O romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, publicado em 1911, conta a história de um nacionalista ingênuo chamado Policarpo Quaresma e sua desilusão com o governo de Floriano Peixoto durante a Revolta da Armada de 1893. A obra critica o nacionalismo fanático de Policarpo e apresenta sua evolução rumo a uma visão mais madura e crítica da realidade brasileira, o que acaba causando sua prisão e morte sob ordens de Floriano Peixoto.
3. Afonso Henriques de Lima Barreto
(1881 – 1922)
• PRINCIPAIS OBRAS: Recordações do escrivão Isaías Caminha
(1909); Triste fim de Policarpo Quaresma (1911); Numa e a
Ninfa (1915); Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919); Os
Bruzundangas (1923); Clara dos Anjos (1924); Cemitério dos
vivos (1957 – edição póstuma).
4. Lima Barreto e a sua biografia
• A biografia de Lima Barreto explica o terreno
ideológico de sua obra: a origem humilde, a cor, a
vida penosa de jornalista pobre e de pobre
funcionário público, aliadas à viva consciência da
própria situação social, motivaram seu socialismo
emotivo nas raízes e nas análises.
5. Lima Barreto e suas contradições ideológicas:
• Foi um escritor do seu tempo e de sua terra.
Anotou, registrou, fixou asperamente quase todos
os acontecimentos da República. Entretanto, o
destruidor de tabus detestava algumas formas
típicas de modernização que o Rio de Janeiro
conheceu nas primeiras décadas do século XX: o
cinema, o futebol, o arranha-céu e, o que parece
mais grave, a própria ascensão profissional da
mulher!
6. Lima Barreto e suas contradições ideológicas:
• Chegava, às vezes, a confrontar o sistema
republicano desfavoravelmente com o regime
monárquico no Brasil.
• Origens de suas contradições ideológicas:
• A origem suburbana;
• O instinto de defesa étnica;
• Ojeriza pelos homens e pelos processos da
República Velha (oligarquia escravocrata).
7. O ressentimento do mulato
• O ressentimento do mulato enfermiço e o
suburbanismo não o impediram, porém, de ver e de
configurar com bastante clareza e inteligência o
ridículo e o patético do nacionalismo tomado como
bandeira isolada e fanatizante: no Major Policarpo
Quaresma (Triste fim de Policarpo Quaresma)
afloram tanto as revoltas do brasileiro
marginalizado em uma sociedade onde o capital já
não tem pátria, quanto a própria consciência do
romancista de que o caminho “meufanista” é fugaz
e impotente.
8. O cronista do Rio de Janeiro
• Rompendo com as convenções literárias de sua
época, buscou revelar sobretudo a tristeza dos
subúrbios e sua gente humilde: funcionários
públicos aposentados, jornalistas pobretões,
tocadores de violão, raparigas sonhadoras, etc.
Impregna sua obra de uma justa preocupação com
os fatos históricos e com os costumes sociais,
tornando-se uma espécie de cronista apaixonado
da antiga capital federal.
9. O cronista do Rio de Janeiro
• “Sou homem da cidade, nasci, criei-me e eduquei-me no Rio de
Janeiro; e, nele, em que se encontra gente de todo o Brasil, vale
a pena fazer um trabalho destes, em que se mostre que a
nossa cidade não é só a capital política do país, mas também a
espiritual, onde se vêm resumir todas as mágoas, todos os
sonhos, todas as dores dos brasileiros.”
•
(LIMA BARRETO)
10. Denúncia social e caricatura
• O caráter de denúncia social dos textos de Lima
Barreto tem originalidade: ele vê o mundo com o
olhar dos “derrotados”, dos injustiçados, dos que
são feridos pelo preconceito. O preconceito de
cor, especialmente, é o motivo central de sua
indignação. Conhecedor da estrutura
discriminatória da sociedade brasileira sentiu,
muitas vezes, a rejeição aberta ou sutil. Por essa
razão protesta com veemência (Ex.: Clara dos
Anjos + Recordações do escrivão Isaías Caminha).
