui um grande declive no início de seu percurso e logo depois
percorre uma planície, apresenta considerável discrepância entre os valores de
declividade calculados pelos diferentes métodos. Assim, o valor que melhor simula
o comportamento do rio a uma declividade constante é o S3.
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 18 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
Voltar
2.8 Tipo da Rede de Drenagem
2.8.1 Ordem dos cursos d’água
A classificação dos rios quanto à ordem reflete no grau de ramificação ou
bifurcação dentro de uma bacia. Os cursos d’água maiores possuem seus
tributários, que por sua vez possuem outros até que se chegue aos minúsculos
cursos d’água da extremidade.
As correntes formadoras, isto é, os canais que não possuem tributários são
considerados de primeira ordem. Quando dois canais de primeira ordem se unem
é formado um segmento de segunda ordem. A união de dois rios de mesma
Exemplo:
S1
S2
S3
Figura 2.9 – O valor de S2 é bem próximo de S3, que são bem diferentes de S1.
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 19 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
ordem resulta em um rio de ordem imediatamente superior; quando dois rios de
ordem diferentes se unem formam um rio com a ordem maior dos dois ( Figura
2.10).
1 1
1
1
1
1
1
1
3
3
2
2
2
2
2
1
2
3
Figura 2.10 – Classificação dos rios quanto à ordem
Para se determinar corretamente a ordem, situa-se num mapa todos os cursos
d’água, perenes ou intermitentes, mas não deve-se incluir ravinas de água que
não possuem curso definido.
Geralmente, quanto maior a ordem de um curso d’água maior é a sua extensão.
2.8.2 Densidade de cursos d’água
A densidade de cursos d’água é a relação entre o número de cursos d’água e a
área total da bacia ( Figura 2.11) . São incluídos apenas os rios perenes e os
intermitentes.
A
Ns
Ds =
onde:
Ns: número de cursos d’água
A: área da bacia
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 20 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
A
1
7
6
5
4
3
2
Figura 2.11 – Exemplo de contagem do número de cursos d’água
O rio principal é contado apenas uma vez de sua nascente até a foz e os
tributários de ordem superior, cada um se estendendo da sua nascente até a
junção com o rio de ordem superior.
A densidade de cursos d’água não indica a eficiência da drenagem, pois a
extenção dos cursos d’água não é levada em conta.
Exemplo: Calcular a densidade de cursos d’água para a bacia abaixo,
supondo área de 40 km2
40 km2
1
7
6
5
4
3
2
175.0
40
7
==Ds
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 21 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
2.9 Densidade de drenagem
A densidade de drenagem indica a eficiência da drenagem na bacia. É
definida pela relação entre o comprimento total dos cursos d’água (pode ser
medido na planta topográfica com um barbante ou com um curvímetro) e a área
de drenagem.
A
L
Dd =
onde:
L: Comprimento total dos cursos d’água
A: área de drenagem (área da bacia)
Quanto mais eficiente o sistema de drenagem, ou seja, quanto maior a densidade
de drenagem da bacia, mais rapidamente a água do escoamento superficial
originada da chuva chegará à saída da bacia, gerando hidrogramas com picos
maiores e em instantes mais cedo.
Voltar
Exemplo : Calcular a densidade de drenagem da bacia abaixo :
800 km
2
L Total = 65 km 35 km 6 km15 km9 km
08125.0
800
615935
=
+++
==
A
L
Dd
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 22 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
3. Bibliografia
Bras, R. L. – Hydrology : An Introduction to Hydrologic Sciences – Addison-
Wesley Publishing Company, 1990.
Crisolia, J. F. A. – Projeto de Manejo da Bacia Hidrográfica do Ribeirão das Antas
– Serviço do vale do Paraíba – Boletim Técnico N° 4 – DAEE, 1970.
Garcez, L. N. – Hidrologia – Ed. Edgard Blücher, 1967.
Mosley, M. P. e Kerchar, A. I. Cap. 8.-Streamflow ,em Maidment,David
R.,Handbook of Hydrology, Mc Graw Hill, 1993.
Pinto, N. L. S. et al. – Hidrologia Básica - Ed. Edgard Blücher, 1976.
Tucci, C. E. M. – Hidrologia : Ciência e Aplicação – Editora da Universidade /
UFRGS / ABRH , 1997.
Uehara, K. et al. – Características Físicas da Bacia Hidrográfica – apostila –
Escola politécnica da USP, 1980.
Villela, S. M. e Mattos, A. – Hidrologia Aplicada– Editora Mc Graw Hill do Brasil,
1977.
Wanielista et al. – Hydrology – Water Quantity and Quality Control - 2a
. edição,
John Wiley & Sons, 1997.
Wilken, P. S. – Engenharia de Drenagem Superficial – CETESB, 1978.
Wisley, C.O. e Brater, F. E. – Hydrology – Topan Printing Company Ltd., 2nd
edition, Japan, 1959.
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 23 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
Apêndice
1A Delimitação de Bacia
Uma bacia hidrográfica é necessariamente definida por um divisor de águas que a
separa das bacias adjacentes. O divisor de águas segue a linha dos cumes das
formações topográficas em torno da bacia, e cruza o curso d'água somente na
seção de saída (Figura 1A.5).
Já foi visto que o volume total de água transportado nos cursos d’água é
constituído de escoamento superficial e água subterrânea. Raramente estas duas
porções provém da mesma área. Ou seja, há um divisor topográfico que divide a
