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FILOSOFIA GREGA - ARISTÓTELES
      A vida de Aristóteles

      Aristóteles nasceu na Macedônia. O pai era médico na corte do rei da Macedônia. Graças à convivência
com o pai e ao estreito contato com a atividade científica. Aristóteles tornou-se um grande biólogo, além de um
grande filósofo.
        Em 367 a.C., aos 17 anos de idade, Aristóteles começou a estudar na Academia de Platão. De excelente
aluno, logo passou a professor. Aristóteles continuou na Academia até a morte de Platão, cerca de vinte anos
mais tarde.
        Aristóteles passou então doze anos longe de Atenas. Durante três anos foi tutor do jovem Alexandre
Magno, herdeiro do trono macedônio. Em 335 a.C., retornou a Atenas para fundar a própria escola, o Liceu. A
conquista de Atenas pelo exército de Alexandre deu origem a um sentimento de hostilidade conta a Macedônia.
Em pouco tempo essa onde de ressentimento se voltou conta o próprio Aristóteles, que, além de ter nascido na
Macedônia, tinha sido mentor de Alexandre.
        Em 323 a.C., Aristóteles foi acusado de irreverência e preferiu deixar Atenas a ter o mesmo destino que
Sócrates. Um ano depois, Aristóteles morreu no exílio.

      Ciência

       Embora Aristóteles tenha sido bastante influenciado por Platão, havia uma enorme diferença entre os dois
filósofos. Aristóteles era obcecado pela Natureza e por seu estudo. Platão não era.
         Platão era tão obcecado com as formas eternas, ou “idéias”, que mal prestava atenção nas mudanças na
Natureza. Aristóteles, ao contrário, interessava-se justamente pelas mudanças – ou o que, atualmente, chamamos
de processos naturais. Enquanto Platão usava apenas a razão, Aristóteles usava também o sentido: saiu ao
encontro da Natureza e estudou rãs e peixes, anêmonas e papoulas.
         Registros da antiguidade se referem a 170 títulos supostamente escritos por Aristóteles. Desses, 47 estão
preservados. Não se trata de livros completos, mas de um grande número de notas de aula. Na época de
Aristóteles, a filosofia ainda era, essencialmente, uma atividade oral.
         A importância de Aristóteles na cultura européia está também no fato de ele ter criado boa parte da
terminologia que os cientistas empregam até hoje. Ele foi o grande organizador que fundou e classificou as
diversas ciências.

       As idéias não são inatas
         Assim como os filósofos que o antecederam, Platão queria encontrar algo de eterno e imutável em meio a
todas as mudanças. Foi assim que chegou às idéias perfeitas, que seriam superiores ao mundo sensorial. Além
disso, Platão considerava essas idéias mais reais do que os próprios fenômenos da Natureza. Primeiro teria
surgido a idéia “cavalo”, depois todos os cavalos do mundo dos sentidos, trotando como projetadas sobre a
parede de uma caverna.
         Aristóteles achava que Platão tinha virado tudo de cabeça para baixo. Concordava com o mestre que o
cavalo específico “fluiria”, e que nenhum cavalo poderia viver para sempre. Concordava também que a forma
própria do cavalo é eterna e imutável. Mas a “idéia” cavalo seria simplesmente um conceito que os seres humanos
teriam formado depois de ver um determinado número de cavalos. A “idéia” ou “forma” cavalo, por conseguinte,
não existiria por si só. Para Aristóteles, a “idéia” ou “forma” cavalo consistiria nas características comuns a todos
os cavalos – naquilo que chamamos de espécies. Para Aristóteles, as “formas” estariam nas coisas.
         Platão considerava tudo o que vemos no mundo natural meros reflexos de coisas que existiriam em uma
realidade superior do mundo da idéias – e também na alma humana. Aristóteles pensava de um modo diferente: o
que existe na alma humana nada mais seria do que reflexos dos objetos naturais. Assim para ele a Natureza seja
o mundo real. De acordo com Aristóteles, Platão fora prisioneiro de uma visão de mundo fictícia, na qual a
imaginação humana se confundia com o mundo real.
         Aristóteles estava convencido de que todos os nossos pensamentos e idéias entrariam em nossa
consciência por meio do que vemos e ouvimos. Mas também contamos com um poder inato da razão. Para
Aristóteles, porém, não o teríamos idéias inatas, como Platão sugeriu, mas a capacidade inata de organizar todas
as impressões sensoriais em categorias e classes. É assim que surgiriam conceitos como “pedra”, “planta”,
“animal” e “homem”.
       Forma e substância

