Queda da Monarquia e ascensão da República no Brasil
1. Jorge Marcos de Oliveira1
O processo histórico em
que se desenvolveu o fim do regime
monárquico brasileiro e a ascensão
da ordem republicana no Brasil
perpassa por uma série de
transformações em que visualizamos
a chegada dos militares ao poder. De
fato, a proposta de um regime
republicano já vivia uma longa
história manifestada em diferentes
revoltas (As Inconfidências –
Mineira e Baiana; na Confederação
do Equador, Revolução Praieira). A
proclamação da República
“aconteceu em decorrência da crise
do poder imperial, ascensão de novas correntes de pensamento político e interesse de
determinados grupos sociais. Aos fins do Segundo Reinado, o governo de Dom Pedro II
enfrentou esse quadro de tensões responsável pela queda da monarquia”. 2
Além disto, o Brasil na segunda metade do século XIX vivenciava um
processo de industrialização e o crescimento da cafeicultura enquanto fatores de
mudança socioeconômica. As classes médias urbanas e os cafeicultores do Oeste
paulista buscavam ampliar sua participação política através de uma nova forma de
governo. Ao mesmo tempo, os militares que saíram vitoriosos da Guerra do Paraguai se
aproximaram do pensamento positivista, defensor de um governo republicano
centralizado.3
Além dessa demanda por transformação política, devemos também destacar
como a campanha abolicionista começou a divulgar uma forte propaganda contra o
regime monárquico. Some a isto a campanha republicana, principalmente após a década
de 1870, quando ocorre a fundação do Partido Republicano.
O Partido Republicano se divida em duas correntes principais: os
evolucionistas, que admitiam que a proclamação era inevitável, não justificando uma
luta armada, e os revolucionários, que defendiam a possibilidade de que se pegasse em
armas para conquistá-la, com mobilização popular e reformas sociais e econômicas. 4
Para muitos abolicionistas, “o fim da monarquia era uma opção viável para
muitos daqueles que combatiam a mão de obra escrava 5 (...) intelectuais, militares e os
órgãos de imprensa defendiam a abolição como uma necessidade primordial dentro do
processo de modernização socioeconômica do país.6
Muitos associavam o atraso do país a manutenção da escravidão e ao regime
monárquico. Nesse contexto que assistimos o crescimento da campanha republicana.
1
Professor e funcionário da Biblioteca Clodomir Silva
2
http://www.mundoeducacao.com.br/historiadobrasil/proclamacao-republica.htm. Por Rainer Gonçalves
Sousa
3
http://www.brasilescola.com/historiab/proclamacaodarepublica.htm. Por Rainer Sousa - Graduado em
História e da Equipe Brasil Escola
4
Ver http://www.universitario.com.br/noticias/n.php?i=5987
5
http://www.brasilescola.com/historiab/proclamacaodarepublica.htm. Por Rainer Sousa - Graduado em
História e da Equipe Brasil Escola
6
http://www.mundoeducacao.com.br/historiadobrasil/proclamacao-republica.htm. Por Rainer Gonçalves
Sousa
2. Vale ressaltar que, dentro as Américas, o Brasil era o único país que não era
Republicano. Difundiu-se muito uma expressão – “somos da americana e queremos ser
republicanos”.
As bases políticas do Império ruíram por completo quando Isabel que,
ocupando interinamente o Trono, sanciona a Lei João Alfredo, mais conhecida por Lei
Áurea. Os mais tradicionais e conservadores setores da sociedade brasileira começa a
perceber a incompetência do regime monárquico de atender seus interesses
A Igreja, setor de grande influência ideológica, também passou a engrossar
a fila daqueles que maldiziam o poder imperial. Tudo isso devido à crise nas relações
entre os clérigos e Dom Pedro II. Naquela época, de acordo com a constituição do país,
a Igreja era subordinada ao Estado por meio do regime de padroado e do beneplácito.
Através destes mecanismos o Imperador interferia na vida interna da igreja no Brasil. O
clima esquentou quando a Igreja, através da Bula Sílabas (1864), resolveu proibir a
participação de clérigos na maçonaria. Diante de tal proibição, Dom Pedro II,
utilizando-se do Padroado, não permite que tal proibição fosse cumprida no Brasil. A
desobediência à ordem imperial por parte e alguns membros da igreja, levou a punição
desde clérigos. A punição desagradou profundamente setores da igreja. O imperador foi
declarado inimigo da igreja e do cristianismo.
