2. Resumo do livro
A obra conta a história de amor vivida por
Martin, um português, e Iracema uma índia
tabajara. Eles apaixonaram-se quase que à
primeira vista. Devido a diferença étnica, por
Iracema ser filha do pajé da tribo e por Irapuã
gostar dela, a única solução para ficarem juntos,
é a fuga. Ajudados por Poti, Iracema e Martim,
fogem do campo dos tabajaras, e passam a
morar na tribo de Poti (Pitiguara). Isso faz com
que Iracema sofra, mas seu amor por Martim é
tão mais forte, que logo ela se acostuma, ou
pelo menos, não deixa transparecer. A fuga de
Iracema faz com que uma nova batalha seja
travada entre os tabjaras e os pituguaras. Pois
Arapuã quer se vingar de Martin, que "roubou"
Iracema, mas Martim é amigo de Poti, índio
pitiguara, que irá protegê-lo.
3. Além disso, a tribo tabajara alia-se com os
franceses que lutam contra os portugueses, que
são aliados dos pitiguaras, pela posse do
território brasileiro. Com o passar do tempo,
Martim começa a sentir falta das pessoas que
deixou em sua pátria, e acaba distanciando-se
de Iracema. Esta, por sua vez, já grávida, sofre
muito percebendo a tristeza do amado.
Sabendo que é o motivo do sofrimento de
Martim, ela resolve morrer depois que der à luz
ao filho. Sabendo da ausência de Martim, Caubí,
irmão de Iracema, vai visitá-la e dia que já a
perdoou por ter fugido e dado às costas à sua
tribo. Acaba conhecendo o sobrinho, e promete
fazer visitas regulares aos dois.
4. Conta que Araquém, pai de Iracema, está muito
velho e mal de saúde, devido à fuga de Iracema.
Justo no período que Martim não está na aldeia,
Iracema dá luz ao filho, ao qual dá o nome de
Moacir. Sofrendo muito, não se alimentando, e por
ter dado à luz recentemente, Iracema não suporta
mais viver e acaba morrendo logo após entregar o
filho à Martim. Iracema é enterrada ao pé de um
coqueiro, na borda de um rio, o qual mais tarde
seria batizado de Ceará, e que daria também nome
à região banhada por este rio. Ao meio desta bela
história de amor, estão os conflitos tribais,
intensificados pela intervenção dos brancos,
preocupados apenas em conquistar mais territórios e
dominar os indígenas.
http://www.resumosdelivros.com.br/j/jose-
alencar/iracema/
5. Contexto histórico
Com a independência política do Brasil, em 1822,
surge um novo público leitor brasileiro, principalmente
caracterizado por seu nacionalismo ufanista (espécie
de otimismo nacionalista), do qual os escritores são
seus principais intérpretes. Dessa forma, a ideia de
contribuir para o engrandecimento da nação,
revelando o Brasil através de uma linguagem e de
temáticas que pudessem caracterizar o povo
brasileiro, passa a ser o objetivo de muitos escritores
do Romantismo. José de Alencar, em especial,
reivindicava uma escrita literária tipicamente
brasileira. Em Iracema, o autor tenta criá-la através
do estilo poético e da utilização de vocábulos
indígenas. O índio passa a representar, então, na sua
condição de primitivo habitante do Brasil, o próprio
símbolo da nacionalidade e o modelo francês do
bom selvagem, no qual os índios, ignorada toda a
sua cultura, convertem-se em heróis, feitos a imagem
de um nobre “cavalheiro branco”.
6. CARACTERÍSTICAS
ROMÂNTICAS EM IRACEMA
Como o Romantismo surgiu na Europa, na França,
precisamente, algumas características não
próprias do velho continente como o retorno à
Idade Média, a religiosidade...; outras, são
comuns, universais, como o subjetivismo,
sentimentalismo, idealização...; e algumas são
mais próprias do nosso continente, ou brasileiras,
como o indianismo e ou nacionalismo,
valorização da natureza, nossas terras, matas,
aves, animais...
Iniciando pelas características mais comuns,
tentaremos exemplificá-las com passagens da
obra.
7. Idealização da mulher:
Iracema é descrita como:
"a virgem dos lábios de mel, que tinha os
cabelos ... mais longos que seu talhe de
palmeira. O povo de jati não era doce como
seu sorriso; nem a baunilha recendia no
bosque como seu hálito perfumado. Mais
rápida que a ema selvagem ..." ( cap. II ). " -
A filha de Araquém é mais forte que o chefe
dos guerreiros ... e vibrou o arco. O chefe
cerrou ainda o punho do formidável tacape;
mas pela vez primeira sentiu que pesava ao
braço robusto." (cap. VII ).
