Os grandes filósofos edificantes oferecem sátiras e paródias intencionalmente periféricas para destroem ideias para beneficiar sua geração, ao contrário dos filósofos sistemáticos que constroem teorias para a eternidade.
1. FILÓSOFO EDIFICANTE
Os grandes filósofos sistemáticos são construtivos e oferecem
argumentos. Os grandes filósofos edificantes são reativos e
oferecem sátiras, paródias, aforismos. Eles são
intencionalmente periféricos. Os grandes filósofos sistemáticos,
como os grandes cientistas, constroem para a eternidade. Os
grandes filósofos edificantes destroem para o bem de sua
própria geração. Os filósofos sistemáticos querem colocar o seu
tema no caminho seguro de uma ciência. Os filósofos
edificantes querem manter o espaço aberto para a sensação de
admiração que os poetas podem por vezes causar – admiração
por haver algo de novo debaixo do sol, algo que não é uma
representação exata do que ali já estava (...) (RORTY, 1988:286)
2. ACONTECIMENTO
Irrupção de uma singularidade histórica.
. 1º Reconstruir atrás do fato toda uma rede de
discursos, de poderes, de estratégias e de práticas;
. 2ºCristalização de determinações históricas que
se opõe a ideia de estrutura.
3. Atitude- limite
Atitude de se colocar sempre
nas fronteiras para tentar
ultrapassá-las, ir adiante dos
limites que elas parecem nos
impor (VEIGA-NETO, 2005:31).
4. Liberdade
A liberdade é a possibilidade de exercitar a atitude-limite, ou seja, “nossa
real capacidade de mudar as práticas em que somos constituídos ou nos
constituímos como sujeitos morais” (RAJCHMAN, 1987:90)
Abandono do mito humanista da essência do homem.
É da ordem da constituição e não da libertação (de suposta natureza
aprisionada)
Práticas de liberdade: relações entre sujeitos que não estão bloqueadas, em que
se dispõe de um campo aberto de possibilidades, que são suscetíveis de
modificação.
Liberdade é condição da existência do poder.
Liberdade é a condição ontológica da ética.
Na falta de liberdade o poder se converte em dominação e o sujeito em objeto.
5.
6. (uma)Arqueologia
Método de pesquisa filosófico, onde opera com diferentes dimensões (filosófica,
econômica, política, científica), e busca obter as condições de emergência dos
discursos de saber de uma dada época.
É uma análise das condições históricas de possibilidade (do a priori histórico) que
fizeram com que em determinado momento somente determinados enunciados
tenham sido efetivamente possíveis e não outros.
Permite a descrição dos discursos das diferentes Epistemes (dispositivo apenas
discursivo) e dos problemas metodológicos que ela coloca . Se ocupa dos enunciados
e formações discursivas (CASTRO, 2009).
Ideia de começo,
emergência Objetos de conhecimento
“meu objeto não é a linguagem, mas
Ideia de arquivo – o arquivo, quer dizer, a existência
registro acumulada de discursos” (DE1)
7. Episteme
Campo de análise da arqueologia. Conjunto de
relações que liga tipos de discursos e que
corresponde a uma dada época histórica (REVEL,
2005).
No decorrer das obras o conceito de episteme
será substituído como objeto de análise, pelo
conceito e dispositivo e, finalmente, pelo
conceito de prática (Castro, 2009).
8. Genealogia
É uma pesquisa histórica que se opõe aos “desdobramento meta-histórico das significações
ideais” que se opõe a busca da origem (Ditos e Escritos V II, p.261).
Procura a “singularidade dos acontecimentos”, trabalhando a partir da diversidade e da
dispersão, do acaso dos começos e dos acidentes buscando desassujeitar os saberes
históricos, torná-los capazes de luta contra a ordem do discurso (Ditos e Escritos V II,
p.261).
Deduz “da contingência que nos faz ser o que somos, a possibilidade de não mais ser, fazer
ou pensar o que somos, fazemos ou pensamos” (Ditos e Escritos V II, p.335-351).
Permite descrever os Dispositivos. Permite a análise do poder, das relações entre o
discursivo e o não-discursivo.
9. Ética
Trabalho pelo qual o sujeito se constitui a si mesmo.
Campo de problematização que se vale da arqueologia e
muito da genealogia.
Método arqueogenealógico (PAIVA, 2000).
Investigas as práticas de si.
10. Dispositivo
Conjunto decididamente heterogêneo que engloba
discursos, instituições, organizações arquitetônicas,
decisões regulamentares, leis, medidas administrativas,
enunciados científicos, proposições filosóficas, morais,
filantrópicas. Em suma: o dito e não dito (...) O
dispositivo é a rede que se pode estabelecer entre esses
elementos (FOUCAULT, 1999, p.244).
* Objeto da descrição genealógica.
11. Ontologia
Uma atividade de diagnóstico e um ethos, a análise da
constituição histórica de nossa subjetividade
Ont. Crítica de nós mesmos: trabalho de nós mesmos
sobre nós mesmos enquanto sujeitos livres (limites que
podemos ultrapassar.
Ethos: p. gregos= modo de ser do sujeito que se traduz em
seus costumes; escolha voluntária de uma maneira de
pensar e de sentir, de agir e conduzir-se
12. Três domínios da ontologia do presente
(FOUCAULT, 1995:262, CASTRO, 2009:312)
Uma ontologia histórica de nós mesmos em relação à
verdade, através da qual nos constituímos como sujeitos
de conhecimento;
Uma ontologia histórica de nós mesmos em relação a um
campo de poder através do qual nos constituímos como
sujeitos de ação sobre os outros;
Uma ontologia histórica de nós mesmos em relação a ética
através da qual nos constituímos como agentes morais.
13. “De que valeria a obstinação do saber se ele assegurasse apenas a
aquisição dos conhecimentos e não, de certa maneira, e tanto quanto
possível, o descaminho daquele que conhece? Existem momentos na
vida onde a questão de saber se se pode pensar diferentemente do que
se pensa, e perceber diferentemente do que se vê, é indispensável para
continuar a olhar ou a refletir. Talvez me digam que esses jogos consigo
mesmo têm que permanecer nos bastidores; e que no máximo eles
fazem parte desses trabalhos de preparação que desaparecem por si
sós a partir do momento em que produzem seus efeitos. Mas o que é
filosofar hoje em dia — quero dizer, a atividade filosófica — se não
consistir em tentar saber de que maneira e até onde seria possível
pensar diferentemente em vez de legitimar o que já se sabe” (Foucault,
1988:13).