11. Denúncia social e caricatura
• O detalhado registro dos subúrbios e de suas
criaturas ofendidas tem um contraponto: a
caricatura, com a qual fulmina os poderosos, os
burgueses e os intelectuais da época. Usa e abusa
dessa técnica, ridicularizando o grand monde
cultural e social do Rio de Janeiro. A caricatura
aparece tanto nas narrativas longas quanto nas
crônicas publicadas em jornais alternativos. Trata-se
da parte mais datada de sua obra, embora algumas
de suas farpas sejam eficientes ainda hoje.
12. A simplicidade do estilo
• Desprezando a retórica bacharelesca e
parnasiana, escreve com simplicidade, mesmo
com certo desleixo intencional, querendo
aproximar o texto escrito da linguagem coloquial.
Acusado de escrever de forma incorreta e de ser
incapaz de lidar com os padrões lingüísticos da
elite culta, sua obra é julgada gramaticalmente e
condenada por suposta vulgaridade. Décadas
depois, é reconhecido como o autor mais
importante do período e aquele que mais se
aproxima da expressão prosaica, conquistada pela
geração de 1922.
13. A simplicidade do estilo
• O estilo de pensar e de escrever contra o qual se
insurgia o autor era o simbolizado por um Coelho
Neto ou um Rui Barbosa: o da palavra a servir de
anteparo entre o homem e as coisas e os fatos. Em
Lima Barreto, ao contrário, as cenas de rua ou os
encontros e desencontros domésticos acham-se
narrados com uma animação tão simples e discreta,
que as frases jamais brilham por si mesmas,
isoladas e insólitas (como na linguagem
parnasiana), mas deixam transparecer
naturalmente a paisagem, os objetos e as figuras
humanas.
14. A simplicidade do estilo
• Nessa perspectiva, as realidades sociais, isto é, o
conteúdo pré-romanesco, embora escolhidas e
elaboradas pelo ponto de vista afetivo e polêmico
do narrador, não parecem, de modo algum,
forçadas a ilustrar inclinações puramente subjetivas.
O resultado é um estilo ao mesmo tempo realista e
intencional, cujo “limite inferior” é a crônica. Assim,
em seus romances há muito de crônica (ambientes,
cenas cotidianas de jornal, vida burocrática). Logo o
tributo que o romancista pagou ao “bom jornalista”
foi considerável e a prosa ficcional brasileira só veio
a lucrar com essa “descida de tom”, que permitiu à
realidade entrar sem máscara no texto literário.
16. Triste fim de Policarpo Quaresma (1911)
• É um romance em terceira pessoa, em que se nota
maior esforço de construção e acabamento formal.
Lima Barreto nele conseguiu criar uma personagem
que não fosse mera projeção de amarguras pessoais
como o amanuense (escrevente) Isaías Caminha,
nem um tipo pré-formado, nos moldes das figuras
secundárias que abundam suas obras.O Major
Quaresma não se exaure na obsessão nacionalista,
no fanatismo xenófobo (aversão ao estrangerismo);
17. Triste fim de Policarpo Quaresma (1911)
• pessoa viva, as suas reações revelam o
entusiasmo do homem ingênuo, a distanciá-lo do
conformismo em que se arrastam os demais
burocratas e militares reformados cujos bocejos
amornecem os serões do subúrbio.
• Policarpo tem algo quixotesco, e o romancista
soube explorar os efeitos cômicos que todo
quixotismo deve fatalmente produzir, ao lado do
patético que fatalmente acompanha a boa-fé
desarmada.
18. Triste fim de Policarpo Quaresma (1911)
• Obra-prima de Lima Barreto, apresenta o drama de
um velho aposentado, Policarpo Quaresma, em sua
luta ingênua pela salvação do Brasil. Nacionalista
xenófobo, propõe-se a adoção do tupi-guarani
como língua oficial, alimenta-se apenas com
comidas brasileiras, recebe visitas gesticulando e
chorando como um verdadeiro índio goitacaz e se
dedica a malsucedidas pesquisas folclóricas (na
tapera de uma velha negra que mal recorda
cantigas de ninar).
19. Triste fim de Policarpo Quaresma (1911)
• Depois de uma passagem pelo hospício, causada
pela distância entre seu nacionalismo ufanista e a
realidade, Policarpo resolve adquirir um sítio. Quer
plantar e, acima de tudo, comprovar a máxima de
que, em se plantando, tudo dá nas férteis terras
brasileiras. Também nessa experiência o
protagonista fracassa (motivos: a esterilidade do
solo, o ataque das saúvas, a falta de apoio ao
pequeno agricultor).
