SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 30
UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
                Engenharia Zootécnica
                   Produção Suína




    Programas de Desparasitação e
        Vacinação em Suínos




                            Docente: Prof. Divanildo Outor Monteiro




                                               Job Ferreira nº. 16783




                                        Vila Real, Novembro de 2005
ÍNDICE

INTRODUÇÃO...........................................................................................          3

1. DOENÇAS GENERALIZADAS............................................................                           4

1.1. Erisipelas (Mal Rubro) ........................................................................           4

1.2. Leptospirose.........................................................................................     5

1.3. Peste Suína Clássica (Cólera Suína) ....................................................                  7

1.4. Peste Suína Africana (PSA) ................................................................              11

1.5. Doença de Aujeszky.............................................................................          12

2. DOENÇAS DO TRACTO RESPIRATÓRIO.........................................                                    15

2.1. Pneumonia Enzoótica...........................................................................           15

2.2. Síndrome Reprodutivo e Respiratório Suíno (PRRS)..........................                               16

3. DOENÇAS DO TRACTO DIGESTIVO.............................................                                   20

3.1. Colibacilose..........................................................................................   20

4. PARASITAS INTERNOS......................................................................                   21

5. PARASITAS EXTERNOS.....................................................................                    27

CONCLUSÃO.............................................................................................        29

BIBLIOGRAFIA.........................................................................................         30
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)




INTRODUÇÃO

   Não é possível a existência de uma produção animal racional e moderna sem
adopção de medidas de higiene e sanidade; o não respeito de regras neste campo pode
acarretar muitos dissabores, em virtude do aumento de probabilidade de insucesso nas
produções, de doenças nos animais e aumento de transmissão de doenças ao Homem.
   A matéria-prima é o material genético de que o animal é portador, bem como
alimentação que lhe é fornecida. O processo de produção encontra-se intimamente
ligado ao maneio, e, consequentemente, a medidas de higiene e sanidade que têm por
fim tirar o maior rendimento possível na expressão e transformação dessa matéria-
prima.
   De tudo o que ficou dito se infere a responsabilidade do Médico Veterinário,
Engenheiro Zootécnico e outros Técnicos de Produção Animal, que detêm em suas
mãos os conhecimentos necessários à criação de animais.
   Animais e plantas encontram-se circundados por microrganismos. Os seres vivos
microscópicos compreendem as bactérias, os vírus, os fungos e os protozoários.
Qualquer destes seres vivos, à excepção dos vírus é dotado da possibilidade de mutação,
capacidade de absorver substâncias nutritivas, metaboliza-las e excretar produtos do seu
metabolismo, bem como de se reproduzir.
   O microbismo tem importância muito especial em produção animal. Ele condiciona
os níveis de produção quer directa ou indirectamente. Influencia indirectamente a
classificação da carcaça, e directamente a qualidade higiénica dos produtos de origem
animal.
   Entende-se por profilaxia mediadas destinadas a opor barreiras à produção ou
aparecimento de determinados processos infecciosos, actuando ao nível do hospedeiro,
instalações, microrganismos e meio ambiente.
   Nesta medida é utilizada a vacinação e a desparasitação como medidas profilácticas.




                                                                                      3
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)




1. Doenças Generalizadas

1.1. Erisipelas (Mal Rubro)


   A Erisipelotrix rhusiopathiae é uma bactéria de distribuição mundial, capaz de viver
na água, solos, matérias orgânicas em putrefacção, no corpo dos peixes e em animais
mortos. A bactéria apresenta um tempo variável de sobrevivência nos solos, mas
geralmente não mais de 35 dias; os porcos e outros hóspedes portadores podem causar
contaminação. Causa Erisipelas suínas nas suas diversas formas. A doença aguda, mal
rubro geralmente ocorre com um bacilo delgado, gram positivo de aproximadamente 1 –
2 µm de comprimento. É resistente a certos anti-sépticos de uso comum, como o
formaldeído, o fenol, a água oxigenada e o álcool, mas é destruído facilmente por soda
caustica e hipocloritos. É muito sensível à Penicilina e pouco à Tetraciclina. As
numerosas estirpes apresentam uma variação considerável na sua patogenicidade.
   O diagnóstico de Erisipelas aguda pode ser difícil nos porcos que somente
apresentam temperatura elevada, falta de apetite e apatia.


PROFILAXIA E TRATAMENTO


   Usam-se bactérias mortas em alguns países e cultivos de estirpes imunizantes vivas
de pouca virulência para os porcos. A bactéria com formalina, adsorvida em hidróxido
de alumínio confere uma imunidade que na maioria dos casos protegerá o porco em
crescimento contra as formas agudas da doença. Usa-se também uma vacina oral de
pouca virulência. Os animais reprodutores jovens, incluindo os varrascos, devem ser
vacinados duas vezes nos intervalos recomendados e vacinados posteriormente a cada 6
meses depois do nascimento de cada ninhada. Não se aconselha a vacinação de fêmeas
prenhas.
   A vacinação aumenta o nível de imunidade, mas não proporciona protecção
completa. Todavia podem ocorrer casos agudos após vacinação e talvez não se dê
protecção contra as formas artríticas ou cardíacas da doença. Ocorre alguma variação
antigénica entre as estirpes bacterianas, de modo que uma vacina pode não ser
igualmente eficaz contra todas as estirpes selvagens.



                                                                                     4
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)

   Se ocorrem casos de Erisipelas aguda numa vara não vacinada, pode administrar-se
anti-soro, se estiver disponível, aos porcos em contacto ou pode administrar-se
Penicilina ou Tetraciclinas. A Penicilina é o fármaco de eleição nos porcos doentes
agudos e pode usar-se ao mesmo tempo que o anti-soro.
   A eliminação de portadores na ênfase da sanidade e um programa de vacinação
regular, devem ser eficazes em varas que apresentem problemas recorrentes e graves.


1.2. Leptospirose


   Doença contagiosa dos animais e do homem causada por infecção com vários
microrganismos leptospirais que se agrupam em serovariantes imunologicamente
distintas, a maioria das quais consideram-se como subgrupos de Leptospira interrogans.
As infecções podem ser assintomáticas ou podem resultar de uma variedade de sintomas
incluindo febre, icterícia, hemoglubinuria, infertilidade, aborto e morte. Depois da
infecção aguda, as leptospiras normalmente localizam-se nos rins ou órgãos
reprodutivos e são excretadas na urina, algumas vezes em número elevado durante
meses ou anos. A Leptospirose é uma doença transmitida principalmente pela água, já
que os microrganismos sobrevivem em águas superficiais durante períodos
prolongados. A infecção normalmente é transmitida por contacto da pele ou membranas
mucosas com a urina e, com menor incidência por ingestão de alimentos ou água
contaminados por urina. As infecções estabelecem-se facilmente pelas rotas da mucosa
conjuntival ou vaginal e através de abrasões cutâneas. Se os animais excretores são
introduzidos numa vara livre da doença, as leptospiras disseminam-se rapidamente e
podem ocorrer abortos ou mortes, que são comuns na metade do terço final da gestação.
Os quadros clínicos podem ser graves, leves ou inaparentes. A recuperação do doente
com quadros agudos, geralmente está associada com a produção de anticorpos
circulantes e diminuição das leptospiras do sangue.
   Os abortos por Leptospirose podem ser seguidos por retenção das membranas fetais
conduzindo à diminuição da fertilidade. Os casos infecciosos são auto limitantes em
varas pequenas mas o controlo da infecção endémica em varas grandes geralmente
exige a administração de imunidade ou quimioterapia, levantar cercas para evitar que os
animais entrem em contacto com as águas superficiais e evitar o contacto com roedores
e outros portadores selvagens.



                                                                                      5
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)

    A Leptospirose em suínos tem como serovariante mais comum a Pomona, mas a
mais difundida é a Bratislava. Os animais podem também ser infectados pelas
serovariantes Grippotyphosa, Canicola e a Icterohemorrhagiae. Aparentemente os
porcos podem excretar grande número de microrganismos na urina até um ano depois
de recuperarem de uma infecção aguda. Os porcos frequentemente transmitem a doença
ao Homem e na Europa a afecção é conhecida como “ a doença do porqueiro”. A
Leptospirose aguda que ocorre em porcos jovens é cauda por Pomona e Grippotyphosa,
caracteriza-se por febre, icterícia e morte. A infecção por Bratislava está associada a
redução da eficiência reprodutiva.
    A Leptospirose suína aguda não está claramente definida. Em alguns porcos pode
não ser aparente; outros mostram somente reacções febris e anorexia que dura 3-4 dias.
Os casos clínicos mais graves incluem pouco aumento de peso, anorexia, transtornos
intestinais e, ás vezes, meningites com rigidez, espasmos e movimentos em círculos. As
leptospiras instalam-se frequentemente em fetos abortados. Os abortos e nascimentos
débeis representam os casos de Leptospirose mais fáceis de reconhecer numa vara. O
número de abortos pode ser reduzido por tratamento e vacinação de todas as
reprodutoras da vara.




Fig.1- Hemorragias cutâneas de um aborto provocado por Leptospirose.




                                                                                     6
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)

PROFILAXIA E TRATAMENTO


   Interrupção da transmissão por porcos infectados é o factor crítico de controlo. O
controlo da Leptospirose depende do uso combinado de três estratégias: terapia
antibiótica, vacinação e maneio. Infelizmente nem todas estas opções são viáveis em
todos os países; por exemplo, vacinas não estão disponíveis em muitos países Europeus,
e problemas relacionados com os resíduos de antibióticos tornam o uso da terapia
antibiótica difícil noutras situações. Os programas de controlo devem ser modificados,
no sentido de encontrarem as condições locais.
   A vacinação induz a imunidade de curta duração. A imunidade para a infecção
nunca é de 100%, na melhor das hipóteses dura no máximo 3 meses. A vacinação reduz
a incidência da infecção na Terra, porém não a elimina. O controlo da infecção por
Bratislava e problemas residuais inerentes é feito normalmente por Tetraciclina.
   O despiste deverá ser feito com estreptomicina a 25mg/kg de peso corporal ou
Tetraciclina (oral). O uso de inseminação artificial é uma ferramenta importante no
controlo da infecção por Bratislava.




