1. Os Evangelhos
Os Evangelhos são conjuntos de Livros Inspirados, portanto palavra viva de Deus, que
trazem os Ensinamentos, Milagres e a narração da Morte e Gloriosa Ressurreição de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Foram escritos por discípulos ou seguidores de Jesus, todos nos anos
seguintes à Ascensão de Cristo aos Céus. Os Evangelistas são: Mateus, Marcos, Lucas,
João. Destes, Mateus e João foram discípulos diretos de Jesus, enquanto Marcos e Lucas,
seguidores destes.
O principal propósito dos Evangelistas é demonstrar que Jesus de Nazaré é o Messias
prometido e enviado por Deus a todo o povo de Israel e a todos os homens. Visam,
também, levar a Boa-Nova da Salvação a todos, mediante o Batismo, o arrependimento dos
pecados e a conversão dos costumes. Cada Evangelista tinha um propósito específico ao
escrever seu Evangelho, cuja tradução significa “Boa-Nova”. Isso porque eram dirigidas às
comunidades cristãs fundadas em diferentes lugares, conforme a conversão e a propagação
do Cristianismo. Todos, porém, foram escritos em grego, língua universal na época.
Mateus: O Evangelho de Mateus é o primeiro que aparece na Bíblia.
Mateus foi um dos doze Apóstolos de Cristo, exatamente aquele a quem Jesus chamou para
segui-lo, quando se encontrava em um posto de cobrança de taxas, pois era cobrador de
impostos. Jesus disse: “Vem e segue-me. O homem levantou-se e o seguiu”(Mat 8,9).
Ao que tudo indica, Mateus escreveu seu Evangelho na pópria Palestina, para cristãos
convertidos do judaísmo. Por esse motivo, seu texto é rico em citações do Velho
Testamento, pois se dirigia a judeus conhecedores das Sagradas Letras. Foi escrito por volta
do ano 60 de nossa era. Um de seus principais pontos é o ensino de Jesus sobre as “Bem-
Aventuranças”, bem como o dramático confronto de Jesus com o demônio, no deserto.
O Autor demonstra claramente que Jesus é o “Rei de Israel”, vindo da Casa de David, e o
Redentor do Homem. Mateus descreve de modo bastante intenso o processo de prisão,
condenação, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. Seu relato termina com a declaração
missionária de toda a Igreja: “Ide e fazei com que todas as nações se tornem
discípulos.Batizai-as em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinai-as a observar
tudo que vos ordenei. Eis que estarei convosco até a consumação dos séculos”. ( Mat 28,16
e ss).
Marcos: O segundo Evangelho relatado no Novo Testamento é o de Marcos.
Marcos não foi discípulo direto de Jesus, mas seguidor dos Apóstolos.
Ao que parece, foi o primeiro a escrever a vida de Jesus, antes mesmo de Mateus, e isso por
volta do ano 50-55 de nossa era. Seu nome aparece nos “Atos dos Apóstolos” ( At: 12.12 ),
2. como discípulo de Pedro e companheiro de Paulo em suas viagens missionárias. É o menor
de todos e o menos sistemático na apresentação dos temas.
Marcos nos apresenta Jesus como “O Grande Servo de Israel”, que veio ao mundo para
“Sacrificar-se pelos homens”. Como Mateus, Marcos relata a Ressurreição de Cristo,
primeiro às mulheres, como a Maria Madalena, e em seguida a seus Apóstolos. Marcos
termina seu Evangelho de forma também missionária. “Ide por todo o mundo, proclamai o
Evangelho a toda criatura. Aquele que crer será salvo; o que não crer será condenado”. (
Mc 16,15 ).
Lucas: O terceiro evangelista é Lucas, um médico de Antioquia, que conhece o grego
desde a infância. O pouco que sabemos de sua vida está narrado por Eusébio ( História
Eclesiástica, vol. III, 4-6 ), que a ele faz referência, bem como pelo próprio S. Paulo, de
quem é amigo e companheiro de apostolado. (Col 4,14).
O evangelho de Lucas é talvez o mais gracioso em estilo e em citações de fatos do
nascimento e da infância de Jesus. O próprio evangelista nos diz que tentou se informar de
todas as palavras, ações e milagres de Jesus. Ao que tudo indica, colheu informações
inclusive de Maria, relatadas principalmente no início de seu Evangelho.
É Lucas quem nos relata a anunciação do anjo Gabriel a Nossa Senhora, o nascimento de
Jesus numa gruta de Belém, a visitação de Maria a sua parente Isabel (mãe de João Batista),
o episódio do menino Jesus aos 12 anos discutindo com os doutores da Lei no Templo de
Jerusalém, etc.