É preciso ainda assinalar a importância da Guerra do Paraguai (1865-1870).
Guerra do Paraguai, que começou em 1865. No conflito, o exército brasileiro se
consolidou e sua vitória deu prestígio e reconhecimento as Forças Armadas. No entanto,
esse reconhecimento não se estendia ao campo político, onde os militares continuaram
como coadjuvantes no cenário nacional. Descontentes com a situação passam
gradualmente a apoiar movimentos republicanos e abolicionistas.7
Diante da queda inevitável, a
monarquia, em uma última tentativa de
sobrevivência, formou um último
gabinete – era o Gabinete Ouro Preto.
Ouro Preto propôs uma reforma de
ordem política, social e econômica,
inspirada na escola democrática. Porém
essa reforma era limitada e não agradou
nem aos monarquistas nem aos
republicanos. Os republicanos estavam
convictos de que a derrubada do governo
se fazia necessária. Francisco Glicério, Quintino Bocaiúva, Aristides Lobo 8, Benjamin
Constant, Major Sólon e Rui Barbosa conseguiram o apoio de Deodoro que era líder no
Exército na época, mas que sofreu diversas frustrações ao longo de sua carreira. 9 As
reformas do chamado Gabinete Ouro Preto chegaram tarde demais.
Conclui SOUZA: “o golpe militar promovido em 15 de novembro de 1889
foi reafirmado com a proclamação civil de integrantes do Partido Republicano, na
Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Ao contrário do que aparentou, a
proclamação foi consequência de um governo que não mais possuía base de sustentação
política e não contou com intensa participação popular. Conforme salientado pelo
7
http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/pwdtcomemorativas/default.php?reg=4&p_secao=19
8
É difícil encontrar um texto sobre a Proclamação da República no Brasil que não cite a afirmação de
Aristides Lobo, no Diário Popular de São Paulo, de que “o povo assistiu àquilo bestializado”. Essa
versão foi relida pelos enaltecedores da Revolução de 1930, que não descuidaram da forma
republicana, mas realçaram a exclusão social, o militarismo e o estrangeirismo da fórmula implantada
em 1889.
9
http://historiandonanet07.wordpress.com/2010/11/15/a-proclamacao-da-republica/
3. ministro Aristides Lobo, a proclamação ocorreu às vistas de um povo que assistiu tudo
de forma bestializada”.10
Neste dia 15 de Novembro, quando a República Brasileira comemora seus
123 anos, a data/ o feriado, merece uma reflexão e a convicção nos valores republicanos
de respeito às leis, o respeito ao bem público, acima do interesse privado e o sentido da
responsabilidade no exercício do poder.
A proclamação da republica não passou e uma parada militar. Veja como
Jussara de Barros descreve o acontecido:
No dia 15 de novembro de 1889, ao passar pela Praça da
Aclamação, o Marechal, com espada em punho, declarou que a
partir daquela data o país seria uma república.11
Como convencer Deodoro da Fonseca, um monarquista convicto de
derrubar a monarquia? É conhecido o boato de que, quando Dom Pedro II foi
informado, em Petrópolis, do golpe, decidiu voltar ao Rio de Janeiro e substituiu Ouro
Preto por Gaspar Silveira Martins, um desafeto político de Deodoro da Fonseca desde a
época do Rio Grande do Sul. Diante disto, Deodoro aderiu à causa republicana e tornou-
se seu agente principal.
Coube a José do Patrocínio redigiu a proclamação oficial da República dos
Estados Unidos do Brasil, que foi aprovada, à noite, na Câmara Municipal do Município
Neutro, sem votação. O texto foi para as gráficas de jornais que apoiavam a causa e só
no dia seguinte (16 de novembro) anunciou-se ao povo a mudança do regime.
10
http://www.brasilescola.com/historiab/proclamacaodarepublica.htm. por Rainer Sousa - Graduado em
História e da Equipe Brasil Escola
11
http://www.brasilescola.com/datacomemorativas/dia-da-proclamacao-da-republica.htm. Por Jussara de
Barros. Graduada em Pedagogia. Equipe Brasil Escola.