1.3. Peste Suína Clássica (Cólera suína)


   Doença viral altamente contagiosa do porco. A doença causada por estirpes
virulentas, inicia-se subitamente afectando animais de todas as idades, com uma
morbilidade e mortalidade elevadas. Os adultos são o grupo menos afectado.
   As estirpes menos virulentas causam doença crónica ou leve, fracasso reprodutivo e
mortes neonatais. Também pode existir infecção oculta.
   A Cólera suína é endémica em muitos países da América do Sul, Africa e Ásia. Não
existe no Canadá, Austrália e Nova Zelândia e julga-se que terá sido erradicada em
muitos países Europeus.
   A causa é um pestivirus da família Togaviridae. Tem alguns antigénios comuns com
o Vírus da Diarreia Viral Bovina (VDVB), mas as provas de neutralização distinguem-
nos como espécies distintas. As estirpes de vírus da Cólera Suína são específicas para o
hóspede em condições naturais; em geral formam um grupo antigénico mais compacto
que as estirpes de VDVB, no entanto variantes serológicas de pouca virulência e pouca



                                                                                      7
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)

patogenicidade podem causar dificuldades diagnósticas. O vírus replica-se em cultivos
celulares de origem suína e a maioria das estirpes não produzem efeito citopático viral.
No meio ambiente das reprodutoras, os excrementos e camas podem permanecer
contaminados desde poucos dias a várias semanas, dependendo maioritariamente das
temperaturas ambientais. O vírus sobrevive na carne de porco congelada, durante pelo
menos 4 anos e nas carnes refrigeradas e carcaças conservadas pelo menos 3-6 meses.
   O modo normal de transmissão é por contacto directo. O vírus encontra-se em todas
as excreções e secreções corporais dos animais infectados em quantidades relacionadas
com a virulência da estirpe. Os porcos persistentemente virémicos depois da infecção
transplacentária ou pós-natal podem infectar animais sãos. A alimentação com resíduos
não processados, ou processados de modo inadequado, com carnes infectadas, também
podem ser um meio importante de difusão. Os tecidos de porcos infectados são
potencialmente infecciosos mesmo antes que a doença se possa observar ou durante a
recuperação, isto é, depois de se começarem a desenvolver anticorpos neutralizantes
séricos. Outras rotas de difusão menos importantes incluem numerosos vectores
mecânicos, embora a difusão pelo ar pareça improvável.
   A rota mais comum de entrada viral é a ingestão e o local principal de multiplicação
são as amígdalas. A difusão linfática e a virémica ocorrem 24h depois da infecção. A
multiplicação secundária do vírus em leucócitos circulantes, células endoteliais de vasos
sanguíneos e linfáticos, tecido linfóide visceral, baço e medula óssea contribuem muito
para a difusão virémica aos 5-6 dias. A difusão de estruturas epiteliais depois dos 3-4
dias resulta na evacuação do vírus pelas excreções e secreções corporais. Os porcos que
sobrevivem à infecção durante 6 semanas apresentam esgotamento generalizado de
tecido linfóide e correm o risco de contrair infecções concorrentes.
   A história dos quadros clínicos e das lesões macroscópicas apoiam o diagnóstico
provisional nos casos de doença aguda. As petéquias difundidas, que afectam a laringe,
bexiga e rim, enfarte esplénico, as “úlceras em botão”, o eritema cutâneo e pneumonia
são muito indicadores. A leucopenia e trombocitopenia achados frequentes porem deve
fazer contagens leucocitárias pelo menos em seis animais.
   O diagnóstico diferencial deve considerar a Peste Suína Africana, Salmonelose
septicémica, Pasteurelose, Estreptococcidiose, Leptospirose, Mal Rubro, entre outras.
Os sinais nervosos da Peste Suína Africana não podem diferenciar-se dos causados por
outras encefalites ou por outros transtornos nervosos não infecciosos. A confirmação do



                                                                                       8
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)

diagnóstico em qualquer das suas formas clínicas exige métodos de diagnóstico de
laboratório.


   SINAIS CLÍNICOS

     São reconhecidas as formas aguda e crónica da PSC. A manifestação clínica
depende da idade do animal e da virulência da cepa viral envolvida. A taxa de
mortalidade pode atingir 90% em animais jovens, enquanto que em suínos mais velhos
a doença pode ter manifestação discreta ou mesmo ser subclínica.




   Fig.2-Os sinais clínicos
        iniciais incluem
    depressão e febre alta
         (41oC/106oF),
        associados com
     leucopénia severa (a
       contagem total de
     leucócitos pode estar
    abaixo de 4.000/mm3).
    Lesões equimóticas na
   pele de leitões afectados
            por PSC.




                                                               Fig.3-Hemorragia da
                                                                 mucosa ocular. São
                                                                observados eritemas,
                                                               hemorragia e cianose
                                                                 em animais de pele
                                                                       branca,
                                                                particularmente nas
                                                              extremidades, abdómen,
                                                                axilas e face interna
                                                                    dos membros.
                                                              Hemorragias petequiais
                                                              também são observadas
                                                                em mucosas, embora
                                                                este achado não seja
                                                                     consistente.




                                                                                        9
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)

       Sinais nervosos são observados frequentemente, incluindo letargia, convulsões
ocasionais, ranger de dentes e dificuldade de locomoção.




     Fig.4-Animais susceptíveis
       geralmente morrem em
       menos de 10 dias após o
   início dos sinais clínicos. Os
   animais que sobrevivem por
    períodos mais prolongados
   podem desenvolver sinais de
    envolvimento respiratório e
      intestinal, caracterizados
           inicialmente por
       constipação seguida de
     diarreia. Na manifestação
          crónica, após uma
       manifestação inicial de
        febre, os animais têm
       recuperação transitória
    seguida de recorrência com
   febre, anorexia e depressão.




                                                               Fig.5-A exposição natural
                                                              ao vírus durante a gestação
                                                                 pode resultar em várias
                                                                 anormalidades fetais e
                                                                  neonatais que incluem
                                                                  aborto, mumificação,
                                                                     anasarca, ascite,
                                                                 natimortos, hipoplasia
                                                                        cerebelar,
                                                              hipomielinogénese, tremores
                                                                congénitos e mortalidade
                                                                 neonatal. Infecções em
                                                              estágios iniciais da gestação
                                                                   (antes do 20o dia de
                                                                gestação) podem resultar
                                                              em mortalidade embrionária
                                                                       e absorção.




                                                                                        10
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)

PROFILAXIA E TRATAMENTO


   O soro hiper-imune é o único tratamento disponível e pode ser eficaz nas primeiras
etapas da doença ou para proteger os animais em contacto. O controlo reside
essencialmente na erradicação ou vacinação. A erradicação por abate de todos os porcos
em contacto e a disposição segura das fezes tem tido êxito. As instalações infectadas
devem ser desinfectadas e devem ficar vazias durante algum tempo. Os movimentos dos
porcos nas áreas infectadas são estritamente controlados. A alimentação com restos de
comidas está regulada em países com uma politica de erradicação. Os países onde a
doença é endémica empregam maioritariamente vacinas com vírus vivos atenuados.
Embora se possa usar a vacinação para reduzir a incidência da doença endémica, esta
deve acabar quando se faz a erradicação por abate, e não está permitida em áreas
“oficialmente” livres da doença.




1.4. Peste Suína Africana (PSA)


   Doença viral muito contagiosa dos porcos, com sinais e lesões similares aos de
Peste suína clássica. A PSA estava confinada a Africa até 1957, sendo uma infecção
altamente virulenta dos porcos domésticos por contacto com porcos selvagens. O javali
frequentemente é um portador não aparentemente infectado pelo vírus. As primeiras
extensões da PSA ocorreram em Portugal em 1957 e em Espanha em 1960.
   A PSA é uma doença produzida por um vírus ADN recentemente classificado na
família Asfarviridae, que afecta o porco doméstico.
   Os vírus podem instalar-se a partir de tecidos de animais portadores até 3 anos,
depois de ter ocorrido a infecção. É excepcionalmente resistente, mantendo a sua
capacidade infecciosa durante 18 meses ou mais, à temperatura ambiente. A falta de
uma vacina digna de confiança é um factor crítico nos esforços de controlo. Um aspecto
fora do comum da resposta imunitária ao vírus da PSA, é a ausência de anticorpo
neutralizante facilmente demonstrada. Os anticorpos produzem-se e a sua transferência
passiva oferece uma certa protecção que se observa pelo início demorado, a redução das
quantidades de vírus circulantes e a modificação da severidade dos casos clínicos.




                                                                                     11
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)

    As manifestações clínicas das doenças são muito variáveis podendo apresentar-se
desde formas agudas a formas subclínicas, dependendo da virulência do vírus causador
e da resistência do animal infectado. As lesões das formas sobre agudas a agudas e sub-
agudas resultam em alterações de carácter congestivo-hemorrágico generalizado,
morrendo os animais em estado de choque hipovolêmico. Assim, os animais mortos em
casos agudos da doença apresentam edema pulmonar severo, hemorragias nos gânglios
linfáticos, especialmente nos gastrohepáticos e renais, hemorragias em varias serosas e
órgãos.
    Os suínos parecem ser os únicos animais naturalmente sensíveis à PSA, que pode
transmitir-se por contacto directo ou indirecto. Qualquer doença similar a esta deve ser
comunicada imediatamente às autoridades sanitárias. As lesões visíveis de Peste Suína
Clássica e de PSA são demasiado similares para que seja permitida um diagnóstico
diferencial seguro, existem pequenas diferenças fulcrais para a distinção.




PROFILAXIA E TRATAMENTO


    A difusão da PSA até à Europa, Caribe e Brasil e ausência de vacina, intensificam o
perigo internacional. É necessário que hajam esforços internacionais cooperativos para
proibir o movimento de animais, produtos ou vectores infectados. Os veterinários
devem estar atentos para reconhecer a PSA e devem utilizar os serviços sanitários
estatais de diagnóstico. Um diagnóstico positivo de PSA deve ser seguido de quarentena
estrita e abate.
    Não existe tratamento.




1.5. Doença de Aujeszky


    Doença viral do SNC que está associada principalmente a porcos. As infecções
naturais ocorrem numa grande variedade de hóspedes, nos quais a infecção é fatal, em
quase todos os mamíferos infectados, excepto os porcos. O Homem, os macacos,
chimpanzés e poiquilotérmicos, entre outros, são resistentes à infecção. O vírus pode




                                                                                     12
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)

sobreviver na superfície corporal das moscas domésticas, que podem servir como fonte
de vírus.
   O vírus persiste em estado latente em neurónios ganglionares numa percentagem
elevada de porcos infectados. Há muitas estirpes virais que variam desde aparentemente
sem virulência para os porcos a altamente virulentas.
   O porco é um hóspede primário e é o único reservatório conhecido. Os porcos
excretam grandes quantidades de vírus na saliva e secreções nasais ou pela urina e
fezes. Os porcos podem estar latentemente infectados durante toda a vida e podem
excretar o vírus durante uma semana. A sobrevivência no meio ambiente depende da
temperatura, humidade, o vírus geralmente não sobrevive mais de duas semanas fora do
animal vivo. A maioria dos animais infectam-se por contacto directo com porcos que
estão a excretar o vírus. A infecção por ingestão de tecidos contaminados ou por
inalação de aerossóis contaminados é menos comum, no entanto parece ocorrer
transmissão com aerossóis a distâncias significativas.
   A patogenia e expressão da doença são similares em todas as espécies sensíveis. O
vírus é captado dentro dos canais oronasais e inicia a infecção nas células epiteliais;
circula no axoplasma dos nervos craniais ao cérebro e simultaneamente infecta as vias
respiratórias superiores, podendo chegar aos alvéolos. A virulência é intermitente, mas
oferece ao vírus acesso a todas as partes do corpo.
   O período de incubação nos porcos é de 30-40 horas. Os primeiros sinais são os
espirros e tosse, seguidos rapidamente de febre, anorexia e cansaço. A continuação pode
resultar em infecção neurológica manifestada por tremores, falta de coordenação,
convulsões e coma. Em alguns porcos jovens ocorrem vómitos e diarreia. A morte pode
ocorrer 3-6 dias depois da infecção. A mortalidade pode chegar a 100% em leitões
lactantes, mas diminui com a idade; poucos ou nenhuns adultos morrem. A incidência
de abortos, mumificações e/ou mortes ao nascimento podem aumentar dependendo da
etapa da gestação e do momento da infecção. Depois de um caso inicial numa vara, a
imunidade passiva protege os leitões até ás 6-12 semanas de vida, podendo observar-se
casos somente em porcos em crescimento.




                                                                                    13
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)




               Fig.6- Animal doente apresentando cansaço e dificuldade de movimentos.




PROFILAXIA E TRATAMENTO


   Não existe tratamento. As vacinas administradas são eficazes para impedir a
evolução da doença mas nenhuma impedirá a infecção por vírus selvagens. Os porcos
vacinados também excretam vírus depois da infecção com estirpes selvagens, só que as
concentrações são menores e durante um período mais curto que os porcos infectados
não vacinados. Estão disponíveis vacinas geneticamente alteradas; as provas serológicas
associadas permitem associar os porcos vacinados dos infectados com a estirpe
selvagem do vírus. Cada uma destas provas deve utilizar-se conjuntamente com uma
vacina específica. Para manter um lote de animais livre do vírus deve-se:


         Introduzir no lote somente animais serologicamente negativos;
         Evitar o contacto com explorações infectadas e impedir o acesso do público ás
          instalações;
         Manter animais selvagens especialmente javalis e animais soltos, fora do
          contacto com a exploração;
         Evitar o uso de equipamentos pertencentes a outras explorações


   Em caso de doença, o isolamento dos animais infectados talvez limite a difusão da
doença.