Segundo os estudiosos, o Evangelho de Lucas foi escrito por volta do ano 60 de nossa era,
antes da morte de S. Pedro e S. Paulo, que se deu no ano 67 em Roma.
Como veremos adiante, foi Lucas quem também narrou o Livro conhecido como “Atos dos
Apóstolos”, onde se narram os fatos, viagens e acontecimentos da vida dos primeiros
cristãos, principalmente de Pedro e Paulo.
João: O último evangelista canônico do Novo Testamento é o Apóstolo João, o mais jovem
seguidor de Cristo, autor também do último Livro da Bíblia, o “Apocalipse”, ou Livro das
Revelações.
O Evangelho de João é de cunho eminentemente “Espiritual”, pois enfatiza a todo o
momento o caráter Divino de Jesus. Não que os demais Evangelistas não o façam, mas em
João essa característica é fundamental. Por esse motivo, João inicia sua narração com seu
famoso “Prólogo”, onde diz que “O Verbo era Deus”. E ainda: “E o Verbo se fez carne e
habitou entre nos”.
Pela leitura atenta de seu Evangelho, percebe-se que João já supunha conhecida, por seus
leitores, a vida de Jesus, narrada pelos demais evangelistas, e que desejava completar de
modo mais “teológico” o que os seus colegas escreveram. De fato, segundo os estudos de
especialistas bíblicos, o cristianismo já se encontrava bastante difundido por todo o império
3. romano, e não havia a necessidade de se estender muito sobre o cotidiano de Jesus, e sim
sobre sua divindade e harmonia com Deus-Pai. Ainda assim, é emocionante o relato dos
milagres de Jesus, como a ressurreição de Lázaro, a cura do cego de nascença e outros, com
todo seu colorido diálogo e riqueza de imagens que os caracterizam.
A parte final de seu Evangelho, a partir do capítulo 14, é um estudo sublime de alta
teologia, onde Nosso Senhor Jesus Cristo explica sua origem Divina, sua relação com
Deus-Pai e a vinda do Espírito Santo, “que vos lembrará de tudo que Eu vos disse, e vos
ensinará outras tantas coisas”. É nesse momento que Jesus ora: “Para que todos sejam um,
como nós somos um, Ó Pai”.
Atos dos Apóstolos
Além dos Evangelhos citados acima, um conjunto de outros Livros foram escritos como
continuação dos anteriores, tendo sempre como objetivo explicar e aprofundar o ensino
doutrinário e catequético para os cristãos da antigüidade. Assim, Lucas, de cujo Evangelho
já falamos, escreveu também os “Atos dos Apóstolos”, onde relata o conjunto de fatos,
viagens, milagres, apostolados e martírios, vividos e sofridos pelos primeiros santos de
nossa Fé. A princípio, este Livro deveria formar um só corpo com o próprio Evangelho de
Lucas. Mas foi separado deste por volta do ano 150, quando os fiéis quiseram ter os
Evangelhos postos num só códice. Nos “Atos”, Lucas, que os escreveu por volta do ano 60-
65, começa seu relato nos mostrando a Gloriosa Ascensão de Cristo aos céus e a vinda do
Espírito Santo na festa de “Pentecostes”. Nasce aí, como veremos a seguir, a Igreja de
Cristo.
Cinqüenta dias após a Ressurreição de Cristo, estando reunidos os Apóstolos num lugar
fechado, veio sobre eles o Espírito Santo, como já havia sido previsto por Cristo (João, 16,5
e ss). É Lucas quem nos ensina: “Tendo-se completado o dia de Pentecostes, estavam todos
reunidos no mesmo lugar. De repente, veio um ruído como o agitar-se de um vendaval
impetuoso, que encheu a casa toda onde se encontravam. Apareceu-lhes então, línguas de
fogo, que se repartiam e pousavam sobre cada um deles. E todos ficaram repletos do
Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia se
exprimissem.” É nessa situação que os Apóstolos compreendem tudo o que Jesus lhes havia
ensinado e passam a fazer milagres e ensinamentos, como o próprio Jesus o tinha previsto.
(João, 16,14 e ss).
Lucas nos relata então todos os acontecimentos posteriores, como os milagres de S. Pedro e
de outros apóstolos, a conversão de S. Paulo e suas viagens apostólicas . Relata-nos ainda,
as prisões de Pedro e Paulo, a morte de S. Estevão, que foi o primeiro mártir da nova Igreja
e demais acontecimentos da vida dos primeiros cristãos.