porção do escoamento superficial (bacia hidrográfica) e há um divisor freático,
determinado pela estrutura geológica e algumas vezes influenciado pela
topografia, que divide a porção de água subterrânea (bacia hidrogeológica).
Quando estes dois divisores não coincidem, diz-se que há fuga de água de uma
bacia para outra. Como o divisor freático não possui uma posição fixa e as várias
posições assumidas são em geral desconhecidas, limita-se a bacia hidrográfica
pelo divisor topográfico.
Quanto mais alto o nível do lençol freático, mais coincidentes se tornam os
divisores freático e topográfico. Quanto mais o nível abaixa, mais eles se tornam
separados.
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 24 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
Em geral, se duas bacias adjacentes são mais ou menos paralelas, há fuga de
água da mais alta para a mais baixa. A hipótese da coincidência dos dois divisores
pode ser bastante incorreta em pequenas bacias com solo impermeável.
Para definir o divisor topográfico, Inicialmente ,deve-se localizar em uma carta
planialtimétrica, a seção de saída da bacia hidrográfica (na figura 11, corresponde
ao círculo, em vermelho). A seguir, visualmente, procura-se definir os limites do
divisor, sem nenhuma preocupação de exatidão ( aproximação grosseira do
divisor), como está indicado na figura 1A.1.
Salienta-se a rede fluvial para auxiliar na localização do divisor ( figura 1A.2).
Destacam-se os pontos altos cotados ( com sinal de x na figura 1A.2).
A linha divisória é o divisor de águas e deve contornar a bacia. Assim, deve-se
começar a traçar a linha a partir da foz do rio principal, seguindo pela linha de
maior declive até ponto de maior cota mais próximo. A linha de maior declive
cruza perpendicularmente as curvas de nível.
Partindo-se da seção de saída da bacia, traçam-se as duas linhas de maior
declive que passam por ela ( linha perpendicular às curvas de nível) até atingir o
ponto alto mais próximo ( figuras 1A.3 e1A.4).
Dá-se continuidade ao traçado do divisor, partindo-se do ponto alto das linhas de
maior declive e unindo-o com o ponto alto mais próximo, seguindo o contorno do
relevo do terreno ( não se deve unir os pontos altos por segmentos de reta que
não respeitem o perfil do terreno) até completar o circuito. ( figura 1A.5).
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 25 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
Figura 1A.1 –Localização grosseira do divisor
Figura 1A.2- Destaque dos pontos altos e cotados e da rede de drenagem
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 26 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
Figura 1A.3 – Linha de maior declive que passam pela seção de saída da bacia.
Figura 1A.4 – Zoom mostrando a linha de maior declive
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 27 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
Figura 1A.5- Traçando a linha divisória
Voltar
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 28 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
2A Comprimento axial
É o comprimento do rio desconsiderando-se os meandros, isto é, o comprimento
que o rio assume durante uma enchente ( Figura 2A.1)
Figura 2A.1 – Comprimento axial de um rio
Voltar
3A Comprimento em planta de um rio
É a extensão do rio projetado na planta topográfica, ou seja, pode ser
medido diretamente na planta com um barbante, por exemplo.
Voltar para “S1”
Voltar para “S2”
Voltar para “S3”
Voltar para “extensão horizontal do rio”
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 29 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
4A Comprimento total dos cursos d’água
Soma total do comprimento dos rios da bacia ( Figura 4A.1).
A
L Total L1 L 2 . . . L n
Figura 4A.1 – Composição da malha fluvial para calcular seu comprimento total
Voltar
5A Hidrograma
Hidrograma é a denominação dada ao gráfico que relaciona a vazão no tempo. A
distribuição da vazão no tempo é resultado da interação de todos os componentes
do ciclo hidrológico entre a precipitação e a vazão na bacia hidrográfica.
Voltar
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 30 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
6A Fórmula S2
Tg θ
h
b
A
22222
222
2 b
A
b
A
b
hb
b
hb
b
h
tgS
•
=•=•
•
=
•
=== θ
Voltar
7A Extensão horizontal em cada um dos n trechos
Esta extensão é definida como sendo a extensão que o rio percorre para variar um
intervalo de cota das curvas de nível( Figuras 7A.1 a 7A.4).
Figura 7A.1- Pontos onde o rio cruza as curvas de nível
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 31 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
Figura 7A.2 – Detalhe do trecho de jusante
Figura 7A.3 – Detalhe da nascente
Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada
Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 32 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
860
960
1060
1160
1260
Cota(m)
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Distância ( km)
Perfil Longitudinal
Ribeirão Santo Antônio - ( Caconde )
S1= 55 m/km
S2= 47 m/km
Figura 7A.4 – As cotas da planta do exemplo são dadas com intervalos de
20m. O eixo das abscissas representa o comprimento em planta do rio