                                                                                        14
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)


2. Doenças do Tracto Respiratório

2.1. Pneumonia Enzoótica


   Nome utilizado normalmente para a doença infecciosa de animais mantidos em
grupo, confinados ou ao ar livre. Incide principalmente em animais com menos de 6
meses, mas pode ocorrer até 1 ano de idade. As taxas de morbilidade podem chegar a
100%; as taxas de mortalidade são variáveis, mas normalmente superiores a 20%.
   Trata-se de uma infecção viral respiratória primária, seguida de uma sobre infecção
bacteriana. É resultado de mau maneio, por exemplo: falta de transferência de
imunidade passiva, ventilação inadequada, introdução constante de animais no grupo ou
espaço inadequado.
   Podem estar implicadas várias variedades de vírus ou bactérias. O tratamento mais
eficaz deve ser avaliado a partir de antibiogramas.
   Nos casos agudos a temperatura corporal vai desde 39,5ºC a 41,5ºC, acompanhada
de respiração rápida e descarga nasal serosa. A infecção pode resolver-se lentamente, ou
tornar-se mais severa, caracterizada por tosse seca, descarga nasal tenaz, anorexia,
desidratação e debilidade. Há animais que embora superem a doença, tossem
esporadicamente, engordam, mas têm sempre pouco rendimento.




          Fig.7- Pulmão de suíno. Ausência de imonomarcação no epitélio respiratório (400x).




                                                                                               15
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)




              Fig.8- Pulmão de suíno. Superfície epitelial exibindo imunorreação (400x).




PROFILAXIA E TRATAMENTO


   Para obter os melhores resultados os animais infectados devem tratar-se
precocemente. Os animais doentes devem ser identificados, isolados e tratados com
agentes anti-bacterianos de amplo espectro, salvo que administrem medicamentos de
acção prolongada, o tratamento deve repetir-se durante 3 a 4 dias pelo menos. O
tratamento pode fracassar se, se inicia tarde ou se o microorganismo é resistente aos
antibióticos seleccionados. A administração de medicamentos na alimentação ou na
água, geralmente é de valor limitado, já que os animais doentes não comem nem bebem
o suficiente para produzir concentrações inibitórias de antibiótico no sangue.
   O maneio dos animais constitui uma das chaves para o controlo. A prevenção
começa com a vacinação contra bactérias e vírus respiratórios específicos.




2.2. Síndrome Reprodutivo e Respiratório Suíno (PRRS)


   Em 1991 o nome PRRS foi proposto para esta doença que até então suscitava muitas
confusões e diferentes nomes em várias partes do mundo, entre outros: doença suína
misteriosa, doença da orelha azul, síndrome da infertilidade e aborto suíno ou ainda
síndrome do aborto epidémico e respiratório suíno.




                                                                                           16
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)

   A origem do vírus da doença (PRRSV) ainda é desconhecida, mas estudos revelam
que embora hajam algumas diferenças genótipicas e fenotipicas as linhagens americana
e europeia possuem um ancestral comum.
   A PRRS é uma doença que continua afectar muito a industria suína como doença
respiratória endémica e é responsável por uma elevada taxa de abortos. Recentemente
foi descoberta no EUA uma doença reprodutiva epidérmica severa que foi descrita
como uma variante atípica e/ou aguda da PRRS. Tal facto sugere que esta doença em
mudanças evolutivas pode complicar bastante o combate, o controlo e possível
erradicação.
   Informação corrente sugere que o PRRSV introduziu-se recentemente na população
suína doméstica, mas rapidamente se transmitiu entre ela sendo um vírus altamente
infeccioso e ubiquitário.
   Os suínos são susceptíveis devido à sua exposição à doença, nomeadamente: oral,
intranasal, intramuscular, intraperitoneal e vaginal. A sua transmissão necessita da
exposição dos animais a uma dose infecciosa mínima. A infecção resulta              da
transmissão do vírus de um animal infectado através da saliva, urina, secreções
mamárias, sangue e sémen. Portanto exige uma especial atenção na inseminação
artificial com sémen infectado. A transmissão do vírus através da saliva, urina e fezes
resulta de uma contaminação ambiental, porém o PRRSV é um vírus frágil que é
facilmente inactivado no meio ambiente. Este vírus pode permanecer infeccioso durante
um longo período de tempo mediante certas condições de temperatura e humidade.
   Embora o PRRSV seja muito infeccioso não é altamente contagioso e raramente
ocorre a sua eliminação espontânea. O portador da infecção tem um estado prolongado e
estudos revelam que animais infectados só começaram a apresentar sintomas da doença
meses após a transmissão. Alguns animais e principalmente aves podem servir de
potenciais portadores da doença.
   Tipicamente o vírus é perpetuado através de um ciclo de transmissão das mães para
os leitões, tanto no útero como pós parto, ou mesmo através da introdução na
exploração de novos animais infectados. O colostro pode providenciar alguns anticorpos
que ajudam a prevenir a doença, mas esta resistência é de curta duração.
   Os sinais clínicos são influenciados pelo tipo de vírus, pelo estado imunitário dos
animais e factores de maneio. Ninhadas afectadas nascem, mortas ou mumificadas,
fracos ou pequenos ou ainda, aparentemente normais. A mortalidade ao nascimento é
muito elevada.


                                                                                    17
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)

   Na infecção endémica dos animais os sinais principais são na sala de recria e
incluem: redução do apetite, dispneia, apneia, exacerbar de outras doenças endémicas e
aumento da mortalidade. A anorexia e apatia é a primeira fase da PRRS e dura
aproximadamente 2 semanas. Existem outros sinais clínicos e subclinicos que podem
ser vistos em animais doentes de todas as idades: estados febris com temperaturas
rectais de 39-41ºC, alguma hipertensão e agressividade. Alguns animais apresentam
ainda um manchado azulado cutâneo passageiro, em certas extremidades, normalmente
mais visível nas orelhas, focinho, glândula mamária e vulva.
   Este vírus induz uma infecção multisistémica que pode potenciar generalizadas
infecções virais, contudo a maior parte das lesões são normalmente observadas em
apenas alguns tecidos: o respiratório e o linfóide.




           Fig. 9- PRRS, animal infectado.




PROFILAXIA E TRATAMENTO


   A fonte primária da doença continua a ser o animal infectado. Pode dizer-se que
actualmente ainda não existem programas de tratamentos para a doença, mas foram
feitos esforços para reduzir a febre, utilizando drogas esteróides anti-inflamatórias ou
estimulantes de apetite (vitamina B). O uso de antibióticos também foi usado para
reduzir os efeitos das bactérias patogénicas oportunistas, porém os resultados obtidos
foram confusos. Por isso a fonte de controlo primária da doença é a prevenção. Assim
aquando da chegada de animais novos a uma exploração, estes devem ser isolados 45-



                                                                                     18
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)

60 dias antes de serem colocados junto dos outros. O abate de animais infectados em
explorações de sistemas intensivos é também uma alternativa.
   Apesar destas medidas terem tido algum sucesso os riscos de reinvenção a longo
prazo são altos, portanto é importante a prevenção da expansão do vírus em animais
jovens. É importante também a desinfecção agressiva de locais que se suspeitem
susceptíveis de contrair a doença e em casos mais graves devem se deixados 7-14 dias
vazios após desinfecção. Esta técnica permite uma eliminação com sucesso do vírus
(seronegatividade) e os animais voltam ao seu normal produtivo e às normais taxas de
crescimento e mortalidade.
   Uma recente e eficaz vacina comercial, licenciada para o uso em leitões com 3-18
semanas e porcas não gestantes permitiu um controlo e prevenção dos efeitos das
doenças, minimizando perdas económicas. Contudo esta vacina não foi aprovada em ser
administrada em animais PRRS negativos.




                                                                                 19
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)


3. Doenças do Tracto Digestivo

3.1. Colibacilose


    Doença vulgar em leitões lactantes e desmamados, causada por colonização do
intestino delgado por estirpes enterotoxigenas de E.colli. Certas estirpes de E.colli
possuem fímbrias e pêlos que lhes permitem colonizar células epiteliais do jejuno e do
ílio. As estirpes patogénicas produzem enterotoxinas que causam secreção de líquidos e
electrólitos dentro do volume intestinal, resultando em diarreia, desidratação e acidose.
    Os leitões que morrem subitamente podem apresentar eritema cutâneo.




Fig. 10 - A E. Colli tem longas projecções, em forma de dedos, chamadas fímbrias (seta), as quais
auxiliam o microorganismo a fixar-se à parede intestinal. Uma vez fixada, a bactéria secreta toxinas que
infectam o animal.




PROFILAXIA E TRATAMENTO


    O tratamento inclui a administração rápida de drogas anti-bacterianas,
conjuntamente com restauração de líquidos e equilíbrio electrolítico. É útil fazer o
antibiograma para identificar os medicamentos eficazes. A prevenção inclui a redução
dos factores predisponentes, como a humidade, temperatura, sanidade das instalações,
vacinando as porcas gestantes com vacinas específicas. O estímulo da imunidade
intestinal activa por administração oral de antigénios específicos é útil para evitar a
Colibacilose nos períodos finais da lactação e depois do desmame.


                                                                                                     20
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)


   4. Parasitas internos

   Coccidiose


   Existem oito espécies de Eimeria que podem (ex: Isospora e Cryptosporidium)
infectar os suínos. Os leitões de 5-15 dias de vida caracteristicamente só se infectam
com C. parvum e com I. suis, que causam enterites e diarreia. Estes agentes devem
diferenciar-se dos vírus, bactérias e helmintos, que também causam diarreia nos leitões
recém nascidos. Conhece-se pouco de C. parvum em leitões. Pensa-se que é de grande
incidência, mas normalmente de baixa morbilidade e mortalidade. A infecção pode dar
lugar a diarreia não hemorrágica.
   Isospora prevalece em leitões recém nascidos. A infecção caracteriza-se por uma
diarreia aquosa ou mole, normalmente amarelada a branca e com mau cheiro. Os leitões
podem apresentar-se debilitados, desidratados, de menor tamanho que o normal e
algumas vezes morrem. Os oocistos são excretados nas fezes e podem ser identificados
pelo seu tamanho, forma e características de esporulação; sem dificuldades, o
diagnóstico nas infecções periagudas deve basear-se em descobrir as etapas do parasita
em esfregaços de impressão e secções histológicas do intestino delgado, porque os
leitões podem morrer antes que se formem os oocistos. Histológicamente as lesões
confinadas ao jejuno e ao ílio caracterizam-se por atrofia pilosa, ulceração focal e
enterites fibrinonecrótica com etapas parasitárias nas células epiteliais. Se for realizado
controlo profiláctico administrando agentes anticoccidios na alimentação das porcas
duas semanas antes do parto até ao final da lactação ou aos leitões recém nascidos desde
o nascimento até ao desmame e, mesmo assim, se verificar a doença, é porque não foi
verificada a eficácia do tratamento. A limpeza a fundo das fezes e desinfecção das
maternidades entre um parto e outro reduz muito a infecção.




PROFILAXIA


   Boas práticas na alimentação e maneio adequado, incluída a salubridade, podem
evitar a doença. Os leitões recém nascidos devem receber colostro. Os animais jovens,
susceptíveis, devem alojar-se em jaulas limpas, secas, os comedouros e bebedouros



                                                                                        21
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)

devem manter-se limpos e protegidos da contaminação fecal. A administração
profiláctica de agente antitotóxidicos são recomendados quando o historial da
exploração conta com casos de Coccidiose.




TRATAMENTO


    A administração rápida do tratamento pode retardar ou inibir o desenrolar das etapas
resultantes da infecção, por outro lado podem parar o curso da infecção, reduzindo a
descarga de oocistos aliviando a hemorragia, a diarreia, reduzindo a possibilidade que
ocorram infecções secundárias e mortalidade. Os animais doentes devem ser separados
e tratados individualmente sempre que seja possível, para garantir as concentrações
terapêuticas do medicamento e a contaminação de outros animais. Podem usar-se
sulfunamidas intestinais, como sulfaguanidina ou sulfunamidas absorvidas facilmente
como a sulfamerazina ou sulfametazida. As sulfunamidas solúveis podem administrar-
se por via oral ou parenteralmente, sendo mais eficazes que as sulfunamidas entéricas.