20. Triste fim de Policarpo Quaresma (1911)
• Agora, entretanto, sua visão ingênua e até bizarra
vai cedendo lugar à percepção de que os
problemas do país são maiores do que ele
supunha – a exemplo da questão da má
distribuição da terra:
• “Mas de quem era então tanta terra abandonada
que se encontrava por ai? (...) Por que estes
latifúndios improdutivos?”
21. Triste fim de Policarpo Quaresma
(1911)
• O caso de Policarpo passa do cômico ao
dramático. Tanto seu sincero desejo de progresso
para a nação quanto a consciência crítica, que aos
poucos vai adquirindo, lhe dão grande
autenticidade humana e social. Ao estourar a
Revolta da Armada, em 1893, ele já tem
conhecimento de algumas das verdadeiras causas
do atraso brasileiro. Mesmo assim, alista-se entre
os voluntários defensores do regime republicano,
chefiados por Floriano Peixoto. Ele acredita nos
princípios do marechal, e essa será a sua última
ilusão.
22. Triste fim de Policarpo Quaresma (1911)
• Vitorioso e dentro de seu estilo bonapartista, o
presidente da República inicia violenta perseguição
aos derrotados, que são impiedosamente fuzilados.
Policarpo lhe escreve então uma carta de conteúdo
áspero e lúcido, solicitando que o terrorismo do
estado seja sustado. A resposta do ditador vem em
seguida: o “visionário” Policarpo é preso sem
qualquer base legal, mandado para uma ilha e lá
condenado à morte por fuzilamento.
23. “Triste fim de Policarpo Quaresma”
(1911)
• A mudança que se opera em Policarpo – da
alienação ufanista à consciência real do país –
constitui o cerne da narrativa. Sua visão final o leva
a analisar corrosivamente as mitologias dos grupos
dirigentes e as mistificações de que fora vítima.
Quando compreende o papel da ideologia no
processo histórico, precisa morrer. Antes de morrer,
pensa na falta de sentido do conhecimento que
alcançara a respeito da realidade nacional. Fica
triste por ter transmitido a ninguém sua percepção
crítica, e o seu triste fim chega.
24. Triste fim de Policarpo Quaresma (1911)
• Lima Barreto não dá esperanças ao anti-herói que
criou (Policarpo), mas, ao término do relato, a
jovem Olga (sobrinha do major e diferente das
outras mulheres por ser mais independente)
apresenta uma perspectiva de futuro. A jovem
sabe que, apesar de tudo, a História não pára.
Curiosamente, um personagem feminino entende
o fluir social.
25. Triste Fim de Policarpo Quaresma
O Em 1911, Lima Barreto
publicou Triste Fim de
Policarpo Quaresma,
uma obra que discute o
nacionalismo numa mistura
de crítica, análise e humor.
O O governo de Floriano
Peixoto e a Revolta da
Armada formam o pano de
fundo histórico deste romance.
26. CONFLITO NA REPÚBLICA
O Floriano Peixoto era o vice-presidente e assumiu o
governo após a renúncia do Marechal Deodoro da
Fonseca.
O O problema era que essa tomada de posse de Floriano
era inconstitucional, já que, pela lei, o vice-presidente só
poderia assumir o poder caso o presidente tivesse tido
uma gestão de, no mínimo, 2 anos – o que não ocorreu.
O Neste caso, novas eleições deveriam ter acontecido.
27. FLORIANO ASSUME
O No entanto, Floriano Peixoto
assumiu a presidência e
governou com “mãos
de ferro”, colocando-se
acima da Constituição.
28. A REVOLTA DA ARMADA
O Em 1893, parte da Marinha brasileira se rebelou contra o
governo de Floriano, por considerá-lo ilegal.
O A Revolta também refletia uma disputa entre o Exército e
a Marinha.
O Comandados pelo Almirante Custódio de Melo, os
revoltosos da Marinha dirigiram-se à Baía da Guanabara
e apontaram seus canhões para a Capital Federal (que
era o Rio de Janeiro).
29. VITÓRIA DO GOVERNO
O O Governo Federal revidou os ataques e saiu vencedor
dessa Revolta, em 1895.