      Depois de chegar a um entendimento da teoria das Idéias de Platão, Aristóteles constatou que a realidade
consistiria em várias coisas isoladas que constituiriam uma unidade de forma e substância. A “substância” seria a
matéria que compõe as coisas, e a “forma” as características específicas de cada coisa.




                                                         1
Uma galinha bate asas. A “forma” de uma galinha - as características específicas da espécie – ou, em
outras palavras, aquilo que ela faz. Quando a galinha morre e pára de cacarejar, sua “forma” deixaria de existir.
         Restaria apenas a “substância” da galinha, mas já não seria mais uma galinha.
         A “substância” sempre conteria a potencialidade de adquirir uma “forma” específica. De acordo com
Aristóteles, toda mudança na Natureza seria uma transformação da substância de uma “potencialidade” para uma
“realidade”.
         Imagine um escultor trabalhando um grande bloco de granito. Todos os dias ele faz entalhes com o cinzel
nesse bloco amorfo. Um dia, um menino se aproxima e diz: “O que está procurando?” “Espere e verá”, responde o
escultor. Depois de alguns dias, o menino olha fixamente para o cavalo, depois vira-se para o escultor e pergunta:
“Como sabia que o cavalo estala lá dentro?
         De certo modo, o escultor tinha “visto” a forma do cavalo no bloco de granito, pois aquele bloco em
particular tinha a potencialidade de se transformar na forma de um cavalo. Da mesma maneira, Aristóteles
acreditava que tudo na Natureza teria a potencialidade de realizar, ou de adquirir, uma “forma” específica.

       As quatro causas
       Aristóteles tinha uma visão notável da causalidade na Natureza. Achava que haveria diferentes tipos de
causa na Natureza. No total, ele nomeou quatro causas diferentes. É importante entender o que ele queria dizer
com o que chamou de “causa final”.
         Por que chove? Você provavelmente já aprendeu que chove porque o vapor de água nas nuvens se
resfria e se condensa na forma de pingos de chuva, que caem por a terra atraídos pela força da gravidade.
Aristóteles teria concordado. Mas teria acrescentado que até agora você teria mencionado apenas três causas.
         A “causa material” seria o fato de o vapor de água (as nuvens) estar presente no exato momento em que
o ar se resfria. A “causa eficiente” seria o fato de o vapor de água se resfriar, e a “causa formal” o de a “forma”,
ou natureza da água, cair a terra. Mas se você tivesse parado por aí, Aristóteles teria acrescentado que choveria
porque plantas e animais precisam da água da chuva para crescer. É a isso que ele chamava de “causa final”.
         Aristóteles atribuía aos pingos de chuva uma tarefa vital, ou um “propósito”.
         Hoje em dia a ciência já não admite esse tipo de pensamento. Dizemos que, embora os alimentos e a
água sejam condições necessárias de vida para o homem, não é propósito da água ou das laranjas servir de
alimento para nós. Mas Aristóteles acreditava que haveria um propósito por trás de todas as coisas da Natureza.
         Choveria para que as plantas pudessem crescer; laranjas e uvas cresceriam para que as pessoas
pudessem comê-las.