Ascaris suum


    É o nemátodo mais comum no porco. As lombrigas adultas no intestino reduzem a
eficiência das forragens. A migração das larvas causa inflamação no fígado e nos
pulmões.


Cryptosporidium


    É um coccideo que adere ao epitélio intestinal de leitões com aproximadamente dez
dias de vida causando atrofia pilosa no intestino inferior, que pode resultar em absorção
eficiente e diarreia.




Hyostrongylus rubidus


    Lombriga estomacal que aparece em porcos criados em pastoreio. Este parasita
causa normalmente efeitos lesivos.


                                                                                      22
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)

Isospora suis


   Forma importante e comum de coccidiose em leitões de 6 dias a 3 semanas de vida.
A infecção causa necrose e atrofia pilosa do ílio e do jejuno. É comum que haja
infecção bacteriana secundária da mucosa intestinal lesionada. A mortalidade chega aos
20-25% e muitos animais vêem o seu desenvolvimento atrasado.


Oesophagostomum


   Lombrigas nodulares adultas que se encontram no intestino grosso e causam danos,
mas as infecções severas por larvas incrustadas na parede intestinal podem causar
emagrecimento.


Strongyloides ransomi


   As larvas das lombrigas intestinais podem ser transmitidas pelo colostro ou obtidas
a partir da pele contaminada da reprodutora. Os leitões muito infectados desenvolvem
diarreia severa aos 10-14 dias de vida, acompanhada de mortalidade elevada.


Trichuris suis


   As lombrigas entram através da mucosa do ceco e cólon, causando múltiplos focos
de inflamação. As infecções severas causam diarreia e emagrecimento. As fezes podem
ser hemorrágica, no entanto, as infecções severas com estes parasitas podem confundir-
se clinicamente com a disenteria suína ou a enterite proliferante.




                                                                                   23
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)




       Fig. 11 - Ascaris lumbricoides/ Adulto.      Fig. 12 - Ovo de Ascaris.




                Fig. 13 - Entamoeba histolytica                   Fig. 14- Lesão de mucosa intestinal
                                                                            por Ambeba




 Fig. 15 - Ténia adulta             Fig. 16 - Balantidium coli




                                                                                                   24
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)




Fig. 17 - Enterobius vermiculares               Fig. 18 - Endolimax nana




    Fig. 19 - Ancylostoma duodenalis no intestino                Fig. 20 - Ancylostomas duodenalis




Fig. 21 - Ovo de Trichiuris trichiura               Fig. 22 - Trichiuris trichiura no intestino




                                                                                                     25
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)




                                                                   Fig. 24 - Estrongiloide stercoralis
Fig. 23 - Giardia lamblia na mucosa intestinal




    Fig. 25 - Entamoeba coli                     Fig. 26 - Hymenolepis nana




    PROFILAXIA E TRATAMENTO


        Para além da boa higiene básica das pocilgas, que se deve destacar, o controlo
    baseia-se na administração de antihelminticos. Os produtos de administração incluem
    bencimidazoles, levamisol e diclorvos.
        Programa: tratar as porcas adultas e jovens aproximadamente dez antes da cobrição
    e novamente antes do parto; tratar os leitões desmamados antes de colocá-los em
    parques limpos; tratar os varrascos com intervalos de seis meses. Como alternativa pode
    administrar-se uma só injecção de ivermectina, que também é eficaz contra piolhos e
    ácaros causadores de sarna.




                                                                                                     26
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)


5. PARASITAS EXTERNOS

   Para evitar perdas de animais, pode ser necessário tratar os animais com diversos
fármacos para reduzir ou eliminar povoamento de parasitas artrópodes. A identificação
do artrópode ou o diagnóstico correcto com base nos sinais exibidos pelo animal é um
percursor necessário à selecção do fármaco apropriado. O agente seleccionado pode ser
administrado e aplicado directamente no animal ou introduzido no meio ambiente com
o objectivo de reduzir a povoação de artrópodes, a um nível que não produza
consequências económicas e de saúde.
   Certos artrópodes, como piolhos, moscas e ácaros da sarna vivem continuamente na
pele, e são controlados exclusivamente por meio de tratamento do hóspede. Os ácaros
da sarna escondem-se dentro da pele, e por isso são mais difíceis de controlar, com
banhos que os piolhos e moscas que se encontram na superfície da pele. Outros
artrópodes como as carraças e ácaros permanecem no hóspede durante o tempo
necessário para se alimentar, aproximadamente 30 minutos no caso das ninfas e adultos
de carraças, até 21 dias no caso de todas as etapas de alimentação e muda de uma
espécie hóspede de carraças.




                               Fig. 27 - Parasitas externos




TRATAMENTO


   Quando as condições de pasto ou condições de maneio o permitem, os animais
podem submergir-se em insecticida. Os tanques são construídos de maneira a que os
animais passem completamente pelo líquido e o liquido drenado do animal retorne ao


                                                                                  27
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)

tanque. Devido às necessidades de segurança, existem poucos compostos insecticidas
aprovados para o uso em tanques de imersão. Outras técnicas usadas são a aplicação de
emulsões ou suspensões aquosas com pulverizadores, espumas, aerossóis, entre outras.




                                                                                   28
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)


CONCLUSÃO



   Os suínos são particularmente animais propensos a doenças por isso são muito
rigorosas as medidas higiénicas aplicadas. Os animais devem ser comprados em
explorações isentos de agentes patogénicos específicos.
   As consequências das alterações de saúde do efectivo são o aparecimento de índices
de morbilidade e de mortalidade superiores aos esperados, além de deficientes índices
de reposição, problemas de fertilidade, aparecimento de abortos e de ninhadas pequenas.
   Podemos então concluir que a produção suína deve apostar antes de tudo na
prevenção pois como diz o ditado “mais vale prevenir que remediar”.




                                                                                    29
Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27)


Bibliografia


FRASER, C., 1993; El Manual Merck de Veterinária; Barcelona, Espanha.
PEREIRA, A., 1992; Higiene e Sanidade Animal, Fundamentos da Produção Pecuária,
   Publicações Europa-América, Mem Martins.
III JORNADAS DE SUINICULTURA, 200; Livro de Resumo de Comunicações, pp 99,
   Vila Real.




Websites


http://www.arsia.be/pages_web/FR/Aout2003.htm


http://suinoculturaindustrial.com.br/site/dinamica.asp?id=6306&tipo_tabela=cet&cate
goria=saude_animal


http://www.msu.edu/~straw/pathogen.htm


http://www.ovoonline.com.br/galeria_fotos_geral.asp


http://www.suino.com.br/sanidade/noticia.asp?pf_id=21140&dept_id=3


http://www.vet.uga.edu/vpp/IVM/PORT/csf/clinical.htm




                                                                                30

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

La actualidad más candente (20)

Veterinary aspects of watter fowls and game birds breeding
Veterinary aspects of watter fowls and game birds breedingVeterinary aspects of watter fowls and game birds breeding
Veterinary aspects of watter fowls and game birds breeding
 
Preparação de esqueletos de pequenos e médios animais mantendo
Preparação de esqueletos de pequenos e médios animais mantendoPreparação de esqueletos de pequenos e médios animais mantendo
Preparação de esqueletos de pequenos e médios animais mantendo
 
influenza aviar presentacion
influenza aviar presentacioninfluenza aviar presentacion
influenza aviar presentacion
 
Leucemia felina
Leucemia felinaLeucemia felina
Leucemia felina
 
Manual prático de caprino e ovinocultura
Manual prático de caprino e ovinoculturaManual prático de caprino e ovinocultura
Manual prático de caprino e ovinocultura
 
Dirofilariasis canina
Dirofilariasis caninaDirofilariasis canina
Dirofilariasis canina
 
Ectima contagioso
Ectima contagioso Ectima contagioso
Ectima contagioso
 
ENFERMEDADES DE LAS AVES DE CORRAL.pptx
ENFERMEDADES DE LAS AVES DE CORRAL.pptxENFERMEDADES DE LAS AVES DE CORRAL.pptx
ENFERMEDADES DE LAS AVES DE CORRAL.pptx
 
Carbon sintomatico
Carbon sintomaticoCarbon sintomatico
Carbon sintomatico
 
COLERA AVIAR
COLERA AVIARCOLERA AVIAR
COLERA AVIAR
 
Enfermedades bacterianas
Enfermedades bacterianasEnfermedades bacterianas
Enfermedades bacterianas
 
Razas ovinas
Razas ovinasRazas ovinas
Razas ovinas
 
Enfermedades reproductivas
Enfermedades reproductivasEnfermedades reproductivas
Enfermedades reproductivas
 
Parasitologia Animal II
Parasitologia Animal IIParasitologia Animal II
Parasitologia Animal II
 
Mange
Mange Mange
Mange
 
gastroentiritis transmisible
gastroentiritis transmisiblegastroentiritis transmisible
gastroentiritis transmisible
 
Neosporosis bovina
Neosporosis bovinaNeosporosis bovina
Neosporosis bovina
 
Mastite bovina fisio ii
Mastite bovina fisio iiMastite bovina fisio ii
Mastite bovina fisio ii
 
Differential diagnosis-clinical-signs poultry
Differential diagnosis-clinical-signs poultryDifferential diagnosis-clinical-signs poultry
Differential diagnosis-clinical-signs poultry
 
Viruela aviar
Viruela aviarViruela aviar
Viruela aviar
 

Destacado

Meningite por Streptococcus Suis
Meningite por Streptococcus SuisMeningite por Streptococcus Suis
Meningite por Streptococcus Suisguest159144
 
Poluição do solo por dejetos de animais (suinos e aves)
Poluição do solo por dejetos de animais (suinos e aves)Poluição do solo por dejetos de animais (suinos e aves)
Poluição do solo por dejetos de animais (suinos e aves)Paola Brutti
 
Peste Suína Classica
Peste Suína ClassicaPeste Suína Classica
Peste Suína ClassicaKiller Max
 
Vacina hepatite a informe técnico
Vacina hepatite a   informe técnicoVacina hepatite a   informe técnico
Vacina hepatite a informe técnicoJosé Ripardo
 
Relação de postos de vacinação no DF
Relação de postos de vacinação no DFRelação de postos de vacinação no DF
Relação de postos de vacinação no DFsubnovagdf
 
Vaccinating Your Horse (Marteniuk)
Vaccinating Your Horse (Marteniuk)Vaccinating Your Horse (Marteniuk)
Vaccinating Your Horse (Marteniuk)Gwyn Shelle
 
Livro manual de imunizações - hospital albert einstein
Livro   manual de imunizações - hospital albert einsteinLivro   manual de imunizações - hospital albert einstein
Livro manual de imunizações - hospital albert einsteinkarol_ribeiro
 
Programa Nacional de Vacinação 2017
Programa Nacional de Vacinação 2017Programa Nacional de Vacinação 2017
Programa Nacional de Vacinação 2017Mgfamiliar Net
 
Vacina contra o HPV - Apresentação
Vacina contra o HPV - Apresentação Vacina contra o HPV - Apresentação
Vacina contra o HPV - Apresentação Ministério da Saúde
 

Destacado (20)

Meningite por Streptococcus Suis
Meningite por Streptococcus SuisMeningite por Streptococcus Suis
Meningite por Streptococcus Suis
 
Poluição do solo por dejetos de animais (suinos e aves)
Poluição do solo por dejetos de animais (suinos e aves)Poluição do solo por dejetos de animais (suinos e aves)
Poluição do solo por dejetos de animais (suinos e aves)
 
Leptospirose 1 A
Leptospirose 1 ALeptospirose 1 A
Leptospirose 1 A
 
Peste Suína Classica
Peste Suína ClassicaPeste Suína Classica
Peste Suína Classica
 
Pestivirus
PestivirusPestivirus
Pestivirus
 
Vacina hepatite a informe técnico
Vacina hepatite a   informe técnicoVacina hepatite a   informe técnico
Vacina hepatite a informe técnico
 
Vacinação
Vacinação Vacinação
Vacinação
 
Relação de postos de vacinação no DF
Relação de postos de vacinação no DFRelação de postos de vacinação no DF
Relação de postos de vacinação no DF
 
Vaccinating Your Horse (Marteniuk)
Vaccinating Your Horse (Marteniuk)Vaccinating Your Horse (Marteniuk)
Vaccinating Your Horse (Marteniuk)
 
Manual de vacinação
Manual de vacinaçãoManual de vacinação
Manual de vacinação
 
Sarampo.
Sarampo.Sarampo.
Sarampo.
 