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

La actualidad más candente (20)

REDE DE DRENAGEM
REDE DE DRENAGEMREDE DE DRENAGEM
REDE DE DRENAGEM
 
Bacia Hidrográfica
Bacia HidrográficaBacia Hidrográfica
Bacia Hidrográfica
 
Hidrologia aula introdutória
Hidrologia   aula introdutóriaHidrologia   aula introdutória
Hidrologia aula introdutória
 
Aula hidrilogia exercicio
Aula hidrilogia exercicioAula hidrilogia exercicio
Aula hidrilogia exercicio
 
Hidráulica de Canais
Hidráulica de CanaisHidráulica de Canais
Hidráulica de Canais
 
Aula 4 hidrogeologia
Aula 4   hidrogeologiaAula 4   hidrogeologia
Aula 4 hidrogeologia
 
Movimento de agua no solo
Movimento de agua no soloMovimento de agua no solo
Movimento de agua no solo
 
Aula 1 e 2 topografia
Aula 1 e 2   topografiaAula 1 e 2   topografia
Aula 1 e 2 topografia
 
Aula - Topografia
Aula - TopografiaAula - Topografia
Aula - Topografia
 
Topografia basica
Topografia basicaTopografia basica
Topografia basica
 
Aula Hidrologia - Método Racional
Aula Hidrologia - Método RacionalAula Hidrologia - Método Racional
Aula Hidrologia - Método Racional
 
Hidrologia aula 02
Hidrologia aula 02Hidrologia aula 02
Hidrologia aula 02
 
Apost topografia
Apost topografiaApost topografia
Apost topografia
 
3.2 índices físicos
3.2 índices físicos3.2 índices físicos
3.2 índices físicos
 
Geomorfologia fluvial
Geomorfologia fluvialGeomorfologia fluvial
Geomorfologia fluvial
 
Exercicios e respostas
Exercicios e respostasExercicios e respostas
Exercicios e respostas
 
Pluviometria
PluviometriaPluviometria
Pluviometria
 
Origem e formação do solo
Origem e formação do soloOrigem e formação do solo
Origem e formação do solo
 
Hidrologia Aula 1
Hidrologia Aula 1Hidrologia Aula 1
Hidrologia Aula 1
 
Aula 2 hidrologia( ciclo hidrologico)
Aula 2 hidrologia( ciclo hidrologico)Aula 2 hidrologia( ciclo hidrologico)
Aula 2 hidrologia( ciclo hidrologico)
 

Destacado

Aula 1 hidrologia(introducao)
Aula 1 hidrologia(introducao)Aula 1 hidrologia(introducao)
Aula 1 hidrologia(introducao)Gilson Adao
 
Classificação de imagens não supervisionada - KMEANS e ISODATA
Classificação de imagens não supervisionada - KMEANS e ISODATAClassificação de imagens não supervisionada - KMEANS e ISODATA
Classificação de imagens não supervisionada - KMEANS e ISODATAAndré Andrade
 
3 lista de exercicios mod iv e v (1)
3 lista de exercicios mod iv e v (1)3 lista de exercicios mod iv e v (1)
3 lista de exercicios mod iv e v (1)Laryssa Maia
 
Bacia hidrográfica.v1
Bacia hidrográfica.v1Bacia hidrográfica.v1
Bacia hidrográfica.v1jl1957
 
Apostila de Hidrologia Aplicada
Apostila de Hidrologia  AplicadaApostila de Hidrologia  Aplicada
Apostila de Hidrologia AplicadaRoberta Araújo
 

Destacado (9)

Probabilidades
ProbabilidadesProbabilidades
Probabilidades
 
Aula 1 hidrologia(introducao)
Aula 1 hidrologia(introducao)Aula 1 hidrologia(introducao)
Aula 1 hidrologia(introducao)
 
Classificação de imagens não supervisionada - KMEANS e ISODATA
Classificação de imagens não supervisionada - KMEANS e ISODATAClassificação de imagens não supervisionada - KMEANS e ISODATA
Classificação de imagens não supervisionada - KMEANS e ISODATA
 
3 lista de exercicios mod iv e v (1)
3 lista de exercicios mod iv e v (1)3 lista de exercicios mod iv e v (1)
3 lista de exercicios mod iv e v (1)
 
Precipitacao
PrecipitacaoPrecipitacao
Precipitacao
 
Bacia hidrográfica.v1
Bacia hidrográfica.v1Bacia hidrográfica.v1
Bacia hidrográfica.v1
 
Hidrologia Geral
Hidrologia GeralHidrologia Geral
Hidrologia Geral
 
Apostila de Hidrologia Aplicada
Apostila de Hidrologia  AplicadaApostila de Hidrologia  Aplicada
Apostila de Hidrologia Aplicada
 
Costumes em Comum Edward P. Thompson x Gramsci – Um Dialogo Difícil
Costumes em Comum   Edward P. Thompson x Gramsci – Um Dialogo DifícilCostumes em Comum   Edward P. Thompson x Gramsci – Um Dialogo Difícil
Costumes em Comum Edward P. Thompson x Gramsci – Um Dialogo Difícil
 

Último

Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdfProva uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdfArthurRomanof1
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxkarinedarozabatista
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxA experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxfabiolalopesmartins1
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfManuais Formação
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfEditoraEnovus
 
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfBRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfHenrique Pontes
 
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdfJorge Andrade
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasCassio Meira Jr.
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinhaMary Alvarenga
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduraAdryan Luiz
 
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologiaAula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologiaaulasgege
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdfGuia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdfEyshilaKelly1
 
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSilvana Silva
 

Último (20)

Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdfProva uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxA experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
 
Em tempo de Quaresma .
Em tempo de Quaresma                            .Em tempo de Quaresma                            .
Em tempo de Quaresma .
 
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfBRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
 
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinha
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditadura
 
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologiaAula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
 
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdfGuia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
 