      Lógica

        A distinção entre “forma” e “substância” tinha um papel importante na explicação que Aristóteles deu o
modo quando distinguimos as coisas, nós a classificamos em vários grupos ou categorias. Vejo um cavalo, depois
vejo outro cavalo e mais um outro. Os cavalos não são exatamente parecidos, mas teriam algo em comum, e esse
algo em comum seria a “forma” do cavalo. Tudo que seja distintivo, ou individual, pertenceria à “substância” do
cavalo.
         Desse modo podemos sais por aí classificando tudo. Distinguimos entre coisas feitas de pedra, algodão e
borracha. Distinguimos entre coisas vivas ou mortas, entre vegetal, o animal e o humano.
         Aristóteles procurou mostrar que todas as coisas na Natureza pertencem a diferentes grupos e subgrupos,
(Hermes é um ser vivo, ou melhor, um animal, ou melhor, um mamífero, ou melhor, um cão, ou melhor, um
ladrador, ou melhor um ladrador macho.)
         Aristóteles foi um organizador meticuloso, que queria elucidar os conceitos elaborados pelo homem. Foi
ele quem fundou a disciplina da Lógica. Ele identificou várias normas que regulam o processo de atingir
conclusões a partir de premissas. Um exemplo será suficiente. Se em primeiro lugar eu estabelecer que “todas as
criaturas vivas são mortais” (primeira premissa) e depois estabelecer que “Hermes é uma criatura viva” (Segunda
premissa), posso tirar a conclusão refinada de que “Hermes é mortal”.
         O exemplo mostra que a lógica de Aristóteles se baseava na correlação de termos. neste caso “criatura
viva” e “mortal”. Mesmo admitindo que a conclusão acima é cem por cento válida, podemos acrescentar que ela
nada nos diz de novo. Já sabíamos que Hermes é “mortal” porque todos os cães são, na verdade, mortais. Mas
nem sempre a relação entre classes de coisas é tão evidente. Na matemática, por exemplo, todos os raciocínios
têm a mesma característica do raciocino sobre Hermes, isto é, operam sobre conceitos já conhecidos. E a
matemática nos permite atingir conclusões que desconhecíamos.

      A escala da Natureza

       Aristóteles salientava que todas as coisas no mundo natural poderiam ser divididas em duas categorias
principais. Teríamos as coisas inanimadas, tais como pedras, gotas de água ou torrões de terra. Essas coisas não
teriam uma potencialidade de transformação. De acordo com Aristóteles, as coisas inanimadas apenas se




                                                         2
transformariam por meio de influências externas. Apenas as criaturas vivas teriam a potencialidade de
transformação. Aristóteles dividia as criaturas vivas em duas subcategorias, a dos animais e a os humanos.
        Ao dividir os fenômenos da Natureza em categorias, Aristóteles usava como critério às características do
objeto, ou melhor, o que é capaz de fazer ou o que faz.Todas as criaturas vivas (plantas, animais e pessoas) têm
a capacidade de absorver o alimento, de crescer e de se reproduzir. Todas as criaturas têm, além disso, a
capacidade de perceber o mundo e de se mover nesse mundo. Além do mais todo ser humano tem a capacidade
de pensar – ou pelo menos a capacidade de ordenar as percepções em várias categorias ou classes.
        Desse modo, não haveria, de fato, fronteiras bem definidas na Natureza. Observamos uma transição
gradual de vegetações simples para plantas mais complexas e de animais simples para animais simples para
animais mais complexos. No alto dessa “escala” estaria o homem, que, segundo Aristóteles, viveria a vida plena
da Natureza. O homem cresce e se alimenta como as plantas, tem sentimentos e a capacidade de se mover como
os animais, mas também possui uma característica peculiar aos humanos, que é a capacidade de pensar
racionalmente. Bem no topo da escala da Natureza, Aristóteles colocava o “primeiro motor”, ou Deus, que ele
acreditava ter iniciado todo o movimento na Natureza.