31. RIO DE JANEIRO, 1904
O Em 1904, no governo do presidente Rodrigues Alves, o
Rio de Janeiro vivia três situações:
O ENTÃO PREFEITO RESOLVEU REURBANIZAR A CIDADE,
PROMOVENDO INÚMERAS DESAPROPRIAÇÕES;
O MÉDICO SANITARISTA OSWALDO CRUZ INICIOU UMA
CAMPANHA DE VACINAÇÃO OBRIGATÓRIA (CONTRA A FEBRE
AMARELA E A VARÍOLA);
OS SEGUIDORES DE FLORIANO QUERIAM DERRUBAR
RODRIGUES ALVES.
32. O POVO CONTRA A VACINA
O Diziam que a vacina apenas propagava
as doenças, por isso o povo recusou-se a
recebê-la.
O A população transformou Oswaldo Cruz
num vilão e gerou um campo de batalha
na cidade durante 4 dias.
33. LIMA BARRETO (1881-1922)
TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA, 1915
• A vida suburbana
• O parasitismo da burocracia
• Incompetência, corrupção e hipocrisia de políticos e do governo
• Mediocridade e autoritarismo dos militares
• Quixotismo patriótico
• Coloquialismo
34. Leia o trecho a seguir e assinale a alternativa correta,
considerando o desdobramento deste trecho na narrativa "Triste
Fim de Policarpo Quaresma".
"O que mais a impressionou no passeio foi a miséria geral, a falta
de cultivo, a pobreza das casas, o ar triste, abatido da gente pobre.
Educada na cidade, ela tinha dos roceiros idéia de que eram
felizes, saudáveis e alegres. Havendo tanto barro, tanta água, por
que as casas não eram de tijolos e não tinham telhas? [...] Por que
ao redor dessas casas não havia culturas, uma horta, um pomar?
Não seria tão fácil, trabalho de horas? [...] Por quê?"
Lima Barreto. "Triste fim de Policarpo Quaresma."
35. A. Sobre a falta de cultivo da terra e a consequente miséria, Felizardo explica a Olga
que a terra não é deles e que, além do mais, não recebem incentivo por parte do
governo, incentivo esse que é fornecido aos colonos estrangeiros.
B. A personagem Olga, mulher progressista e criada na cidade, constata que a
miséria e a tristeza dos pobres trabalhadores rurais é fruto da preguiça deles
mesmos, uma vez que eles podiam trabalhar e produzir como seu padrinho
Quaresma.
C. Por meio de Olga, Lima Barreto defende a mesma postura política de todos os
pré-modernistas, em relação ao trabalhador rural. Preguiça, desânimo e falta de
iniciativa própria são os fatores responsáveis pelo estado de miséria e abandono
desse
trabalhador.
D. Durante o passeio, Olga percebe os "latifúndios inúteis e improdutivos" e volta
para casa determinada a reverter essa situação deprimente, ajudando seu
padrinho a redigir o projeto de melhorias para a agricultura, que seria endereçado
a Floriano Peixoto.
36. A obra de Lima Barreto:
a) É considerada pré-modernista, uma vez que reflete a vida
urbana paulista antes da década de 20.
b) Gira em torno da influencia do imigrante estrangeiro na
formação da nacionalidade brasileira, refletindo uma grande
consciência crítica dessa problemática.
c) Reflete a sociedade rural do século XIX, podendo ser
considerada precursora do romance regionalista moderno.
d) É pré-modernista, refletindo forte sentimento nacional e grande
consciência critica de problemas brasileiros.
e) Tem cunho social, embora esteja presa aos cânones estéticos e
ideológicos românticos e influenciou fortemente os romancistas
da primeira geração modernista.
37. 2. Leia o seguinte trecho de Triste Fim de Policarpo Quaresma,
observe as asserções e assinale a alternativa correta.