Livro manual de imunizações - hospital albert einstein
Livro   manual de imunizações - hospital albert einsteinLivro   manual de imunizações - hospital albert einstein
Livro manual de imunizações - hospital albert einstein
 
Vacinação ocupacional
Vacinação ocupacionalVacinação ocupacional
Vacinação ocupacional
 
Hepatite C
Hepatite CHepatite C
Hepatite C
 
Programa Nacional de Vacinação 2017
Programa Nacional de Vacinação 2017Programa Nacional de Vacinação 2017
Programa Nacional de Vacinação 2017
 
Cabra de leite
Cabra de leiteCabra de leite
Cabra de leite
 
Vacinas
VacinasVacinas
Vacinas
 
Vacinas
VacinasVacinas
Vacinas
 
Vacina contra o HPV - Apresentação
Vacina contra o HPV - Apresentação Vacina contra o HPV - Apresentação
Vacina contra o HPV - Apresentação
 
Varíola, rubéola, sarampo e caxumba
Varíola, rubéola, sarampo e caxumbaVaríola, rubéola, sarampo e caxumba
Varíola, rubéola, sarampo e caxumba
 

Similar a Programas de desparasitação e vacinação em suínos

Doenças mais comuns na infância
Doenças mais comuns na infânciaDoenças mais comuns na infância
Doenças mais comuns na infânciaRúben Freitas
 
Sanidade de caprino e ovino
Sanidade de caprino e ovinoSanidade de caprino e ovino
Sanidade de caprino e ovinoadelmosantana
 
Cinomose canina revisao de literatura - brunno medeiros dos santos
Cinomose canina   revisao de literatura - brunno medeiros dos santosCinomose canina   revisao de literatura - brunno medeiros dos santos
Cinomose canina revisao de literatura - brunno medeiros dos santosPoliana Melo
 
Trab Bio Doenças-Cotuca
Trab Bio Doenças-CotucaTrab Bio Doenças-Cotuca
Trab Bio Doenças-Cotucaeld09
 
Curso de bacharelado em enfermagem
Curso de bacharelado em enfermagemCurso de bacharelado em enfermagem
Curso de bacharelado em enfermagemNathy Oliveira
 
Apresentação de biologia!
Apresentação de biologia!Apresentação de biologia!
Apresentação de biologia!2° Ta - cotuca
 
Febre Aftosa
Febre AftosaFebre Aftosa
Febre AftosaUFPEL
 
Teníase e malária
Teníase e maláriaTeníase e malária
Teníase e maláriaFilipe Bispo
 
Doenças transmissíveis leptospirose
Doenças transmissíveis leptospiroseDoenças transmissíveis leptospirose
Doenças transmissíveis leptospiroseEvelyn Monte
 
Trabalho biologia
Trabalho biologiaTrabalho biologia
Trabalho biologia2° PD
 
Trabalho biologia
Trabalho biologiaTrabalho biologia
Trabalho biologia2° PD
 
ABC das Zoonoses.pdf
ABC das Zoonoses.pdfABC das Zoonoses.pdf
ABC das Zoonoses.pdfyasmingomes31
 

Similar a Programas de desparasitação e vacinação em suínos (20)

Doenças mais comuns na infância
Doenças mais comuns na infânciaDoenças mais comuns na infância
Doenças mais comuns na infância
 
Sanidade de caprino e ovino
Sanidade de caprino e ovinoSanidade de caprino e ovino
Sanidade de caprino e ovino
 
Portfólio de zoologia
Portfólio de zoologia  Portfólio de zoologia
Portfólio de zoologia
 
Cinomose canina revisao de literatura - brunno medeiros dos santos
Cinomose canina   revisao de literatura - brunno medeiros dos santosCinomose canina   revisao de literatura - brunno medeiros dos santos
Cinomose canina revisao de literatura - brunno medeiros dos santos
 
Feira da cultura
Feira da culturaFeira da cultura
Feira da cultura
 
trabalho Erliquiose.pdf
trabalho Erliquiose.pdftrabalho Erliquiose.pdf
trabalho Erliquiose.pdf
 
Trab Bio Doenças-Cotuca
Trab Bio Doenças-CotucaTrab Bio Doenças-Cotuca
Trab Bio Doenças-Cotuca
 
Leptospirose
LeptospiroseLeptospirose
Leptospirose
 
Curso de bacharelado em enfermagem
Curso de bacharelado em enfermagemCurso de bacharelado em enfermagem
Curso de bacharelado em enfermagem
 
Apresentação de biologia!
Apresentação de biologia!Apresentação de biologia!
Apresentação de biologia!
 
Leptospirose
LeptospiroseLeptospirose
Leptospirose
 
Febre Aftosa
Febre AftosaFebre Aftosa
Febre Aftosa
 
Doença de aujezki
Doença de aujezkiDoença de aujezki
Doença de aujezki
 
Reovirose art19
Reovirose   art19Reovirose   art19
Reovirose art19
 
Teníase e malária
Teníase e maláriaTeníase e malária
Teníase e malária
 
Doenças transmissíveis leptospirose
Doenças transmissíveis leptospiroseDoenças transmissíveis leptospirose
Doenças transmissíveis leptospirose
 
Helmintos-2014.pdf
Helmintos-2014.pdfHelmintos-2014.pdf
Helmintos-2014.pdf
 
Trabalho biologia
Trabalho biologiaTrabalho biologia
Trabalho biologia
 
Trabalho biologia
Trabalho biologiaTrabalho biologia
Trabalho biologia
 
ABC das Zoonoses.pdf
ABC das Zoonoses.pdfABC das Zoonoses.pdf
ABC das Zoonoses.pdf
 

Último

Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdf
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdfManual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdf
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdfFidelManuel1
 
88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptxLEANDROSPANHOL1
 
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...DL assessoria 31
 
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptaula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptDaiana Moreira
 
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudávelSaúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudávelVernica931312
 
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaUso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaFrente da Saúde
 
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesTerapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesFrente da Saúde
 
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxcuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxMarcosRicardoLeite
 
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptxAPRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptxSESMTPLDF
 

Último (9)

Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdf
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdfManual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdf
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdf
 
88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx
 
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
 
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptaula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
 
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudávelSaúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
 
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaUso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
 
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesTerapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
 
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxcuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
 
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptxAPRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
 