       Ética
          Aristóteles afirmava que haveria três formas de felicidade. A primeira forma de felicidade seria uma vida de
prazer e satisfação. A Segunda uma vida como cidadão livre e responsável e a terceira uma vida como pensador e
filósofo.
          Aristóteles enfatizava então que essas três formas de felicidade deveriam estar presentes
simultaneamente, para que o homem pudesse encontrar felicidade e plenitude. Ele rejeitava todas as formas de
desequilíbrio.
          O mesmo se aplicaria às relações humanas, nas quais Aristóteles defendia o “justo meio-termo”. Não
deveríamos ser nem covardes, nem imprudentes, mas corajosos (coragem de menos é covardia, coragem demais
é imprudência).

       Política
        Aristóteles descrevia três formas boas de governo.
        Uma delas era a monarquia, em que há apenas um chefe de Estado. Para ser bom, esse tipo de
constituição não pode degenerar em “tirania” – isto é, quando um soberano governa o Estado em proveito próprio.
        Outra boa forma de constituição era a aristocracia, na qual há um grupo maior ou menor de governantes.
Para Aristóteles, essa forma constitucional deveria cuidar para não degenerar em “oligarquia” – quando o Estado é
governado por poucos. Um exemplo moderno disso seria uma junta militar. A terceira boa forma de governo era o
que Aristóteles chamava de sociedade organizada, que quer dizer democracia. Mas para ele essa forma também
teria um aspecto negativo: uma democracia poderia rapidamente transformar-se em domínio da plebe.

      Visão sobre a mulher

       Ao contrário de Platão, Aristóteles acreditava que, de algum modo, a mulher seria incompleta. Uma mulher
seria “um homem inacabado”. No processo de reprodução, a mulher seria passiva e receptiva, enquanto o homem
seria ativo e produtivo, pois, segundo Aristóteles, o filho herdaria apenas as características masculinas.
       Ele achava que todas as características do filho já estariam presentes no sêmen do pai. A mulher seria o
solo que receberia e germinaria a semente, enquanto o homem seria o “semeador”. Ou, na linguagem aristotélica,
o homem proveria a “forma” e a mulher a “substância”.
         O ponto de vista de Aristóteles sobre os sexos predominou durante toda a Idade Média, tendo sido
adotado pela Igreja Católica. Pode-se apenas especular sobre qual teria sido o desenvolvimento da sociedade
ocidental, sob esse ponto de vista, caso tivesse predominado a perspectiva mais igualitária de Platão.