Os militares estavam contentes, especialmente os pequenos, os alferes, os
tenentes e os capitães. Para a maioria a satisfação vinha da convicção de
que iam estender a sua autoridade sobre o pelotão e a companhia, a todo
esse rebanho de civis; mas, em outros muitos havia sentimento mais puro,
desinteresse e sinceridade. Eram os adeptos desse nefasto e hipócrita
positivismo, um pedantismo tirânico, limitado e estreito, que justificava
todas as violências, todos os assassínios, todas as ferocidades em nome
da manutenção da ordem, condição necessária, lá diz ele, ao progresso e
também ao advento do regime normal, religião da humanidade, a
adoração do grão-fetiche, com fanhosas músicas de cornetins e versos
detestáveis, o paraíso, enfim, com inscrições em escritura fonética e
eleitos calçados com sapatos de sola de borracha!..
38. Os positivistas discutiam e citavam teoremas de mecânica
para justificar as suas ideias de governo, em tudo semelhantes
aos canatos e emirados orientais. A matemática do
positivismo foi sempre um puro falatório que, naqueles
tempos, amedrontava toda a gente. Havia mesmo quem
estivesse convencido que a matemática tinha sido feita e
criada para o positivismo, como se a Bíblia tivesse sido criada
unicamente para a Igreja Católica e não também para a
Anglicana. O prestígio dele era, portanto, enorme.
39. I. O texto exemplifica a franqueza com que Lima Barreto se
confundia com seus narradores, expondo suas ideias sobre cultura,
sociedade e política. Pode ser considerado uma interpolação
panfletária na ficção propriamente dita, o que era incomum em seus
romances.
II. Trata-se de uma sátira contra o exército, que fundava seus
princípios no positivismo. Havia nessa instituição os aproveitadores
do regime de exceção política (o autoritarismo de Floriano Peixoto
na época da Revolta da Armada), mas havia também os autênticos,
que representavam a facção respeitável do exército.
III. O texto alude com respeito à inscrição da bandeira nacional
brasileira, desvinculando-a de sua origem positivista, mas não poupa
o aspecto pseudo-científico do positivismo.
40. a) Todas estão corretas.
b) Todas estão incorretas.
c) Somente I está correta.
d) Somente I e III estão corretas.
e) Somente I e II estão corretas.
41. No romance Triste Fim de Policarpo Quaresma:
o nacionalismo exaltado e delirante da personagem principal
motiva seu engajamento em três diferentes projetos, que
objetivam “reformar” o país. Esses projetos visam,
sucessivamente, aos seguintes setores da vida nacional:
a) escolar, agrícola e militar;
b) linguístico, industrial, e militar;
c) cultural, agrícola e político;
d) linguístico, político e militar;
e) cultura, industrial e político.
42. Leia as seguintes afirmações sobre Triste fim de Policarpo
Quaresma, de Lima Barreto, e assinale com V as verdadeiras e com
F as falsas.
(__) A obra apresenta a denúncia da hipocrisia e das falsas
aparências, além de criticar o nacionalismo ufanista.
(__) A narrativa assume uma atitude séria diante do poder, pois
Policarpo demonstra total lucidez ao propor mudanças nas leis e
nos hábitos, apresentando uma visão sistemática da realidade.
(__) O protagonista do romance, através de suas falas e ações,
demonstra que ocorre a perfeita identificação entre o seu ideal e o
real.
(__) Ao mostrar-se atento à realidade de seu tempo, o autor
documenta alguns acontecimentos da vida republicana.
43. a) F – F – V – V
b) V – F – F – V
c) V – V – F – V
d) F – V – F – F
e) V – F – V – F
44.
45. Em Triste fim de Policarpo Quaresma, a personagem principal, nos
instantes que antecedem sua morte, conclui que todos os seus
projetos haviam resultado em sucessivas decepções e que a pátria
que
idealizara
não
existia.
Nesses
momentos,
___________________ do protagonista e __________________
do narrador é que propiciam ao leitor a possibilidade de tomar
conhecimento de tais conclusões.
A alternativa que completa corretamente as lacunas do texto
anterior é:
a) o ufanismo - a onisciência
b) o patriotismo - a onisciência
c) a tristeza - o ufanismo
d) a tristeza - o patriotismo
e) a reflexão - a onisciência
46. Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice
de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que
fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do
Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não.
Lembrou-se das coisas do tupi, do folk-lore, das suas tentativas agrícolas...
Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!
O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à
loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e
ela não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu
patriotismo se fizera combatente, o que achara? Decepções. Onde estava a
doçura de nossa gente? Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via
matar prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção,
uma série, melhor, um encadeamento de decepções.