Programas de desparasitação e vacinação em suínos

  • 1. UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO Engenharia Zootécnica Produção Suína Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos Docente: Prof. Divanildo Outor Monteiro Job Ferreira nº. 16783 Vila Real, Novembro de 2005
  • 2. ÍNDICE INTRODUÇÃO........................................................................................... 3 1. DOENÇAS GENERALIZADAS............................................................ 4 1.1. Erisipelas (Mal Rubro) ........................................................................ 4 1.2. Leptospirose......................................................................................... 5 1.3. Peste Suína Clássica (Cólera Suína) .................................................... 7 1.4. Peste Suína Africana (PSA) ................................................................ 11 1.5. Doença de Aujeszky............................................................................. 12 2. DOENÇAS DO TRACTO RESPIRATÓRIO......................................... 15 2.1. Pneumonia Enzoótica........................................................................... 15 2.2. Síndrome Reprodutivo e Respiratório Suíno (PRRS).......................... 16 3. DOENÇAS DO TRACTO DIGESTIVO............................................. 20 3.1. Colibacilose.......................................................................................... 20 4. PARASITAS INTERNOS...................................................................... 21 5. PARASITAS EXTERNOS..................................................................... 27 CONCLUSÃO............................................................................................. 29 BIBLIOGRAFIA......................................................................................... 30
  • 3. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) INTRODUÇÃO Não é possível a existência de uma produção animal racional e moderna sem adopção de medidas de higiene e sanidade; o não respeito de regras neste campo pode acarretar muitos dissabores, em virtude do aumento de probabilidade de insucesso nas produções, de doenças nos animais e aumento de transmissão de doenças ao Homem. A matéria-prima é o material genético de que o animal é portador, bem como alimentação que lhe é fornecida. O processo de produção encontra-se intimamente ligado ao maneio, e, consequentemente, a medidas de higiene e sanidade que têm por fim tirar o maior rendimento possível na expressão e transformação dessa matéria- prima. De tudo o que ficou dito se infere a responsabilidade do Médico Veterinário, Engenheiro Zootécnico e outros Técnicos de Produção Animal, que detêm em suas mãos os conhecimentos necessários à criação de animais. Animais e plantas encontram-se circundados por microrganismos. Os seres vivos microscópicos compreendem as bactérias, os vírus, os fungos e os protozoários. Qualquer destes seres vivos, à excepção dos vírus é dotado da possibilidade de mutação, capacidade de absorver substâncias nutritivas, metaboliza-las e excretar produtos do seu metabolismo, bem como de se reproduzir. O microbismo tem importância muito especial em produção animal. Ele condiciona os níveis de produção quer directa ou indirectamente. Influencia indirectamente a classificação da carcaça, e directamente a qualidade higiénica dos produtos de origem animal. Entende-se por profilaxia mediadas destinadas a opor barreiras à produção ou aparecimento de determinados processos infecciosos, actuando ao nível do hospedeiro, instalações, microrganismos e meio ambiente. Nesta medida é utilizada a vacinação e a desparasitação como medidas profilácticas. 3
  • 4. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) 1. Doenças Generalizadas 1.1. Erisipelas (Mal Rubro) A Erisipelotrix rhusiopathiae é uma bactéria de distribuição mundial, capaz de viver na água, solos, matérias orgânicas em putrefacção, no corpo dos peixes e em animais mortos. A bactéria apresenta um tempo variável de sobrevivência nos solos, mas geralmente não mais de 35 dias; os porcos e outros hóspedes portadores podem causar contaminação. Causa Erisipelas suínas nas suas diversas formas. A doença aguda, mal rubro geralmente ocorre com um bacilo delgado, gram positivo de aproximadamente 1 – 2 µm de comprimento. É resistente a certos anti-sépticos de uso comum, como o formaldeído, o fenol, a água oxigenada e o álcool, mas é destruído facilmente por soda caustica e hipocloritos. É muito sensível à Penicilina e pouco à Tetraciclina. As numerosas estirpes apresentam uma variação considerável na sua patogenicidade. O diagnóstico de Erisipelas aguda pode ser difícil nos porcos que somente apresentam temperatura elevada, falta de apetite e apatia. PROFILAXIA E TRATAMENTO Usam-se bactérias mortas em alguns países e cultivos de estirpes imunizantes vivas de pouca virulência para os porcos. A bactéria com formalina, adsorvida em hidróxido de alumínio confere uma imunidade que na maioria dos casos protegerá o porco em crescimento contra as formas agudas da doença. Usa-se também uma vacina oral de pouca virulência. Os animais reprodutores jovens, incluindo os varrascos, devem ser vacinados duas vezes nos intervalos recomendados e vacinados posteriormente a cada 6 meses depois do nascimento de cada ninhada. Não se aconselha a vacinação de fêmeas prenhas. A vacinação aumenta o nível de imunidade, mas não proporciona protecção completa. Todavia podem ocorrer casos agudos após vacinação e talvez não se dê protecção contra as formas artríticas ou cardíacas da doença. Ocorre alguma variação antigénica entre as estirpes bacterianas, de modo que uma vacina pode não ser igualmente eficaz contra todas as estirpes selvagens. 4
  • 5. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) Se ocorrem casos de Erisipelas aguda numa vara não vacinada, pode administrar-se anti-soro, se estiver disponível, aos porcos em contacto ou pode administrar-se Penicilina ou Tetraciclinas. A Penicilina é o fármaco de eleição nos porcos doentes agudos e pode usar-se ao mesmo tempo que o anti-soro. A eliminação de portadores na ênfase da sanidade e um programa de vacinação regular, devem ser eficazes em varas que apresentem problemas recorrentes e graves. 1.2. Leptospirose Doença contagiosa dos animais e do homem causada por infecção com vários microrganismos leptospirais que se agrupam em serovariantes imunologicamente distintas, a maioria das quais consideram-se como subgrupos de Leptospira interrogans. As infecções podem ser assintomáticas ou podem resultar de uma variedade de sintomas incluindo febre, icterícia, hemoglubinuria, infertilidade, aborto e morte. Depois da infecção aguda, as leptospiras normalmente localizam-se nos rins ou órgãos reprodutivos e são excretadas na urina, algumas vezes em número elevado durante meses ou anos. A Leptospirose é uma doença transmitida principalmente pela água, já que os microrganismos sobrevivem em águas superficiais durante períodos prolongados. A infecção normalmente é transmitida por contacto da pele ou membranas mucosas com a urina e, com menor incidência por ingestão de alimentos ou água contaminados por urina. As infecções estabelecem-se facilmente pelas rotas da mucosa conjuntival ou vaginal e através de abrasões cutâneas. Se os animais excretores são introduzidos numa vara livre da doença, as leptospiras disseminam-se rapidamente e podem ocorrer abortos ou mortes, que são comuns na metade do terço final da gestação. Os quadros clínicos podem ser graves, leves ou inaparentes. A recuperação do doente com quadros agudos, geralmente está associada com a produção de anticorpos circulantes e diminuição das leptospiras do sangue. Os abortos por Leptospirose podem ser seguidos por retenção das membranas fetais conduzindo à diminuição da fertilidade. Os casos infecciosos são auto limitantes em varas pequenas mas o controlo da infecção endémica em varas grandes geralmente exige a administração de imunidade ou quimioterapia, levantar cercas para evitar que os animais entrem em contacto com as águas superficiais e evitar o contacto com roedores e outros portadores selvagens. 5
  • 6. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) A Leptospirose em suínos tem como serovariante mais comum a Pomona, mas a mais difundida é a Bratislava. Os animais podem também ser infectados pelas serovariantes Grippotyphosa, Canicola e a Icterohemorrhagiae. Aparentemente os porcos podem excretar grande número de microrganismos na urina até um ano depois de recuperarem de uma infecção aguda. Os porcos frequentemente transmitem a doença ao Homem e na Europa a afecção é conhecida como “ a doença do porqueiro”. A Leptospirose aguda que ocorre em porcos jovens é cauda por Pomona e Grippotyphosa, caracteriza-se por febre, icterícia e morte. A infecção por Bratislava está associada a redução da eficiência reprodutiva. A Leptospirose suína aguda não está claramente definida. Em alguns porcos pode não ser aparente; outros mostram somente reacções febris e anorexia que dura 3-4 dias. Os casos clínicos mais graves incluem pouco aumento de peso, anorexia, transtornos intestinais e, ás vezes, meningites com rigidez, espasmos e movimentos em círculos. As leptospiras instalam-se frequentemente em fetos abortados. Os abortos e nascimentos débeis representam os casos de Leptospirose mais fáceis de reconhecer numa vara. O número de abortos pode ser reduzido por tratamento e vacinação de todas as reprodutoras da vara. Fig.1- Hemorragias cutâneas de um aborto provocado por Leptospirose. 6
  • 7. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) PROFILAXIA E TRATAMENTO Interrupção da transmissão por porcos infectados é o factor crítico de controlo. O controlo da Leptospirose depende do uso combinado de três estratégias: terapia antibiótica, vacinação e maneio. Infelizmente nem todas estas opções são viáveis em todos os países; por exemplo, vacinas não estão disponíveis em muitos países Europeus, e problemas relacionados com os resíduos de antibióticos tornam o uso da terapia antibiótica difícil noutras situações. Os programas de controlo devem ser modificados, no sentido de encontrarem as condições locais. A vacinação induz a imunidade de curta duração. A imunidade para a infecção nunca é de 100%, na melhor das hipóteses dura no máximo 3 meses. A vacinação reduz a incidência da infecção na Terra, porém não a elimina. O controlo da infecção por Bratislava e problemas residuais inerentes é feito normalmente por Tetraciclina. O despiste deverá ser feito com estreptomicina a 25mg/kg de peso corporal ou Tetraciclina (oral). O uso de inseminação artificial é uma ferramenta importante no controlo da infecção por Bratislava. 1.3. Peste Suína Clássica (Cólera suína) Doença viral altamente contagiosa do porco. A doença causada por estirpes virulentas, inicia-se subitamente afectando animais de todas as idades, com uma morbilidade e mortalidade elevadas. Os adultos são o grupo menos afectado. As estirpes menos virulentas causam doença crónica ou leve, fracasso reprodutivo e mortes neonatais. Também pode existir infecção oculta. A Cólera suína é endémica em muitos países da América do Sul, Africa e Ásia. Não existe no Canadá, Austrália e Nova Zelândia e julga-se que terá sido erradicada em muitos países Europeus. A causa é um pestivirus da família Togaviridae. Tem alguns antigénios comuns com o Vírus da Diarreia Viral Bovina (VDVB), mas as provas de neutralização distinguem- nos como espécies distintas. As estirpes de vírus da Cólera Suína são específicas para o hóspede em condições naturais; em geral formam um grupo antigénico mais compacto que as estirpes de VDVB, no entanto variantes serológicas de pouca virulência e pouca 7
  • 8. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) patogenicidade podem causar dificuldades diagnósticas. O vírus replica-se em cultivos celulares de origem suína e a maioria das estirpes não produzem efeito citopático viral. No meio ambiente das reprodutoras, os excrementos e camas podem permanecer contaminados desde poucos dias a várias semanas, dependendo maioritariamente das temperaturas ambientais. O vírus sobrevive na carne de porco congelada, durante pelo menos 4 anos e nas carnes refrigeradas e carcaças conservadas pelo menos 3-6 meses. O modo normal de transmissão é por contacto directo. O vírus encontra-se em todas as excreções e secreções corporais dos animais infectados em quantidades relacionadas com a virulência da estirpe. Os porcos persistentemente virémicos depois da infecção transplacentária ou pós-natal podem infectar animais sãos. A alimentação com resíduos não processados, ou processados de modo inadequado, com carnes infectadas, também podem ser um meio importante de difusão. Os tecidos de porcos infectados são potencialmente infecciosos mesmo antes que a doença se possa observar ou durante a recuperação, isto é, depois de se começarem a desenvolver anticorpos neutralizantes séricos. Outras rotas de difusão menos importantes incluem numerosos vectores mecânicos, embora a difusão pelo ar pareça improvável. A rota mais comum de entrada viral é a ingestão e o local principal de multiplicação são as amígdalas. A difusão linfática e a virémica ocorrem 24h depois da infecção. A multiplicação secundária do vírus em leucócitos circulantes, células endoteliais de vasos sanguíneos e linfáticos, tecido linfóide visceral, baço e medula óssea contribuem muito para a difusão virémica aos 5-6 dias. A difusão de estruturas epiteliais depois dos 3-4 dias resulta na evacuação do vírus pelas excreções e secreções corporais. Os porcos que sobrevivem à infecção durante 6 semanas apresentam esgotamento generalizado de tecido linfóide e correm o risco de contrair infecções concorrentes. A história dos quadros clínicos e das lesões macroscópicas apoiam o diagnóstico provisional nos casos de doença aguda. As petéquias difundidas, que afectam a laringe, bexiga e rim, enfarte esplénico, as “úlceras em botão”, o eritema cutâneo e pneumonia são muito indicadores. A leucopenia e trombocitopenia achados frequentes porem deve fazer contagens leucocitárias pelo menos em seis animais. O diagnóstico diferencial deve considerar a Peste Suína Africana, Salmonelose septicémica, Pasteurelose, Estreptococcidiose, Leptospirose, Mal Rubro, entre outras. Os sinais nervosos da Peste Suína Africana não podem diferenciar-se dos causados por outras encefalites ou por outros transtornos nervosos não infecciosos. A confirmação do 8