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
 

Apostila bacias hidrograficas

  • 1. Escola Politécnica da USP Depto de Engenharia Hidráulica e Sanitária PHD 307- Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto Prof. Dr. Kamel Zahed Filho Ricardo Martins da Silva 1999
  • 2. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Prof. Dr. Kamel Zahed Filho Resumo Esta apostila procura definir e caracterizar uma bacia hidrográfica, que é o sistema no qual será analisado o ciclo hidrológico com vistas a aplicações de engenharia. São definidas algumas características fisiográficas e comentadas suas relações com o comportamento dos escoamentos na bacia. Através do estudo das características fisiográficas das bacias, pode-se entender fenômenos passados, avaliar impactos de alterações antrópicas na fase de escoamento superficial da água e elaborar correlações entre vazões e características fisiográficas para estudos de regionalização e sintetização de fórmulas empíricas. Objetivo Você deverá, após o estudo deste texto, ser capaz de: !"Definir o divisor topográfico de uma bacia hidrográfica !"Calcular parâmetros de caracterização da bacia ( área, forma, declividades...) !"Avaliar qualitativamente a influência das características fisiográficas sobre o regime de vazões de uma bacia.
  • 3. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Prof. Dr. Kamel Zahed Filho ÍNDICE 1. Introdução............................................................................................... 1 2. Características Físicas de Bacias Hidrográficas..................................... 2 2.1. Uso do solo................................................................................ 3 2.2. Tipo do solo................................................................................ 3 2.3. Área............................................................................................ 4 2.4. Forma......................................................................................... 6 2.4.1 Fator forma.................................................................... 7 2.4.2 Índice de compacidade kc............................................. 8 2.4.3 Índice de conformação fc............................................... 10 2.5 Declividade da bacia................................................................... 12 2.6 Elevação...................................................................................... 14 2.7 Declividade do curso d’água....................................................... 14 2.8 Tipo da rede de drenagem.......................................................... 18 2.8.1 Ordem dos cursos d’água.............................................. 18 2.8.2 Densidade de cursos d’água......................................... 19 2.9 Densidade de drenagem............................................................. 21 3. Bibliografia............................................................................................... 22 Apêndice 1A. Delimitação de Bacia............................................................................ 23
  • 4. Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 1 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho 1 Introdução A discussão das características físicas e funcionais das bacias hidrográficas tem a finalidade de proporcionar o conhecimento dos diversos fatores que determinam a natureza da descarga de um rio. A importância desse conhecimento reside no fato de que através da avaliação dos parâmetros que condicionam essa vazão pode-se fazer comparações entre bacias, podendo-se conhecer melhor os fenômenos passados e fazer extrapolações. Desse modo, o aproveitamento dos recursos hídricos pode ser feito de maneira mais racional com maiores benefícios à sociedade em geral. Freqüentemente é necessário subdividir grandes bacias em unidades menores para fins práticos de trabalho. As sub-áreas ou bacias tributárias são definidas por divisores internos, da mesma forma que para a bacia principal. A utilização das caraterísticas físicas pode ser resumida a três utilidades básicas : • Explicação de observações passadas ou criação de cenários futuros , como por exemplo, no planejamento de drenagem de uma cidade, prevendo-se as áreas impermeabilizadas futuras. • Transposição de dados entre bacias vizinhas. Ë muito comum não se dispor de dados observados de vazões no local de interesse de um projeto; entretanto, encontrando-se uma bacia vizinha com dados históricos ou eventualmente dados no mesmo rio mas em seções distantes, pode-se através de fórmulas empíricas ou por uma análise estatística regional, correlacionar os dados de vazões com as características físicas das bacias.
  • 5. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 2 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho • Criação de fórmulas empíricas para generalizações regionais dessas correlações, em geral, efetuadas, de forma independente à uma necessidade de estudo específico, mas de cunho mais científico. O escoamento num curso d'água é condicionado a diversos fatores, podendo ser divididos em dois grupos: a) fatores climáticos, mais ligados à precipitação; b) fatores físicos; Estudaremos aqui apenas as características físicas das bacias hidrográficas. Os fatores climáticos serão estudados a parte. 2 Características Físicas de Bacias Hidrográficas Os seguintes fatores físicos são aqueles mais importantes para caracterizar uma bacia hidrográfica : 1) Uso do solo 2) Tipo do solo 3) Área 4) Forma 5) Declividade da bacia 6) Elevação 7) Declividade do Curso D’água 8) Tipo da Rede de Drenagem 9) Densidade de drenagem
