O documento discute lesões traumáticas em ossos e articulações, incluindo fraturas, entorses, luxações. Fraturas são quebras nos ossos, enquanto entorses são lesões nos ligamentos articulares sem deslocamento ósseo. Luxações envolvem o deslocamento de ossos fora de sua posição normal na articulação.
2. Uma fratura óssea é a perda da continuidade de um osso, que o
divide em dois ou mais fragmentos. As fraturas ósseas são
acontecimentos muito frequentes. Embora haja várias causas
acidentais de fraturas, cerca de 40% das fraturas acontecem no
ambiente doméstico. Algumas fraturas são tão simples que nem
chegam a ser percebidas ou resolvem-se espontaneamente, mas
outras podem ser tão graves que acarretam risco de morte.
Fraturas podem ocorrer aleatoriamente a todas as pessoas, mas
há uma maior incidência em certos grupos específicos, tal como
em mulheres após a menopausa, devido
à osteoporose (diminuição da densidade do osso pela menor
produção de hormônios estrogênicos) e em idosos, devido ao
maior número de quedas e à fragilidade óssea e muscular.
3. Os traumatismos que incidem sobre os ossos
com forças superiores a sua capacidade de
deformação são as causas mais frequentes de
fraturas. Isso acontece, sobretudo, em quedas,
pancadas e acidentes, mas há também fraturas
que ocorrem devido a impactos mínimos ou até
espontaneamente, chamadas fraturas
patológicas, as quais se devem a um anormal
enfraquecimento dos ossos, devido
à osteoporose ou a tumores ósseos.
4. Há uma grande variedade de fraturas. Elas
podem ser múltiplas ou únicas, por
encurtamento muscular violento ou por torção,
completas ou incompletas, oblíquas, epifisárias,
fechadas ou abertas, etc. Podem ainda ser
classificadas segundo outros critérios:
5. A imobilização de um membro fraturado motiva uma perda
mineral do osso e, se for nos membros inferiores, há uma
tendência à formação de trombos.
Uma das sequelas mais frequentes das fraturas é a
consolidação viciosa, em que o osso cicatriza numa posição
anatômica incorreta.
Fraturas expostas podem levar a uma infecção óssea
especialmente grave devido à baixa irrigação sanguínea e
escassez de células vivas nos ossos.
Na pseudoartrose os topos da fratura não se juntam após
um determinado período de tempo. O tratamento da
pseudoartrose exige correção cirúrgica.
Algum tempo depois de uma fratura pode
ocorrer necrose (morte de parte do osso), se ocorrer
interrupção dos vasos sanguíneos que levam sangue a essa
parte do osso.
6. Uma entorse (ou torção) é uma lesão traumática de
uma articulação, com alongamento, arranca mento
ou rotura dos ligamentos e demais estruturas que
sustentam a articulação, sem deslocamento das
superfícies ósseas articulares. Embora o grande
esforço a que a articulação seja submetida possa
provocar apenas a distensão dos ligamentos,
a entorse costuma provocar o rompimento parcial
ou completo deles, por vezes associado a lesões na
cápsula fibrosa que reveste a articulação.
Apesar de as entorses poderem acometer
qualquer articulação, a sua localização mais
frequente corresponde ao tornozelo.
7. As entorses se originam de movimentos bruscos,
traumatismos, má colocação do pé ou de um
simples tropeçar que force a articulação a um
movimento para o qual ela não está preparada.
Pode igualmente acontecer de uma intensa tração,
a que o ligamento seja submetido, provocar o seu
estiramento ou ruptura e que isso chegue a
arrancar um pequeno fragmento ósseo.
Uma causa comum da entorse do tornozelo é o fato
de “torcer o pé” em um buraco do chão ou em um
“passo em falso” qualquer. As entorses de joelhos
e dedos geralmente são relacionadas a acidentes
desportivos.
8. Os sinais e sintomas das entorses são inchaço e
dor intensa que surgem imediatamente após o
evento causador e que aumentam de
intensidade ao mínimo contato ou movimento,
ocasionando grande limitação funcional
da articulação comprometida.