A pátria que quisera ter era um mito; um fantasma criado por ele no silêncio
de seu gabinete.
47. O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi
publicado em 1911. No fragmento destacado, a reação do personagem aos
desdobramentos de suas iniciativas patrióticas evidencia que
A. a dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimento da natureza brasileira
levou-o a estudar inutilidades, mas possibilitou-lhe uma visão mais ampla do
país.
B. a curiosidade em relação aos heróis da pátria levou-o ao ideal de prosperidade e
democracia que o personagem encontra no contexto republicano.
C. a construção de uma pátria a partir de elementos míticos, como a cordialidade
do povo, a riqueza do solo e a pureza linguística, conduz à frustração ideológica.
D. a propensão do brasileiro ao riso, ao escárnio, justifica a reação de decepção e
desistência de Policarpo Quaresma, que prefere resguardar-se em seu gabinete.
E. a certeza da fertilidade da terra e, da produção agrícola incondicional faz parte
de um projeto ideológico salvacionista, tal como foi difundido na época do autor.
48. "E era agora que ele [Policarpo Quaresma] chegava a essa
conclusão, depois de ter sofrido a miséria da cidade e o
emasculamento da repartição pública, durante tanto tempo!
Chegara tarde, mas não a ponto de que não pudesse antes da
morte, travar conhecimento com a doce vida campestre e a
feracidade
das
terras
brasileiras.(...)
E ele viu então diante dos seus olhos as laranjeiras, em flor, olentes,
muito brancas, a se enfileirar pelas encostas das colinas, como
teorias de noivas; os abacateiros, de troncos rugosos, a sopesar
com esforço os grandes pomos verdes; as jabuticabas negras a
estalar dos caules rijos; os abacaxis coroados que nem reis,
recebendo a unção quente do sol; as abobreiras a se arrastarem
com flores carnudas cheias de pólen; as melancias de um verde tão
fixo que parecia pintado; os pêssegos veludosos, as jacas
monstruosas, os jambos, as mangas capitosas;..."
49. A respeito do romance TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA, de Lima
Barreto, do qual foi transcrito o trecho anterior, é correto afirmar:
(01) Narrador e protagonista, elementos que se fundem ao longo do
romance, concluem que as melhores alternativas para a construção de
um projeto nacional estariam no ambiente interiorano e numa economia
de base agrícola.
(02) O mesmo patriotismo exaltado que conduzira Quaresma às suas
experiências no campo é responsável, mais adiante, pelo abandono
abrupto de seus projetos rurais.
(04) Este trecho integra a segunda parte do romance, que corresponde à
empreitada do protagonista no campo, antecedida pelo malogro
reformista experimentado na seção inicial e seguida por seu "triste fim"
nos desdobramentos de seu retorno ao Rio de Janeiro.
50. (08) O preciosismo vocabular e a acumulação descritiva que marcam
o parágrafo final do trecho citado são reveladores das influências
parnasianas que marcam o estilo de Lima Barreto.
(16) A técnica do romance confessional, onde a narrativa é construída
através da rememoração de experiências do próprio protagonista,
pode ser assinalada como uma das inovações desta obra de Lima
Barreto, procedimento que só voltaria a ser exercitado em nossa
literatura pelos autores modernistas.
02 + 04
51. Em TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA, romance de Lima
Barreto, o personagem principal
a) é um funcionário público que, após se retirar para seu sítio,
adota hábitos dos índios e pratica rituais de origem africana.
b) é um jornalista que se dispõe a defender, de arma na mão, o
governo de Floriano Peixoto contra a revolta da Armada.
c) é um jornalista que, depois da crise que o levou a ser internado
em um manicômio, se apaixona por sua sobrinha, Olga.
d) é um funcionário público que, depois de ter cometido um
desfalque lesando o tesouro nacional, se retira para seu sítio.
e) é um funcionário público idealista que, embora tenha perdido
seu emprego, se dispõe a defender a Pátria e a República.
52. Sobre a obra "Triste fim de Policarpo Quaresma", é INCORRETO
afirmar que:
a) mantém em sequência o plano ideológico romântico, tratado
humoristicamente.
b) reflete a tendência da época pré-modernista de inconformismo
e renovação.
c) expõe um cenário urbano, com tipos peculiares do cotidiano.
d) indica ruptura no plano estético, pois apresenta linguagem
inovadora.
e) retrata a postura do autor de observador da realidade.