  • 6. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 3 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho 2.1 Uso do solo Um dos fatores fisiográficos mais importantes que afetam o escoamento é o uso do solo ou controle da terra. Suponhamos que uma área seja constituída por floresta cujo solo é coberto por folhas e galhos, que durante as maiores precipitações evitam que o escoamento superficial atinja o curso d’água num curto intervalo de tempo, evitando assim uma enchente. Se esta área for deflorestada e seu solo compactado ou impermeabilizado, aquela chuva que antes se infiltrava no solo, pode provocar enchentes nunca vistas. Entretanto, esse fator não tem influência sensível nas maiores enchentes catastróficas. As florestas têm ação regularizadora nas vazões dos cursos d’água, mas não aumentam o valor médio das vazões. Em climas secos, a vegetação pode até mesmo diminuí-lo em virtude do aumento da evaporação. Será visto na análise da infiltração da água no solo, como os diversos métodos de cálculo utilizam numericamente essa propriedade da bacia para avaliar a potencialide de infiiltração da água no solo ( ex., valor de Cn do método do SCS). Voltar 2.2 Tipo do solo Em qualquer bacia, as características do escoamento superficial são largamente influenciadas pelo tipo predominante de solo, devido à capacidade de infiltração dos diferentes solos, que por sua vez é resultado do tamanho dos grãos do solo, sua agregação, forma e arranjo das partículas. Solos que contém material coloidal contraem-se e incham-se com as mudanças de umidade, afetando a capacidade de infiltração.
  • 7. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 4 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho A porosidade afeta tanto a infiltração quanto a capacidade de armazenamento e varia bastante para solos diferentes. Algumas rochas têm 1% de porosidade, enquanto solos orgânicos chegam a ter de 80 a 90%. A porosidade não depende do tamanho das partículas do solo, mas sim do arranjo, variedade, forma e grau de compactação. Outras propriedades dos diferentes tipos de solo, como o coeficiente de permeabilidade, o de armazenamento e o de transmissibilidade serão estudados no capítulo de águas subterrâneas, onde se verá a importância do tipo de solo na capacidade de produção de um poço. Em certos terrenos, entretanto, o estudo tem de ser aprofundado por um geólogo ou hidrólogo para investigar a localização de lençóis aqüíferos, o escoamento subterrâneo e a origem das fontes. Voltar 2.3 Área É a área plana definida pela projeção horizontal do divisor de águas, pois seu valor multiplicado pela lâmina da chuva precipitada define o volume de água recebido pela bacia. A determinação da área de drenagem de uma bacia é feita com o auxílio de uma planta topográfica ( e algumas vezes, complementada com um mapa geológico), de altimetria adequada traçando-se a linha divisória que passa pelos pontos de maior cota entre duas bacias vizinhas. A área pode ser determinada com boa precisão utilizando-se um planímetro, com métodos geométricos de determinação de área de figura irregular ou com recurso intrínsecos aos aplicativos de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), quando se trabalha com a planta digitalizada.
  • 8. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 5 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho As bacias podem ser classificadas em grandes e pequenas. O tamanho da bacia (a área) não é critério suficiente para tal classificação, haja visto que duas bacias de mesma área podem apresentar comportamentos hidrológicos totalmente distintos. Considera-se uma bacia pequena quando a quantidade de água acumulada no leito do curso d’água devido à precipitação for superior à quantidade de água acumulada no solo e na vegetação. A área da bacia afeta a grandeza das enchentes, das vazões mínimas, e das vazões médias de várias formas. Ou seja, tem significativa influência sobre o hidrograma como veremos a seguir: • Efeito sobre vazões máximas Suponhamos duas bacias que diferem apenas pela área. Se quantidades iguais de chuva precipitam em intervalos de tempos iguais sobre elas, o volume do escoamento superficial por unidade de área será o mesmo nas duas bacias. Entretanto, esse volume de escoamento estará mais espalhado na bacia de maior área. Assim, o tempo necessário para que todo esse volume passe pela seção de saída desta bacia será maior que o tempo gasto na bacia de área menor. Porém, o pico de enchente será menos acentuado na maior bacia ( em relação à vazão normal). Isto significa que, para um dado volume de um hidrograma de cheia de base mais larga Entretanto, o tempo necessário para que um escoamento de enchente (que caiu próximo à nascente, por exemplo) atinja uma seção (saída, por exemplo) aumenta a medida em que a área da bacia aumenta. Isto significa que o hidrograma de enchente terá sua base mais larga.
  • 9. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 6 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho • Efeito sobre as vazões mínimas Uma vez cessado o escoamento superficial, a vazão de um curso d’água é alimentada pela água subterrânea. Conseqüentemente, com o gasto desse armazenamento a vazão do curso d’água vai diminuindo até que o curso d’água fique seco ou haja uma recarga no solo pela precipitação. Estas precipitações, que ocorrem durante as secas atingem algumas partes das grandes bacias, enquanto muitas vezes não caem sobre algumas pequenas sub- bacias. Por esse motivo, a vazão dos cursos d’água principais das bacias maiores tem maior chance de prover uma vazão firme. • Efeito sobre a vazão média: A área da bacia não afeta diretamente a vazão média. Assim, as vazões médias específicas (vazão por unidade de área) em vários pontos de uma bacia são praticamente constantes. Voltar 2.4 Forma As grandes bacias hidrográficas em geral apresentam forma de leque ou de pêra, ao passo que as pequenas bacias apresentam formas as mais variadas possíveis em função da estrutura geológica dos terrenos. A forma da bacia influencia no escoamento superficial e conseqüentemente o hidrograma resultante de uma determinada chuva. Entre os índices propostos para caracterizar a forma da bacia serão calculados o fator de forma e os índices de compacidade e de conformação. Estes índices são
  • 10. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 7 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho utilizados para comparar bacias e para comporem parâmetros das equações empíricas de correlações entre vazões e características físicas das bacias. 2.4.1 Fator de Forma O Fator de Forma ou índice de Gravelius é expresso como sendo a razão entre a largura média da bacia e o comprimento axial da mesma. O comprimento axial é medido da saída da bacia até seu ponto mais remoto, seguindo-se as grandes curvas do rio principal ( não se consideram as curvas dos meandros ). A largura média é obtida dividindo-se a área da bacia em faixas perpendiculares, onde o polígono formado pela união dos pontos extremos dessas perpendiculares se aproxime da forma da bacia real (Figura 2.1). Figura 2.1 – Influência da forma da bacia na captação da água da chuva B2 Bn L B1 L B =FF L : comprimento da bacia B : largura média = ∑• n Bi n 1 1