  • 9. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) diagnóstico em qualquer das suas formas clínicas exige métodos de diagnóstico de laboratório. SINAIS CLÍNICOS São reconhecidas as formas aguda e crónica da PSC. A manifestação clínica depende da idade do animal e da virulência da cepa viral envolvida. A taxa de mortalidade pode atingir 90% em animais jovens, enquanto que em suínos mais velhos a doença pode ter manifestação discreta ou mesmo ser subclínica. Fig.2-Os sinais clínicos iniciais incluem depressão e febre alta (41oC/106oF), associados com leucopénia severa (a contagem total de leucócitos pode estar abaixo de 4.000/mm3). Lesões equimóticas na pele de leitões afectados por PSC. Fig.3-Hemorragia da mucosa ocular. São observados eritemas, hemorragia e cianose em animais de pele branca, particularmente nas extremidades, abdómen, axilas e face interna dos membros. Hemorragias petequiais também são observadas em mucosas, embora este achado não seja consistente. 9
  • 10. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) Sinais nervosos são observados frequentemente, incluindo letargia, convulsões ocasionais, ranger de dentes e dificuldade de locomoção. Fig.4-Animais susceptíveis geralmente morrem em menos de 10 dias após o início dos sinais clínicos. Os animais que sobrevivem por períodos mais prolongados podem desenvolver sinais de envolvimento respiratório e intestinal, caracterizados inicialmente por constipação seguida de diarreia. Na manifestação crónica, após uma manifestação inicial de febre, os animais têm recuperação transitória seguida de recorrência com febre, anorexia e depressão. Fig.5-A exposição natural ao vírus durante a gestação pode resultar em várias anormalidades fetais e neonatais que incluem aborto, mumificação, anasarca, ascite, natimortos, hipoplasia cerebelar, hipomielinogénese, tremores congénitos e mortalidade neonatal. Infecções em estágios iniciais da gestação (antes do 20o dia de gestação) podem resultar em mortalidade embrionária e absorção. 10
  • 11. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) PROFILAXIA E TRATAMENTO O soro hiper-imune é o único tratamento disponível e pode ser eficaz nas primeiras etapas da doença ou para proteger os animais em contacto. O controlo reside essencialmente na erradicação ou vacinação. A erradicação por abate de todos os porcos em contacto e a disposição segura das fezes tem tido êxito. As instalações infectadas devem ser desinfectadas e devem ficar vazias durante algum tempo. Os movimentos dos porcos nas áreas infectadas são estritamente controlados. A alimentação com restos de comidas está regulada em países com uma politica de erradicação. Os países onde a doença é endémica empregam maioritariamente vacinas com vírus vivos atenuados. Embora se possa usar a vacinação para reduzir a incidência da doença endémica, esta deve acabar quando se faz a erradicação por abate, e não está permitida em áreas “oficialmente” livres da doença. 1.4. Peste Suína Africana (PSA) Doença viral muito contagiosa dos porcos, com sinais e lesões similares aos de Peste suína clássica. A PSA estava confinada a Africa até 1957, sendo uma infecção altamente virulenta dos porcos domésticos por contacto com porcos selvagens. O javali frequentemente é um portador não aparentemente infectado pelo vírus. As primeiras extensões da PSA ocorreram em Portugal em 1957 e em Espanha em 1960. A PSA é uma doença produzida por um vírus ADN recentemente classificado na família Asfarviridae, que afecta o porco doméstico. Os vírus podem instalar-se a partir de tecidos de animais portadores até 3 anos, depois de ter ocorrido a infecção. É excepcionalmente resistente, mantendo a sua capacidade infecciosa durante 18 meses ou mais, à temperatura ambiente. A falta de uma vacina digna de confiança é um factor crítico nos esforços de controlo. Um aspecto fora do comum da resposta imunitária ao vírus da PSA, é a ausência de anticorpo neutralizante facilmente demonstrada. Os anticorpos produzem-se e a sua transferência passiva oferece uma certa protecção que se observa pelo início demorado, a redução das quantidades de vírus circulantes e a modificação da severidade dos casos clínicos. 11
  • 12. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) As manifestações clínicas das doenças são muito variáveis podendo apresentar-se desde formas agudas a formas subclínicas, dependendo da virulência do vírus causador e da resistência do animal infectado. As lesões das formas sobre agudas a agudas e sub- agudas resultam em alterações de carácter congestivo-hemorrágico generalizado, morrendo os animais em estado de choque hipovolêmico. Assim, os animais mortos em casos agudos da doença apresentam edema pulmonar severo, hemorragias nos gânglios linfáticos, especialmente nos gastrohepáticos e renais, hemorragias em varias serosas e órgãos. Os suínos parecem ser os únicos animais naturalmente sensíveis à PSA, que pode transmitir-se por contacto directo ou indirecto. Qualquer doença similar a esta deve ser comunicada imediatamente às autoridades sanitárias. As lesões visíveis de Peste Suína Clássica e de PSA são demasiado similares para que seja permitida um diagnóstico diferencial seguro, existem pequenas diferenças fulcrais para a distinção. PROFILAXIA E TRATAMENTO A difusão da PSA até à Europa, Caribe e Brasil e ausência de vacina, intensificam o perigo internacional. É necessário que hajam esforços internacionais cooperativos para proibir o movimento de animais, produtos ou vectores infectados. Os veterinários devem estar atentos para reconhecer a PSA e devem utilizar os serviços sanitários estatais de diagnóstico. Um diagnóstico positivo de PSA deve ser seguido de quarentena estrita e abate. Não existe tratamento. 1.5. Doença de Aujeszky Doença viral do SNC que está associada principalmente a porcos. As infecções naturais ocorrem numa grande variedade de hóspedes, nos quais a infecção é fatal, em quase todos os mamíferos infectados, excepto os porcos. O Homem, os macacos, chimpanzés e poiquilotérmicos, entre outros, são resistentes à infecção. O vírus pode 12
  • 13. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) sobreviver na superfície corporal das moscas domésticas, que podem servir como fonte de vírus. O vírus persiste em estado latente em neurónios ganglionares numa percentagem elevada de porcos infectados. Há muitas estirpes virais que variam desde aparentemente sem virulência para os porcos a altamente virulentas. O porco é um hóspede primário e é o único reservatório conhecido. Os porcos excretam grandes quantidades de vírus na saliva e secreções nasais ou pela urina e fezes. Os porcos podem estar latentemente infectados durante toda a vida e podem excretar o vírus durante uma semana. A sobrevivência no meio ambiente depende da temperatura, humidade, o vírus geralmente não sobrevive mais de duas semanas fora do animal vivo. A maioria dos animais infectam-se por contacto directo com porcos que estão a excretar o vírus. A infecção por ingestão de tecidos contaminados ou por inalação de aerossóis contaminados é menos comum, no entanto parece ocorrer transmissão com aerossóis a distâncias significativas. A patogenia e expressão da doença são similares em todas as espécies sensíveis. O vírus é captado dentro dos canais oronasais e inicia a infecção nas células epiteliais; circula no axoplasma dos nervos craniais ao cérebro e simultaneamente infecta as vias respiratórias superiores, podendo chegar aos alvéolos. A virulência é intermitente, mas oferece ao vírus acesso a todas as partes do corpo. O período de incubação nos porcos é de 30-40 horas. Os primeiros sinais são os espirros e tosse, seguidos rapidamente de febre, anorexia e cansaço. A continuação pode resultar em infecção neurológica manifestada por tremores, falta de coordenação, convulsões e coma. Em alguns porcos jovens ocorrem vómitos e diarreia. A morte pode ocorrer 3-6 dias depois da infecção. A mortalidade pode chegar a 100% em leitões lactantes, mas diminui com a idade; poucos ou nenhuns adultos morrem. A incidência de abortos, mumificações e/ou mortes ao nascimento podem aumentar dependendo da etapa da gestação e do momento da infecção. Depois de um caso inicial numa vara, a imunidade passiva protege os leitões até ás 6-12 semanas de vida, podendo observar-se casos somente em porcos em crescimento. 13
  • 14. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) Fig.6- Animal doente apresentando cansaço e dificuldade de movimentos. PROFILAXIA E TRATAMENTO Não existe tratamento. As vacinas administradas são eficazes para impedir a evolução da doença mas nenhuma impedirá a infecção por vírus selvagens. Os porcos vacinados também excretam vírus depois da infecção com estirpes selvagens, só que as concentrações são menores e durante um período mais curto que os porcos infectados não vacinados. Estão disponíveis vacinas geneticamente alteradas; as provas serológicas associadas permitem associar os porcos vacinados dos infectados com a estirpe selvagem do vírus. Cada uma destas provas deve utilizar-se conjuntamente com uma vacina específica. Para manter um lote de animais livre do vírus deve-se:  Introduzir no lote somente animais serologicamente negativos;  Evitar o contacto com explorações infectadas e impedir o acesso do público ás instalações;  Manter animais selvagens especialmente javalis e animais soltos, fora do contacto com a exploração;  Evitar o uso de equipamentos pertencentes a outras explorações Em caso de doença, o isolamento dos animais infectados talvez limite a difusão da doença. 14
  • 15. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) 2. Doenças do Tracto Respiratório 2.1. Pneumonia Enzoótica Nome utilizado normalmente para a doença infecciosa de animais mantidos em grupo, confinados ou ao ar livre. Incide principalmente em animais com menos de 6 meses, mas pode ocorrer até 1 ano de idade. As taxas de morbilidade podem chegar a 100%; as taxas de mortalidade são variáveis, mas normalmente superiores a 20%. Trata-se de uma infecção viral respiratória primária, seguida de uma sobre infecção bacteriana. É resultado de mau maneio, por exemplo: falta de transferência de imunidade passiva, ventilação inadequada, introdução constante de animais no grupo ou espaço inadequado. Podem estar implicadas várias variedades de vírus ou bactérias. O tratamento mais eficaz deve ser avaliado a partir de antibiogramas. Nos casos agudos a temperatura corporal vai desde 39,5ºC a 41,5ºC, acompanhada de respiração rápida e descarga nasal serosa. A infecção pode resolver-se lentamente, ou tornar-se mais severa, caracterizada por tosse seca, descarga nasal tenaz, anorexia, desidratação e debilidade. Há animais que embora superem a doença, tossem esporadicamente, engordam, mas têm sempre pouco rendimento. Fig.7- Pulmão de suíno. Ausência de imonomarcação no epitélio respiratório (400x). 15
  • 16. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) Fig.8- Pulmão de suíno. Superfície epitelial exibindo imunorreação (400x). PROFILAXIA E TRATAMENTO Para obter os melhores resultados os animais infectados devem tratar-se precocemente. Os animais doentes devem ser identificados, isolados e tratados com agentes anti-bacterianos de amplo espectro, salvo que administrem medicamentos de acção prolongada, o tratamento deve repetir-se durante 3 a 4 dias pelo menos. O tratamento pode fracassar se, se inicia tarde ou se o microorganismo é resistente aos antibióticos seleccionados. A administração de medicamentos na alimentação ou na água, geralmente é de valor limitado, já que os animais doentes não comem nem bebem o suficiente para produzir concentrações inibitórias de antibiótico no sangue. O maneio dos animais constitui uma das chaves para o controlo. A prevenção começa com a vacinação contra bactérias e vírus respiratórios específicos. 2.2. Síndrome Reprodutivo e Respiratório Suíno (PRRS) Em 1991 o nome PRRS foi proposto para esta doença que até então suscitava muitas confusões e diferentes nomes em várias partes do mundo, entre outros: doença suína misteriosa, doença da orelha azul, síndrome da infertilidade e aborto suíno ou ainda síndrome do aborto epidémico e respiratório suíno. 16
  • 17. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) A origem do vírus da doença (PRRSV) ainda é desconhecida, mas estudos revelam que embora hajam algumas diferenças genótipicas e fenotipicas as linhagens americana e europeia possuem um ancestral comum. A PRRS é uma doença que continua afectar muito a industria suína como doença respiratória endémica e é responsável por uma elevada taxa de abortos. Recentemente foi descoberta no EUA uma doença reprodutiva epidérmica severa que foi descrita como uma variante atípica e/ou aguda da PRRS. Tal facto sugere que esta doença em mudanças evolutivas pode complicar bastante o combate, o controlo e possível erradicação. Informação corrente sugere que o PRRSV introduziu-se recentemente na população suína doméstica, mas rapidamente se transmitiu entre ela sendo um vírus altamente infeccioso e ubiquitário. Os suínos são susceptíveis devido à sua exposição à doença, nomeadamente: oral, intranasal, intramuscular, intraperitoneal e vaginal. A sua transmissão necessita da exposição dos animais a uma dose infecciosa mínima. A infecção resulta da transmissão do vírus de um animal infectado através da saliva, urina, secreções mamárias, sangue e sémen. Portanto exige uma especial atenção na inseminação artificial com sémen infectado. A transmissão do vírus através da saliva, urina e fezes resulta de uma contaminação ambiental, porém o PRRSV é um vírus frágil que é facilmente inactivado no meio ambiente. Este vírus pode permanecer infeccioso durante um longo período de tempo mediante certas condições de temperatura e humidade. Embora o PRRSV seja muito infeccioso não é altamente contagioso e raramente ocorre a sua eliminação espontânea. O portador da infecção tem um estado prolongado e estudos revelam que animais infectados só começaram a apresentar sintomas da doença meses após a transmissão. Alguns animais e principalmente aves podem servir de potenciais portadores da doença. Tipicamente o vírus é perpetuado através de um ciclo de transmissão das mães para os leitões, tanto no útero como pós parto, ou mesmo através da introdução na exploração de novos animais infectados. O colostro pode providenciar alguns anticorpos que ajudam a prevenir a doença, mas esta resistência é de curta duração. Os sinais clínicos são influenciados pelo tipo de vírus, pelo estado imunitário dos animais e factores de maneio. Ninhadas afectadas nascem, mortas ou mumificadas, fracos ou pequenos ou ainda, aparentemente normais. A mortalidade ao nascimento é muito elevada. 17