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Aristóteles

  • 1. FILOSOFIA GREGA - ARISTÓTELES A vida de Aristóteles Aristóteles nasceu na Macedônia. O pai era médico na corte do rei da Macedônia. Graças à convivência com o pai e ao estreito contato com a atividade científica. Aristóteles tornou-se um grande biólogo, além de um grande filósofo. Em 367 a.C., aos 17 anos de idade, Aristóteles começou a estudar na Academia de Platão. De excelente aluno, logo passou a professor. Aristóteles continuou na Academia até a morte de Platão, cerca de vinte anos mais tarde. Aristóteles passou então doze anos longe de Atenas. Durante três anos foi tutor do jovem Alexandre Magno, herdeiro do trono macedônio. Em 335 a.C., retornou a Atenas para fundar a própria escola, o Liceu. A conquista de Atenas pelo exército de Alexandre deu origem a um sentimento de hostilidade conta a Macedônia. Em pouco tempo essa onde de ressentimento se voltou conta o próprio Aristóteles, que, além de ter nascido na Macedônia, tinha sido mentor de Alexandre. Em 323 a.C., Aristóteles foi acusado de irreverência e preferiu deixar Atenas a ter o mesmo destino que Sócrates. Um ano depois, Aristóteles morreu no exílio. Ciência Embora Aristóteles tenha sido bastante influenciado por Platão, havia uma enorme diferença entre os dois filósofos. Aristóteles era obcecado pela Natureza e por seu estudo. Platão não era. Platão era tão obcecado com as formas eternas, ou “idéias”, que mal prestava atenção nas mudanças na Natureza. Aristóteles, ao contrário, interessava-se justamente pelas mudanças – ou o que, atualmente, chamamos de processos naturais. Enquanto Platão usava apenas a razão, Aristóteles usava também o sentido: saiu ao encontro da Natureza e estudou rãs e peixes, anêmonas e papoulas. Registros da antiguidade se referem a 170 títulos supostamente escritos por Aristóteles. Desses, 47 estão preservados. Não se trata de livros completos, mas de um grande número de notas de aula. Na época de Aristóteles, a filosofia ainda era, essencialmente, uma atividade oral. A importância de Aristóteles na cultura européia está também no fato de ele ter criado boa parte da terminologia que os cientistas empregam até hoje. Ele foi o grande organizador que fundou e classificou as diversas ciências. As idéias não são inatas Assim como os filósofos que o antecederam, Platão queria encontrar algo de eterno e imutável em meio a todas as mudanças. Foi assim que chegou às idéias perfeitas, que seriam superiores ao mundo sensorial. Além disso, Platão considerava essas idéias mais reais do que os próprios fenômenos da Natureza. Primeiro teria surgido a idéia “cavalo”, depois todos os cavalos do mundo dos sentidos, trotando como projetadas sobre a parede de uma caverna. Aristóteles achava que Platão tinha virado tudo de cabeça para baixo. Concordava com o mestre que o cavalo específico “fluiria”, e que nenhum cavalo poderia viver para sempre. Concordava também que a forma própria do cavalo é eterna e imutável. Mas a “idéia” cavalo seria simplesmente um conceito que os seres humanos teriam formado depois de ver um determinado número de cavalos. A “idéia” ou “forma” cavalo, por conseguinte, não existiria por si só. Para Aristóteles, a “idéia” ou “forma” cavalo consistiria nas características comuns a todos os cavalos – naquilo que chamamos de espécies. Para Aristóteles, as “formas” estariam nas coisas. Platão considerava tudo o que vemos no mundo natural meros reflexos de coisas que existiriam em uma realidade superior do mundo da idéias – e também na alma humana. Aristóteles pensava de um modo diferente: o que existe na alma humana nada mais seria do que reflexos dos objetos naturais. Assim para ele a Natureza seja o mundo real. De acordo com Aristóteles, Platão fora prisioneiro de uma visão de mundo fictícia, na qual a imaginação humana se confundia com o mundo real. Aristóteles estava convencido de que todos os nossos pensamentos e idéias entrariam em nossa consciência por meio do que vemos e ouvimos. Mas também contamos com um poder inato da razão. Para Aristóteles, porém, não o teríamos idéias inatas, como Platão sugeriu, mas a capacidade inata de organizar todas as impressões sensoriais em categorias e classes. É assim que surgiriam conceitos como “pedra”, “planta”, “animal” e “homem”. Forma e substância Depois de chegar a um entendimento da teoria das Idéias de Platão, Aristóteles constatou que a realidade consistiria em várias coisas isoladas que constituiriam uma unidade de forma e substância. A “substância” seria a matéria que compõe as coisas, e a “forma” as características específicas de cada coisa. 1