  • 11. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 8 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho 2.4.2 Índice de Compacidade kc É definido como sendo a relação entre o perímetro da bacia e a circunferência do círculo de área igual à da bacia. A P .0,28=Ke onde: P = perímetro da bacia em km A = área da bacia em km2 Exemplo: Calcule o fator de forma da bacia abaixo: 50 20 28 17 25 29 32 29 26 515.0 50 75.25 50 8 1726293229282520 ==       +++++++ == L B FF
  • 12. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 9 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho Como o círculo é a figura geométrica plana que comporta uma dada área com o menor perímetro, este índice nunca será menor que 1 (um). Bacias que se aproximam geometricamente de um círculo convergem o escoamento superficial ao mesmo tempo para um trecho relativamente pequeno do rio principal. Caso não exista outros fatores que interfiram, os menores valores de kc indicam maior potencialidade de produção de picos de enchentes elevados (Figura 2.2). Figura 2.2 – Forma circular e esbelta de bacia Exemplo : Calcular o índice de compacidade de uma bacia com 100 km2 de área e perímetro de 54 km. 512.1 100 54 28.0 =•=Kc
  • 13. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 10 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho 2.4.3 Índice de Conformação Fc Compara a área da bacia com a área do quadrado de lado igual ao comprimento axial. Caso não existam outros fatores que interfiram, quanto mais próximo de 1 (um) o valor de Fc, isto é, quanto mais a forma da bacia se aproximar da forma do quadrado do seu comprimento axial, maior a potencialidade de produção de picos de cheias ( Figura 2.3). 2 L A Fc = onde: A: área da bacia L: comprimento axial L L Comp. Axial L L2 Área da Bacia L L L2 Comp. Axial L Área da Bacia Figura 2.3 – Quanto mais a área da bacia se aproximar da área do quadrado do comprimento axial do seu rio principal, provavelmente mais próxima será da forma de um quadrado, convergindo todo escoamento ao mesmo tempo para uma mesma região.
  • 14. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 11 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho Exemplo : Calcular o índice de conformação das bacias abaixo : Observe que as três bacias possuem a mesma área, entretanto são dispostas de maneiras diferentes com relação ao rio principal. 2 km 2,3 km 50 km 13,2 km 10 km 10 km 50 km 57,5 km 2 km ( ) 90.18 29.5 100 30.2 502 21 == ∗ =Fc ; ( ) 91.0 25.110 100 5.10 1010 22 == ∗ =Fc ; ( ) 03.0 49.3102 100 7.55 502 23 == ∗ =Fc A bacia 2 possui índice de compacidade próximo de UM, o que indica forma próxima de um quadrado e alto potencial de produção de picos de cheia.
  • 15. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 12 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho Comparando tipos diferentes de bacias pelos seus índices de forma: diferentes com relação ao rio principal ( Figura 2.4) . FF KC FC 0.79 1.00 0.79 1.00 1.12 1.00 0.25 1.40 0.25 4.00 1.40 4.00 Figura 2.4 – Diferentes formas e seus índices Voltar 2.5 Declividade da bacia A declividade da bacia ou dos terrenos da bacia tem uma relação importante e também complexa com a infiltração, o escoamento superficial, a umidade do solo e a contribuição de água subterrânea ao escoamento do curso d’água. É um dos fatores mais importantes que controla o tempo do escoamento superficial e da concentração da chuva e tem uma importância direta em relação à magnitude da enchente. Quanto maior a declividade, maior a variação das vazões instantâneas. Uma das maneiras de se medir a declividade média dos terrenos da bacia, consiste em aplicar uma malha quadrada ( ou eventualmente uma malha triangular irregular – TIN) sobre a planta planialtimétrica da bacia ( Figura 2.5). São definidas as declividades dos pontos de intersecção da malha, desenhando-
  • 16. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 13 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho se a um segmento de reta (linha de maior declive que passa pelo ponto ) perpendicular às duas curvas de nível anterior e posterior à cota do ponto e que passe pelo ponto; a declividade do ponto será a diferença de cotas das curvas de nível dividida pelo comprimento desse segmento de reta. A média das declividades desses pontos será considerada a média das declividades dos terrenos da bacia. Figura 2.5 – Malha retangular para cálculo das declividades dos terrenos da bacia Uma outra forma consiste em definir para a malha quadrada, as cotas médias de cada quadrícula. A declividade de cada quadrícula será definida pela maior diferença de cotas entre duas quadrículas vizinhas, dividida pela dimensão linear da quadrícula. Esse procedimento é bastante trabalhoso, quando feito manualmente. Entretanto, isso se torna muito simples, quando se utilizam recursos de Sistemas de Informação Geográfica (SIG). O primeiro método é mais aplicável, quando se utiliza a forma vetorizada de representação da bacia. A segunda é mais apropriada quando a bacia é representada pela forma “raster” ( quadrículas). Voltar
  • 17. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 14 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho 2.6 Elevação A variação da elevação e também a elevação média de uma bacia são fatores importantes com relação à temperatura e à precipitação. Da mesma forma que no cálculo das declividades dos terrenos da bacia, pode-se utilizar as cotas dos pontos de intersecção de uma malha aplicada sobre a planta planialtimétrica da bacia ou as cotas das quadrículas. Ambos os processos são muito simples quando se utilizam ferramentas SIG. Voltar 2.7 Declividade do Curso D’água A velocidade de escoamento da água de um rio depende da declividade dos canais fluviais. Quanto maior a declividade, maior será a velocidade de escoamento. Assim, os hidrogramas de enchente serão tanto mais pronunciados e estreitos, indicando maiores variações de vazões instantâneas. Um primeiro valor aproximado da declividade de um curso d’água entre dois pontos pode ser obtido pelo quociente entre a diferença de suas cotas extremas e sua extensão horizontal ( Figura 2.6). L H S ∆ =1 onde: ∆H: variação da cota entre os dois pontos extremos L: comprimento em planta do rio