53. O título da obra de Lima Barreto, TRISTE FIM DE POLICARPO
QUARESMA, antecipa ao leitor sobre o protagonista:
a) a indiferença com que passou a lidar com a pátria.
b) o fim de vida em um hospício no qual o enclausuraram.
c) a sua morte terrível motivada pela loucura.
d) o seu final dramático determinado pela sua trajetória de
vida.
e) a sua trajetória de vida reveladora de um destino trágico.
54. Assinale o aspecto que se refere à obra "Triste fim de
Policarpo Quaresma".
a) linguagem rebuscada.
b) criticidade.
c) distanciamento da realidade.
d) determinismo.
e) visão idealizada do mundo.
55. "Triste Fim de Policarpo Quaresma", como narrativa datada, tem
certamente um lugar de destaque na Literatura Brasileira. A
respeito da obra, somente é CORRETO deduzir que:
a) representa os problemas que são da sociedade brasileira como
um todo mas que, através do jogo ficcional e pela dramatização
particular, apontam para sentidos muito mais precisos porque
recontextualizados e focalizados pelo olhar atento e crítico do
sujeito narrador.
b) revitaliza o indianismo romântico uma vez que o protagonista
não mede esforços para implantar o tupi-guarani como língua
oficial do país, além de defender o restabelecimento de outros
costumes, a exemplo dos rituais de encontro e despedida.
56. c) utiliza uma técnica de narração verdadeiramente inovadora,
pela pluralidade das vozes narrativas, pelo dinamismo do
ritmo das ações e pela incorporação do monólogo interior.
d) rejeita as tentativas de pseudo-objetividade do movimento
pós-romântico e investe numa dicção plena de sugestões e de
atmosferas, em que o registro dos fatos é apenas pano de
fundo para a crise individual que é posta em cena.
e) apresenta uma revisão conceitual de todas as temáticas até
então exploradas, especialmente aquelas cuja maior
manifestação se deu no Romantismo, quais sejam o amor e a
morte.
A
57. A respeito de "Triste Fim de Policarpo Quaresma", de Lima Barreto, SOMENTE
podemos concluir que:
a) é uma NARRATIVA MODERNISTA, na qual se enfatiza a crítica ao nacionalismo
romântico pelo constrangimento por que passa o protagonista devido às suas
obstinadas ideias de igualdade, liberdade e fraternidade.
b) é um ROMANCE DE TESE, nos moldes do Realismo-Naturalismo, no qual o
autor tenta demonstrar que no Brasil da Primeira República não havia lugar para
visionários do tipo de Policarpo Quaresma.
c) é uma SÁTIRA SOCIAL, com predomínio de situações cômicas e nítida intenção
de ridicularizar o protagonista e atacar as instituições.
d) é uma NARRATIVA DE TRANSIÇÃO, importante enquanto denúncia veemente
das mazelas sociais e políticas da época, sintetizadas em bacharelismo e
coronelismo, embora contenha alguns defeitos de estrutura e de linguagem.
e) é um ROMANCE PSICOLÓGICO pela valorização do tom intimista, no qual
narrador e protagonista praticamente se confundem, num jogo todo próprio,
58. Considere as seguintes afirmações sobre "O Triste Fim de
Policarpo Quaresma", de Lima Barreto.
I - Na primeira parte, o autor apresenta um funcionário
público exemplar, um patriota e um nacionalista obcecado.
II - Na segunda parte, Policarpo está no campo, dedicando-se
à lavoura nas terras férteis do país, mas as saúvas põem fim ao
seu projeto.
III - Na terceira parte, em que prevalece a sátira política,
Policarpo rebela-se contra a República e o militarismo,
acabando preso e condenado à morte.
Quais estão corretas?
59. "Triste Fim de Policarpo Quaresma" ilustra uma das
características mais marcantes do Pré-Modernismo que é o
a) desejo de compreender a complexa realidade nacional.
b) nacionalismo ufanista e exagerado, herdado do
Romantismo.
c) resgate de padrões estéticos e metafísicos do Simbolismo.
d) nacionalismo utópico e exagerado, herdado do
Parnasianismo.
e) subjetivismo poético, tão bem representado pelo
protagonista.