  • 2. Uma galinha bate asas. A “forma” de uma galinha - as características específicas da espécie – ou, em outras palavras, aquilo que ela faz. Quando a galinha morre e pára de cacarejar, sua “forma” deixaria de existir. Restaria apenas a “substância” da galinha, mas já não seria mais uma galinha. A “substância” sempre conteria a potencialidade de adquirir uma “forma” específica. De acordo com Aristóteles, toda mudança na Natureza seria uma transformação da substância de uma “potencialidade” para uma “realidade”. Imagine um escultor trabalhando um grande bloco de granito. Todos os dias ele faz entalhes com o cinzel nesse bloco amorfo. Um dia, um menino se aproxima e diz: “O que está procurando?” “Espere e verá”, responde o escultor. Depois de alguns dias, o menino olha fixamente para o cavalo, depois vira-se para o escultor e pergunta: “Como sabia que o cavalo estala lá dentro? De certo modo, o escultor tinha “visto” a forma do cavalo no bloco de granito, pois aquele bloco em particular tinha a potencialidade de se transformar na forma de um cavalo. Da mesma maneira, Aristóteles acreditava que tudo na Natureza teria a potencialidade de realizar, ou de adquirir, uma “forma” específica. As quatro causas Aristóteles tinha uma visão notável da causalidade na Natureza. Achava que haveria diferentes tipos de causa na Natureza. No total, ele nomeou quatro causas diferentes. É importante entender o que ele queria dizer com o que chamou de “causa final”. Por que chove? Você provavelmente já aprendeu que chove porque o vapor de água nas nuvens se resfria e se condensa na forma de pingos de chuva, que caem por a terra atraídos pela força da gravidade. Aristóteles teria concordado. Mas teria acrescentado que até agora você teria mencionado apenas três causas. A “causa material” seria o fato de o vapor de água (as nuvens) estar presente no exato momento em que o ar se resfria. A “causa eficiente” seria o fato de o vapor de água se resfriar, e a “causa formal” o de a “forma”, ou natureza da água, cair a terra. Mas se você tivesse parado por aí, Aristóteles teria acrescentado que choveria porque plantas e animais precisam da água da chuva para crescer. É a isso que ele chamava de “causa final”. Aristóteles atribuía aos pingos de chuva uma tarefa vital, ou um “propósito”. Hoje em dia a ciência já não admite esse tipo de pensamento. Dizemos que, embora os alimentos e a água sejam condições necessárias de vida para o homem, não é propósito da água ou das laranjas servir de alimento para nós. Mas Aristóteles acreditava que haveria um propósito por trás de todas as coisas da Natureza. Choveria para que as plantas pudessem crescer; laranjas e uvas cresceriam para que as pessoas pudessem comê-las. Lógica A distinção entre “forma” e “substância” tinha um papel importante na explicação que Aristóteles deu o modo quando distinguimos as coisas, nós a classificamos em vários grupos ou categorias. Vejo um cavalo, depois vejo outro cavalo e mais um outro. Os cavalos não são exatamente parecidos, mas teriam algo em comum, e esse algo em comum seria a “forma” do cavalo. Tudo que seja distintivo, ou individual, pertenceria à “substância” do cavalo. Desse modo podemos sais por aí classificando tudo. Distinguimos entre coisas feitas de pedra, algodão e borracha. Distinguimos entre coisas vivas ou mortas, entre vegetal, o animal e o humano. Aristóteles procurou mostrar que todas as coisas na Natureza pertencem a diferentes grupos e subgrupos, (Hermes é um ser vivo, ou melhor, um animal, ou melhor, um mamífero, ou melhor, um cão, ou melhor, um ladrador, ou melhor um ladrador macho.) Aristóteles foi um organizador meticuloso, que queria elucidar os conceitos elaborados pelo homem. Foi ele quem fundou a disciplina da Lógica. Ele identificou várias normas que regulam o processo de atingir conclusões a partir de premissas. Um exemplo será suficiente. Se em primeiro lugar eu estabelecer que “todas as criaturas vivas são mortais” (primeira premissa) e depois estabelecer que “Hermes é uma criatura viva” (Segunda premissa), posso tirar a conclusão refinada de que “Hermes é mortal”. O exemplo mostra que a lógica de Aristóteles se baseava na correlação de termos. neste caso “criatura viva” e “mortal”. Mesmo admitindo que a conclusão acima é cem por cento válida, podemos acrescentar que ela nada nos diz de novo. Já sabíamos