O documento discute estratégias para desenvolver o pensamento de alunos com deficiência intelectual através da leitura de narrativas literárias. A hipótese é que situações-problema inseridas em histórias podem ajudar no desenvolvimento cognitivo. O objetivo é propor atividades de leitura que contribuam para o pensamento desses alunos. Oficinas foram realizadas com quatro narrativas e mostraram que a problematização pode promover o raciocínio, embora os alunos ainda tenham dificuldades
Desenvolvimento do pensamento em alunos com deficiência intelectual através de narrativas
1. A CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL E A CONSTRUÇÃO
DO PENSAMENTO ATRAVÉS DE
NARRATIVAS LITERÁRIAS
Curso de Especialização em Deficiência Intelectual – UNEB
Pós-graduanda: JOSIANE DA CONCEIÇÃO FRANÇA
SALVADOR/2011
2. PROBLEMA: Como propor estratégias que contribuam para o
desenvolvimento do pensamento em alunos com deficiência
intelectual?
HIPÓTESE: O desenvolvimento do pensamento acontece por meio de
situações-problema que o desafiem a pensar, logo, a
problematização de situações inseridas em narrativas literárias pode
ajudar o aluno a desenvolver habilidades cognitivas na construção
do seu pensamento.
3. OBJETIVO GERAL: Propor situações-problema envolvendo a leitura
de narrativas que contribuam para o desenvolvimento do
pensamento em alunos dom deficiência intelectual.
CONCEITOS
Deficiência intelectual
Aprendizagem cognitiva
Práticas pedagógicas
Narrativas como estratégia de ensino
A família e a escola no apoio à criança com déficit intelectual
4. REVISÃO DE LITERATURA
Bordenave, César Cool, Vítor Fonseca, Inhelder e
Cellerier, Mantoan, Mattew Lippman, Vygotsky entre outros.
CAMPO DE INTERVENÇÃO
Escola de Ensino Fundamental – Educandário Isa Brito. Escola
conveniada com a SEC de Itabuna- BA. Alunos envolvidos – alunos
dom DI do turno vespertino
5. AÇÕES
Entrevistas: uma com aluno e outra com professor.
Oficinas de leitura
ENTREVISTA REALIZADA COM PROFESSORES
Quatro professoras com jornada de 40 horas semanais. Duas
trabalham com turmas de CPA (Ciclo da Pré- Adolescência) e uma
atua no Ciclo da Infância (alfabetização).
6. RESPOSTAS DOS PROFESSORES
Dificuldade na condução do trabalho em sala de aula com alunos
com DI (falta de concentração)
A inclusão não ocorre de maneira satisfatória (falta de preparo e de
apoio)
A relação entre professor e aluno com DI serve como modelo para
as outras crianças.
A inclusão só traz benefícios para o aluno e não para o professor.
Há uma rotina de leitura em classe (leitura compartilhada e roda de
leitura)
Os alunos com DI se envolvem mais com histórias já conhecidas
As avaliações são através de questionamentos
7. Os alunos não conseguem elaborar uma linha de pensamento a
partir das histórias lidas, argumentar ou justificar e levantar
hipóteses. Precisariam de um ambiente mais calmo para isto.
8. ENTREVISTA COM OS ALUNOS COM DI
Quatro alunas co CPA II (4 ª série). Faixa etária: 10-11 anos. Uma
com comprometimento leve, recém alfabetizada; a segunda com
Síndrome de Down, a terceira também com dislexia e a quarta com
um comprometimento maior e que faz uso de medicação. As três
últimas não são alfabetizadas.
Gostam da escola e as atividades que mais gostam de fazer são
brincar e copiar a atividade.
Não se lembram de títulos de histórias somente de alguns
personagens ou episódios marcantes.
9. NARRATIVAS SELECIONADAS
Cachinhos dourados
João e o pé de feijão
O Patinho Feio
O cavalo e o burro (fábula)
ETAPAS DA OFICINA
Conhecimentos prévios
Leitura de imagens
Leitura
Contexto
Enredo
Problematização
10. OFICINAS
Demonstraram conhecimentos mínimos a respeito de alguns
elementos das narrativas trabalhadas
Conseguiram descrever/analisar os elementos visualizados nas
imagens dos livros.
Conseguiram apontar personagens, falar sobre o local dos
acontecimentos usando as ilustrações dos livros como referência.
Responderam satisfatoriamente perguntas a respeito do início da
história, sobre os problemas ocorridos e o seu desfecho. No
entanto, tiveram dificuldades em dizer como os personagens agiram
para tentar solucionar o problema (clímax).
Na problematização: respostas variadas. Duas confudiram fantasia
com realidade. Uma aluna conseguiu responder satisfatoriamente e
com relevância fazendo, inclusive, relações com a realidade, no
entanto, tinha dificuldades em omitir opiniões. A aluna com Síndrome
de Down apesar da dificuldade em se expressar, se esforçava em
responder usando todos os recursos disponíveis para comunicação
(gestos, mímica, objetos, ilustrações dos livros). Fazia relações com
a realidade e dava suas opiniões sem esperar perguntas a respeito.
11. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A problematização por ser desafiadora, promove o
desenvolvimento do pensamento. Essa metodologia se fizer
parte da rotina escolar colabora mais ainda e atinge a todos os
alunos com ou sem deficiência, numa proposta inclusiva.
Os alunos se esforçam em responder as questões, numa
tentativa perceptível de desenvolver uma linha de
pensamento, mesmo que nem sempre esta seja relevante.
Há um avanço da oralidade, pois os alunos têm espaço para se
expressar.
Ajuda na formação de conceitos, que são muito importantes para
fornecer elementos para a construção do pensamento.
Os questionamentos levam os alunos a fazer comparações, se
colocar no lugar dos personagens, descrever a respeito dos
sentimentos destes, justificá-los, levantar hipóteses sobre os
fatos ocorridos, bem como fazer relações com a
realidade, habilidades essenciais para a elaboração do
pensamento.
12. “ A conversação aprimora as habilidades de
raciocínio e a leitura deve estimular o pensamento”
Mattew Lipman