60. "Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que
lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em
nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das
suas coisas de tupi, do 'folk-lore', das suas tentativas agrícolas... Restava
disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!
O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levouo à loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram
ferazes e ela não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E,
quando o seu patriotismo se fizera combatente, o que achara? Decepções.
Onde estava a doçura de nossa gente? Pois ele não a viu combater como
feras? Pois não a via matar prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua
vida era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento de
decepções."
Lima Barreto. "Triste fim de Policarpo Quaresma".
61. Marque a afirmativa correta.
a) O trecho mostra que em todos os momentos de sua vida, Quaresma preocupou-se
com o bem coletivo. Mas, neste momento, ele pensa em si próprio e vê que é um
homem abandonado, incompreendido, injustiçado. Toda a sua dedicação à pátria não lhe
deu felicidade nenhuma: é um homem só e decepcionado.
b) O trecho foi extraído do 1.¡ capítulo do romance em questão, que introduz o major
Quaresma em seu sítio, fazendo uma reflexão de sua vida passada. A partir daí, em
tempo psicológico, a narrativa resgata os episódios marcantes da vida de Quaresma
envolvido na consolidação de seus projetos nacionalistas.
c) Este trecho mostra que em todos os momentos de sua vida, Quaresma agiu como um
cidadão nacionalista, envolvido, sobretudo, com o bem da pátria. Em sua reflexão fica
claro que, mesmo após sua vida ter sido "um encadeamento de decepções", ele, o
indivíduo, não se importa.
d) Nas últimas linhas do trecho acima há a afirmação de que "A sua vida era uma
decepção, uma série, melhor, um encadeamento de decepções". A última grande
decepção de Quaresma, dentro de seu projeto de mostrar que o Brasil era uma nação
viável e grandiosa, foi descobrir que o rio Amazonas era menor que o rio Nilo.
62. Leia o trecho seguinte, de "Triste fim de Policarpo Quaresma",
que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com
Quaresma e D. Adelaide.
"- Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? - quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você
não entende de violão, Seu Bilac. A questão não está em
escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o
essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja.
(...)
- (...) vou cantar a Promessa, conhecem?
- Não - disseram os dois irmãos.
- Oh! Anda por aí como as "Pombas" do Raimundo."
63. Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
a) Olavo Bilac e Raimundo Correia deram vazão à sensibilidade pessoal,
evitando como compromisso único o esmero técnico e produziram uma
poesia lírica amorosa e sensual (Olavo Bilac), marcada por uma certa
inquietação filosófica (Raimundo Correia).
b) Bilac (Olavo Bilac), Raimundo (Raimundo Correia) e Alberto de Oliveira
formaram a "tríade parnasiana" da literatura brasileira, escrevendo uma
poesia de grande qualidade técnica, que concebia a atividade poética como a
habilidade no manejo do verso.
c) O Parnasianismo, pela supervalorização da linguagem preciosa, pela busca
da palavra exata, do emprego da rima rica e da métrica perfeita, foi um estilo
literário de curta duração que se restringiu à elite literária do Rio de Janeiro.
d) Assim como Ricardo, que deseja "a palavra que o violão pede", Lima
Barreto acreditava que a linguagem literária clássica, formal, não era
adequada para o tipo de literatura que produzia: marcada pela visão crítica,
pela objetividade da denúncia, pela simplicidade comunicativa.
64. Considere as seguintes afirmações a respeito do romance "O Triste
Fim de Policarpo Quaresma", de Lima Barreto.
I - O protagonista não compreende bem o mundo em que vive,
passando da ingênua crença no idealismo dos homens, vistos
como capazes de construir um Brasil melhor, para o desencanto
melancólico em relação às instituições e às suas escolhas pessoais.
II - Quaresma é condenado à morte, porque ofendeu moralmente
o presidente da República, quando este não analisou suas
propostas de reforma rural, nem atendeu às suas reivindicações.
III - No romance, são introduzidos personagens representativos do
subúrbio do Rio de Janeiro, como Ricardo Coração dos Outros,
com a sua fala popular e expressões típicas do brasileiro da época.
65. Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas I e II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.