que Hermes é “mortal” porque todos os cães são, na verdade, mortais. Mas nem sempre a relação entre classes de coisas é tão evidente. Na matemática, por exemplo, todos os raciocínios têm a mesma característica do raciocino sobre Hermes, isto é, operam sobre conceitos já conhecidos. E a matemática nos permite atingir conclusões que desconhecíamos. A escala da Natureza Aristóteles salientava que todas as coisas no mundo natural poderiam ser divididas em duas categorias principais. Teríamos as coisas inanimadas, tais como pedras, gotas de água ou torrões de terra. Essas coisas não teriam uma potencialidade de transformação. De acordo com Aristóteles, as coisas inanimadas apenas se 2
  • 3. transformariam por meio de influências externas. Apenas as criaturas vivas teriam a potencialidade de transformação. Aristóteles dividia as criaturas vivas em duas subcategorias, a dos animais e a os humanos. Ao dividir os fenômenos da Natureza em categorias, Aristóteles usava como critério às características do objeto, ou melhor, o que é capaz de fazer ou o que faz.Todas as criaturas vivas (plantas, animais e pessoas) têm a capacidade de absorver o alimento, de crescer e de se reproduzir. Todas as criaturas têm, além disso, a capacidade de perceber o mundo e de se mover nesse mundo. Além do mais todo ser humano tem a capacidade de pensar – ou pelo menos a capacidade de ordenar as percepções em várias categorias ou classes. Desse modo, não haveria, de fato, fronteiras bem definidas na Natureza. Observamos uma transição gradual de vegetações simples para plantas mais complexas e de animais simples para animais simples para animais mais complexos. No alto dessa “escala” estaria o homem, que, segundo Aristóteles, viveria a vida plena da Natureza. O homem cresce e se alimenta como as plantas, tem sentimentos e a capacidade de se mover como os animais, mas também possui uma característica peculiar aos humanos, que é a capacidade de pensar racionalmente. Bem no topo da escala da Natureza, Aristóteles colocava o “primeiro motor”, ou Deus, que ele acreditava ter iniciado todo o movimento na Natureza. Ética Aristóteles afirmava que haveria três formas de felicidade. A primeira forma de felicidade seria uma vida de prazer e satisfação. A Segunda uma vida como cidadão livre e responsável e a terceira uma vida como pensador e filósofo. Aristóteles enfatizava então que essas três formas de felicidade deveriam estar presentes simultaneamente, para que o homem pudesse encontrar felicidade e plenitude. Ele rejeitava todas as formas de desequilíbrio. O mesmo se aplicaria às relações humanas, nas quais Aristóteles defendia o “justo meio-termo”. Não deveríamos ser nem covardes, nem imprudentes, mas corajosos (coragem de menos é covardia, coragem demais é imprudência). Política Aristóteles descrevia três formas boas de governo. Uma delas era a monarquia, em que há apenas um chefe de Estado. Para ser bom, esse tipo de constituição não pode degenerar em “tirania” – isto é, quando um soberano governa o Estado em proveito próprio. Outra boa forma de constituição era a aristocracia, na qual há um grupo maior ou menor de governantes. Para Aristóteles, essa forma constitucional deveria cuidar para não degenerar em “oligarquia” – quando o Estado é governado por poucos. Um exemplo moderno disso seria uma junta militar. A terceira boa forma de governo era o que Aristóteles chamava de sociedade organizada, que quer dizer democracia. Mas para ele essa forma também teria um aspecto negativo: uma democracia poderia rapidamente transformar-se em domínio da plebe. Visão sobre a mulher Ao contrário de Platão, Aristóteles acreditava que, de algum modo, a mulher seria incompleta. Uma mulher seria “um homem inacabado”. No processo de reprodução, a mulher seria passiva e receptiva, enquanto o homem seria ativo e produtivo, pois, segundo Aristóteles, o filho herdaria apenas as características masculinas. Ele achava que todas as características do filho já estariam presentes no sêmen do pai. A mulher seria o solo que receberia e germinaria a semente, enquanto o homem seria o “semeador”. Ou, na linguagem aristotélica, o homem proveria a “forma” e a mulher a “substância”. O ponto de vista de Aristóteles sobre os sexos predominou durante toda a Idade Média, tendo sido adotado pela Igreja Católica. Pode-se apenas especular sobre qual teria sido o desenvolvimento da sociedade ocidental, sob esse ponto de vista, caso tivesse predominado a perspectiva mais igualitária de Platão. 3