A articulação afetada fica progressivamente
inflamada e inchada, enquanto a pele fica
vermelha e quente. Além disso, é possível que
na região surjam hematomas provocados
pelas lesões vasculares e pelas hemorragias que
ocorrem ao nível dos ligamentos.
9. Desde que tratadas adequadamente,
as entorses costumam curar-se em duas
ou três semanas, sem deixar sequelas. As
graves podem precisar de até oito
semanas. Para que a pessoa possa voltar
a praticar esportes, por exemplo, ou
outras atividades “pesadas”, não devem
existir mais nenhuma dor, nem
inflamação.
10. Uma luxação é um deslocamento repentino e
duradouro, parcial ou completo de um ou mais
ossos de uma das articulações do corpo. Em
geral, uma luxação acontece quando uma força
externa atua direta ou indiretamente sobre
uma articulação, empurrando o osso para fora
da sua posição normal. É muito comum que
isso aconteça nos traumas de certa intensidade.
Embora seja possível ocorrer luxação em
qualquer articulação, os locais mais comuns são
ombros, dedos, joelhos, punhos e cotovelos.
11. Uma luxação pode ser completa ou incompleta.
Chama-se luxação completa aquela em que os
segmentos ósseos que constituem
a articulação ficam completamente desunidos
e luxação incompleta (ou subluxação) aquela em
que a união dos segmentos ósseos é reduzida, mas
não é completa.
Na maioria das vezes a extremidade do osso
deslocado fica no interior da cápsula
articular (luxação intracapsular), mas em alguns
casos ela fica no exterior da mesma
(luxação extracapsular).
12. Na maioria das vezes, a luxação é provocada por
um traumatismo violento incidindo sobre a articulação.
Otraumatismo pode também incidir indiretamente
como acontece, por exemplo, em caso de luxações
daarticulação do ombro provocada por uma queda em
que o indivíduo se apoia sobre o cotovelo ou a mão.
A luxação pode resultar de um movimento
ou torção violento, súbito e intenso como quando uma
criança caminha de mão dada com um adulto e
tropeça. Em alguns casos, a luxação é originada pela
deterioração dos elementos de sustentação
da articulação (ligamentos, cápsula
articular, tendões e músculos), consequente de uma
doença ou de uma malformação congênita.
13. A dor aparece imediatamente após o acidente, o que dificulta ou
impede qualquer tentativa de movimentar aarticulação afetada.
A articulação se apresenta deformada e à palpação nota-se o osso
fora do seu lugar habitual. O deslocamento do segmento ósseo
pode impossibilitar a normal realização dos movimentos
daarticulação lesionada. Caso a luxação afete uma articulação de
um membro, por vezes a extremidade dele fica um pouco mais
curta ou mais longa do que o normal. Caso não se tenha realizado
o tratamento adequado, aarticulação pode ser fixada numa
posição anômala. Neste caso, a articulação permanecerá
deformada e com uma limitação funcional mais ou menos
significativa.
A zona afetada deve ser imobilizada após a realização da redução
da luxação e os elementos de sustentação da articulação devem ser
adequadamente reparados, em caso contrário propiciará certa
instabilidade àarticulação.
14. Antes de chegar a um serviço médico, o paciente ou aqueles que o
acompanham devem ter alguns cuidados:
Providencie socorro médico o quanto antes, já que quando
a articulação é deslocada, o suprimento sanguíneo normal pode
estar comprometido e, além disso, a reação inflamatória que
sobrevém logo em seguida pode fazer com que a redução não
possa mais ser realizada através de manobras manuais, sendo
necessária a realização de uma intervenção cirúrgica.
Não tente recolocar o osso no lugar, pois isso pode piorar o
quadro, rompendo vasos, comprimindo nervos, etc.
Imobilize a articulação na posição em que ela tenha ficado, com
uma tala ou tipoia, até chegar ao socorro médico.
O paciente não deve comer até ser atendido pelo médico, já que
poderá necessitar de anestesia geral para reduzir a luxação, o que
requer jejum.