  • 18. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 15 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho H L ∆∆∆∆ H Figura 2.6 – Um primeiro cálculo aproximado da declividade Uma outra forma de se definir a declividade de um curso d’água consiste em se traçar um gráfico do perfil longitudinal do curso d’água e definir uma uma linha tal que, a área compreendida entre ela e o eixo das abscissas (extensão horizontal) seja igual à compreendida entre a curva do perfil e a abscissa( Figura 2.7). 22 2 L A S bp⋅ = onde: Abp : área abaixo do perfil L: comprimento em planta do rio detalhes sobre a fórmula>>>
  • 19. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 16 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho Figura 2.7 – Cálculo da declividade a partir da área abaixo do perfil Além do dois valores de declividade definidos acima, têm-se a declividade que utiliza o conceito cinemático (Figura 2.8) , de que o tempo de translação acumulado ao longo de trechos do curso d’água seja igual ao tempo de translação de uma linha de declividade constante, que fornece um valor mais preciso. Parte- se da hipótese que a velocidade em um trecho é inversamente proporcional à declividade . 2 1 3             = ∑ n Ii Li L S onde: L: comprimento em planta do rio Li: extensão horizontal em cada um dos n trechos Ii: declividade em cada um dos n trechos ( Ii = Hi / Li ) H L ∆∆∆∆ H A
  • 20. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 17 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho H L ∆∆∆∆ H Li Si Figura 2.8 – Cálculo da declividade pelo princípio cinemático A linha S1 ( Figura 2.9 ) não representa o desenvolvimento real do curso d’água , pelo fato de considerar apenas os pontos extremos. É fácil imaginar qualquer outro desenvolvimento do curso d’água, cujos pontos extremos sejam os mesmos. Um rio que possui um grande declive no início de seu percurso e logo depois percorre uma planície, apresenta considerável discrepância entre os valores de declividade calculados pelos diferentes métodos. Assim, o valor que melhor simula o comportamento do rio a uma declividade constante é o S3.
  • 21. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 18 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho Voltar 2.8 Tipo da Rede de Drenagem 2.8.1 Ordem dos cursos d’água A classificação dos rios quanto à ordem reflete no grau de ramificação ou bifurcação dentro de uma bacia. Os cursos d’água maiores possuem seus tributários, que por sua vez possuem outros até que se chegue aos minúsculos cursos d’água da extremidade. As correntes formadoras, isto é, os canais que não possuem tributários são considerados de primeira ordem. Quando dois canais de primeira ordem se unem é formado um segmento de segunda ordem. A união de dois rios de mesma Exemplo: S1 S2 S3 Figura 2.9 – O valor de S2 é bem próximo de S3, que são bem diferentes de S1.
  • 22. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 19 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho ordem resulta em um rio de ordem imediatamente superior; quando dois rios de ordem diferentes se unem formam um rio com a ordem maior dos dois ( Figura 2.10). 1 1 1 1 1 1 1 1 3 3 2 2 2 2 2 1 2 3 Figura 2.10 – Classificação dos rios quanto à ordem Para se determinar corretamente a ordem, situa-se num mapa todos os cursos d’água, perenes ou intermitentes, mas não deve-se incluir ravinas de água que não possuem curso definido. Geralmente, quanto maior a ordem de um curso d’água maior é a sua extensão. 2.8.2 Densidade de cursos d’água A densidade de cursos d’água é a relação entre o número de cursos d’água e a área total da bacia ( Figura 2.11) . São incluídos apenas os rios perenes e os intermitentes. A Ns Ds = onde: Ns: número de cursos d’água A: área da bacia
  • 23. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 20 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho A 1 7 6 5 4 3 2 Figura 2.11 – Exemplo de contagem do número de cursos d’água O rio principal é contado apenas uma vez de sua nascente até a foz e os tributários de ordem superior, cada um se estendendo da sua nascente até a junção com o rio de ordem superior. A densidade de cursos d’água não indica a eficiência da drenagem, pois a extenção dos cursos d’água não é levada em conta. Exemplo: Calcular a densidade de cursos d’água para a bacia abaixo, supondo área de 40 km2 40 km2 1 7 6 5 4 3 2 175.0 40 7 ==Ds
  • 24. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 21 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho 2.9 Densidade de drenagem A densidade de drenagem indica a eficiência da drenagem na bacia. É definida pela relação entre o comprimento total dos cursos d’água (pode ser medido na planta topográfica com um barbante ou com um curvímetro) e a área de drenagem. A L Dd = onde: L: Comprimento total dos cursos d’água A: área de drenagem (área da bacia) Quanto mais eficiente o sistema de drenagem, ou seja, quanto maior a densidade de drenagem da bacia, mais rapidamente a água do escoamento superficial originada da chuva chegará à saída da bacia, gerando hidrogramas com picos maiores e em instantes mais cedo. Voltar Exemplo : Calcular a densidade de drenagem da bacia abaixo : 800 km 2 L Total = 65 km 35 km 6 km15 km9 km 08125.0 800 615935 = +++ == A L Dd
  • 25. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 22 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho 3. Bibliografia Bras, R. L. – Hydrology : An Introduction to Hydrologic Sciences – Addison- Wesley Publishing Company, 1990. Crisolia, J. F. A. – Projeto de Manejo da Bacia Hidrográfica do Ribeirão das Antas – Serviço do vale do Paraíba – Boletim Técnico N° 4 – DAEE, 1970. Garcez, L. N. – Hidrologia – Ed. Edgard Blücher, 1967. Mosley, M. P. e Kerchar, A. I. Cap. 8.-Streamflow ,em Maidment,David R.,Handbook of Hydrology, Mc Graw Hill, 1993. Pinto, N. L. S. et al. – Hidrologia Básica - Ed. Edgard Blücher, 1976. Tucci, C. E. M. – Hidrologia : Ciência e Aplicação – Editora da Universidade / UFRGS / ABRH , 1997. Uehara, K. et al. – Características Físicas da Bacia Hidrográfica – apostila – Escola politécnica da USP, 1980. Villela, S. M. e Mattos, A. – Hidrologia Aplicada– Editora Mc Graw Hill do Brasil, 1977. Wanielista et al. – Hydrology – Water Quantity and Quality Control - 2a . edição, John Wiley & Sons, 1997. Wilken, P. S. – Engenharia de Drenagem Superficial – CETESB, 1978. Wisley, C.O. e Brater, F. E. – Hydrology – Topan Printing Company Ltd., 2nd edition, Japan, 1959.