  • 18. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) Na infecção endémica dos animais os sinais principais são na sala de recria e incluem: redução do apetite, dispneia, apneia, exacerbar de outras doenças endémicas e aumento da mortalidade. A anorexia e apatia é a primeira fase da PRRS e dura aproximadamente 2 semanas. Existem outros sinais clínicos e subclinicos que podem ser vistos em animais doentes de todas as idades: estados febris com temperaturas rectais de 39-41ºC, alguma hipertensão e agressividade. Alguns animais apresentam ainda um manchado azulado cutâneo passageiro, em certas extremidades, normalmente mais visível nas orelhas, focinho, glândula mamária e vulva. Este vírus induz uma infecção multisistémica que pode potenciar generalizadas infecções virais, contudo a maior parte das lesões são normalmente observadas em apenas alguns tecidos: o respiratório e o linfóide. Fig. 9- PRRS, animal infectado. PROFILAXIA E TRATAMENTO A fonte primária da doença continua a ser o animal infectado. Pode dizer-se que actualmente ainda não existem programas de tratamentos para a doença, mas foram feitos esforços para reduzir a febre, utilizando drogas esteróides anti-inflamatórias ou estimulantes de apetite (vitamina B). O uso de antibióticos também foi usado para reduzir os efeitos das bactérias patogénicas oportunistas, porém os resultados obtidos foram confusos. Por isso a fonte de controlo primária da doença é a prevenção. Assim aquando da chegada de animais novos a uma exploração, estes devem ser isolados 45- 18
  • 19. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) 60 dias antes de serem colocados junto dos outros. O abate de animais infectados em explorações de sistemas intensivos é também uma alternativa. Apesar destas medidas terem tido algum sucesso os riscos de reinvenção a longo prazo são altos, portanto é importante a prevenção da expansão do vírus em animais jovens. É importante também a desinfecção agressiva de locais que se suspeitem susceptíveis de contrair a doença e em casos mais graves devem se deixados 7-14 dias vazios após desinfecção. Esta técnica permite uma eliminação com sucesso do vírus (seronegatividade) e os animais voltam ao seu normal produtivo e às normais taxas de crescimento e mortalidade. Uma recente e eficaz vacina comercial, licenciada para o uso em leitões com 3-18 semanas e porcas não gestantes permitiu um controlo e prevenção dos efeitos das doenças, minimizando perdas económicas. Contudo esta vacina não foi aprovada em ser administrada em animais PRRS negativos. 19
  • 20. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) 3. Doenças do Tracto Digestivo 3.1. Colibacilose Doença vulgar em leitões lactantes e desmamados, causada por colonização do intestino delgado por estirpes enterotoxigenas de E.colli. Certas estirpes de E.colli possuem fímbrias e pêlos que lhes permitem colonizar células epiteliais do jejuno e do ílio. As estirpes patogénicas produzem enterotoxinas que causam secreção de líquidos e electrólitos dentro do volume intestinal, resultando em diarreia, desidratação e acidose. Os leitões que morrem subitamente podem apresentar eritema cutâneo. Fig. 10 - A E. Colli tem longas projecções, em forma de dedos, chamadas fímbrias (seta), as quais auxiliam o microorganismo a fixar-se à parede intestinal. Uma vez fixada, a bactéria secreta toxinas que infectam o animal. PROFILAXIA E TRATAMENTO O tratamento inclui a administração rápida de drogas anti-bacterianas, conjuntamente com restauração de líquidos e equilíbrio electrolítico. É útil fazer o antibiograma para identificar os medicamentos eficazes. A prevenção inclui a redução dos factores predisponentes, como a humidade, temperatura, sanidade das instalações, vacinando as porcas gestantes com vacinas específicas. O estímulo da imunidade intestinal activa por administração oral de antigénios específicos é útil para evitar a Colibacilose nos períodos finais da lactação e depois do desmame. 20
  • 21. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) 4. Parasitas internos Coccidiose Existem oito espécies de Eimeria que podem (ex: Isospora e Cryptosporidium) infectar os suínos. Os leitões de 5-15 dias de vida caracteristicamente só se infectam com C. parvum e com I. suis, que causam enterites e diarreia. Estes agentes devem diferenciar-se dos vírus, bactérias e helmintos, que também causam diarreia nos leitões recém nascidos. Conhece-se pouco de C. parvum em leitões. Pensa-se que é de grande incidência, mas normalmente de baixa morbilidade e mortalidade. A infecção pode dar lugar a diarreia não hemorrágica. Isospora prevalece em leitões recém nascidos. A infecção caracteriza-se por uma diarreia aquosa ou mole, normalmente amarelada a branca e com mau cheiro. Os leitões podem apresentar-se debilitados, desidratados, de menor tamanho que o normal e algumas vezes morrem. Os oocistos são excretados nas fezes e podem ser identificados pelo seu tamanho, forma e características de esporulação; sem dificuldades, o diagnóstico nas infecções periagudas deve basear-se em descobrir as etapas do parasita em esfregaços de impressão e secções histológicas do intestino delgado, porque os leitões podem morrer antes que se formem os oocistos. Histológicamente as lesões confinadas ao jejuno e ao ílio caracterizam-se por atrofia pilosa, ulceração focal e enterites fibrinonecrótica com etapas parasitárias nas células epiteliais. Se for realizado controlo profiláctico administrando agentes anticoccidios na alimentação das porcas duas semanas antes do parto até ao final da lactação ou aos leitões recém nascidos desde o nascimento até ao desmame e, mesmo assim, se verificar a doença, é porque não foi verificada a eficácia do tratamento. A limpeza a fundo das fezes e desinfecção das maternidades entre um parto e outro reduz muito a infecção. PROFILAXIA Boas práticas na alimentação e maneio adequado, incluída a salubridade, podem evitar a doença. Os leitões recém nascidos devem receber colostro. Os animais jovens, susceptíveis, devem alojar-se em jaulas limpas, secas, os comedouros e bebedouros 21
  • 22. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) devem manter-se limpos e protegidos da contaminação fecal. A administração profiláctica de agente antitotóxidicos são recomendados quando o historial da exploração conta com casos de Coccidiose. TRATAMENTO A administração rápida do tratamento pode retardar ou inibir o desenrolar das etapas resultantes da infecção, por outro lado podem parar o curso da infecção, reduzindo a descarga de oocistos aliviando a hemorragia, a diarreia, reduzindo a possibilidade que ocorram infecções secundárias e mortalidade. Os animais doentes devem ser separados e tratados individualmente sempre que seja possível, para garantir as concentrações terapêuticas do medicamento e a contaminação de outros animais. Podem usar-se sulfunamidas intestinais, como sulfaguanidina ou sulfunamidas absorvidas facilmente como a sulfamerazina ou sulfametazida. As sulfunamidas solúveis podem administrar- se por via oral ou parenteralmente, sendo mais eficazes que as sulfunamidas entéricas. Ascaris suum É o nemátodo mais comum no porco. As lombrigas adultas no intestino reduzem a eficiência das forragens. A migração das larvas causa inflamação no fígado e nos pulmões. Cryptosporidium É um coccideo que adere ao epitélio intestinal de leitões com aproximadamente dez dias de vida causando atrofia pilosa no intestino inferior, que pode resultar em absorção eficiente e diarreia. Hyostrongylus rubidus Lombriga estomacal que aparece em porcos criados em pastoreio. Este parasita causa normalmente efeitos lesivos. 22
  • 23. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) Isospora suis Forma importante e comum de coccidiose em leitões de 6 dias a 3 semanas de vida. A infecção causa necrose e atrofia pilosa do ílio e do jejuno. É comum que haja infecção bacteriana secundária da mucosa intestinal lesionada. A mortalidade chega aos 20-25% e muitos animais vêem o seu desenvolvimento atrasado. Oesophagostomum Lombrigas nodulares adultas que se encontram no intestino grosso e causam danos, mas as infecções severas por larvas incrustadas na parede intestinal podem causar emagrecimento. Strongyloides ransomi As larvas das lombrigas intestinais podem ser transmitidas pelo colostro ou obtidas a partir da pele contaminada da reprodutora. Os leitões muito infectados desenvolvem diarreia severa aos 10-14 dias de vida, acompanhada de mortalidade elevada. Trichuris suis As lombrigas entram através da mucosa do ceco e cólon, causando múltiplos focos de inflamação. As infecções severas causam diarreia e emagrecimento. As fezes podem ser hemorrágica, no entanto, as infecções severas com estes parasitas podem confundir- se clinicamente com a disenteria suína ou a enterite proliferante. 23
  • 24. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) Fig. 11 - Ascaris lumbricoides/ Adulto. Fig. 12 - Ovo de Ascaris. Fig. 13 - Entamoeba histolytica Fig. 14- Lesão de mucosa intestinal por Ambeba Fig. 15 - Ténia adulta Fig. 16 - Balantidium coli 24
  • 25. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) Fig. 17 - Enterobius vermiculares Fig. 18 - Endolimax nana Fig. 19 - Ancylostoma duodenalis no intestino Fig. 20 - Ancylostomas duodenalis Fig. 21 - Ovo de Trichiuris trichiura Fig. 22 - Trichiuris trichiura no intestino 25
  • 26. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) Fig. 24 - Estrongiloide stercoralis Fig. 23 - Giardia lamblia na mucosa intestinal Fig. 25 - Entamoeba coli Fig. 26 - Hymenolepis nana PROFILAXIA E TRATAMENTO Para além da boa higiene básica das pocilgas, que se deve destacar, o controlo baseia-se na administração de antihelminticos. Os produtos de administração incluem bencimidazoles, levamisol e diclorvos. Programa: tratar as porcas adultas e jovens aproximadamente dez antes da cobrição e novamente antes do parto; tratar os leitões desmamados antes de colocá-los em parques limpos; tratar os varrascos com intervalos de seis meses. Como alternativa pode administrar-se uma só injecção de ivermectina, que também é eficaz contra piolhos e ácaros causadores de sarna. 26
  • 27. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) 5. PARASITAS EXTERNOS Para evitar perdas de animais, pode ser necessário tratar os animais com diversos fármacos para reduzir ou eliminar povoamento de parasitas artrópodes. A identificação do artrópode ou o diagnóstico correcto com base nos sinais exibidos pelo animal é um percursor necessário à selecção do fármaco apropriado. O agente seleccionado pode ser administrado e aplicado directamente no animal ou introduzido no meio ambiente com o objectivo de reduzir a povoação de artrópodes, a um nível que não produza consequências económicas e de saúde. Certos artrópodes, como piolhos, moscas e ácaros da sarna vivem continuamente na pele, e são controlados exclusivamente por meio de tratamento do hóspede. Os ácaros da sarna escondem-se dentro da pele, e por isso são mais difíceis de controlar, com banhos que os piolhos e moscas que se encontram na superfície da pele. Outros artrópodes como as carraças e ácaros permanecem no hóspede durante o tempo necessário para se alimentar, aproximadamente 30 minutos no caso das ninfas e adultos de carraças, até 21 dias no caso de todas as etapas de alimentação e muda de uma espécie hóspede de carraças. Fig. 27 - Parasitas externos TRATAMENTO Quando as condições de pasto ou condições de maneio o permitem, os animais podem submergir-se em insecticida. Os tanques são construídos de maneira a que os animais passem completamente pelo líquido e o liquido drenado do animal retorne ao 27
  • 28. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) tanque. Devido às necessidades de segurança, existem poucos compostos insecticidas aprovados para o uso em tanques de imersão. Outras técnicas usadas são a aplicação de emulsões ou suspensões aquosas com pulverizadores, espumas, aerossóis, entre outras. 28
  • 29. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) CONCLUSÃO Os suínos são particularmente animais propensos a doenças por isso são muito rigorosas as medidas higiénicas aplicadas. Os animais devem ser comprados em explorações isentos de agentes patogénicos específicos. As consequências das alterações de saúde do efectivo são o aparecimento de índices de morbilidade e de mortalidade superiores aos esperados, além de deficientes índices de reposição, problemas de fertilidade, aparecimento de abortos e de ninhadas pequenas. Podemos então concluir que a produção suína deve apostar antes de tudo na prevenção pois como diz o ditado “mais vale prevenir que remediar”. 29
  • 30. Programas de Desparasitação e Vacinação em Suínos 2005 (1-27) Bibliografia FRASER, C., 1993; El Manual Merck de Veterinária; Barcelona, Espanha. PEREIRA, A., 1992; Higiene e Sanidade Animal, Fundamentos da Produção Pecuária, Publicações Europa-América, Mem Martins. III JORNADAS DE SUINICULTURA, 200; Livro de Resumo de Comunicações, pp 99, Vila Real. Websites http://www.arsia.be/pages_web/FR/Aout2003.htm http://suinoculturaindustrial.com.br/site/dinamica.asp?id=6306&tipo_tabela=cet&cate goria=saude_animal http://www.msu.edu/~straw/pathogen.htm http://www.ovoonline.com.br/galeria_fotos_geral.asp http://www.suino.com.br/sanidade/noticia.asp?pf_id=21140&dept_id=3 http://www.vet.uga.edu/vpp/IVM/PORT/csf/clinical.htm 30