8. Subjetividade
O subjetivismo do texto romântico não se caracteriza
somente pelo culto do eu, mas também pela criação de
uma história que, mesmo em 3ª pessoa, não deixa de ser
subjetiva porque os fatos, personagens, comportamentos,
lugares... são criações não existentes no mundo real, mas
imaginações, fantasias, divagações, anseios .... do autor .
No livro Iracema, o índio criado por Alencar está longe de
ser aquele que vivia nas matas brasileiras e que ainda não
tinha visto o homem branco ( "Diante dela e todo a
contemplá-la, está um guerreiro estranho,..." (cap. II) e
"...de estranha raça e longes terras." ( cap.III ). A
hospitalidade oferecida a Martim ("O estrangeiro é senhor
na cabana de Araquém. Os tabajaras têm mil guerreiros
para defendê-lo, e mulheres sem conta para servi-lo. Dize,
e todos te obedecerão" (cap. III) e "mas o hóspede de
Tupã é sagrado; ninguém o ofenderá"; (cap. XI) pelo pajé,
Araquém, não foi praticada por nenhum povo no longo
da História.
9. Sentimentalismo
Em primeiro lugar, esta característica não está baseada na
impressão que o leitor sente no curso da leitura, mas os estados
de espírito que os personagens apresentam no transcorrer das
ações.
O sentimentalismo está presente em toda a obra, desde os
primeiros capítulos, principalmente no que diz respeito à
personagem Iracema que sabe Martim ter outra, não
acreditando que o que o protagonista sente é a saudade da
pátria e não amor por outra moça.
Há frases em que o autor foi categórico:
"Sofreu mais d’alma que da ferida." ( II cap .) . "O sentimento que
ele pôs nos olhos e no rosto, não o sei eu. ( idem )
No capítulo X, início, o autor apresenta o ciúme da ará que se vê
substituída pelo guerreiro branco. No XIX, Martim abraça uma
árvore:
"- Jatobá, que viste nascer meu irmão Poli, o estrangeiro te
abraça"; para demonstrar, além do sentimento, a integração do
homem com a natureza.
10. Nacionalismo
Essa característica foi abundantemente expressa,
principalmente pelos prosadores brasileiros que
exaltavam a nova, rica, pujante, encantadora ... terra.
Além dos índios que é uma das facetas do nosso
nacionalismo, o mundo da flora e da fauna brasileiras
encantavam, razão pela qual esse livro aborda essa
natureza tantas vezes.
A ará ou jandaia, as plantas, as areias, os montes são
os encantos e tão diferentes das paisagens seculares,
ou milenares, do continente europeu.
Os rios de água cristalina, os lagos que banhavam a
beleza corporal de Iracema, o mel silvestre que
restabelecia a força dos guerreiros nativos, os próprios
filhotes da irara que contribuíram para a alimentação
de Moacir (cap.XXXI), são exemplos da grandeza da
nação, são motivos de orgulho de Alencar, um dos
maiores batalhadores e divulgadores do nosso Brasil.
11. Valorização de elementos
populares
Mito e história se complementam
na obra. “Iracema vai sendo
esmaecida pelo fator histórico, que
é a chegada dos portugueses e a
ocupação da terra. É uma
representação do que houve com
a população indígena, que foi
dizimada ou sofreu aculturação.
13. Dados biográficos
José de Alencar (J. Martiniano de A, nasceu em
Messejana, CE, em 1º de maio de 1829, e faleceu no
Rio de Janeiro, RJ, em 12 de dezembro de 1877.
Filho de José Martiniano de Alencar, senador do
império, e de Ana Josefina. Em 1838 mudam-se para o
Rio de Janeiro. Com 10 anos de idade ingressa no
Colégio de Instrução Elementar. Com 14 anos vai para
São Paulo, onde termina o curso secundário e ingressa
na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.
(1829-1877) foi romancista, dramaturgo, jornalista,
advogado e político brasileiro. Foi um dos maiores
representantes da corrente literária indianista.
14. Suas obras
Cinco Minutos, romance, 1856;
Cartas Sobre a Confederação dos Tamoios, crítica, 1856;
O Guarani, romance, 1857;
Verso e Reverso, teatro, 1857;
A Viuvinha, romance, 1860;
Lucíola, romance, 1862;
As Minas de Prata, romance, 1862-1864-1865;
Diva, romance, 1864;
Iracema, romance, 1865;
Cartas de Erasmo, crítica, 1865;
O Juízo de Deus, crítica, 1867;
O Gaúcho, romance, 1870;
A Pata da Gazela, romance, 1870;
O Tronco do Ipê, romance, 1871;
Sonhos d'Ouro, romance, 1872;
Til, romance, 1872;
Alfarrábios, romance, 1873;
A Guerra dos Mascate, romance, 1873-1874;
Ao Correr da Pena, crônica, 1874;
Senhora, romance, 1875;
O Sertanejo, romance, 1875.