  • 26. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 23 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho Apêndice 1A Delimitação de Bacia Uma bacia hidrográfica é necessariamente definida por um divisor de águas que a separa das bacias adjacentes. O divisor de águas segue a linha dos cumes das formações topográficas em torno da bacia, e cruza o curso d'água somente na seção de saída (Figura 1A.5). Já foi visto que o volume total de água transportado nos cursos d’água é constituído de escoamento superficial e água subterrânea. Raramente estas duas porções provém da mesma área. Ou seja, há um divisor topográfico que divide a porção do escoamento superficial (bacia hidrográfica) e há um divisor freático, determinado pela estrutura geológica e algumas vezes influenciado pela topografia, que divide a porção de água subterrânea (bacia hidrogeológica). Quando estes dois divisores não coincidem, diz-se que há fuga de água de uma bacia para outra. Como o divisor freático não possui uma posição fixa e as várias posições assumidas são em geral desconhecidas, limita-se a bacia hidrográfica pelo divisor topográfico. Quanto mais alto o nível do lençol freático, mais coincidentes se tornam os divisores freático e topográfico. Quanto mais o nível abaixa, mais eles se tornam separados.
  • 27. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 24 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho Em geral, se duas bacias adjacentes são mais ou menos paralelas, há fuga de água da mais alta para a mais baixa. A hipótese da coincidência dos dois divisores pode ser bastante incorreta em pequenas bacias com solo impermeável. Para definir o divisor topográfico, Inicialmente ,deve-se localizar em uma carta planialtimétrica, a seção de saída da bacia hidrográfica (na figura 11, corresponde ao círculo, em vermelho). A seguir, visualmente, procura-se definir os limites do divisor, sem nenhuma preocupação de exatidão ( aproximação grosseira do divisor), como está indicado na figura 1A.1. Salienta-se a rede fluvial para auxiliar na localização do divisor ( figura 1A.2). Destacam-se os pontos altos cotados ( com sinal de x na figura 1A.2). A linha divisória é o divisor de águas e deve contornar a bacia. Assim, deve-se começar a traçar a linha a partir da foz do rio principal, seguindo pela linha de maior declive até ponto de maior cota mais próximo. A linha de maior declive cruza perpendicularmente as curvas de nível. Partindo-se da seção de saída da bacia, traçam-se as duas linhas de maior declive que passam por ela ( linha perpendicular às curvas de nível) até atingir o ponto alto mais próximo ( figuras 1A.3 e1A.4). Dá-se continuidade ao traçado do divisor, partindo-se do ponto alto das linhas de maior declive e unindo-o com o ponto alto mais próximo, seguindo o contorno do relevo do terreno ( não se deve unir os pontos altos por segmentos de reta que não respeitem o perfil do terreno) até completar o circuito. ( figura 1A.5).
  • 28. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 25 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho Figura 1A.1 –Localização grosseira do divisor Figura 1A.2- Destaque dos pontos altos e cotados e da rede de drenagem
  • 29. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 26 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho Figura 1A.3 – Linha de maior declive que passam pela seção de saída da bacia. Figura 1A.4 – Zoom mostrando a linha de maior declive
  • 30. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 27 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho Figura 1A.5- Traçando a linha divisória Voltar
  • 31. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 28 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho 2A Comprimento axial É o comprimento do rio desconsiderando-se os meandros, isto é, o comprimento que o rio assume durante uma enchente ( Figura 2A.1) Figura 2A.1 – Comprimento axial de um rio Voltar 3A Comprimento em planta de um rio É a extensão do rio projetado na planta topográfica, ou seja, pode ser medido diretamente na planta com um barbante, por exemplo. Voltar para “S1” Voltar para “S2” Voltar para “S3” Voltar para “extensão horizontal do rio”
  • 32. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 29 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho 4A Comprimento total dos cursos d’água Soma total do comprimento dos rios da bacia ( Figura 4A.1). A L Total L1 L 2 . . . L n Figura 4A.1 – Composição da malha fluvial para calcular seu comprimento total Voltar 5A Hidrograma Hidrograma é a denominação dada ao gráfico que relaciona a vazão no tempo. A distribuição da vazão no tempo é resultado da interação de todos os componentes do ciclo hidrológico entre a precipitação e a vazão na bacia hidrográfica. Voltar
  • 33. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 30 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho 6A Fórmula S2 Tg θ h b A 22222 222 2 b A b A b hb b hb b h tgS • =•=• • = • === θ Voltar 7A Extensão horizontal em cada um dos n trechos Esta extensão é definida como sendo a extensão que o rio percorre para variar um intervalo de cota das curvas de nível( Figuras 7A.1 a 7A.4). Figura 7A.1- Pontos onde o rio cruza as curvas de nível
  • 34. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 31 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho Figura 7A.2 – Detalhe do trecho de jusante Figura 7A.3 – Detalhe da nascente
  • 35. Bacias Hidrográficas- PHD 307Hidrologia Aplicada Prof. Dr. Rubem La Laina Porto 32 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho 860 960 1060 1160 1260 Cota(m) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Distância ( km) Perfil Longitudinal Ribeirão Santo Antônio - ( Caconde ) S1= 55 m/km S2= 47 m/km Figura 7A.4 – As cotas da planta do exemplo são dadas com intervalos de 20m. O eixo das abscissas representa o comprimento em planta do rio